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Livro_Biologia_Morfologia e Taxonomia de Criptogamas

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Fiel a sua missão de interiorizar o ensino superior no estado Ceará, a UECE, como uma instituição que participa do Sistema Universidade Aberta do Brasil, vem ampliando a oferta de cursos de graduação e pós-graduação 
na modalidade de educação a distância, e gerando experiências e possibili-
dades inovadoras com uso das novas plataformas tecnológicas decorren-
tes da popularização da internet, funcionamento do cinturão digital e 
massificação dos computadores pessoais. 
Comprometida com a formação de professores em todos os níveis e 
a qualificação dos servidores públicos para bem servir ao Estado, 
os cursos da UAB/UECE atendem aos padrões de qualidade 
estabelecidos pelos normativos legais do Governo Fede-
ral e se articulam com as demandas de desenvolvi-
mento das regiões do Ceará. 
M
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Ciências Biológicas
Ciências Biológicas
Jeanne Barros Leal de Pontes Medeiros
Roselita Maria de Souza Mendes
Eliseu Marlônio Pereira de Lucena
Morfologia e Taxonomia 
de Criptógamas 
U
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ComputaçãoQuímica Física Matemática Pedagogia
Artes 
Plásticas
Ciências 
Biológicas
Geografia
Educação 
Física
História
9
12
3
Jeanne Barros Leal de Pontes Medeiros
Roselita Maria de Souza Mendes
Eliseu Marlônio Pereira de Lucena
Bruno Edson Chaves
Morfologia e Taxonomia de 
Criptógamas
Ciências Biológicas
2ª edição
Fortaleza - Ceará
2015
ComputaçãoQuímica Física Matemática PedagogiaArtes Plásticas
Ciências 
Biológicas
Geografia
Educação 
Física
História
9
12
3
Editora da Universidade Estadual do Ceará – EdUECE
Av. Dr. Silas Munguba, 1700 – Campus do Itaperi – Reitoria – Fortaleza – Ceará
CEP: 60714-903 – Fone: (85) 3101-9893
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Direção do CCS/UECE
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Coordenadora da Licenciatura em Ciências Biológicas
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Coordenadora de Tutoria e Docência em Ciências 
Biológicas
Roselita Maria de Souza Mendes
Editor da EdUECE
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Coordenadora Editorial
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Projeto Gráfico e Capa
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Revisor Técnico
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Revisora Ortográfica
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Conselho Editorial
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Eduardo Diatahy Bezerra de Menezes
Emanuel Ângelo da Rocha Fragoso 
Francisco Horácio da Silva Frota
Francisco Josênio Camelo Parente
Gisafran Nazareno Mota Jucá
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Liduina Farias Almeida da Costa
Lucili Grangeiro Cortez
Luiz Cruz Lima
Manfredo Ramos
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Marcony Silva Cunha
Maria do Socorro Ferreira Osterne
Maria Salete Bessa Jorge
Silvia Maria Nóbrega-Therrien
Conselho Consultivo
Antônio Torres Montenegro (UFPE)
Eliane P. Zamith Brito (FGV)
Homero Santiago (USP)
Ieda Maria Alves (USP)
Manuel Domingos Neto (UFF)
Maria do Socorro Silva Aragão (UFC)
Maria Lírida Callou de Araújo e Mendonça (UNIFOR)
Pierre Salama (Universidade de Paris VIII)
Romeu Gomes (FIOCRUZ)
Túlio Batista Franco (UFF)
Editora Filiada à
M488m Medeiros, Jeanne Barros Leal de Pontes.
Morfologia e taxonomia de criptógamas / Jeanne Barros Leal de
Pontes Medeiros, Roselita Maria de Souza Mendes, Eliseu Marlônio 
Pereira de Lucena . – 2. ed. – Fortaleza : EdUECE, 2015.
163 p. : il. ; 20,0cm x 25,5cm. (Ciências Biológicas)
Inclui bibliografia.
ISBN: 978-85-7826-353-9
1. Morfologia – Biologia. 2. Taxonomia – Biologia. 3. Sistemática
vegetal – Biologia. 4. Fungos. 5. Protistas. 6. Briófitas. 7. Pteridófitas. 
I. Mendes, Roselita Maria de Souza. II. Lucena, Eliseu Marlônio 
Pereira de. III. Título.
CDD 571.3
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Sistema de Bibliotecas
Biblioteca Central Prof. Antônio Martins Filho
Francisco Welton Silva Rios – CRB-3 / 919
Bibliotecário
Sumário
Apresentação .................................................................................................... 5
Capítulo 1 – Sistemática Vegetal ..................................................................... 7
1. Classificação dos grandes grupos de vegetais ..............................................9
2. Regras de nomenclatura ................................................................................ 11
3. Os sistemas de classificação .........................................................................12
4. Chaves de identificação .................................................................................13
5. Herbário ...........................................................................................................14
6.Coleta e herborização de plantas ...................................................................15
6.1. Material de coleta .....................................................................................15
6.2. Orientações importantes .........................................................................16
6.3. Coleta de algas ........................................................................................18
6.4. Coleta de fungos macroscópicos ...........................................................20
Capítulo 2 – Fungos ........................................................................................31
1. Características gerais dos fungos .................................................................33
2. Morfologia ........................................................................................................34
2.1. Fungos filamentosos ................................................................................34
2.2. Fungos leveduriformes ............................................................................35
3. Nutrição e crescimento ...................................................................................36
4. Reprodução .....................................................................................................36
5. Aspectos ecológicos e econômicos...............................................................38
6. Classificação ...................................................................................................39
7. Os grandes grupos de fungos ........................................................................40
7.1. Filo Microsporidia .....................................................................................40
7.2. Filo Chytridiomycota ................................................................................41
7.3. Filo Neocallismatigomycota e Basidiomycota ........................................43
7.4. Filo Zygomyccota .....................................................................................437.5. Filo Glomeromycota .................................................................................46
7.6. Filo Ascomycota .......................................................................................48
7.7. Filo Basidiomycota ...................................................................................53
8. Relaçoes Simbióticas ......................................................................................62
8.1. Liquens .....................................................................................................62
8.2. Micorrizas .................................................................................................64
Capítulo 3 – Protista ........................................................................................71
1. Reino Protista ..................................................................................................73
2. Protistas fotossintetizantes .............................................................................75
2.1. Filo Euglenophyta ....................................................................................75
2.2. Filo Dinophyta ..........................................................................................77
2.3. Filo Bacillariophyta ...................................................................................81
2.4. Filos Cryptophyta, Haptophyta e Chrysophyta ......................................85
2.5. Filo Chlorophyta .......................................................................................86
2.6. Filo Rhodophyta .......................................................................................98
2.7. Filo Phaeophyta .....................................................................................101
3.Protistas heterotróficos ..................................................................................109
3.1. Filo Oomycota ........................................................................................109
3.2. Filo Mixomycota .....................................................................................110
3.3. Filo Dictyosteliomycota .......................................................................... 111
Capítulo 4 – Briófitas .....................................................................................117
1. Reino Plantae ................................................................................................119
1.1. Colonização do meio terrestre ..............................................................120
2. Características gerais das briófitas ..............................................................121
3. Classificação das briófitas ............................................................................123
3.1. Filo Hepatophyta ....................................................................................123
3.2. Filo Anthocerophyta ...............................................................................127
3.3. Filo Bryophyta ........................................................................................128
Capítulo 5 – Pteridófitas ...............................................................................137
1. Pteridófitas x Briófitas ....................................................................................139
2. Organização das plantas vasculares ...........................................................141
3. Filos Extintos ..................................................................................................142
3.1. Filo Rhyniophyta ....................................................................................142
3.2. Filo Zosterophyllophyta ..........................................................................143
3.3. Filo Trimerophyta ....................................................................................143
4. Filos atuais .....................................................................................................143
4.1. Filo Lycopodiophyta ...............................................................................143
4.2. Filo Pteridophyta ....................................................................................146
4.3. Importância econômica .........................................................................155
Sobre os autores............................................................................................163
Apresentação 
Você já parou para pensar em como a Botânica está presente no seu dia-a-dia? 
Do feijão que você come às folhas do seu caderno, passando pelas áreas de 
lazer, somos dependentes dos vegetais; e já éramos antes mesmo de termos 
essa percepção.
Este livro apresenta, como foco principal, ao longo de 5 capítulos de 
abordagem fácil e integrada, o estudo de alguns grupos Botânicos: fungos, 
protistas, briófitas e pteridófitas.
Inicialmente, abordamos as características gerais do grupo e sua clas-
sificação. A partir daí, são apontadas as particularidades dos principais filos, 
chamando a atenção para os tipos de reprodução existentes, bem como para 
a importância econômica e ecológica desses organismos.
Dedicamos o primeiro capítulo à Sistemática Vegetal, demonstrando, 
em breves palavras, sua importância, apresentando as normas de nomen-
clatura botânica e as técnicas e instrumentos utilizados na coleta de fungos, 
algas, briófitas e pteridófitas, alvos de estudo desse material.
O capítulo 2 traz informações gerais acerca dos fungos, seres estuda-
dos tradicionalmente dentro da Botânica, porém detentores de características 
próprias e singulares no mundo vivo.
O capítulo 3 apresenta um mundo novo, muito diversificado e cheio de 
curiosidades, o Reino Protista. Na verdade, esse reino inclui membros bas-
tante distintos entre si, dotados de particularidades que os tornam diferentes 
dos animais, vegetais ou fungos. Nesta unidade, iniciamos uma viagem por 
mundos invisíveis, formas incomuns e por uma infinidade de termos botânicos.
