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05 Atuação do Fonoaudiólogo

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ATUAÇÃO DO FONOAUDIÓLOGO 
 
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Atuação do Fonoaudiólogo 
Diferencial da Fonoaudiologia em UTI e/ou Hospitais Neonatais 
Trabalhos realizados em UTI e alojamentos: 
- Orientação sobre a importância da amamentação na nutrição, no desenvolvimento orofacial, 
emocional, fala e linguagem; 
- Orientação e posicionamento do bebê com fissura, síndromes e outras deformidades; 
- Perigos da alimentação artificial; 
- Orientar na posição da mãe e do bebê e a pega adequada no seio materno, como amamentar, 
quantidade, horário, posicionamento após mamada, planejamento familiar, como manter a lactação e 
extração do leite em mães com bebês internados em UTI; 
- Técnica do uso do copinho;, técnica da sonda de dedo; 
- Palestras informativas para mães sobre mitos e tabus na amamentação; 
- Palestras informativas para a equipe do hospital/UTI, sobre o efeito do ruído e estres nos bebês; 
- Triagem auditiva dos bebês na alta hospitalar e encaminhamento para o teste da orelhinha. 
- Favorecer a transição da sonda de alimentação gástrica para via oral em um período mais curto, 
com ganho de peso eficiente (estimulação sensório-motora-ora), Benefícios dessa estimulação: maior 
ganho de peso, controle dos estados de alerta, aceleração da manutenção do reflexo de sucção, 
aumento do trânsito gastrointestinal, alta hospitalar precoce e, consequentemente, diminuição do 
custo de internação. 
Fonoaudiologia Neonatal 
Estudos apontam que o RNPT apresenta características peculiares que precisam ser conhecidas 
pelos profissionais que atuam com uma categoria tão especial. O tônus apresenta-se rebaixado, que 
varia desde uma flacidez intensa com extensão até a presença de tônus elevado e flexão iniciada 
pelos membros inferiores. Ocorre uma hipotonia global originada pela imaturidade do Sistema 
Nervoso Central (SNC) e muscular. O RNPT é ainda um bebê genuinamente em extensão com pobre 
estabilidade de cintura escapular, tronco e mandíbula, esta última devido à ausência de almofadas de 
gordura nas bochechas. Apresenta dificuldade de vedamento de lábios, fato esse que geralmente 
está relacionado a frequente necessidade de ventilação mecânica por tubo endotraqueal. E 
finalmente, é um bebê neurologicamente imaturo e desorganizado que apresenta poucos sinais de 
sede e fome, ausência de alguns reflexos e grande susceptibilidade ao estresse. 
O aleitamento materno, antes considerado um ato natural e fisiológico, tornou-se nos dias atuais um 
dever de estado e direito do cidadão, haja vista que, consagrado pela constituição brasileira de 1988 
como "ato não só de amor e sim de cidadania", tal ação alcançou um movimento internacional para 
resgatar a "cultura da amamentação". Segundo TOMMA (1998) "para otimizar a saúde e a nutrição 
materno-infantil todas as mulheres devem estar capacitadas a praticar a amamentação exclusiva pelo 
menos até o 6 º mês de vida". 
A atuação fonoaudiológica em berçários normais, berçários de risco, e em Unidades de Terapia 
Intensiva (UTI) neonatais, corresponde a um importante e novo campo da Fonoaudiologia, em que a 
atuação está voltada para os recém-nascidos (RN) normais (RN de termo - RNT) e de risco (RN pré-
termo - RNPT, baixo peso - RNBP, pequenos para a idade gestacional - RNPIG, RN portadores de 
patologias específicas com comprometimento do sistema sensório-motor-oral - SSMO). 
Uma das possibilidades de atuação do fonoaudiólogo no período neonatal relaciona-se à alimentação 
dos RN normais e de risco, uma vez que, nos primeiros meses de vida, o RN obtém o alimento 
através da sucção. Essa atuação visa ao diagnóstico e ao tratamento precoce das alterações 
fonoaudiológicas, prevenindo, minimizando ou adaptando seus efeitos. 
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A alimentação é um pré-requisito para a sobrevivência do RN; visa ao suprimento das necessidades 
nutricionais e, consequentemente, ao crescimento e ao desenvolvimento adequados, pois a 
amamentação proporciona a interrelação estrutura/função, levando ao crescimento harmonioso da 
face, o bebê veda os lábios e respira pelo nariz. Além disso, tem papel na formação do vínculo mãe-
bebê. 
