Prévia do material em texto
EDUCAÇÃO ESPECIAL INCLUSIVA Sandra Maria Bezerra da Silva GUIA DA DISCIPLINA 2019 1 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 1. DA EXCLUSÃO A INCLUSÃO Objetivo Reconhecer os conceitos de exclusão, segregação, integração e inclusão. Introdução Algumas décadas atrás ao caminharmos pelas ruas da nossa cidade nos deparávamos com poucas pessoas com deficiência. Encontrá-las em uma escola era quase que impossível. Mas, esse panorama mudou e pelo menos aparentemente mudou para melhor. Hoje em dia nos é comum encontrar por nossos passeios pela cidade, nas calçadas, na praia, nos parques, nos shopping centers, nos restaurantes e lanchonetes, nos cinemas, nos parques de diversão e em qualquer outro espaço coletivo a presença de pessoas com deficiências físicas, pessoas cegas, pessoas surdas, pessoas com deficiência intelectual ou pessoas com transtornos mentais. E nas escolas regulares hoje já vislumbramos a presença de pessoas que se encontram em alguma dessas deficiências. Ainda não é o ideal, mas muito já se percorreu. Para tentar refazer esse percurso entre a Exclusão e a Inclusão, vou pedir ajuda para um material construído em 2005 no MEC pela Secretaria de Educação Especial, o Projeto Escola Viva que apresenta um conjunto de cinco cartilhas que visam alimentar um suporte técnico a formação dos professores no que se refere a Educação Inclusiva. 1.1. Exclusão Na Antiguidade (até sec. V), as pessoas diferentes, com limitações funcionais e necessidades diferenciadas, eram abandonadas ou mortas. Na Idade Média (sec.V ao XV), as pessoas doentes, defeituosas ou mentalmente perturbadas não mais podiam ser exterminadas, por serem consideradas também criaturas de Deus, mas eram aparentemente ignoradas e sua sobrevivência dependia da caridade humana. Fonte da Imagem: http://www.ibamendes.com/2011/0 2/o-deficiente-fisico-ao-longo- da.html 2 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A partir do séc. XII se tem registro de que as pessoas com deficiência e principalmente aquelas que apresentavam deficiência mental sofreram, por parte da Igreja, perseguições, torturas e exterminação pela fogueira, acusadas de serem hereges ou endemoniados. No século XIII começaram a surgir instituições que abrigavam os deficientes mentais, e surgiram leis em relação aos cuidados a serem tomados com a vida e os bens dos deficientes mentais. No século XVI começa a se investigar a possível natureza orgânica da deficiência mental que passa a ser tratada pela alquimia, pela magia e pela astrologia, práticas que eram usadas na época. No século XVII, com os avanços da Medicina ganha força a ideia de que a deficiência mental é de origem orgânica e com isso iniciam-se movimentos de tratamento Médico. 1.2. Segregação É no século XVII que começam a surgir hospitais para abrigar aqueles que eram vistos como excluídos, o que incluía os deficientes mentais. Da exclusão, passa-se para a segregação, a separação, o afastamento do deficiente para receber tratamento. Apesar da deficiência mental já ter passado do campo das causas espirituais para o campo das causas orgânicas, a medicina ainda não tinha elementos para entendê-la. No século XVIII começa a partir da ideia de tratamento médico por meio de estimulações o encaminhamento para ações de ensino, mas o paradigma (modelo) de tratamento pela institucionalização já está instalado e assim continua. Essas instituições atendiam com um padrão mais de confinamento do que de tratamento. Fonte da Imagem: http://www.alzheimermed.com.br/biografia-alois- alzheimer/sua-epoca-historia-ilustrada-da- neurociencia 3 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A Medicina evoluiu, outras áreas de conhecimento foram aparecendo e desenvolvendo conhecimento em relação as deficiências e seus tratamentos, mas os sujeitos permaneciam segregados em locais de tratamento ou escolas especiais, mas sempre longe da família e da sociedade em geral. Apenas no século XX, na década de sessenta que esse modelo começa a ser criticado. Vários estudos começam a ser publicados contra o modelo da institucionalização, da segregação do deficiente. Começa, um movimento mundial de desinstitucionalização, defendendo a necessidade de introduzir a pessoa com necessidades educacionais especiais na sociedade, procurando ajudá-la a adquirir as condições e os padrões da vida cotidiana, no nível mais próximo possível do normal. 1.3. Integração Criou-se o conceito de Integração cujo objetivo era o de modificar a pessoa que apresentasse uma necessidade educacional especial para que essa pudesse ficar mais parecida que possível com as pessoas consideradas normais para poder ser integrada, para poder conviver em sociedade. Os esforços ficavam direcionados ao sujeito que precisava mudar para se integrar e a comunidade teria que desenvolver adaptações para acolher essas pessoas de modo que elas se sentissem normais. A esse modelo de atenção à pessoa com deficiência se chamou Paradigma de Serviços. Este se caracterizou pela oferta de serviços, geralmente organizada em três etapas: • A primeira, de avaliação, em que uma equipe de profissionais identificaria tudo o que, em sua opinião, necessitaria ser modificado no sujeito e em sua vida, de forma a torna-lo o mais normal possível; • A segunda, de intervenção, na qual a equipe passaria a oferecer (o que ocorreu com diferentes níveis de compromisso e qualidade, em diferentes locais e entidades), à pessoa com deficiência, atendimento formal e sistematizado, norteado pelos resultados obtidos na fase anterior; • A terceira, de encaminhamento (ou reencaminhamento) da pessoa com deficiência para a vida na comunidade. (BRASIL, 2005) Fonte da Imagem: https://ndonline.com.br/florianopolis/noticias/projeto -de-inclusao-que-exclui 4 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Esse modelo se apresenta principalmente nas escolas especiais e nos centros de reabilitação. Não demorou muito tempo e esse paradigma começa a ser questionado e criticado uma vez que se tornava inviável, por conta das peculiaridades de cada deficiência, que os sujeitos se integrassem respondendo de forma semelhante aos demais sujeitos da comunidade, considerados normais. Como as deficiências passaram a ser mais estudadas para que pudessem ser mais bem atendidas na sua integração, começa a ser discutido que a pessoa com necessidades educacionais especiais é um cidadão como qualquer outro e, portanto, deveria ter os mesmos direitos e garantias. 1.4. Inclusão Como qualquer outro cidadão o sujeito com necessidades educacionais especiais deve ser visto com respeito e justiça. A sociedade então, deveria se reorganizar para atender a todos os cidadãos independente de qualquer característica particular que apresente. Foi fundamentado nessas ideias que surgiu o paradigma, denominado Paradigma de Suporte. Ele tem se caracterizado pelo pressuposto de que a pessoa com deficiência tem direito à convivência não segregada e ao acesso imediato e contínuo aos recursos disponíveis aos demais cidadãos. Foi nessa busca que se desenvolveu o processo de disponibilização de suportes, instrumentos que garantam à pessoa com necessidades educacionais especiais o acesso imediato a todo e qualquer recurso da comunidade. Os suportes podem ser de diferentes tipos(social, econômico, físico, instrumental) e têm como função favorecer a construção de um processo que se passou a denominar Inclusão Social. (BRASIL, 2005) A Inclusão Social envolve ações junto às pessoas com necessidades educacionais especiais e junto com a sociedade. Fonte da Imagem: http://www.congressodeacessibilidade.c om/educacao-especial-ou- inclusiva/slide4-3/ 5 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Difere do modelo de Integração cujo investimento principal é a promoção de mudança do indivíduo para que este venha a se integrar respondendo as necessidades da sociedade de forma semelhante aos demais cidadãos. Fonte da Imagem: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgpT8AB/educacao-especial-apostila?part=7 No século XXI muito ainda se tem a construir na história da Educação Inclusiva e nessa história, nós professores, somos personagens atuantes dessa trama. 6 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 2. EDUCAÇÃO INCLUSIVA: MOVIMENTO MUNDIAL Objetivo Reconhecer as principais declarações internacionais que interferiram no rumo do movimento da Educação Inclusiva. Introdução A luta pela igualdade de direitos de todos os cidadãos independente de qualquer peculiaridade que esse apresente é um caminho que vem sendo arduamente trilhado já há mais de um século. No que se refere particularmente a Inclusão de sujeitos com necessidades educacionais especiais podemos destacar mundialmente, alguns marcos importantes dessa luta. 2.1. Declaração de Cuenca, Equador, 1981 Seminário de Novas Tendências na Educação Especial promovido pela UNESCO – (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) onde participaram 14 países da América do Sul e do Caribe (inclusive Brasil), onde foram discutidos os direitos à Educação e igualdade de oportunidades para pessoas com necessidades educativas especiais, destacando a necessidade de adequação do atendimento educacional nas características particulares de cada indivíduo em relação as suas necessidades e a suas aprendizagens. Dentre as recomendações resultantes dessa declaração, destacam-se: a) Evitar que as pessoas incapacitadas se transformem em impedimentos, socialmente impostos por inadequada atenção ou negligencia. b) Melhoria da qualidade dos serviços oferecidos por meio de capacitação de recursos humanos e avaliação dos planos educacionais. c) Recomenda a eliminação de barreiras físicas e participação de pessoas com deficiência na tomada de decisões a seu respeito. Fonte da Imagem: http://www.derecho-internacional- publico.com/2013/04/enmienda-modificacion-tratados- internacionales.html 7 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 2.2. Declaração de Sunderberg – Torremolinos, Espanha, 1981 Esta Declaração recebeu seu nome em memória de Nils-Ivar Sundberg, responsável pelo Programa da Unesco para Educação Especial, no período de 1968 a 1981. Essa Declaração é resultado da Conferência Mundial sobre as ações e Estratégias para a Educação, à qual comparecem 103 países, entre eles o Brasil. Nessa conferência o ano de 1981 foi eleito, pela ONU, o ano Internacional das Pessoas Deficientes. Nesta