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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO ADITIVOS QUÍMICOS EM ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS CONSUMIDOS POR ADOLESCENTES: ANÁLISE DOS CORANTES QUANTO AO POTENCIAL ALERGÊNICO MARESSA XAVIER LEITE BARBOSA NATAL/RN 2016 MARESSA XAVIER LEITE BARBOSA ADITIVOS QUÍMICOS EM ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS CONSUMIDOS POR ADOLESCENTES: ANÁLISE DOS CORANTES QUANTO AO POTENCIAL ALERGÊNICO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Nutrição da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito final para obtenção do grau de Nutricionista. Orientadora: Profª Drª Liana Galvão Bacurau Pinheiro NATAL/RN 2016 MARESSA XAVIER LEITE BARBOSA ADITIVOS QUÍMICOS EM ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS CONSUMIDOS POR ADOLESCENTES: ANÁLISE DOS CORANTES QUANTO AO POTENCIAL ALERGÊNICO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Nutrição da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito final para obtenção do grau de Nutricionista. BANCA EXAMINADORA Orientadora - Prof.ª. Drª. Liana Galvão Bacurau Pinheiro Prof.ª. Drª. Nély Holland Prof.ª. Drª. Célia Márcia Medeiros de Morais Natal, 14 de dezembro de 2016. AGRADECIMENTOS Hoje vivo uma realidade que parece um sonho, mas foi preciso muito esforço, determinação, paciência e perseverança para chegar até aqui, e nada disso eu conseguiria sozinha. Minha eterna gratidão a todos aqueles que colaboraram de alguma forma para que esse sonho pudesse ser concretizado. Quero agradecer, em primeiro lugar a Deus, pela força e coragem durante toda esta longa caminhada. Aos meus pais e avós, pelo amor, incentivo е apoio incondicional. Em especial à minha mãe Sidney, heroína que me deu apoio, incentivo nas horas difíceis de desânimo е cansaço. Ao meu avô Vital (in memoriam) que, infelizmente, não pode estar presente neste momento tão feliz da minha vida, mas que não poderia deixar de agradecer a ele pois se hoje estou aqui, devo-lhe muitas coisas e por seus ensinamentos e valores passados. Obrigada por tudo! Saudades eternas. Aos meus professores do Ensino Fundamental I, II e Ensino Médio por terem feito parte do meu crescimento estudantil. Meus agradecimentos, também, аоs amigos mais próximos que fizeram parte dа minha formação. A esta Universidade e seu corpo docente, que me deram a oportunidade de evoluir como pessoa e futura profissional. À minha orientadora por toda paciência, atenção e suporte pelas suas correções e incentivos. Obrigada a todos que, mesmo não estando citados aqui, tanto contribuíram para a conclusão desta etapa e para a pessoa que hoje sou. “Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos.” (Antoine de Saint-Exupéry) BARBOSA, Maressa Xavier Leite. Aditivos químicos em alimentos ultraprocessados consumidos por adolescentes: análise dos corantes quanto ao potencial alergênico. 2016. 100 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Nutrição) – Curso de Nutrição, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2016. RESUMO O trabalho teve como objetivo identificar os aditivos químicos de alimentos consumidos por adolescentes, analisando os corantes quanto ao potencial alergênico. Esse estudo fez parte de um projeto de pesquisa maior para avaliação do consumo alimentar de adolescentes, intitulado: “Fatores de risco para doença cardiovascular entre adolescentes beneficiários do PNAE-Natal/RN”, aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da UFRN-parecer No. 112/06. Foram obtidos os dados do consumo habitual de 516 adolescentes, por meio de dois recordatórios 24 h. Desses recordatórios foram identificados alimentos processados e ultraprocessados que participaram da alimentação dos escolares. Para adquirir as informações contidas nos rótulos dos produtos, foi realizada uma pesquisa nos estabelecimentos comerciais, utilizando-se as principais marcas de alimentos citadas nos R24h. Os produtos não encontrados nos estabelecimentos comerciais, foram pesquisados nos sites das empresas. As informações obtidas nos rótulos foram organizadas para identificar os ingredientes e aditivos incorporados aos produtos ultraprocessados presentes na dieta habitual dos adolescentes. Os dados foram tabulados, de forma que fosse possível se avaliar qualitativamente a presença de aditivos, sendo estes devidamente identificados conforme a regulamentação da Portaria Nº 540 - SVS/MS, 27 de outubro de 1997 e agrupados de acordo com os tipos de indústrias alimenticias. Identificaram-se 96 produtos processados e ultraprocessados, os quais foram divididos em 13 diferentes grupos de alimentos, sendo 17 referentes a bebidas não alcoólicas, 28 amidonaria, 19 produtos lácteos, 8 produtos de confeitaria, 3 óleos e margarinas, 1 ovos e derivados, 1 peixe, 3 geleias e doces, 8 carnes, 2 molhos, 3 açúcar e xaropes, 1 hortaliça em conserva e 2 sopas. Nove produtos, não apresentaram aditivos na sua composição. Foram analisados 87 produtos, contabilizando um total de 86 aditivos, que foram agrupados em 19 classes de acordo com sua funcionalidade. Entre os corantes naturais, o mais encontrado entre os produtos foram o carmim e urucum, entre os corantes artificiais, amarelo crepúsculo, além do corante sintético idêntico ao natural, caramelo IV. Os grupos de alimentos ultraprocessados que mais apresentaram diferentes aditivos foram os das bebidas não alcoólicas, amidonaria, produtos lácteos e de produtos de confeitaria. Observou-se uma diversidade de aditivos utilizados nos produtos processados e ultraprocessados, sendo o consumo desses alimentos elevado entre os adolescentes, tornando- os um grupo vulnerável aos efeitos adversos à saúde. Entre os corantes presentes nos produtos analisados consumidos pela população estudada, constatou-se que os mais mencionados nos rótulos, foram: carmim de cochonilha, urucum, caramelo IV e amarelo crepúsculo. Embora os dados de alergia a aditivos alimentares no Brasil serem escassos, foi possível encontrar estudos comprovando o potencial alergênico dos corantes urucum, carmim e amarelo crepúsculo, sendo apresentados estudos associando casos de hipersensibilidade. Porém, não foram encontrados estudos que comprovem o potencial alergênico do caramelo IV. Palavras-chave: Alimentos processados e ultraprocessados, aditivos alimentares, escolares, alergias alimentares. LISTA DE ABREVIATURAS ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária CCFAC – Comitê do Codex sobre Aditivos Alimentares e Contaminantes dos Alimentos CDC – Centers for Disease Control DA – Dermatite Atópica IDEC – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor INS – Sistema Internacional de Numeração OMS – Organização Mundial de Saúde PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar POF – Pesquisa de Orçamentos Familiares R24h – Recordatório 24 horas LISTA DE ILUSTRAÇÕES Tabela 1. Grupos de Alimentos e seus respectivos produtos relatados de dois recordatórios 24 horas do consumo de adolescentes. .......................................................................................... 28 Tabela 2. Aditivos presentes nos produtos alimentícios consumidos por adolescentes e suas respectivas classesfuncionais. .................................................................................................. 30 Tabela 3. Aditivos presentes nos produtos consumidos por adolescentes, pertencentes a diferentes categorias de alimentos. ........................................................................................... 33 Tabela 4. Frequência dos corantes nos produtos consumidos por adolescentes...................... 34 SUMÁRIO RESUMO ................................................................................................................................... 6 LISTA DE ABREVIATURAS ................................................................................................. 7 LISTA DE ILUSTRAÇÕES .................................................................................................... 8 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 11 2. