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Amputações Professora Mestre Luciana Oliveira dos Santos Maceió, 2019 Definição • Amputação é uma palavra derivada do latim – ambi = ao redor de / em volta de – putatio = podar / retirar. Definição • Retirada, geralmente cirúrgica, de todo ou parte de um membro. • Para alguns pacientes o termo “amputação” está relacionado com o terror, derrota e mutilação, trazendo, de forma implícita, uma analogia com a incapacidade e a dependência. Causas de amputação • Vascular • Neuropática • Traumática • Tumoral • Infecciosa • Iatrogênicas • Incidência no Brasil – 13,9 em 100.000 habitantes/ano Bernardi, Vilagra, 2010 Etiologia das Amputações • Doenças vasculares periféricas – Pacientes com uma faixa etária mais avançada – Mais suscetíveis a doenças degenerativas – Doenças arteriais (que são as mais comuns), venosas ou linfáticas. Etiologia das Amputações • Neuropatia periférica – Alterações motoras e sensoriais que levam a altos índices de amputações – Diminuição ou perda de sensibilidade vibratória, térmica, tátil e dolorosa aumentando os riscos de ulceração nos pés diabéticos Etiologia das Amputações • Traumáticas – Pacientes adolescentes e adultos jovens, os quais estão mais expostos aos acidentes de trabalho e acidentes por meios de transporte, frutos da tecnologia moderna. – Amputações ocasionadas por armas de fogo, queimaduras graves e descarga elétrica. – Com o advento de técnicas cirúrgicas e a utilização de fixadores externos, o índice de amputações por lesões traumáticas tem diminuído razoavelmente. Etiologia das Amputações • Tumorais – Crianças e adolescentes, também têm diminuído consideravelmente, graças aos bons resultados obtidos com o diagnóstico precoce, a radioterapia, a quimioterapia. Etiologia das Amputações • Infecciosas – Menos frequentes em virtude dos grandes avanços laboratoriais e do desenvolvimento dos medicamentos mais específicos. – A meningite meningocócica é uma amputação infecciosa clássica, caracterizada por lesões cutâneas importantes que podem causar necroses das extremidades. As infecções também podem estar relacionadas a processos traumáticos e infecciosos. Etiologia das Amputações • Iatrogênicas – Complicações adquiridas pelo paciente durante o curso do tratamento – Portadores de anomalia congênita que apresentam deformidades importantes, as quais podem impossibilitar a protetização – Agenesias da tíbia Aspectos cirúrgicos • Nível subordinado à causa – Remover a parte necessária – As vezes, não é possível modificá-lo • Nível ótimo – Atende a necessidade da causa de amputação – Local favorável para colocação de prótese funcional • Alavancas eficientes para a função Níveis de Amputação • Membro residual Coto • Controle da prótese - Ortostatismo e Deambulação – Nível adequado – Coto estável – Presença de um bom coxim – Bom estado da pele – Ausência de neuromas terminais – Espículas ósseas – Boa circulação arterial e venosa – Boa cicatrização – Ausência de edema importante Níveis de amputação Hemipelvectomia Desarticulação do quadril Transfemoral curta Transfemoral longa Desarticulação do joelho Transtibial curta Transtibial longa Níveis de Amputação • Desarticulação interfa-langiana • Desarticulação metatarsofalangiana • Amputação transmetatarsiana • Desarticulação de Lisfranc • Amputação naviculocuneiforme- transcubóide • Desarticulação de Chopart • Desarticulação de Syme • Amputação de Pirogoff, • Amputação de Boyd • Amputação transtibial • Desarticulação de joelho • Amputação transfemoral • Desarticulação de quadril • Desarticulação sacrilíaca Amputação de Chopart Desarticulação entre ossos navicular e cu-bóide com o tálus e o calcâneo Predomínio dos músculos flexores plantares inseridos na tuberosidade posterior do calcâneo sobre a musculatura dorsoflexora Amputação não funcional Descarga de peso dolorosa Amputação do Retropé Amputação de Syme • Etiologia – Patologias vasculares – Processos traumáticos – Anomalias congênitas – Deformidades adquiridas – Amputações de Lisfranc ou Chopart não são possíveis Amputação de Syme Desarticulação tibiotársica e secção óssea abaixo dos maléolos lateral e medial, conservando a sindesmose tibiofibular . Amputação de Syme • Vantagens: – Permite descarga distal sobre coto – Espaço entre coto e solo permite protetização com pé mecânico – Marcha precoce (sem protetização) porém claudicante Amputação de Syme • Nível bastante indicado: – Procedimento tecnicamente fácil – Coto longo, durável e com possibilidade de descarga distal – Reabilitação e protetização precoce Amputação de Syme Amputação de Syme