O capítulo 4 é dedicado às briófitas, que compreendem vegetais terres-
tres bastante simples, conhecidos popularmente como “musgos”. Apresenta-
mos seus aspectos gerais e, em seguida, detalhamos as características parti-
culares de hepáticas, musgos e antóceros.
No último capítulo, apresentamos a organização das plantas vasculares, 
com ênfase nas pteridófitas, que incluem as samambaias, plantas de grande 
valor ornamental, relacionando seus aspectos reprodutivos e ecológicos.
Esperamos que, ao final deste livro, você possa enxergar a vida com no-
vos olhos, prestando atenção nos mais maravilhosos detalhes relacionados às 
criptógamas, parte deste diversificado mundo de formas e cores: o planeta Terra.
Os autores
CapítuloCapítulo 1
Sistemática Vegetal
Capítulo 1Capítulo 1
9Morfologia e Taxonomia de Cripitógamas
Objetivos
l Demonstrar a importância da Sistemática Vegetal e suas relações com ou-
tras ciências.
l Apresentar as principais normas de nomenclatura botânica.
l Relacionar técnicas para a coleta de fungos, algas, briófitas e pteridófitas.
l Mostrar instrumentos utilizados na coleta e na identificação de material botânico.
1. Classificação dos grandes grupos de vegetais
A diversidade existente no planeta é um fato bastante evidente que pode ser 
constatado por qualquer um de nós ao prestar um pouco mais de atenção ao 
mundo que nos cerca. Diante dessa constatação, a história nos mostra que vá-
rias tentativas de classificação têm sido propostas por sistematas ao longo dos 
tempos, sempre sendo revisadas ou substituídas por sistemas mais adequados 
às novas descobertas da ciência, associadas aos momentos históricos vigentes.
A Sistemática ou Taxonomia Vegetal é um ramo da Biologia Vegetal que 
estuda a diversidade das plantas com base na variação morfológica e nas 
relações evolutivas, produzindoum sistema de classificação, o qual permite 
estabelecer uma identificação ideal para as plantas.
Podemos dizer ainda que é a parte da Botânica que tem por finalidade 
agrupar as plantas dentro de sistemas, levando em consideração suas carac-
terísticas internas e externas, suas relações genéticas e afinidades. 
Muitos autores consideram os termos sistemática e taxonomia como si-
nônimos, mas outros acreditam que a taxonomia é a ciência que elabora as 
leis da classificação, enquanto a sistemática se relaciona à classificação dos 
seres vivos, a qual é baseada em três etapas: a identificação, a nomenclatura 
e a classificação.
A identificação compreende à constatação de um táxon1 como idêntico 
ou semelhante a outro já conhecido, através da utilização de chaves analíticas 
e pela comparação de material herborizado identificado.
A nomenclatura se refere ao emprego correto dos nomes às plantas 
baseado em um conjunto de princípios, regras e recomendações aprovados 
em Congressos Internacionais de Botânica e publicados em um Código Inter-
nacional de Nomenclatura Botânica (Figura 1).
1Táxon é o termo aplicado 
para determinar as diversas 
unidades taxonômicas de 
níveis hierárquicos diferentes 
ou categorias. Ex: Família = 
categoria/ Araceae = táxon.
10
MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, M. R. S, BRITO, LUCENA. E. M .P. CHAVES, B. E.
Figura 1 – Código Internacional de Nomenclatura Botânica (edição 2006).
Fonte: http://www.virtuastore.com.br/produtos/3868/vs_codigointernacionaldenomenclaturabotanica.jpg
A classificação é a ordenação das plantas em taxa, em que cada es-
pécie pertence a um gênero, cada gênero pertence a uma família. As famílias 
estão subordinadas a uma ordem, as ordens a uma classe e cada classe a 
uma divisão ou filo.
A necessidade de classificar as espécies existentes levou ao surgimen-
to de nomes científicos, que, uma vez utilizados, possibilitariam uma lingua-
gem universal. Dessa forma, inicialmente, as plantas eram designadas por po-
linômios, que foram substituídos por binômios após a classificação proposta 
por Carl Linné (1707 - 1778) - Figura 2.
A classificação binomial conseguiu, de uma vez por todas, nomear as 
plantas de forma eficiente, por meio da utilização de apenas duas palavras, 
sendo a primeira referente ao gênero (substantivo) e a segunda, à espécie 
(adjetivo). Por exemplo, Penicillium notatum é composto pelo gênero Peni-
cillium e o epíteto específico notatum. No sistema de nomenclatura binária, 
todas as palavras são escritas em latim, pois é língua morta não passível de 
sofrer alterações.
11Morfologia e Taxonomia de Cripitógamas
Figura 2 – Retrato de Carl Linné.
Fonte: http://www.postmuseum.posten.se/img/linne_brevskr_s.jpg
2. Regras de nomenclatura
O Código Internacional de Nomenclatura Botânica permite a estabilidade das 
denominações científicas, de modo a impedir que os nomes empregados te-
nham sentido ambíguo. Nesse documento, estão os preceitos que regem a 
utilização de terminologia adequada à designação dos grandes grupos vege-
tais que compreendem princípios, regras e recomendações necessárias. 
Os códigos são revistos periodicamente durante os Congressos Inter-
nacionais de Botânica, realizados a cada seis anos. Cada nova edição anula 
as anteriores.
Seis princípios constituem a base do documento oficial:
1. A nomenclatura botânica é independente da zoológica;
2. A aplicação de nomes é determinada por tipos nomenclaturais;
3. A nomenclatura de um grupo taxonômico baseia-se na prioridade de publicação;
4. Cada táxon tem apenas um nome válido;
5. Independente de sua origem, os nomes dos táxons são tratados com no-
mes latinos;
6. As regras de nomenclatura são retroativas, salvo indicação contrária.
12
MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, M. R. S, BRITO, LUCENA. E. M .P. CHAVES, B. E.
As regras são organizadas em artigos e objetivam ordenar os nomes 
já existentes e orientar a criação de novos nomes. As recomendações tratam 
de assuntos subsidiários e buscam dar maior clareza à nomenclatura, pre-
venindo futuros equívocos. Como esclarecimentos adicionais, existem ainda 
as notas e os exemplos, que contêm explicações relacionadas aos artigos e 
exemplos ilustrativos para as regras e recomendações.
As principais regras de nomenclatura botânica são:
l O nome científico é sempre um binômio;
l Gênero e espécie não têm terminações fixas;
l A primeira palavra do binômio científico corresponde ao gênero e deve ser 
escrito com letra inicial maiúscula. A segunda palavra corresponde ao epíte-
to específico e deve concordar gramaticalmente com o gênero e ser escrito 
com letra inicial minúscula.
l O nome da espécie deve ser acompanhado do nome do autor. Nomes de 
autores podem ser abreviados, mas não de maneira aleatória, pois, para, 
isso existem normas específicas;
l No caso de haver mais de um nome para designar uma espécie, vale o prin-
cípio da prioridade, devendo ser utilizado o nome mais antigo, e os demais 
serão considerados sinônimos;
l Quando uma espécie muda de gênero, o nome do autor do primeiro nome 
dado a uma espécie deve ser citado entre parênteses, seguido pelo nome 
do autor que fez a nova combinação. Ex.: Tabebuia alba (Cham.) Sadw.; 
basiônimo: Tecoma alba Cham.;
l Todo nome científico deve aparecer destacado no texto e ser grifado em itálico; 
l Subespécies ou variedades devem ser citadas, como: Prumus persica var 
persica Prumus persica var. nectarina.
3. Os sistemas de classificação
A identificação das plantas deve ser o primeiro passo para o seu ordenamento 
em grupos, segundo a estruturação de determinados sistemas de classifica-
ção. Ao longo da história, diversos sistemas de classificação foram propostos 
e servem como base para que possamos compreender as fases do desenvol-
vimento da taxonomia vegetal, sempre associadas ao nível tecnológico e às 
crenças de suas épocas. Considerando as ideias dominantes e os métodos 
adotados, é possível estabelecer dois grandes períodos da classificação ve-
getal: Período Descritivo2 e Período de Sistematização3. Já os sistemas de 
classificação podem ser artificiais, naturais ou filogenéticos. 
3O Período de Sistematização 
compreende os sistemas 
artificiais, baseados no hábito 
das plantas, e os sistemas 
naturais, que se baseavam na 
morfologia externa das plantas, 
surgidas no Século XVIII.
2Período Descritivo era 
baseado na aparência 
das plantas, que eram 
divididas em árvores, 
arbustos, subarbustos e 
ervas. A organização em 
grupos naturais resultou em 
classificações imprecisas do 
ponto de vista evolutivo.
13Morfologia e Taxonomia de Cripitógamas
Os primeiros sistemas de classificação eram considerados artificiais por-
que se baseavam num único caráter da planta. Como exemplo clássico, temos o 
sistema sexual de Lineu, fundamentado no número e na disposição dos estames. 
Esse sistema era bastante falho, pois plantas inteiramente diferentes eram agru-
padas numa mesma classe porque apresentavam o mesmo número de estames.
Com o avanço dos conhecimentos botânicos, muitas mudanças começa-
ram a surgir e os novos sistemas propostos foram chamados de sistemas naturais, 
os quais eram baseados na afinidade natural das plantas, por meio do estudo da 
organização do vegetal, buscando a organização das plantas em grupos que pos-
suíssem plantas semelhantes. Podemos aqui exemplificar com o Sistema de Jus-
sieu, que buscava organizar as plantas em função do seu número de cotilédones.
