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A Importância das Interações Sociais na Educação Infantil

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Desde os idos mais remotos da humanidade, a escola é uma das esferas sociais por onde transitam conceitos, valores, crenças, relações, etc. Desde tenra idade os indivíduos estabelecem relações sociais entre seus pares. Sarmento (2004) apresenta que:
[...] as interações sociais são processos de relação, comunicação e identificação que não só permitem a negociação das definições da realidade de cada indivíduo como facilitam a criação de entendimentos comuns acerca do significado e sentido de símbolos e ações e a sua aceitação mútua por forma a tornar bem sucedida a ação cooperativa (SARMENTO, 2004, p.60).
As ações das crianças desde a Educação Infantil, segundo Sarmento (2004) só constituem acontecimentos sociais por meio das interações sociais. Isto é, as ações isoladas não têm significado por si só. É necessário que o indivíduo interaja com o outro completando ou modificando sua ação ou ainda agindo conjuntamente e segue:
As crianças imitam o mundo adulto mesmo desconhecendo a atribuição de valor dada a determinadas ações, profissões, posição social, etc. Elas reproduzem papéis sociais desde muito novinhas por meio de suas brincadeiras. E tal reprodução acontece naturalmente sem ensaios porque, assim como, os adultos são membros da sociedade vigente.
Cabe lembrar que a elaboração social tem como releitura a ordem e relações sociais do universo adulto. Por isso, elas se apropriam da interação social da vida adulta utilizando-os como conhecimento e critérios para validar a organização criada por elas.É pertinente dizer que os valores e costumes da vida adulta passam a ser interiorizado pelo grupo infantil. Que os transforma em verdadeiros patrimônios. É por meio destes que os grupos de pares são construídos.
Na verdade, quando se refere às culturas de pares das crianças, o que imediatamente se associa àquela categoria social – crianças- é o fato de se tratar de uma realidade humana primeiramente definida pela especificidade dos seus atributos biopsicológicos, os quais, conjugados na abstração de uma idade, vêm a ser passíveis de anexação com outras idades julgadas afins formando grupos etários. São estes grupos etários, cuja reunião se fundamenta nas semelhanças atribuídas, que, partilhando uma mesma idade social e institucional, são unitariamente definidos como grupos de pares [...]. (SARMENTO, 2004, p.68-69).
As singularidades de cada criança (gênero, posição social, entre outras) são neutralizadas como se todas as diferenças e processos sociais fossem direito de todos. No entanto, é sabido, e naturalizado, que há existência de uma hierarquia no grupo. Por meio da observação das crianças durante o jogo simbólico é possível analisar como ocorre a hierarquização dos grupos sociais representados, isto é, o local que cada criança ocupa nessa interpretação inocente das relações sociais. Nesse sentido:
Trata-se, afinal, de retomar os processos de socialização que ocorrem entre crianças para compreender os modos como elas procedem a categorizações que instauram novas desigualdades: i) enquanto comunidade cultural onde mutuamente se identificam como crianças, se pensam a si e aos outros e subscrevem ações e valores tornados patrimônio coletivo; e ii) enquanto grupo social,diferenciando-se em tipos mais particularistas, elas próprias entre si (SARMENTO, 2004, p.70-71).
As crianças desde a Educação Infantil utilizam como critério para escolha de seus pares traços acentuados e semelhantes dos sujeitos como idade e gênero. De acordo com Sarmento (2004, p. 71), é na diversidade que a criança se reconhece enquanto grupo e identifica pelo olhar o que lhe é diferente. Com a intervenção da professora (ou professor) as crianças são capazes de se reconhecerem globalmente como semelhantes, indo além das diferenças, pois enquanto crianças compartilham da mesma identidade “ser e agir como crianças”. Ao reproduzir o mundo adulto as crianças reproduzem também:
[...] os princípios dominantes de classificação do mundo adulto [...] com legendas dicotômicas – pequenos/as ou grandes, velhos/as ou novos/as, altos/as ou baixos/as, bonitos/as ou feios/as - como lhe associam os estereótipos (negativos) e tipos ideais, premiando ainda os diferentes saberes com desiguais poderes (SARMENTO, 2004, p.71).
No entanto, as diferenças entre as crianças serão manifestadas nas práticas sociais que estas estarão envolvidas em seu cotidiano (SARMENTO, 2004). Os fatores econômicos e culturais também estarão impressos nessas práticas por meio de produtos destinados à infância como roupas, brinquedos, doces, etc.
