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Júlia Figueirêdo – LPI MÓDULO 16 HEMOSTASIA E FÁRMACOS QUE INFLUENCIAM NA COAGULAÇÃO: A hemostasia corresponde aos eventos que garantam o equilíbrio e a manutenção do fluxo sanguíneo no organismo, cruciais para a resposta a agressões diversas. Esse processo deve seguir um balanço delicado, evitando, simultaneamente, o escape excessivo de sangue e a formação desordenada de coágulos. PROCESSO DE COAGULAÇÃO: Atualmente o modelo da “cascata de coagulação” vem sendo substituído por uma nova teoria, cujos eventos ocorrem de modo contínuo e interligado na superfície celular. Essa mudança evidencia o caráter complementar entre elementos das vias extrínseca, intrínseca e comum, anteriormente consideradas independentes. Fatores de coagulação conforme sua classificação em “vias” Nesse sentido, é possível segmentar os eventos hemostáticos desencadeados após uma lesão endotelial em etapas, a saber: Iniciação: Esse processo envolve sucede uma sequência de mecanismos de proteção endotelial, como turbilhonamento sanguíneo, vasoconstrição, e a liberação de tromboxano A2 e serotonina. Resposta inicial à lesão vascular As plaquetas presentes na região se aderem ao local lesionado, especialmente ao colágeno, utilizando para isso a glicoproteína GpVI. A partir desse momento, inicia-se uma ativação em cascata de integrinas, mediadoras da continuidade da ligação plaquetária. O fator de Von Willebrand (FvW), encontrado na circulação, também é atraído ao colágeno, se fixando às plaquetas pela glicoproteína GpIb. Paralelamente, o fator tecidual (FT), expresso no subendotélio danificado, se liga ao FVII presente no plasma. O FT age como um receptor e cofator para o FVIII, que é convertido em FVII ativado (FVIIa). O complexo resultante (FT/FVIIa) é responsável por ativar os fatores IX e X. Este último irá se fundir ao FVa (protrombinas), o que inicia a conversão de protrombina (FII) em trombina, ainda em quantidades pequenas. Essa conversão é importante para a retroalimentação da hemostasia, pois a trombina ativa fatores de coagulação e estimula receptores nas plaquetas. Júlia Figueirêdo – LPI MÓDULO 16 Representação dos mecanismos envolvidos na fase de iniciação da coagulação Foi observado que os fatores atuantes na iniciação da coagulação são capazes de deixar o espaço vascular. Essa descoberta fomenta a ativação contínua dessa etapa, mesmo que não ocorra lesão vascular. Plaquetária: Corresponde à formação do tampão primário, deflagrada tão logo ocorre a liberação inicial de trombina. Como o conglomerado de plaquetas e FvW é “grande”, sua passagem para o meio extravascular só ocorre na presença de dano epitelial. A trombina se liga com grande avidez à GpIIB para fomentar a clivagem dos receptores ativadores de protease plaquetária (PAR), causando diversas alterações estruturais, como: o Mudanças no citoesqueleto plaquetário; o Aumento da permeabilidade plaquetária (estimula a entrada de cálcio e a saída de quimiocinas); o Liberação de FV parcialmente ativado (processo finalizado pela interação com FXa ou trombina). O complexo FvW/FVIIa é dissociado, o que permite ao fator de von Willebrand continuar a mediar a adesão de novas plaquetas no foco de lesão. Outra importante alteração é a ativação do fator XI pela trombina, fixando-o na superfície dessa estrutura. Representação dos eventos da fase de amplificação Propagação: Essa fase é marcada por um grande recrutamento plaquetário para a área vascular danificada, seguida pela produção local de protrombinase e tenase (interação entre FIXa e FVIIIa). Ressalta-se que o fator IX ativado pode tanto ter se originado na fase de iniciação quanto ter sido produzido pelo fator XIa ligado a plaquetas. Ação plaquetária durante as etapas inicial e final da restauração da hemostasia O papel do complexo tenase é a produção de novas moléculas de fator Xa, uma vez que elas não podem deixar facilmente a região que expressa fator tecidual. O complexo protrombinase, por fim, é sintetizado a partir da interação entre o FXa e o FVa, permitindo a produção de trombina em “larga escala”. Júlia Figueirêdo – LPI MÓDULO 16 Processos da fase de propagação da coagulação Essa enzima é responsável por clivar o fibrinogênio em fibrina, polímero que consolidam os tampões primários, fornecendo maior