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TCC POS GRADUACAO_ ESPECIES ACIDENTARIAS E SUAS CONSEQUENTES INDENIZACOES

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ESPECIÉS ACIDENTÁRIAS E SUAS CONSEQUENTES INDENIZAÇÕES
Cintia Parente de Carvalho*
RESUMO
Este trabalho buscou estudar as espécies acidentárias e suas consequentes indenizações, com o intuito de oferecer um estudo descritivo-teórico sobre as o tema. Como metodologia foi desenvolvido um estudo bibliográfico, pesquisando em livros, revistas e legislação vigente embasamento teórico necessário para corroborar o estudo. Durante a realização do trabalho observou-se diversas teorias que tratam das espécies acidentárias e suas consequentes indenizações, como também a repercussão em diversas áreas do Direito, especialmente no Direto Previdenciário, Direito Trabalhista, Direito Civil e Processual, de forma subsidiária. Percebe-se que em 2017 há incontáveis percalços enfrentados pelos trabalhadores nacionais, bem como encontram diariamente em seu ambiente de trabalho, fora a dificuldade rotineira de suas funções, uma grande dificuldade de segurança jurídica caso sejam vítimas de algum eventual infortúnio. Resta destacar que tais dificuldades enfrentadas hoje não se comparam aquelas pelas quais passaram os trabalhadores brasileiros no início da era industrial no Brasil e no mundo, embora ainda haja uma grande carência no tocante a devida atenção e cuidados para que tenham resguardados e assegurados seus direitos. 
Palavra-Chave: Acidentes de trabalho; Espécies Indenização.
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho visa oferecer um estudo descritivo-teórico sobre as espécies acidentárias e suas consequentes indenizações. Este tema está diretamente relacionado ao Direito e Processo do Trabalho e ao Direito Previdenciário, áreas jurídica que em constante mudança, principalmente após a Reforma Trabalhista a tão discutida Reforma da Previdência, observando as novas modalidades de trabalho e atividades desenvolvidas ao longo do tempo. O que de certo justifica a continuidade de estudos e analises para que se possa adequar á atual realidade laboral. 
Para desenvolver a pesquisa foi empreendido bastante esforço a fim solidificar conceitos, logo após a enumeração dos aspectos basilares do estudo das espécies acidentárias: o que são essas espécies, quais suas características, quais os principais desafios suportados para identificar essas espécies, qual a aplicação e a relação com outras áreas do conhecimento.
A metodologia utilizada se deu através da busca de parâmetros para viabilizar a realização da pesquisa, de modo direto, delimitado, organizado, obtidos pela revisão bibliográfica em busca de um estudo descritivo, embasado em artigos científicos, doutrinas e artigos científicos que corroboraram com a pesquisa desenvolvida. Isto é, de fato, indispensável para o desenvolvimento de um trabalho científico, aceito pela comunidade acadêmica, sugerindo soluções para os problemas suscitados, hipóteses confirmadas/refutadas e objetivos sólidos, pertinentes e adequados à problemática.
A parte crítica girou em torno da identificação e classificação dos muitos tipos de doenças e acidentes no ambiente laboral, onde os dados foram interpretados e avaliados após análises e comparações entre doutrinadores renomados, com foco nas espécies acidentárias e suas consequentes indenizações.
Este trabalho visa, de certo modo, preencher omissões teóricas acerca do posicionamento atual de alguns doutrinadores, bem como das cortes brasileiras, através do fornecimento de conclusões fáticas. 
O Direito e Processo do Trabalho e o Direito Previdenciário, assim como qualquer outro do ramo do Direito, possui relevante abrangência social, gerando mudanças no cenário socioeconômico, histórico, político e cultural dos países. Dessa forma, embora sejam apenas ramificações do Direito em si, desenvolveram grandes variações ao longo do tempo. 
As espécies acidentárias e suas consequentes indenizações tem despertado grande interesse, seja com relação à defesa e garantia dos direitos dos trabalhadores, bem como pela precária de fiscalização e aplicação das indenizações e eventuais aposentadorias decorrentes dos acidentes, chamando atenção de especialistas, alunos e dos próprios órgãos fiscalizadores, além dos trabalhadores e das empresas em geral.
Sebastião de Oliveira dá o tom da relevância do tema deste trabalho em sua obra que trata das questões dos acidentes de trabalho, in verbis: 
Na Assembleia Nacional Constituinte instalada em 1987 a questão dos acidentes do trabalho foi bastante debatida, especialmente diante das estatísticas absurdas de mortes, doenças ocupacionais e invalidez no Brasil. (OLIVEIRA, 2007, p. 79). 
Portanto, o tema é de grande interesse ao passo que é deveras discutido no meio jurídico bem como na sociedade, além dos reiterados casos discutidos nos tribunais se utilizando de várias correntes interpretativas. 
Foi utilizada a pesquisa de diplomas legais, considerando os textos da legislação vigente, Constituição Federal de 1988, Emendas Constitucionais, Decretos-Leis e etc. Utilizou-se também pesquisa bibliográfica avaliando as posições de teóricos estudiosos do assunto em tela e jurisprudencial, onde foi analisada a jurisprudência mais recente. 
O presente trabalho foi estruturado em seis capítulos: o primeiro é introdução que traz as diretrizes deste estudo, o segundo capítulo trata do conceito de acidente de trabalho, bem como a sua classificação em espécies, o terceiro capítulo aborda as indenizações por acidentes de trabalho, considerando os danos materiais, o quarto capítulo traz as outras indenizações, neste caso, considerando os danos morais, no quinto capítulo se tem um estudo sobre a quantificação dessas indenizações, e, por fim, o sexto capítulo traz a conclusão deste estudo.