Com o surgimento das ideias de Darwin, aparece a ideia de filogenia, e 
os sistemas passam a se basear nas relações evolutivas, levando em consi-
deração tanto as plantas atuais, como aquelas de outras eras geológicas. Em 
síntese, o sistema filogenético se baseia na teoria evolutiva, classificando os 
organismos com base nas modificações de seus caracteres. Um bom exem-
plo foi o sistema propostopor Eichler (1883), que dividiu o reino vegetal em 
Phanerogamae e Criptogamae.
A classificação de todos os seres vivos é dinâmica e está sujeita a mo-
dificações constantes, em função de novas descobertas científicas, e a refor-
mulações de antigos conceitos. Entretanto, muitas modificações propostas 
nem sempre são aceitas pela comunidade científica. Assim, ainda hoje, os 
pesquisadores buscam melhores formas de agrupar os vegetais da forma 
mais coerente do ponto de vista evolutivo, lançando mão de novas técnicas 
bastante precisas, como a biologia molecular. No entanto, ainda não foram 
capazes de produzir uma resposta final para a questão da classificação.
A Taxonomia Vegetal é um dos ramos mais antigos do conhecimento 
científico e está relacionada à ordenação da diversidade vegetal, de acor-
do com a interpretação de dados para a reconstrução da realidade evolutiva. 
Dessa forma, a Taxonomia Vegetal precisa de informações produzidas por 
outras ciências, como Paleontologia, Anatomia e Morfologia Vegetal Embrio-
logia, Fitogeografia, Química, Genética, Bioquímica e Biologia Molecular, para 
que possa reconstituir, da maneira mais próxima da realidade, as relações 
filogenéticas existentes entre os grandes grupos vegetais.
4. Chaves de identificação
As chaves de identificação são bastante úteis na identificação de plantas des-
conhecidas e se constituem em um arranjo analítico artificial de um conjunto 
de caracteres marcantes, facilmente reconhecíveis nos espécimes examina-
dos, a partir do qual é possível a escolha entre duas proposições contraditórias.
14
MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, M. R. S, BRITO, LUCENA. E. M .P. CHAVES, B. E.
Normalmente, as chaves são constituídas por um conjunto de proposi-
ções contraditórias, estruturadas dicotomicamente para facilitar seu manuseio. 
As características presentes em uma chave podem ser relacionadas apenas 
a plantas da flora regional ou abranger vegetais distribuídos mundialmente, o 
que determina o caráter de abrangência do instrumento. Há também chaves 
próprias para identificar plantas em nível de família, gênero ou espécie, e, por-
tanto, o êxito do trabalho depende da escolha adequada ao objetivo pretendido.
Para a identificação de plantas desconhecidas, podem ser utilizadas 
publicações sobre a flora de estados, de regiões ou de unidades políticas me-
nores que possuam chaves e descrições botânicas, como:
1. Fonte de informações sobre a flora brasileira; 
2. Flora Neotropica, NYBG; 
3. Flora Brasiliensis (séc. 18 - 19) P. Martius <//florabrasiliensis.cria.org.br>, 
<www8.ufrgs.br/taxonomia; Links>; 
4. Flora Brasilica (séc. 20) F.C. Hoehne; 
5. Flora Catarinense, Herbário Barbosa Rodrigues; 
6. Flora Rizzo, Universidade Federal de Goiás; 
7. Flora do Rio Grande do Sul, UFRGS; 
8. Flora Fluminensis, Flora da Guanabara, JBRJ; 
9. Flora da Reserva Ecológica de Macaé de Cima, JBRJ; 
10. Flora da Reserva Ducke, INPA; 
11. Flora da Serra do Cipó, MG, Bol. USP; 
12. Flora da Ilha do Cardoso, SP, Acta bot. bras., Bol. USP, Rev. Bras. Bot.; 
11. Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo <www.bdf.fat.org.br/florasp>; 
 Ou ainda por meio de trabalhos publicados em fontes de informação, como:
1. Biological abstract <www.periodicos.capes.gov.br> ;
2. Index to American Botanica l Literature <www.nybg.org/science2>, Re-
sources, Index.; 
3. CNIP – Centro Nordestino de Informações sobre Plantas, UFPE; 
4. Taxonomia do Brasil – “Especialistas”, “Táxons em estudo” <www8.ufrgs.
br/taxonomia>; 
5. Teses brasileiras <www.ibict.br>. 
5. Herbário
Herbários (Figura 3) são coleções de plantas compostas por amostras desi-
dratadas conservadas segundo técnicas específicas, chamadas exsicatas, e 
consistem em bancos de informações sobre a flora existente no planeta. 
15Morfologia e Taxonomia de Cripitógamas
Essas coleções são importantes, pois possibilitam a identificação de 
espécimes provenientes de trabalhos científicos e técnicos a partir de exsica-
tas registradas, fornecendo dados muito importantes para o estudo florístico 
de determinadas regiões, bem como para a busca de informações sobre o 
estado de conservação de determinadas áreas.
Herbários são fundamentais, portanto, para o desenvolvimento de tra-
balhos de conservação e de monitoramento ambiental; o conhecimento da 
flora para fins de alimentação, de apicultura, de paisagismo e de medicinais; e 
para a reconstituição paleoecológica de uma região.
Os herbários podem ser coleções que refletem a flora de uma região ou 
podem abrigar espécies do mundo inteiro, quando servem como referência 
para estudos mais abrangentes, propiciando o diálogo entre cientistas das 
diferentes áreas do conhecimento e das diferentes regiões do planeta.
Os herbários são centros de identificação botânica que atendem as se-
guintes finalidades:
l Fornecem dados à taxonomia botânica;
l Auxiliam e validam pesquisas nas áreas de botânica, anatomia, ecologia, 
palinologia, genética, ecologia, química e etnobotânica;
l Documentam a vegetação de uma região;
l Ajudam a reconstituir as informações sobre a flora original de uma 
área degradada;
l Colaboram com estudos sobre a relação evolutiva entre plantas e animais;
l Promovem o diálogo entre pesquisadores do mundo todo e o intercâmbio de 
material botânico entre herbários;
l Proporcionam a formação continuada de botânicos, por meio de está-
gios oferecidos;
l Promovem o estudo florístico e a revisão de novos taxa;
l Prestam assessoria técnica aos cursos de pós-graduação na identificação 
de amostras relacionadas à elaboração de monografias, teses e disserta-
ções, bem como à sociedade como um todo.
6. Coleta e herborização de plantas
6.1. Material de coleta
Para a entrada de plantas em um herbário, são necessários diversos procedi-
mentos que passam pela coleta adequada de material botânico, pela prensa-
gem, pela secagem, pela identificação e pela montagem do material botânico, 
que consistem em etapas importantíssimas para o resultado final das amos-
tras que farão parte do acervo de uma coleção.
16
MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, M. R. S, BRITO, LUCENA. E. M .P. CHAVES, B. E.
Para tanto, o seguinte material é indispensável:
l Tesoura de poda/facão/podão;
l Prensa de madeira (Figura 3);
l Papelões de espessura dupla e jornais;
l Cordas, cordões grossos ou cintas com fivelas para amarração;
l Fichas de identificação e a caderneta de campo. 
Figura 3 – Modelo de prensa de madeira utilizada na preparação de material botânico.
Fonte: http://www.forestry-suppliers.com/images/500/5288_w5.jpg
6.2. Orientações importantes
l Para que o material possa ser identificado adequadamente, devem ser co-
letados, preferencialmente, ramos férteis (Figura 4), contendo flores e/ou 
frutos, no caso de fanerógamas, ou esporos, no caso de criptógamas;
l As amostras devem ser coletadas em número suficiente (no mínimo 5) 
para o trabalho de identificação, bem como para a permuta entre herbários, 
considerando sempre o polimorfismo existente entre as populações e, até 
mesmo, em um único indivíduo;
l Alguns dados são fundamentais e devem ser registrados em uma caderneta 
e nas fichas de campo (Figura 5);
l Os ramos coletados devem ser prensados4 ainda no campo, para que sejam 
conservadas ao máximo as suas características botânicas;
l No caso das briófitas, as amostras coletadas devem ser acondicionadas em 
caixas plásticas, devido a sua fragilidade;
l Para a prensagem, o procedimento é: coloca-se a grade de madeira e, em 
cima dela, um papelão e as folhas de jornal contendo um ramo com sua res-
pectiva ficha de campo; em seguida, coloca-se outro papelão e outra amos-
tra (e assim sucessivamente). Ao final, o material é fechado com a outra 
grade de madeira;
l Para fechar o material preparado, faz-se a amarração com cordas;
l As prensas contendo o materialcoletado devem ser desidratadas em estufa, 
ou podem aproveitar o calor do sol, mas, nesse caso, o jornal deve ser tro-
cado diariamente, para evitar a proliferação de fungos;
l Uma vez desidratadas, as amostras deverão ser costuradas com linha de 
algodão em cartolina branca (41 cm alt. x 31 cm larg., 180 gr/m2), envolvidas 
por papel madeira ou kraft ouro (41 cm alt. x 62 cm larg, 80 gr/m2) dobrado 
ao meio;
l As exsicatas devem ser armazenadas em armários e organizadas segundo 
sistema de classificação vigente;
l As briófitas desidratadas devem ser guardadas em envelopes de papel man-
teiga, com suas devidas fichas de identificação, e colocadas em armários 
com bandejas deslizantes.