época, destinou-se o direito às pessoas com necessidades educacionais especiais à educação, saúde e ao trabalho. A declaração de Sunderberg, com base na Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) tem por finalidade, o pleno desenvolvimento de todos os portadores de deficiência, bem como sua completa participação na vida social. Eis alguns artigos: Art.1 - Todas as pessoas deficientes poderão exercer seu direito fundamental de pleno acesso à educação, formação, cultura e informação. Art.2 - Os governos e as organizações nacionais e internacionais deverão assegurar, efetivamente, uma participação tão plena quando possível às pessoas deficientes, prestando-lhes apoio econômico e colocando em prática as medidas destinadas à satisfação de suas necessidades educacionais e de atenção sanitária. (...) Art.6 – Os programas, em matéria de educação e de cultura, deverão ser formulados com o objetivo e integrar as pessoas deficientes ao trabalho e a vida. Art.7 – Para a redução da frequência com que ocorrem casos de deficiência bem como de seus efeitos prejudicais, os governos, em cooperação com as organizações não-governamentais, terão a responsabilidade de proceder à detecção precoce e oferecer tratamento adequado. (...) Art.12 – Todos os projetos de urbanismo, meio ambiente e assentamentos humanos, deverão ser concebidos com vistas a facilitar a integração e a participação das pessoas deficientes em todo as atividades da comunidade em especial as de educação e cultura. (ELDER, 1998). Fonte da Imagem: http://www.derecho-internacional- publico.com/2013/04/clases-de-tratados-internacionales.html 8 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 2.3. Declaração Mundial sobre Educação para Todos – Jomtien, Tailândia, 1990 Realizada em conjunto pela UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância; do PNDU – Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento; da UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Cultura e Ciência e do Banco Mundial, pede o consenso mundial sobre o papel da educação fundamental e o compromisso para garantir o atendimento às necessidades básicas de aprendizagem a todas as crianças, jovens e adultos. 2.4. Declaração de Santiago – Santiago, Chile, 1993. Essa declaração é fruto da V Reunião do Comitê Regional intergovernamental do Projeto Principal de Educação na América do Sul e Caribe, provida pela Unesco/Orealc (Oficina Regional de Educação para América Latina e Caribe). A educação foi considerada um campo estratégico capaz de impulsionar o desenvolvimento sustentável. Foram definidos dois pontos prioritários: 1) o institucional, que se referiu aos ministérios de educação e às escolas, incluindo a promoção das capacidades técnicas e políticas de seus funcionários, assim como, a criação de condições materiais e de incentivos para que a escola pudesse aproveitar melhor sua nova autonomia; e 2) o pedagógico, relacionado a processos de ensinar, à aprendizagem, voltada para a escola regular e a educação de jovens e adultos, para o melhoramento das remunerações dos profissionais, para as condições de trabalho docente, para a formação e para o aperfeiçoamento dos professores. (NOMA, s/d) 2.5. Declaração de Salamanca, Espanha, 1994 A Declaração de Salamanca é um documento que surgiu após a conferência da Declaração Mundial para Todos, (Tailândia/1990) e inspirou-se no princípio de integração e no reconhecimento das necessidades de conseguirem escolas e instituições que incluam todas as pessoas respeitando suas diferenças. O Brasil fez opção pela construção de um sistema educacional inclusivo, ao concordar com a Declaração Mundial de Educação para Todos e com os resultados de Salamanca. Fonte da Imagem: http://escritosemconstrucao.blogspot.com.br/2011/0 9/educacao-para-todos-e-garantia-de.html Fonte da Imagem: https://pt.slideshare.net/jmnamaral /declarao-salamanca-1994 9 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Eis dois pontos importantes da Declaração: 1. Nós, os delegados da Conferência Mundial de Educação Especial, representando 88 governos e 25 organizações internacionais em assembleia aqui em Salamanca, Espanha, entre 7e 10 de junho de 1994, reafirmamos o nosso compromisso para com a Educação para Todos, reconhecendo a necessidade e urgência do providenciamento de educação para as crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino e reendossamos a Estrutura de Ação em Educação Especial, em que, pelo espírito de cujas provisões e recomendações governo e organizações sejam guiados. 2. Acreditamos e Proclamamos que • Toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem, • toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas, • Sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais características e necessidades, • Aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer a tais necessidades, • Escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias criando-se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos; além disso, tais escolas proveem uma educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a eficiência e, em última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional. (BRASIL, PORTAL MEC) O nosso país, presente e concordante de todas essas declarações e de outros acordos mundiais, segue buscando construir uma escola inclusiva a partir de sua adesão aos movimentos mundiais e, em paralelo, trilhando sua própria história, vivências e legislação. 10 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 3. EDUCAÇÃO INCLUSIVA: MOVIMENTO NACIONAL Objetivo Identificar a evolução da Educação Inclusiva no Brasil por intermédio da legislação. Introdução A evolução da educação inclusiva no Brasil percorre um longo caminho que se confunde com a história da Educação Brasileira em seus fatos, marcos e legislação. Para percorrermos o panorama brasileiro da Educação Inclusiva, vamos buscar os dados apresentados no documento da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, publicado pelo MEC em 2008. 3.1. O percurso No Brasil, o atendimento às pessoas com deficiência teve início na época do Império, com a criação, no Rio de Janeiro, de duas instituições: O Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, atual Instituto Benjamin Constant – IBC; O Instituto dos Surdos Mudos, em 1857, hoje denominado Instituto Nacional da Educação dos Surdos – INES. Em 1926, já no século XX, foi fundado em Porto Alegre, o Instituto Pestalozzi, instituição especializada no atendimento às pessoas com deficiência mental; Em 1954, é fundada no Rio de Janeiro a primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE; Em 1945, é criado o primeiro atendimento educacional especializado às pessoas com superdotação na Sociedade Pestalozzi. Fonte da Imagem: http://simposiota.ibc.gov.br /index.php/I- SNTAIBC/index/pages/view/ comissoes Fonte da Imagem: http://sociedadepestalozzidobrasil.blogspot.com.br/ 11 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Em 1961, o atendimento educacional às pessoas com deficiência passa a ser fundamentado pelas disposições da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN, Lei nº 4.024/61, que aponta o direito dos “excepcionais” à educação, preferencialmente dentro do sistema geral de ensino. A Lei nº 5.692/71, que altera a LDB de 1961, ao definir “tratamento especial” para os alunos com “deficiências físicas, mentais, os que se encontram em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os superdotados”, não promove a organização de um sistema de ensino capaz de atender às necessidades educacionais especiais e acaba reforçando o encaminhamento dos alunos para as classes e escolas especiais. Em 1973, o MEC cria o Centro Nacional de Educação Especial – CENESP, responsável pela educação especial no Brasil, com um modelo integracionista, impulsionando ações educacionais voltadas às pessoas com deficiência e às pessoas com superdotação, mas ainda por intermédio de campanhas assistenciais e iniciativas isoladas do Estado. A Constituição Federal de 1988 traz: No artigo 3, inciso IV, traz como um dos seus objetivos fundamentais “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”; No artigo 205, define a educação como um direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho; No artigo 206, inciso I, estabelece a “igualdade de condições de acesso e permanência na escola” como um dos princípios para o ensino; No artigo 208, garante, como dever do Estado, a oferta do atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino. Em 1990, O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, Lei nº 8.069/90, no artigo 55, determina que “os pais ou responsáveis têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino”. Fonte da Imagem: https://rosegtreinamentos.net.br/curso/eca- estatuto-da-crianca-e-do-adolescente 12 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Em 1994, é publicada a Política Nacional de Educação Especial, orientando o processo de “integração instrucional” onde se estabelece o condicionamento para o acesso nas classes comuns do ensino regular para aqueles alunos que “(...) possuem condições de acompanhar e desenvolver as atividades curriculares programadas do ensino comum, no mesmo ritmo que os alunos ditos normais”. O padrão é o aluno considerado “normal” e dessa maneira, não se valoriza os diferentes potenciais de aprendizagem no ensino comum e se mantém a responsabilidade da educação dos alunos que necessitem de atendimento educacional especializado exclusivamente para escolas de educação especial. A atual LDB nº 9.394/96, No artigo 59, recomenda que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos currículo, métodos, recursos e organização específicos para atender às suas necessidades; assegura a terminalidade específica àqueles que não atingiram o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências; e assegura a aceleração de estudos aos superdotados para conclusão do programa escolar; No artigo art. 24, inciso V, define, dentre as normas para a organização da educação básica, a “possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado; Em 1999, o Decreto nº 3.298, que regulamenta a Lei nº 7.853/89, ao dispor sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, define a educação especial como uma modalidade transversal a todos os níveis e modalidades de ensino, enfatizando a atuação complementar da educação especial ao ensino regular. Em 