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Apostila Cálculo de Pena - atualizada em 09 2015

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CÁLCULO DE PENA - APOSTILA 
Prof.ª Dr.ª Daniela C. A. da Costa 
 
1 
DOSIMETRIA DA PENA 
(Cálculo da Pena Privativa de Liberdade) 
 - Procedimento Trifásico - 
 
 
A completa aplicação da pena, a ser realizada pelo juiz na sentença 
condenatória, segue as seguintes etapas, indicadas no artigo 59 do 
Código Penal (CP): 
 
I - O juiz, em primeiro plano, irá indicar as penas aplicáveis dentre as 
cominadas, pela lei, para o crime pelo que o réu tenha sido 
condenado; 
II – Na sequencia, o juiz passará a etapa da dosimetria penal 
(individualização/cálculo da pena privativa de liberdade); 
III – Concluída a dosimetria, o juiz deverá fixar o regime inicial de 
cumprimento da pena privativa de liberdade – fechado, semi-aberto ou 
aberto (seguindo os ditames do artigo 33, CP, conforme já 
estudamos); 
IV – Por fim, o juiz analisará se é possível substituir a pena privativa 
de liberdade aplicada por penas restritivas de direitos ou multa 
(seguindo os parâmetros do artigo 44 do CP, coforme também já 
estudamos). Sendo cabível a substituição, deverá indicar as restritivas 
que deverão ser cumpridas pelo condenado. Caso não caiba a 
substituição, o juiz ainda avaliará a possibilidade de aplicar o sursis 
(suspensão condicional da pena), de acordo com o disciplinado no 
artigo 77, III, CP. 
 
Após seguir essas quatro etapas, podemos afirmar que efetivamente o 
juiz concluiu a aplicação da pena na sentença condenatória. 
 
Entretanto, esta APOSTILA abordará apenas a segunda etapa acima 
indicada, qual seja: a DOSIMETRIA/CÁLCULO DA PENA PRIVATIVA 
DE LIBERDADE, em que aprenderemos o passo-a-passo envolvendo 
as 3 fases que compõem essa dosimetria – procedimento trifásico - de 
acordo com o estabelecido pelo artigo 68, CP. 
 
- PRÉ-DOSIMETRIA - 
Antes de passarmos as 3 fases indicadas no artigo 68, CP, 
iniciaremos escolhendo a pena que aplicaremos, dentre as cominadas 
na lei, caso a lei comine pena privativa de liberdade em alternativa 
com a pena de multa (veja exemplo no artigo 130, CP). 
CÁLCULO DE PENA - APOSTILA 
Prof.ª Dr.ª Daniela C. A. da Costa 
 
2 
 
Feita essa escolha, o juiz ainda analisará se o crime em questão trata-
se de crime qualificado (em que a lei indica uma cominação de pena 
mais rigorosa do que a da figura simples – exemplo: compare a pena 
cominada para o homicídio simples, no caput do artigo 121, CP com a 
pena cominada para o homicídio qualificado, no § 2º do artigo 121) ou 
de crime privilegiado (em que a lei indica uma cominação de pena 
mais branda do que a da figura simples – exemplo: compare a pena 
cominada para a figura simples da receptação, no caput do artigo 180, 
CP, com a pena, mais branda, cominada para a receptação 
privilegiada no § 3º do artigo 180, CP). 
 
Observação: quando no caso concreto incidem duas qualificadoras 
previstas no mesmo tipo penal, aplica-se apenas uma delas, incidindo 
a outra como circunstância agravante, se coincidir com alguma das 
circunstâncias previstas nos arts. 61 e 62 do CP - exemplo: homicídio 
duplamente qualificado cometido por motivo fútil e com emprego de 
veneno (incisos II e III do § 2º do art. 121) – uma dessas qualificadoras 
será considerada para qualificar, quando da aplicação da pena-base e, 
a outra, será analisada na segunda fase do cálculo, como 
circunstância agravante (art. 61, inciso II, alíneas “a” e “d”). Alguns 
exemplos de crimes qualificados no CP: arts. 129, §§ 1º, 2º e 3º; 155, 
§ 4º; 157, § 3º; 159, §§ 1º, 2º e 3º. 
 
ATENÇÃO: caso se trate de figura qualificada ou privilegiada, isso 
já será definido antes de se iniciar o procedimento trifásico, que iremos 
estudar a partir de agora. 
 
 
 
- PROCEDIMENTO TRIFÁSICO - 
ART. 68 – CÁLCULO DA PENA: como determina o art. 68, o cálculo 
da pena privativa de liberdade deve ser feito em três fases (trifásico). 
1ª fase: fixa-se a pena-base de acordo com as circunstâncias judiciais 
do art. 59. Ela se tornará definitiva, caso não existam agravantes e 
atenuantes ou causas de aumento e diminuição aplicáveis. Se elas 
existem, passa-se às fases seguintes. 
2ª fase: sobre a pena-base apurada na 1ª fase, recaem as 
circunstâncias legais (agravantes e atenuantes) dos arts. 61, 62, 65 e 
66. 
CÁLCULO DE PENA - APOSTILA 
Prof.ª Dr.ª Daniela C. A. da Costa 
 
3 
3ª fase: sobre a pena apurada na 2ª fase (e não sobre a pena-base) 
incidirão as eventuais causas de aumento ou diminuição da Parte 
Geral ou Especial do CP. 
 
 
1ª FASE 
 
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS 
 
CIRCUNSTÂNCIAS: são todos os fatos ou dados que se encontram 
ao redor do delito, de natureza objetiva e subjetiva, mas que não 
interferem na caracterização do crime – não integram a figura típica – 
podendo apenas agravar (agravantes e causas de aumento de pena) 
ou diminuir (atenuantes ou causas de diminuição de pena) a pena do 
mesmo. As circunstâncias, portanto, não se confundem com os 
elementos do tipo penal (elementares), sem os quais o crime não se 
caracteriza. Concluindo, as elementares são componentes do tipo 
legal (estão presentes na definição legal do crime), enquanto que as 
circunstâncias são moduladoras da aplicação da penas, e são 
acidentais, podem ou não existir na configuração da conduta típica. 
Quanto à sua natureza, as circunstâncias podem ser objetivas (reais) 
ou subjetivas (pessoais). As primeiras relacionam-se com os modos e 
meios de realização do crime, tempo, lugar, objeto material e 
qualidade da vítima. As segundas relacionam-se com a pessoa do 
agente, como os motivos, as qualidades pessoais do agente e 
relações pessoais do agente com o ofendido. 
As circunstâncias são conhecidas na doutrina como circunstâncias 
judiciais, circunstâncias legais e causas de aumento e de diminuição 
de pena. 
 
