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Transcrição de Antiplaquetário e Anticoagulante Profº Roberto Fonseca PRINCÍPIOS DA HEMOSTASIA: - DEFINIÇÃO: Equilíbrio do sangue e as funções pré e pós coagulante, pois quando um vaso se rompe é preciso formar um coagulo para estancar esse sangramento, mas esse trombo não pode se estender além do sítio de injúria, então os mecanismos anticoagulantes e anti trombóticos também devem estar funcionando em equilíbrio para evitar um quadro de sangramento excessivo ou um quadro de trombose, então esse equilíbrio dessas funções pró e anticoagulante é muito importante. - QUEM FAZ PARTE DESSE SISTEMA: - PLAQUETAS - FATORES DE COAGULAÇÃO - INIBIDORES DA COAGULAÇÃO - VASO SANGUÍNEO (O endotélio é um tecido multifuncional, podendo adquirir uma característica pró-trombótica ou antitrombótica, pró-inflamatória ou anti-inflamatória, regulação do trafego molecular) - SISTEMA FIBRINOLÍTICO - EVENTOS DA COAGULAÇÃO: Depois do processo de lesão vascular (1), ocorre uma vasoconstrição reflexa (2) e depois temos a hemostasia primária, que é a formação do tampão plaquetário primário (3). Então primeiro temos adesão, ativação e agregação de plaquetas. As plaquetas circulam-na luz do vaso, então quando há um processo de injúria elas se deslocam para esse lugar e fazem a adesão plaquetária. Então temos a formação da rede de fribrina (4), que é chamada de hemostasia secundária. Obs: O tampão plaquetário que vai fornecer a superfície fosfolipídica necessária para que os fatores da coagulação trabalhem em cima desse coagulo. - ENDOTÉLIO: CONSTITUINTES BÁSICOS DA PAREDE DE VASOS SANGÜÍNEOS: -células endoteliais -células musculares lisas -matriz extracelular: elementos elásticos, colágeno e proteoglicanos. O endotélio, que é um tecido multifuncional versátil que controla o trafego, secreta substancia que são vasodilatadoras ou vasoconstritoras conforme a necessidade e controla os mecanismo pro e antitrombóticos. ANTITROMBÓTICOS: - Prostaglandina 2 (prosstaciclina – molécula vasodilatadora secretada pelas células endoteliais e que regulam também processos de agregação plaquetário -Trombomodulina: proteoglicano presente na superfície do endotélio PRÓ-COAGULANTES: - Presença do fator de von Willebrand (FVW), que também é secretado por célula endotelial - Fator tecidual - Fator inibidor de fibrinólise (TAFI) Resumindo, o endotélio tem um papel importante na regulação na formação e degradação do coagulo (trombo). PLAQUETAS: - ESTRUTURA DAS PLAQUETAS: Podemos observar a presença de grânulos (alfa-grânulos), que são diversas substâncias agonistas da agregação plaquetária, então quando ela é aderida e ativada ela vai secretar o conteúdo contido nos alfa-granulos. Obs: A plaqueta não tem núcleo, então quando a gente inibe a síntese de protaglandina plaquetária (tromboxano a2) a gente inibe a plaqueta, pois ela não vai sintetizar novas plaquetas. - ATIVAÇÃO PLAQUETÁRIA: 1- ADESÃO PLAQUETÁRIA A plaqueta está normalmente circulando pelo vaso, quando ela encontra uma região de injúria, ela vai primeiramente se aderir a parede do vaso. Na superfície plaquetária temos uma glicoproteína plaquetária chamada de glicopriteína Ib (GPIb), quando temos uma região de injúria vascular forma-se um espaço subendotelial e uma molécula importante presente na região subendotelial chama-se de fator de tissular ou fator tecidual e quando esse fator tecidual está exposto por causa da condição de injúria, ele vai formar uma ponte com uma outra proteína circulante que é o fator de von Willebrand (FVW), então haverá uma ligação da GPIb presente na superfície plaquetária, com o FVW, que vai se ligar ao fator tecidual e provocar a agregação. Resumindo, 1- Com a lesão o fator tecidual foi exposto 2- A plaqueta tem na sua superfície a GPIb que vai formar uma ponte com o FVW (proteína circulante). 3- Quando temos a ligação do FVW no fator tecidual nós temos a ADESÃO. 