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Rua São Francisco de Assis, nº 1.649, São Domingos, Sorriso-MT, CEP 78.890-000 Página 1 Fone: (66) 3544-0388 – e-mail: eslenadvocacia@gmail.com valdeniradvocacia@gmail.com EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE SORRISO-MT. ANTONIA DO NASCIMENTO BARROS, brasileira, vivendo em união estável, borracheira, inscrita no CPF sob o n° 055.763.521-73, portadora do RG sob o n° 2781824-1 SSP/MT, residente e domiciliado na Rua Passo Fundo, nº 1.652, bairro Novos Campos, na cidade de Sorriso/MT, CEP 78.890-000, por seus advogados que esta subscrevem, com endereço profissional sito à Rua São Francisco de Assis, nº 1.649, São Domingos, Sorriso/MT, CEP 78890-000, conforme deflui do incluso instrumento de procuração “ad judicia” (Doc. 01), vem, respeitosamente, ante Vossa Excelência, propor a presente; AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS c/c REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS em face de AGROPESCA PET SHOP LTDA ME, pessoa jurídica de Direito Privado, inscrita no CNPJ sob o nº 17.901.423/0001-85, situada à Rua Marechal Cândido Rondon, n° 2.331, bairro Bela Vista, na cidade de Sorriso/MT, CEP: 78.890-000; e LABORATÓRIO BIOVET S/A, sociedade anônima, inscrita no CNPJ sob o n° 60.411.527/0001-30, situada à Rua Coronel José Nunes Santos, nº 639, Centro, na cidade de Vargem Grande Paulista/SP, CEP: 06730-000, pelas razões de fato e de direito adiante articuladas: Rua São Francisco de Assis, nº 1.649, São Domingos, Sorriso-MT, CEP 78.890-000 Página 2 Fone: (66) 3544-0388 – e-mail: eslenadvocacia@gmail.com valdeniradvocacia@gmail.com I- DOS FATOS A Reclamante era dona de uma cadela da raça Chow-chow, que era a alegria da casa, e de seus dois filhos pequenos. A cadela de estimação fora comprada em 27/06/2018, devidamente comprovado através de recibo (Doc. 03), já possuindo 21 (vinte e um) dias de vida. Prezando pelos bons cuidados e saúde do animal, a Reclamante contratou junto da empresa demandada AGROPESCA PET SHOP a vermifugação e aplicação de vacina antiviral de fabricação do LABORATÓRIO BIOVET (Doc. 02), também demandado, sendo o primeiro administrado via oral, e o segundo injetado no animal. O procedimento foi realizado em sua residência, e por um funcionário da empresa pet shop, na data de 18/07/2018. Ocorre que, no dia 22/07/2018, ao perceber que a cadela estava quieta, ao desconfiar desse comportamento não usual, a mesma passou O DIA TODO tentando entrar em contato com a empresa via telefone e via mensagens para informar o que estava acontecendo. E também pedia auxílio, para que socorressem sua cadela, pois temia perder o novo membro da família. Após diversas tentativas frustradas de entrar em contato com a empresa demandada, a Reclamante obteve retorno apenas ao fim do dia, mas não teve qualquer utilidade, pois o responsável pela empresa pet shop afirmou que nada poderia fazer para ajudá-la, apenas a orientou para dar Dipirona para o animal de estimação. E esse temor era verdadeiro, pois, mais tarde, naquele mesmo dia de 22/07/2018, a sua cadela de estimação morreu. Para desespero da Autora e de seus filhos, que nutriam um imenso carinho pelo animal de estimação. Rua São Francisco de Assis, nº 1.649, São Domingos, Sorriso-MT, CEP 78.890-000 Página 3 Fone: (66) 3544-0388 – e-mail: eslenadvocacia@gmail.com valdeniradvocacia@gmail.com No dia seguinte ao falecimento do animal de estimação a empresa entrou em contato com a Autora, mas aí já era tarde demais para fazer qualquer coisa a respeito. O responsável pela empresa pet shop afirmou que havia entrado em contato com o laboratório responsável pela elaboração da vacina, e que os mesmos entrariam em contato com a Autora, pois, requisitariam o corpo do animal, para a realização de exames para determinar a causa mortis do animal de estimação da Autora. E também lhe forneceu um número de telefone para que a Autora pudesse entrar em contato junto ao laboratório caso quisesse. Acontece que, após diversos dias sem qualquer manifestação do laboratório quanto aos possíveis exames, e diversas tentativas via telefone, o número que lhe