E é aí, portanto, ao nível da ação social e na consistência possível entre aquilo que se mostra e o que é capaz de fazer, entre aquilo que se vê fazer, que são acionados processos de aceitação, negociação, transformação ou repúdio de estereótipos culturais e sociais particulares. Estes, confirmando ou infirmando as crianças em experiências e estilo de vida, gostos e interesses, aparências e comportamentos, mais ou menos “vizinhos” ou mais ou menos “estrangeiros”, podem interferir na constituição de padrões de interação e relação de maior ou menor proximidade, estabilidade com umas e com outras, e, ainda, intervir desigualmente no sucesso das suas iniciativas para procurar outros que não sempre os mesmos, propor-lhes atividades, interpretar a sua linguagem e ações [...] dar corpo aos seus interesses e proteger os seus próprios direitos, ou para ser procurado pelos outros. (SARMENTO, 2004, p.72-73).
Com base na citação acima fica claro que as relações sociais são levadas à escola pelas próprias crianças que reproduzindo o mundo adulto por meio de jogos simbólicos, nas decisões sobre as regras das brincadeiras, na relação com o outro, manifestam-se de acordo com o que interiorizaram do meio em que convivem. Resumidamente pode-se dizer que são nas negociações, que ocorrem durante as brincadeiras, nos jogos simbólicos e na interação com o outro, que as crianças manifestam sua posição social forjada que trazem do universo adulto.
Na Educação Infantil quando as crianças começam a conviver juntas desde tenra idade, manifestando seus gostos, saberes, preferências, etc., estão sendo preparadas para adentrar a mais uma instituição social, ou melhor, estão participando de mais uma instituição rumo a uma nova organização de mundo, agora, o mundo das crianças.
Por meio das semelhanças, identificações e socioafetividade as crianças vão construindo relações de amizades de acordo com “[...] gênero, idade, a classe social e por referência aos contextos das situações [...]” (SARMENTO, 2004, p.77).
Desde pequena, a criança percebe que a amizade é importante, pois relacionar-se para o ser humano é primordial. Está certo que as relações de amizades iniciais podem ser construídas pela intuição, mas mesmo assim, está contida nesta intuição uma atração relacionada às impressões físicas ou semelhantes daquelas que a criança tem contato.
A escola enquanto grupo social
Assim, a escola é uma instituição que faz parte de uma das esferas sociais de convívio mútuo entre os indivíduos. Na escola estão contidas todas as relações que dela se derivam enquanto grupo social (CANDIDO, 1973). “Isto vale dizer que, ao lado das relações oficialmente previstas [...] há outras que escapam à sua previsão, pois nascem da própria dinâmica do grupo social escolar.”(CANDIDO, 1973, p.107).
Cada escola tem suas características especificas de acordo com sua localização, ou seja, o entorno contribui para que as escolas tenham dinâmicas diferentes. Bem como, cada escola tem sua “clientela” e um trabalho desenvolvido para atendê-la. Isto é, na atualidade, as escolas precisam atender às necessidades singulares do público que a frequenta, de acordo com a sociabilidade de cada uma.
Caso, porém, seja capaz de aprender a realidade total da escola, o educador poderá analisar de maneira adequada a realidade de cada escola, que não lhe aparecerá mais como “estabelecimento de ensino” a ser enquadrado nas normas racionais da Legislação escolar, mascomo algo autônomo, vivo no que tem de próprio e por assim dizer único: que requer portanto ajustamento correspondente destas normas, visto como possui outras que devem ser levadas em conta (ANTÔNIO CANDIDO, 1956 apud PEREIRA; FORACCHI, 1973, p.108).
O que foi exposto acima é uma análise sociológica do papel do educador na década de 70, ultrapassando o tempo da constituição da análise, visto que aborda a compreensão do educador sobre as características próprias de cada escola no contexto amplo. Ou seja, dentre o papel que a escola tem a desempenhar num contexto geral, cada escola tem também ações a desenvolver dentro de um contexto singular.