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 13 2.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................................................... 13 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................ 13 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 14 3.1 ALIMENTOS PROCESSADOS E ULTRAPROCESSADOS ......................................... 14 3.2 ADITIVOS ALIMENTARES ........................................................................................... 16 3.2.1 Corantes .................................................................................................................... 18 3.2.1.1 Naturais ...................................................................................................................... 19 3.2.1.2 Artificiais ...................................................................................................................... 20 3.2.1.3 Sintéticos idênticos aos naturais ................................................................................... 21 3.3 ALERGIAS ALIMENTARES .......................................................................................... 21 4. METODOLOGIA .............................................................................................................. 25 4.1 AMOSTRA E ANÁLISE DE DADOS ............................................................................. 25 5. RESULTADOS .................................................................................................................. 27 6. DISCUSSÃO ....................................................................................................................... 35 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 41 APÊNDICES ........................................................................................................................... 49 Apêndice 1. Bebidas não alcoólicas ........................................................................................ 49 Apêndice 2. Amidonaria – farinhas, massas alimenticias. ...................................................... 59 Apêndice 3. Produtos lácteos ................................................................................................... 70 Apêndice 4. Produtos de confeitaria ........................................................................................ 77 Apêndice 5. Óleos e margarina ................................................................................................ 81 Apêndice 6. Ovos e derivados ................................................................................................. 83 Apêndice 7. Peixes ................................................................................................................... 84 Apêndice 8. Geleias / doces ..................................................................................................... 85 Apêndice 9. Carnes .................................................................................................................. 88 Apêndice 10. Molhos para saladas........................................................................................... 95 Apêndice 11. Açúcar e xaropes ............................................................................................... 96 Apêndice 12. Hortaliças Em Conserva .................................................................................... 98 Apêndice 13. Sopas .................................................................................................................. 99 11 1. INTRODUÇÃO O Guia Alimentar para a População Brasileira destaca a mudança existente nos padrões de alimentação na grande maioria dos países economicamente emergentes. As principais alterações envolvem a substituição de alimentos in natura ou minimamente processados de origem vegetal (arroz, feijão, mandioca, batata, legumes e verduras) e preparações culinárias à base desses alimentos por produtos industrializados prontos para consumo. Entre outros fatores condicionantes, atribuem-se a esta mudança, o custo mais elevado dos alimentos minimamente processados diante dos ultraprocessados, a necessidade de fazer refeições em locais onde não são oferecidas opções saudáveis e a exposição intensa à publicidade de alimentos não saudáveis (BRASIL, 2014). A Portaria nº 540 - SVS/MS de 27 de outubro de 1997 define o termo aditivo alimentar como "qualquer ingrediente adicionado intencionalmente aos alimentos, sem propósito de nutrir, com o objetivo de modificar as características físicas, químicas, biológicas ou sensoriais, durante a fabricação, processamento, preparo, tratamento, embalagem, acondicionamento, armazenagem, transporte ou manipulação de um alimento". Esta definição não inclui os contaminantes ou substâncias nutritivas que sejam incorporadas ao alimento para manter ou melhorar suas propriedades nutricionais (BRASIL, 1997). Segundo Wilson e Bahna (2005), por se tratarem de substâncias químicas adicionadas intencionalmente aos alimentos, torna-se de extrema importância conhecer suas propriedades, de modo a propiciar seu uso adequado. Apesar do seu vasto consumo, são substâncias capazes de estimular reações adversas como qualquer outra droga. A adição de aditivos químicos nos alimentos, como os corantes, é um dos mais polêmicos avanços da indústria de alimentos, já que seu uso em muitos alimentos justifica-se apenas pelos hábitos alimentares da população, porém há grandes possibilidades de causarem alergias alimentares. Em geral, a importância do aspecto do produto para sua aceitabilidade é a maior justificativa para o seu uso (PRADO; GODOY, 2003). Para Carvalho Júnior (2001), os efeitos adversos que certos alimentos podem causar quando ingeridos por alguns indivíduos, são conhecidos e discutidos há 12 muito tempo. Dentre estes efeitos adversos tem-se as alergias e intolerâncias alimentares. A Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (2007), afirma que as reações adversas aos conservantes, corantes e aditivos alimentares são raras, mas não devem ser ignoradas. O corante artificial tartrazina, os conservantes como o citrato de sódio e da classe dos sulfitos , assim como o realçador de sabor glutamato monossódico, são relatados como responsáveis por diversas reações alérgicas. A tartrazina pode ser encontradanos sucos artificiais, gelatinas e balas coloridas, enquanto o glutamato monossódico pode estar presente nos alimentos salgados como temperos do tipo caldos de carne ou galinha. Os sulfitos são usados como conservantes em alimentos como frutas desidratadas e sucos processados. O metabissulfito de sódio pode causar reações como urticária e aumento das crises de asma (PEREIRA; MOURA; CONSTANT, 2008). Entre os aditivos utilizados nos alimentos, os corantes aparecem em um maior número de alimentos direcionados ao consumo por crianças e adolescentes, sendo portanto, os mais afetados pelas reações alérgicas provocadas por essa classe de aditivos. Dentro deste contexto, torna-se importante avaliar os aditivos presentes na alimentação de adolescentes escolares, principalmente os corantes, os quais são reconhecidos como um risco para ocorrências de alergias alimentares. 13 2. OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Analisar os aditivos químicos de alimentos ultraprocessados consumidos por adolescentes escolares, em especial os corantes quanto ao potencial alergênico. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Identificar os aditivos presentes nos alimentos consumidos por adolescentes escolares; Classificar os aditivos com base na categorias segundo a ANVISA; Categorizar de acordo com os códigos do Sistema Internacional de Numeração de Aditivos Alimentares; Agrupar os aditivos de acordo com os grupos de alimentos; Estimar a frequência dos aditivos encontrados nos produtos relatados pelos adolescentes; Relacionar os aditivos do tipo corantes encontrados nos alimentos ultraprocessados consumidos pelos escolares, quanto aos efeitos alergênicos descritos na literatura. 