fora fornecido simplesmente não concluía a ligação, não restou alternativa à Autora, senão, enterrar a pequena cadela. Após todos esses eventos, a Autora tentou por diversas vezes entrar em acordo com o responsável pela empresa de pet shop para tentar compor uma situação que pudesse aliviar a dor da perda. Pois, aquele animal era tratado com muito zelo, amor, carinho. Era como um ente familiar para a Autora, e, principalmente, para seus filhos pequenos. Entretanto, a parte contrária sempre se mostrou distante e indiferente ao sofrimento da Autora, negou-se a negociar qualquer tipo de acordo. Todos os fatos narrados estão devidamente comprovados através de conversa de Whatsapp da Autora com o responsável pela empresa pet shop, inclusive, a conversa segue em anexo (Doc. 07). Rua São Francisco de Assis, nº 1.649, São Domingos, Sorriso-MT, CEP 78.890-000 Página 4 Fone: (66) 3544-0388 – e-mail: eslenadvocacia@gmail.com valdeniradvocacia@gmail.com Portanto, a Autora sofreu a dor da perda de um animal, considerado como um membro da família. Ainda, sofreu a dor de ver seus filhos chorando a perda do animal. E, com todo o descaso com que foi tratada. Ora, Excelência, o animal de estimação da Autora estava em perfeita saúde. E após a aplicação dos medicamentos, sendo eles: vermífugo e vacina, a mesma morreu. A partir daí conseguimos supor algumas situações que podem ter ocasionado a morte da cadela, que são: Alguma reação por ter recebido as duas medicações ao mesmo tempo; Imperícia, negligência, ou imprudência do funcionário da pet shop no momento da aplicação; Produtos de má qualidade. Portanto, mesmo delineando todas essas possibilidades que ocasionaram na morte do animal. Todas as alternativas apontam a responsabilidade para os Requeridos. Quanto à última possibilidade elencada acima, destacamos que o laboratório responsável por elaborar e fabricar a vacina recebeu pelo menos 27 (vinte e sete) reclamações quanto à ineficiência dos seus produtos, inclusive levando vários animais à morte. Extraímos esses dados após consulta no perfil do laboratório demandado no site Reclame Aqui, e todos os resultados estão em anexo (Doc. 04). Rua São Francisco de Assis, nº 1.649, São Domingos, Sorriso-MT, CEP 78.890-000 Página 5 Fone: (66) 3544-0388 – e-mail: eslenadvocacia@gmail.com valdeniradvocacia@gmail.com Não havendo outra solução, a Autora fora compelida a buscar seus direitos pelas vias judicias. Eis os fatos, passamos aos fundamentos. II- PRELIMINARMENTE II-I DA POSSIBILIDADE DO LITISCONSÓRCIO NO POLO PASSIVO Primeiramente, devemos indicar que tanto o fabricante da vacina dada ao animal de estimação quanto o seu fornecedor são solidariamente responsáveis pelos danos causados à Autora. Extraímos a responsabilidade do fornecedor do produto do artigo 12 do Código de Defesa do Consumidor. Vejamos: Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causadosaos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. E no que tange a responsabilidade do fornecedor, o artigo 14, §1º, inciso II, do mesmo Diploma Legal é claro. Vejamos: Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à Rua São Francisco de Assis, nº 1.649, São Domingos, Sorriso-MT, CEP 78.890-000 Página 6 Fone: (66) 3544-0388 – e-mail: eslenadvocacia@gmail.com valdeniradvocacia@gmail.com prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. § 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: (...) II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam; O art. 7º, parágrafo único, do CDC, vem assim redigido: “Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo”. Esse dispositivo constitui a regra geral de responsabilidade solidária entre todos os fornecedores que participaram da cadeia de fornecimento do serviço ou produto perante o consumidor. Por essa razão, ao consumidor é dada a opção de litigar contra apenas um dos fornecedores, ou contra todos que participaram da cadeia de produção para que aquele produto tenha chegado até ele. Esta solidariedade passiva também e disciplinada pelo código civil, nos seguintes termos: Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto. Nesse caso, portanto, a Autora