2001, as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, Resolução CNE/CEB nº 2/2001, No artigo 2º, determinam que: “os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizarem-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação dequalidade para todos. (MEC/SEESP, 2001)”. Fonte da Imagem: http://www.cnedu.pt/pt/ 13 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância No artigo 3º, indica que: “por educação especial, modalidade da educação escolar, entende-se um processo educacional definido por uma proposta pedagógica que assegure recursos e serviços educacionais especiais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que apresentam necessidades educacionais especiais, em todas as etapas e modalidades da educação básica” As Diretrizes ampliam o caráter da educação especial para realizar o atendimento educacional especializado complementar ou suplementar à escolarização, porém, ao admitir a possibilidade de substituir o ensino regular, não potencializam a adoção de uma política de educação inclusiva na rede pública de ensino, prevista no seu artigo 2º. O Plano Nacional de Educação – PNE, Lei nº 10.172/2001, destaca que “o grande avanço que a década da educação deveria produzir seria a construção de uma escola inclusiva que garanta o atendimento à diversidade humana, mas, no mesmo documento aponta um déficit referente à oferta de matrículas para alunos com deficiência nas classes comuns do ensino regular, à formação docente, à acessibilidade física e ao atendimento educacional especializado. O Decreto nº 3.956/2001 que promulga no Brasil a Convenção da Guatemala, afirma que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que as demais pessoas, definindo como discriminação com base na deficiência toda diferenciação ou exclusão que possa impedir ou anular o exercício dos direitos humanos e de suas liberdades fundamentais. A Resolução CNE/CP nº 1/2002, estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, prevendo formação docente voltada para a atenção à diversidade e que contemple conhecimentos sobre as especificidades dos alunos com necessidades educacionais especiais. Fonte da Imagem: https://prezi.com/fv9o6sw16tt3/convencao-de- guatemala/ 14 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A Lei nº 10.436/02 reconhece a Língua Brasileira de Sinais – Libras como meio legal de comunicação e expressão e entre outras disposições, determina a inclusão da disciplina de Libras como parte integrante do currículo nos cursos de formação de professores e de fonoaudiologia. A Portaria nº 2.678/02 do MEC aprova diretrizes e normas para o uso, o ensino, a produção e a difusão do sistema Braille em todas as modalidades de ensino. Em 2003, é implementado pelo MEC o Programa Educação Inclusiva: direito à diversidade, com vistas a apoiar a transformação dos sistemas de ensino em sistemas educacionais inclusivos, O Decreto nº 5.296/2004 regulamentou as Leis nº 10.048/00 e nº 10.098/00, estabelecendo normas e critérios para a promoção da acessibilidade às pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Em 2005, com a implantação dos Núcleos de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação – NAAH/S em todos os estados e no Distrito Federal, são organizados centros de referência na área das altas habilidades/superdotação para o atendimento educacional especializado, para a orientação às famílias e a formação continuada dos professores. Em 2006, é lançado o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, que objetiva, dentre as suas ações, contemplar, no currículo da educação básica, temáticas relativas às pessoas com deficiência e desenvolver ações afirmativas que possibilitem acesso e permanência na educação superior. Em 2007, é lançado o Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE, tendo como eixos, entre outros, a formação de professores para a educação especial, a implantação de salas de recursos multifuncionais e o acesso e a permanência das pessoas com deficiência na educação superior. O Decreto nº 6.094/2007, implementa o PDE e estabelece nas diretrizes do Compromisso Todos pela Educação, a garantia do acesso e permanência no ensino Fonte da Imagem: https://meilycass.wordpress.com/2011/12 /21/video-aula-10-democracia-e- educacao-em-direitos-humanos/ 15 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância regular e o atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos, fortalecendo seu ingresso nas escolas públicas. Estas foram importantes contribuições para o desenvolvimento da Educação Especial até se chegar a 2008 quando o MEC a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, visando promover uma educação de qualidade para todos os alunos. 16 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 4. NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS Objetivo Conhecer a classificação geral das necessidades educacionais especiais adotada pelo MEC. Introdução A Política Nacional de Educação Especial define como aluno com necessidades educacionais especiais aquele que por apresentar necessidades próprias e diferentes dos demais alunos no domínio das aprendizagens curriculares correspondentes à sua idade, requer recursos pedagógicos e metodologias educacionais específicas. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais: Adaptações Curriculares; estratégias para a educação de alunos com necessidades educacionais especiais, documento publicado em 1998 pela Secretaria de Educação Especial do MEC com o objetivo de auxiliar o trabalho dos professores na Educação Inclusiva, a classificação geral dos alunos com necessidades educacionais especiais, é a seguinte: Deficiência mental Deficiência visual Deficiência auditiva Deficiência física Deficiências múltiplas Condutas típicas ou transtornos globais do desenvolvimento Superdotação / Altas habilidades. As características para esses alunos, definidas por este documento são as seguintes: 4.1. Deficiência Mental Caracteriza-se por registrar um funcionamento intelectual geral significativamente abaixo da média, e limitações associadas a duas ou mais áreas da conduta adaptativa ou da capacidade do indivíduo em responder adequadamente às demandas da sociedade, nos seguintes aspectos: Fonte da Imagem: http://recemroraima.blogspot.com. br/ 17 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Comunicação; Cuidados pessoais; Habilidades sociais; Desempenho na família e comunidade; Independência na locomoção; Saúde e segurança; Desempenho escolar; Lazer e trabalho. 4.2. Deficiência Visual É a redução ou perda total da capacidade de ver com o melhor olho e após a melhor correção ótica. Manifesta-se como: Cegueira: perda da visão, em ambos os olhos, de menos de 0,1 no melhor olho após correção, ou um campo visual não excedente a 20graus, no maior meridiano do melhor olho, mesmo com o uso de lentes de correção. Sob o enfoque educacional, a cegueira representa a perda total ou o resíduo mínimo da visão que leva o indivíduo a necessitar do método Braille como meio de leitura escrita, além de outros recursos didáticos e equipamentos especiais para a sua educação; Visão reduzida: acuidade visual dentre 6/20 e 6/60, no melhor olho, após correção máxima. Sob o enfoqueeducacional, trata-se de resíduo que permite ao educando ler impressos a tinta, desde que se empreguem recursos didáticos e equipamentos especiais. 4.3. Deficiência Auditiva Perda total ou parcial, congênita ou adquirida, da capacidade de compreender a fala por intermédio do ouvido. Manifesta-se como: Surdez leve/moderada: perda auditiva até 70 decibéis, que dificulta, mas não impede o indivíduo de se expressar oralmente, bem como de perceber a voz humana, com ou sem a utilização de um aparelho auditivo; Fonte da Imagem: http://www.neoisencoes.com.br/ deficiencia-visual.html 18 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Surdez severa/profunda: perda auditiva acima de 70 decibéis, que impede o indivíduo de entender, com ou sem aparelho auditivo, avoz humana, bem como de adquirir, naturalmente, o código da língua oral. 4.4. Deficiência Física Variedade de condições não sensoriais que afetem o indivíduo em termos de mobilidade, de coordenação motora geral ou de fala, como decorrência de lesões neurológicas, neuromusculares e ortopédicas, ou ainda, de malformações congênitas ou adquiridas. 4.5. Deficiência Múltipla É a associação, no mesmo indivíduo, de duas ou mais deficiências primárias (mental/visual/auditiva/física), com comprometimentos que acarretam atrasos no desenvolvimento global e na capacidade adaptativa. 4.6. Condutas Típicas / Transtornos Globais do Desenvolvimento Manifestações de comportamentos típicas de portadores de síndromes e quadros psicológicos, neurológicos ou psiquiátricos que ocasionam atrasos no desenvolvimento e prejuízos no relacionamento social, em grau que requeira atendimento educacional especializado. 4.7. Superdotação / Altas Habilidades Excelente desempenho e elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos isolados ou combinados: Capacidade intelectual geral; Aptidão acadêmica específica; Pensamento criativo ou produtivo; Capacidade de liderança; Talento especial para artes; Capacidade psicomotora. Fonte da Imagem: https://www.zuzfisiopilates.com/si ngle- post/2016/10/10/Defici%C3%AAnci a-F%C3%ADsica-como-lidar 19 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais: Adaptações Curriculares, essa classificação é apresentada apenas para facilitar o trabalho do professor quando da busca de literatura, estratégias e tecnologia que lhe auxilie a desenvolver o trabalho o mais adequado possível para viabilizar a aprendizagem de seus alunos. 