14 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 ALIMENTOS PROCESSADOS E ULTRAPROCESSADOS A literatura tem registrado a ocorrência de várias mudanças nos hábitos alimentares da população brasileira, com enfoque no grupo de crianças e adolescentes (MAESTRO; SILVA, 2004). Algumas transformações podem ser destacadas, como a substituição de alimentos in natura ou minimamente processados de origem vegetal (arroz, feijão, mandioca, batata, legumes e verduras) e preparações culinárias à base desses alimentos por produtos processados prontos para consumo (BRASIL, 2014). Os alimentos in natura ou minimamente processados incluem: alimentos obtidos diretamente de plantas ou de animais (como folhas, frutos, ovos e leite) e adquiridos para consumo sem que tenham sofrido qualquer alteração após deixarem a natureza; e alimentos que, antes de sua aquisição, foram submetidos à limpeza, remoção de partes não comestíveis ou não desejadas, secagem, embalagem, pasteurização, congelamento, refinamento, fermentação e outros processos que não incluam a adição de substâncias ao alimento original (LOUZADA et al., 2015). Os alimentos processados são os fabricados pela indústria com a adição de sal, açúcar ou outra substância de uso culinário a alimentos in natura para torna-los duráveis e mais agradáveis ao paladar. No entanto, os alimentos ultraprocessados são formulações industriais feitas inteiramente ou na sua maioria de substâncias extraídas de alimentos (óleos, gorduras, açúcar, amido, proteínas), derivadas de constituintes de alimentos (gorduras hidrogenadas, amido modificado) ou sintetizadas em laboratório com base em matérias orgânicas como petróleo e carvão, como corantes, aromatizantes, realçadores de sabor e vários tipos de aditivos usados para deixar os produtos com propriedades sensoriais atraentes (BRASIL, 2014). Uma forma prática de distinguir alimentos ultraprocessados de alimentos processados é consultar a lista de ingredientes que, por lei, deve constar nos rótulos de alimentos embalados que possuem mais de um ingrediente. Um número elevado de ingredientes (frequentemente cinco ou mais) e, sobretudo, a presença de ingredientes com nomes pouco familiares e não usados em preparações culinárias (gordura vegetal hidrogenada, óleos interesterificados, xarope de frutose, corantes, aromatizantes, 15 realçadores de sabor e vários outros aditivos), indicam que o produto pertence à categoria de alimentos ultraprocessados (BRASIL, 2014). A frequência de alimentos de fácil consumo na dieta pela população é crescente, em virtude da praticidade e do sabor agradável oferecido. Entretanto, o consumo desses produtos pode acarretar problemas à saúde devido aos inúmeros aditivos químicos utilizados (PEREIRA et al., 2015). Relacionando ao comportamento alimentar da população, a Pesquisa de Orçamentos Familiares em 2009, verificou as modificações que ocorrem nos dias atuais, onde de acordo com a situação do domicílio (urbano e rural), foi possível revelar que as médias de ingestão energética diária são maiores entre os adolescentes dos domicílios das áreas urbanas quando comparados com aqueles de áreas rurais (POF, 2011). Com relação ao consumo de energia, os grupos de indivíduos que referiram consumir biscoito recheado, salgadinhos industrializados, pizza, doces e refrigerantes apresentaram as maiores médias de consumo energético quando comparadas com a média populacional (POF, 2011). Foi observado, ainda, um consumo muito abaixo do recomendado para frutas, verduras e legumes e consumo elevado de bebidas com adição de açúcar, como sucos, refrigerantes e refrescos, os quais são particularmente referidos pelos adolescentes. A mediana de consumo de sucos e refrigerantes é de 122 ml diários, sendo o consumo médio dessas bebidas entre adolescentes maior que o dobro da média dos adultos e idosos (POF, 2011). Vários fatores vêm contribuindo para tais mudanças no comportamento alimentar da população, entre eles a influência do mercado publicitário, a globalização, o ritmo acelerado de vida nas cidades grandes e o trabalho da mulher fora do lar. Concomitantemente, o desenvolvimento econômico e social expandiu, consideravelmente, o acesso efetivo aos alimentos prontos para o consumo, favorecendo uma maior participação dos indivíduos de baixa renda ao acesso a esses produtos (AQUINO et al., 2002; ALMEIDA et al., 2002; BATISTA et al., 2008). Somando-se a isso, existe ainda, uma ampla influência da propaganda, veiculada principalmente pelas mídias sociais, visto que esses produtos são alvo de intensas campanhas publicitárias, além do forte investimento promocional que recebem nos pontos de comercialização (JACKSON et al., 2004; COSTA et al., 2008). 16 Diante dessas mudanças, é importante destacar que adotar uma alimentação saudável não é simplesmente uma questão de escolha da população, mas que alguns fatores podem estar envolvidos nesse processo, como o custo mais elevado dos alimentos minimamente processados, diante dos ultraprocessados, a necessidade de fazer refeições em locais onde não são oferecidas opções saudáveis e a exposição intensa à publicidade de alimentos não saudáveis (BRASIL, 2014). Nesse contexto, Almeida, Nascimento e Quaioti (2002), avaliaram 1.395 anúncios de produtos alimentícios difundidos na televisão e observaram que cerca de 60% deles estão no grupo da pirâmide alimentar representado por gorduras, óleos, açúcares e doces, além de não existir publicidade de frutas e hortaliças. De acordo com Iglesias et al., (2013) e Harrison et al., (2005), as estratégias de persuasão da mídia voltadas para o consumo de alimentos processados têm se tornado cada vez mais difíceis de serem evitados e têm alcançado um maior número de consumidores devido a internet, televisãoe outras fontes de informação. No caso do público infantil, por exemplo, é possível ver que as estratégias não são somente voltadas para as crianças, mas também para seus pais ou responsáveis, o que torna ainda mais importante o papel desses, já que é dever deles manter a integridade da alimentação da família, não só através de compras seletivas, mas também de esforços para instruir seus filhos sobre uma alimentação mais saudável. 3.2 ADITIVOS ALIMENTARES Atualmente, com a globalização e o desenvolvimento da logística a nível nacional e internacional, grande parte dos alimentos provenientes de regiões longínquas, que antes eram fabricados e produzidos na mesma localidade ou em localidades próximas àquelas de comercialização, requerem incremento de recursos tecnológicos relacionados à conservação, a fim de se obter um prazo de validade maior (AISSA, 2010). As indústrias de alimentos fazem uso dos aditivos alimentares no intuito de aumentar o tempo de prateleira, manter e intensificar a aparência, além de manter o alimento estável quanto às suas características físico–químicas, microbiológicas e sensoriais. No entanto, diversos estudos têm comprovado que tais aditivos podem apresentar toxicidade se não forem utilizados dentro de seus limites de segurança, 17 podendo oferecer riscos aos consumidores, em especial aos alérgicos a essas substâncias (ALBURQUEUE et al., 2012 apud PEREIRA et al., 2015). A necessidade do uso de aditivos deve ser justificada sempre que proporcionar benefícios de ordem tecnológica e não quando esses possam ser alcançados por operações de processamento mais adequadas ou por maiores precauções de ordem higiênica ou operacional (AUN et al., 2011). Esses aditivos são representados por antioxidantes, flavorizantes, corantes, conservantes e espessantes, entre outros. Apesar de serem frequentemente relacionados com reações adversas, apenas uma parte muito pequena apresenta verdadeira relação causa vs efeito quando testados oralmente (CHAPMAN et al., 2006). Segundo a ANVISA, os aditivos alimentares, antes de serem liberados para consumo, são avaliados de acordo com a necessidade tecnológica e de segurança. O aditivo antes de ser autorizado para uso do consumidor, deve ser submetido a uma adequada avaliação toxicológica, onde leva-se em consideração aspectos como, qualquer efeito acumulativo, sinérgico e de proteção, decorrente do seu