2- ATIVAÇÃO PLAQUETÁRIA Após a adesão plaquetária, temos um disparo uma série de sinalizações dentro da plaqueta, ela reorganiza seu citoesqueleto e muda de forma pra secretar o conteúdo dos alfa-granulos (agonistas da agregação plaquetária) provocando então a ATIVAÇÃO. 3- AGREGAÇÃO PLAQUETÁRIA Então a plaqueta que teve adesão e ativação vai expor em sua superfície uma outra glicoproteína, que geralmente fica escondida no lado interno da membrana, só que quando ela é ativada ela se expõe, chamada de glicoproteina 2b3a (GP2b3a). Então uma plaqueta que expõe sua GP2b3a vai formar agregados de plaquetas, pois a GP2b3a vai ter uma região com sítio de ligação ao fibrinogênio e esse fibrinogênio vai se ligar a outra GP2b3a de outra plaquetas que também expuseram suas GP2b3a e assim formam esses agregados de plaquetas, isso é a AGREGAÇÃO. Existe toda uma sinalização dentro da plaqueta e como podemos observar existem varias vias de sinalização, inclusive a produção de tromboxano A2, então essa sinalização que está acontecendo dentro da plaqueta depois que ela se aderiu, ela vai secretar diversas substancia que são agonista de agregação plaquetária. As mais importantes são o ADP e o tromboxano A2 (prostaglandina e potente agonista de agregação plaquetária). SISTEMA DE COAGULAÇÃO: O sistema de coagulação vai se iniciar através do fator tissular (fator tecidual), essa iniciação é chamada de via de iniciação (via extrínseca). 1- Fator tissular vai encontrar o fator VII ativado (fator VIIa), que vai formar um complexo e ativar os fatores IX e X. 2- Esses fatores vão gerar o fator IX ativado (fator IXa) e o fator X ativado (fator Xa) 3- O fator Xa vai ativar a protrombina em trombina (fator IIa) e a trombina é a enzima chave no sistema de coagulação, fazendo o feedback positivo ativando uma via chamada de via de propagação e ativação do fator XII. 4- O fator XII gera o fator XII ativado (fator XIIa) 5- XIIa gera o IX e o IX gera o IXa 6- IXa ativa X e X ativa Xa e então volta o ciclo. Quem inicia fisiologicamente o sistema de coagulação é a via de iniciação, que é ativada pelo complexo do fator tecidual com o fator VIIa, mas ela é facilmente inibida por uma molécula circulante lá no plasma chamada de TFPI. A via de propagação é a via intrínseca. Importante: Tanto a via intrínseca quanto a extrínseca geram fator Xa, que transforma protrombina em trombina (fator IIa) e a trombina faz o feedback positivo desse sistema. - INIBIDORES FISIOLÓGICOS DACOAGULAÇÃO: A mais importante é a ANTITROMBINA, que é uma proteína produzida pelo fígado e é o principal inibidor fisiológico da coagulação. Então ela é uma glicoproteína circulante produzida pelo fígado que vai inativar os fatores Xa e IIa(trombina). Além de fazer o feedback positivo, a trombina também vai clivar o fibrinogênio em polímeros de fibrina, então o coagulo de fibrina mais rígido que faz é a trombina, gerando um coagulo de fibrina mais estável. - FATORES DE COAGULAÇÃO DEPENDENTES DA VITAMINA K: Existem alguns fatores no sistema (II, VII, IX e X) que são dependentes da vitamina k para sua formação, uma reação de gama-carboxilação. Então esses fatores realizam essa reação pra se tornar um fator ativo. A reação de gama-carboxilação ocorre no fígado e pode ser bloqueada por antagonistas da vitamina K. RESUMINDO O equilíbrio é importante, pois o aumento de fatores pró-coagulantes vai causar trombo e um aumento dos fatores anticoagulante vai gerar sangramento. TROMBOSE: Quando o equilíbrio é deslocado para a função pro-coagulante, pró-trombotica, eu tenho esse desequilíbrio gerando um quadro de trombose. Virchow descreveu três componentes importantes para um processo trombótico: 1-LESÃO ENDOTELIAL: Placas ateroscleróticas, stress hemodinâmico associadoa hipertensão, endotoxinas bacterianas. 2 –ALTERAÇÃO DO FLUXO SANGÜÍNEO NORMAL (LAMINAR): - Turbulência-placas ateroscleróticas; - Estase-sindromes de hiperviscosidade, varizes, aneurismas, infartodomiocárdio. 