Figura 4 – Exemplo de exsicata de uma angiosperma.
Fonte: http://www.unisinos.br/_diversos/laboratorios/plantas medicinais/_imagens/galeria_05.jpg
4A prensagem consiste 
em colocar as plantas 
coletadas em uma prensa 
bem apertada, para que os 
exemplares dessecados não 
fiquem enrugados.
17Morfologia e Taxonomia de Cripitógamas
pectiva ficha de campo; em seguida, coloca-se outro papelão e outra amos-
tra (e assim sucessivamente). Ao final, o material é fechado com a outra 
grade de madeira;
l Para fechar o material preparado, faz-se a amarração com cordas;
l As prensas contendo o material coletado devem ser desidratadas em estufa, 
ou podem aproveitar o calor do sol, mas, nesse caso, o jornal deve ser tro-
cado diariamente, para evitar a proliferação de fungos;
l Uma vez desidratadas, as amostras deverão ser costuradas com linha de 
algodão em cartolina branca (41 cm alt. x 31 cm larg., 180 gr/m2), envolvidas 
por papel madeira ou kraft ouro (41 cm alt. x 62 cm larg, 80 gr/m2) dobrado 
ao meio;
l As exsicatas devem ser armazenadas em armários e organizadas segundo 
sistema de classificação vigente;
l As briófitas desidratadas devem ser guardadas em envelopes de papel man-
teiga, com suas devidas fichas de identificação, e colocadas em armários 
com bandejas deslizantes.
Figura 4 – Exemplo de exsicata de uma angiosperma.
Fonte: http://www.unisinos.br/_diversos/laboratorios/plantas medicinais/_imagens/galeria_05.jpg
4A prensagem consiste 
em colocar as plantas 
coletadas em uma prensa 
bem apertada, para que os 
exemplares dessecados não 
fiquem enrugados.
18
MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, M. R. S, BRITO, LUCENA. E. M .P. CHAVES, B. E.
FICHA DE CAMPO
Nome Científico:
Fam.: Nome vulgar:
Coletor (es): N°: Data:
Determinador e Data: Material coletado:
Altitude: Latitude (S): Longitude (W): País:
Estado: Município: Distrito:
Local: Vegetação:
Altura: DAP: Solo: Hábito:
Casca: ( )espinhos ou acúleos ( )protuberâncias ( )com depressão ( )lenticelas 
aparência: ( )lisa ( )rugosa ( )suja ( )áspera ( )reticulada ( )estriada ( )fissurada ( )fendida ( )cancerosa 
desprendimento: ( )em escamas ( )em placas ( )em papel 
 
Exsudato: ( )seiva ( )látex ( )resina ( )goma cor: 
Indumento: pilosidade cor ( ) ramos ( )folhas ( )inflorescências
Folhas: consistência ( )cartácea ( )membranácea ( )coriácea ( )carnosa
Flores: cor cálice corola odor GR 
Frutos: ( )carnosos ( )seco cor odor ( )deiscentes ( )indeiscentes
Sementes: cor odor cor do arilo 
Amostra da madeira: ( )sim ( )não N° Obs.:
Observações:
Figura 5 – Modelo de ficha de campo para coletas botânicas.
Fonte:http://www.fazendadocerrado.com.br/fitoviva/HERBORIZA%C3%87%C3%831.doc
6.3. Coleta de algas
Para que você possa coletar algas bentônicas, será necessário o seguinte material:
l Balde com tampa hermética de pelo menos três litros;
l Sacos plásticos para coleta de tamanhos variados (30 x 24 cm; 15 x 12 cm); 
l Sacos de lixo de 20 litros;
l Ligas para fechar os sacos;
l Etiquetas retangulares de papel vegetal;
l Canivete;
l Luvas cirúrgicas para manipular formol;
l Lupa de mão;
l Caderneta de campo;
l Caneta permanente;
l Fita adesiva para identificar os baldes;
l Câmera fotográfica.
19Morfologia e Taxonomia de Cripitógamas
Dicas Importantes:
l Quando for coletar algas, retire somente o material necessário para os estu-
dos no laboratório. 
l Use lupa de mão para observar o material;
l Após fazer o reconhecimento de campo, selecione plantas inteiras, com 
apressório, bem desenvolvidas e férteis sempre que possível;
l Para retirar as amostras do substrato, segure a planta com a mão esquerda 
e, com a direita, introduza um canivete entre o apressório e o substrato, para 
que o exemplar saia por inteiro;
l Terminada a coleta, todo o material deverá ser lavado em água salgada para 
a completa retirada de fragmentos;
l As algas devem ser separadas por grupos e colocadas em sacos adequa-
dos ao seu tamanho. Feito isso, devem ser guardadas em ambiente úmido;
l Todos os sacos devem ser identificados ao nível de Filo;
l O material coletado deve ser etiquetado como fichas de papel vegetal com 
as seguintes informações: nome do coletor; local e data da coleta; altura em 
relação ao nível da água; cor; observações pertinentes;
l O material deve ficar protegido da luz solar até ser fixado;
l Coloque a quantidade de solução necessária para cobrir as algas nos sacos e 
guarde o material protegido do sol, até que seja finalmente levado ao laboratório;
l No laboratório as algas devem ser esticadas em cartolina com o auxílio de 
um pincel, dentro de bandejas plásticas com um pouco da solução em que 
estavam imersas;
l Quando as amostras estiverem prontas, deve-se virar, com cuidado, a ban-
deja, assim a alga irá ficar grudada no papel;
l Retire a folha contendo a alga e realize o mesmo procedimento indicado 
para a herborização de plantas, organizando as amostras em prensas para 
posterior desidratação;
Para coletar algas planctônicas, utiliza-se uma rede especial de malha 
reduzida (Figura 6) que deve ser jogada dentro de um corpo d’ água. Essa 
rede deve ser arrastada delicadamente sobre a superfície da água em local 
calmo por aproximadamente 10 - 15 minutos, com cuidado para não passá-la 
junto ao fundo, pois isso pode acarretar a coleta de areia.
Após a coleta, o líquido preso no frasco localizado na porção terminal 
da rede deve ser cuidadosamente transportado para outros frascos destina-
dos à fixação e ao transporte do plâncton obtido.
20
MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, M. R. S, BRITO, LUCENA. E. M .P. CHAVES, B. E.
Figura 6 – Rede especial para a coleta de algas planctônicas.
Fonte: bit.ly/1m53tfh
6.4. Coleta de fungos macroscópicos
l Para a coleta de fungos, devem ser considerados todos os fungos observa-
dos durante o percurso; 
l Para a retirada dos fungos dos seus respectivos substratos, devem ser utili-
zadas facas pequenas ou canivetes;
l Os corpos de frutificação retirados devem ser colocados em envelopes de 
papel ou em caixas de papelão, dependendo da sua consistência (carnosa 
ou membranosa);
l Todos os dados relativos à coleta devem ser anotados em fichas e cadernetas 
de campo (data, localização da coleta, tipo de substrato, dimensões, coloração);
l Ao final, os corpos de frutificação devem ser levados ao laboratório para que 
sejam desidratados em estufa a 50 ˚C, durante o período de aproximada-
mente 24 a 48 horas; 
21Morfologia e Taxonomia de Cripitógamas
l As amostras desidratadas devem ser colocadas emfreezers por cerca de 
três dias para eliminar espécies de organismos que possam danificar as 
estruturas do corpo de frutificação.
Síntese da Capítulo
A Sistemática compreende o estudo da diversidade biológica com o objetivo 
de compreender as relações filogenéticas existentes entre os seres que com-
põem o mundo vivo. Para tanto, a Sistemática se utiliza da Taxonomia, que 
é responsável pela identificação, denominação e classificação de espécies. 
Atualmente, a classificação biológica se baseia em um sistema binomial 
de nomenclatura, no qual os nomes científicos são formados por duas pala-
vras: gênero e espécie. As espécies são agrupadas em gêneros, os gêneros 
em famílias, as famílias em ordens, as ordens em classes, as classes em filos, 
os filos em reinos e os reinos em domínios. 
Para a identificação de plantas, são realizadas coletas e utilizados 
instrumentos de identificação como chaves botânicas. Além disso, existem 
acervos botânicos que servem como referência ao trabalho de identificação 
denominados herbários. 
Para a compreensão da diversidade no reino vegetal e protista, são ne-
cessários estudos botânicos baseados em metodologia específica para cada 
grupo em questão. Assim, pteridófitas são coletadas e herborizadas diferente-
mente de briófitas, algas e fungos, mas de maneira semelhante ao que acon-
tece nas fanerógamas.
Atividades de avaliação
1. Diferencie os termos taxonomia e sistemática.
2. Qual a grande mudança implementada pelo Sistema Binomial de Nomen-
clatura?
3. Diferencie os termos abaixo:
 a) Categoria e táxon;
 b) Cladograma e árvore filogenética;
 c) Monofilético e polifilético
 d) Órgãos homólogos e análogos.
22
MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, M. R. S, BRITO, LUCENA. E. M .P. CHAVES, B. E.
4. Por que podemos afirmar que a origem de semelhanças e diferenças em or-
ganismos constitui uma questão de grande importância para a sistemática?
5. O que significa dizer que o conjunto de todos os organismos vivos forma um 
conjunto monofilético?