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS (art. 59, CP) 
Conceito: os elementos constantes no art. 59 são denominados 
circunstâncias judiciais porque a lei não os define – deixa a cargo do 
julgador a função de identificá-los e mensurá-los em cada caso 
concreto. Não são, exatamente, “circunstâncias do crime”, mas sim, 
critérios limitadores da discricionariedade judicial, que indicam os 
elementos que deverão ser analisados na tarefa individualizadora da 
pena-base. 
 
 “Ao executar o que lhe determina o art. 59, o juiz individualiza 
a pena e fixa a proporção entre esta e o crime. Trata-se de 
CÁLCULO DE PENA - APOSTILA 
Prof.ª Dr.ª Daniela C. A. da Costa 
 
4 
direito do réu, e mais do que tudo, indeclinável dever do Estado 
no exercitar o poder de punir. É um impedimento pelo qual se 
impede o arbítrio no aplicar a pena” (STF – RHC – Rel. Antônio 
Néder – DJU 3.3.72, p. 933). 
 “É indispensável, sob pena de nulidade, a fixação da pena-
base, com apreciação e fundamentação das circunstâncias 
judiciais, sempre que a pena for aplicada acima do mínimo 
legal” (STF – RTJ121/101 – RHC 66.751, DJU 3.3.89, p. 2515). 
 “Não serve a genérica alusão do art. 59 do CP para fixar-se 
acima do mínimo a imposição de pena privativa de liberdade, 
pois ao juiz cabe especificar cada fator levado em conta na 
individualização, a fim de fundamentar adequadamente a 
exacerbação operada” (TACRIM-SP – AC – Rel. Haroldo Luz – 
RJD 1/125 e JUTACRIM 97/253). 
 
 
Culpabilidade: No fundo não deixa de ser esse conjunto de 
circunstâncias que serão analisadas neste artigo 59, estes elementos 
vão ditar a maior ou menor reprovabilidade. Análise da 
censurabilidade pessoal da conduta típica e ilícita. Aqui, deve-se 
examinar a maior ou menor censurabilidade do comportamento do 
agente, a maior ou menor reprovabilidade do comportamento 
praticado, não só em razão de suas condições pessoais, mas também 
em vista da situação de fato (da realidade concreta) em que ocorreu 
seu comportamento, especialmente a maior ou menor exigibilidade de 
conduta diversa (Ex.: eutanásia praticada por filhointeressado na 
herança e por médico que se penaliza com o sofrimento do seu 
paciente em estado terminal – qual a conduta mais reprovável?). 
 
Antecedentes: são os fatos anteriores da vida do réu, incluindo-se 
tanto os bons quanto os maus antecedentes. Serve para verificar se o 
delito em análise foi um episódio esporádico na vida do sujeito ou se 
ele infringe a lei com freqüência. 
Princípio da presunção da inocência (art. 5º, LVII, CF) – pós 
Constituição de 88, o conceito de maus antecedentes foi revisado – 
hoje em dia, a melhor doutrina é aquela que interpreta os 
antecedentes como uma expressão técnica, desmembrando do seu 
conteúdo aquilo que não é técnico, que deverá ser analisado na 
conduta social. Assim, em respeito a este princípio, maus 
antecedentes tem que se entender como antecedentes judiciais: 
apenas as condenações anteriores transitadas em julgado, 
quando já não possam ser levadas em consideração para efeito 
CÁLCULO DE PENA - APOSTILA 
Prof.ª Dr.ª Daniela C. A. da Costa 
 
5 
de reincidência (conforme estudaremos mais detalhadamente na 2ª 
fase da dosimetria). 
 
Já existe entendimento do STF, firmado no julgamento do 
Recurso Extraordinário (RE) 591054, com repercussão 
geral, no sentido de que a existência de inquéritos 
policiais e ações penais sem trânsito em julgado não 
podem ser considerados maus antecedentes para fins de 
cálculo de dosimetria da pena. (Julgamento proferido em 17 
de dezembro de 2014, Relator Min. Marco Aurélio) 
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idCont
eudo=282183 
 
Desse modo, já não devem ser considerados maus antecedentes: 
inquéritos; processos em andamento; processos com absolvição ou 
inquéritos arquivados; fatos ocorridos antes do réu completar os 18 
anos (maioridade penal); fatos posteriores e sem conexão com o 
crime. Lei 9099/95: transação – art. 76, §§ 4º e 6º - “não constará de 
certidão de antecedentes criminais”, tampouco o sursis processual – 
art. 89. 
 
 “O ato judicial da fixação da pena não poderá emprestar relevo jurídico-penal a 
circunstâncias que meramente envidencie haver sido, o réu, submetido a 
procedimento penal persecutório, sem que deste haja resultado, com definitivo 
trânsito em julgado, qualquer condenação de índole penal. A submissão de uma 
pessoa a meros inquéritos policiais ou, ainda, a persecuções criminais de que 
não haja derivado qualquer título penal executório, não se reveste de suficiente 
idoneidade jurídica para justificar ou legitimar a especial exacerbação da pena. 
Tolerar-se o contrário implicaria admitir grave lesão ao princípio constitucional 
consagrador da presunção de não-culpabilidade de réus ou indiciados (CF, art. 
5º, LVII). É inquestionável que somente a condenação penal transitada em 
julgado pode justificar a exacerbação da pena, pois, com ela, descaracteriza-se 
a presunção juris tantum de não-culpabilidade do réu, que passa, então – e a 
partir deste momento – a ostentar o status jurídico-penal de condenado, com 
todas as conseqüências daí decorrentes. Não podem repercutir contra o réu 
situações jurídico-processuais ainda não definidas por decisão irrecorrível do 
Poder Judiciário especialmente naquelas hipóteses de inexistência de título 
penal condenatório definitivamente constituído” (STF – HC 68.465-3 – Rel. Celso 
de Mello – DJU de 21.2.92, p. 1.694). 
 
 “Em Direito Penal, há de se chamar maus antecedentes apenas e tão-
somente as condenações criminais que o réu registre, não constituindo 
antecedentes, do ponto de vista jurídico-penal, o indiciamento em inquérito 
policial e mesmo a denúncia. Pensar-se o contrário seria ignorar que o processo 
penal constitui garantia não apenas dos culpados mas também dos inocentes, 
das vítimas da violência e arbítrio de maus policiais” (TACRIM-SP – AC – Rel. 
Sílvio Lemmi – JUTACRIM 49/243). 
CÁLCULO DE PENA - APOSTILA 
Prof.ª Dr.ª Daniela C. A. da Costa 
 
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 “Não constitui ilícito penal o uso de bebida alcoólica, mesmo de modo 
inveterado. O alcoólatra é um doente que carece de tratamento e, tão-só por 
isso, não pode ser considerado possuidor de maus antecedentes” (TFR – HC – 
Rel. Otto Rocha – RTFR 136/291). 
 