Amputação de Pirogoff • Similar a Syme • Secção vertical do calcâneo eliminando sua parte anterior • Artrodese entre tíbia e calcâneo Amputação de Pirogoff • Utilização de osteossíntese faz-se necessária para tal fixação. • Espaço menor entre o coto e o solo, quando comparado com a de Syme. • As indicações cirúrgicas, os locais de sutura, os procedimentos com tendões e nervos e a descarga de peso são realizados conforme amputação de Syme. Amputação de Boyd • Similar a Pirogoff (artrodese do calcâneo seccionado com superfície tibiofibular) • Osteotomia horizontal do calcâneo e fixação com tíbia e fíbula com deslocamento anterior • Indicada a descarga de peso sobre o coto. Amputação transtibial • Secção da tíbia • 3 níveis: proximal, média e distal • Joelho preservado = importância funcional na reabilitação e deambulação Amputação transtibial • Etiologias: – Vascular (idosos) – Traumas (jovens) – Infecções – Tumores – Anomalias congênitas Amputação transtibial Descarga de peso Tendão patelar Tecidos moles nas faces lateral, medial e posterior do coto Amputação transtibial Impossibilidade de descarga de peso no tendão patelar e faces do joelho Descarga de peso em musculatura da coxa Tuberosidade isquiática Amputação transtibial Descarga de peso distal CONTRA-INDICADA Amputação transtibial Tendência a deformidade em FLEXÃO DO JOELHO. Amputação transtibial • Procedimento cirúrgico – Secção óssea em face anterior da tíbia de 15 (Evitar compressão e lesão dos tecidos) – Fíbula seccionada de 1 à 1,5 cm acima da tíbia – Tratamento ósseo (arestas e saliências) Amputação transtibial • Procedimento cirúrgico – Musculatura posterior é rebatida anteriormente (Formação do coxim) – Mioplastia e miodese (Melhoram o controle do coto, propriocepção, circulação local e diminui dor fantasma) Amputação transtibial • Neurectomia • Suturas anteriores (evitar aderências e retrações) Amputação TRANSTIBIAL DISTAL Coto longo Grande braço de alavanca Bom controle sobre a prótese Amputação transtibial Amputação TRANSTIBIAL DISTAL Região distal não apresenta bom suprimento sanguíneo Tecidos subcutâneos e musculares resultam em coxim escasso ESCORIAÇÕES E ÚLCERAS Amputação transtibialAmputação TRANSTIBIAL MEDIAL (Transição musculotendínea do tríceps sural) Bom suprimento sanguíneo Bom coxim terminal Bom comprimento de coto (NÍVEL IDEAL) Amputação transtibial Amputação transtibial Amputação TRANSTIBIAL PROXIMAL Nível mais proximal aceito (abaixo da tuberosidade anterior da tíbia) Preservar do tendão do quadríceps (extensão do joelho) Amputação transtibial Amputação TRANSTIBIAL PROXIMAL (Cotos muito curtos) Ressecção da fíbula (Melhorar forma do coto) Amputação transtibial Amputação transtibial Osteomioplastia (ponte óssea) Fusão entre tíbia e fíbula Pacientes jovens Casos traumáticos Permite descarga parcial distal Melhora propriocepção Amputação transtibial Amputação transtibial • Vantagens em relação à amputações mais altas: – Preservação da articulação do joelho – Menor gasto energético durante a marcha – Facilidade para colocação e remoção da prótese – Marcha mais fisiológica • - Amputação no nível de desarticulação de joelho: tem inúmeras vantagens diante da am-putação transfemural. Nela preconiza-se a preservação da patela. A cicatrização localiza-se ge-ralmente na região póstero-inferior do coto. Para esse nível, é indicada a descarga distal, propor-cionando maior propriocepção ao paciente amputado. Em virtude do comprimento total do fê-mur, o paciente amputado desarticulado de joelho apresenta uma boa alavanca de movimento, resultando em grande controle sobre a prótese. Por não apresentar desequilíbrios musculares, não observa-se deformidades importantes, porém alguns pacientes apresentam um leve grau de de-formidade em flexão de quadril causado por posturas inadequadas. Para os pacientes com ampu-tações bilaterais, teria-se como vantagens: bom equilíbrio na posição sentada, facilidade nas transferências, possibilidade de marcha sem próteses, evita-se contraturas em flexo de joelho (encontradas em cadeirantes transtibiais). As vantagens dos desarticulados de joelho quando comparados aos transfemurais são: maior braço de alavanca, maior força muscular, possibilidade de descarga distal, bom controle rotacional sobre as próteses, melhor suspensão protética, facili-dade para colocação/remoção da prótese, menor gasto energético durante a deambulação. Desarticulação do joelho • Foi evitada por muito tempo e substituída pela amputação transfemoral pela dificuldade estética e de protetização • Verificou-se inúmeras vantagens. Desarticulação