6. Por que podemos dizer que as categorias taxonômicas são grupos hierár-
quicos artificiais, enquanto a espécie é a única categoria real existente no 
mundo vivo?
7. O que são e para que servem:
 a) Chaves de identificação;
 b) Herbários;
 c) Exsicatas;
 d) Código Internacional de Nomenclatura Botânica;
 e) Tipos nomenclaturais.
8. Faça uma pesquisa e identifique os 10 maiores herbários brasileiros, com 
suas respectivas características e linhas de pesquisa.
9. Atividade Prática:
l Consiga aproximadamente 20 botões diferentes;
l Separe a amostra levando em consideração suas semelhanças e diferenças;
l Distribua os botões em categorias hierárquicas para que possam ser agru-
pados e nomeados formalmente. Lembre-se que características mais abran-
gentes definem categorias como Domínio e Reino, enquanto particularidades 
devem ser próprias de categorias como gênero e espécie;
l Desenhe o esquema resultante de sua análise em uma cartolina ou papel 
madeira, utilizando pincel atômico;
l Atribua nomes às categorias respeitando os princípios, as regras e as reco-
mendações do CINB;
l Ao final, tente responder: Quais as suas maiores dificuldades em realizar 
essa tarefa? Você considera a tarefa de classificar simples ou complexa? 
Por quê? Enumere outros problemas possíveis para a realização dessa ta-
refa se essa amostra fosse viva.
23Morfologia e Taxonomia de Cripitógamas
Texto complementar
Coleções botânicas: documentação da biodiversidade brasileira
Ariane Luna Peixoto e Marli Pires Morim 
A demanda por conhecimento acerca da biodiversidade, em escalas global, regional e 
nacional, cresceu muito após a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente 
e Desenvolvimento, realizada em 1992. Os documentos preparatórios para o evento 
e os compromissos de governo assumidos e agendados, durante e após o evento, 
trouxeram para os mais diferentes setores da sociedade temas até então considera-
dos apenas do rol dos cientistas. O conhecimento, a conservação e o uso sustentável 
da fauna, da flora e do ambiente onde vivem animais e plantas fazem parte, com 
destaque, desses temas. A discussão deles, hoje, perpassa diferentes meios de co-
municação e segmentos da sociedade. Isso, embora desejado pelos cientistas, era im-
pensado até antes da Convenção da Diversidade Biológica (CDB), um dos documentos 
mais importantes da Conferência de 1992.
A taxonomia biológica é a ciência que mais diretamente lida com a biodiversidade, 
especialmente nos níveis de espécies, e também com a diversidade genética. Até re-
centemente, taxonomistas tinham sua notoriedade apenas entre os seus pares, em-
bora o seu trabalho, desde Lineu, na segunda metade do século XVIII, tenha sido con-
siderado de grande importância e suporte indispensável para uma grande variedade 
de propósitos. Além do labor de colecionamento, identificação, descrição, estudos da 
biologia e interrelacionamento entre os táxons, esses cientistas são, de modo geral, 
chamados para opinarem e emitirem laudos sobre a biodiversidade.
Taxonomistas de várias partes do mundo, organizados em sociedades científicas, 
após consultas e discussões amplas, elaboraram a Systematics Agenda 2000: Char-
ting the Biosphere. Nesse documento, foram traçados objetivos e estratégias visando, 
predominantemente, a responder questões como: Quais são as espécies do planeta 
e como elas se relacionam filogeneticamente? Onde elas ocorrem? Quais são as suas 
características? A missão da taxonomia, para o século XXI, aí estabelecida é descobrir, 
descrever e inventariar a diversidade de espécies do mundo; analisar e sintetizar as 
informações oriundas desse esforço em prol da ciência e da sociedade. 
Wilson afirmou que descrever e classificar todas as espécies vivas do planeta era um 
dos grandes desafios científicos do século XXI. Ele também fez cálculos do custo econô-
mico dessa tarefa – US$ 500 por espécie, um total de US$5 bilhões distribuídos por 10 
ou 20 anos. Cientistas, em vários lugares do mundo, manifestaram-se, mostrando que 
este não era um valor tão alto, quando comparado com outras demandas de governos. 
Entretanto, a busca desse montante de recursos parece impossível quando os governos 
e fundos privados ainda não têm em alta prioridade o inventário da biodiversidade. 
Estima-se em 264 mil a 279 mil o número de espécies de plantas conhecidas no mundo, 
ou seja, de espécies formalmente descritas e documentadas em coleções biológicas 
(por espécimes, mas também, algumas vezes, por uma iconografia). 
O Brasil é considerado o país de maior diversidade biológica, destacando-se no 
ranking mundial de países megadiversos. Abriga cerca de 14% da diversidade de plan-
tas do mundo! Para o território brasileiro, estima-se em 45,3 mil a 49,5 mil o núme-
ro de espécies de plantas descritas. Em relação a fungos, estima-se que o planeta 
abrigue entre 70,5 mil a 72 mil espécies, das quais o Brasil detém 12,5 mil a 13,5 mil 
24
MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, M. R. S, BRITO, LUCENA. E. M .P. CHAVES, B. E.
espécies descritas. Este alto padrão de diversidade dá ao Brasil extraordinária com-
petitividade diante de demandas ambientais e biotecnológicas, nas quais o capital 
natural gera grandes benefícios econômicos, convertendo-se, mesmo, em poder.
Os documentos que certificam a diversidade e a riqueza da flora de uma determi-
nada região ou país encontram-se depositados em coleções botânicas. Essas coleções 
são bancos de materiais (espécimes ou exemplares) vivos ou preservados e os dados 
a eles associados. Os jardins botânicos, os arboretos e os bancos de germoplasma são 
exemplos de coleções vivas. Os herbários, as palinotecas são exemplos de coleções 
preservadas. Os herbários e outras coleções a eles associadas (carpotecas, xilotecas) 
são ferramentas imprescindíveis para o trabalho dos taxonomistas e apoio indispen-sável para muitas outras áreas do conhecimento. O herbário provê o voucher para um 
grupo de organismos vivos; fornece a base de dados acerca da distribuição geográfica 
e da diversidade de plantas; guarda a memória de conceitos morfológicos e taxonô-
micos e a maneira como esses conceitos foram sendo modificados.
Os cinco maiores herbários do mundo, cadastrados no Index Herbariorum encon-
tram-se listados no Quadro 1. O Index Herbariorum lista 3.210 herbários do mun-
do, fornecendo seus endereços, especialistas vinculados, principais coleções sob sua 
guarda e outras informações, e entre eles estão 73 brasileiros. A Sociedade Botânica 
do Brasil mantém uma web na UFRGS contendo os principais dados sobre os herbá-
rios brasileiros, os taxonomistas e os táxons nos quais trabalham.
Quadro 1
OS CINCO MAIORES HERBÁRIOS DO MUNDO EM NÚMERO DE EXEMPLARES 
Herbários
Sigla 
Designação
Ano de Formação Número de Exemplares
Muséum National d’Historie 
Naturele, Paris
P 1635 8.000.000
New York Botanical Garden, New York NY 1891 6.500.000
Royal Botanic Garden, Kew K 1841 6.000.000
Komarov Botanical Institute, 
Leningrado
LE 1823 5.770.000
The Natural History Museum, Londres BM 1753 5.200.000
Fonte: Index Herbariorum e web dos herbários listados
No Brasil há 114 herbários ativos, dos quais cerca da metade detêm menos de 20 
mil exemplares; 23 herbários têm mais de 50 mil exemplares. Os seis maiores herbá-
rios do Brasil encontram-se listados no Quadro 2. Em conjunto, os herbários brasilei-
ros guardam um acervo de pouco mais de 5 milhões de espécimes. O Quadro 3 apre-
senta o quantitativo de espécimes por região geográfica. A densidade de coleta média 
para o Brasil é de 0,62 espécime por Km2. Este valor é muito baixo quando comparado 
a valores estimados para alguns países de alta diversidade na América Latina, como 
México e Colômbia. As regiões sudeste e sul concentram os maiores quantitativos de 
herbários e densidades de coleta. 
A região norte, com a maior área territorial do país, é aquela que concentra o maior 
contingente de terras cobertas por ecossistemas naturais e a que apresenta os menores 
índices de coleta e a menor quantidade de herbários.
25Morfologia e Taxonomia de Cripitógamas
Quadro 2
OS SEIS MAIORES HERBÁRIOS DO BRASIL
Herbário Sigla Designativa Ano de Fundação
Número de 
Exemplares
Museu Nacional do Rio de Janeiro R 1808 500.000
Jardim Botânico do Rio de Janeiro RB 1890 350.000
Instituto de Botânica do São Paulo SP 1917 320.000
EMBRAPA – Amazônia oriental IAN 1945 295.000
Museu Botânico de Curitiba MBM 1965 255.000
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia INPA 1954 239.500
Quadro 3
ACERVO DOS HERBÁRIOS BRASILEIROS NAS DIFERENTES REGIÕES GEOGRÁFICAS DO PAÍS
Região geográfica Área Total (Km²) Herbários Espécimes Espécimes/Km²
Norte 3 851 560,4 10 715.500 0,18
Nordeste 1 556 001,1 27 620.200 0,39
Sudeste 924 266,2 39 2.400.000 2,59
Sul 575 316,2 27 980.500 1,7
Centro-Oeste 1 604 852,3 11 420.700 0,26
Brasil 8 511 996,3 114 5.316.900 0,62
Embora o número de exemplares reunidos nas coleções brasileiras seja significa-
tivo e tenha crescido notadamente nas últimas décadas, especialmente devido à im-
plantação de cursos de pós-graduação e de programas de floras estaduais e regionais, 
representa ainda muito pouco no contingente de acervos dos herbários do mundo. 