A escola é um grupo social, como já foi exposto, que depende da interação dos seus atores (alunos, professores, gestores, família, e demais funcionários). Cada escola, enquanto grupo social, tem certa autonomia, sendo similar a outras escolas, mas diferentes de outros grupos sociais (ANTÔNIO CANDIDO, 1956 apud PEREIRA; FORACCHI, 1973). Isso quer dizer que os papéis desempenhados pelos diferentes atores deste grupo social dificilmente serão incorporados por outros grupos sociais. Todavia, as escolas conduzem-se por normas de outros grupos sociais (religiosos, de classe, político, etc.), como segue:
[...] no caso do Brasil, ajustadas necessariamente às normas básicas ditadas pelo Poder Público. São, pois, o que Znanieckichama “grupos institucionalizados”, isto é, o que “são essencialmente produto da cooperação dos seus próprios membros, mas cujas funções coletivas, e posições, são parcialmente institucionalizadas por outros grupos sociais”. (ANTÔNIO CANDIDO, 1956 apud PEREIRA; FORACCHI, 1973, p.108).
É estabelecido para escola normas de diferentes grupos sociais (principalmente daqueles que exercem maior influência social) e dentre essas normas é que se estabelecem as relações sociais nesta instituição. No entanto, tendo a escola autonomia e reconhecendo a diferenciação interna e o meio em que está localizada ela pode desenvolver normas e valores internamente. Na atualidade a escola pode desenvolver tal autonomia, visto que outrora a escola estava mais limitada à estrutura social externa.
Faz-se necessário analisar sociologicamente a escola, pois “[...] é preciso adquirir noção adequada não apenas dos aspectos psicológicos do problema, mas do seu significado sociológico” (CANDIDO, 1973, p. 110). Não cabe apenas estudar a sociabilidade é preciso entender as especificidades desta, ou seja, a sociabilidade dos alunos (criança e adolescente) perante os adultos. É preciso dar atenção “[...] aos tipos de agrupamento por eles desenvolvidos; ao mecanismo de seleção dos líderes; dos conflitos com os padrões sociais impostos pela educação, etc” (CANDIDO, 1973, p. 110).
É necessário entender a dinâmica da sociedade e como a escola enquanto grupo social tem lidado com esta. Em seus estudos Candido (1973) tratam dos diferentes aspectos da sociabilidade do educando segundo estudos da Psicologia Social e da Sociologia. Segundo os autores após se ter conhecimento a respeito da sociabilidade da infância e da adolescência pode se partir para uma análise da escola enquanto agrupamento social. Dentre as formas de agrupamento, as que mais têm ligação com a presente pesquisa são: as formas de agrupamento por idade, por sexo e status. Deve-se levar em consideração que a análise de Pereira e Foracchi se deu na década e 70, ou seja, algumas concepções mudaram com o tempo, com a sociedade e as reivindicações dos atores sociais. Quanto ao agrupamento por idade:
Há na escola uma divisão, desde logo verificável, entre o grupo adulto dos educadores [...], de um lado, e educando, de outro. A idade, fator biológico, adquire aqui como noutros grupos significado social, ao funcionar como critério de organização. (CANDIDO, 1973, p. 112).
Neste caso o professor é tido como uma figura de respeito que mesmo exercendo a função ainda jovem o professor é considerado maduro. Pois, a sua idade é uma idade simbólica, em vista da sua experiência cultural que na época representava um padrão dominante na comunidade. Enquanto o aluno, de acordo com a sociabilidade, é tido como imaturo. De acordo com as idades ocorrerão fenômenos de comportamento levando a escola a realizar divisões de acordo com a faixa etária. Este fator ocorre até hoje, pois a escola é dividida de acordo com a faixa etária das crianças (Educação Infantil, Ensino Fundamental I e II e Ensino Médio). Quanto aos grupos de sexo:
Assim como a idade, o sexo adquire um aspecto nitidamente social na medida em que dá lugar a tipos de agrupamento e organização entre os homens. Também os conceitos relativos a ele variam segundo a cultura e o estádio cultural. Sob esse ponto de vista deve-se assinalar que o nosso tempo tem presenciado um fato único em toda a história, a saber: o fim da especialização sexual no que se refere à educação, e particularmente, à instrução. Até este século (não citemos as sociedades primitivas), a instrução dos homens e mulheres preparava-os de modos tão diferentes para papéis sociais tão diversos, que se diriam duas espécies humanas postas em presença. A tendência moderna de unificação dos tipos de ensino encaminhou necessariamente à co-educação, dando lugar a que os dois sexos convivessem na mesma escola, trazendo para a organização desta o reflexo dos seus problemas (CANDIDO, 1973, p. 112).