20 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 5. DEFICIÊNCIA MENTAL Objetivo Reconhecer algumas características da Deficiência Mental. Introdução Para iniciar nossa conversa, vamos diferenciar a Doença Mental e a Deficiência Mental. A palavra chave entre os dois termos é mente. A mente humana é imaterial é um conjunto de processos e atividades que estão ligados ao nosso saber, ao nosso sentir e ao nosso fazer. Dessa forma, quando falamos de doença mental ou deficiência mental, os dois quadros estão ligados consequentemente ao saber, ao sentir e ao fazer do sujeito por eles afetado. A Doença Mental se apresenta como uma anormalidade nas áreas psicológica ou cognitiva. Podem ser explicados como sendo resultado de problemas: De alguma lesão de natureza anatômica no cérebro; De um distúrbio fisiológico cerebral; Genéticos; Bioquímicos; Hormonais; Com o uso de drogas; Ambientais, incluindo o estilo de vida. A relevância das doenças mentais pode variar de cultura para cultura. Em nosso meio os transtornos mentais mais frequentes são a depressão, o transtorno bipolar, a ansiedade e a dependência química, principalmente o alcoolismo. Outra doença mental de que comumente temos notícia é a esquizofrenia. Diferente da Doença Mental, a Deficiência Mental vai afetar principalmente a área cognitiva e por conta disso, a Deficiência Mental também pode ser identificada como Deficiência Intelectual. Fonte da Imagem: https://www.salud- natural.com/flores-de-bach-aplicacion- en-ninos/ 21 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A Deficiência Mental caracteriza-se por: Um funcionamento intelectual significativamente inferior à média; Limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas. Se manifesta antes dos dezoito anos; 5.1. Funcionamento intelectual significativamente inferior à média Um dos três indicadores da Deficiência Mental é apontado pelo funcionamento intelectual geral que é definido pelo Quociente de Inteligência (QI). QI ─ Quociente de Inteligência O QI é uma comparação entre a Idade Mental e a Idade Cronológica. A idade mental é determinada pelo número de tarefas de um teste que a criança consegue resolver corretamente. Por exemplo, se ela acerta todas as tarefas atribuídas ao grupo de 10 anos, diz-se que ela tem idade mental de 10 anos, seja qual for sua idade cronológica. O QI é obtido quando se divide a idade mental de uma criança pela sua idade cronológica. Suponhamos que uma criança de 8 anos consiga resolver todos os problemas propostos para a idade de 10 anos, mas nada além desse nível. Diremos que sua idade mental é de 10 anos e, para calcular seu QI, dividiremos 10 por 8, o que dá um resultado de 1,25. Por convenção, esse resultado é multiplicado por 100, para que o QI possa ser expresso em números inteiros. Isso significa, em nosso exemplo, a criança tem um QI de 125, que é considerado acima da média. QI= Idade mental X 100 Idade cronológica Assim, quando a idade mental e a idade cronológica forem as mesmas, o QI será sempre 100. Se a idade mental for inferior à idade cronológica, os resultados serão sempre inferiores a 100, o que indicará um QI abaixo da média. Se, ao contrário, a idade mental for superior a idade cronológica, o QI será sempre superior a 100, ou acima da média. (FONTANA & CRUZ, 1997) É possível diagnosticar o Retardo Mental em indivíduos com QI igual ou inferior a 70, porém, esse é apenas um dos indicadores que isoladamente não é determinante para comprovar a Deficiência Mental. O Retardo Intelectual não deve ser diagnosticado em um indivíduo com um QI inferior a 70, se não existirem déficits ou prejuízos significativos no funcionamento adaptativo. 5.2. Limitações de áreas de habilidades adaptativas O funcionamento adaptativo é representado pelas habilidades desenvolvidas por um sujeito que lhe trazem uma autonomia correspondente a sua faixa etária. É a forma como os indivíduos enfrentam as exigências da vida e apresenta sua independência em relação as pessoas que o cercam. Nesse sentido, um segundo indicador da Deficiência Intelectual, considerado mais importante do que um QI inferior à Figura 1https://clipartfest.com/download/bb5 96e8466124e7eadadab722bc33f11337 91635.html 22 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância média é a presença limitações significativas no funcionamento adaptativo em pelo menos duas das seguintes áreas de habilidades: Comunicação; Cuidado pessoal; Vida doméstica; Habilidades sociais; Uso de recursos comunitários; Saúde e segurança; Habilidades acadêmicas; Lazer; Trabalho. 5.3. Manifestação da deficiência antes dos dezoito anos O início da Deficiência Intelectual deve ocorrer antes dos 18 anos,caracterizando assim um transtorno do desenvolvimento e não uma alteração cognitiva. Caso o desenvolvimento do pensamento e o desenvolvimento do funcionamento adaptativo tenham acontecido normalmente até os dezoito anos e o sujeito passar a ter uma alteração a partir dessa idade, aponta que esse indivíduo não apresentou nenhum retardo em seu desenvolvimento. Dessa forma, caso os sinais apareçam, não pertencem ao quadro de Deficiência Intelectual, podendo estar apontando outro quadro. Dessa forma, para se determinar a presença da Deficiência Intelectual antes dos dezoito anos o sujeito deve apresentar um funcionamento intelectual significativamente inferior à média, acompanhado de limitações significativas no funcionamento adaptativo em pelo menos duas áreas. 5.4. Classificação da Deficiência Intelectual segundo critério quantitativo - (OMS – CID.10) A classificação da OMS (Organização Mundial da Saúde) o - CID.10 (Código Internacional de Doenças) é baseada em critério quantitativo de acordo com a gravidade da deficiência. 23 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Na tabela a seguir é apresentada a classificação segundo o CID 10, acrescida de uma aproximação da classificação do Desenvolvimento do Pensamento Piagetiana. Classificação da OMS (Organização Mundial da Saúde) Coeficiente intelectual Denominação Nível cognitivo segundo Piaget Idade mental correspondente Menor de 20 Profundo Período Sensório Motor 0 - 3 anos Entre 20 e 40 Agudo grave Período Pré Operacional 3 - 6 anos Entre 35 e 49 Moderado Período Pré Operacional 6 - 9 anos Entre 50 e 69 Leve Período das Operações Concretas 9-12 anos Profundo: Devem ocorrer limitações graves quanto aos cuidados pessoais, continência, comunicação e mobilidade. Nível cognitivo segundo Piaget: Sensório Motor. Grave: Provavelmente deve ocorrer a necessidade de assistência contínua. Podem aprender de uma forma linear. Nível cognitivo segundo Piaget: Pré Operacional Moderado: Provavelmente devem ocorrer atrasos acentuados do desenvolvimento na infância, mas a maioria dos pacientes aprende a desempenhar algum grau de independência quanto aos cuidados pessoais e adquirir habilidades adequadas de comunicação e acadêmicas. Os adultos necessitarão de assistência em grau variado para viver e trabalhar na comunidade. Nível cognitivo segundo Piaget: Pré Operacional. Leve: Provavelmente devem ocorrer dificuldades de aprendizado na escola. Muitos adultos serão capazes de trabalhar e de manter relacionamento social satisfatório e de contribuir para a sociedade. São os casos mais favoráveis. Nível cognitivo segundo Piaget: Operacional Concreto. Com as indicações dos períodos piagetianos é possível ao educador prever seu trabalho com o Deficiente Intelectual a partir das possibilidades sensório motoras, pré- operacionais ou operacionais concretas que o QI e a idade mental do sujeito sugerem. 24 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 6. AUTISMO Objetivo Conhecer algumas características do Autismo. Introdução Autismo, Síndrome de Asperger ou Síndrome de Kanner, são algumas nomenclaturas para identificar um quadro bastante complexo que hoje recebe o nome de Transtorno do Espectro Autista. Com características peculiares em cada sujeito em que se manifesta, o Autismo dentro da classificação geral de necessidades educacionais especiais adotada pelo MEC se encontra incluída nas condutas típicas ou transtornos globais do desenvolvimento. 6.1. Transtorno Global do Desenvolvimento ou Transtorno do Espectro Autista Os laudos médicos no Brasil são baseados no CID-10 o mais recente Código Internacional de Doenças. Neste documento, o Autismo faz parte dos Transtornos Globais do Desenvolvimento que recebem o código F84. F84 Transtornos globais do desenvolvimento Grupo de transtornos caracterizados por alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e modalidades de comunicação e por um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Estas anomalias qualitativas constituem uma característica global do funcionamento do sujeito, em todas as ocasiões. Usar código adicional, se necessário, para identificar uma afecção médica associada e o retardo mental. F84.0 Autismo infantil Transtorno global do desenvolvimento caracterizado por a) um desenvolvimento anormal ou alterado, manifestado antes da idade de três anos, e b) apresentando uma perturbação característica do funcionamento em cada um dos três domínios seguintes: interações sociais, comunicação, comportamento focalizado e repetitivo. Além disso, o transtorno se acompanha comumente de numerosas outras manifestações inespecíficas, por exemplo fobias, perturbações de sono ou da alimentação, crises de birra ou agressividade (auto-agressividade). (CID- 10/DATASUS). Fonte da Imagem:http://johannaterapeut aocupacional.blogspot.com.br/2 011/07/os-personagens-de- inclusao-da-turma-da.html 25 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância O CID-10 é a codificação usada nos documentos oficiais e que garante o acesso aos direitos das pessoas com autismo. Para o diagnóstico, muitos médicos usam o DSM-5, o Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais da Associação Americana de Psiquiatria em sua 5ª edição, a mais recente. O DSM-5 usa o termo Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) e a numeração 299.00. O termo “Espectro” indica que existe uma variação muito grande no grau e na maneira que o autismo se manifesta em cada pessoa. Transtorno do Espectro Autista Critérios Diagnósticos 299.00 (F84.0) A. Déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, conforme manifestado pelo que segue, atualmente ou por história prévia (os exemplos são apenas ilustrativos, e não exaustivos; ver o texto): 1. Déficits na reciprocidade socioemocional, variando, por exemplo, de abordagem social anormal e dificuldade para estabelecer uma conversa normal a compartilhamento reduzido de interesses, emoções ou afeto, a dificuldade para iniciar ou responder a interações sociais. 2. 3. Déficits nos comportamentos comunicativos não verbais usados para interação social, variando, por exemplo, de comunicação verbal e não verbal pouco integrada a anormalidade no contato visual e linguagem corporal ou déficits na compreensão e uso gestos, a ausência total de expressões faciais e comunicação não verbal. 4. Déficits para desenvolver, manter e compreender relacionamentos, variando, por exemplo, de dificuldade em ajustar o comportamento para se adequar a contextos sociais diversos a dificuldade em compartilhar brincadeiras imaginativas ou em fazer amigos, a ausência de interesse por pares. Especificar a gravidade atual: A gravidade baseia-se em prejuízos na comunicação social e em padrões de comportamento restritos e repetitivos (ver Tabela 2). B. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades, conforme manifestado por pelo menos dois dos seguintes, atualmente ou por história prévia (os exemplos são apenas ilustrativos, e não exaustivos; vér o texto): 1. Movimentos motores, uso de objetos ou fala estereotipados ou repetitivos (p. ex., estereoti- pias motoras simples, alinhar brinquedos ou girar objetos, ecolalia, frases idiossincráticas). 2. Insistência nas mesmas coisas, adesão inflexível a rotinas ou padrões ritualizados de comportamento verbal ou não verbal (p. ex., sofrimento extremo em relaçãoa pequenas mudanças, dificuldades com transições, padrões rígidos de pensamento, rituais de saudação, necessidade de fazer o mesmo caminho ou ingerir os mesmos alimentos diariamente). 3. Interesses fixos e altamente restritos que são anormais em intensidade ou foco (p. ex., forte apego a ou preocupação com objetos incomuns, interesses excessivamente circunscritos ou perseverativos). Fonte da Imagem: https://sites.google.com/s ite/lacospsychelogos/vvv/ a-psiquiatria-na- historia/dsm/cid---10- manual Fonte da Imagem: https://proext.ufba.br/ cinema-e-autismo 26 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 4. Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesse incomum por aspectos sensoriais do ambiente (p. ex., indiferença aparente a dor/temperatura, reação contrária a sons ou texturas específicas, cheirar ou tocar objetos de forma excessiva, fascinação visual por luzes ou movimento). Especificar a gravidade atual: A gravidade baseia-se em prejuízos na comunicação social e em padrões restritos ou repetitivos de comportamento (ver Tabela 2). C. Os sintomas devem estar presentes precocemente no período do desenvolvimento (mas podem não se tornar plenamente manifestos até que as demandas sociais excedam as capacidades limitadas ou podem ser mascarados por estratégias aprendidas mais tarde na vida). D. Os sintomas causam prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo no presente. E. Essas perturbações não são mais bem explicadas por deficiência intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual) ou por atraso global do desenvolvimento. Deficiência intelectual ou transtorno do espectro autista costumam ser comórbidos; para fazer o diagnóstico da comorbidade de transtorno do espectro autista e deficiência intelectual, a comunicação social deve estar abaixo do esperado para o nível geral do desenvolvimento. (DSM-5/2014) 6.2. Possibilidades de intervenção com a criança autista A Associação Brasileira de Autismo em seu site disponibiliza uma Cartilha que apresenta três possibilidades de intervenção com a criança autista. 6.2.1. TEACCH A primeira possibilidade apontada é o TEACCH - Tratamento e educação paracrianças com autismo e com distúrbios correlatos da comunicação. O método TEACCH utiliza uma avaliação chamada PEP-R (Perfil Psicoeducacional Revisado) para avaliar a criança, levando em conta os seus pontos fortes e suas maiores dificuldades, tornando possível um programa individualizado. O TEACCH se baseia na organização do ambiente físico através de rotinas - organizadas em quadros, painéis ou agendas - e sistemas de trabalho, de forma a adaptar o ambiente para tornar mais fácil para a criança compreendê-lo, assim como compreender o que se espera dela. Através da organização do ambiente e das tarefas da criança, o TEACCH visa desenvolver a independência da criança de modo que ela necessite do professor para o aprendizado, mas que possa também passar grande parte de seu tempo ocupando-se de forma independente. (MELLO, 2016). O TEACCH se propõe, a partir da organização do ambiente, da estruturação do ensino e de uma comunicação diferenciada, trabalhar com a aprendizagem da criança autista. Fonte da Imagem: https://www.autismspeak s.org/what- autism/treatment/teacch 27 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 6.2.2. ABA – Análise aplicada do comportamento Como o nome já sugere, o ABA está fundamentado na teoria comportamentalista. O tratamento comportamental analítico do autismo visa ensinar à criança habilidades que ela não possui, através da introdução destas habilidades por etapas. Cada habilidade é ensinada, em geral, em esquema individual, inicialmente apresentando-a associada a uma indicação ou instrução. Quando necessário, é oferecido algum apoio (como por exemplo, apoio físico), que deverá ser retirado tão logo seja possível, para não tornar a criança dependente dele. A resposta adequada da criança tem como consequência a ocorrência de algo agradável para ela, o que na prática é uma recompensa. Quando a recompensa é utilizada de forma consistente, a criança tende a repetir a mesma resposta. O primeiro ponto importante é tornar o aprendizado agradável para a criança. O segundo ponto é ensinar a criança a identificar os diferentes estímulos. Respostas problemáticas, como negativas ou birras, não são, propositalmente, reforçadas. Em vez disso, os dados e fatos registrados são analisados em profundidade, com o objetivo de detectar quais são os eventos que funcionam como reforço ou recompensa para os comportamentos negativos, desencadeando-os. A criança é levada a trabalhar de forma positiva, para que não ocorram os comportamentos indesejados. A repetição é um ponto importante neste tipo de abordagem, assim como o registro exaustivo de todas as tentativas e seus resultados. (MELLO, 2016). Apesar de pontuar estratégias que apontam condicionamento, o ABA tem como um de seus objetivos, desenvolver a autonomia da criança com autismo. 6.3. PECS – Sistema de comunicação através da troca de figuras O PECS foi desenvolvido para ajudar crianças e adultos com autismo e com outros distúrbios de desenvolvimento a adquirir habilidades de comunicação. ... O nome PECS significa “sistema de comunicação através da troca de figuras”, e sua implementação consiste, basicamente, na aplicação de uma sequência de seis passos. O PECS visa ajudar a criança a perceber que através da comunicação ela pode conseguir muito mais rapidamente as coisas que deseja, estimulando-a assim a comunicar-se, e muito provavelmente a diminuir drasticamente problemas de conduta. (MELLO, 2016). Este sistema é de fácil aplicação e seus resultados em relação a comunicação com as crianças autistas tanto aquelas que não falam quanto as que necessitam organizar sua linguagem verbal, apresentam-se de forma bastante positiva. 6.4. A escola regular A criança autista necessita de trabalho que auxilie a Fonte da Imagem: http://www.universoautista.com.br/autis mo/modules/works/item.php?id=14 28 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância auxilie tomar consciência de si mesma para que seja possível que ela tenha uma relação de troca com o ambiente. Muitas vezes um trabalho individualizado se faz necessário para que esse processo se efetive. A criança autista necessita sentir-se convidada a participar desse ambiente e na maioria das vezes precisará de alguém paciente para apresentar as possibilidades dessa aventura. 29 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 7. DEFICIÊNCIA VISUAL Objetivo Conhecer algumas possibilidades de trabalho com o Deficiente Visual. Introdução Deficiência visual é a redução ou perda total da capacidade de ver com o melhor olho e após a melhor correção ótica. Manifesta-se como: Cegueira: Sob o enfoque educacional, a cegueira representa a perda total ou o resíduo mínimo da visão que leva o indivíduo a necessitar do método Braille como meio de leitura e escrita, além de outros recursos didáticos e equipamentos especiais para a sua educação. Visão reduzida: Sob o enfoque educacional, trata-se de resíduo visual que permite ao educando ler impressos a tinta, desde que se empreguem recursos didáticos e equipamentos especiais. 7.1. Alguns recursos possíveis para a escolaridade da criança cega A publicação do MEC Atendimento Educacional Especializado: Deficiênciavisual, auxilia ao professor a entrar em contato com recursos importantes para o desenvolvimento escolar da criança cega. 7.1.1. Sistema Braille É conhecido universalmente como código ou meio de leitura e escrita das pessoas cegas. Baseia-se na combinação de 63 pontos que representam as letras do alfabeto, os números e outros símbolos gráficos. A combinação dos pontos é obtida pela disposição de seis pontos básicos, organizados espacialmente em duas colunas verticais com três pontos à direita e três à esquerda de um conjunto básico denominado de cela Braille. O agrupamento de seis pontos possibilita a constituição de 63 símbolos diferentes que servem para representar caracteres na literatura, na matemática, na informática e na música. O sistema foi inventado em 1825 e até hoje é utilizado em todo o mundo. Fonte da Imagem: http://www.vermelho.org.br/noticia/274664-1 30 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Ler em braile é muito fácil. Basta que se conheça os símbolos e pode-se ler normalmente, seja com o tato ou com a visão. Os caracteres são lidos da esquerda para a direita e até sinais de pontuação são representados através dos pontinhos em alto relevo. Para escrever é necessário um pouco mais de técnica. São utilizados dois instrumentos chamados reglete e o punção. A reglete é uma placa de metal com orifícios em uma de suas faces. O papel, um pouco mais grosso que o comum, é colocado em cima dessa placa e pressionado com a punção, um instrumento semelhante a uma agulha, mas com a extremidade arredondada, para que, ao pressionar o papel contra os orifícios da reglete, este não seja perfurado, e sim apenas marcado. O papel é marcado da direita para a esquerda, no sentido contrário ao da escrita. Ao terminar o papel é virado e pode-se ler normalmente. Há computadores que já conseguem traduzir do braile e para o braile. Atualmente há até alguns que conseguem imprimir páginas em frente e verso, reconhecer voz e transformá-la em braile, entre outros recursos que facilitam o acesso de cegos à informática. Há também capas para teclado com as teclas em braile. Estas se encaixam no teclado de modo que o cego pode digitar normalmente. (ARAÚJO, s/d) Para tornar a escrita do deficiente visual mais eficiente em sala de aula, existe uma máquina de escrever especial com seis teclas que correspondem aos sinais Braile, podendo tornar mais rápida a escrita do aluno cego na escola. Fonte da Imagem: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aee_dv.pdf Fonte da Imagem: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf /aee_dv.pdf 31 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 7.1.2. Soroban É um dispositivo usado para ensinar matemática para deficientes visuais. É um aparelho de cálculo usado há muitos anos no Japão, pode ser considerado uma máquina de calcular que permite registro e operações de forma simples. Com ele os alunos aprendem matemática concretamente: as quatro operações, as ordens decimais e outros cálculos mais complexos. 