estabilidade. Mecanismo de desenvolvimento da coagulação a partir da teoria das superfícies celulares Finalização: Consiste na imposição de um ponto de parada para a coagulação, limitando-a somente ao sítio afetado pela lesão para evitar a oclusão trombótica do vaso. Para alcançar esse objetivo, quatro anticoagulantes endógenos são recrutados, a saber: o Inibidor da via do fator tecidual (TFPI): secretada pelo endotélio, é responsável pela inativação conjunta do FT, FVIIa e FXa. Assim, há limitação na coagulação; o Proteína C (PC) e proteína S (PS): promovem a inativação (proteólise) dos fatores Va e VIIa. Ambas as proteínas são dependentes de vitamina K, sendo que a PC é ativada tanto pela trombina quanto pela PS; o Antitrombina (AT): é uma enzima com elevada afinidade pelas células do endotélio e ação sinérgica à heparina. Inibe não só a trombina, como também diversos outros fatores de coagulação (FIXa, FXa, FXIa e FXIIa). Inativação de fatores de coagulação mediada pela associação entre antitrombina e heparina. FIBRINÓLISE: A fibrinólise representa o processo de degradação do coágulo, intimamente dependente do sistema fibrinolítico. Seus principais componentes são: Plasminogênio: é o percussor da plasmina, substância responsável pela lise efetiva da fibrina, que resulta na formação dos produtos de degradação da fibrina. Como é a principal enzima desse processo, o plasminogênio apresenta também ativadores e inibidores, a saber: Júlia Figueirêdo – LPI MÓDULO 16 o Ativador de plasminogênio tecidual (t- PA): secretado pelo endotélio vascular, permite a formação de plasmina, usando a própria fibrina como cofator. o Ativador de plasminogênio urocinase (u-PA); o Inibidor do ativador de plasminogênio 1 (PAI-1); o Inibidor do ativador de plasminogênio 2 (PAI 2). Ação da plasmina sobre o avanço da coagulação AÇÃO FARMACOLOGICA SOBRRE A HEMOSTASIA: Diversos medicamentos podem ser utilizados para modular a resposta hemostática do organismo, combatendo possíveis anormalidades como a trombose (mais comum) ou os distúrbios hemorrágicos, de ocorrência menos frequente. Como principais classes farmacológicas associadas à hemostasia, destacam-se: Inibidores plaquetários: agem a partir do bloqueio da agregação de plaquetas; Anticoagulantes: sua ação é direcionada para os fatores de coagulação, impedindo sua ativação sequencial; Fibrinolíticos: atuam diretamente sobre o coágulo já formado, estimulando a produção de plasmina e a consequente lise do trombo. FÁRMACOS ANTIPLAQUETÁRIOS: Os medicamentos antiplaquetários podem agir sobre três grupos de substâncias que regulam a função plaquetária, a saber: Agentes externos que se ligam à membrana plaquetária: colágeno, trombina catecolaminas e prostaciclina; Agentes produzidos no interior das plaquetas, mas que agem em receptores de membrana: prostaglandina E2, ADP e serotonina; Agentes de produção e ação interna à plaqueta: tromboxano A2, AMPc/GMPc e íons de cálcio. Locais de ação dos principais fármacos antiplaquetários ÁCIDO ACETILSSALICÍLICO (AAS): Outros componentes importantes são os inibidores de plasmina e o inibidor fibrinolítico ativado pela trombina (TAFI-1) Trombos são coágulos aderidos à parede vascular, ao passo que os êmbolos representam essasestruturas quando presentes no plasma. Júlia Figueirêdo – LPI MÓDULO 16 O ácido acetilsalicílico é responsável por inibir a síntese de tromboxano A2 ao inativar de forma irreversível a COX-1, enzima que converte o ácido araquidônico liberado após estimulação celular por mediadores de lesão. Tal inibição é capaz de desviar o equilíbrio celular em prol da prostaciclina, que possui capacidade anticoagulante. O AAS impede a conversão de ácido araquidônico em prostaglandina ao inibir a COX-1 Esse é um fármaco utilizado principalmente na profilaxia de sangramentos, uma vez que apresenta efeito durante todo o tempo de vida das plaquetas (7 a 10 dias). Caso esse uso seja contínuo, o efeito antiplaquetário será acumulado. As principais indicações clínicas do AAS são: Prevenção secundária de AVE isquêmico e síndrome coronariana aguda; Tratamento de AVE e IAM; o Induz acentuada redução de mortalidade em pacientes pré e pós- infanto. Manejo da angina estável. As principais contraindicações para esse tipo de fármaco são a síndrome de Reye em crianças, a associação com varfarina, distúrbios