2. ESPÉCIES DE ACIDENTES DE TRABALHO
Nesse capítulo será abordado o conceito de acidentes de trabalho segundo a doutrina e a legislação vigente, e suas espécies. Trataremos ainda acerca das doenças ocupacionais, acidentes de trabalho por concausa e acidentes por equiparação legal.
CONCEITO DE ACIDENTE DE TRABALHO
Em termos gerais, acidente de trabalho é aquele sofrido no âmbito laboral do obreiro, durante sua jornada de trabalho ou extrajornada, exercendo suas atividades, que pode acarretar lesão corporal, perturbação funcional, ou doença de resulte redução da capacidade de trabalho, ou de ganho, ou até mesmo levar o trabalhador à morte, o que gera para a vítima ou para seus familiares o direito de indenização, bem como o benefício previdenciário correspondente. 
Na visão de Oliveira (2007, p. 44), aproveitando a conceituação desenvolvida por Feijó Coimbra, infere que “a palavra acidente já imprime ao conceito a marca da casualidade, do acontecimento não desejado nem ocasionado voluntariamente”. Nesse sentido, é possível afirmar que o conceito de acidente imprime a característica de casualidade e involuntariedade, ou seja, é independente da vontade do agente. Como bem afirma Costa (apud BRANDÃO, 2006, p. 114): “a noção de acidente humano está relacionada à desgraça, desastre, fatalidade, um acontecimento fortuito e anormal, que destrói, desorganiza e deteriora, quando afeta pessoas”.
Por outro lado, Cunha (2009, p. 10) conceitua acidente de trabalho como sendo :
“aquele que ocorre pelo exercício do trabalho ou no local de trabalho, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, ou a perda ou a redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho”.
Nesse sentido, pode-se caracterizar lesão quando atinge diretamente a integridade física, mental e a saúde do obreiro pelo desenvolvimento de suas atividades no âmbito do seu labor.
Já acidente é caracterizado pela simples existência do risco, é um acontecimento negativo, indesejado que resulta na lesão física ou dano material, seja ela imediata, quando tratar-se de lesão traumática, ou mediata, quando tratar-se de doença funcional adquirida no dia a dia pelo desempenho das funções laborais.
Outro conceito de acidente de trabalho é aquele proveniente do artigo 19 da Lei 8213/91, in verbis:
Acidente do trabalho é o que ocorre peloexercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.
Nesta mesma perspectiva, o Cadastro de Acidentes do Trabalho – NBR 14280/1999, conceitua acidente de trabalho como “a ocorrência imprevista e indesejável, instantânea ou não, relacionada com o exercício do trabalho, que provoca lesão pessoal ou de que decorre risco próximo ou remoto dessa lesão”.
Além disso, o acidente de trabalho pode ser classificado em três diferentes tipos, como: o acidente típico, as doenças ocupacionais e os acidentes por equiparação (acidentes ocorridos no ambiente no horário de trabalho, bem como os acidentes fora do ambiente e do horário de trabalho).
O nexo causal é determinante para caracterizar doenças ocupacionais, vez que é de difícil identificação e comprovação, se essa doença é ou não proveniente do labor, muita vezes sendo necessária a realização de exames complementares para diagnostico, utilizando recursos tecnológicos e preciso a fim de verificar quanto a origem ou razão do adoecimento.
No entanto, por meio do CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) é possível identificação do dia, hora, local e detalhes da ocorrência, no caso de acidente de trabalho, embora essa comunicação seja dada pela empresa.
Ademais, cresce o numero de casos de acidente de trabalho pelas falhas nos projetos de trabalho, inadequação e falta de fiscalização dos EPI´S, além das jornadas de trabalho exaustivas e exigência de horas extras, esquecendo-se da prevenção e do cuidado com a saúde do trabalhador, em busca de cada vez mais de resultados.
Diante disso, têm-se as doenças laborais aquelas elencadas no artigo 20 da lei 8213/91, in verbis:
Artigo 20. Consideram-se acidente de trabalho, nos termos do artigo anterior, as seguintes entidades mórbidas: 
I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social; II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I.
Tais doenças são oriundas do contato direito do obreiro com agentes biológicos nocivos, ou até mesmo da utilização indevida dos equipamentos de proteção individual – EPI´S, dividindo-se em doença ocupacional e do trabalho.
Além dessa conceituação, considera-se doença profissional aquelas desencadeadas por situações corriqueiras e recorrentes a integrantes de certas categorias profissionais, descritos no Anexo II do Decreto d nº 3048/99, ou as que são reconhecidas pela Previdência Social por meio da IN 98/03.
2.2. ESPÉCIES DE ACIDENTE DE TRABALHO
Há dois tipos de acidentes de trabalho, aqueles que ocorrem dentro do âmbito laboral, durante a jornada de trabalho do empregado, que são os mais comuns e fáceis de identificar chamados de acidentes típicos de trabalho. Existem ainda aqueles que aparecem em razão da natureza da atividade laborativa desenvolvida, ou seja, durante a rotina de trabalho o trabalhador começa a ter sua saúde balada pelo simples desenvolvimento de suas atividades. 
Antes da reforma trabalhista havia a previsão de outro tipo de acidente de trabalho, chamado de acidente de trajeto, ou seja, era aquele ocorrido durante o trajeto do trabalhador de casa para a empresa ou da empresa para casa, conhecido como acidente it tinere.
Ocorre que a partir da aprovação da Reforma Trabalhista - Lei 13.467/2017 essa questão do acidente de trajeto ganhou importantes elementos de discussão no tocante à sua configuração, vez que fores argumentos sustentam a tese de que o acidente de trajeto não configura mais acidente de trabalho, e também não há mais a obrigatoriedade de emissão de CAT pelas empresas nessas ocasiões.
Nesse sentido, a Reforma Trabalhista alterou o §2º, do art. 58 da CLT, de modo que o tempo de percurso da residência até o local de trabalho, e vice-versa, não são mais considerados como tempo à disposição do empregador. Conforme consta na CLT atualmente:
"Artigo 58. A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite.