Conduta social: análise do comportamento do réu no seu trabalho 
e na vida familiar e social – seu relacionamento no meio onde vive. 
Aqui interessa a vida passada do réu: se ele é um bom chefe de 
família; um bom vizinho; como é sua vida na comunidade... 
 “Conduta social. A conduta social do agente não autoriza seja agravada a 
pena. Reflete, isto sim, na fixação desta última como pena-base, a teor do 
disposto no art. 68 do CP” (STF – HC – Rel. Marco Aurélio – RT 670/373). 
 “A conduta social do réu tanto pode ser favorável ou contrária a ele, basta 
conferir cada hipótese em julgamento. Ao demais, não se trata de novidade, 
desde que é uma circunstância que envolve a vida do acusado antes do delito, 
sob aspectos de relacionamento familiar e social” (STJ – RE – Rel. José Cândido 
– RSTJ 17/472). 
Personalidade: diz respeito à índole do agente, à sua maneira de agir 
e sentir – ao seu caráter. “É um todo complexo, porção herdada e 
porção adquirida, com o jogo de todas as forças que determinam ou 
influenciam o comportamento humano” (Aníbal Bruno). Analisar se o 
crime praticado se afina com a individualidade psicológica do agente, 
verificar a boa ou má índole do réu, sua maior ou menor sensibilidade 
ético-social, a presença ou não de eventuais desvios de caráter... 
Obs.: tanto a personalidade quanto a conduta social necessitam de 
uma boa instrução para serem bem auferidas – a precariedade do 
processo no Brasil prejudica essas análises (por exemplo: a menos que 
se duvide da sanidade mental do réu, não se realizam exames 
psicológicos durante a instrução). Na prática os dados trazidos ao 
processo se limitarão aos antecedentes e, quando muito, a forma como 
se deu o fato – através deles é que geralmente se analisam estas 
questões – superficialidade. 
 
 “A personalidade do réu não pode ser admitida como sendo também 
antecedente criminal, impondo-se ao magistrado buscar conhecê-la, durante a 
instrução do processo, no que diz respeito à vida social, comunitária e familiar do 
acusado” (TACRIM-SP – HC 131.694 – Rel. Roberto de Almeida). 
 “ O juiz sentenciante não poderá desprezar a personalidade concreta do 
agente na individualização da pena, mas não poderá, como é óbvio, valorá-la a 
ponto de transformar a pena imposta numa verdadeira pena de autor, o que 
contraria o Direito Penal pátrio, firmemente ancorado no fato criminoso” 
(TACRIM-SP - Rev. – Voto vencido: Silva Franco – JUTACRIM 77/43). 
Motivos do crime: É a “pedra de toque” do crime – só um indivíduo 
com distúrbio mental vai praticar um crime sem nenhum motivo, 
normalmente alguma coisa nos motiva, nos leva a cometer o crime. 
CÁLCULO DE PENA - APOSTILA 
Prof.ª Dr.ª Daniela C. A. da Costa 
 
7 
Analisar a natureza e qualidade dos motivos que levaram o indivíduo a 
prática do crime. Deve-se atentar para a maior ou menor reprovação 
destes motivos. Non bis in idem – não deve ser valorado nesta fase 
certos motivos que são objetos das fases posteriores: agravantes e 
atenuantes, bem como causas de aumento ou diminuição de pena. 
 
Circunstâncias do crime: são as circunstâncias que cercaram a 
prática penal e que podem ser relevantes ao entendimento do crime 
praticado. Comportamento do agente – como é que ele se comportou 
antes e depois do crime. Non bis in idem – não deve ser valorado nesta 
fase certas circunstâncias que são objetos das fases posteriores: 
agravantes e atenuantes, bem como causas de aumento ou diminuição 
de pena. 
 
Conseqüências do crime: analisar a maior ou menor danosidade 
decorrente da ação delituosa (maior ou menor dano ou risco de dano à 
vítima ou à coletividade), bem como a maior ou menor “irradiaçãode 
resultados”, não necessariamente típicos, do crime. Não se pode 
presumir conseqüências – dados do processo. 
 
Comportamento da vítima: identificar se houve comportamento, por 
parte da vítima, que tenha contribuído para o comportamento 
criminoso. Vide alínea “c”, inciso III, do art. 65, bem como § 1º, art. 121, 
CP. Exemplos comuns: no estelionato quando fica demonstrado a 
ganância e má-fé da vítima; no furto, quando fica demonstrado a 
ostentação “descuidada” da vítima, etc... 
 
 
DOSIMETRIA x CIRSUNTÂNCIAS JUDICIAIS: 
 
 A consideração dos elementos mencionados depende de uma boa 
colheita de provas na fase instrutória do processo: eficiente 
interrogatório, bem como oitiva das testemunhas e da própria vítima, 
etc. 
 
 Quando a mesma circunstância for comum a mais de uma fase da 
dosimetria, deverá ser utilizada uma só vez e na última fase em que 
couber (art. 68, CP). 
 
CÁLCULO DE PENA - APOSTILA 
Prof.ª Dr.ª Daniela C. A. da Costa 
 
8 
 Concurso de circunstâncias judiciais: a) todas são favoráveis ao réu – 
evidentemente, a pena ficará no mínimo legal; b) todas são 
desfavoráveis – nesta primeira fase, a pena não pode ser fixada no 
máximo. De regra, a simples consideração das circunstâncias do art. 
59 não poderá ensejar pena superior a média (soma da pena mínima e 
da máxima cominada dividida por dois) – somente um quadro de 
gravidade nas agravantes genéricas (segunda fase) justificaria uma 
aproximação do limite máximo da pena abstratamente cominada e c) 
algumas são favoráveis e outras desfavoráveis – o juiz deverá utilizar-
se da interpretação trazida pelo art. 67 (circunstâncias preponderantes: 
aquelas que resultam dos motivos, personalidade do agente e da 
reincidência), assim, os antecedentes devem prevalecer sobre a 
conduta social; os motivos do crime sobre o comportamento da vítima, 
etc. Observações: 1. de regra, o cálculo da pena inicia-se perto do 
mínimo e, só excepcionalmente, quando as circunstâncias revelarem 
especial gravidade devem-se distanciar do mínimo legal; 2. as 
circunstâncias subjetivas sempre prevalecem sobre as objetivas. 
 
 
2ª FASE 
 
CIRCUNSTÂNCIAS LEGAIS 
 
Conceito: são aquelas que interferem diretamente na quantidade da 
pena e encontram-se expressamente previstas na lei, sendo 
identificadas de acordo com os efeitos que produzem, ou seja, aquelas 
que aumentam ou que diminuem a pena. Quando previstas na Parte 
Geral do CP, são chamadas gerais ou genéricas (agravantes, 
atenuantes e causas gerais de aumento ou diminuição) e, quando 
previstas na Parte Especial do CP, são chamadas especiais ou 
específicas (qualificadoras e causas especiais de aumento ou 
diminuição). 
 
CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES E ATENUANTES (arts. 61 e 62 – 
65 e 66 do CP) 
Aplicação: serão analisadas na segunda fase da aplicação da pena 
para o cálculo da “pena provisória”. Superada a fase anterior – cálculo 
da pena-base – passa o juiz a examinar estas circunstâncias legais. 
Elas só serão apreciadas nesta fase se não constituírem, qualificarem 
ou privilegiarem o delito, jamais se admitirá o bis in idem (ou seja, a 
CÁLCULO DE PENA - APOSTILA 
Prof.ª Dr.ª Daniela C. A. da Costa 
 
9 
dupla valoração). Exemplo: um homicídio cometido por motivo torpe 
(que é homicídio qualificado – art. 121, § 2º, I), terá a agravante 
genérica (prevista na alínea “a”, inciso II, do art. 61) desconsiderada. 
Observação: a lei penal não fixa o quantum que deve ser majorado 
(aumentado) ou mitigado (diminuído) nesta fase – esta tarefa fica a 
critério (arbítrio) do juiz na análise de cada caso concreto. Entretanto, 
o juiz deverá respeitar os limites mínimo e máximo de pena cominada 
para o crime – não se vai além do máximo nem aquém do mínimo – 
súmula 231 do STJ: “A incidência de circunstância atenuante não 
pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal”. Polêmica: 
porém, existem entendimentos contrários que defendem a 
possibilidade de fixar a pena aquém do mínimo em algumas situações 
especiais, visto não ter o art. 68 vedado essa hipótese para a segunda 
etapa do cálculo da pena, como o fez o art. 59 ao tratar da fixação da 
pena base (art. 59, inciso II) – o grande perigo é que ao admitir a 
possibilidade de se ir aquém do mínimo ficaria em aberto a 
possibilidade de fixá-la além do máximo – o que seria uma afronta ao 
princípio da legalidade. 
 
Critérios para fixação do quantum: a variação destas circunstâncias 
não deve ir muito além do limite mínimo das majorantes e minorantes 
que é fixado em 1/6, caso contrário poderia chegar a influenciar mais 
do que as causas de aumento e diminuição que serão analisadas na 
última etapa. 
 
 
CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES (arts. 61 e 62 do CP) 
Observações: 1. O rol das agravantes é taxativo e sua interpretação é 
restrita, ou seja, não admite analogia; 2. a aplicação destas 
circunstâncias é obrigatória sempre que o sujeito tenha conhecimento 
da existência da circunstância, porém não se aplicam aos crimes 
culposos, com exceção da reincidência; 3. devem ser 
desconsideradas se a pena-base tiver sido aplicada no máximo – pois 
as agravantes não podem elevar a pena acima do máximo legal e 4. 
Não devem ser aplicadas se caracterizarem elementar ou 
qualificadoras de um tipo penal. 
 
 “As circunstâncias que participam da caracterização do delito, 
qualificando-o, não podem funcionar, também, como 
CÁLCULO DE PENA - APOSTILA 
Prof.ª Dr.ª Daniela C. A. da Costa 
 
10 
agravantes” (TJSP – AC – Rel. Cantidiano de Almeida – RT 
389/100). 
 “A majoração da pena por agravante que já funcionou como 
integrante do tipo constitui bis in idem inadmissível pelo 
ordenamento penal” (TJSP – AC – Rel. Jarbas Mazzoni – RT 
620/286). 
Exemplos dessas inadmissibilidades: 
homicídio qualificado por motivo torpe (art. 121, § 2º, I) X 
agravante (art. 61, II, a); 
 crimes contra a dignidade sexual (Título VI, CP, Parte 
Especial) X motivo torpe (art. 61, II, a); 
 delito de maus-tratos de pai contra filho (art. 136, CP) X 
agravante (art. 61, II, e-f); 
 delito cometido com excesso dos limites da profissão (art. 
282, CP) X agravante (art. 61, II, g); 
 estupro de vulnerável (art. 217-A,CP) X agravante (art. 61, II, 
h); 
 delito de abandono material (art. 244, CP) X agravante (art. 
61, II, h) 
 
Reincidência (art. 61, I e arts. 63 e 64): é a prática de novo crime 
após haver sido definitivamente condenado por crime anterior, no país 
ou no exterior. Agora, conforme o art. 64, I, não haverá reincidência se 
entre a data do cumprimento ou da extinção da pena e a data do novo 
crime tiver decorrido o período de cinco anos – a reincidência não é 
eterna (por isso, chama-se reincidência quinquenal). Impostas penas 
de forma cumulada, tal prazo (de cinco anos) começa a correr a partir 
do cumprimento de todas as penas. 
O entendimento majoritário na doutrina e jurisprudência é que após 
decorridos os 5 anos, as condenações definitivas já não se 
consideram para efeito de recincidência, mas poderiam ser 
consideradas como maus antecedentes, a serem avaliados na 1ª fase 
da dosimetria penal. Entretanto, o STF, em recente entendimento, 
apresenta uma tendência de mudança no que até agora se entendia 
por MAUS ANTECEDENTES!!! Segue: 
 
Decorrido o prazo de cinco anos entre o cumprimento ou a 
extinção da pena e a data do novo crime, a condenação 
anterior não pode ser contada como mau antecedente. A 
decisão, por maioria de votos, é da 2ª Turma do Supremo 
CÁLCULO DE PENA - APOSTILA 
Prof.ª Dr.ª Daniela C. A. da Costa 
 
11 
Tribunal Federal. (decisão de 15 de setembro de 2015, 
proferida no julgamento do HC 126.315, Relator Min. Gilmar 
Mendes) 
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idCont
eudo=299752 
 
Observações: 
1. condenação anterior por contravenção não gerareincidência em 
relação a novo crime, o contrário não ocorre (art. 7º da LCP – Lei nº 
3.688/41), ou seja: contravenção + crime = não reincidência; 
contravenção + contravenção = reincidência e crime + contravenção = 
reincidência; 
2. condenação anterior a pena de multa – divergência na 
jurisprudência: a corrente que entende que não gera reincidência faz 
essa interpretação tomando por base o art. 77, I do CP (que impõe 
como condição para o sursis que “o condenado não seja reincidente 
em crime doloso”), em conjunto com o § 1º do mesmo artigo (que 
dispõe que “a condenação anterior a pena de multa não impede a 
concessão do benefício”), ou seja: seria incoerente não considerar a 
anterior pena de multa como impeditiva do sursis e, ao mesmo tempo, 
considerá-la geradora de reincidência; 
3. não gera reincidência condenação por crime militar próprio (os 
que estão definidos apenas no Código Penal Militar) e por crime 
político (exs.: Lei de Segurança Nacional – Lei nº 7.170/83 e crimes 
eleitorais – vide, por exemplo, arts. 283 a 364, 382 e 383 do Código 
Eleitoral – Lei nº 4.737/65) (art. 64,II). 
 