optou por buscar ressarcimento dos danos suportados tanto contra o fabricante do produto, que é o laboratório demandado, quanto ao fornecedor, que foi a empresa pet shop demandada. Rua São Francisco de Assis, nº 1.649, São Domingos, Sorriso-MT, CEP 78.890-000 Página 7 Fone: (66) 3544-0388 – e-mail: eslenadvocacia@gmail.com valdeniradvocacia@gmail.com III- DO DIREITO: III-I DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR A norma que rege a proteção dos direitos do consumidor define de forma cristalina que o consumidor de produtos e serviços deve ser protegido das condutas abusivas de todo e qualquer fornecedor, nos moldes do artigo 3º do referido Código. Senão, vejamos: Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. A Autora é consumidora, na definição legal do termo previsto no artigo 2º do Código de Defesa do Consumidor, pois ela foi a destinatária final dos produtos. Além de ser vulnerável e hipossuficiente perante o poderio financeiro e técnico da mesma. Vejamos: Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.” Com isso posto, as Rés não podem eximir-se das responsabilidades inerentes à sua atividade, dentre as quais: elaborar os Rua São Francisco de Assis, nº 1.649, São Domingos, Sorriso-MT, CEP 78.890-000 Página 8 Fone: (66) 3544-0388 – e-mail: eslenadvocacia@gmail.com valdeniradvocacia@gmail.com medicamentos para animais com os mais altos padrões de qualidade, para evitar mais tragédias como essa, visto que é o fabricante dos produtos; e prestar o devido auxílio ao consumidor, visto que é fornecedor de serviços, que foram comprovadamente mau prestados. III-II DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA Demonstrada a relação de consumo, resta consubstanciada a configuração da necessária inversão do ônus da prova, pelo que reza o artigo 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor, tendo em vista que a narrativa dos fatos encontra respaldo nos documentos anexos, que demonstram a verossimilhança do pedido, conforme disposição legal. Art. 6º São direitos básicos do consumidor: (...) VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências. Trata-se da materialização do Princípio da Isonomia, segundo o qual, todos devem ser tratados de forma igual perante a lei, observados os limites das suas desigualdades. Neste sentido é o entendimento pacífico do Tribunal de Justiça do Estado do Mato Grosso, vejamos: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DECLARATÓRIA - ENERGIA ELÉTRICA - TARIFA - REPASSE DAS CONTRIBUIÇÕES DO PIS E DA COFINS - INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA - POSSIBILIDADE - Rua São Francisco de Assis, nº 1.649, São Domingos, Sorriso-MT, CEP 78.890-000 Página 9 Fone: (66) 3544-0388 – e-mail: eslenadvocacia@gmail.com valdeniradvocacia@gmail.com CONSUMIDORA HIPOSSUFICIENTE - INTELIGÊNCIA DO ART. 6º, VIII, DO CDC - DECISÃO MANTIDA - RECURSO DESPROVIDO. O Código de Defesa do Consumidor possibilita a inversão do ônus da prova para facilitar o direito de defesa do consumidor, que se encontra em posição desprivilegiada em relação ao fornecedor. (AI 97411/2010, DESA. CLARICE CLAUDINO DA SILVA, SEGUNDA CÂMARA CÍVEL, Julgado em 19/01/2011, Publicado no DJE 17/02/2011). Assim, diante da inequívoca e presumida hipossuficiência, uma vez que disputa a lide com empresas de grande porte, indispensável a concessão do direito à inversão do ônus da prova, que desde já, requer. III-III DA OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR De modo integral, o melhor direito se revela para a Autora, conforme demonstrará a seguir. A obrigatoriedade de reparar o dano moral está consagrada na Constituição Federal, precisamente em seu art. 5º, que a todo cidadão é "assegurado o direito de resposta, proporcionalmente ao agravo, além de indenização por dano material, moral ou à imagem" (inc. V) e também pelo seu inc. X, que "são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação". De forma mais específica, o legislador editou a Lei Consumerista, um instrumento de proteção ao consumidor, baseada em princípios e cláusulas gerais, cujo campo de incidência é extremamente amplo – incide em todas