Buscar

3_Acao_Possessoria_2

Prévia do material em texto

PROCEDIMENTOS 
ESPECIAIS
1
As ações possessórias no Novo CPC
Inicialmente, cumpre salientar que o ordenamento 
jurídico prevê três ações distintas que tem o condão de 
proteger o legítimo possuidor e a sua posse:
A ação de reintegração de posse (esbulho);
A ação de manutenção de posse (turbação);
O interdito proibitório (ameaça de esbulho ou turbação).
2
A ação de reintegração de posse é o remédio 
processual cabível quando o possuidor é despojado do bem 
possuído, prática esta denominada esbulho.
A ação de manutenção na posse visa proteger o 
possuidor que tem o seu exercício da posse dificultado por 
atos materiais do ofensor denominados de atos de 
turbação. Neste caso, o possuidor não perde a disposição 
física sobre o bem. Trata-se, portanto, de uma ofensa de 
menor intensidade em relação ao esbulho.
A terceira e última ação possessória é chamada de 
interdito proibitório, e é cabível quando o legítimo possuidor 
do bem sofrer uma ameaça de turbação ou de esbulho. Ou 
seja, embora tais atos – de turbação ou esbulho - não 
tenham sido praticados, o ofensor se encontra na iminência 
de levá-los a efeitos.
3
Cumpre salientar que o novo CPC praticamente não altera 
as regras hoje existentes acerca das ações possessórias, mas 
acrescenta alguns dispositivos regulamentando, em especial, a 
legitimidade coletiva e a possibilidade de mediação em 
conflitos derivados da posse de bens.
Umas das inovações trazidas se encontra prevista nos 
parágrafos do artigo 554. Conforme o novo dispositivo:
(...) no caso de ação possessória em que figure no polo 
passivo grande número de pessoas, será feita a citação 
pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e 
a citação por edital dos demais; será ainda determinada 
a intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas 
em situação de hipossuficiência econômica, da 
Defensoria Pública.
4
Neste caso, o oficial de justiça procurará os ocupantes no local por uma vez e 
os que não forem identificados serão citados por edital.
Ainda, o juiz dará ampla publicidade acerca da existência da ação e dos 
respectivos prazos processuais, podendo se valer de anúncios em jornais ou rádios 
locais, publicação de cartazes na região dos conflitos e de outros meios.
Ademais, de acordo com o art. 555 (com modificações que serão 
destacadas):
Art. 555. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:
I - condenação em perdas e danos;
II - indenização dos frutos.
Parágrafo único. Pode o autor requerer, ainda, imposição de medida 
necessária e adequada para:
I - evitar nova turbação ou esbulho;
II - cumprir-se a tutela provisória ou final.
5
Todavia, conforme já informado, poucas foram as alterações 
sofridas pelas ações possessórias, sendo que alguns dos artigos 
apenas reproduzem o que hoje já é previsto.
Exemplo disto é o art. 556, que manteve o disposto no atual art. 
922, traduzindo a natureza dúplice das ações possessórias. Segundo 
tal artigo, é lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o 
ofendido em sua posse, demandar a proteção possessória e a 
indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho 
cometido pelo autor.
Já o artigo 557 reforça a diferenciação entre as ações 
possessórias, em que se discute exclusivamente a posse, e as ações 
petitórias, que tem como único fundamento a propriedade.
Segundo o caput do referido artigo, na pendência de ação 
possessória, é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação 
de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida 
em face de terceira pessoa.
6
O novo CPC também manteve inalterada a dinâmica 
existente entre as ações ajuizadas dentro do prazo de um ano 
e um dia da data do esbulho e turbação, ações estas 
chamadas de força nova.
As ações ajuizadas dentro de um ano e um dia, continuarão 
seguindo o procedimento especial, que se encontra previsto 
na Seção II do Capítulo dedicado às possessórias.
Já as ações ajuizadas após um ano e um dia da data do 
esbulho ou turbação, ações estas de força velha, seguirão o 
procedimento ordinário, sem, contudo, perder o seu caráter 
possessório.
7
No que diz respeito ao art. 559, o mesmo melhorou a redação 
do atual artigo 925 ao determinar que, deferida a liminar de 
reintegração ou de manutenção na posse, e demonstrando pelo 
réu que o autor carece de idoneidade financeira para, no caso 
de sucumbência - caso a demanda seja julgada improcedente –
responder por perdas e danos, deverá o réu prestar caução, real 
ou fidejussória, sob pena de ser depositada a coisa litigiosa, 
ressalvada a impossibilidade da parte economicamente 
hipossuficiente.
Frisa-se que os artigos 560 a 564 repetem a sistemática 
atualmente prevista, conferindo poderes ao juiz para deferir, sem 
ouvir o réu, a liminar pleiteada ou, caso entenda necessário, 
designar audiência de justificação para que autor justifique suas 
alegações, devendo o réu ser citado para comparecer a esta 
audiência.
8
Salienta-se que tal regra não é aplicável às ações movidas 
em desfavor das pessoas jurídicas de direito público, sendo 
imperativa a prévia oitiva dos respectivos representantes 
judiciais.
Contudo, a maior inovação trazida pelo Novo Código de 
Processo Civil está prevista no artigo 565, artigo este que 
dispõe acerca de litígios coletivos pela posse de imóvel.
Segundo o artigo em epígrafe, nos litígios coletivos em que 
o esbulho ou turbação tenha ocorrido há mais de ano e um 
dia, o juiz, antes de apreciar o pedido de concessão de 
medida liminar, deverá designar audiência de mediação, a 
realizar-se em até 30 dias.
9
Já o § 1o preceitua que caso concedida a liminar, se essa 
não for executada no prazo de 1 (um) ano, a contar da data 
de distribuição, caberá ao juiz designar audiência de 
mediação, seguindo o disposto nos parágrafos seguintes.
Ou seja, a realização de audiência de mediação passa a 
ser um ato obrigatório quando se tratar de litígio coletivo pela 
posse.
Ainda, nestes casos, o Ministério Público será intimado para 
comparecer à audiência de mediação, e a Defensoria 
Pública será também intimada sempre que houver parte 
beneficiária da gratuidade da justiça.
10
Há ainda a previsão expressa da realização de inspeção 
pelo juiz, que poderá comparecer à área do objeto de litígio 
quando sua presença se fizer necessária à efetivação da 
tutela jurisdicional.
Por fim, o § 4º do referido artigo inova ao prever que 
órgãos responsáveis pela política agrária e política urbana da 
União, Estados, Distrito Federal e Municípios onde se situe a 
área objeto do litígio poderão ser intimados para a 
audiência, a fim de se manifestarem sobre seu interesse na 
causa e a existência de possibilidade de solução do conflito 
possessório.
11
FIM
12

Continue navegando