3 –ESTADOS DE HIPERCOAGULABILIDADE: - congênitos-deficiência de inibidores da coagulação. - adquiridos-câncer, pós-operatório, pós-traumático... - FATORES DE RISCO PARA TROMBOSE Um quadro de trombose arterial, por exemplo, vemos principalmente em consequência da ateroesclerose (lesão vascular), que é um processo que acontece principalmente em artérias, então o estilo de vida, genética, sedentarismo, obesidade, tabagismo, são fatores que vão se somando e fazendo com que o indivíduo tenha um quadro de dislipidemia, formando na parede do vaso a placa de ateroma. E esse processo ateroesclerotico começa lá na infância e vai se desenvolvendo ao longo da vida. Com isso, podemos dizer que a trombose arterial é clinicamente falando em consequência do processo ateroesclerotico que acontece nas artérias. O trombo arterial é mais rico em plaquetas por isso é chamado de trombo branco. A trombose venosa se faz quando o paciente está em uma condição clínica de estase e hipercoagulidade (condição do sangue estático) são fatores que vão predispor a trombose venosa, podendo ter como consequência uma embolia pulmonar. Ex: Pacientes internados TROMBOSE ARTERIAL X VENOSA IMPORTANTE: Com isso podemos concluir que pacientes com trombose arterial são tratados com antiplaquetários e pacientes com trombose venosa com anticoagulantes ANTIAGREGANTES PLAQUETÁRIOS SÍTIOS DE AÇÃO: - Inibição da biossíntese de prostaglandina (Tromboxano A2) - inibidores do receptor do ADP - inibidores da GP2b3a ASPIRINA (ÁCIDO ACETILSALICÍLICO) Prostaglandina inibidora irreversível da COX, acetilando-a, inibindo toda a meia vida plaquetária, isso implica para um paciente que for fazer uma cirurgia sendo recomendado a suspensão do medicamento em pelo menos 5 dias antes da cirurgia, que é o tempo da medula óssea produzir mais plaqueta, se não o paciente pode ter uma tendência hemorrágica muito grande no processo cirúrgico. Em relação a dose, foram feitos uma série de estudos clínicos mostrando qual a dose mínima eficaz do AAS para o efeito antiplaquetário em diferentes situação e foi demostrado que a dose mínima eficaz foi de 75mg. Aspirina em dose baixa tem o efeito predominantemente antiplaquetário, sendo mais seletiva para plaqueta. Sabe-se que as prostaglandinas são produzidas em diferentes tecidos que tem diferentes funções, logo se em doses o AAS vai inibir a COX da plaqueta, vai ter pouca influencia em outras prostaglandinas, tendo um efeito mais seletivo. FARMACOCINÉTICA: A ação dela é hepática, então lá no fígado ela vai inibir principalmente as plaquetas que estão circulando na circulação portal do fígado, e lá no fígado vai ser excretada e conjugada com ácido glicurônico ou com glicina, quando perde o acetil perde a ação antiplaquetária. EFEITOS ADVERSOS: -Sangramento -Gastropatia -Alterações no equilíbrio ácido-base -Insuficiência renal aguda em indivíduos cardiopatas -Reações de hipersensibilidade -Toxicidade SNC (altas doses) INIBIDORES DO RECEPTOR PARA ADP (Tipo P2Y12) O ADP é uma molécula importante que é secretada pelo alfa-granulo e é um importante agonista da agregação, então os antagonistas do receptor de ADP vão ter a ação antiplaquetária. TIENOPIRIDINAS (pró-farmacos): inibem irreversivelmente receptor de ADP, pois formam pontes de sulfeto no receptor por ligações covalentes. CLOPIDOGREL e PRASUGREL CICLOPENTIL-TRIAZOLOPIRIMIDINA: antagonistas competitivos, o que é bom, pois essa inibição é facilmente reversível, o que quer dizer que vai gerar um efeito mais previsível, não precisando, por exemplo, esperar 5 dias para fazer uma cirurgia. TICAGRELOR e CANGRELOR (IV) FARMACOCINÉTICA: O mais importante é quando observamos a biodisponibilidade do clopidogrel quando comparada com a do prazogrel, um é infinitamente maior que outro isso por que o clopidogrel é substrato para a glicoproteína P, isso quer dizer que menos fármaco