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PONTÍFICA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Programa de Pós-Graduação em Gestão Fiscal e Tributária Sistema Tributário Nacional - II Extinção e Exclusão do Crédito Tributário: consignação em pagamento, remissão, transação, anistia e isenção. Professor: Renato Braga Contagem 2019 PONTÍFICA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Programa de Pós-Graduação em Gestão Fiscal e Tributária Sistema Tributário Nacional - II Priscilla Diniz Medina Fontana Wamilton Teixeira da Silva Contagem 2019 INTRODUÇÃO O presente trabalho tem por objetivo apreciar as questões inerentes à pontuais causas de extinção e às causas de exclusão do crédito tributário. Para tanto, iniciaremos pela simplória explicação da constituição do crédito tributário, abordando suas características peculiares. Discorreremos sobre extinção e exclusão do crédito tributário. Na sequência, conceituaremos pontuais causas de extinção do crédito tributário: consignação em pagamento, remissão e transação. E por fim, transcorreremos acerca de anistia e isenção, formas que levam à exclusão do crédito tributário. CRÉDITO TRIBUTÁRIO A lei prevê as hipóteses de incidências. Para que nasça a obrigação tributária, é preciso que o sujeito passivo (contribuinte/responsável) pratique o fato gerador, ou seja, haverá a subsunção do fato à norma. O Art. 139 do CTN estabelece que: “O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta”. O crédito tributário se materializa num procedimento administrativo, denominado lançamento e torna-se líquido, certo e exigível. É o vínculo jurídico, entre o sujeito ativo (credor) e o sujeito passivo (devedor). Uma vez constituído o crédito tributário, só pode ser extinto, suspenso ou excluído, nos casos previstos no CTN. Apreciaremos a seguir as hipóteses de exclusão e pontuais casos de extinção do crédito tributário. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO A extinção da exigência do crédito tributário é estabelecida por lei e aplica-se somente à obrigação tributária principal. Conforme o Art. 156 do CTN, as hipóteses de extinção do crédito tributário são: pagamento; compensação; transação; remissão, prescrição e decadência; conversão do depósito em renda; pagamento antecipado e a homologação do lançamento; consignação em pagamento; decisão administrativa irreformável; decisão passada em julgado; e, dação em pagamento em bens imóveis. Apesar das inúmeras causas, no presente trabalho iremos transcorrer sobre: consignação em pagamento, transação e remissão. Consignação em Pagamento O CTN, em seu Art. 164, apresenta três hipóteses para a autorização da consignação em pagamento, quais sejam: a recusa do recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de outro tributo ou de penalidade, ou ao cumprimento da obrigação acessória; subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências administrativas sem fundamentação legal; e, exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador (bitributação). Pagar uma dívida tributária não é somente um dever, mas um direito do sujeito passivo. Por essa razão, diante da recusa do credor em receber o débito, o devedor pode se valer da ação de consignação em pagamento. Na definição da doutrina: “É a forma de extinção do crédito tributário efetuada pelo devedor em juízo, dada a recusa por parte do credor em recebê-lo.” (BASTOS, 1995, p.221). Ressaltamos que há uma diferença entre este tipo de ação e o depósito integral do crédito tributário (causa de suspensão do crédito tributário), pois a primeira será realizada no valor que o contribuinte entende ser o correto, já o segundo, deverá ser realizado no valor exato que o fisco está exigindo, e, por isso, é considerada como causa de extinção do crédito tributário. Transação A transação é um acordo entre os sujeitos da obrigação tributária, onde haverá concessões de ambas as partes. Dependerá de previsão legal e não pode ter o objetivo de evitar a ação judicial, pois a resolução conjunta depende do litígio. Dispõe o Art. 171 do CTN que a lei pode facultar, nas condições que estabeleça aos sujeitos ativo e passivo da obrigação tributária promover transação que, mediante concessões mútuas, importe em determinação de litígio e consequente extinção do crédito tributário. Somente se admite a transação terminativa, ou seja, de um fato já ocorrido. Remissão A remissão é o perdão de certo crédito tributário dado pelo sujeito ativo ao sujeito passivo de uma obrigação. O credor dispensa graciosamente o devedor de pagar a dívida. Esta poderá ser de caráter individual ou geral. A primeira deverá estar prevista em lei e dependerá de despacho da autoridade competente, onde o beneficiário deverá demonstrar o preenchimento dos requisitos ou satisfaça as condições para obtenção do favor; a segunda deverá decorrer diretamente de lei e independe de requerimento do interessado. A remissão está disciplinada no Art. 172 do CTN, que estabelece: Art. 172. A lei pode autorizar a autoridade administrativa a conceder, por despacho fundamentado, remissão total ou parcial do crédito tributário, atendendo: I - à situação econômica do sujeito passivo; II - ao erro ou ignorância excusáveis do sujeito passivo, quanto a matéria de fato; III - à diminuta importância do crédito tributário; IV - a considerações de equidade, em relação com as características pessoais ou materiais do caso; V - a condições peculiares a determinada região do território da entidade tributante. Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 155. EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO Excluir o crédito tributário significa proibir a sua constituição, ou seja, o fisco está impedido de realizar o lançamento tributário decorrente de uma obrigação tributária. O CTN em seu Art. 175 trata das hipóteses de exclusão do crédito tributário: isenção e anistia. A diferença entre isenção e anistia, é que a isenção exclui o crédito tributário relativo a tributo, enquanto a anistia exclui o crédito tributário relativo à penalidade pecuniária. Entretanto, em relação a obrigação acessória, esta não é dispensada, ou seja, se há exclusão da multa por atraso na entrega tardia da declaração, por exemplo, do Imposto de Renda, não implica a dispensa da própria declaração. Vale ainda ressaltar, a diferença entre anistia e remissão, pois ambas as causas pleiteiam o perdão, porém, com finalidades diferentes, pois remitindo, o Estado dispensa o pagamento do crédito relativo ao tributo e, pela anistia, dá-se o perdão correspondente ao ato ilícito ou à penalidade pecuniária. Passaremos a apreciar a isenção e a anistia, em separado, como causas de exclusão do crédito tributário. 4.1 Isenção É um favor legal dado ao sujeito passivo, desde que este se enquadre às condições necessárias para obtê-lo, que estão previstas em lei. Alcança fatos geradores futuros. O crédito tributário é constituído após o lançamento, portanto torna-se exigível, mas o ente tributante “abre mão” do recebimento da dívida, ou seja, dispensa o pagamento do tributo devido. Esta exclusão tributária poderá ser revogada a qualquer momento, exceto a concedida por prazo determinado e por certas condições onerosas. Aquela que não estiver condicionada a determinadas obrigações ou encargos para o beneficiário poderá ser suprimida a qualquer tempo. Poderá possuir caráter geral ou específico. A primeira decorre diretamente de lei, independentemente de requerimento ou de despacho administrativo. Já, a segunda também decorre de lei, mas é efetivada através de despacho da autoridade administrativa, em requerimento através do qual o interessado faça prova do preenchimento das condições estabelecidas em lei, conforme Art. 179 do CTN. 4.2 Anistia Sabe-se que ocometimento de infração à legislação tributária possibilita a aplicação de penalidades pecuniárias. A anistia é o “perdão” do crédito tributário constituído a partir dessas penalidades. Abrange somente as infrações praticadas anteriormente à vigência da lei que a concede, como se observa do Art. 180 do CTN. Pode ser concedida em caráter geral ou limitado, no segundo caso, o Art. 182 do CTN estabelece as condições para concessão. Sempre será efetiva por despacho da autoridade competente. Necessário que ao requerer, o interessado faça prova do preenchimento das condições previstas em lei. Alcança fatos geradores pretéritos. A doutrina define como: A anistia é a exclusão do crédito tributário relativo a penalidades pecuniárias. O cometimento de infração à legislação tributária enseja a aplicação de penalidades pecuniárias, multas, e estas ensejam a constituição do crédito tributário correspondente. Pela anistia, o legislador extingue a punibilidade do sujeito passivo infrator da legislação tributária, impedindo a constituição do crédito. (MACHADO, 2009, p.237) CONCLUSÃO O presente trabalho buscou cumprir o papel de conceituar causas de extinção e exclusão do crédito tributário, de forma objetiva. É muito importante o conhecimento sólido acerca das possíveis formas de suspender, extinguir ou até mesmo excluir a exigibilidade do crédito tributário já constituído. A disciplina Sistema Tributário Nacional II contribuiu significativamente para esse entendimento, para que possamos saber a diferença, aplicabilidade e importância de cada um deles. Diante disso, transcorremos o seguinte: Sem lei específica em matéria tributável federal, estadual ou municipal, é vedado a prática de qualquer das causas abordadas neste trabalho. Há uma diferença fundamental entre as modalidades que desconstituem a exigência do crédito tributário, no qual extinção impede sua constituição, ao passo que a exclusão consiste no desaparecimento da exigibilidade do crédito tributário. As obrigações acessórias devem continuar sendo cumpridas, a não ser que alguma lei dispense o cumprimento. E por fim, é preciso saber distinguir simplórias diferenças entre algumas causas de extinção e exclusão do crédito tributário, pois na prática é preciso avaliar a aplicabilidade necessária pertinente ao processo, para que não haja maiores transtornos. Temos a título de exemplo, o caso de remissão e anistia, que são formas de “perdão”, mas com finalidades diferentes, pois a primeira aplica-se ao crédito tributário e a segunda, apenas às penalidades. Bibliografia BRASIL. Código Tributário Nacional. Brasília. Assembleia Nacional Constituinte, 05 de Outubro de 1988. Disponível em www.planalto.gov.br. Acesso em 12/02/2019. CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 25ª ed. São Paulo: Saraiva. PAULSEN, Leandro. Curso de Direito Tributário Completo. 4ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado.
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