Prova da reincidência: certidão da condenação anterior definitiva 
(indicando a data em que a condenação se tornou definitiva, bem 
como o dia do cumprimento ou extinção da pena), não bastando folha 
de antecedentes. 
 
Principais conseqüências da reincidência: 1. é circunstância 
agravante (art. 61,I); 2. é uma das circunstâncias preponderantes no 
concurso de agravantes (art. 67); 3. impede a substituição da privativa 
por restritiva (art. 44, II – vide tb. § 3º, deste artigo); 4. impede o sursis 
quando é por crime doloso (art. 77,I); 5. aumenta o prazo para o 
livramento condicional (art. 83, II); 6. impede o livramento condicional 
quando houver reincidência específica em crime hediondo, tortura, 
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo (art. 83, V); 
7. aumenta o prazo de prescrição da pretensão executória (art. 110, 
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12 
caput) e interrompe seu curso (art. 117, VI); 8. impede a aplicação de 
algumas causas de diminuição de pena (exs.: arts. 155, § 2º, 170 e 
171, § 1º); 9. influi na revogação do sursis, do livramento condicional e 
da reabilitação (arts. 81, e § 1º, 86, 87 e 95). 
 
 
Inciso II, art. 61 (circunstâncias agravantes): 
a) motivo fútil: é aquele de pequena importância, totalmente 
desproporcionado, inadequado ou despropositado em relação ao 
delito cometido. Obs.: o ciúme, o estado de embriaguez, a violenta 
emoção são incompatíveis com o motivo fútil. motivo torpe: é 
aquele repugnante, indigno, imoral, que contraria a moral média 
da sociedade. Obs.: 1. a vingança, para ser considerada torpe, 
dependerá de se o motivo que a ocasionou foi motivo torpe, ou 
seja, a vingança, por si só, não é suficiente para considerar o 
motivo torpe. 2. Esta agravante não incide nos crimes contra a 
dignidade sexual (Título VI, CP, Parte Especial), pois ela integra 
(constitui) o próprio tipo legal destes crimes, é inerente à natureza 
destes crimes (vide caput deste art. 61). 
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a 
impunidade ou vantagem de outro crime: Obs: não é 
necessário que o crime-fim seja cometido, basta que o crime-meio 
tenha sido praticado com uma dessas finalidades. Caso ambos 
sejam cometidos, ensejará concurso de infrações entre eles (CP, 
arts. 69 e 70), mas incidindo tal agravante só no crime-meio. 
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro 
recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do 
ofendido: indicam “modos” insidiosos (traiçoeiros) que pegam a 
vítima desprevenida. 1. Traição - objetiva, quando ataca a vítima 
de surpresa; subjetiva, quando se vale da confiança da vítima; 2. 
Emboscada é a tocaia, onde o agente aguarda, oculto, sua vítima; 
3. Dissimulação – modo de agir onde se encobre a intenção 
criminosa – ardil. 
d) com o emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro 
meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo 
comum: indicam “meios” através dos quais se praticam o crime. 
Meios insidiosos: veneno – qualifica por pegar a vítima 
desprevenida, impossibilitando sua defesa (exemplo de outro meio 
insidioso: armadilha); Meios cruéis: fogo, explosivo (esses dois, 
muitas vezes, tb. ocasionam perigo comum) e tortura (tanto a 
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13 
física, quanto a moral) ou de perigo comum: que possa causar 
dano a um número indeterminado de pessoas – não pode agravar 
os crimes de perigo comum (arts.: 250 – 259, CP), pois já os 
integra. 
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge: exige 
prova documental do parentesco ou do casamento, na forma da 
lei civil. 
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações 
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: aqui se 
qualifica o comportamento do agente que se aproveita das 
relações domésticas, assim, o abuso de autoridade diz respeito a 
tais relações privadas (tutela, curatela, etc.). A coabitação abrange 
todos os casos onde há convivência na mesma casa (relações 
estáveis, concubinato) e a hospitalidade, abrange as pessoas que 
estão em casa de outrem, sem coabitação, como as visitas. 
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, 
oficio, ministério ou profissão: o cargo e o ofício devem ser 
públicos, assim, podem vir a ser exercidos com abuso de poder; já 
a profissão é a atividade exercida por alguém como seu meio de 
vida. Ministério refere-se a quem exerce atividades religiosas. 
h) contra criança, maior de 60 anos, enfermo ou mulher grávida: 
nestas situações, a vítima tem sua capacidade de defesa 
reduzida, denotando a covardia do agente. Criança – ECA, art. 2º, 
caput – até doze anos incompletos; outros critérios: estágio da 
primeira infância – até os sete ou oito anos. Maior de 60 anos – a 
lei 10.741/03 pôs fim na polêmica que havia acerca do critério 
para determinar a velhice ao estabelecer o marco cronológico de 
60 anos – antes desta lei, o tema era polêmico e vários critérios 
eram levados em consideração, dentre eles: 1. Critério biológico, 
onde deve-se auferir a senilidade, em cada caso concreto; 2. 
Critério cronológico – 70 anos – mas admitindo exceções; 3. 70 
anos como presunção absoluta, não admite exceções e 4. 
Considerava-se a inferior capacidade defensiva da vítima. Grávida 
– deve-se provar que o agente sabia da gravidez. 
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da 
autoridade: denota a audácia e desrespeito do agente que 
comete um crime contra vítima que está sob proteção imediata de 
alguma autoridade. Obs.: não se aplica ao crime de 
arrebatamento de preso (art. 353, CP), por ser elementar deste 
tipo. 
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14 
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer 
calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido: 
quando o agente, embora não tendo provocado tais situações, se 
vale das oportunidades (Exs.: dificuldade de policiamento, menor 
cuidado da vítima, pânico da população, etc.) provocadas por 
elas para cometer crimes. Desgraça particular – exs.: situação de 
luto, acidente, enfermidade dos familiares da vítima, etc. 
 
l) em estado de embriaguez preordenada: quando o agente se 
embriaga com o propósito de cometer o crime – é necessário que 
se consiga provar tal intenção do agente. 
 