vai para a corrente sanguínea e ao chegar na corrente sanguínea, vai absorver menos, além disso quando é absorvido e chega na corrente sanguínea antes de ser metabolizado no fígado, pode ser inativado por esterases em até 90%, chegando uma quantidade muito pequena no fígado e chegando lá no fígado o pouco que sobrou é metabolizado e bioativados por diferentes família de CYPs hepáticas e aqui a questão do polimorfismo é muito importante, pois variações genéticas nessas diferentes famílias de CYPs pode comprometer a bioativação do clopidogrel, ou seja, o caminho dele até o seu metabolito ativo possui muitas barreiras farmacocinéticas, isso que dizer que o clopidogrel causa uma variação dose/resposta muito grande por possuir muitas barreiras farmacocinéticas no seu caminho até chegar no seu metabólito ativo. O prazogrel ele possui uma biodisponibilidade maior por primeiramente não servir de substrato pra glicoproteína P, o que significa que ele já é mais absorvido. Ele até sofre ação das esterases plasmáticas, mas menos do que o clopidogrel. Ele também sofre as variações do polimorfismo, mas bem menos que o clopidogrel. As barreiras farmacocinéticas que são altas para o clopidogrel, para o prozogrel são menores, isso significa que uma proporção maior do fármaco é bioativado, tendo um efeito antiplaquetário melhor. O ticagrelor não é um pró-farmaco, já é um fármaco ativo e o mecanismo de inibição dele é competitivo tendo uma variação dose/resposta muito pequena, pois além de já ser o fármaco ativo, temo efeito antiplaquetário mais previsível e controlado. EFEITOS ADVERSOS: - Trombocitopenia (número de plaqueta reduzido) - O ticagrelor não causa trombocitopenia, mas somente um quadro de dispneia e depois isso se resolve, sendo mais seguro. Obs: todo paciente que se encontra em uma condição pró-trombotica, que tem a ver principalmente com processo ateroesclerótico, tem que se tratar com antiplaquetário para o resto da vida. INIBIDORES DA GLICOPROTEÍNA IIB/IIIA (GP2b3a) Então uma plaqueta que expõe sua GP2b3a vai formar agregados de plaquetas, pois a GP2b3a vai ter uma região com sítio de ligação (sequencia de ligação peptídica arginina-glicina-ácido aspártico, chamada de sequencia LGT) no fibrinogênio e esse fibrinogênio vai se ligar a outra GP2b3a de outra plaquetas que também expuseram suas GP2b3a e assim formam esses agregados de plaquetas, isso é a AGREGAÇÃO. Os inibidores da GP2b3a são análogos estruturais da sequencia LGT, ou seja, ela vai se ligar na glicoproteína 2b3a e com isso vai impedir a ligação dela com o fibrinogênio, impedindo a agregação plaquetária. ABCIXIMABE TIROFIBANA e EPTIFIBATIDA FARMACOCINÉTICA: O importante é falar que todos eles são utilizados em emergências trombóticas por via intravenosa, nenhum deles é ativo por via oral, então aqui não estamos falando de profilaxia a longo prazo de trombose arterial, se o paciente quer fazer essa profilaxia ou o paciente usa o AAS ou os inibidores dos receptores de ADP, isso é só pra emergência trombótica arterial por via intravenosa. USOS CLÍNICOS: - Usados em associação com heparina e AAS. - Usados no tratamento da angina instável, pacientes submetidos à angioplastia e eventos trombóticos coronarianos. - Limitações: uso IV, caros, sangramento (custo x benefício) RESISTÊNCIA A TERAPIA ANTIPLAQUETÁRIA: Diferente do monitoramento da terapia anticoagulante, o teste de agregação plaquetária in vitro tem baixo valor de predição, ou seja, são testes altamente variáveise dependendo do tipo de reagente que usa, da concentração desse agente, não são testes padronizados e baratos para se fazer, ou seja, não tem um teste de agregação plaquetária in vitro de você pegar a plaqueta do paciente e dizer se o paciente vai responder melhor a determinando medicamento ou se tem resistência, ou seja, o acompanhamento deum paciente que usa um antiplaquetário é clínico. ANTICOAGULANTES: TERAPIA ANTICOAGULANTE: Pode ser dividida um duas fases, uma fase é aquele indivíduo que está em uma emergência trombótica, então a gente precisa deslocar essa gangorra com mecanismos anti-coagulantes, e por ser uma emergência trombótica, o fármaco tem que ser o via intravenosa, então os anticoagulante são usados por via intravenosa nessa fase inicial de emergência, só que comovo indivíduo se encontra num estágio pró-trombótico, ele tem que fazer a profilaxia por um tempo determinado e esse tempo determinado segundo as diretrizes, é diferente para cada precursão pró-trombótica, ou seja, um indivíduo que faz uma cirurgia de quadril pro exemplo, tem que fazer a profilaxia com anticoagulante oral por até três meses, indivíduo que tem um quadro de embolia pulmonar o tempo vai para doze meses, então para cada condição existe um tempo de uso de profilaxia de trombose. A profilaxia é feita principalmente com anticoagulantes orais por causa principalmente da fácil aderência do paciente. FARMACOS ATICOAGULANTES: 1) Tradicionais: Dicumarínicos (Varfarina) e Heparina não fracionada. 2) Consolidados: Heparinasde Baixo Peso Molecular (LMWHs). 3) Novidades: Inibidores diretos da trombina e do fator Xa. HEPARINA HISTÓRIA: Em 1916 Jay McLean isolou frações de fígado de cachorro que inibiam a coagulação. Em 1920 a heparina já era utilizada na clínica, mas ela apresentava efeitos adversos muito complicados no paciente, era muito tóxica. No final da década de 1930, se iniciaram, com sucesso, o uso de heparina de pulmão bovino na prevenção da trombose e em cirurgias com circulação extracorpórea, que apresentava uma estrutura mais homogênea, uma atividade anticoagulante melhor e não era toxica. Na década de 70 começaram a ser utilizados heparinas extraídas de intestino suíno, a que é utilizada até hoje, pois apresenta uma estrutura ainda mais homogênea, uma atividade anticoagulante mais potente e rende mais, pois o intestino suíno possui mais heparina e é mais fácil criar porcos do que bois. Em 2008, teve a crise internacional da heparina, onde demostrou relatos de reações anafiláticas, hipotensão e morte em pacientes em todo o mundo que fizeram o uso de heparinas de diferentes empresas, mas o efeito adverso da heparina é sangramento o que não tem nada a ver com esses efeitos, então os lotes foram recolhidos e analisados e descobriu-se a presença de condroitim sulfato oversulfatado que foi adicionada quimicamente para aumentar a massa, pois ela também possui efeito anticoagulante, mas não se imaginava os efeitos colaterais dela, ela ativa bradicinina (vasodilatadora) e o sistema complemento, por isso das reação adversas apresentadas. HEPARINA NÃO-FRACIONADA MECANISMO DE AÇÃO: A heparina é um polissacarídeo sulfatado, ou seja, formado por unidades dissacarídicas repetitivas formadas sempre por uma sequencia de por um ácido esoronico de natureza polissacaridica e exosamina. E nessa cadeia grande de unidades repetitivas dissacarídeas temos em média 30% da molélula, a estrutura pentassacarídica abaixo e é importante destacar a presença de glicosamina trisulfatada, que é um padrão de sulfatação típico da heparina. É a estrutura pentassacarídica que vai interagir com a antitrombina, potencializando o mecanismo de inibição fisiológica dela, inibindo os fatores IIa e Xa e em menor grau o IXa também, e o que a heparina faz é se ligar na antitrombina, provocar uma mudança conformacional que aumenta a afinidade dela pelas suas proteases (IIa e Xa), agindo como um catalizador da reação da antitrombina, ou seja, um potenciador da inibição fisiológica da trombina, não sendo um inibidor direto do fator e sim via antitrombina. Isso provoca uma ligação covalente entre a antitrombina e suas proteases, ou seja, quando essa afinidade é aumentada pela heparina esse mecanismo é irreversível, a ligação entre a antitrombina e as proteases. Esse mecanismo é sempre a potencialização da inibição, mas para a