Este fato é contraditório, quando se considera que o país detém cerca de 14% da di-
versidade vegetal do planeta. Prance mostrou o crescimento de alguns herbários no 
período compreendido entre 1974 e 1990. Na América Latina, os herbários de Bogotá 
(COL) e México (Mexu) foram os que mais se destacaram. Em 1990, o COL detinha 
330 mil exemplares e o Mexu 550 mil, o crescimento correspondendo a 153% e 197%, 
respectivamente. O herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB) é apontado 
como tendo um crescimento de 81%. 
É salutar perceber também o quanto se avançou no conhecimento da flora brasilei-
ra. A Flora Brasiliensis, editada por Martius, Eichler & Urban entre 1840 e 1906, descre-
ve 22.767 espécies, das quais 5.689 eram novas para a ciência. Esta obra foi elaborada 
predominantemente com base em exemplares coletados por naturalistas europeus e 
enviados para herbários do exterior. Os tipos das espécies aí descritas, bem como ou-
tras coleções históricas, encontram-se, portanto, fora do país. O número de espécies 
conhecido hoje para angiospermas no Brasil representa mais que o dobro daquele ci-
tado na obra de Martius e colaboradores. Para os demais grupos de plantas e fungos, 
este número é, então, muito maior. A maioria dos exemplares, especialmente os tipos 
de espécies descritas após a Flora Brasiliensis, está em herbários brasileiros.
Alguns dados obtidos por grupos de cientistas podem demonstrar os avanços obtidos 
nos últimos anos, mas, principalmente, sinalizam o quanto ainda precisa se conhecer sobre 
a flora do Brasil, mesmo em regiões consideradas bem estudadas. Demonstram que novas 
26
MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, M. R. S, BRITO, LUCENA. E. M .P. CHAVES, B. E.
espécies ou novas citações de ocorrências de táxons, independem da área geográfica abran-
gida ou do grupo vegetal em estudo. A Flora Fanerogâmica do estado de São Paulo tem da-
dos publicados sobre 56 famílias, abrangendo 895 espécies. A obra completa compreenderá 
7,5 mil espécies distribuídas em 180 famílias. 
Na análise de 49 famílias, algumas com dados ainda parciais, 43 táxons foram 
descritos como novos para a ciência e 121 novas ocorrências foram registradas para 
São Paulo, incluindo uma família botânica, Ceratophyllaceae. Foram assinaladas, tam-
bém, espécies não reencontradas em campo, sugerindo que as mesmas estejam ex-
tintas no estado pela destruição de seus ambientes naturais, ou que sejam espécies 
raras ou com áreas de distribuição muito restrita. A documentação destes táxons não 
recoletados em São Paulo restringem-se hoje, apenas, aos exemplares guardados nas 
coleções de herbário. Na reserva ecológica de Macaé de Cima, no estado do Rio de 
Janeiro, onde foram identificadas 883 espécies de angiospermas, 17 eram novas para 
a ciência. No município do Brejo da Madre de Deus, um inventário da bioflora dos 
musgos pleurocárpicos em uma propriedade de 700 hectares, revelou que das 23 es-
pécies inventariadas para o local, seis eram novas ocorrências não apenas para aquela 
área, mas para o nordeste brasileiro. 
Conhecer as espécies de plantas e fungos que ocorrem no território brasileiro, 
organizar as informações e os dados a elas relacionadas e disponibilizar este conheci-
mento visando ao progresso da ciência e ao bem estar da sociedade são questões que 
necessariamente precisam perpassar pelo planejamento estratégico do país. O des-
conhecimento da biota brasileira torna o país vulnerável em muitos campos entre os 
quais cabe destacar a descoberta de novos fármacos, o patenteamento de processos 
biológicos e a impossibilidade de fazer parcerias verdadeiras com instituições cientí-
ficas de diferentes países, de modo que ambos os lados possam obter dividendos do 
conhecimento gerado. 
Como vencer este desafio com um contingente criticamente pequeno de taxono-
mistas e com a maioria das coleções ainda não estruturadas para atender a crescente 
demanda de serviços? Qualquer modificação no status atual do conhecimento sobre 
a biodiversidade de modo a se alcançar patamares muito mais altos passa, essencial-
mente, pelo estabelecimento de um programa consistente e continuado de estímulo 
à formação de recursos humanos na área de taxomomia. Sem taxonomistas bem for-
mados, o país fica frágil diante dos compromissos assumidos na CDB e da impossibili-
dade de diagnósticos seguros de diferentes componentes da biodiversidade. 
Os herbários hoje informatizados vêm respondendo com muito mais agilidade às 
perguntas dos cientistas, dos gestoresda área ambiental e também de outros seg-
mentos da sociedade. Os herbários da Universidade Estadual de Feira de Santana 
(Huefs), com 65 mil espécimes, e o da Embrapa Amazônia Oriental (IAN) com 295 mil, 
totalmente informatizados, quando consultados, respondem de forma ágil com infor-
mações diversas sobre o acervo. Muitas vezes as respostas recebidas satisfazem às 
dúvidas e às questões levantadas pelos estudantes e cientistas, evitando assim des-
locamentos até as coleções e o manuseio do material. Este fato diminui os custos de 
pesquisa e agiliza o processo de geração do conhecimento. Entretanto, a informatiza-
ção dos herbários brasileiros ainda é incipiente. Apenas 52% deles estão com mais da 
metade ou com o acervo totalmente informatizado. Nesse contingente, estão, princi-
palmente, os herbários com acervos de menos de 20 mil exemplares. Por outro lado, 
11% dos herbários sequer iniciaram o processo de informatização, estando entre eles 
alguns dos grandes herbários do país. 
A automação dos serviços de gerenciamento dos acervos vem modificando o labor 
curatorial. Entretanto é possível prever alterações muito maiores que poderão interferir 
27Morfologia e Taxonomia de Cripitógamas
em procedimentos desde a coleta de espécimes até a disponibilização de suas imagens 
na internet. O georeferenciamento de amostras constitui-se em informação essencial 
para correlacionar dados de diferentes origens, tanto bióticos como abióticos. A sua 
inclusão no protocolo de campo das amostras vem sendo cada vez mais requerida. A 
valorização de imagens de campo e de herbário facilitará o acesso a muitos caracteres e 
informações. O conceito de herbário virtual ainda está por ser definido. 
Os herbários virtuais hoje disponíveis compreendem predominantemente webs 
interativas com base de dados de nomes científicos que possibilitam consulta remota. 
Alguns já dispõem de imagens associadas aos nomes. O herbário do futuro certa-
mente será muito diferente do atual, embora o espécime colecionado em campo e 
convenientemente armazenado certamente continuará sendo a sua pedra de toque. 
Entretanto, o que parece prioritário e não muito distante da realidade brasileira é a 
integração, dentro de cada herbário, de todas as suas coleções. Partes diferentes de 
uma mesma planta, como madeira, flores fixadas, folhas em gel de sílica para estudos 
de DNA e a exsicata, propriamente dita, com o mesmo código de acesso. Ou seja, 
interoperabilidade de diferentes bases de dados. 
As incongruências e conflitos nas estratégias adotadas por diferentes setores de go-
verno visando inventários de biodiversidade em áreas naturais, especialmente em Uni-
dades de Conservação (UC), vêm dificultando ou até inviabilizando o desenvolvimento de 
pesquisas básicas e essenciais para o avanço do conhecimento sobre a biota e os ecossis-
temas do país. Isto é contraditório, tendo em vista que, entre as prioridades das UCs e dos 
órgãos que as administram, estão expressos os inventários. Também são pouquíssimas 
as fontes de fomentos específicas e desburocratizadas que priorizam projetos de inven-
tários; que reconhecem que o enriquecimento de coleções científicas com exemplares 
colecionados dentro de padrões pré-estabelecidos é prioritário para a conservação.
A globalização dos esforços necessários para a implementação da Convenção da 
Diversidade Biológica vem promovendo, por meio de vários mecanismos, a ampliação 
de canais de diálogos entre cientistas, sociedade e governos. A discussão de proble-
mas como a mensuração, avaliação, conservação e sustentatibilidade da diversidade 
biológica e de seus componentes é feita não apenas nos museus e nos herbários, mas 
em diferentes fóruns de governo e de sociedade. A internet facilitou a divulgação das 
informações e dos dados numa escala que era impensável há alguns anos.
A guarda da coleção, como patrimônio no qual cada exemplar é único e insubs-
tituível, é a principal tarefa das instituições que detêm esses acervos e dos órgãos 
que as mantêm. Entretanto, o futuro dos herbários depende, em grande parte, da 
sua habilidade de absorver e adaptar novas metodologias e tecnologias, e de com-
preender demandas já manifestas pela sociedade. A mudança de paradigma das 
coleções depende também de uma política governamental voltada aos acervos bio-
lógicos com investimentos apropriados e permanentes.
Fonte: Ciência e Cultura, v. 55, n. 3, São Paulo, Jul./Set. 2003. 
Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S0009-67252003000300016&script=sci_arttext
28
MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, M. R. S, BRITO, LUCENA. E. M .P. CHAVES, B. E.