uso. Sendo feita uma reavaliação quando necessário, à luz do conhecimento científico disponível, para que sejam realizadas modificações em suas condições de uso (BRASIL, 1997). No rótulo do produto, o aditivo deverá ser diferenciado dos ingredientes sendo indicado o nome do aditivo ou seu INS (International Numbering System). O INS ou Sistema Internacional de Numeração de Aditivos Alimentares foi elaborado pelo Comitê do Codex Alimentarius da Organização Mundial de Saúde (FAO/OMS) sobre Aditivos Alimentares e Contaminantes de Alimentos (CCFAC) e estabelece um sistema numérico internacional de identificação dos aditivos alimentares nas listas de ingredientes como alternativas à declaração do nome específico do aditivo. No Brasil esse procedimento é realizado pelo Ministério da Saúde e fiscalizado pela ANVISA (AUN et al., 2011). Os aditivos alimentares desempenham um papel importante no desenvolvimento de alimentos. Existem duas classes de aditivos alimentares, sendo a primeira composta pelos aditivos intencionais, que são adicionados intencionalmente aos alimentos a fim de desempenhar funções específicas, onde pode-se incluir os conservantes, os agentes bacterianos, agentes de braqueamento, antioxidantes, edulcorantes, corantes, aromatizantes e os suplementos nutricionais. A segunda classe é referente aos aditivos incidentais, que podem estar presentes nos alimentos por causa da 18 migração ou transferência da embalagem ou das máquinas de processamento. Aproximadamente 300 substâncias são identificadas como aditivos alimentares, sendo 60 a 70 aditivos ingeridos diariamente pela população nos Estados Unidos (SHIBAMOTO; LEONARD, 2004). Atualmente, há poucas pesquisas sobre as consequências do consumo de aditivos químicos (POLÔNIO; PERES, 2009). Entretanto, existe a preocupação com o fato de que os produtos alimentícios básicos estão contaminados com susbtâncias tóxicas, como pesticidas e micro-organismos, quando ingeridos de modo contínuo, a partir da ingestão dos aditivos alimentares. Mesmo que a ingestão diária aceitável (IDA) tenha sido determinada e que cada produto permaneça dentro dos limites estabelecidos, a ingestão de certos aditivos ainda poderá exceder o IDA, causando os efeitos indesejados (SHIBAMOTO; LEONARD, 2004). Dessa forma, é necessária a criação de estratégias para a redução do consumo dessas substâncias tóxicas e a criação de hábitos alimentares saudáveis para que seja possível evitar futuros problemas de saúde (FERREIRA, 2015). 3.2.1 Corantes A cor natural dos alimentos pode ser considerada um fator fundamental na aceitação dos produtos, uma vez que será o primeiro aspecto a ser avaliado pelo consumidor. Antes do paladar, os alimentos bem coloridos seduzem as pessoas pela visão. A ideia que remete ao consumo desses alimentos, seria que por serem coloridos, vistosos e atraentes, só podem ser deliciosos. Em geral, a importância da aparência do produto para sua aceitabilidade é a maior justificativa para o emprego de corantes (PRADO; GODOY, 2007). Em virtude dos corantes, naturais ou sintéticos, corresponderem a um grande número entre os aditivos alimentares incluídos nos alimentos ultraprocessados despertam a atenção de muitos pesquisadores. Algumas evidências arqueológicas indicam que os antigos egípcios usavam hena, carmim e outros corantes na pele e nos cabelos, cerca de 5000 a.C. No entanto, em alimentos, os corantes começaram a ser usados na China, Índia e Egito cerca de 1500 a.C. (ANTUNES; ARAÚJO, 2000). É importante esclarecer que as cores são adicionadas aos alimentos por alguns motivos, como: devolver a aparência original do produto após as etapas de 19 processo de produção, estocagem e embalagem; tornar o alimento mais atraente visualmente e atribuir e/ou reforçar as cores já presentes nos alimentos (MEINICKE, 2008 apud VELOSO, 2012). 3.2.1.1 Naturais Dentre os principais meios para obtenção de corantes naturais estão as plantas (folhas, flores e frutos), animais (insetos) e micro-organismos, englobando fungos e bactérias (MENDONÇA, 2011). O conhecimento da estrutura e das propriedades dos corantes naturais é essencial para o dimensionamento adequado de um processo, de forma que preserve a cor natural do alimento e evite mudanças indesejáveis, sendo também muito importante, para o desenvolvimento e aplicações dessas substâncias nos produtos elaborados (MORITZ, 2005). O corante natural urucum é o mais usado pela indústria brasileira, representando cerca de 90% dos corantes naturais usados no Brasil e 70% no mundo. É utilizado para colorir manteiga, queijos, produtos de panificação, óleos, sorvetes, cereais e embutidos (TOCCHINI; MERCADANTE, 2001). Colorir os alimentos a fim de atrair os consumidores é um desafio particular da indústria. Enquanto os corantes artificiais não proporcionam valor nutritivo aos alimentos e são suspeitos de diversos malefícios à saúde, os naturais podem ter valor nutricional e apresentam uma ampla variedade de propriedades farmacológicas, como antioxidante e antipirético. Estes ainda podem ser capazes de prevenir o risco de doenças cardiovasculares, câncer, diabetes, cataratas, entre outras (HAMERSKI; REZENDE; SILVA,2013). Podemos citar como exemplo o caroteno, que apresenta um importante papel na manutenção da saúde, agindo como potente antioxidante e como matéria-prima para produção metabólica de retinol e vitamina A (AISSA, 2010). De acordo com Gomes (2012), embora os corantes naturais apresentem algumas desvantagens como, por exemplo, a baixa estabilidade e o alto custo, comparados aos corantes artificiais, os naturais têm sido utilizados há anos sem evidências de danos à saúde. Portanto, apesar das desvantagens, a substituição dos artificiais por corantes naturais tem sido incrementados na indústria alimentícia, pois conferem ao produto aspecto natural, o que faz com que a aceitação pelo consumidor seja maior. 20 3.2.1.2 Artificiais De acordo com Barros; Barros (2010), a classificação dos corantes artificiais, também chamados de sintéticos, considera a composição química de suas moléculas. A maioria desses corantes vem da anilina, nome genérico do corante líquido que se encontra facilmente no supermercado nos tons azuis, laranja, amarelo ou vermelho e que ainda é muito utilizada para dar cor ao açúcar cristal e aos doces em geral. Os corantes artificiais são os orgânicos sintéticos, não sendo encontrados em produtos naturais e sim na forma mais comum de amarelo crepúsculo, laranja, amarelo ácido ou amarelo sólido, tartrazina, azul brilhante, ponceau e vermelho 40 (BRASIL, 1977). No Brasil, conforme relatam Barros; Barros (2010), os corantes artificiais autorizados são classificados como: corantes azo, corantes trifenilmetanos, corantes indigóides e corantes xantenos. Existem distintas opiniões quanto à inocuidade dos diversos corantes artificiais. Consequentemente, diversos países ou regiões permitem o uso de diferentes corantes e em diferentes quantidades, devido ao maior ou menor consumo de alimentos presentes na dieta da população, aos quais os corantes são adicionados (PRADO; GODOY, 2003). O emprego dos corantes em alimentos gera uma série de polêmicas, pois a principal justificativa para seu emprego é tornar o produto mais atrativo visivelmente. Entretanto, vários estudos vêm demonstrando a ocorrência de reações adversas a curto e longo prazo, associadas ao consumo de alimentos que apresentam esses aditivos (GONÇALVES, 2008). Os corantes artificiais são a classe de aditivos alimentares mais especuladas e pesquisadas pois, além de serem considerados por muitos como não essenciais, vários têm demonstrado ação carcinogênica e um número significativo é também considerado responsável por reações de hipersensibilidade (FREITAS, 2012). Vários estudos tentaram comprovar as reações adversas que os corantes podem causar. Assim, o monitoramento dos teores dessas substâncias tem, continuamente, contribuído para alertar para um consumo consciente dos produtos alimentícios que as contêm (DOWNHAM; COLLINS, 2000). 