antitrombina trombina, a heparina tem que abraçar as duas moléculas para fazer isso e para o fator Xa ela não precisa fazer isso, ou seja, a potencialização da inibição da heparina antitrombina-trombina é dependente do peso molecular (heparina de alto peso molecular consegue fazer isso),para o fator Xa isso não é necessário, porque quando a heparina se liga a antitrombina ela provoca uma mudança conformacional, para o fator Xa essa mudança conformacional já é suficiente pra inibir, mas para a trombina não, a heparina precisa aproximar a antitrombina da trombina, então tem que ligar nos dois. Obs: Uma heparina de menor peso molecular vai inibir somente o fator Xa, provocando menos efeitos colaterais de sangramento, mas a eficácia é a mesma. Obs: UFH: 6° PADRÃO INTERNACIONAL: 200 UI/mgUI é a quantidade de heparinaem massa que impede a coagulação de 1 mL de plasma ovino durante 1h após a adição de 0,2 mL de CaCl21% HEPARINA DE BAIXO PESO MOLECULAR Diferentes métodos de fragmentação são utilizados para quebrar essa molécula grande em moléculas menores, que são as heparinas de baixo peso molecular: hidrolise enzimática, tratamento com ácido glicoso, clivagem de heparanases, tratamento alcalino. Elas tem excelentes atividade anticoagulante, pois esses métodos de fragmentação preservam as unidades pentassacaridicas. A mais utilizada no Brasil é a ENOXAPARINA, que vai potencializar a inibição da antitrombina Xa. Fizeram também a sequencia polissacarídica sintética, chamada de FONDAPARINUX, somente ela já é capaz de se ligar a antitrombina eprovocar a mudança conformacional e potencializar a inibição do fator Xa. MONITORAMENTO DA TERAPIA ANTICOAGULANTE - TESTES DE COAGULAÇÃO: Como citado anteriormente, o teste de agregação plaquetario temos um baixo valor de predição, ou seja, o resultado nem sempre corresponde a realidade, não sendo padronizado, mas os testes de coagulação são e temos dois testes de coagulação para monitorar a atividade anticoagulante de um paciente que usou um anticoagulante: - Teste aPTT (tempo parcial de tromboplastina ativada): Você paga plasma do paciente que está utilizando o anticoagulante, encubar com cefalina (extrato que contém fosfolipedeo e uma substancia que ativa o sistema de coagulação, chamado de caulin – ativador da via intrínseca, ou seja, ativador do sistema de propagação) e joga cálcio (quelante de cálcio), então vemos o tempo de coagulação que é medido por um aparelho chamado de coagulometro. Teste utilizado para todo paciente que usa heparina. O índice considerado terapêutico é 2 a 3 vezes do tempo controle. No aPTT o tempo controle é de 33 seg, então o paciente pode chegar em até 66 a 99 seg, se passar de 99 seg o paciente pode apresentar sangramento, logo deve-se diminuir a dose ate chegar na fase. - Teste de tempo de protrombina (TP): É responsável por monitorar varfarina, que é um anticoagulante oral. O principio desse teste é: você pega o plasma do paciente, vai encubar um reagente chamado de tromboplastina (nela tem um ativador da coagulação chamado de fator tecidual que é da via extrínseca e tem também cálcio) e mede o tempo de coagulação no coagulometro. O índice considerado terapêutico é 2 a 3 vezes do tempo controle. Esse índice terapêutico a gente chama de INR = T1/T0, quantas vezes o tempo de coagulaçãoaumenta na presença do anticoagulante em relação ao controle, mas temos que normalizar isso pelo índice de sensibilidade de acordo com o fabricante, para isso existe um kit específico. - Teste do substrato cromogenito: O fator Xa vai clivar o seu substrato cromogenito e quando ele cliva vai gerar outro e se você está utilizando um fármaco que inibe o fator Xa ou IIa, a cor vai diminuir. FARMACOCINÉTICA: O importante dos aspectos farmacocinéticos é observar que a fondaparinux é um fármaco sintético, que possui apenas a sequencia pentassacarídica, utilizado por via intravenosa em pacientes que estão com