(...)
§ 2º O tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador."
Embora a Lei de Benefícios Previdenciários, Lei 8.213/91, em seu artigo 21, inciso IV, alínea "d", equipara o acidente de trajeto ao acidente de trabalho:
"Artigo 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei:
(...)
IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho:
(...)
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado."
Com a alteração trazida pela Reforma e a aprovação da Resolução 1.329/2017, o Conselho Nacional de Previdência Social alterou a metodologia do cálculo do Fator Acidentário de Prevenção (FAP) e retirou-se o acidente de trajeto do computo do FAT do exercício de 2018. 
O argumento principal utilizado foi o de que o empregador não tem influência/ingerência sobre os acontecimentos que ocorrem no trânsito, ou seja, fora do alcance de seu controle, fiscalização ou poder diretivo.
Nesse sentido, a doutrina entende que a legislação previdenciária não pode conceituar um acidente de trajeto como sendo de acidente de trabalho, uma vez que a própria legislação trabalhista aduz que o empregado não está à disposição da empresa naquele período.
Ainda sobre os acidentes de trabalho, quem vai determinar se são típicos é a Lei 8213/91, em seu artigo 19, senão vejamos:
Artigo 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.
No mais, tem-se que o os acidentes atípicos são os que estão elencados no rol dos artigos 20 e 21 do mesmo diploma legal. 
Ressalte-se que embora o acidente seja típico, pode ser verificada a culpa do empregador seja no fornecimento inadequado ou precário de EPI´S, seja na falta de fiscalização da utilização desses equipamentos, ou até mesmo pelas exigências sobre humanas que são feitas por alguns patrões.
2.3 DOENÇAS OCUPACIONAIS
Doenças ocupacionais são aquelas diretamente ligadas às atividades desempenhadas pelo trabalhador, de evolução lenta e progressiva, originadas pela mesma causa gradativa desenvolvida ao longo do tempo, no decorrer da atividade laboral, seja por causa relacionadas à função do obreiro quanto as condições de trabalho oferecidas pelo empregador.
Segundo Costa (2007, p. 72) “doenças ocupacionais são as moléstias de evolução lenta e progressiva, originárias de causa igualmente gradativa e durável, vinculadas às condições de trabalho”. Para o autor, estas podem se subdividir em: “tecnopatias, ergonopatias ou doenças profissionais típicas, inerentes a alguns trabalhos peculiares ou a determinadas atividades laborativas, com nexo causal presumido, razão pela qual o infortunado fica dispensado de comprovar o mesmo”.
Desse modo, por doença profissional entende-se ser aquela ocorrida em decorrência do exercício das atividades do trabalhador, tendo sido desencadeada em funções de condições especiais que o indivíduo é submetido para realização de seu trabalhotodos os dias.
A diferença entre doença profissional e doença do trabalho é que a primeira decorre de situações corriqueiras, tarefas realizadas por certa categoria profissional, descritas no anexo II do Decreto 3048/99, reconhecidas pela Previdência Social.
No caso da doença do trabalho esta tem como causa o risco indireto, como no caso de um trabalhador portador de bronquite asmática decorrente de fator genético, que pode atingir qualquer trabalhador, mas se o trabalhador desenvolve suas atividades em local especial esse risco transforma-se em indireto, devendo o obreiro provar que adquiriu a doença ou teve agravamento a partir do ambiente laborativo que estava inserido. 
Destaca-se que o nexo de causalidade é indispensável pois é indissociável de causa e efeitos, uma vez que é necessária a comprovação de que o acidente de trabalho ou a doença ocupacional foi originada no âmbito do trabalho trazendo incapacidade laboral ou o óbito do obreiro.
Além disso, havendo suspeita de acidente de trabalho ou doença ocupacional é obrigatória a realização de perícia por um médico do INSS a fim de elucidar as seguintes questões: o acidente e a lesão, a doença e o trabalho, a causa mortis e o acidente.
No tocante a prevenção de acidentes a legislação instituiu as CIPAS (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) como formas de ajudar a prevenir acidentes, doenças e demais infortúnios oriundos do ambiente de trabalho.
2.4 ACIDENTES DE TRABALHO POR CONCAUSA
A concausa ocorre quando há contribuição multifatorial para o acometimento do resultado, neste caso a ocorrência do acidente do trabalho, seja ele, típico ou atípico. 
Nesse sentido, tem-se que a concausa é outra causa que somada à causa principal concorre para o resultado. Além disso, a concausa não inicia e nem interrompe o processo causal, ela serve com uma espécie reforço para que ocorra o acidente de trabalho.
 Desse modo, o acidente de trabalho por concausa é caracterizado pela junção de mais de uma causa para sua ocorrência, uma motivação que reforce o acontecimento.
Segundo Oliveira (2007, p. 53): “as concausas podem ocorrer por fatores preexistentes, supervenientes ou concomitantes com aquela causa que desencadeou o acidente ou a doença ocupacional”. Portanto, trata-se de causa secundária que reforça a ocorrência do acidente de trabalho. 
A Lei 8.213/91 traz a teoria da concausalidade no inciso I do artigo 21:
Artigo 21 - Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei: I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação (...). 
É uma condição contributiva à causa principal, podendo se manifestar antes, concomitante ou posteriormente à causa principal. A doutrina descreve como complementar, vez que por si só é improvável que produza o resultado, mas se somada à causa principal, em concurso com outra causa, possui a capacidade de gerar danos. Portanto, pressupõe a soma dos dois fatores para desencadear o evento danoso.