21 3.2.1.3 Sintéticos idênticos aos naturais A Resolução nº 44 de 1977, estabelece que os corantes sintéticos idênticos aos naturais, são aqueles onde cuja estrutura química é semelhante à do princípio ativo isolado de corante orgânico natural. Os mais conhecidos são caramelo IV e beta caroteno. Os corantes caramelos são misturas complexas de componentes, elaborados a partir do aquecimento de carboidratos (como glicose ou frutose), com ou sem ácidos, substâncias alcalinas ou sais, sendo classificados de acordo com os reagentes usados na sua fabricação (BRASIL, 2015). Dessa forma, o caramelo IV, obtido pelo processo amônia, é preparado pelo aquecimento de carboidratos com ou sem substâncias ácidas ou alcalinas, na presença de compostos amônia e sulfitos. É classificado como corante orgânico sintético idêntico ao natural, uma subcategoria dos corantes orgânicos sintéticos (BRASIL, 2015). 3.3 ALERGIAS ALIMENTARES À medida que são incluídos os alimentos processados e ultraprocessados na alimentação, aumentam os riscos na qualidade de vida (TAYLOR; HEFLE, 2006). É prevalente o número de crianças e adultos jovens com doenças alérgicas e as alergias alimentares (AA) fazem parte destas (VON et al., 2003; SEIDMAN, 2003). As alergias alimentares passaram a ser um grande problema de saúde no mundo e estão intimamente relacionadas aos hábitos alimentares inadequados (MARKLUND, 2006). A alergia alimentar é mais comum em crianças. Estima-se que a prevalência seja aproximadamente de 6% em menores de três anos e de 3,5% em adultos e estes valores parecem estar aumentando (SBP; ASBAI, 2008). A prevalência é maior em indivíduos com dermatite atópica (DA). Aproximadamente 35% das crianças com DA, de intensidade moderada a grave, têm alergia alimentar mediada por IgE e 6 a 8% das crianças asmáticas podem apresentar sibilos ocasionados pela ingestão de determinados alimentos (EIGENMANN, 1989; NOVEMBRE, 1988 apud SBP; ASBAI, 2008). As reações graves e fatais podem ocorrer em qualquer idade, mesmo na primeira exposição ao alimento, mas os indivíduos mais susceptíveis parecem ser 22 adolescentes e adultos jovens com asma e alergia previamente conhecida a amendoim, nozes ou frutos do mar (SICHERER; TEUBER, 2004 apud SBP; ASBAI, 2008). As reações alérgicas envolvem mecanismos do sistema imunológico que podem ou não ser mediados pela Imunoglobulina E, que geralmente é associada a alergias alimentares e reações de hipersensibilidade, tendo como característica a rápida liberação de mediadores como a histamina (PORTERO; RODRIGUES, 2001). Outras reações adversas aos alimentos não imunomediadas podem ser causadas por várias ações, como deficiências de enzimas digestivas (no caso, por exemplo, de intolerância à lactose) ou toxinas (intoxicação alimentar por estafilococos). Contudo, a hipersensibilidade alimentar (geralmente confundida como alergia alimentar) pode ser definido como uma reação clínica adversa reproduzível após a ingestão de alérgenos presentes nas proteínas dos alimentos, mediada por uma resposta imunológica anormal (BAEHLER; SEIDMAN, 2002; VON et al., 2003; SICHERER; SAMPSON, 2006). As manifestações decorrentes da alergia alimentar dependem de vários fatores, estando entre eles à predisposição genética, história familiar, desenvolvimento de intolerância e o estado da barreira intestinal do indivíduo. Também influenciam a dosagem e a frequência da exposição ao antígeno (ASBAI, 2009; VILLAMARIM, 2010). A evolução da alergia alimentar depende do tipo de alimento envolvido, das características do paciente e do mecanismo imunológico responsável pelas manifestações clínicas. Assim, embora muitas crianças desenvolvam tolerância ao alimento desencadeante após o primeiro ano do diagnóstico, outras podem levar oito a dez anos para ingeri-lo sem apresentar algum sintoma (AALBERSE, 2000 apud SBP; ASBAI, 2008). Embora a sensibilidade a muitos alérgenos, tais como os provenientes do leite e ovos apresentem a tendência de diminuir durante a infância, para alguns alimentos há maior chance de persistência ao longo da vida (SAMPSON et al., 2005 apud SBP; ASBAI, 2008). Até o presente momento não existe um medicamento específico para atuar na prevenção da alergia alimentar. A principal forma de conduzir a terapia consiste em evitar o alimento suspeito e a substituição do mesmo. Quando é diagnosticada a alergia, são utilizados medicamentos específicos para o tratamento dos sintomas durante uma crise, sendo de extrema importância fornecer orientações ao 23 paciente e familiares, para que se evitem novos contatos com o alimento desencadeante. Deve ser orientado ao paciente a substituição do alimento excluído, evitando-se deficiências nutricionais.Em alguns casos, a retirada total do alimento e derivados também se faz necessária como, por exemplo, o leite de vaca (COCOO et al., 2007; CORTEZ et al., 2007; ASBAI, 2009). 3.4 ASPECTOS TÓXICOS DOS ADITIVOS A presença nos alimentos de compostos químicos em níveis potencialmente tóxicos é uma preocupação em todo o mundo. Alguns perigos químicos como as substâncias tóxicas naturais, podem surgir em vários momentos durante a produção dos alimentos como a colheita, armazenamento, processamento, distribuição e preparo. Além disso, a adulteração acidental ou intencional dos alimentos com substâncias tóxicas resulta em vários acidentes graves de saúde pública, tanto em países em desenvolvimento como nos países industrializados (COELHO; OLIVEIRA, 2015). De um ponto de vista tecnológico, os aditivos alimentares apresentam um papel importante nos alimentos. Entretanto, o uso de aditivos é um tema que desperta a preocupação dos consumidores. Nos últimos anos, os consumidores tornaram-se cada vez mais cautelosos sobre segurança alimentar; dos vários itens relacionados com a segurança alimentar, os aditivos alimentares estão entre os mais controversos (VARELA; FISZMAN, 2013). A fim de se determinarem os eventuais efeitos nocivos de um aditivo alimentar ou dos seus derivados, o aditivo deve ser submetido a ensaios e a uma avaliação de toxidade adequada. Todos os aditivos alimentares devem ser mantidos sob observação permanente e serem novamente avaliados sempre que for necessário, tendo em vista as variações das condições de utilização e de quaisquer novos dados científicos (BAPTISTA, 2003). Quanto aos aditivos alimentares banidos ou inapropriados, como o ácido bórico e os corantes têxteis, o uso ilegal destes continua sendo um problema em muitos países em desenvolvimento (COELHO; OLIVEIRA, 2015). Tem-se discutido a respeito da toxicidade dos corantes sintéticos e dos riscos que podem causar à saúde. Geralmente estão associados ao modo e ao tempo de exposição aos corantes. Muitos dos problemas de saúde, como alergias, rinite, 24 broncoconstrição, hiperatividade, danificação cromossômica, tumores, entre outros, têm sido reportados por diversos autores (MARMITT; PIROTTA; STÜLP, 2010) Para proteger os consumidores, a maioria dos governos tem adotado uma estratégia de avaliação de risco, incluindo a toxicologia regulatória, para estimar cientificamente o risco em potencial à saúde humana imposta pelos compostos químicos presentes nos alimentos. O controle regulatório dos compostos químicos potencialmente tóxicos presentes nos alimentos constitui uma responsabilidade essencial aos governos e suas agências de controle de alimentos (COELHO; OLIVEIRA, 2015). 