@
Página do Código Internacional de Nomenclatura Botânica: 
http://www.bgbm.fu-berlin.de/iapt/nomenclature/code/SaintLouis/0001ICSL 
Contents.htm
Links sobre taxonomia:
http://www.silvionihei.hpg.ig.com.br/taxonomia.html
http://www.biotaneotropica.org.br/v4n1/pt/editorial
Link sobre Sistemática Filogenética em Português e
Espanhol: Texto sobre Biologia Comparada e Classificação
Autoria: Profs Drs Freddy Bravo e Solange Peixinho (UFBA)
http://www.ufba.br/~qualibio/002.html
Links sobre Sistemática Filogenética em Inglês: 
Journey into the Phylogenetic Systematics
Autoria (copyright): University of California, Museum of Paleontology, 
Berkeley, EUA http://www.ucmp.berkeley.edu/clad/clad4.html
The Phylogeny of Life
Autoria (copyright): University of California, Museum of 
Paleontology,
Berkeley, EUA http://www.ucmp.berkeley.edu/
alllife/threedomains.html
Glossary of Phylogenetic Systematics
Autoria: Günter Bechly (Böblingen, Alemanha) 
http://mitglied.lycos.de/GBechly/glossary.htm
Phylogenetics
Autoria: Virtual Paleobotany Lab (Univ. California, Museum of Paleontology, Berkeley) 
http://www.ucmp.berkeley.edu/IB181/VPL/Phylo/PhyloTitle.html
Introduction to Phylogenetic Systematics
Autoria: Drs Peter Weston & Michael Crisp (Royal Botanic Gardens e Austra-
lian National University)
Fonte: Invited Contributions of the Society of Australian 
Systematic Biologists http://www.science.uts.edu.au/sasb/WestonCrisp.html
29Morfologia e Taxonomia de Cripitógamas
Introductory glossary of cladistic terms
Autoria: Michael Crisp (Australian National University)
Fonte: Invited Contributions of the Society of Australian 
Systematic Biologists http://www.science.uts.edu.au/sasb/glossary.html
Phylogenetics: just methods
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APG II. 2. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. 704 p.
CapítuloCapítulo 2
Fungos
33Morfologia e Taxonomia de Cripitógamas
Objetivos
l Apresentar as características gerais dos organismos pertencentes ao rei-
no Fungi.
l Identificar as particularidades dos filos Chytridiomycota, Zygomycota, As-
comycota e Basidiomycota.
l Descrever a organização morfológica e os aspectos reprodutivos dos fungos.
l Mostrar como os fungos são utilizados comercialmente.
l Apresentar as relações ecológicas estabelecidas entre fungos e outros or-
ganismos vivos.
l Conceituar liquens e micorrizas.
1. Características gerais dos fungos
A ciência que estuda os fungos, seres bastante diferentes de animais e plan-
tas, é a micologia. Os fungos5, representados por uma enorme diversidade de 
espécies (Figura 7), podem ser caracterizados em linhas gerais como orga-
nismos eucarióticos, aeróbios obrigatórios e aclorofilados.
Figura 7 – Diversidade de fungos de diferentes grupos taxonômicos: Chytridiomyco-
ta – fungo aquático (A), Zigomycota (B), Glomeromycota - fungo simbionte (C), As-
comycota (D) e Basidiomycota (E a H). 
Fonte: http://bit.ly/1Sp9wci; http://bit.ly/1pqWsI1; http://bit.ly/1RMTE13; http://bit.ly/1pqWwaP; http://bit.
ly/1oWLCZL; http://bit.ly/24H4DjZ; http://bit.ly/1QwTv2V; http://bit.ly/24H4H30.
5Fungos no solo e no mar –
Nos 20 cm superiores do 
solo, por exemplo, pode 
haver aproximadamente 
5 toneladas de fungos e 
bactérias por hectare. É 
ainda importante salientar 
que existem cerca de 
500 espécies marinhas 
conhecidas, responsáveis 
pela degradação da matéria 
orgânica desse ecossistema, 
bem como outras 
encontradas em ambientes 
aquáticos continentais.
34
MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, M. R. S, BRITO, LUCENA. E. M .P. CHAVES, B. E.
São amplamente distribuídos e apresentam uma enorme variedade de 
organismos macroscópicos ou microscópicos, que compreendem cerca de 
100.000 espécies identificadas. São essencialmente terrestres e de vida livre, 
alguns podem ser aquáticos ou anemófilos (Figura 8); mas também podem 
ser ameboides, parasitas sapróbios ou simbiontes.
Tem como principais ambientes, locais úmidos e ligeiramente ácido (pH 
5,0-7,0), quanto a temperatura suportam altas temperaturas (termófilos) à bai-
xas temperaturas (Psicrófilos).
Podem ser multicelulares (exceto leveduras) e filamentosos; raramente 
dimórficos que podem ser leveduriformes ou filamentosos dependendo das 
condições do meio. Em geral, possuem parede celular constituído de quitina e 
mananos, mas essa constituição pode variar de acordo com o grupo. A quitina 
é mais resistente que a celulose quanto ao ataque de micro-organismos.
Figura 8 - Fungos e bactérias encontradas em aparelhos de ar-condicionado.
Fonte: http://bit.ly/1LZiFle.
2. Morfologia
2.1. Fungos filamentosos
O corpo ou talo de um fungo filamentoso é constituído por hifas que podem ser 
septadas ou cenocíticas (sem septos) – Figura 9, estes septos podem apre-
sentar poros que variam de tamanho. Hifas cenocíticas são multinucleadas. 
O conjunto de hifas é denominado micélio. Podemos fazer uma comparação 
35Morfologia e Taxonomia de Cripitógamas
grosseira imaginando o fungo como um novelo de lã que foi desfeito e depois 
reorganizado de maneira rápida. O resultado é um conjunto de fios que se 
misturam desordenadamente.
Algumas hifas são modificadas em apressórios6 ou haustórios7 que pos-
suem a capacidade de fixação e penetração em um hospedeiro, respectivamente.
Figura 9 – Desenho esquemático de diferentes tipos de hifas: septada (A) e cenocítica (B).
Fonte: http://bit.ly/1SpcOfC.
2.2. Fungos leveduriformes
Os fungos8, em sua maioria, são filamentosos, mas algumas espécies são 
leveduriformes, enquanto outras podem apresentar os dois estágios em res-
posta às condições ambientais. 
As leveduras representam apenas formas de crescimento e não cons-
tituem um grupo taxonômico formal. Na verdade, essa forma de organização 
pode ser encontrada em representantes dos filos Zygomycota, e Basidio-
mycota, mas a maioria das leveduras encontra-se inserida nos Ascomycota.
Muitos fungos podem alternar entre formas unicelulares e filamentosas, 
em função das condições ambientais, mas, na maioria deles, a fase filamen-
tosa é predominante. Outros permanecem a maior parte da vida como levedu-
ras, como é o caso de Saccharomyces cerevisiae (Figura 10)
As leveduras se reproduzem principalmente por brotamento (Figura 
10B), mas cada célula leveduriforme, haploide pode funcionar como um ga-
meta, que em determinadas condições se fundem para formar um zigoto.
Fungos fitopatógenos raramente apresentam sistema vegetativo unice-
lular, sendo predominantemente filamentosos.
6Apressório são órgãos 
adesivos de fungos 
parasitas, representado 
por uma protuberância ou 
intumescência, formado por 
uma hifa. Tem a função de 
aderir no hospedeiro durante 
a primeira fase da infecção.
7Haustórios são estruturas 
fúngicas, ramificadas ou 
não, especializadas na 
absorção de nutrientes 
a partir do citoplasma da 
célula do hospedeiro. Agem 
como raízes sugadoras 
de holoparasitas ou 
hemiparasitas, que penetram 
no eixo do hospedeiro para 
retirar sua nutrição.
8A maioria dos fungos é 
estudada pela microbiologia, 
embora muitos de seus 
representantes possuam 
frutificações de grandes 
dimensões como é o caso 
dos cogumelos Agaricales.
36
MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, M. R. S, BRITO, LUCENA. E. M .P. CHAVES, B. E.
Figura 10 - Aspecto de Saccharomyces cerevisiae sobre microscopia de varredura 
(A) e um esquema de sua reprodução assexuada por brotamento (B). 
Fonte: http://bit.ly/24JJaqr.
3. Nutrição e crescimento
Os fungos são heterotróficos não possuem pigmentos fotossintetizantes, e, 
portanto, precisam de nutrientes (C, O, H, N, P, K, Mg, S, B, Mn, Cu, Mo, Fe e 
Zn) provenientes de outras fontes e que são obtidos por ingestão e absorção, 
a partir do processo de digestão extracorpórea, a qual compreende a libera-
ção de enzimas sobre o substrato em que estão imersos. Alguns (leveduras) 
podem realizar fermentação alcoólica convertendo glicose em etanol. A sus-
tância de reserva do grupo é o glicogênio.
Dentre os fungos, podemos encontrar espécies saprófitas, que obtêm 
a energia a partir da decomposição de animais mortos, parasitas facultativos 
ou obrigatórios, de plantas ou animais. Existem ainda espécies que formam 
associações simbióticas importantes, dentre as quais se destacam os líquens9 
e as micorrizas10.
4. Reprodução
Os fungos apresentam muitas estratégias reprodutivas que garantem o su-
cesso do grupo no ambiente, e, apesar de muitas espécies se reproduzirem 
preferencialmente de maneira assexuada, outras realizam sua reprodução se-
xuadamente, produzindo estruturas responsáveis pela produção de gametas. 