Assim, devido à causalidade, é reconhecido como acidente do trabalho aquele que, embora não tenha no serviço sua causa única, é desencadeado ou agravado por este. As concausas podem ser classificadas da seguinte forma: a) concausalidade comum, ordinária ou conjunta é aquela onde a consequência de condutas é coordenada e necessita de outras duas ou mais pessoas, que, de forma relevante, contribuem para a realização e produção do evento danoso, b) concausalidade disjuntiva ou alternativa, quando somente uma das condutas é importante para a ocorrência do dano e por último c) concausalidade acumulativa é a que existe em decorrência das condutas de duas ou mais pessoas que, mesmo independentes entre si, causam prejuízo ao agente estudado.
Tem-se, portanto, os acidentes de trabalho por concausalidade que são decorrentes de mais de uma causa, que somadas concorreram para o evento danoso.
2.5 ACIDENTES POR EQUIPARAÇÃO LEGAL
 
Tratando-se de acidentes de trabalho por equiparação legal, a própria legislação expressa em rol taxativo, sobre os casos que são equiparados a acidente de trabalho, conforme se depreende do artigo 21 da Lei 8213/91, seus incisos, § 1º:
Artigo 21. I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; 
II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de: 
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; 
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho; 
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; 
d) ato de pessoa privada do uso da razão; 
e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior; 
III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; 
IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho: 
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; 
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; 
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão de obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; 
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. 
§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho.
Percebe-se que o legislador buscou de certa forma proteger o trabalhador no sentido de equiparar as doenças oriundas das atividades laborais a acidente de trabalho. Nesse sentido, leva- se em consideração não apenas o desenvolvimento do trabalho em si, mas, inclusive o ambiente de trabalho, a jornada e jornada extraordinária e os agentes nocivos aos quais são expostos os trabalhadores diariamente.
A diferença entre doença ocupacional e acidente de trabalho, segundo Oswaldo e Optiz (1995. p. 23) é que “distinguem-se sob dois aspectos: etiológico e cronológico. Caracteriza-se, em regra, o acidente pela subtaneidade e a violência, na expressão da Lei de 1919. Ao passo que, na doença, isso não ocorre, porque é um processo que tem certa duração, embora se desencadeie num momento certo, provocando a lesão corporal ou a perturbação funcional e até mesmo a morte. Pode-se acrescentar, ainda, mais um elemento diferenciador, qual seja a sua causa, que no acidente-tipo é externa, quando, quase sempre, na doença, ela se apresenta internamente devido ao processo silencioso peculiar a toda moléstia orgânica do homem”.
Sabe-se que a ocorrência de acidentes de trabalho, independentemente se são típicos, atípicos, próprios ou equiparados, ou mesmo ocorridos através de concausa geram grande repercussão não só no âmbito jurídico, mas sobretudo nas rotinas dos trabalhadores e das empresas, que além da ausência do empregado suportarão os custos do seu afastamento caso seja inferior a 15 dias.
O Tribunal Superior do Trabalho dispõe acerca das doenças de trabalho e doença profissional: “ao lado da conceituação acima, de acidente de trabalho típico, por expressa determinação legal, as doenças profissionais e/ou ocupacionais equiparam-se a acidentes de trabalho. Os incisos do art. 20 da Lei nº 8.213/91 as conceitua: Doença profissional - assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercíciodo trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social; Doença do trabalho - assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I.
	Tem-se, portanto, um rol taxativo para os acidentes de trabalho por equiparação legal.
3. DANOS MATERIAIS INDENIZAÇÃO POR ACIDENTE
Neste capítulo, será destacado o conceito de danos materiais e indenização por acidente, bem como os diferentes tipos de indenização por danos patrimoniais.
3.1. DANOS MATERIAIS
Danos são aquilo que resultam de uma lesão com a diminuição ou destruição do patrimônio material ou moral sofrida por uma pessoa, decorrente de determinado evento, alheia a sua vontade.
Há dois tipos de dano, um que ataca o patrimônio material, tangível e palpável do sujeito e outro que ataca patrimônio imaterial moral, intangível da vitima.
Em linhas gerais, de acordo com os ensinamentos de Pontes de Miranda (1984, p. 490): "tem-se de considerar o patrimônio do ofendido no momento (momento em que ocorreu a ofensa) e mais o que seria se o ato (ou fato) não houvesse ocorrido e o que é no momento da indenização. Tal é id quod interest”. 
A obrigação de indenizar oriunda dos acidentes de trabalho não se confunde com aquela devida pela previdência social, uma vez que essa deriva da culpa e é de responsabilidade do empregador e está elencada na Constituição Federal de 1988, em seu atrigo 7º, XXVIII: 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: 
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
Vale lembrar que o dano material pode ocorrer também em relação ao empregador, não estando restrito apenas ao empregado, que por sua vez pode cometer atos ao longo de sua jornada de trabalho que causem danos ao seu empregador, podendo ser elidido na Justiça do Trabalho por tratar de danos decorrentes da relação de trabalho ou emprego. De um lado temos o obreiro e de outro o empregador como sujeitos ativos dessa relação.
As indenizações provenientes dos danos materiais podem ser divididos em três tipos, segundo o Código Civil: a) a indenização no caso de morte da vítima, consubstanciado no artigo 948, b) a indenização no caso de incapacidade temporária da vítima, advindo do artigo 949, e, c) a indenização no caso de incapacidade permanente, total ou parcial, conforme o art. 950, todos do Código Civil. A jurisprudência é clara ao decidir sobre esse tema, julgados extraídos do site JusBrasil, 2017:
TST - RECURSO DE REVISTA RR 5224820125150039 (TST) - Data de publicação: 08/01/2016. Ementa: RECURSO DE REVISTA INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS - ACIDENTE DE TRABALHO - CULPA concorrente O acórdão regional contém elementos suficientes para caracterizar a culpa concorrente da Reclamada, por não ter adotado previamente medidas de segurança que poderiam ter evitado o acidente. Recurso de revista conhecido e provido. 