25 4. METODOLOGIA 4.1 AMOSTRA E ANÁLISE DE DADOS A partir do banco de dados da pesquisa intitulada “Fatores de risco para doença cardiovascular entre adolescentes beneficiários do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) – Natal/RN”, aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da UFRN-parecer No. 112/06 e realizada em 2008, foram relacionados os produtos processados e ultraprocessados consumidos por 516 adolescentes. Os dados do consumo alimentar foram obtidos através de dois recordatórios de 24 horas (R24h), repetidos após 30-45 dias, aplicados por equipe treinada, com apoio de álbuns fotográficos de medidas caseiras (utensílios e porções). Foram definidos procedimentos e padronizações do tipo de alimento/preparação relatado e respectiva conversão em medidas caseiras, mediante adaptações de per capitas e fichas técnicas de preparação. Para obter as informações referentes aos alimentos processados que foram mencionados pelos adolescentes nos R24 h, foi feita uma listagem de todos os alimentos referidos, e em seguida, uma pesquisa em locais de comercialização desses produtos ou nos sites das empresas produtoras. Buscou-se nos estabelecimentos, as principais marcas de alimentos processados que estavam disponíveis nas prateleiras, sendo a seguir extraídas as informações dos rótulos das embalagens de cada produto selecionado. Nos sites das empresas, foram analisados os produtos não encontrados nas prateleiras dos supermercados. As informações obtidas nos rótulos foram organizadas para mostrar os ingredientes e os aditivos, assim como os códigos do Sistema Internacional de Numeração de Aditivos Alimentares (INS), em especial os corantes naturais e artificiais incorporados aos produtos processados e ultraprocessados presentes na dieta habitual dos adolescentes escolares. Para identificar o nível de processamento dos produtos analisados, seguiu-se os critérios estabelecidos no Guia Alimentar para População Brasileira (2014). Os dados foram organizados, de forma que fosse possível se avaliar qualitativamente a presença de aditivos nos produtos, sendo estes devidamente identificados, conforme a regulamentação da Portaria Nº 540 - SVS/MS, 27 de outubro 26 de 1997 e agrupados de acordo com o tipos de indústrias alimentícias (GAVA; SILVA; FRIAS, 2008). A seguir, foram relacionados os principais corantes encontrados para verificar os efeitos alergênicos relacionados a estes, já descritos na literatura. 27 5. RESULTADOS Com a coleta dos dados nos supermercados foram identificados noventa e seis (96) produtos processados e ultraprocessados, oriundos das informações provenientes dos Recordatórios 24 horas do consumo habitual de adolescentes. Esses produtos foram divididos em 13 grupos de acordo com os tipos de indústrias alimenticias, sendo 17 referentes a bebidas não alcoólicas, 28 de amidonaria (farinhas, panificação e massas), 19 produtos lácteos, 8 produtos de confeitaria, 3 do grupo de óleos e margarinas, 1 de ovos e derivados, 1 peixe, 3 de geleias e doces, 8 de arnes, 2 de molhos, 3 de açúcares e xaropes, 1 de hortaliças em conserva e 2 do grupo de sopas. Os itens que compõem cada grupo estão demonstrados na Tabela 1. Dos produtos analisados, nove (9) não apresentaram em seus rótulos, aditivos na sua composição, sendo eles, batata palha, aveia, açúcar, leite integral, leite condensado, óleo de soja, biscoito de polvilho, azeite e sardinha enlatada. Dessa forma, foram analisados oitenta e sete (87) produtos, contabilizando um total de 86 aditivos, que foram agrupados em 19 classes de acordo com sua funcionalidade, conforme descritos na Tabela2. A Tabela 3 apresenta a quantificação dos aditivos em diferentes produtos presentes nas categorias dos alimentos analisados, de acordo com o número de produtos estudados. Entre os aditivos encontrados, a classe dos corantes apresentou uma expressiva presença nos alimentos de consumo habitual dos adolescentes, visto que 42 produtos apresentaram corantes naturais, artificiais e sintéticos idênticos aos naturais. Pode se observar na Tabela 4, a frequência dos corantes nos produtos analisados. Entre os corantes naturais, destacam-se o urucum e carmim de cochonilha, entre os corantes artificiais, o amarelo crepúsculo. Observou-se também uma grande presença do corante caramelo IV classificado, segundo a ANVISA (Informe Técnico n°68/2015 - GEARE/GGALI/ANVISA, 2015), como corante orgânico sintético idêntico ao natural. 28 Tabela 1. Grupos de Alimentos e seus respectivos produtos relatados de dois recordatórios 24 horas do consumo de adolescentes. Grupos de Alimentos N (96) Produtos Bebidas não alcoólicas 17 Refrigerante guaraná (A), guaraná diet, suco de laranja (concentrado) com açúcar, refrigerante do tipo cola light, refrigerante guaraná (B), refrigerante de laranja, refrigerante de uva, achocolatado (A), achocolatado (B), refresco de goiaba, refresco de morango, refresco de graviola, suco de laranja em pó, refresco de maracujá, suco de tangerina (em pó) sem açúcar, refresco de uva, refrigerante do tipo cola. Amidonaria 28 Biscoito de coco, biscoito de polvilho, biscoito champanhe, biscoito salgado, biscoito Cream Cracker, biscoito de chocolate branco, biscoito de leite, biscoito maisena, biscoito maria, biscoito recheado de chocolate, biscoito recheado de morango, biscoito de wafer de chocolate, bolacha água e sal, bolacha salgada, macarrão instantâneo, pão de cachorro quente, pão de forma integral, pão de forma normal, cereal matinal, mingau de amido– sabor chocolate, farinha de trigo, cereal infantil, farofa pronta, farinha láctea, pipoca, batata palha, aveia, salgadinho de milho. Produtos lácteos 19 Bebida láctea de morango, iogurte de morango (A), creme de leite, doce de leite cremoso, iogurte de mel light, iogurte de morango (B), iogurte (banana, maça , cereais e mel), iogurte de ameixa, iogurte de fruta desnatado, leite integral de caixa, leite UHT, leite integral em saquinho, queijo de coalho, queijo de manteiga, queijo mussarela, queijo ralado, requeijão cremoso, complemento alimentar, manteiga. Produtos de confeitaria 8 Balas coloridas, chocolate ao leite, brigadeiro, bombom, leite condensado, chocolate 29 em barra meio amargo, chocolate tipo wafer, confeito de caramelo. Óleos e margarinas 3 Margarina light, óleo de soja, azeite. Ovos e derivados 1 Maionese Peixes 1 Sardinha enlatada Geleias e doces 3 Sorvete de napolitano, sorvete de chocolate com morango, goiabada. Carnes 8 Carne em conserva, empanado de frango, hamburguer, linguiça calabresa, mortadela, presunto cozido, presunto de peru, salsicha. Molhos 2 Catchup, molho de tomate. Açúcares e xaropes 3 Açúcar, adoçante, gelatina. Hortaliças em conversa 1 Ervilha Sopas 2 Tempero em pó, sopa em pó sabor galinha. Observação: Os alimentos destacados em negrito não apresentaram aditivos na sua composição. 30 Tabela 2. Aditivos presentes nos produtos alimentícios consumidos por adolescentes e suas respectivas classes funcionais. Classe funcional Aditivos reportados / INS Edulcorantes Sorbitol (420), ciclamato de sódio (952), sacarina sódica (954), aspartame (951), acessulfame de potássio (950), sucralose (955). Conservadores Ácido benzoico (210), metilparabeno (218), sorbato de potássio (202), benzoato de sódio (211), nitrito de sódio (250), proprionato de cálcio (282). Acidulantes Ácido citríco (330), ácido láctico (270), ácido fosfórico (338), ácido fumárico (297). Gelificantes Goma arábica (414), goma gelana (418). Emulsificante Carboximetilcelulose (466), ésteres graxos de sacarose (473), gelatina (-), lecitina de soja (322), ricinoleato de glicerila (476), mono e diglicerídeos de ácidos graxos (471), monoesterato de propileno glicol (477), poli sorbato (433). Espessantes Maltodextrina (636), pectina (440), goma xantana (415), celulose microcristalina (460i), carragena (407), goma jataí (410). Corantes Vermelho beterraba (162), caroteno (160 a ii), carmim (120), urucum (160b), cúrcuma (100), caramelo I (150a), carbonato de cálcio (170i), páprica (160c), betacaroteno (160 a i), caramelo IV (150d), azorrubina (122), amarelo crepúsculo (110), amaranto (123), azul brilhante (133), tartrazina 31 (102), vermelho 40 (129). Glaceantes Cera de carnaúba (903). Aromatizantes* Aromas naturais de carne, fumaça, pimenta preta, pimenta vermelha; aromas idênticos aos naturais de noz moscada e cardomomo; aroma idêntico ao natural de graviola; aroma artificial de maracujá; aroma natural de tangerina. Estabilizantes Goma guar (412), citrato de sódio (331 iii), dioctil sulfoccinato de sódio (480), tripolifosfato de sódio (451i), difosfato de sódio (450i), monofosfato de sódio (339i), pirofosfato de sódio (450iii), hexametafosfato de sódio (452i). Reguladores de acidez Bicarbonato de sódio (500 ii), carbonato de potássio (501i), carbonato de sódio (500i), lactato de sódio (325). Antioxidantes Ácido ascórbico (300), eritorbato de sódio (316), Edta cálcio dissódico (385), TBHQ (319), BHT (321) e BHA (320). Realçadores de sabor Glutamato monossódico (621), inosinato dissódico (631), guanilato dissódico (627). Fermentos químicos Bicarbonato de amônio (503ii), fosfato monocálcico (339i), pirofosfato de ácido de sódio (450iii). Melhoradores de farinha Protease (1101i), metabissulfito de sódio (223), alfa milase (1100). 