emergência trombótica também. O metabolismo da HBPM é renal, logo paciente com insuficiência renal prefere-se utilizar heparina de alto peso, que é metabolizada pelo sistema retículo-endotelial (célula endotelia e macrofagos). Obs: a HBPM também pode ser utilizada por via intravenosa para cirurgia cardíaca ou hemodiálise, mas no SUS utilizamos a de alto peso por ser mais barata. USOS CLÍNICOS -Tratamento e prevenção de eventos tromboembólicos; -Cirurgias cardiovasculares; -Hemodiálise EFEITOS ADVERSOS - Hemorragias (~5%); Antídoto: protamina IV (1mg/100 UI UFH) – extraída do salmom. Rotineiramente usado em cirurgias cardíacas. Obs: É importante essa relação da dose, pois a protamina em alta doses tem ação anticoagulante. - Trombocitopenia (Complexo Heparina-PF4), A heparina pode se complexar com o fator IV plaquetário, que em alguns paciente essa complexação é antigênica e dispara a produção de anticorpos antiplaquetas. Quanto menor a cadeia menos esse efeito adverso, logo fondaparinux não vai gerar trombocitopenia. (pergunta boa pra prova) - Osteoporose (raro); OBS: Grávidas só utilizam HBPM por questões de segurança HEPARINA INSTESTINO SUÍNO VS BOVINO: A heparina começou a ser extraída também de intestino bovino, por começou a precisar de mais heparina, já que não tinha mais porco o suficiente para atender a demanda, o problema da heparina de intestino bovino é que ela entrou no mercado brasileiro em 2009 de maneira meio clandestina e escondida, demostrando alguns problemas, pois os pacientes brasileiros começaram a sangrar mais que o habitual, pois ao heparina do intestino bovino possui outra estrutura mudando o padrão de sulfatação da exosamina. A atividade anticoagulante da heparina bovina é metade da atividade de uma heparina de suíno, ou seja, o padrão internacional é em torno de 200 IU e só pode passar hepamina acima de 180UI, próximo de 200 IU e abaixo disso não pode, se fizer a relação normal vai sobrar protamina na neutralização, além da diferença estrutural, é praticamente outra estrutura, com outras atividades de relação com a heparina, ou seja, não são fármacos similares. ANTICOAGULAÇÃO PARENTERAL ALTERNATIVA: INIBIDORES DIRETOS DA TROMBINA São derivados da proteína hirudina (Hirudo medicinalis ) do sangue-suga e a partir dela fizeram seus derivados recombinante utilizados por via intravenosa somente e não são ativos por via oral, eles inibem diretamente a trombina não precisando a antitrombina e não afeta a função plaquetária por esse motivo foi desenvolvido para pacientes de desenvolvem trombocitopenia induzido por hepariana. Resumindo: - Inibem trombina diretamente - Não dependem de AT - Não afeta função plaquetária - Ajuste pelo aPTT - Efeitos adversos: reações de HS, sangramento - Cuidados com pacientes com insuficiencia renal LEPIRUDINA DESIRUDINA BIVALIRUDINA ANTICOAGULANTE ORAL: VARFARINA Possui similaridades estrutural com a vitamina K, o grupamento cumarina. A importância da vitamica K é a reação de gama-carboxilação, pois interage com cálcio e fosfolipídeo. Existem alguns fatores no sistema (II, VII, IX e X) que são dependentes da vitamina k para sua formação, uma reação de gama-carboxilação. Então esses fatores realizam essa reação pra se tornar um fator ativo. A reação de gama-carboxilação ocorre no fígado e pode ser bloqueada por antagonistas da vitamina K. HISTÓRIA: Em 1924, resolveram trocar a comida do gado para o trevo doce, só que ele estava estragado e as vacas começaram a sangrar, na época eles associaram esse sangramento a uma diminuição da protrombina plasmática, então em 1939 foram olhar o que tinha no trevo doce e verificaram a presença de bis- hidroxicumarina. Então em 1948, a varfarina foi sintetizada a partir dessa molécula como raticida (veneno para rato). Em 1951, um recruta do exército americano tenta suicídio sem sucesso com doses maciças de varfarina, como ele não morreu a comunidade resolveu usar