JURISPRUDÊNCIAS SOBRE CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES: 
 “Não se deve confundir motivo fútil com motivo injusto. A injustiça da motivação já é elemento 
integrante do crime. Como assinala v. acórdão dessa Corte, ´para que se reconheça a futilidade da 
motivação é necessário que, além de injusto, o motivo seja insignificante´ . Motivo fútil é o 
depropositado,ínfimo, mínimo e tão desprovido de razão que deixa, por assim dizer, o crime 
desprovido de motivação”. (TJSP – Rec. 105-016-3 – Rel. Luiz Betanho). 
 “O motivo fútil é a falta de motivo, ou motivo insignificante, sem importância, totalmente 
desproporcionado em relação ao crime, em face de sua banalidade” (TJSP – Rec. – Rel. Onei 
Raphael – RT 588/321). 
 “Se houve discussão entre a vítima e o acusado, motivada por motivo doentio deste, essa prévia 
alteração derruba o motivo fútil, e o ciúme não é motivo torpe” ( TACRIM-SP – AC – Rel. Barreto 
Fonseca – JUTACRIM 85/334). 
 “A perturbação que a embriaguez, mesmo incompleta, produz na consciência do agente não 
permite juízo de proporção entre o motivo e sua ação. Daí a incompatibilidade existente entre a 
qualificadora do motivo fútil e aquele estado” ( TJSP – Rec. – Rel. Diwaldo Sampaio – RT 
584/336). 
 “De se reconhecer a agravante do motivo fútil na conduta de quem, para afugentar menores, 
atraídos por árvores frutíferas, que inocentemente invadem a propriedade do agente, dispara arma 
de fogo em direção dos invasores” (TACRIM-SP – AC – Rel. Geraldo Pinheiro – JUTACRIM 
32/332). 
 “Torpe é o motivo que mais vivamente ofende a moralidade média, o senso ético social comum. 
É o motivo abjeto, repugnante, indigno, tal como ocorre com o que se pronuncia pelo fim de lucro 
ou cupidez” (TJSP – Rec. – Rel. Hoeppner Dutra – RJTJSP 25/479). 
 “Como se vai pacificando, já não se fala mais, peremptoriamente, que a vingança seja ou que 
não seja por motivo torpe. Pode ser, pode não ser. A realidade fática, as características do 
acontecimento, as peculiaridades relevantes, e as condições das pessoas envolvidas é que 
nortearão o intérprete na acolhida ou na repulsa do gravame” (TJSP – Rec. – Rel. Ary Belfort – RT 
667/271). 
 “A dissimulação é a ocultação do próprio do próprio desígnio, é o disfarce, que esconde o 
propósito delituoso: a fraude precede, então, à violência, diz Magalhães Noronha” (Direito Penal, 5ª 
ed., vol. II/26)” (TJSP – AC – Rel. Mendes França – RJTJSP 25/530). 
 “Corresponde à traição a aleivosia, isto é, fingimento de amizade. Assim, não há que falar em 
circunstância agravante ante o simples fato de Ter sido a vítima agredida pelas costas” (TACRIM-
SP – AC – Rel. Valentim Silva – JUTACRIM 18/179). 
 “O crime praticado por emboscada é aquele em que o agente surpreende a vítima através de 
ataque partido inesperadamente, visto encontrar-se oculto, à espera daquela por lugar onde 
deveria passar” (TJSP – AC – Rel. Márcio Bonilha – RT 558/309). 
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15 
“O que caracteriza a surpresa, figura que se aproxima da traição, da emboscada e da simulação, 
é não ter a pessoa ofendida razões, próximas ou remotas, para esperar o procedimento do 
agressor ou mesmo suspeitá-lo” (TJSP – Rec. – Rel. Gonçalves Santana – RT 380/177). 
 “Meio cruel não é apenas aquele que denota uma particular intenção de causar desnecessário 
sofrimento ao ofendido, como também o que evidencia a brutalidade fora do comum e a falta do 
mais elementar sentimento da piedade” (TACRIM-SP – AC – Rel. Ralpho Waldo – JUTACRIM 
81/258). 
 “Meio cruel – O emprego de arma branca contra a pessoa indefesa e a reiteração de golpes, 
produzindo elevado número de ferimentos na vítima, autorizam o reconhecimento da qualificadora” 
(TJSP – Rec. – Rel. Onei Raphael – Rt 598/310). 
 “A agravante do art. 61,II, e, do CP deixa de ter aplicação quando os cônjuges já estão 
separados, posto que ela só se mostra necessária à relação de fidelidade, proteção e apoio 
mútuo” (TACRIM-SP – AC – 496/747 – Rel. Emeric Levai – RJD 5/121). 
 “Consoante a doutrina e a jurisprudência, se o réu e a vítima eram unidos tão-só pelo 
matrimônio religioso, descabida é a agravante do crime contra o cônjuge” (TJSP – Rev. – Rel. 
Adriano Marrey – RT 389/116). 
 “Os aspectos agravantes de vitimologia, contemplados abstratamente em lei, impõe-se 
estabelecê-los caso a caso, pois, v.g., não se estabelecem escalas cronológicas às generalizações 
de criança e de velho, ou para de enfermo, quais as modalidades patológicas nele encerradas. 
Há de se averiguar, especificamente, se o agente se prevaleceu da menor capacidade da vítima, 
por isso mais intimidável, além de revelar frieza moral, perversidade, covardia, não se detendo 
diante da condição, digna de compaixão e respeito, da pessoa visada” (TACRIM-SP – AC – Rel. 
Gonçalves Nogueira – JUTACRIM 84/240). 
 
AGRAVANTES - CONCURSO DE PESSOAS (ART. 62) 
Prevê algumas agravantes que deverá incidir sobre o agente, dentro 
do concurso de pessoas, que desempenhou um papel mais importante 
– um papel de liderança. Este artigo é composto de quatro incisos: 
I – trata do chamado autor intelectual; 
II e III – tratam do chamado autor mediato - são casos onde se vale de 
outra pessoa para cometer o crime: seja através de coação, indução, 
valendo-se da sua autoridade (pública ou privada – exs.: autoridade 
em razão de relações de serviço, emprego, parentesco ou religião) 
sobre o outro ou valendo-se da inimputabilidade (louco, menor de 
idade, etc.) de outrem (vide art. 22 do CP); 
IV – trata do caso onde o agente executa ou participa do crime 
impelido por motivo mercenário (mediante paga ou promessa de 
recompensa). 
 
CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES (arts. 65 e 66 do CP) 
Observação: De acordo com o artigo 66, o rol das atenuantes 
previstas no artigo 65 não é taxativo, visto que a pena ainda poderá 
ser atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou 
posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei. Alguns 
exemplos de circunstâncias atenuantes não previstas em lei: extrema 
penúria do autor de um crime contra o patrimônio; o arrependimento 
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16 
do agente; a confissão voluntária de crime imputado a outrem ou de 
autoria ignorada; a facilitação do trabalho da Justiça com a indicação 
do local onde se encontre o objeto do crime; etc. 
 