Meninos e meninas passam a compartilhar da mesma escola e da mesma instrução. Findando-se assim, as escolas destinadas às meninas e as escolas destinadas aos meninos. As meninas agora podiam ter acesso às aprendizagens que não fossem destinadas apenas a desempenhar papéis femininos na fase adulta. Neste período no Brasil, pode-se dizer que o movimento feminista está vivenciando seu apogeu. E sendo a escola uma intuição social não está imune aos acontecimentos e mudanças da sociedade. De acordo com Candido (1973, p. 114) “[...] O período escolar coincide com a revolução biológica que transforma não apenas o nosso corpo, mas, sobretudo o nosso espírito e a nossa sociabilidade.”
A convivência entre os sexos opostos na mesma escola trouxe alguns estranhamentos no sentido da supervalorização do próprio sexo em que o educando desejava integrar-se. (CANDIDO, 1973, p. 114). Algumas vezes, os educandos rejeitavam o sexo oposto a fim de manter-se firme em suas relações de amizades e distanciar possíveis atrações pelo sexo oposto. A competição entre o sexo oposto, bem como, os conflitos que já existiam fora da escola passam a fazer parte do contexto escolar, assim como, tantas outras questões.
Mesmo tendo se passado algumas décadas o estranhamento entre os sexos opostos ainda ocorre. As mulheres continuam lutando por seus direitos e a sociedade persiste em manter certos valores sócio-culturais em que imputa lugares sociais diferentes para cada gênero.Quanto aos grupos de status: “O processo de estratificação se manifesta na escola pelo aparecimento de diferentes status, que dispõem em níveis diversos os membros da sua população” (CANDIDO, 1973, p. 117). Mais uma vez fica nítido que as ocorrências na sociedade vão influenciar suas esferas. O que significa que a escola faz parte de todo o processo de mudança social (melhor ou pior).
As conquistas em prol de equiparação social, o combate ao preconceito, as visões distorcidas sobre a relação de gêneros, o preconceito racial camuflado, enfim, todo esse arcabouço das relações humanas deságua na escola.A escola deixou de representar o papel de instituição disciplinadora e castradora, mas continua exercendo o papel de reprodutora da ordem vigente. Ou seja, esta instituição foi adequando-se às exigências governamentais que por sua vez incluíram em sua pauta reivindicações que se tornaram políticas públicas.
No entanto, ainda há um longo caminho a percorrer no diz respeito às relações sociais. No que se refere às diferenças de gênero, por exemplo, pode-se dizer que as desigualdades entre homens e mulheres ainda continuam acontecendo uma vez que os papéis sociais construídosa partir da identidade de gênero ainda estão associados ao prestígio e sabedoria masculina versus sensibilidade e submissão feminina. Na escola a situação não é diferente. Muitas vezes as meninas são excluídas da participação de atividades em que estejam envolvidos controle e decisão. E esse tipo de exclusão passa despercebida porque já está solidificada socialmente como se fosse algo natural ao gênero feminino.
Uma situação semelhante ocorre com os alunos que apresentam comportamentos destoantes relacionados ao gênero. Ou seja, alunos (seres humanos) que se interessam por pessoas do mesmo sexo - relação homoafetiva, geralmente são estigmatizados pelos colegas explicitamente ou em segredo pelos professores, que nem sempre conseguem lidar com esse tipo de natureza. Esse tipo de comportamento ocorre porque sofremos influência do meio em que vivemos, porque carregamos tipos de comportamentos que nos foram passados como normal, como certos, como únicos ao longo do nosso desenvolvimento humano. E todo comportamento que nos é estranho (mesmo ignorando fatos históricos da presença da homossexualidade em tempos remotos) temos tendência a menosprezá-lo. Conclui-se que a questão sexual é determinada cultural e socialmente, é um fato histórico determinante, conservador e heteronormalizante.
O mesmo ocorre com a discriminação racial, pois tem-se uma grande concentração de afrodescendentes no Brasil, no entanto, ainda estamos caminhando para uma educação e ações governamentais positivas quanto às relações étnico-raciais. Os negros não são representados, assim como, buscam
espaço desde a época em que foram trazidos para o Brasil para servirem como escravos. Em uma sociedade que negros e afrodescendentes são predominantes, contudo é comandada pelos brancos fica difícil discutir o conceito: igualdade.