hemorrágicos e reações de hipersensibilidade. Destaca-se como principal efeito adverso a ocorrência de trombocitopenia (quando em doses elevadas), e de sangramentos prolongados, normalmente associados ao TGI. Podem ser observadas interações com diminuição do efeito clínico do AAS ao administrá-lo junto a outros AINES (inibição competitiva transitória da COX-1). INIBIDORES DA ATIVIDADE PLAQUETÁRIA MEDIADA POR ADP: Os representantes dessa classe (clopidogrel, ticlopidina, ticagrelor e prasugrel) são utilizados com o intuito de bloquear receptores de ADP na membrana plaquetária e, consequentemente, impedir sua interação com o fibrinogênio. Apenas o ticagrelor possui ligação reversível com o receptor de ADP, P2Y, os demais são alinhados de forma irreversível. Após a suspensão do uso de qualquer dos medicamentos, o sistema plaquetário leva tempo para se recuperar. Sítio e mecanismo de ação dos inibidores de ADP A ticlopidina (dose de 250 mg, 2x ao dia) tem seu uso aprovado para a profilaxia do AVE em pacientes com histórico prévio de Ainda que doses de 75mg/dia de AAS já promovam efeito antiagregante, a prescrição recomendada varia entre 50 a 325 mg/dia Júlia Figueirêdo – LPI MÓDULO 16 distúrbios trombóticos, bem como para a prevenção (combinado ao AAS) de trombose após a implantação de um stent coronariano. Seus principais efeitos colaterais são diarreia, dispepsia e náuseas, porém também podem ocorrer hemorragias e leucopenia (requer monitoração constante no primeiro trimestre de uso). O clopidogrel, por sua vez, é empregado em indivíduos com angina instável, infarto agudo do miocárdio com ou sem supra de ST (associado ao AAS), AVE ou doença arterial periférica (75 mg/dia). Por ser um pró-fármaco, sua atividade ocorre apenas após o metabolismo pelo citocromo P450. Há menor incidência de efeitos colaterais (relatada púrpura trombocitopênica trombótica), o que, juntamente à menor posologia, faz com que esse fármaco seja preferido em relação à ticlopidina. A utilização do prasugrel é direcionada para pacientes com síndrome coronariana aguda, com dose de ataque de 60 mg seguida por manutenção diária de 10 mg (combinada ao AAS). O risco de sangramento é mais elevado, justificando a contraindicação para indivíduos com histórico de AVE e ataques isquêmicos transitórios. O ticagrelor também deve ser empregado em pacientes com SCA, em associação ao ácido acetilsalicílico. A dose inicial, de ataque, é de 180 mg, seguida por 90 mg 12/12h. A ocorrência de sangramentos é semelhante à do clopidogrel. Por apresentar metabolismo hepático, não deve ser usado por portadores de insuficiência hepática grave. ANTAGONISTAS DA GPIIB/IIIA: Os receptores GPIIb/IIIa são cruciais para promover a aglutinação plaquetária, uma vez que promovem interações simultâneas com fibrinogênio, fibrina e o fator de von Willebrand. Sua aplicação principal se dá a pacientes com síndrome coronária aguda. Assim, esses fármacos promovem a inibição de tais conexões mediadas por compostos como o abciximabe (anticorpo monoclonal direcionado ao complexo IIb/IIIa), a eptificatifa e a tirofibana (ambas inibem competitivamente os receptores). O principal efeito adverso para essa classe é o sangramento. Sítio e mecanismo de ação dos inibidores de GpIIb/IIIa Como a meia-vida dessas substâncias é curta, se torna necessária administração contínua por via endovenosa. Essa característica restringe seu uso ao ambiente hospitalar. Após a suspensão do uso, a atividade plaquetária se recupera em até 48 horas. Júlia Figueirêdo – LPI MÓDULO 16 Principais características dos inibidores da GpIIb/IIIa INIBIDORES DA FOSFODIESTERASE: O dipiridamol, principal representante dessa classe, age por meio da vasodilatação, elevando a concentração endotelial de GMP, e pelo aumento da concentração de AMPc a partir da inibição da PDE 3 e 5. Esse processo leva a um bloqueio no influxo de cálcio e, consequentemente, a inativação plaquetária. Isoladamente, esse fármaco apresenta pouco efeito terapêutico, sendo usado juntamente ao AAS (profilaxia da isquemia vascular cerebral) ou à varfarina (prevenção de trombose após troca de valvas cardíacas). Os efeitos adversos incluem rubor facial (pela vasodilatação), cefaleia, taquicardia, dores musculares e desconforto gastrintestinal. ANTICOAGULANTES: Os fármacos pertencentes a essa classe