as relações de consumo, onde quer que ocorram. Rua São Francisco de Assis, nº 1.649, São Domingos, Sorriso-MT, CEP 78.890-000 Página 10 Fone: (66) 3544-0388 – e-mail: eslenadvocacia@gmail.com valdeniradvocacia@gmail.com O Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90) prevê o dever de reparação. Dentre outros, importantedestacar o Princípio da Reparação Integral, que se desponta no presente caso. Seu conteúdo está expresso no art. 6°, inc. VI, do CDC, senão vejamos: Art. 6º São direitos básicos do consumidor: (...) VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; Ademais, o artigo 186 do Código Civil também prevê a possibilidade da existência do dano moral, sua ilicitude, e consequentemente, gera o dever de indenizar a vítima. Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Chegamos, assim, na conclusão de que a reparabilidade do dano moral puro não mais se questiona no direito brasileiro, porquanto uma série de dispositivos constitucionais e infraconstitucionais garantem sua tutela legal. Vê-se, desde logo, que a própria lei já prevê a possibilidade de reparação de danos morais decorrentes do sofrimento, do constrangimento, da situação vexatória, do desconforto em que se encontra a parte autora. Quanto à obrigação de reparar o dano, a responsabilidade é atribuída à empresa jurídica, mesmo que o ato ilícito tenha sido praticado por empregado da mesma, por força do art. 932, inciso III, que assim prescreve: Rua São Francisco de Assis, nº 1.649, São Domingos, Sorriso-MT, CEP 78.890-000 Página 11 Fone: (66) 3544-0388 – e-mail: eslenadvocacia@gmail.com valdeniradvocacia@gmail.com Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: (...) III – o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele. Assim, de acordo com as normas positivadas em nosso ordenamento jurídico, o dano causado à Autora é proveniente de ato ilícito, gerando a obrigação de indenizar. Como é de conhecimento geral, todos os riscos da atividade empresarial correm por conta do empregador. A ele pertencem os ônus e os bônus e, por essa razão, o empregador deve ressarcir, da forma mais ampla, a vítima. Caso a morte do animal tenha ocorrido por uma má aplicação do medicamento, por funcionário da empresa, como já mencionamos nos fatos do caso em tela, a pessoa jurídica responde por esse ato ilícito, e tem o dever de indenizar. Com base na disposição legal supra, bem como na jurisprudência citada, os réus têm a obrigação de indenizar a Autora pelos danos que suportou. III-IV DO DANO MORAL A priori, destacamos que a moral é reconhecida como bem jurídico, recebendo dos mais diversos diplomas legais a devida proteção, inclusive, estando amparada pelo artigo 5º, V e X da Carta Magna/88, já encartados nesta exordial. Rua São Francisco de Assis, nº 1.649, São Domingos, Sorriso-MT, CEP 78.890-000 Página 12 Fone: (66) 3544-0388 – e-mail: eslenadvocacia@gmail.com valdeniradvocacia@gmail.com Nessa linha, necessário se faz mencionar o entendimento do eminente Yussef Said Cahali, in verbis: “Dano moral, portanto, é a dor resultante da violação de um bem juridicamente tutelado, sem repercussão patrimonial. Seja dor física – dor-sensação, como a denominada Carpenter – nascida de uma lesão material; seja a dor moral – dor-sentimento, de causa imaterial.” (CAHALI, 2011, pag. 28). É possível considerar que o dano moral está vinculado à dor, angustia, sofrimento e tristeza. Todavia, atualmente não é mais cabível restringir o dano moral a estes elementos, uma vez que ele se estende a todos os bens personalíssimos. Assim, pelo evidente dano moral que a Autora sofreu o dano moral, causado pelas empresas demandadas. Pois, seu animal de estimação morreu em decorrência da má prestação de serviços/produtos das rés. A Autora não sofreu mero aborrecimento ao perder a sua cachorrinha, foi um abalo tal qual ao de perder um ente querido. Pois conseguimos notar através das imagens em anexo (Doc. 08), uma cachorrinha em um ambiente familiar onde a amavam, há fotos da Autora em sua cama, com um de seus filhos e o animal de estimação dormindo. Além disso, trazemos a transcrição de dois áudios que a Autora enviou