Para a obtenção de uma fala correta e eficiente, nossos órgãos fonoarticulatórios necessitam 
trabalhar e atuar de forma equilibrada; o papel da amamentação para esse equilíbrio miofuncional é 
fundamental. A prevenção dos distúrbios oro-mio-funcionais começa na amamentação. É neste 
momento que os órgãos fonoarticulatórios são altamente estimulados. 
O conhecimento do padrão de sucção dos recém-nascidos tem grande importância, uma vez que nos 
primeiros meses de vida essa função é responsável pela nutrição do recém-nascido e pelo 
desenvolvimento do sistema sensório-motor-oral. Para que a sucção ocorra de forma coordenada e 
harmônica, com ritmo, força e sustentação para realizar a extração e a condução do leite, é 
necessário, entre outros fatores: reflexo de procura e de sucção, vedamento labial, movimento 
adequado de língua e mandíbula, ritmo e coordenação sucção-deglutição-respiração. As dificuldades 
na sucção devem ser eliminadas ou minimizadas através de intervenção fonoaudiológica nos 
primeiros dias de vida, o que refletirá no sucesso do aleitamento materno e adequado 
desenvolvimento do sistema sensório-motor-oral. 
Nos RNPT, que ainda não recebem o alimento por via oral, essa intervenção inicia-se após a 
estabilidade clínica e normalmente ocorre através da estimulação da SNN. 
Para os RNs que já recebem o alimento por via oral, tal intervenção deve ser realizada nos primeiros 
dias de vida, que parecem ser críticos para a manutenção do aleitamento materno. Isso ocorre 
porque os RNs com diferenciações no padrão de sucção podem apresentar dificuldades ao sugar o 
seio materno, as quais, associadas às inseguranças maternas ("leite fraco", escasso, dor), acabam 
levando ao desmame, uma vez que as mães acham que muitas das dificuldades que o RN 
apresentava no aleitamento materno são, de certa forma, minimizadas com a mamadeira. Na 
mamadeira, as mães se certificam da quantidade de leite que o RN mamou (podem visualizar o 
volume sendo esvaziado) e acreditam que as dificuldades apresentadas pelo RN no seio materno 
deixam de existir. Na verdade, algumas das dificuldades que o RN apresentava no seio materno 
podem ser mascaradas na mamadeira, como, por exemplo, na mamadeira, mesmo em estado de 
sonolência, alguns RN conseguem mamar, já no seio materno é preciso adequar o estado de 
consciência do RN. Além disso, os RN mamam mais rapidamente na mamadeira do que no seio 
materno. 
Na mamadeira, o movimento realizado pela língua, lábios, mandíbula se difere do movimento 
realizado no seio materno, uma vez que a textura e a forma dos bicos são diferentes. Esse 
movimento se difere mais ainda quando o furo do bico da mamadeira é aumentado. Nesse caso, o 
RN precisa mover inadequadamente sua língua na tentativa de conter o fluxo de leite. Além disso, 
aumenta a chance de aspiração e das otites, já que ele não é capaz de deglutir todo o leite que se 
encontra na cavidade oral. Outra consequência é a instalação do hábito da sucção de chupeta ou 
dedo, pois esse RN, que praticamente não suga, não satisfaz sua necessidade de sugar e adquire 
tais hábitos. As consequências serão desastrosas para o crescimento das estruturas anatômicas da 
boca e para a articulação dos sons da fala. 
Devido à importância da função de sucção para os RN, é fundamental, para todos os profissionais 
que atuam com essa faixa etária, conhecer e compreender o mecanismo de sucção. Eles devem 
estar atentos para qualquer aspecto indicativo de alteração na alimentação relacionada à função de 
sucção, solicitando sempre uma avaliação fonoaudiológica. Dessa forma, a detecção e a intervenção 
precoces podem ser realizadas, propiciando o adequado desenvolvimento motor oral. 
Do pontode vista odontológico, entre os benefícios citados na literatura em favor do aleitamento 
materno exclusivo destacam-se os efeitos positivos sobre o desenvolvimento da cavidade bucal da 
criança, a redução da necessidade de intervenção ortodôntica, menor incidência com ronco e apneia, 
mordida cruzada, carie e infecções de vias aéreas. Estudos mais recentes demonstram que as 
mamadeiras, chupetas assim como outros bicos artificiais podem ser nocivos por transmitirem 
infecções, por reduzirem o tempo gasto sugando no peito, interferir na amamentação sob livre 
demanda e, possivelmente alterar a dinâmica oral. 