têm como mecanismo geral de ação a inibição da atividade ou da produção dos fatores de coagulação. Processo de formação do coágulo e impactos dos anticoagulantes conforme seus fatores-alvo HEPARINA: A heparina é um anticoagulante injetável empregado principalmente para o manejo agudo da formação de trombos. A atividade biológica desse fármaco requer a presença de antitrombina, formando com ela um complexo que acelera a interação com fatores de coagulação, estimulando a inativação destes. A principal diferença entre esse fármaco e a heparina de baixo peso molecular é que essa última acelera apenas a inibição do FXa. Mecanismo de ação e seletividade da heparina e da heparina de baixo peso molecular Independente da forma utilizada, assim que o “complexo antitrombina- fatores” se forma, a heparina é Júlia Figueirêdo – LPI MÓDULO 16 liberada para formar novas ligações. A principal indicação clínica das heparinas é o tratamento do tromboembolismo venoso agudo, uma vez que limitam a expansão dos coágulos. Além disso, também podem ser usadas na profilaxia pré- operatória contra trombose. Por não atravessarem a barreira placentária, representam o anticoagulante de escolha para gestantes. Principais características das heparinas Quanto aos efeitos adversos, destacam-se os sangramentos, o que justifica o monitoramento constante de parâmetros laboratoriais nesses pacientes. Frente à essa complicação, a conduta pode se direcionar para a remoção do uso do fármaco ou pela administração cautelosa de sulfato de protamina (inativa a heparina). INIBIDORES DA TROMBINA (FATOR II ATIVADO): O extrato de dabigatrana (pró-fármaco metabolizado em dabigatrana) é um inibidor direto da trombina (livre ou ligada ao coágulo), administrado por via oral. Seu uso está associado à prevenção do AVE e de embolismo sistêmico em pacientes com fibrilação atrial não valvar. Como é um composto “previsível”, a dabigatrana pode também ser empregada antes de cirurgias ortopédicas, porém não é indicado a pacientes com valvas cardíacas mecânicas ou biomecânicas. Seu principal efeito adverso é a hemorragia, mais frequente em idosos > 75anos e em portadores de insuficiência renal. Ao contrário da heparina, não há antídotos para reverter o sangramento associado. A lepirudina, por sua vez, apresenta pouco efeito sobre plaquetas, inativando apenas a trombina fixada ao coágulo. Seu emprego é restrito aos casos de trombose causada por trombocitopenia induzida por heparina (TIH). Como esse composto também não apresenta antígeno, seu uso por pacientes com distúrbios renais deve ser feito com cautela. Como efeitos adversos, além das hemorragias, cerca de 40% dos usuários da lepirudina desenvolvem anticorpos ao complexo por ela formado, aumentando seu poder anticoagulante. A argatrobana apresenta como indicações principais a TIH (com ou sem trombose) e a angioplastia coronariana realizada em pacientes portadores desse distúrbio. Os efeitos adversos assemelham-se aos dos demais anticoagulantes. O metabolismo desse fármaco não depende da função renal, mas sim da saúde hepática. Cirurgias recentes nos olhos, cérebro ou na medula espinal enquadram-se como contraindicações à terapia com heparina. Pacientes em uso de argatrobana apresentam RINI elevado, o que dificulta sua transição para a varfarina, caso necessária Júlia Figueirêdo – LPI MÓDULO 16 ANTAGONISTAS DA VITAMINA K: A varfarina, atual única representante relevante dos anticoagulantes cumarínicos, tem como mecanismo de ação básico a supressão da vitamina K, que age como cofator para a produção de vários fatores de coagulação. Esse processo se dá por meio da inibição da vitamina K-epóxido redutase, enzima responsável por restaurar esse composto à sua forma original após a liberação de resíduos γ–carboxiglutamil. Tais grupos são imprescindíveis para a adequada fixação dos fatores às plaquetas. Nessas situações, os FII, FVII, FIX e FX se tornam até 40% menos ativos. Sem a redução da vitamina K, novos fatores de coagulação sintetizados apresentam menos capacidade de adesão às plaquetas Nota-se que, em oposição à heparina, o impacto da varfarina sobre a coagulação se inicia após 72 a 96 horas da administração. Esse “atraso” corresponde ao intervalo necessário para esgotar as reservas de fatores de coagulação ativos. A interrupção da anticoagulação é possível