ao responsável da empresa pet shop, no momento que viu a gravidade do quadro que a cachorrinha se encontrava. Ademais, os mesmos áudios seguem em anexo para denotar a tristeza, o choro, no momento que tentava contato para que pudessem socorrê-la. Rua São Francisco de Assis, nº 1.649, São Domingos, Sorriso-MT, CEP 78.890-000 Página 13 Fone: (66) 3544-0388 – e-mail: eslenadvocacia@gmail.com valdeniradvocacia@gmail.com Oi moço, bom dia... Boa tarde, moço. Minha cachorrinha que você vacinou essa semana, ela tá morrendo. Eu preciso que você viesse aqui urgente para ver ela lá ela ainda tá respirando, mas bem fraquinho. (Doc. 05). Pelo amor de Deus, meu cachorro tá morrendo, meu cachorro tá morrendo... Pelo amor de Deus. O menino falou que se responsabilizava, a clínica se responsabilizava pela minha cachorra, pelo amor de Deus, minha cachorra tá morrendo. (Doc. 06). Portanto, é de impor-se a devida e necessária condenação, com arbitramento de indenização à Autora, que experimentou o amargo sabor de perder um membro de sua família de forma injusta. III-V DO QUANTUM INDENIZATÓRIO No que concerne ao quantum indenizatório, forma-se o entendimento jurisprudencial, mormente em sede de dano moral, no sentido de que a indenização pecuniária não tem apenas cunho de reparação do prejuízo, mas também caráter punitivo ou sancionatório, pedagógico, preventivo e repressor. Ou seja, a indenização não apenas repara o prejuízo imaterial causado à parte, como também servirá como advertência àqueles que o causaram, para que atos como aqueles não voltem a se repetir. Tal entendimento, inclusive, é defendido pelo ilustre doutrinador Sílvio Salvo Venosa, senão vejamos: Rua São Francisco de Assis, nº 1.649, São Domingos, Sorriso-MT, CEP 78.890-000 Página 14 Fone: (66) 3544-0388 – e-mail: eslenadvocacia@gmail.com valdeniradvocacia@gmail.com Do ponto de vista estrito, o dano imaterial, isto é, não patrimonial, é irreparável, insusceptível de avaliação pecuniária porque é incomensurável. A condenação em dinheiro é mero lenitivo para a dor, sendo mais uma satisfação do que uma reparação (Cavalieri Filho, 2000:75). Existe também cunho punitivo marcante nessa modalizada de indenização, mas que não constitui ainda, entre nós, o aspecto mais importante da indenização, embora seja altamente relevante. Nesse sentido, o Projeto de lei nº 6.960/2002 acrescenta o art. 944 do presente código que “a reparação do dano moral deve constitui-se em compensação ao lesado e adequado desestímulo ao lesante”. Como afirmamos, se o julgador estiver aferrolhado a um limite indenizatório, a reparação poderá não cumprir essa finalidade reconhecida pelo próprio legislador. (VENOSA, Sílvio Salvo, Direito Civil. Responsabilidade Civil, São Paulo, ed. Atlas, 2004, p. 41). E o ilustre mestre diz mais: Por tais razões, dada a amplitude do espectro casuístico e o relativo noviciado da matéria nos tribunais, os exemplos da jurisprudência variam da mesquinhez à prodigalidade. Nem sempre o valor fixado na sentença revelará a justa recompensa ou o justo lenitivo para a dor ou para a perda psíquica. Por vezes, danos ínfimossão recompensados exageradamente ou vice-versa. A jurisprudência é rica de exemplos, nos quais ora o valor do dano moral guarda uma relatividade com o interesse em jogo, ora não guarda Rua São Francisco de Assis, nº 1.649, São Domingos, Sorriso-MT, CEP 78.890-000 Página 15 Fone: (66) 3544-0388 – e-mail: eslenadvocacia@gmail.com valdeniradvocacia@gmail.com qualquer relação. Na verdade, a reparação do dano moral deve guiar-se especialmente pela índole dos sofrimentos ou mal-estar de quem os padece, não estando sujeita a padrões predeterminados ou matemáticos. (VENOSA, Sílvio Salvo, Direito Civil. Responsabilidade Civil, São Paulo, ed. Atlas, 2008, p. 42/43). Vislumbra-se no caso em comento, que as empresas demandadas não estão preocupadas em cumprir com suas responsabilidades, pois não fizeram questão alguma de tentar amenizar o sofrimento suportado pela Autora. Ora por possuir número de telefone para que os clientes possam entrar em contato que simplesmente não funciona; ora por ter tido a oportunidade de socorrer