do joelho • Preconiza-se a preservação da patela • Cicatriz na região póstero-inferior do coto • Indicada descarga distal (propriocepção) • Não há desequilíbrios musculares (não há deformidades importantes – leve flexão do quadril) Desarticulação do joelho • Amputações bilaterais • Bom equilíbrio na posição sentada • Facilidade nas transferências • Possibilidade de marcha sem prótese Desarticulação do joelho • Vantagens em relação amputação transfermoral – Maior braço de alavanca – Maior força muscular – Possibilidade de descarga distal Desarticulação do joelho • Bom controle rotacional sobre as próteses • Melhor suspensão protética • Facilidade para colocação e remoção da prótese • Menor gasto energético durante a marcha Amputação transfemoral • Secção do fêmur • 3 níveis: Proximal, medial e distal • Etiologias: – Vascular – Trauma – Infecção – Tumor – Anomalias congênitas Amputação transfemoral • Cicatriz na região distal ou póstero-inferior do coto • Deformidade: flexão e abdução do quadril (mais evidente quanto mais proximal) Amputação transfemoral Deformidade em abdução do quadril Adutores seccionados (redução de músculos, atrofia, fixação inadequada) Glúteo médio íntegro Amputação transfemoral Deformidade em flexão de quadril Encurtamento do iliopsoas Postura sentada Amputação transfemoral Descarga de peso distal CONTRA-INDICADA Amputação transfemoral Descarga de peso Apoio isquiático Paredes laterais do coto Amputação transfemoral Nível proximal aceito (8 cm abaixo do trocânter menor) Preservar inserção do músculo iliopsoas Cotos distais (alavanca maior e maior controle sobre a prótese) Amputação transfemoral • A inserção inadequada do adutor magno compromete 70% da força adutora • Miodese com tensão em adutores • Amputados transfemorais gasto energético 65% maior que não-amputados Desarticulação do quadril • Retirada de todo membro inferior • Indicações: – Traumas complexos – Neoplasias • Não apresenta coto ósseo Desarticulação do quadril • Cobertura realizada com glúteo máximo • Cicatriz anterior • Descarga de peso na tuberosidade isquiática Objetivos - Fase pré-protetização • Acolher o paciente de forma humanizada. • Desenvolver habilidades e realizar atividades sem a prótese. • Conseguir um bom equilíbrio muscular. • Treinar transferências e equilíbrio ortostático. • Treinar e proporcionar marcha com auxiliares e locomoção em CR para melhorar suas AVDs. Objetivos - Fase pré-protetização • Recuperar a função muscular prévia. • Impedir e eliminar contraturas prevenindo deformidades secundárias. • Diminuir e eliminar estados dolorosos. • Modelar e maturar o coto. Objetivos - Fase pós-protetização • Orientar quanto aos cuidados do coto de amputação com relação a prótese para prevenir ulcerações. • Orientar a colocação da prótese adequadamente. Objetivos - Fase pós-protetização • Treinar a marcha, equilíbrio e adaptação à prótese. • Corrigir postura e alinhamento da prótese durante a marcha. • Acompanhar os ajustes técnicos da prótese. Indicações • Primeira fase – Indicada para todas as etiologias • Segunda fase – alcançam independência em dispositivos auxiliares de locomoção com bom equilíbrio e apresentarem boas condições clínicas para deambularem com certo grau de esforço com a prótese Fisioterapia • Dados pessoais • Anamnese – Deve-se descrever as patologias pregressas e atuais, bem como a história da amputação. – Na história da moléstia pregressa – Detectar patologias que poderão interferir no processo de reabilitação (HA, DPOC, diabetes e medicamentos utilizados Exame físico • Apresentação do paciente: – Cadeiras de rodas, utilizando muletas, bengalas e andador, saltitando, marcha com prótese, marcha sem prótese – Como o paciente executa as transferências e condições de higiene. Exame físico • Membros superiores – Presença de deformidades, ADM e força muscular. • Membro inferior não-amputado – condições da pele, temperatura, coloração, presença ou não de lesões, se há deformidades por fraturas, contraturas, paresias ou plegias. – Palpar os pulsos arteriais femoral e poplíteo. – ADM, força muscular, sensibilidade e equilíbrio. Exame físico • Membro inferior amputado – Avaliar as condições de pele, presença ou não de lesões abertas, lesões dermatológicas, local de cicatrização e presença de edema • Edema – Presente na maioria dos pacientes que nunca foram protetizados – íveis transtibiais,transfemorais e desarticulados de joelho. – Previne-se o edema com enfaixamento imediatamente após a amputação até a protetização Exame físico • Coxim terminal – Coto levemente cônico – Mais fino na ponta – Cicatriz