TST - RECURSO DE REVISTA RR 344005020095150109 (TST) - Data de publicação: 03/11/2015 .Ementa: RECURSO DE REVISTA - INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS. O Regional concluiu que o Reclamante não sofreu prejuízos materiais advindos da incapacidade para a mesma função que exercia. Assim, não há que se falar em afronta ao artigo 950 do Código Civil. Recurso de Revista não conhecido. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. QUANTUM INDENIZATÓRIO. A jurisprudência dos tribunais pátrios não admite o enriquecimento sem causa, devendo a indenização, tal como assentado pelo TRT, ser fixada com fins pedagógico e compensatório, buscando mitigar o prejuízo e restringir a atitude do empregador para que não cause novos danos a seus empregados. Desse modo, não há falar em majoração do quantum arbitrado a título de indenização por danos morais. Recurso de Revista não conhecido. (grifos nossos). 
Ressalte-se que em relação à morte da vitima tem-se a duração provável da vida da vitima bem como a prestação e alimentos.
INDENIZAÇÃO NO CASO DE MORTE DA VITIMA
No caso de óbito oriundo de acidente de trabalho o valor indenizatório, deverá seguir a regra disposta no artigo 948 do Código Civil: 
Artigo 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações: 
I – no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família; 
II – na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima; [...] 
Observa-se no caput do referido dispositivo que a preocupação do legislador no tocante ao princípio da reparação integral, restitutio in integrum, em que pese à reparação será medida pela extensão do dano causado, segundo o artigo 944 do Código Civil. Assim, o diploma legal garante expressamente que o dano material não se limitará ao dano emergente previsto no inciso I, nem somente ao lucro cessante, mencionado no II inciso, ele, contudo, de forma ampla, abrange outras eventuais reparações, como, ainda não citado, o dano moral.
Vale lembrar, para a consecução da indenização por danos materiais, sejam danos emergentes ou o lucro cessante, deverão ser pleiteados instruídos com as provas que lhe conferem liquidez e certeza acerca de seu valor. 
Neste sentido, é imperioso discorrer sobre o regramento esculpido no inciso II, que bastante relevante para a efetiva compreensão dos danos materiais a serem pagos. Assim, deve-se compreender de que forma se dará a prestação de alimentos aos dependentes da vítima, e ainda, como considerar a duração provável da vida da vítima. 
Segundo o entendimento do TST, vejamos:
TST - RECURSO DE REVISTA RR 17794720115020317 (TST). Data de publicação: 18/09/2015. Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL. MORTE DO TRABALHADOR. PAGAMENTO EM PARCELA ÚNICA. IMPOSSIBILIDADE. Demonstrado no agravo de instrumento que o recurso de revista preenchia os requisitos do art. 896 da CLT , quanto ao tema em epígrafe, dá-se provimento ao apelo para determinar o processamento do recurso de revista . Agravo de Instrumento conhecido e provido. RECURSO DE REVISTA. ACIDENTE DE TRABALHO. MORTE. ASSALTO MOTORISTA DE TRANSPORTE COLETIVO URBANO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. A jurisprudência desta Corte tem se posicionado no sentido de admitir a responsabilidade objetiva do empregador quando demonstrado que a atividade desempenhada implica risco à integridade física e psíquica do trabalhador, mormente em casos de empregados que exerçam as funções de motorista ou cobrador de ônibus em transporte coletivo e tenham sido vítimas de assalto. Recurso de Revista não conhecido, no tema. INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL. MORTE DO TRABALHADOR. PAGAMENTO EM PARCELA ÚNICA. IMPOSSIBILIDADE. Consoante entendimento que vem sendo firmado nesta Corte, o deferimento do pagamento da indenização em parcela única limita-se à situação em que o empregado sobrevive ao acidente, não se aplicando o previsto no art. 950, parágrafo único, do Código Civil, às hipóteses como a presente, mormente em razão de o art. 948 /CC consubstanciar-se em regramento específico sobre a forma de pagamento da indenização quando ocorre o falecimento do empregado. Recurso de Revista conhecido e provido.
TST - RECURSO DE REVISTA RR 78007005520065090673 (TST).
Data de publicação: 12/06/2015. Ementa: RECURSO DE REVISTA. ACIDENTE DE TRABALHO. MORTE DO TRABALHADOR. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL E MATERIAL. Trata-se de hipótese na qual o Tribunal de origem, valorando fatos e provas, firmou convicção acerca da caracterização da responsabilidade civil subjetiva capaz de ensejar a reparação por danos, porquanto comprovados o evento danoso (acidente de trabalho que ocasionou a morte do trabalhador vinculado à construção civil), a conduta culposa da reclamada (negligência quanto ao cumprimento dasnormas de segurança no trabalho) e o nexo causal. A argumentação da recorrente de que não restaram configurados o ato ilícito e o nexo causal remete à revisão do acervo fático-probatório, procedimento vedado nesta fase recursal de natureza extraordinária pela Súmula nº 126 do TST. A propósito, cabe registrar que esta Corte Superior vem firmando o entendimento de que as atividades vinculadas à construção civil, por apresentarem alto grau de risco, ensejam o enquadramento jurídico de fato na regra inserta no art. 927, parágrafo único, do Código Civil , dispositivo que consagra a teoria do risco da atividade empresarial como fator da responsabilidade objetiva, de modo a restar dispensada a perquirição em torno da culpa. Recurso de revista de que não se conhece. 
Nos casos em que há morte do obreiro, cabe à família receber a indenização devida ao de cujus, através da legislação pertinente a sucessão, por assumir o caráter de herança.
PRESTAÇÃO DE ALIMENTOS
Sobre a prestação de alimentos prevista no artigo 948, II, do Código Civil de 2002, para que seja efetivamente cumprida, os valores serão baseados na última remuneração recebida em vida pelo trabalhador e não no salário, somente, que o trabalhador percebia à época do acidente que culminou em sua morte. 