32 Antiumectantes Fosfato tricálcico (341iii), dióxido de silício (551). Espumantes Extrato de quilaia (999). Antiespumantes Monoesterato de glicerina (471). Agentes de firmeza Cloreto de cálcio (509), fosfato de cálcio (412 iv). *A classe referente aos aromatizantes não apresentam Código INS. 33 Tabela 3. Aditivos presentes nos produtos consumidos por adolescentes, pertencentes a diferentes categorias de alimentos. CATEGORIAS DE ALIMENTOS AVALIADAS E QUANTIDADE DE PRODUTOS ANALISADOS CLASSE FUNCIONAL I II III IV V VI VII VIII IX X XI XII XIII Total de Produtos contendo aditivos N (produtos) 17 28 19 8 3 1 1 3 8 2 3 1 2 87 QUANTIDADE DE ADITIVOS NOS GRUPOS DE ALIMENTOS Total de produtos contendo os aditivos Edulcorantes 9 - 3 - - - - - - - 2 - - 14 Conservador 6 3 8 - 1 1 - - 6 1 1 - - 27 Acidulantes 12 5 5 1 1 1 - 1 - 1 - - - 27 Gelificante - - - 1 - - - - - - - - - 1 Emulsificante 1 11 5 7 - - - 2 - - - - - 26 Espessante 5 1 8 3 - - - 2 4 1 - - - 24 Corantes 13 6 6 3 1 1 - 2 5 - 1 - 2 40 Glaceante - - - 1 - - - - - - - - - 1 Aromatizantes 16 16 7 7 1 1 - 2 4 - 1 - 1 56 Estabilizantes 5 2 8 1 1 1 - - 8 - - 1 - 27 Regulador de acidez 12 1 3 1 - - - - 2 - 1 - - 20 Antioxidantes 1 - - - 1 1 - - 7 - - - - 10 Realçador de sabor - 3 - - - - - - 2 - - - 2 7 Fermento químico - 14 - 1 - - - - - - - - - 15 Melhorador de farinha - 5 - - - - - - - - - - - 5 Antiumectante 4 2 2 - - - - - - - - - 1 9 Espumante 1 - - - - - - - - - - - - 1 Antiespumante - 1 - - - - - - - - - - - 1 Agente de firmeza - - 1 1 - - - - - - - - - 2 Total de Aditivos / Grupo de Alimentos 85 70 56 27 06 06 - 09 38 03 06 01 06 Categoria de Alimentos: I – Bebidas não alcoólicas; II – Amidonaria; III – Produtos lácteos; IV – Produtos de confeitaria; V – Óleos e margarinas; VI – Ovos ederivados; VII – Peixes; VIII – Geleias e doces; IX – Carnes; X – Molhos; XI – Açúcar e xaropes; XII – Horaliças em conserva; XIII – Sopas. 34 Tabela 4. Frequência dos corantes nos produtos consumidos por adolescentes. CORANTES FREQUÊNCIA DOS CORANTES NOS PRODUTOS N (87) NATURAIS N % Vermelho beterraba 1 1,15 Caroteno 1 1,15 Carmim 9 10,34 Urucum 10 11,49 Cúrcuma 1 1,15 Caramelo I 3 3,45 Carbonato de cálcio 1 1,15 Páprica 1 1,15 ORGÂNICOS SINTÉTICOS IDÊNTICOS AOS NATURAIS N % Caramelo IV 11 12,64 Betacaroteno 3 3,45 ARTIFICIAIS N % Azorrobina 1 1,15 Amarelo crepúsculo 5 5,75 Amaranto 3 3,45 Azul brilhante 3 3,45 Tartrazina 4 4,60 Vermelho 40 4 4,60 35 6. DISCUSSÃO O presente estudo avaliou a presença de aditivos alimentares, principalmente os corantes, em alimentos consumidos por adolescentes, uma vez que esses podem ser um fator desencadeante do aumento de alergias alimentares entre a população. Foram avaliados 96 produtos considerados processados e ultraprocessados, onde os aditivos que mais se destacaram na análise foram os aromatizantes e os corantes. No total de produtos pesquisados, evidenciam-se apenas nove que não continham nenhum tipo de aditivo, sendo eles: azeite, leite condensado, aveia, óleo de soja, açúcar, leite integral de saquinho, sardinha enlatada, biscoito de polvilho e batata palha. Entre as classes de produtos alimentícios analisados nesse estudo, os aromatizantes estiveram em maior quantidade no grupo de bebidas não alcoólicas e amidonaria, verificando-se 16 tipos diferentes de aromatizantes, em cada uma dessas classes, além de um número considerável nas classes de produtos lácteos e confeitaria. Enquanto isso, os corantes apresentaram uma maior prevalência no grupo de bebidas não alcoólicas, mas também uma presença expressiva nos grupos de amidonaria e produtos lácteos. Constatou-se, portanto, que os grupos de bebidas não alcoólicas e amidonaria, apresentaram maior quantidade de aditivos. Em um estudo realizado por Pereira et al., (2015), os resultados indicaram que os aromatizantes, corantes e estabilizantes, foram os aditivos mais presentes em todas as categorias de alimentos avaliadas. Entre essas classes de alimentos apresentados na pesquisa referida, os aromatizantes estiveram presentes, em ordem crescente, em 53,3% dos biscoitos salgados, 64,5% dos salgadinhos, 76,5% das sopas instantâneas e 80,3% dos biscoitos doces. O corante que mais se destacou foi o caramelo, reportado em todas as categorias de alimentos avaliadas, com destaque para os biscoitos doces e sopas instantâneas. Além dos riscos que podem causar à saúde, existe outro fator que torna o uso abusivo de aditivos preocupante, pois muitos desses alteram as características dos alimentos, fazendo-os parecer o que não são de verdade, sendo classificados como transformador. Segundo um levantamento do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), foi identificado que, entre os produtos avaliados, essa classe de aditivos é a mais empregada, principalmente dos aromatizantes (50% dos produtos) e 36 corantes (41,6%). Podendo ser citado como exemplo, um suco de caixinha que, na verdade, tem como base suco concentrado de maçã, por isso tem-se a necessidade de adicionar corantes e aromatizantes, para que fique com a aparência e o sabor da fruta que estampa a embalagem (BRASIL, 2016). O consumo desses produtos pode provocar efeitos colaterais pela ação dos aditivos alimentares, sendo as alergias e intolerâncias alimentares consideradas como efeitos maléficos mais comuns, caracterizando-se por reações desencadeadas pelo organismo para combater uma substância presente em um alimento (POLÔNIO; PERES, 2012). Diversos estudos apontam reações adversas aos aditivos, quer seja aguda ou crônica, tais como reações tóxicas no metabolismo desencadeantes de alergias, de alterações no comportamento, em geral e carcinogenicidade, esta última observada a longo prazo (POLÔNIO; PERES, 2009). Oliveira et al., (2006) acrescentam que os aditivos químicos como os aromatizantes, corantes e edulcorantes podem provocar urticária, angioedema, broncoespasmo e choque em alguns indivíduos. Com relação aos aditivos analisados, os corantes demonstraram uma porcentagem significativa referente à frequência da presença nos produtos processados e ultraprocessados. Os corantes apresentam efeitos agudos em pequeno prazo, já que o consumo dos mesmos apresenta de modo geral alergias de pele, urticária, hiperatividade em crianças e a longo prazo a possibilidade de evolução das mesmas, podendo desenvolver distúrbios comportamentais, emocionais e sociais (GUIMARÃES, 2010). Um estudo randomizado desenvolvido nos Estados Unidos, analisou dados apresentados pelo “Centers for Disease Control” (CDC) e 250 artigos a respeito das reações imunológicas devido aos corantes alimentares. Este concluiu que a alimentação oferece a maior carga antigênica exógena para o sistema imunológico (VOJDANI; VOJDANI, 2015). As moléculas de corantes são capazes de produzir uma ação nociva ao interagir com um determinado ponto dentro ou na superfície de um organismo vivo, causando toxicidade. As moléculas de corantes sintéticos são pequenas e o sistema imunológico tem dificuldade para defender o organismo contra elas. O consumo destes corantes e sua capacidade de ligar-se às proteínas do corpo pode ativar a cascata inflamatória, resultando na indução da permeabilidade intestinal, além de conduzir a reações cruzadas, autoimunes e até mesmo transtornos neurocomportamentais (SÁ et al., 2016). 