terminal – Ausência de massa muscular muito volumosa (solta ou apresentar áreas de flacidez) • Presença de deformidades – Evitar o aparecimento de alterações tróficas e músculoesqueléticas (úlceras, contraturas, deformidades) Exame físico • Membro fantasma – Sensação não dolorosa do membro amputado – Sensações de pressão, formigamento, dormência, sendo estas encontradas principalmente na região distal do membro. • Dor fantasma – Sensação dolorosa também concentrada na região distal do membro – Sensações como disparos dolorosos, apertos, câimbras e queimações. Exame físico • Amplitude de movimento – Prevenção de contraturas e deformidades • Força muscular – Identificar os grupos mais debilitados – Maior estabilidade e funcionalidade ao coto – Facilitar o equilíbrio e controle da prótese Reabilitação pós-amputação • Cicatrização – edema, neuromas, dores fantasmas, deformidades • Prevenção de deformidades – Contraturas e deformidades – Realizar exercícios isométricos e isotônicos ativos Cicatrização • Aderências ou retrações – Utilizar recursos como a massoterapia, eletroterapia e hidroterapia – O ultrassom tem sido bastante indicado para o tratamento das aderências cicatriciais pelo seu efeito de melhora da extensibilidade do colágeno em cicatrizes. Neuromas • Utilizar técnicas de dessensibilização – objetos de diferentes texturas Edema • Presente na maioria dos pacientes amputados que ainda não foram protetizados, impossibilitando a confecção de um encaixe adequado para a protetização. Enfaixamento compressivo • Edema • Previne estase venosa • Auxilia na modelagem do coto • Protege a pele de traumas • diminui o desconforto causado pelos neuromas e membro fantasma • Deve ser utilizado 24 horas por dia • Retirando somente para o banho e inspeção do coto • Dia da protetização Enfaixamento compressivo • Realizadas sempre com bandagem elástica e nunca com faixa crepe • Realizados em oito, de distal para proximal com maior pressão distal, as paredes laterais do coto devem estar regulares, não deve haver tecido descoberto e não deve causar desconforto para o paciente. Dores e sensações fantasmas • Enfaixamento compressivo • Eletroterapia (ultrasom e TENS) Deformidades e contraturas • Desequilíbrio muscular • Falta de orientação postural no pós operatório. • Amputações transtibiais – Flexão de joelho – Apoiar em uma cadeira permanecendo dessa forma em extensão – Quando deitado coto em extensão – Evitar travesseiros ou rolos embaixo do joelho Deformidades e contraturas • Amputações transfemorais – Flexão e abdução de quadril – Paciente estiver em pé Coto alinhado ao lado do corpo em adução – Evitar travesseiro entra as pernas ou embaixo do coto Cinesioterapia • Todas as articulações e grupos musculares devem ser trabalhados: tronco, membros superiores, membro inferior amputado e não amputado. Cinesioterapia • Membros superiores – Transferências – Uso de auxiliares da marcha • Os exercícios para o tronco – Controle – Tranferências – Dissociação de cintura escapular • O membro inferior não amputado – ADM, força muscular e equilíbrio Reabilitação pós protetização • Movimentos corretos • Orientação sobre a postura • Avaliação da prótese • Colocação e retirada da prótese • Transferências de sentado para de pé • Equilíbrio • Transferência de peso • Dissociação de cinturas • Fases isoladas da marcha • Treino da marcha em rampas, escadas e terrenos irregulares Incidência e Etiologia • As amputações de membros superiores são menos comum que as de membros inferiores. • Traumática - 75% – Homens 15 e 45 anos de idade. • Em crianças, os tumores são os responsáveis pelo maior número de amputações tanto em membro superior quanto inferior. Introdução • Apesar do grande avanço tecnológico, a mão artificial nunca poderá substituir por completo a mão humana. – Igual instrumento – Ferramenta auxiliar – Não membro substituto • Mão protética: – funções sensitivas não substituídos – Preensão 1º, 2º e 3º dedos Paciente amputado • Expectativa: - Prótese - Retorno ao trabalho • AVD’s – Nível sócio econômico – Tempo de amputação/ idade Protetização para o membro superior • Função cosmética vida economicamente ativa • + distal a amputação mais funcional a prótese – Abaixo do cotovelo melhor prognóstico • Com ou sem prótese deve-se incentivar – Exercícios de tronco e cinturas Níveis de amputação Desarticulação escapulo-torácica Desarticulação do ombro Amputação transumeral Desarticulação do cotovelo Amputação transradial Desarticulação do punho Ressecção transmetacarpiana Amputação interfalangeana
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