Não se pode confundir esse tipo de prestação alimentar com aquela obrigação oriunda do Direito de Família, vez que o fato gerador é completamente diferente entre tais institutos. Ademias, nesses casos, não cabe análise financeira e econômica da família do de cujus, muito menos suas necessidades e de seus dependentes. 
Nesse caso, a responsabilidade de pagar alimentos é objetiva e decorre do ato ilícito ou atividade especial que englobava o risco da vítima. A relação é direta. Com a morte do trabalhador resultante de acidente de trabalho, surgirá para a família o direito de receber a pensão referente à prestação de alimentos pelo empregador do trabalhador falecido. 
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) entende que nessas hipóteses o valor da pensão deverá compreender ao todo, ou seja, valor integral da remuneração da vítima, bem como também fará parte dos cálculos as posteriores atualizações do salário da categoria do empregado, além da inclusão do 13º salário e todas as gratificações incorporadas à remuneração deste.
DURAÇÃO PROVÁVEL DA VIDA DA VÍTIMA
Outro fator a ser analisado e estabelecido é o lapso temporal entre a morte do trabalhador e o termo final da prestação de alimentos pelo empregador.
Dessa forma, segundo Melo (2006), o legislador foi assertivo ao passo que não determinou tempo máximo ou mínimo, tampouco um tempo determinado, cabendo ao juízo analisar e aplicar ao caso concreto as particularidades de cada vitima, no sentido de cobrir o tempo médio de vida que este trabalhador disporia se vivo fosse. Neste sentido, o autor expressou:
“Desse modo, deve o julgador levar em conta a média de vida do brasileiro no momento da morte da vítima, cujo prazo vem aumentando em razão dos avanços da medicina e da melhor qualidade de vida, que varia, evidentemente, de acordo com a situação social e econômica da vítima e região de vivência” (MELO, 2006, p. 394).
Portanto, o critério adotado para o calculo desse lapso temporal está diretamente relacionada à expectativa de vida do homem médio. Assim, utiliza-se a tabela de expectativa de vida fornecida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, que é o órgão público responsável pelo senso e por verificar as mudanças na expectativa de vida das pessoas. 
Nesse caso, serão aplicadas analogicamente as disposições expressas nos artigos 29, parágrafo 7º e 8º, da Lei 8.213/91, bem como os artigos 1º e 2º, do Decreto nº. 3.266/99.
PENSIONAMENTO
O Direito Previdenciário tem uma estreita relação com o Direito do Trabalho, vez que muitos institutos na seara previdenciária dependem de outros oriundos da seara trabalhista, como no caso da aposentadoria, auxilio doença, salario maternidade, entre outros.
Nesse sentido, no tocante a acidente de trabalho, os artigos 19 a 21 da Lei 8213/91 tratam dessas espécies, além do artigo 118 da mesma lei que dispõe acerca da estabilidade provisória resultante acidente de trabalho sofrido pelo trabalhador segurado. Ressalte-se que o direito previdenciário é voltado para acontecimentos futuros, enquanto o direito do trabalho está relacionado ao dia a dia do trabalhador.
Com isso, quando se tratar de pensionamento vitalício descrito no artigo 950 do Código Civil, que será devido se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, será devida a indenização, acrescidas das despesas decorrentes do tratamento, o lucro cessante até o fim da convalescença, incluindo-se pensão correspondente à importância do trabalho para o qual se inabilitou a vitima ou da depreciação que este sofreu.
Ressalte-se que este entendimento não encontra amparo na CLT, mas com a aprovação da Reforma Trabalhista, o direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho, conforme § 1º do artigo 8º da Consolidação das Leis do Trabalho.
No que se refere à responsabilidade civil a luz do direito previdenciário, a Lei 8213/91 a incapacidade permanente é vista por outra ótica, nos termos dos artigos 42, 59 e 86. Temos ai os institutos da aposentadoria por invalidez, que depois de cumprida a carência exigida, será devida ao segurado que estiver incapacitado e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que garanta sua subsistência; o auxílio-doença que será devido ao segurado que havendo cumprido o tempo de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para sua atividade habitual por mais de 15 dias; e tem-se ainda o auxílio-acidente que será concedido como indenização aos segurado, quando houver sequelas decorrentes de acidente de qualquer natureza que impliquem na redução de sua capacidade para o trabalho exercido habitualmente.
Nesse sentido, o artigo 950 do CC trata exclusivamente da impossibilidade do exercício da profissão ou oficio que exercia a vitima antes do acidente, não considerando a hipótese de uma readaptação para o exercício de outras atividades compatíveis com sua deficiência ou inabilidade adquirida, determinando a fixação da indenização na integralidade da remuneração auferida pelo obreiro.
Teremos então duas situações acerca do mesmo acidente de trabalho:
Previdenciária – no caso de constatação de incapacidade parcial o trabalhador não fara jus a aposentadoria por invalidez acidentária, mas sim auxílio-doença acidentário, caso seja reabilitado pra o desempenho de outras funções terá seu benefício acidentário 	cessado.
Trabalhista – o trabalhador é sempre mais beneficiado, aqui basta à incapacidade laboral para a função exercida à época da lesão, ou seja, não há relevância de nenhum outro critério subjetivo, mesmo que seja reabilitado ou que possa exercer outra atividade mais bem remunerada, será devido à indenização paga pela empresa na totalidade de seus vencimentos quando do evento danoso. Esta pensão será paga até o óbito do trabalhador, ou em parcela única caso assim deseje o obreiro acidentado, utilizando o artigo 950 do CC, subsidiariamente.
Salienta-se que os valores referentes os benefícios previdenciários devidos ao trabalhador incapacitado não se confundem com o pensionamento mensal trazido pelo artigo 950 do CC.