7.1.3. DOSVOX Segundo o Instituto Benjamin Constant (RJ) o DOSVOX é o software para pessoas com deficiência visual mais utilizado no Brasil. Ele é totalmente gratuito, executa em computadores muito simples e é distribuído especialmente através da Internet. A estimativa do Instituto é a de que até 2016 existam de 80000 pessoas de todas as classes sociais e em todo Brasil que já faziam uso do Dosvox. O Dosvox foi criado em 1993 para atender aos alunos cegos da Universidade Federal do Rio de Janeiro, desde esta época tem se expandido em suas possibilidades e abrangência. A leitura que o computador faz da tela através de falas sintéticas, qualquer pessoa cega consegue interagir com ele, usando um conjunto pequeno de teclas de atalho, que proporciona acesso à leitura e escrita, acesso as informações e mídias disseminadas pela Internet, utilização de jogos eletrônicos adaptados, além do controle da vida pessoal através de muitos utilitários de apoio à vida diária. É um programa que pode ser utilizado por crianças, jovens ou adultos. Fonte da Imagem: http://intervox.nce.ufrj.br/encontro2016/informes.html Fonte da Imagem: http://www.mechanicalculator.com/others/ abaci/6529661 32 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 7.1.4. Caixa de vocabulário Consiste em caixa de plástico ou de papelão contendo miniaturas coladas em cartões com o nome do objeto em Braille e em tinta. 7.1.5. Alfabeto concreto em Braile Painel com 26 bolsos com sequência de letras em Braile, sendo que abaixo de cada um deles encontra-se um bolso onde o aluno poderá colocar objetos que representem cada letra do alfabeto. 7.1.6. Medidor Garrafas plásticas de água mineral cortadas, com capacidade para um litro e meio. 7.1.7. Caixa de números Caixas de plástico ou de papelão contendo tampinhas plásticas. Colar na parte externa o numeral, em tinta, relevo e em Braile, correspondente à quantidade de tampinhas guardados no interior da caixa. Fonte da Imagem: http://www.rrbrindespedagogicos.com.br/Paineis/paineis_alfab eto_braile.html Fonte da Imagem: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/ae e_dv.pdf Fonte da Imagem: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/ aee_dv.pdf 33 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 7.1.8. Régua e Fita métrica adaptadas Com marcações na forma de orifícios e pequenos recortes. 7.1.9. Áudio Livros Podem ser encontrados facilmente na Internet ou o professor pode produzir. Estes são alguns exemplos de recursos. Outros você encontra na publicação do MEC Atendimento Educacional Especializado: deficiência visual ou ainda o professor pode se utilizar de sua criatividade e construir adaptações necessárias para atender suas necessidades pedagógicas com alunos deficientes visuais. Os recursos devem ser pensados de forma a atenderem as condições visuais de todos os alunos: visão normal, baixa visão ou alunos cegos. 7.2. Avaliação de Aprendizagem no Deficiente Visual Para avaliação recomenda-se a produção de exercícios em Braile ou outros meios táteis ou auditivos por intermédio dos quais o aluno tenha possibilidade de deixar registrado seu conhecimento. Fonte da Imagem: http://portal.mec.gov.br/sees p/arquivos/pdf/aee_dv.pdf Fonte da Imagem: http://portal.mec.gov.br/seesp/ arquivos/pdf/aee_dv.pdf Fonte da Imagem: http://www.universidadefalada. com.br/a-bela-e-a-fera- audiolivro-audiobook.html 34 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 8. DEFICIÊNCIA AUDITIVA Objetivo Conhecer características do processo de aprendizagem e abordagens de ensino da criança com deficiência auditiva. Introdução Os Parâmetros Curriculares Nacionais: Adaptações Curriculares apresentam a Deficiência Auditiva como a perda total ou parcial, congênita ou adquirida, da capacidade de compreender a fala por intermédio do ouvido. Manifesta-se como: Surdez leve / moderada: perda auditiva de até 70 decibéis, que dificulta, mas não impede o indivíduo de se expressar oralmente, bem como de perceber a voz humana, com ou sem a utilização de um aparelho auditivo; Surdez severa / profunda: perda auditiva acima de 70 decibéis, que impede o indivíduo de entender, com ou sem aparelho auditivo, a voz humana, bem como de adquirir, naturalmente, ocódigo da língua oral. 8.1. Classificação do grau de perda auditiva No Portal Otorrinolaringologia, o Dr. Robinson Koji Tsuji apresenta da seguinte forma a Classificação do grau de perda auditiva: NORMAL (0 A 25 dBNA) – A audição normal, permite que ouçamos todos os sons da fala. Ela permite a associação da fala, da audição, das relações entre os sons e das experiências vividas, tornando possível o desenvolvimento das habilidades auditivas e a aquisição da linguagem. Do canto dos pássaros ao ruído do vento – incluindo músicas que dão prazer – tudo é possível quando se ouve bem. LEVE (26 A 40 dBNA) – Quando há perda auditiva leve, que ocorre entre 26 e 40 dB, a pessoa ouve os sons das vogais e muitas das consoantes como o f, s, p, t, k podem estar inaudíveis, assim como o tique-taque do relógio. MODERADO E MODERADAMENTE SEVERO (41 A 70 dBNA) – Já na perda auditiva moderada, quase nenhum som da fala pode ser percebido em nível de voz natural. Apenas sons fortes como choros de crianças e o de aspirador de pó funcionando são audíveis. A comunicação com o mundo torna-se bastante limitada. SEVERA (71 A 90 dBNA) – Se acontecer a perda auditiva severa, nenhum som de fala é audível em nível de conversação natural. Poucos sons podem Fonte da Imagem: http://www.luzimarteixeira.com.br/3865/ 35 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância ser entendidos, como latidos de cachorro, sons graves de piano ou o toque do telefone em volume máximo. PROFUNDA (> 91 dBNA) –A perda auditiva profunda acontece acima de 90 dB e nenhum som é entendido. Se a alteração auditiva ocorrer desde o nascimento, a aquisição da fala e da linguagem pode ser atrasada ou não acontecer. Sons como o da serra elétrica, motocicletas e helicópteros podem se captados. A principal consequência da Deficiência Auditiva é o atraso do desenvolvimento da fala e da linguagem e, consequentemente, em todo o processo de aprendizagem. 8.2. Dificuldades da Deficiência Auditiva 8.2.1. Dificuldades com a Deficiência Auditiva Leve - (perda de 26 a 40 dB) Geralmente não tem efeito significativo no desenvolvimento. Dificilmente será percebida pela família ou pela escola. Com essa perda, a voz fraca ou distante não é ouvida. O aluno é considerado como desatento, solicitando, frequentemente, a repetição daquilo que lhe falam. Essa perda auditiva não impede a aquisição normal da linguagem, mas poderá ser a causa de algum problema articulatório ou dificuldade na leitura e/ou escrita. 8.2.2. Dificuldades com a Deficiência Auditiva Moderada - (perda de 41 a 70 dB) Atraso da fala e da linguagem. Dificuldade para compreender fala a distância e acompanhar conversação. É necessária uma voz de intensidade alta para a palavra ser percebida adequadamente. Identifica as palavras mais significativas. Dificuldades em compreender certos termos de relação e/ou frases gramaticais complexas. Sua compreensão está ligada à percepção visual. Se for inserida em processo de reabilitação com treinamento auditivo e adaptação de aparelho com Amplificação Sonora Individual (ASI), a criança poderá obter o mesmo sucesso de aquisição no desenvolvimento da linguagem que as crianças ouvintes. Fonte da Imagem: http://revistacrescer.globo.com/Bebes/Saude/noticia/2013/11/como- saber-se-crianca-tem-deficiencia-auditiva.html 36 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 8.2.3. Dificuldades com a Deficiência Auditiva Severa - (perda de 71 a 90 dB) Pode impedir o desenvolvimento da fala e da linguagem. Pode perceber apenas a voz forte, podendo chegar até quatro ou cinco anos sem aprender a falar. Se a família estiver bem orientada, a criança poderá chegar a adquirir linguagem. A compreensão verbal vai depender, em parte, da aptidão com a percepção visual e com o contexto das situações. Se for realizado implante coclear e intervenção terapêutica adequada, poderá receber informações sonoras para desenvolver: linguagem oral, escrita e aprendizado. 8.2.4. Dificuldades com a Deficiência Auditiva Profunda- (perda de + de 90 dB) Não recebe informações auditivas para perceber a voz humana, impedindo-o de adquirir naturalmente a linguagem oral. Dificuldades em relação a estrutura acústica e a identificação simbólica da linguagem. Se não houver diagnóstico e intervenção precoce, a fala e a linguagem dificilmente irão se desenvolver. 8.3. Abordagens de Ensino da pessoa com Surdez As Abordagens de Ensino na Educação da pessoa com surdez segundo Rosimar Bortolini Poker, doutora em Educação e professora do Departamento de Educação Especial da Faculdade de Filosofia e Ciências da Unesp, Marília, podem ser: 8.3.1. Oralismo Visa a integração da criança com surdez na comunidade de ouvintes, dando-lhe condições de desenvolver a língua oral. Acreditam assim que para a criança surda se comunicar é necessário que ela saiba oralizar. Entende a surdez como uma deficiência que deve ser minimizada por meio da estimulação auditiva que possibilitaria a aprendizagem da língua portuguesa e levaria a criança surda a integrar-se na comunidade ouvinte, Fonte da Imagem: http://surdezelinguagem.blogspot.com .br/2010/11/um-pouco-das-filosofias- educacionais.html 37 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância desenvolvendo sua personalidade como a de alguém que ouve. Isto significa que o objetivo do Oralismo é fazer a reabilitação da criança surda em direção à normalidade. Em resumo o Oralismo consiste em fazer com que a criança receba a linguagem oral através da leitura orofacial e amplificação sonora, enquanto se expressa através da fala. Gestos, Língua de Sinais e alfabeto digital são expressamente proibidos. 