Não se tem a intenção de aqui separar as etnias, salientar a soberania de uma determinada raça ou fazer apologia a discriminação branca. Pretende-se, neste momento, apenas apresentar que as minorias têm vozes, direitos, liberdade, dignidade e identidade. E que as minorias não são exatamente “as minorias. São colocadas como tal porque não há ainda lugar na sociedade para expressão e participação social desses grupos sem intermédios legais. No entanto, a sociedade está mudando, mesmo a passos lentos, desta forma, não podemos negar que há preconceitos embutidos em muitas ações. Cabe;
[...] não fazer vista grossa para as tensas relações étnico-raciais que “naturalmente” integram o dia-a-dia de homens e mulheres brasileiros; admitir, tomar conhecimento de que a sociedade brasileira projeta-se como branca; ficar atento (a) para não reduzir a diversidade étnico-racial da população a questões de ordem economico-social e cultural; desconstruir a equivocada crença de que vivemos numa democracia racial. E, para ter sucesso em tal empreendimento, há que ter presente as tramas tecidas na história do ocidente que constituíram a sociedade excludente, racista, discriminatória em que vivemos e que muitos insistem em conservar. (SILVA, 2007, p.492-493).
De acordo com Silva (2007), o Brasil sempre foi formado por grupos étnico-raciais diversos desde os povos indígenas que apresentavam línguas, cerimônias, e organização social diferentes até a invasão européia que, posteriormente, trouxe de forma compulsiva os povos africanos para serem escravos. No entanto, os diferentes grupos étnico-raciais até hoje não são aceitos como pertencentes a esta nação.
Discussões sobre os negros e afrodescendentes, indígenas, relação de gêneros, homossexualidade, entre outras, precisam ser abordadas na escola por mais que sejam discussões polêmicas. A escola desempenha papel social e precisa aprender a lidar com as diferentes relações sociais porque no atual contexto histórico os diferentes grupos étnicos, as ditas minorias estão ganhando força e voz.
Ações discriminatórias não podem mais passar despercebidas, mesmo que estejam cravadas na sociedade brasileira é necessário dar o primeiro passo. E ainda:
O desconhecimento das experiências de ser, viver, pensar e realizar de índios, de descendentes de africanos, de europeus, de asiáticos, faz com que ensinemos como se vivêssemos numa sociedade monocultural. Isto nos torna incapazes de corrigir a ilusão da democracia racial, de vencer determinações de sistema mundo centrado em cosmovisão representativa de uma única raiz étnico-racial. Impede-nos de ter acesso a conhecimentos de diferentes origens étnico-raciais, e ficamos ensinando um elenco de conteúdos tido como o mais perfeito e completo que a humanidade já teria produzido. Tornamo-nos incapazes de perceber as vozes e imagens ausentes dos currículos escolares: empobrecidos, mulheres, afro-descendentes, africanos, indígenas, idosos, homossexuais, deficientes, entre outros. (SILVA, 2007, p.499).
As dificuldades que os professores têm em dialogar sobre os povos africanos, talvez se encontre no desconhecimento cultural, econômico e social destes povos. Visto que somos herdeiros de um ensino que coloca como modelo o conhecimento dos europeus. Ou seja, para nós é comum os conhecimentos que os europeus produziram, mas ignoramos que outros povos também produziram conhecimento e têm experiências como os povos que vieram para o Brasil.
A discriminação não ocorre apenas quando maltratam-se as pessoas com palavras ou expressões vexatórias, mas também quando se recusam a aceitar o direito que o outro tem mesmo que a opção, o jeito, a escolha, dele não faça parte da escolha aceita socialmente.
A escola precisa ir além dos estereótipos, desconstruir o preconceito camuflado que existe na nossa sociedade, colocar em xeque a normatividade que oprime os povos, que condena os gêneros, a cultura da desvalorização étnico-racial, não apagar a história dos povos que pertenceram e pertencem à formação da nação brasileira.
Conhencendo e entendendo por meio da BNCC
A Base Nacional Comum Curricular é um documento com normas para as redes de ensino e suas instituições públicas e privadas, referência obrigatória para elaboração dos currículos escolares e propostas pedagógicas para o ensino infantil e ensino fundamental.
Ao acatar a sugestão do MEC de supressão dos termos, o CNE, em resposta a críticas, prometeu aprofundar os debates sobre a temática para expedir, posteriormente, um documento de orientação específico. “Como ficou definido que isto vai ser estabelecido através de uma norma complementar, a norma deve orientar, com base em todas as discussões, a presença das questões de gênero e orientação sexual como orientadores dos currículos das escolas brasileiras”, afirma Cesar Callegari, presidente da comissão de elaboração da BNCC no CNE . Segundo ele, esta norma deve ser construída a partir da convocação de audiências públicas sobre o tema, que, entretanto, ainda não têm previsão de acontecer.