Tais preceitos podem ser verificados em diversas fontes do direito, a luz da Constituição tem-se o artigo 7º que garante os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem garantir melhorias na sua condição social, como no caso do seguro contra acidentes de trabalho, pagos pelo empregador, sem excluir a indenização a que está obrigado em caso de dolo ou culpa. Já o artigo 121 da Lei 8213/91 discorre sobre a responsabilidade da empresa decorrente de acidente de trabalho, embora o pagamento das prestações por acidente de trabalho seja efetuado pela Previdência Social, não excluia responsabilidade civil do empregador outra pessoa.
Além disso, a súmula 229 do STF aduz que a indenização acidentária não exclui a do direito comum, nos casos de dolo ou culpa grave do empregador. Portanto, tem-se que o pensionamento não se confunde com as demais espécies de pagamento.
Nesse mesmo sentido, os tribunais superiores aplicam literalmente os preceitos do artigo 950 do CC, dessa forma, a incapacidade permanente, seja total ou parcial, será sempre determinada pela possibilidade ou não do desempenho das mesmas atividades exercidas pelo obreiro à época do evento danoso.
INDENIZAÇÃO PELA INCAPACIDADE TEMPORÁRIA
Tem-se por incapacidade temporária aquela reversível, que tem tempo determinado ou pré-definido, como a necessidade de afastamento do trabalhador para tratamento de doença, desaparecendo as lesões após o período de afastamento do qual não resultou nenhuma incapacidade ou sequela. Completamente da incapacidade permanente que decorre de acidente mais graves que deixam sequelas incapacitantes para o trabalho, mesmo após o tratamento.
Nesse sentido, a incapacidade temporária é indenizada pelo período em que o trabalhador precisa se afastar do trabalho a fim de reestabelecer sua saúde, que está prevista no artigo 949 do CC, já nos casos de incapacidade permanente esta será abarcada pelo artigo 950 do mesmo diploma legal.
Os primeiros 15 dias de afastamento serão custeados pelo empregador, que deverá pagar o salário integral ao empregado, caso o afastamento ultrapasse esse período, será necessária a realização de perícia medica por medico do INSS a fim de verificar as condições clinicas do obreiro, devendo ter o problema iniciado durante o exercício das funções do empregado.
Nesse sentido, fará jus ao auxílio doença o trabalhador que ficar incapacitado para o trabalho por tempo superior a 15 dias consecutivos, ou seja, poderá ter direito ao recebimento de auxílio doença acidentário nos casos decorrentes de acidente de trabalho e seus equiparados, doenças profissionais e doenças do trabalho, ou auxilio doença ordinário nos demais casos, inclusive os que não tiverem origem ocupacional.
Por tanto, só é possível o recebimento do auxilio doença nos casos em que o trabalhador ficar impossibilitado de desempenhar as atividades laborativas por prazo superior a 15 dias consecutivos, ou seja, a partir do 16º de afastamento.
A indenização devida para a incapacidade temporária vem também carreada no bojo do artigo 949 e, para a incapacidade permanente, aduzida no artigo 950 do Código Civil de 2002. Assim, verifica-se o entendimento do artigo 949: 
Artigo 949 do Código Civil: No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.
Observa-se, portanto, que o entendimento do legislador se dá de três formas distintas, caso o acidente inabilite o trabalhador de forma temporária. Assim, o artigo 949 do CC, estabelece que serão custeadas tanto as despesas oriundas do tratamento, como os lucros cessantes, e, por fim outro prejuízo que o acidentado tenha sofrido.
Não há possibilidade de compensação do valor do auxilio doença acidentário com outro valor de indenização, pois além de terem naturezas distintas, essas verbas oriundas do seguro acidente não excluem o direito a indenização acidentária paga pelo empregador.
INDENIZAÇÃO POR INACAPACIDADE PERMANENTE
Devido à incapacidade permanente do trabalhador inabilitado, seja de forma integral ou parcial, além de custos com o tratamento da vitima, os lucros cessantes desde o acidente até o completo reestabelecimento da vitimas, os valores referentes a pensão serão pagos mensalmente ou de uma só vez, em valor proporcional á depreciação sofrida pelo empregado ou sua incapacidade profissional. 
Nesse sentido, tem-se a previsão de pagamento de pensionamento à vítima surge a partir de verba indenizatória, por cometimento de ato ilícito ou no risco criado pelo empregador, portanto não há como compensar essas verbas com os benefícios previdenciários pagos pelo INSS. 
Em relação ao beneficio previdenciário custeado pela Previdência Social, no caso do auxilio acidente, este é um benefício de caráter indenizatório vez que ele não substitui o salário e é recebido concomitantemente. Sendo devido ao segurado empregado, urbano e rural, o avulso e o segurado especial, exceto o doméstico, que for acometido por sequelas decorrentes do acidente de trabalho que resultem na diminuição da capacidade laborativa que exercia a época.
Esse auxílio é garantido ao empregado a partir do 16º dia de seu afastamento de suas atividades laborais, ou a partir da entrada de seu requerimento se ultrapassarem 30 dias da data do afastamento.
INCAPACIDADE PARCIAL – VALOR DA PENSÃO
Em decorrência de perda parcial da capacidade laboral, o valor mensal da pensão deverá ser proporcional redução da capacidade do empregado, ou seja, utiliza-se um elevado grau técnico somado a uma avalição extremamente criteriosa a ser realizada através de perícia médica para mensurar o grau de incapacidade e proceder ao cálculo desses valores, de acordo com a lesividade sofrida pelo obreiro.
O laudo pericial será entregue ao juiz, embora possa haver discordância e questionamento das partes, que podem inclusive solicitar um novo exame a ser realizado por outro perito médico. Sendo constatado que houve redução pela metade da capacidade técnica desse trabalhador, ou seja, em 50% (cinquenta por cento), o juízo concederá a pensão fixada neste percentual, ou seja, 50% da última remuneração percebida por este.