Seja qual for o tipo de reprodução em questão, muitas estruturas com 
elevado grau de especialização celular11 são produzidas isoladamente ou em 
grupo pelos vários grupos de fungos.
Reprodução assexuada se dá por fragmentação das hifas ou meio de es-
poros, exceto Chitridiomycota que apresenta esporos flagelados, demais gru-
9Liquens são associações 
entre fungos e algas 
unicelulares ou filamentosas, 
ou cianobactérias.
10Micorrizas são associações 
simbióticas entre fungos e 
raízes de algumas plantas.
11Durante a divisão celular a 
carioteca não se desintegra, 
o fuso mitótico ocorre 
dentro do núcleo e não 
apresentam centríolos 
(exceto Chitridiomycota), 
entretanto apresentam 
corpos centriolares com 
função semelhante.
37Morfologia e Taxonomia de Cripitógamaspos apresentam esporos sésseis. Na reprodução assexuada os esporos são 
produzidos em esporângios ou conídios (Figura 11), provenientes de células co-
nidiogênicas. Leveduras podem reproduzir-se por fissão binária ou brotamento.
Figura 11 - Ilustração esquemática de conídios12 e conidióforos de Aspergillus (A). 
Imagem de microscopia de varredura eletrônica de micélio fúngico de Penicillium sp. 
evidenciando os conídios (B).
Fonte: http://bit.ly/1VXjO2n.
A produção de esporos sexuados acontece em estruturas específicas, 
particulares de cada grupo, conhecidas por ascomas (Ascomycota), Basidio-
mas (Basidiomycota) e zigosporângio (Zigomycota), e a reprodução sexuada 
acontece em três momentos principais:
l Plasmogamia: união de protoplastos das hifas sem ocorrer a cariogamia ou 
fusão nuclear;
l Cariogamia: fusão de dois ou mais núcleos reunidos em função da plasmo-
gamia, originando um zigoto diploide;
l Meiose: redução do número de cromossomos a partir do zigoto formado pela 
cariogamia, produzindo núcleos haploides.
Para que ocorra a reprodução sexuada, deve acontecer a fusão de hi-
fas que podem ser originadas de um mesmo talo, e nesse caso, são chama-
das homotálicas, ou de talos diferentes, chamadas hifas heterotálicas. 
Ao conjunto de fases que acontecem durante a reprodução, chamamos 
ciclo de vida, e, como são inúmeras as particularidades reprodutivas, deixa-
remos para discutir sobre as características de cada grupo separadamente 
mais adiante.
12Conídios são esporos 
assexuados não envolvidos 
por esporângios; produzidos 
de maneira isolada ou em 
cadeia. Apresentam paredes 
finas, podem ser uni ou 
plurinucleados, encontrados 
na extremidade de 
conidióforos e que se libertam 
da hifa sem acarretar sua 
destruição.
38
MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, M. R. S, BRITO, LUCENA. E. M .P. CHAVES, B. E.
5. Aspectos ecológicos e econômicos
Juntamente com as bactérias heterotróficas, os fungos são os principais res-
ponsáveis pela decomposição da matéria orgânica, constituindo-se como par-
te indispensável da cadeia alimentar, pois são responsáveis pela reciclagem 
do carbono, do nitrogênio, bem como de vários outros compostos liberados 
no solo, na água e no ar.
Apesar da enorme importância ecológica, os fungos, muitas vezes, 
atacam diversos substratos, vivos ou não, para garantir sua permanência no 
meio ambiente, e, dessa forma, entram em conflito direto com os interesses 
humanos, uma vez que podem atacar: madeira (Figura 12A), culturas (Figu-
ra 12B), alimentos (Figura 12C), causando enormes prejuízos econômicos, 
relacionados à saúde de plantas e de animais; mas também podem atacar 
roupas, tinta (Figura 12D) etc. Ao atacar os alimentos reduz sua palatabilidade 
e valor nutricional; alguns podem, inclusive, liberar toxinas. Os fungos podem 
atuar como pragas e patógenos de vegetais (p.ex. carvão e ferrugem) e seres 
humanos, como a Candida e a Pneumonia. Algumas espécies são capazes 
de resistir a elevadas temperaturas, outras a temperaturas muito baixas.
Talvez esse seja um dos motivos pelos quais muitas pessoas tenham 
o conceito formado de que os fungos são seres indesejáveis, oportunistas e 
mal cheirosos. Entretanto, é fundamental compreender que esse comporta-
mento somente revela sua elevada competência competitiva em relação a 
outras espécies.
Fungos, contudo, não causam só malefícios; alguns podem ser comes-
tíveis e, na indústria alimentícia, podem ser utilizados na no processo de fer-
mentação como na formação do queijo. Substâncias produzidas por certos 
fungos podem ser medicinais, é o caso da penicilina, cujo princípio ativo vem 
de fungos do gênero Penicillium alimentos (Figura 12E). Outros fungos podem 
ser utilizados como biorremediadores de solo e controle biológico.
Figura 12 - Exemplos de fungos decompondo madeira (A), folhas de milho (B), frutas (C) e em tinta (D) na parede. 
A imagem E mostra o efeito do Penicillium sobre bactérias. 
Fonte: http://bit.ly/1QYMeuU; http://bit.ly/1UGzDMD; http://bit.ly/1QTo12A; http://bit.ly/1L7OmhD; http://bit.ly/1L7OmOp.
39Morfologia e Taxonomia de Cripitógamas
Os fungos13 também foram importantes associações simbióticas. Com 
algas ou cianobactérias podem formar os líquens, importantes colonizadores 
e indicadores de qualidade do ar. As micorrizas são associações entre fungos 
e raízes de plantas; aproximadamente 80% das plantas fazem este tipo de as-
sociação, uma vez que as micorrizas desempenham um papel importante na 
nutrição das plantas. Fungos ainda podem fazer associações com formigas nos 
chamados “jardins de fungos” no qual as formigas levam para seu ninho peda-
ços de folhas para que os fungos possam digeri-los e crescer, em contra partida 
as formigas se alimentam de partes do fungo em crescimento. Fungos endofí-
ticos podem viver dentro de algumas espécies sem causar-lhes dado, porém 
são tóxicos e caso a planta seja atacada liberam toxinas que protegem a planta.
6. Classificação
A classificação dos fungos encontra-se regida pelo Código Internacional de 
Nomenclatura de Algas, Fungos e Plantas, que, periodicamente, realiza en-
contros para discutir regras, propondo modificações ou adições às leis que 
regulamentam a sistemática do grupo. 
Vejamos as categorias taxonômicas utilizadas para fungos com suas 
respectivas terminações, tomando como exemplo a espécie fúngica (Agari-
cus bisporus), como pode ser vista no Quadro 4:
Quadro 4 
EXEMPLO DE CLASSIFICAÇÃO DE UMA ESPÉCIE FÚNGICA
Domínio Eukaria
Reino Fungi
Filo (Divisão) Basidiomycota
Classe Basidiomycetesmycetes
Ordem Agaricaleales
Família Agaricaceae
Gênero Agaricus
Espécie Agaricus bisporus
Nota: A terminação específica para fungos, por categoria taxonômica, encontra-se em negrito.
Existem vários sistemas de classificação propostos para os fungos; no 
entanto, esses sistemas são passíveis de alterações em função de novas des-
cobertas científicas.
Alexopoulos et al. (1996), por exemplo, distribui os organismos conhe-
cidos como Fungos em três reinos: Stramenopila (Filos: Oomycota, Hypho-
chytridiomycota e Labyrinthulomycota), Protista (Filos: Plamodiophoromycota, 
Dictyosteliomycota, Acrasiomycota e Myxomycota) e Fungi (Filos: Chytridio-
mycota, Zygomycota, Ascomycota e Basidiomycota).
13Alguns compostos 
orgânicos são produzidos ou 
extraídos de fungos, como 
certos ácidos orgânicos e 
pigmentos. Existe ainda a 
possibilidade da utilização 
desses organismos na 
decomposição do lixo 
orgânico, mas sua utilização 
potencial mais promissora 
é na indústria de celulose e 
papel e no reaproveitamento 
de resíduos orgânicos.
40
MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, M. R. S, BRITO, LUCENA. E. M .P. CHAVES, B. E.
Contudo, com a introdução de novas técnicas, como a caracterização 
molecular e as análises genômicas, muitas modificações têm sido introduzi-
das no sistema de classificação dos fungos. 
Assim, pode-se observar que apesar de serem sésseis e possuírem pa-
rede celular; por serem heterotróficos, apresentarem glicogênio como subs-
tância de reserva e características moleculares fungos mostram-se mais pró-
ximos aos animais do que de vegetais. Filogeneticamente Animallia e Fungi 
descendem de uma mesmo ancestral, provavelmente um coanoflagelado. E 
o grupo irmão de Fungi seria um protozoário do gênero Nuclearia.
É um grupo claramente monofilético, porém as relações entre os filos 
ainda não estão muito claras. Tradicionalmente é dividido em 4 filos (Chitri-
diomycota, Zygomycota, Ascomycota e Basidiomycota), entretanto, análises 
moleculares de Hibbett et al. (2007) revelam que o reino possui 7 filos (e 1 
sub-reino - Dikaria). Por estes autores Fungi apresenta como filos: Microspo-
ridia, Chytridiomycota, Neocallimastigota, Bastocladiomycota, Glomeromyco-
ta, Ascomycota e Basidiomycota, estes dois últimos pertencem ao sub-reino 
Dikaria. Zigomycota e Chytridiomicota,

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