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Fonoaudiológico na Amamentação 
A importância do aleitamento materno tem sido abordada principalmente no que diz respeito ao 
desenvolvimento da criança nos aspectos nutricionais, imunológicos e psicossociais. Frequentemente 
esta divulgação é realizada por pediatras, obstetras, enfermeiras, psicólogos e até mesmo por órgãos 
mundiais ligados à saúde como a UNICEF e a Organização Mundial da Saúde. 
O fonoaudiólogo, por sua vez, também vem atuando nos hospitais, creches e postos de saúde, 
enfatizando a importância do aleitamento materno no crescimento/desenvolvimento crânio-facial à 
nível ósseo, muscular e funcional e inclusive no início do desenvolvimento da linguagem. Uma das 
razões desta inserção de trabalho é a grande demanda, que chega aos consultórios e postos de 
saúde, constituída de crianças com uma desorganização miofuncional dos órgãos fono-articulatórios. 
O que significa essa desordem miofuncional? É uma inadequação e/ou incoordenação dos músculos 
envolvidos nas funções neurovegetativas (sucção, deglutição, mastigação e respiração). Essa 
desordem pode acarretar também alterações na produção da fala (fala com a língua projetada entre 
os dentes o que provoca um certo sibilo, comumente chamado de ceceio; fala com sibilo lateral e 
outros distúrbios articulatórios). 
As causas dessa desorganização podem ser de origem genéticas e ou hereditárias (má-formações, 
sín-dromes, má-oclusões esqueletais), ambientais (poluição, alergias resultantes na respiração bucal) 
e hábitos viciosos (sugar o dedo, chupeta, interposição de lábio e língua) e hábitos alimentares 
(predominânciade alimentos pastosos). 
Muitos pais e outros profissionais de áreas afins têm questionado o crescimento da demanda 
fonoaudiológica e ortodôntica. Muitos dizem: "Parece que há alguns anos atrás não havia tantos 
problemas nessas áreas". Na realidade, observa-se efetivamente um aumento desse tipo de procura, 
sendo as razões as mais diversas. Um fator fundamental é a poluição que acarreta uma série de 
problemas respiratórios, fazendo com que o indivíduo seja um respirador bucal, o que pode contribuir 
para alterações significativas. 
No seu desenvolvimento em geral e particularmente crânio facial. Há também uma maior 
preocupação com a estética, sendo que antes não se atentava muito a um apinhamento dentário ou a 
um ceceio na fala mesmo do adulto. Além disso, o incremento da participação da mulher no mercado 
de trabalho, reduz ou dificulta a possibilidade de amamentar o seu bebê adequadamente, levando-a a 
introduzir a mamadeira precocemente. 
O fonoaudiólogo, atento a estas questões e devido à sua formação teórico-prática na área da 
linguagem e dos órgãos fono-articulatórios, tem se voltado também para um trabalho junto a 
pediatras, ortodontistas e escolas no que se refere à importância das fases e hábitos alimentares da 
criança, principalmente nos dois primeiros anos de vida para a estimulação dos órgãos fono-
articulatórios. 
Assim que o bebê nasce, sua mandíbula apresenta-se retraída em relação à maxila superior, a sua 
língua é volumosa face ao tamanho da cavidade bucal e postura-se no assoalho da boca. A sucção 
tem um papel muito importante no desenvolvimento ósseo-muscular e, portanto, no equilíbrio do 
posicionamento das arcadas e da língua. Ao colocar o recém-nascido no seio materno, ele abocanha 
tanto o bico quanto a auréola, comprimindo com a sua língua o seio no palato duro promovendo, 
então, a extração do leite. A sucção começa a estimular a mandíbula para frente e para trás, para 
cima e para baixo, alíngua faz um movimento ântero posterior e ocorre uma contração nos lábios. 
Desde cedo, o bebê já faz um árduo trabalho, fazendo com que chegue a suar, pois, a sucção natural 
exige muito esforço. 