Perguntado sobre o impacto do afastamento de Mendonça Filho do MEC no andamento deste processo, Callegari afirmou que não seria negativo. “O fato dele sair talvez até facilite, porque ele, como chefe do MEC, atuou pesadamente no sentido de que da proposta BNCC fosse extirpada qualquer referência explícita a gênero e orientação sexual – o que é um erro”, pontua. “O Ministério da Educação e o Ministro estão muito afetados pela pressão das milícias fundamentalistas que pretendem proibir que questões como essa sejam tratadas com responsabilidade pelas escolas brasileiras”, completa.
Entretanto, a história demonstra que a sociedade, ao adquirir algum grau de desenvolvimento, conhecendo melhor o organismo, suas enfermidades e tratamentos, trata de normatizar a formação dos médicos e disciplinar o exercício da Medicina. (SOUZA, 2001, p. 39).
1.1
A escola é um ambiente que irá proporcionar as primeiras experências com diferente na vida de uma criança e essas vivências irao refletir o que cada um já trouxe da sua pecularidade familiar, é certo dizer tambem dentro dessa instituição tãorica em diversidade, a criança e o adolescentes vão assimilando valores e padroes de comportamento e se identintificando de uma forma especifica, dentre os conceitos aprendidos e trasmitidos pela cultura, podemos identificar as diferenças de gêneros. 
Nas aulas de Educação físicas essas diferenças ficam ainda mais evidentes é comum observar a predominâcia de alguns esportes como masculinos e outros como feminino, como é por exemplo a pratica de jogos de futibool aos meninos e jogos de “queimadas” as meninas. No entanto apesar de existir essas predominância não somente na escola, mais como num todo na sociedade brasileira, podemos dizer que não existe regras de exclusão ligada ao gêneros dentro do esporte, toda atividade física pode ser desenvovida por ambas os sexos, e que essa decisão da escolha pode está muito atrelada a um conceito de desiguadade.
O professor de Educação Física deve sempe manter um olhar investigador sobre as atividades desenvolvidas nas aulas e o que elas representam para aprendizado e desenvolmento dos alunos. Tendo em vista que existe um conceito já pré estabelecido sobre o esporte e o gêneros, o professor precisa promover discussoes a respeito da igualdade de gêneros, uma das formas de fazer isso é desmitificar a qualidade de masculino ou feminino a uma determinada atividade de esporte, por meio de aulas teóricas e práticas, em que todos possam participar.
É importante que ao participarem das aulas, ambos os sexos tenham direto a mesma proporção de tempo e que se vejam na mesma condição de apredizagem, sendo assim é ideal que o professor esteje como mediador e promovedor de igualdade e esclarecimentos.
 Um dos principains desafios que Educador Físico pode encontrar, é a dificuldade em dismistificar os esteriótipos de masculino e femininos a começar pelo próprio conjunto de professores, existe a resistência por parte de alguns profissionais que veem as atividades físicas com um gênero especifico, nesse casos é necessário que o professor Educador Fisico promova discussoes e apresentações desmostrando que a escolha do esporte está relacionada a aptidão, interesse e que ambos, podem praticar. É interessante também se o profissional fizer um paralelo entre as práticas dos esportes realizados por homem e mulheres a décadas atras e como são essses mesmos esportes na atualidade, tendo com maior objetivo mostrar que as divisões dos gêneros na sociedade vem sendo resultado das mudanças sociais ocorridas ao longo dos anos e que muitos dos conceitos de generos ainda são feitos de forma discriminatória e desigual.
Se por muito tempo o ambiente escolar foi um local de perpetuação de conceitos de desigualdade de gêneros, é ideial que ela reconfigure para se tornar uma promotora de igualdade. Os adolescentes precisam entender que não se trata de quem são os mais fortes, mais rapidos ou melhores em deteminadas atividades, mais sim que as pecularidades dos rapazes e moças so o tornam difentes e de maneira alguma desigual.
 O desenvolmento dos esportes por ambos os sexos, não somente abre caminho para a igualdade de gênero no esporte, como também ambre espaco para discussao do conceito de equidade, se por um todos temos direitos iguais, a promoção dos esportes deve levar consideração que cada um possui uma caracteristica particular e que devem ser respeitadas e entendidas na práticas de toda a atividade física.

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