a partir do uso de vitamina K, porém essa reversão demora 24 horas. As indicações clínicas para a varfarina são a profilaxia e o tratamento da trombose venosa periférica e da embolia pulmonar, além da prevenção do AVE em pacientes com valas prostéticas. Portadores de insuficiência de proteínas C e S, bem como pacientes a serem submetidos a cirurgias ortopédicas ou ginecológicas também podem se beneficiar dos efeitos desse fármaco. Os sangramentos são os principais efeitos adversos da varfarina, podendo ser manejados por meio da infusão de vitamina K, da suspensão do medicamento ou, se necessário, pela transfusão de hemocomponentes. É devido à grande incidência de hemorragias que se torna necessário monitorar o RNI com frequência (meta de 2,0 a 3,0), ajustando, quando necessário, a dose de varfarina. Orientações terapêuticas conforme o valor do RNI e a presença de sangramentos Tendo em vista a “precisão” terapêutica associada a essa substância, cabe destacar a presença de alguns fatores e substâncias capazes de alterar seu efeito anticoagulante, como: Agentes potencializadores: Por ser um composto teratogênico e capaz de ultrapassar a barreira placentária, o uso de varfarina é contraindicado na gestação (substituir por heparina) Júlia Figueirêdo – LPI MÓDULO 16 o Uso de AAS, propranolol, paracetamol, metronidazol, fluconazol e amiodarona; o Intoxicação aguda por álcool. Agentes atenuantes: o Administração de carbamazepina, barbitúricos e rifampicina; o Hipotireoidismo. FIBRINOLÍTICOS: Os fármacos fibrinolíticos (conhecidos também como trombolíticos) são utilizados para o tratamento da doença tromboembólica aguda, visto que agem sobre a conversão do plasminogênio em plasmina, enzima diretamente associada à lise de fibrina. Mecanismo geral de ação dos trombolíticos Os principais representantes dessa classe são a estreptoquinase, de ação sistêmica (pode causar hemorragias), a alteplase, com atuação localizada ao sítio trombótico, e a uroquinase, naturalmente sintetizada pelos rins. Comparações entre os principais fibrinolíticos disponíveis Há maior eficácia terapêutica se esses medicamentos forem administrados nas fases iniciais do trombo (em até 6 horas), pois ele se torna mais resistente com o passar do tempo. Para evitar que ocorra a formação de coágulos secundários, os fibrinolíticos podem ser administrados em conjunto com antiagregantes ou anticoagulantes. As principais indicações para os fibrinolíticos são a hidrólise de cateteres ocluídos e a dissolução de coágulos na suspeita de AVE. Posologia dos fibrinolíticos por indicação clínica A hemorragia é o efeito adverso mais comum, pois esses medicamentos são incapazes de diferenciar trombos normais daqueles indesejados. Isso pode causar sangramento de úlceras estáveis e feridas em cicatrização. A retirada de medicações fibrinolíticas deve ser gradual e bem monitorada, de forma a evitar o desenvolvimento de lesões por reperfusão. ANTIFIBRINOLÍTICOS: Os antifibrinolíticos são fármacos utilizados em quadros de hemorragia maciça, tendo como objetivo a estabilização do coágulo, impedindo a ação de compostos como a plasmina. Os principais representantes dessa classe são: Júlia Figueirêdo – LPI MÓDULO 16 Ácido aminocaproico e ácido tranexâmico: são compostos sintéticos capazes de inibir a conversão do plasminogênio. As indicações gerais são estados pré e pós-operatório, discrasias sanguíneas e hemorragias diversas. Posologia para as principais aplicações do ácido tranexâmico O efeito adverso de maior destaque é a trombose intravascular. Ainda que o ácido aminocaproico tenha menor potência quando comparado ao ácido tranexâmico, ele pode ser administrado em quadros de hipersensibilidade ao outro fármaco. Sulfato de protamina: corresponde ao antagonista da heparina, formando, quando ligada ao fármaco, um complexo estável e inativo. Sua administração pode provocar rubor, bradicardia e hipotensão quando administrada rapidamente. Vitamina K: é indicada para hemorragias associadas à varfarina, aumentando a concentração de vitamina K disponível para síntese de novos fatores de coagulação. Caso seja necessário controle rápido do sangramento, deve ser transfundido plasma congelado fresco. Características dos principais anti-hemorrágicos (HC: hemograma completo)
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