para profilaxia de trombose, então a partir da década de 50 a varfarina entrou no mercado como antitrombótico oral. MECANISMO DE AÇÃO: A reação de gama-carboxilase precisa de vitamina K e a vitamina K ela fica entre dois estados no nosso organismo na forma de HIDROQUINONA (forma reduzida) e EPÓXIDO (forma oxidada). HIDROQUINONA (forma reduzida) é utilizada como co-fator da reação de gama-carboxilase, indo para a forma oxidada e da forma oxidada vai para a reduzida formando um ciclo e assim a reação de gama- carboxilação faz a redoxi e a enzima responsável por isso é a redutase, que pega da forma oxidada de epóxido e manda para a forma reduzida e a ação da varfarina é inibição competitiva da vitamina K redutase por analogia estrutural, então não vai ter a forma de hidroquinona que é a forma necessária para reação de gama-carboxilação. A varfarina é uma mistura do renantiomero R e S e o S que temais atividade, que é metabolizado pela família de CYP, que pode sofrer polimorfismos, isso quer dizer que o metabolismo dela pode ser comprometido em alguns indivíduos. Assim como existe polimorfismo na redutase também (maior ou menor afinidade com a varfarina), isso vai dar variação dose/resposta muito grande. FARMACOCINÉTICA: O efeito anticoagulante da varfarina não vai ser imediato, pois vai inibir a formação de novos fatores e os fatores já circulantes tem um tempo de meia vida, então o efeito antitrombótico pleno da varfarina só acontece de 2 a 3 dias, pois ainda existem os fatores circulantes que precisam ser depurados. O monitoramento de varfarina a gente faz pro tempo de protrombina (TP). Resumindo: - Alta biodisponibilidade e ligação à proteínas plasmáticas. - Meia vida média de 40h, duração de ação de 2-5 dias. - Dose:2-5 mg (4 dias), 1-10 mg. - Monitoramento: PT. INDICAÇÕES CLÍNICAS - Profilaxia e tratamento de trombose venosa e embolia pulmonar após um curso inicial de heparina - Profilaxia do tromboembolismo em cirurgias ortopédicas - Prevenção da embolização sistêmica em pacientes com infarto agudo do miocárdio - Prótese de válvulas cardíacas - Fibrilação atrial crônica INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS Potencialização do efeito anticoagulante •Inibição do metabolismo da varfarina - intoxicação aguda por álcool - cimetidina - dissulfiram - metronidazol - fenibutazona •Deslocamento da varfarina do sítio de ligação à albumina - AINES - Hidrato de cloral Atenuação do efeito anticoagulante •Gravidez (↑ síntese de fatores) •Hipotireoidismo (↓ degradação dos fatores) •Vitamina K •Redução da absorção: colestiramina •Estimulção da metabolização da varfarina - ingestão crônica de álcool - barbitúricos - rifampicina Obs: Uma dieta rica em vitamina K vai comprometer a eficácia da varfarina, então a dieta do paciente tem que ser regulada. Obs: grávida não pode usar de jeito nenhum EFEITOS ADVERSOS: Sangramento: - INR 2-3, cuidado em idosos - Administração oral de vitK (24-48h) - Transfusão de plasma fresco + vitK-Defeitos congênitos; Necrose cutânea; Reações de hipersensibilidade. OS NOVOS ANTICOAGULANTES ORAIS •INIBIDORES DIRETOS DA TROMBINA (FATOR IIA) DABIGATRAN (Pradaxa®, na forma de etexilato de dabigatran) • INIBIDORES DIRETOS DO FATOR XA : a sequencia de aminoácido a Glu-Gly-Arg foi utilizada como molde para a construção deles e inibem o sítio ativo do Xa inibição competitiva reversível. RIVAROXABAN (Xarelto®) APIXABAN (Eliquis®) FARMACOCINÉTICA: O importante pra saber dos aspectos farmacocinéticos é que são de ação imediata, hoje em dia já existe o antidoto, que é são anticorpos monoclonais. Em termos de interação medicamentosa, só o apixaban e o rivaroxaban, por exemplo, os fortes indutores ou inibidores de CYP3A4 tem interação significativa. RISCOS: Só que os estudos clínicos vieram depois mostrando que esses novos anticoagulantes orais tinham risco de sangramento de origem gastrointestinal, levando a sangue nas fezes.