 
ATENUANTES (art. 65, CP) 
 
Inciso I: menor de 21 anos na data do fato – a menoridade é 
considerada a principal das circunstâncias atenuantes, assim, deve 
prevalecer sobre todas as demais circunstâncias subjetivas e até 
mesmo em relação à reincidência. Prova-se mediante certidão, na 
dúvida, deve ser decidido em favor do agente. Aqui, trata-se de 
menoridade penal, valendo, inclusive, quando o agente menor de 21 
anos tiver sido emancipado ou se tenha casado. 
 maior de 70 anos na data da sentença – critério 
puramente cronológico. Obs.: caso se recorra da sentença, valerá a 
data da decisão do tribunal. 
Inciso II: desconhecimento da lei – alegar o mero desconhecimento 
da lei é inescusável (indesculpável – art. 21, 1ª parte, caput, CP), 
porém, quando comprovada a veracidade de tal alegação, enseja 
atenuação obrigatória da pena. 
 
Inciso III: 
a) por motivo de relevante valor social ou moral – quando valores 
dignos de consideração, que dizem respeito à coletividade ou a 
interesse particular, motivaram o agente a cometer o crime. (Exs.: 
pai que mata o estuprador da filha; alguém que ao tomar 
conhecimento da identidade de um serial killer que aterrorizava sua 
comunidade vai a sua procura e o mata; pai que, ao saber que seu 
genro espanca sua filha, acaba provocando lesões corporais 
gravíssimas no genro, etc.). 
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo 
após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou 
ter, antes do julgamento, reparado o dano: basta comprovar a 
verdadeira intenção do agente em evitar ou minorar os danos 
(arrependimento), não se exige que o tenha conseguido 
efetivamente (é diferente do arrependimento eficaz – vide art. 15, 2ª 
parte, CP – aqui não se trata de evitar o crime, mas apenas suas 
conseqüências).Em relação à reparação do dano, caso esta seja 
feita antes da denúncia ou queixa, ensejaria o arrependimento 
CÁLCULO DE PENA - APOSTILA 
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17 
posterior (art. 16, CP - exige outros requisitos que não são exigidos 
aqui), que não se confunde com essa atenuante. 
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir ou em 
cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a 
influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da 
vítima: 1. Quando a coação é irresistível, é causa de exclusão da 
culpabilidade (art. 22, 1ª parte, CP). Esta atenuante incide nos 
casos em que o agente cometeu o crime coagido, porém, sob uma 
coação a que podia resistir; 2. Quando a ordem superior criminosa 
não é manifestamente ilegal, enseja exclusão da culpabilidade em 
relação ao agente que a cumpre (art. 22, 2ª parte, CP). Essa 
atenuante incide nos casos em que o agente, em cumprimento a 
ordem manifestamente ilegal, comete crime – ainda assim, terá 
direito a ter sua pena reduzida, pois estava cumprindo ordem de 
autoridade superior; 3. A violenta emoção aqui prevista não se 
confunde com as figuras privilegiadas do homicídio (art. 121, § 1º, 
última parte) e da lesão corporal (art. 129, § 4º) – aqui não se exige 
o requisito temporal da reação “logo em seguida”. Nesta atenuante 
há “emoção-estado”, enquanto no homicídio e na lesão corporal há 
“emoção-choque”. 
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria 
do crime: basta a espontaneidade (que não tenha sido forçada), o 
que não se confunde com voluntariedade ou com arrependimento 
por parte do autor. Pode acontecer tanto na fase policial (inquérito, 
perante a autoridade policial), quanto durante o processo (perante o 
juiz). “Aplica-se a atenuante mesmo que o acusado tenha sido 
preso em flagrante” (STF, HC 69.479, DJU 18.12.92). 
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se 
não o provocou: aqui, o agente comete o crime em estado de 
“abalo emocional” por conta de multidão em tumulto. Não se 
confunde com o estado de necessidade (art. 24), que é causa de 
exclusão de ilicitude e se configura quando o crime é cometido para 
salvar de perigo atual, que não provocou, nem podia de outro modo 
evitar, direito próprio ou alheio. 
 
JURISPRUDÊNCIAS 
 Menoridade: “A melhor interpretação é aquela que considera a redução até o momento de o 
agente completar os 22 anos, pois, a lei penal deve ser analisada tendo como referência aquilo 
que ampliar a liberdade individual e restringir o poder estatal de punir” (TACRIM-SP – HC – Voto 
vencido: Chaves Camargo – JUTACRIM 89/86). 
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18 
 “É nula a decisão que impõe pena com inobservância de regra legal cogente, que determina a 
atenuação da pena, quando o agente for menor de 21 anos e maior de 70” (STF – HC – Rel. Luiz 
Gallotti – RT 440/470). 
 “Tratando-se de homicídio, de lesão ou lesão seguida de morte, a causa especial de diminuição 
de pena atua se o crime é cometido logo em seguida a injusta provocação (emoção-choque) e 
quando a violência da emoção domina o agente. Já a atenuante genérica do art. 65, III, c, do CP 
não exige a emoção-choque, mas apenas a emoção-estado, aludindo à influência de violenta 
emoção” (TJSP – AC – Rel. Dante Busana – RT 625/267). 
 
Artigo 67 - CONCURSO ENTRE AGRAVANTES E ATENUANTES 
(arts. 61 e 62 X arts. 65 e 66) 
Aplicação: estabelece critério para solucionar os casos concretos 
onde estão presentes tanto circunstâncias agravantes, quanto 
circunstâncias atenuantes – como resolver isso? Devem prevalecer as 
circunstâncias de cunho subjetivo que o CP classifica como 
preponderantes, ou seja, as que resultam ou se originam dos motivos 
do crime, personalidade do agente e reincidência. 
Menoridade X reincidência: a menoridade tem maior peso que 
qualquer outra circunstância. Tal entendimento está em acordo com 
este artigo 67, pois a personalidade (característica do menor) vem 
indicada antes da reincidência. 
 
JURISPRUDÊNCIAS 
 “Entre a circunstância subjetiva favorável ao acusado e a objetiva contrária, deve prevalecer 
aquela” (STF, HC 56.806, DJU 18.5.79). 
 “Pena – Aplicação – Concorrência entre circunstância agravante e circunstância atenuante – 
Prevalência daquela de índole subjetiva – Aplicação do art. 67 do CP. „ Na hipótese de concurso 
entre uma circunstância agravante (a vítima era cônjuge do condenado) e uma circunstância 
atenuante (confissão espontânea do acusado), deve prevalecer, em face do seu caráter de 
preponderância, aquela de índole subjetiva, fundada nos motivos determinantes da prática 
delituosa‟ ” (STF – HC 68.643-5 – 1ª T. – rel. Celso de Mello – j. 04.06.1991 – v.u. – RT 678/399). 
 “A atenuante da menoridade prepondera sobre toda e qualquer agravante, inclusive sobre a 
reincidência” (TACRIM-SP – AC – Rel. Silva Pinto – JUTACRIM 84/421). 
 