8.3.2. Comunicação Total Requer a incorporação de modelos auditivos, manuais e orais para assegurar a comunicação eficaz entre as pessoas com surdez. Se preocupa também com a aprendizagem da língua oral pela criança surda, mas acredita que os aspectos cognitivos, emocionais e sociais não devem ser deixados de lado só por causa da aprendizagem da língua oral. A Comunicação Total defende a utilização de qualquer recurso linguístico, seja a língua de sinais, a linguagem oral ou códigos manuais, para propiciar a comunicação com as pessoas com surdez. Recomendam o uso simultâneo de diferentes códigos usados obedecendo à estrutura gramatical da língua oral, não se respeitando a estrutura própria da Língua de Sinais. 8.3.3. Bilinguismo Parte do princípio que o surdo deve adquirir como sua primeira língua, a língua de sinais com a comunidade surda. Isto facilitaria o desenvolvimento de conceitos e sua relação com o mundo. Aponta o uso autônomo e não simultâneo da Língua de Sinais que deve ser oferecida à criança surda o mais precocemente possível. A língua portuguesa é ensinada como segunda língua, na modalidade escrita e, quando possível, na modalidade oral. Para os bilinguistas os surdos formam uma comunidade, com cultura e língua próprias, tendo assim, uma forma peculiar de pensar e agir que devem ser respeitadas. Fonte da Imagem: http://centraldeinteligenciaacademica.blogspot.com. br/2014/07/plano-de-acao-pedagogica- deficiencia.html 38 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Os estudos têm apontado para essa proposta como sendo a mais adequada para o ensino das crianças surdas, tendo em vista que considera a língua de sinais comolíngua natural e parte desse pressuposto para o ensino da língua escrita. 8.4. Tradutor e interprete de Libras É a pessoa que, sendo fluente em Língua Brasileira de Sinais e em Língua Portuguesa, tem a capacidade de verter em tempo real (interpretação simultânea) ou, com um pequeno espaço de tempo (interpretação consecutiva), da Libras para o Português ou deste para a Libras. A tradução envolve a modalidade escrita de pelo menos uma das línguas envolvidas no processo. ... A função de traduzir/interpretar é singular, dado que a atuação desse profissional o leva a interagir com outros sujeitos, a manter relações interpessoais e profissionais, que envolvem pessoas com surdez e ouvintes, sem que esteja efetivamente implicado nelas, pois sua função é unicamente a de mediador da comunicação. ... A atuação do tradutor/intérprete escolar, na ótica da inclusão, envolve ações que vão além da interpretação de conteúdos em sala de aula. Ele medeia a comunicação entre professores e alunos, alunos e alunos, pais, funcionários e demais pessoas da comunidade em todo o âmbito da escola e também em seminários, palestras, fóruns, debates, reuniões e demais eventos de caráter educacional. ... Com relação à sala de aula, devemos sempre considerar que este espaço pertence ao professor e ao aluno e que a liderança no processo de aprendizagem é exercida pelo professor, sendo o aluno de sua responsabilidade. É absolutamente necessário entender que o tradutor e intérprete é apenas um mediador da comunicação e não um facilitador da aprendizagem e que esses papéis são absolutamente diferentes e precisam ser devidamente distinguidos e respeitados nas escolas de nível básico e superior. ... Partindo do princípio de que, comprovadamente, a Língua de Sinais é fundamental para que o aluno com surdez adquira linguagem e avance no seu desenvolvimento cognitivo, não podemos deixar de considerar também, que apenas o uso dessa língua não é suficiente para resolver questões relativas à sua aprendizagem. A Língua de Sinais, por si só, não promove a aprendizagem da leitura e da escrita da Língua Portuguesa e, consequentemente, dos conceitos estudados. (BRASIL, 2007). Tramita no Congresso o Projeto de Lei 1690/15 que torna obrigatória a presença de tradutor e intérprete de Libras nas salas de aula dos ensinos básico e superior, viabilizando o acesso à comunicação, à informação e à educação de alunos surdos. 39 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 9. TDAH – TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO HIPERATIVIDADE Objetivo Conhecer características do Transtorno de Déficit de Atenção Hiperatividade e algumas ações possíveis para o acompanhamento de crianças com TDAH. Introdução Uma grande preocupação dos professores em classe regular é a presença de alunos extremamente agitados que identificamos numa linguagem popular como “ligados em 220”. São alunos que conseguem perceber tudo que acontece a sua volta e parece que apresentam uma necessidade de estar presente em todos os acontecimentos do ambiente, seja a borracha do amigo que caiu no chão no fundo da classe ou alguém que passou no corredor em frente a porta da sua sala de aula. Geralmente esses sujeitos são identificados como hiperativos. Mas, ao pesquisarmos a tipologia da personalidade na Psicologia Analítica que foi desenvolvida por Carl Gustav Jung (1875-1961) vamos encontrar o Tipo Intuitivo Extrovertido que traz como algumas das suas características, ser um indivíduo voltado para os acontecimentos externos, muito influenciado pelo meio e um sujeito de mais ação do que reflexão. O tipo Intuitivo Extrovertido confia em seus palpites, está sempre aberto a novas possibilidades, é estimulado pela mudança e pelo movimento, tem foco para o todo e não tem tempo para os detalhes de cada situação. Segundo Jung, esses sujeitos dão pouca atenção ao corpo, não percebendo quando estão cansados ou com fome e constantemente, sentem-se prisioneiros de situações estáveis. Fica a Reflexão: um tipo psicológico de personalidade ou um transtorno neurológico? Fonte da Imagem: http://pdhpsicologia.com.br/transtornos -psicologicos-mais-comuns/transtorno- de-deficit-de-atencao-e-hiperatividade- tdah/ 40 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 9.1. Transtorno de Déficit de Atenção Hiperatividade – TDAH Segundo a Associação Brasileira de Déficit de Atenção, ABDA, o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Ele é chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). É um transtorno neurobiológico, com grande chance de ser herdado, que tem início na infância e que pode persistir na vida adulta, comprometendo o funcionamento da pessoa em vários setores de sua vida, e se caracteriza por três grupos de alterações: desatenção, impulsividade e hiperatividade. 9.1.1. Desatenção A pessoa não consegue manter a concentração por muito tempo, se começar a ler um livro, na metade da página não consegue lembrar o que acabou de ler. Até mesmo numa conversa é capaz de perder o fio da meada. A desatenção é responsável por erros tolos que o estudante comete em matérias que ele seguramente domina, mas que no momento da prova sua atenção cai. Outras vezes, a mente da pessoa com TDAH parece que não tem um “filtro”, e por isso qualquer estímulo é capaz de desviar sua atenção. Assim é que numa aula, por exemplo, basta passar alguém no corredor ou acontecer um ruído na rua para deixar a pessoa perdida em relação ao que está sendo falado pelo professor. Outra forma de falha da atenção é quando a pessoa não é capaz de dar um recado, simplesmente por não se lembrar disso no exato momento em que encontra a pessoa a quem deve dar o recado. No entanto, basta alguém perguntar qual o recado que ela ficou de transmitir que frequentemente irá lembrá-lo. Dito de outra forma, sua memória está conservada, a questão é que essa pessoa não consegue se lembrar de algo no momento em que deveria fazê-lo. (SILVA & CABRAL s/d) 9.1.2. Impulsividade A Impulsividade corresponde ao agir sem pensar, automaticamente. A pessoa impulsiva tem reações súbitas, de supetão, responde ou reage sem pensar, o que só ocorre depois. Costuma dar uma resposta sem escutar a pergunta por inteiro, mas a “marca registrada” da impulsividade é a impaciência, a dificuldade de esperar. Costuma-se dizer que o verbo esperar não existe no dicionário da pessoa com TDAH. Nas brincadeiras, não consegue esperar sua vez, intromete-se nas conversas dos outros, nunca obedece a filas. (SILVA & CABRAL s/d) 9.1.3. Hiperatividade Hiperatividade é o aumento da atividade motora. A pessoa hiperativa é inquieta e está quase constantemente em movimento. Quando se trata de criança, os Fonte da Imagem: http://cliapsicologia.com.br/tdah-a-dificil-arte-do- controle/ 41 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância professores descrevem que ela se levanta da carteira a todo instante, mexe com um ou com outro, fala muito. Parece que é elétrica, ou que está com um motorzinho ligado o tempo todo. Raramente consegue ficar sentada, mas se é obrigada a permanecer sentada, se revira, bate com os pés, mexe com as mãos, ou então acaba adormecendo. Dificilmente consegue se interessar por uma brincadeira em que tenha que ficar quieta, mas está sempre correndo, subindo em móveis, árvores, efrequentemente em locais perigosos. Uma criança mais hiperativa nem mesmo para comer consegue sentar, quanto mais para assistir a um programa de televisão, ler um livro ou uma revista. (SILVA & CABRAL s/d) A hiperatividade nem sempre está presente nos casos de Déficit de Atenção. Apesar de ser muito comum a presença da Hiperatividade, o transtorno pode se apresentar sem essa característica. 9.2. Prejuízos Os prejuízos para a criança com TDAH estão ligados principalmente a área escolar e social, afetando indiretamente o seu emocional e autoestima. Na escola a principal consequência é o baixo rendimento escolar, aumentando a probabilidade de repetência e de evasão. A criança com TDAH é afetada em áreas extremamente importantes para o seu desenvolvimento: na escolaridade e no relacionamento com colegas. O aluno com esse transtorno muitas vezes é rejeitado por seus colegas pois não consegue estar trabalhando ou brincando em grupo, atendendo as regras que foram determinadas. Quando apresenta Hiperatividade, pode ser hostilizado tanto pelos colegas quanto pelos pais dos colegas que em muitos exemplos vão até a direção para solicitar o afastamento da escola da criança que tem o transtorno. Fonte da Imagem: https://biosom.com.br/blog/saude/tdah/ Fonte da Imagem: http://educacional.cpb.com.br/conteudos/comportament o/desatencao-tdah-ou-fatores-ambientais/ 42 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Diante deste quadro, a área emocional da criança fica muito afetada por entender que não consegue realizar as tarefas escolares como os colegas sentindo que seus amigos o rejeitam. A incapacidade escolar e a rejeição dos colegas concorrem para interferir em sua autoestima, levando essa criança a identificar-se como incapaz. Essa percepção poderá acarretar danos irreparáveis na construção da identidade adulta desse sujeito. 