o pequeno animal de estimação, quando esse ainda tinha vida, mas que pouco se importou com aquela situação. Desta feita, espera e requer, desde já, a TOTAL PROCEDÊNCIA DA AÇÃO, devendo as partes contrárias arcar com todos os prejuízos morais causados à Autora, com o pagamento de uma indenização de cunho compensatório e punitivo, no montante sugerido e justificado equivalente a R$ 12.000,00 (doze mil reais), valor pecuniário justo e condizente com o caso apresentado em tela, sem que se possa falar em enriquecimento ilícito, ou então, em valor que esse respeitável juízo fixar, pelos seus próprios critérios analíticos e jurídicos. III-VI DO RESSARCIMENTO DOS DANOS MATERIAIS O animal de estimação da Autora era uma raça conhecida, chamada Chow-chow, uma raça de muita procura nos dias de hoje, pois tem se tornado mais popular com o passar dos tempos, mas ainda assim são poucos os criadores de cachorros dessa raça na região do Mato Grosso, porque demandam alguns cuidados específicos, especialmente com relação aos pelos. Rua São Francisco de Assis, nº 1.649, São Domingos, Sorriso-MT, CEP 78.890-000 Página 16 Fone: (66) 3544-0388 – e-mail: eslenadvocacia@gmail.com valdeniradvocacia@gmail.com Portanto, por mais que seja uma raça popular, com uma demanda consideravelmente alta, e a oferta baixa, cada filhote é comercializado por preços elevados. Justamente o que aconteceu com a Autora, que pagou o valor de R$ 1.500,00 (Mil e quinhentos) reais. A Autora comprou o animal de estimação no dia 27/06/2018, já tendo 21 (vinte e um) dias de vida, e o mesmo animal veio a falecer no dia 22/07/2018, ou seja, menos de um mês após a compra. O valor pago pela compra do animal de estimação foi alto, e certamente pesou no orçamento da Autora, mas ela ainda assim o fez, pois queria alegrar os seus dois filhos pequenos, e a ela mesma com a presença de um animalzinho de estimação na família. A expectativa de vida dessa raça de cachorros é de 09 (nove) a 15 (quinze) anos. Era o tempo que a Autora esperava passar ao lado do seu novo animal de estimação, mas no fim das contas, por ato ilícito praticando contra o pequeno e indefeso animal, acabou falecendo com menos de 02 (dois) MESES de vida, e o pior, estava há menos de 01 (um) MÊS no convívio familiar, mas já era tratado com muito amor e carinho, como já foi exposto. Desta maneira, a Autora requer o ressarcimento do valor pago pelo animal, valor esse de R$ 1.500,00 (Mil e quinhentos) reais, a título de ressarcimento dos danos materiais. IV- DOS PEDIDOS Ante ao exposto, requer a Vossa Excelência: Rua São Francisco de Assis, nº 1.649, São Domingos, Sorriso-MT, CEP 78.890-000 Página 17 Fone: (66) 3544-0388 – e-mail: eslenadvocacia@gmail.com valdeniradvocacia@gmail.com a) A citação das Rés, nos endereços informados na inicial, para que querente conteste a presente, sob pena dos efeitos da revelia; b) Sejam julgados procedentes os pedidos de condenação ao pagamento a título de DANOS MATERIAIS de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais); e indenização por DANOS MORAIS, no valor de R$ 12.000,00 (Doze mil reais), todos acrescidos de juros de mora, e devidamente atualizados até a data do efetivo pagamento; c) Seja declarada a inversão do ônus da prova em favor da Autora; d) Provar o alegado por todos os meios de provas admitidas em direito, depoimento pessoal, juntada de documentos, oitiva de testemunhas, provas periciais e demais que se façam necessárias no desenrolar do processo; e) Pagamento das custas processuais que a demanda por ventura ocasionar, bem como perícias que se fizerem necessárias, exames, laudos, vistorias e honorários advocatícios sucumbenciais, conforme arbitrado por Vossa Excelência. Dá-se à causa o valor R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais). Nestes termos, Pede Deferimento. Sorriso/MT, 9 de agosto de 2018 Rua São Francisco de Assis, nº 1.649, São Domingos, Sorriso-MT, CEP 78.890-000 Página 18 Fone: (66) 3544-0388 – e-mail: eslenadvocacia@gmail.com valdeniradvocacia@gmail.com Éslen Parron Mendes Valdenir Bertoldo OAB/MT 17909/O OAB-MT 17944/O
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