Vale ressaltar que o juiz não vinculado exclusivamente à conclusão da perícia, pelo contrário, deve considerar sua motivação por meio das demais provas, como prova técnicas suplementares, elementos dos autos, comprovação de culpa ou dolo, assim, quaisquer outras que sejam necessárias para o julgamento do caso.
Nesse sentido, uma perda de 50% da capacidade laborativa não deve ser vista apenas como percentual, mas inserir essa perda no contexto da rotina do obreiro, visualizando o trabalhador agora como portador de deficiência irreversível, em busca de novas oportunidades de trabalho a partir da sua nova condição laboral e se recolocar no mercado de trabalho.
Assim, entende-se que a indenização é variável, medida sobre o grau de incapacidade sofrida pelo trabalhador, de acordo com cada caso concreto.
DANOS MORAIS INDENIZAÇÃO POR ACIDENTE
O dano moral caracteriza-se pela ofensa ou violação ao bem de ordem moral no âmbito estritamente pessoal da sujeito de direito, sejam eles referentes à sua liberdade, a sua honra, sua saúde física e mental ou a sua imagem, que podem ser ressarcidos economicamente através da provocação do judiciário.
Maria Helena Diniz (1996, p. 49) define dano “como a lesão (diminuição ou destruição) que, devido a um certo evento, sofre uma pessoa, contra sua vontade, em qualquer bem ou interesse jurídico, patrimonial ou moral”.
Nos casos que envolvem acidentes laborais ou equiparáveis, a indenização por dano moral sempre é devida, vez que decorre das sequelas permanentes suportadas pelos trabalhadores. Muitos desses acidentes afetarão não somente sua vida profissional, mas, sobretudo sua vida pessoal, ao passo que muitas dessas moléstias incapacitarão, de alguma forma, a realização das atividades cotidianas que eram realizadas.
O dano moral ou outra lesão proveniente de ato ilícito cometido por um terceiro, que atinja bens juridicamente tutelados de qualquer pessoa, trazendo prejuízos de ordem imaterial, contra sua vontade, embora sem conteúdo econômico, poderá ser materializado economicamente, através do arbitramento judicial.
O acidente de trabalho pode causar ao empregado danos materiais e morais, concomitantemente. Possivelmente, o mesmo fato ofenda a esfera pessoal da vítima, ocasionando-lhe constrangimento, sofrimento físico e psicológico, que caracterizam o dano moral, que te o mesmo conceitona seara trabalhista ou cível.
A súmula 37 do STJ prevê a possibilidade de acumulação das indenizações por dano moral e material oriundas do mesmo fato danoso. Além disso, destaca-se que em relação aso acidentes de trabalho os artigos 948 e 949 do CC destacam a possibilidade outras reparações ou algum prejuízo que o ofendido prove que sofreu, incluindo o dano moral.
A prova do dano moral deve ser compreendida como in re ipsa, ou seja, se extrai da observância do fato trazido aos autos e decorre diretamente do ocorrido. Assim, uma vez comprovada à existência da ação antijurídica e aquela realizada pelo ofensor, o dano moral restará cristalino e materializado.
DO QUANTUM INDENIZATÓRIO
É discricionário ao julgador fixar, baseado no seu entendimento, o quantum indenizatório pelo dano moral sofrido, sempre pautado nos parâmetros de proporcionalidade e razoabilidade. 
Neste sentido, Delgado (2005, p. 623) aduz que: “O montante indenizatório, com respeito ao dano moral (inclusive estético), é fixado pelo órgão judicante por meio de um juízo de equidade”. 
Em casos de indenização decorrente da perda da condição de trabalhador deve ser observada a justa compensação pelo dano suportado pelo empregado, vez que será impossível o ressarcimento absoluto do mal sofrido, pois este foi atingiu imaterialmente a vitima, seja psíquica e emocionalmente, não podendo ser mensurado economicamente, tampouco esquecido facilmente. 
A jurisprudência vem aplicando duplo sentido às indenizações seja de forma compensatória às vítimas, observando-se a situação econômica do trabalhador, ou como forma preventiva, no sentido inibir novas práticas do fato delituoso pelas empresas e, considerando a quantidade de ações sofridas e seu poder econômico.
Outros fatores relevantes acerca desse tema são a) as condições econômicas, sociais e culturais das empresas, bem como, do trabalhador vitimado; b) a intensidade do sofrimento; c) repercussão da atitude gravosa; d) a posição hierárquica do ofendido; e) a intensidade do dolo ou o grau de culpa do responsável. 
CONCLUSÃO
No decorrer do presente trabalho, observou-se várias teorias no que se refere às espécies de acidente de trabalho, bem como suas consequentes indenizações, além de sua repercussão em várias áreas do Direito, em especial na seara Trabalhista, Previdenciária, e subsidiariamente no Direito Civil.
Percebeu-se que além das dificuldades diárias referentes ao bom desempenho de suas atividades laborais, o obreiro enfrenta a insegurança no tocante a ter resguardados seus direitos em caso de acidente de trabalho.
Conclui-se que muito desse sofrimento é causado pela “poder diretivo” do empregador, no sentido que suas exigências têm que ser atendidas, mesmo causando danos a saúde e a integridade física do empregado. Além disso, isso reflete não apenas na vida do patrão e empregado, mas atinge toda a sociedade, seja pelas parciais, totais, temporária ou permanente, da capacidade laborativa, culminando inclusive na morte do trabalhador.
 Portanto, se faz necessário uma nova Reforma Trabalhista no sentido de proteger os trabalhadores nas situações que são submetidos hodiernamente, vez que a CLT data de 1940, e a Reforma aprovada em 2017 acabou com muitos dos direitos protegidos pelo ordenamento trabalhista.
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* Pós-Graduação em Direito e Processo do Trabalho e Direito Previdenciário da Universidade Estácio de Sá. E-mail: cinntia@gmail.com

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