 
3ª FASE 
 
CAUSAS DE AUMENTO OU DE DIMINUIÇÃO DE PENA 
 
Noção: De acordo com a ordem expressa no art. 68, essas 
circunstâncias serão analisadas na terceira e última fase de aplicação 
da pena. A partir do resultado obtido na fase intermediária (2ª fase – 
agravantes e atenuantes) é que passará a incidir as causas de 
aumento e diminuição. Estas estão previstas na Parte Geral ou na 
Parte Especial do CP e autorizam um aumento ou diminuição de pena 
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em quantidade fixa (dobro, metade, etc.) ou dentro de limites variáveis 
(1 a 2/3 etc.). Não se confundem com as circunstâncias agravantes e 
atenuantes, pois, estas atuam dentro dos limites cominados pelo tipo. 
Já as causas de aumento ou diminuição podem acarretar a superação 
do limite máximo de pena ou a fixação desta aquém (abaixo) do limite 
mínimo. Ex.: Imagine-se um furto simples (art. 155, caput: pena de 1 a 
4 anos), na forma tentada. A pena tenha sido fixada em seu mínimo, 
na primeira fase (pena-base), na segunda fase, confirma-se a pena no 
mínimo, por não haver agravantes. Assim, na terceira fase, ao diminuir 
o quantum de 1 a 2/3 (art. 14, § único, CP – crime tentado), a pena 
definitiva ficará inferior ao mínimo previsto de 1 ano. 
EXEMPLOS: 
 Causas de aumento da Parte Geral: arts. 29, § 2º; 70 e 71; 
 Causas de aumento da Parte Especial: arts. 121, §4º; 129, § 7º; 141 
e § único; 155, § 1º; 157, § 2º; 158, § 1º; 168, § 1º; 226; 317, § 1º; 339, 
§ 1º; 347, § único; 357, § único; 
 Causas de diminuição da Parte Geral: arts. 14, § único; 16; 21, 
caput, parte final; 24, § 2º; 26, § único; 28, II, § 2º; 29, § 1º; 
 Causas de diminuição da Parte Especial: art. 121, § 1º; 129, § 4º; 
155, § 2º; 170; 171, § 1º; 221; 312, § 3º; 339, § 2º; 
 
CONCORRÊNCIA ENTRE CAUSAS DE AUMENTO E DIMINUIÇÃO – 
três hipóteses: 
1ª) duas causas de diminuição: devem incidir sucessivamente, ou seja, 
que se proceda a duas operações sucessivas e cumulativas (uma 
sobre a outra) – método cumulado. Se assim não for, corre-se o risco 
de chegar-se a uma pena “zero” – tome-se por exemplo um homicídio 
privilegiado (art. 121, § 1º) cometido na forma tentada (art. 14, § 
único): pena-base no mínimo de 6 anos. Se nós diminuirmos 1/3 pelo 
privilégio mais 2/3 pela tentativa, cada um de maneira isolada (método 
isolado) sobre a pena-base de 6 anos, chegaríamos ao absurdo de se 
proferir sentença condenatória sem qualquer pena (6 anos – 3/3 = 
zero). Então, como se faz esse cálculo? – Em fases sucessivas: 
subtrai-se 1/3 de 6 anos; obtém-se 4 anos; desse quantum subtraem-
se 2/3; o resultado final é 1 ano e 4 meses – essa é a pena definitiva. 
Obs.: quando as duas causas de diminuição estiverem previstas na 
Parte Especial do CP, a lei faculta ao juiz limitar-se a uma só 
diminuição, prevalecendo a causa que mais diminua (art. 68, § único, 
CP) – tal situação não ocorrecom as causas de diminuição previstas 
na Parte Geral. 
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20 
 
2ª) duas causas de aumento: o cálculo deve ser feito pelo método 
isolado. Se assim não fosse, na segunda incidência de causa de 
aumento estaria embutido, de novo, nessa operação, o quantum da 
pena relativo ao primeiro aumento – seria bis in idem, que é 
inadmissível no nosso ordenamento. Exemplo: imaginemos um furto 
praticado durante o repouso noturno (aumento de 1/3 – art. 155, § 1º), 
na forma continuada (art. 71 – aumento de 2/3). Pelo método isolado: 
tendo sido a pena-base fixada no mínimo de 1 ano (art. 155, caput); 
não existindo agravantes e atenuantes; nesta terceira fase, a pena 
final deve ser de dois anos (1 ano + 3/3). Se, ao contrário, fizermos o 
cálculo através do método cumulado, teríamos: 1 ano + 1/3 = 1 ano e 
4 meses; a partir daí incidiria + 2/3 e o resultado final seria 2 anos, 2 
meses e 22 dias – extremamente lesivo ao condenado pela incidência 
de 2/3 sobre um valor já acrescido (de 1/3). Obs.: se o duplo aumento 
está previsto na Parte Especial, o juiz pode limitar-se a um só 
aumento, devendo considerar a causa que mais aumente (art. 68, § 
único) – Ex.: crime contra a honra praticado contra funcionário público 
(aumento de 1/3 – art. 141, II) e, além disso, tiver sido cometido 
mediante paga ou promessa de recompensa (pena em dobro - § 
único, art. 141), nessa situação o juiz poderá aplicar somente a 
segunda causa – a que mais aumenta. 
 
3ª) uma causa de diminuição e outra de aumento: Imagine-se um furto 
com o aumento de 1/3 por ter sido praticado durante o repouso 
noturno (155, § 1º) e com a diminuição de 2/3 pela tentativa (art. 14, § 
único) ou, outro exemplo: um roubo aumentado de 1/3 pelo com 
emprego de arma (art. 157, § 2º) e diminuído de 1/3 pela tentativa (art. 
14, § único) - como proceder? Em ambos os casos, deverá ser feita a 
operação sucessiva das causas de aumento e diminuição – se deve 
primeiro diminuir ou aumentar não importa, pois o quantum final será o 
mesmo – o importante é que se faça as duas operações 
sucessivamente. Mesmo no segundo caso – onde o quantum de 
aumento e diminuição são iguais – 1/3 – não se pode desconsiderá-
los, pois seria prejudicial ao réu – ex.: pena de 3 anos – 1/3 + 1/3 = 2 
anos e 8 meses (3 anos + 1/3 – 1/3 = 2 anos e 8 meses – por isso não 
importa se primeiro deve-se aumentar ou diminuir), ou seja, quantum 
inferior aos 3 anos iniciais.

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