37 Entre os corantes naturais, destaca-se a maior presença para o urucum, seguido do carmim de cochonilha, apresentando 11,49 % e 10,34 %, respectivamente. O urucum é um pigmento amarelo natural extraído das sementes da árvore tropical Bixa orellana e pesquisas têm associado a ocasionais casos de reação anafilática, além de urticária ou angioedema (BURGE ; O’BRIEN; HARRIES, 1979; ORTOLANI; BRUIJNZEEL; BENGTSSON, 1999; WILSON; BAHNA, 2005). Existem descrição também de reação anafilática ao urucum, inclusive com teste cutâneo e pesquisa de IgE específica / positiva, com controles normais negativos para os mesmos testes (NISH; WHISMAN; GOETZ, 1999). Estão sendo descritos casos cada vez mais frequentes de reações alérgicas (urticária, angioedema e anafilaxia), causada pela ingestão de corante carmim. Em muitos desses casos foi detectado um mecanismo IgE dependente por testes cutâneos, a liberação de histamina por basófilos, determinações de IgE sérica específica a carmim e mais recentemente com os estudos imunodetecção de alérgenos. O corante carmim pode causar reações de hipersensibilidade imediatas, por vezes muito graves, em concentrações normalmente encontradas em alimentos, bebidas e cosméticos. A possibilidade de alergia ao corante deve ser suspeitada em pacientes com urticária recorrente, com ou sem angioedema ou anafilaxia após ingestão ou utilização de produtos coloridos na indústria (TABAR et al., 2003). Também foi encontrada nos produtos, uma presença expressiva do corante sintético idêntico ao natural caramelo IV, estando presente em 11 dos 87 produtos analisados, representando uma porcentagem de 12,64 %, sendo encontrados em sua maioria nos produtos como refrigerantes, refrescos, biscoitos recheados, cereal matinal e embutidos. O mesmo é muito conhecido por ser a causa de mutações genéticas e carcinogênese, no entanto não foram encontrados na literatura, estudos quanto ao seu potencial alergênico. O caramelo IV é permitido como aditivo na indústriade alimentos, ocupando lugar de destaque, sendo um dos mais antigos aditivos utilizados para coloração do produto final, para se conseguir uma cor que pode variar do amarelo-palha a marrom escuro até quase negro. Com uma produção anual superior a 200.000 toneladas/ano, o corante caramelo representa cerca de 90% em peso de todos os corantes adicionados em alimentos e bebidas consumidas no mundo. No Brasil, o seu uso é permitido, entre outras aplicações, em molhos, gelados comestíveis, biscoitos, 38 doces, bebidas alcoólicas e refrigerantes, destacando-se principalmente no sabor cola e guaraná (ADITIVOS E INGREDIENTES, 2015 apud CRUZ et al., 2015). O caramelo tem sido associado a problemas cancerígenos, conforme pesquisas conduzidas pelo Programa Nacional de Toxicologia do Governo dos Estados Unidos, o que fez com que a Agência Internacional para Pesquisa em Câncer e a OMS, incluísse tal aditivo na lista de substâncias possivelmente cancerígenas (PEREIRA et al., 2015). Também foi encontrada nos produtos a presença do corante artificial amarelo crepúsculo, estando presente em 5 dos 87 produtos analisados, representando uma porcentagem de 5,75 %. Esse corante tem sido apontado como um inibidor da síntese do tromboxano, membro da família de lipídeos, denominada eicosanoides (PEREIRA et al., 2015). Tal substância é comumente adicionada aos alimentos, proporcionando coloração intensa e estável ao produto industrializado. Assim como para muitos outros aditivos alimentares, o controle analítico dos corantes sintéticos é de grande importância na indústria alimentícia, devido ao potencial tóxico e carcinogênico que apresentam (VIDOTTI; ROLLEMBERG, 2006). Existem vários estudos que atribuem ao amarelo crepúsculo um poder de reações alérgicas, principalmente em crianças, o que levou a sua proibição em toda a Europa e em outros países de outros continentes. No Brasil, este corante é aceito em comercialização de produtos alimentícios, tendo um limite máximo estabelecido (COULTATE, 2004). Além disso, também pode provocar reações anafilactóides causando angioedema, choque anafilático, vasculite e púrpura. Pode ocorrer reação cruzada entre o amarelo crepúsculo, paracetamol, ácido acetilsalicílico, benzoato de sódio e outros corantes do grupo Azo (CASTANHEIRA et al., 2004; HINTON, 1995 apud POLÔNIO; PERES, 2009). Um estudo realizado por Mikkelsen, Larsen e Tarding (1978) avaliou a prevalência de reações adversas a corantes artificiais em 61 pacientes com urticária crônica por meio de teste de provocação e encontraram resposta positiva à tartrazina em 11% dos casos, ao amarelo crepúsculo em 17%, vermelho 40 em 16%, vermelho Ponceau 4R em 15% e azul brilhante FCF em 14% dos casos. Segundo Prado e Godoy (2007), não há um controle eficiente do uso de corantes artificiais pelas empresas de alimentos, pois em seu estudo os produtos analisados possuíam teores acima dos aceitos pela legislação do Brasil, em que três 39 marcas de cereais matinais analisadas, possuíam em sua porção média recomendada para o consumo, um teor de corantes duas vezes maiores que o aceito pela legislação. Ainda, no mesmo estudo foram detectadas, por meio da cromatografia líquida de alta eficiência, que de 27 amostras de goma de mascar, nove possuíam valores superiores ao permitido para esse tipo de produto e no sabor limão de um dos fabricantes o valor do corante encontrado foi cinco vezes a mais que o permitido. A possibilidade de haver no mercado a presença de aditivos em quantidades acima do permitido pela legislação, associado ao fato de que é provável que se consuma um ou mais produtos ao dia com o mesmo aditivo, são motivos de grande preocupação, devido a presença de diferentes aditivos em produtos ultraprocessados, como descrito no presente trabalho. Além disso, o efeito acumulativo, no entanto, não pode ser estimado, ressaltando a necessidade de mais estudos específicos para garantir a segurança dos individuos mais sensíveis. 40 7. CONCLUSÃO Analisar a presença de aditivos nos produtos processados e ultraprocessados por meio de sua rotulagem se mostrou um método eficaz, barato e viável, pois de acordo com a legislação, os fabricantes devem informar o nome e/ou número INS do corante utilizado, permitindo assim a sua identificação. Conforme se observou no decorrer deste trabalho, existem muitos aditivos utilizados nesses produtos, sendo o consumo desses alimentos elevado entre os adolescentes, tornando-os um grupo vulnerável aos efeitos adversos à saúde. Em relação aos corantes presentes nos produtos analisados consumidos pela população estudada, constatou-se que os mais mencionados nos rótulos, com base no item ingredientes, foram: carmim de cochonilha, urucum, amarelo crepúsculo e caramelo IV. Os grupos de alimentos ultraprocessados que mais apresentaram diferentes aditivos foram os das bebidas não alcoólicas (refrigerantes, refrescos em pó), amidonaria (biscoitos e pães), produtos lácteos (iogurtes) e de produtos de confeitaria (chocolates). Embora os dados de alergia a aditivos alimentares no Brasil sejam escassos e necessitam de metodologia rigorosa, foi possível encontrar estudos comprovando o potencial alergênico dos corantes urucum, carmim e amarelo crepúsculo, sendo apresentados estudos associando casos de hipersensibilidade a alguns componentes químicos estruturais desses corantes. Dentre os corantes analisados, não foram encontrados na literatura estudos que comprovem a capacidade de causar alergias do corante sintético idêntico ao natural, caramelo IV. Dessa forma, se torna evidente a relevância de estudos que avaliem a presença de corantes em alimentos, uma vez que não existe uma avaliação periódica das concentrações desses aditivos utilizadas nos produtos comercializados no Brasil, fatos que, somados ao consumo frequente de determinados produtos, contribuem com a ingestão diária exacerbada desses aditivos, contribuindo assim para o aumento de casos de alergias alimentares. 41 REFERÊNCIAS AISSA, A. F. Avaliação da atividade antimutagênica do beta-caroteno microencapsulado em células de ratos tratados com o antitumoral doxorrubicina empregado os ensaios de micronúcleo e cometa. São Paulo: Faculdade de ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo, 2010. ALLERGY U. K. What is Food Allergy? [serial on the Internet] 2012 Mar [cited: 2012 out 5]. Available from: http://www.allergyuk.org/what-is-food-allergy/what-is-food- allergy ALMEIDA S. S., NASCIMENTO P. C. B. D., QUAIOTI T. C. B. 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