9.3. Tratamento O TDH não supõe uma cura mais sim um acompanhamento que deve ser médico, pedagógico, psicológico e familiar. 9.3.1. Acompanhamento médico O acompanhamento deve ser realizado por psiquiatra, neurologista ou pediatra e na maioria das vezes é indicado o uso de medicamento. No Brasil o mais usado é o Metilfenidato (Ritalina ou Concerta) e mais recentemente uma Anfetamina (Venvanse). O objetivo dos medicamentos é estimular o sistema nervoso central e consequentemente as atividades mentais, levando o sujeito a ficar atento com um maior nível de concentração. 9.3.2. Acompanhamento pedagógico Algumas ações possíveis para o professor em sua prática pedagógica com alunos que apresentam TDAH é creditada a Sam Goldeisntein. 1. Proporcionar estrutura, organização e constância (exemplo: sempre a mesma arrumação das cadeiras ou carteiras, programas diários, regras claramente definidas) 2. Do encorajar frequentemente, elogiar e ser afetuoso, porque essas crianças, professor, na parte de fora do grupo. 3. Desanimam facilmente. Dar responsabilidades que elas possam cumprir faz com que se sintam necessárias e valorizadas. Começar com tarefas simples e gradualmente mudar para mais complexas. 4. Proporcionar um ambiente acolhedor, demonstrando calor e contato físico de maneira equilibrada e, se possível, fazer os colegas também terem a mesma atitude. 5. Nunca provocar constrangimento ou menosprezar o Fonte da Imagem: http://www.ganhesemprem ais.com.br/wp- content/uploads/2016/03/Di sl2.jpg 43 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância aluno. 6. Proporcionar trabalho de aprendizagem em grupos pequenos e favorecer oportunidades sociais. Grande parte das crianças com TDAH consegue melhores resultados acadêmicos, comportamentais e sociais quando no meio de grupos pequenos. 7. Comunicar-se com os pais. Geralmente, eles sabem o que funciona melhor para o seu filho. 8. Ir devagar com o trabalho. Dosar tarefas de 5 minutos; cada uma traz melhores resultados do que duas tarefas de meia hora. Mudar o ritmo ou o tipo de tarefa com frequência elimina a necessidade de ficar enfrentando a inabilidade de sustentar a atenção, e isso vai ajudar a auto percepção. 9. Favorecer oportunidades para movimentos monitorados, como uma ida à secretaria, levantar para apontar o lápis, levar um bilhete para o professor, regar as plantas ou dar de comer à mascote da classe. 10. Adaptar suas expectativas quanto à criança, levando em consideração as deficiências e inabilidades decorrentes do TDAH. Por exemplo, se o aluno tem um tempo de atenção muito curto, não esperar que ele se concentre em apenas uma tarefa durante todo o período da aula. 11. Recompensar os esforços, a persistência e o comportamento bem-sucedido ou bem planejado. 12. Proporcionar exercícios de consciência e treinamento dos hábitos sociais da comunidade. Avaliação frequente sobre o impacto do comportamento da criança sobre ela mesma e sobre os outros ajuda bastante. 13. Favorecer frequente contato aluno/professor. Isto permite um “controle” extra sobre a criança com TDAH, ajuda-a a começar e continuar a tarefa, permite um auxílio adicional e mais significativo, além de possibilitar oportunidades de reforço positivo e incentivo para um comportamento mais adequado. 14. Colocar limites claros e objetivos; ter uma atitude disciplinar equilibrada e proporcionar avaliação frequente, com sugestões concretas e que ajudem a desenvolver um comportamento adequado. 15. Assegurar que as instruções sejam claras, simples e dadas uma de cada vez, com um mínimo de distrações. 16. Evitar segregar a criança que talvez precise de um canto isolado com biombo para diminuir o apelo das distrações; fazer do canto um lugar de recompensa para atividades bem-feitas em vez de um lugar de castigo. 17. Desenvolver um repertório de atividades físicas para a turma toda, como exercícios de alongamento ou isométricos. 18. Estabelecer intervalos previsíveis de períodos sem trabalho que a criança pode ganhar como recompensa por esforço feito. Isso ajuda a aumentar o tempo da atenção concentrada e o controle da impulsividade através de um processo gradual de treinamento. 19. Reparar se a criança se isola durante situações recreativas barulhentas. Isso pode ser um sinal de dificuldades de coordenação ou auditivas que exigem uma intervenção adicional. 20. Preparar com antecedência a criança para as novas situações. Ela é muito sensível em relação às suas deficiências e facilmente se assusta ou se desencoraja. 21. Desenvolver métodos variados utilizando apelos sensoriais diferentes (som, visão, tato) para ser bem-sucedido ao ensinar uma criança com TDAH. No entanto, quando as novas experiências envolvem uma miríade de sensações (sons múltiplos, movimentos, emoções ou cores), esse aluno provavelmente irá precisar de tempo extra para completar sua tarefa. 44 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 22. Não ser mártir! Reconhecer os limites da sua tolerância e modificar o programa da criança com TDAH até o ponto de se sentir confortável. O fato de fazer mais do que realmente quer fazer traz ressentimento e frustração. 23. Permanecer em comunicação constante com o psicólogo ou orientador da escola. Ele é a melhor ligação entre a escola, os pais e o médico. 9.3.3. Acompanhamento familiar Os pais devem ser orientados pela equipe técnica da escola e/ou pelo psicólogo que acompanha o caso quanto à verdadeira natureza do TDAH e em relação ao desenvolvimento de estratégiaspara lidar com o comportamento da criança. Sempre que necessário deve acontecer um aconselhamento familiar, para evitar o aumento de conflitos. 9.3.3. Acompanhamento psicológico O acompanhamento psicológico pode auxiliar bastante na construção da identidade desse sujeito e na orientação da família. A criança com TDAH deve ter parceiros que possam auxiliá-la na compreensão de que seus comportamentos não são escolhas suas e sim uma forma característica de estar no mundo e que pode ser vista como uma potencialidade e não como um defeito. 45 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância ARAUJO, Ana Paula. Braille, Portal INFOESCOLA, http://www.infoescola.com/portugues/braile/ , s/d. Acesso em 22 de abril de 2018. BRASIL, DATASUS, Código Internacional de Doenças, CID-10. Disponível em http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f70_f79.htm Acesso em 22 de abril de 2018. BRASIL, PORTAL MEC. SECADI – Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Declaração de Salamanca. http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf Acesso em 22 de abril de 2018. BRASIL, PORTAL MEC. SECADI – Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, 2008. http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf Acesso em 22 de abril de 2018. BRASIL, Projeto Escola Viva: garantindo o acesso e permanência de todos os alunos na escola: necessidades educacionais especiais dos alunos / Maria Salete Fábio Aranha, V.1, 2ed. - Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2005. BRASIL. Atendimento Educacional Especializado: deficiência visual / Elizabet Dias de Sá/Izilda Maria de Campos/Myriam Beatriz Campolina Silva. MEC /SED/SEESP, Brasília, 2007. Disponível em http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aee_dv.pdf Acesso em 22 de abril de 2018. BRASIL. Atendimento Educacional Especializado: pessoa com surdez / Mirlene Ferreira Macedo Damázio. MEC /SED/SEESP, Brasília, 2007. Disponível em http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aee_da.pdf Acesso em 22 de abril de 2018. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Adaptações Curriculares / Secretaria de Educação Fundamental. Secretaria de Educação Especial. – Brasília : MEC /SEF/SEESP, 1998. Disponível em http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/serie4.pdf Acesso 22 de abril de 2018. CRUZ, Nazaré e FONTANA, Roseli. Psicologia e trabalho pedagógico. São Paulo: Atual. 1997. DOMINGUES, Dinéia L., PEREIRA, Roberta G. MOREIRA, Wanderley R. Um estudo sobre o processo de inclusão: o deficiente mental e a Matemática. Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Licenciatura em Matemática), Universidade Santa Cecília. Santos, 2006. ELDER, Rosita Carvalho. A nova LBB e a Educação Especial. Wva, Rio de Janeiro,1998. GOLDSTEIN, Sam; GOLDSTEIN, Michael. Hiperatividade - Como Desenvolver a Capacidade de Atenção da Criança. 8ed. Papirus, Campinas, 2002. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais [recurso eletrônico] :DSM-5 / [American PsychiatricAssociation ; tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento ... et al.; revisão técnica: Aristides VolpatoCordioli ... [et al.]. – 5. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2014. Disponível em http://aempreendedora.com.br/wp-content/uploads/2017/04/Manual- Diagn%C3%B3stico-e-Estat%C3%ADstico-de-Transtornos-Mentais-DSM-5.pdf Acesso em 22 de abril de 2018. 46 Educação Especial e Inclusiva Universidade Santa Cecília - Educação a Distância MELLO, Ana Maria S. Rosde, Autismo : guia prático; colaboração : Marialice de Castro Vatavuk. . __ 8ed. AMA, São Paulo. CORDE, Brasília, : CORDE, 2016. Disponível em http://www.psiquiatriainfantil.com.br/livros/pdf/AutismoGuiaPratico.pdf Acesso em 22 de abril de 2018. NOMA, Amélia Kimiko. História das políticas educacionais: o projeto principal de educação para América Latina e Caribe. Sociedade Brasileira de História da Educação, Universidade Federal de Uberlândia, MG, s/d. http://www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe5/pdf/896.pdf Acesso em 22 de abril de 2018. POKER, Rosimar Bortolini. Abordagens de Ensino na Educação da Pessoa com Surdez. UNESP. Marília. s/d. Disponível em: https://www.marilia.unesp.br/Home/Extensao/Libras/mec_texto2.pdf Acesso 22 de abril de 2018. SILVA, Kátia Beatriz Corrêa; CABRAL, Sérgio Bourbon, rev. Paulo Mattos. Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade: TDAH. ABDA, RJ, s/d.