No decorrer dos meses, (aproximadamente 3 meses) o bebê passa a ter mais prática nessa 
movimentação, diminuindo o reflexo de sucção e passando para uma função voluntária, preparando 
assim sua musculatura para um outro padrão de sucção, mais automatizado, que ocorrerá em torno 
dos 6 a 7 meses. Isto é, um padrão de sucção mais organizado, já com um início de dissociação da 
língua, mandíbula e lábios, ou seja, estes órgãos deixam de funcionar como um bloco único, sendo 
que a mandíbula passa a crescer para baixo e para frente. É também a partir dos 7 meses aprox-
imadamente que o reflexo de deglutição começa a ser mais voluntário e inicia-se a mastigação. 
Com a erupção dos primeiros dentes o bebê já pode receber alimentos com consistência mais 
pastosa (dependendo da conduta de cada pediatra). Nesta fase já está se preparando para uma outra 
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etapa alimentar, o início da mastigação, na qual o bebê fará a transferência do alimento de um lado 
para outro, começando, assim, a lateralização da língua e o movimento vertical da mandíbula, 
elementos fundamentais para ocorrer a mastigação. Pode-se, então, introduzir a colher, já que os 
lábios também apresentam uma ação amadurecida que permite ao bebê protruir os lábios quando o 
alimento é introduzido na boca e fechá-los para remover o alimento quando a colher é retirada, 
promovendo uma retração do lábio inferior em relação ao lábio superior. 
A postura do bebê, tanto no aleitamento natural como no artificial, deve ser confortável para mãe e 
bebê, porém, é importante frisar que a criança deve ficar com a cabeça ligeiramente mais levada para 
evitar que o leite escorra para a tuba auditiva (ourifício de ligação entre a boca e o ouvido médio), 
causando otites frequentes, o que pode prejudicar o desenvolvimento da percepção auditiva e, conse-
quentemente, da linguagem. 
No que diz respeito à amamentação artificial (mamadeiras), alguns aspectos devem ser observados. 
O primeiro deles é o fato de que, na amamentação natural, a criança teria maiores condições de 
satisfazer suas necessidades sensório-motoras globais e, particularmente, sua necessidade oral, 
porque através da sucção do peito, exercita por mais tempo e de forma mais adequada seus órgãos 
fono-articulatórios. Já na amamentação artificial, esse processo tende a ocorrer de forma muito mais 
rápida e passiva. 
Além disso, o aleitamento materno favorece também suas necessidades afetivas, porque permanece 
mais tempo com a mãe num contato muito íntimo, através do qual a mãe acaricia e fala com o bebê, 
estimulando, dessa forma o desenvolvimento da linguagem. 
A introdução de alimentos sólidos requer muita paciência dos pais porque, em geral, no início, os 
bebês engasgam, cospem, viram o rosto, fazem cara feia. Muitas mães preocupam-se porque 
pensam que a criança está rejeitando o alimento, mas a criança está adaptando-se às novas texturas 
e sabores, diferentes dos habituais, além do contato com um novo elemento: a colher. 
Outro ponto importante de adaptação é a deglutição dessas novas texturas. Por volta dos três anos a 
deglutição já apresenta características mais próximas do adulto, porém, o seu amadurecimento só 
ocorrerá após a erupção da dentição permanente. 
Durante esse período inicial, a mãe não deve preocupar-se com a quantidade de comida ingerida, 
sendo que o mais importante é que seja introduzido um tipo de alimento de cadavez para que o bebê 
se acostume aos poucos, já que são muitas novidades ao mesmo tempo: a introdução da colher, das 
texturas e sabores dos alimentos, da mastigação e da deglutição. Esses alimentos devem ser macios 
para que as crianças possam amolecê-los e engoli-los. 
A partir do primeiro ano o bebê já está apto a receber alimentos sólidos e de acordo com a 
possibilidade mastigatória da criança, deve-se evitar moer ou picar em pedaços muito pequenos, para 
que o bebê desenvolva bem esta função. As papinhas também podem ser oferecidas, porém, sem 
muita frequência e tampouco como única opção alimentar. O padrão de mastigação adulta ocorrerá 
por volta dos três anos. 
É comum as crianças colocarem as mãos na comida e em alguns momentos, os pais mostram-se 
irritados pelo fato do bebê lambuzar-se, sujar tudo e todos à sua volta, mas isso faz parte do seu 
processo de exploração e conhecimento. 
Finalmente, ainda é importante observar que a alimentação não deve se transformar em objeto de 
chantagem e angústias. Os pais devem fazer com que as refeições, além de proporcionarem uma 
maior interação com os filhos, sejam oportunidades da criança vivenciar e explorar o alimento. 
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