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FATORES DE FORMAÇÃO DOS SOLOS Os cinco fatores de formação do solo (materiais de origem, clima, organismos, relevo e tempo) atuam simultaneamente e de forma interdependente, influenciando a natureza dos solos que se desenvolvem em um determinado local. MATERIAIS DE ORIGEM - A natureza do material de origem influencia diretamente nas suas características como cor, mineralogia, textura, armazenamento de água, percolação no perfil e nutrição vegetal (CTC). - A composição química e mineralógica influencia o intemperismo químico e a vegetação natural. - Os materiais de origem podem formar no local (manto residual intemperizado da rocha) ou podem ser transportados do local onde se formaram para serem depositados em outro lugar. (lacustre, fluvial, marinho, coluvial e eólico) - Em ambientes úmidos a decomposição incompleta pode fazer com que certos materiais orgânicos se acumulam a partir de resíduos de muitas gerações de vegetação. - Do ponto de vista geológico as rochas podem ser classificadas em: ígnea ou magmáticas formada a partir de magma fundido solidificado; sedimentares formadas quando os produtos são liberados de outras rochas mais antigas ou quando são desgastadas e depositadas pela água como sedimento que podem se consolidar em uma nova rocha; metamórfica formadas a partir de outras rochas a partir do metamorfismo (submissão das rochas a alta temperatura e pressão interna na Terra, ocorrendo alterações físico-química). CLIMA - Age intensamente sobre os materiais de origem, determinando a natureza e a intensidade do intemperismo. - Um material derivado de uma mesma rocha poderá formar solos completamente diversos quando em condições diferentes. - Materiais diferentes podem formar solos similares quando sujeitos ao mesmo clima por um longo período de tempo. - Principais variáveis climáticas que influenciam na formação do solo: precipitação e temperatura. - A água é essencial para as principais reações químicas de intemperismo, sendo necessário a penetração no regolito para aumentar a eficiência. - Fatores que determinam a formação do solo influenciado pela precipitação: distribuição sazonal da chuva, demanda evaporativa, relevo local e a permeabilidade do solo. - Água em excesso através do perfil transporta os materiais solúveis e suspensos, carregando as águas de drenagem e diferenciando os horizontes. - A carência de água proporciona a acumulação dos sais solúveis não lixiviados, podendo limitar o crescimento vegetal. (Salinização) - A temperatura é diretamente proporcional a velocidade das reações bioquímicas. - Temperatura e umidade influenciam nos teores de matéria orgânica, devido ao efeito no equilíbrio entre crescimento vegetal e decomposição microbiana. - Aumento de precipitação leva a um aumento dos teores da matéria orgânica e argila, em um ambientes com material de origem, temperatura, topografia e idade. ORGANISMOS - Os organismos influenciam o intemperismo bioquímico, a síntese de matéria orgânica, a homogeneização dos perfis, ciclagem dos nutrientes e a formação de agregados estáveis. - O efeito sobre a vegetação na formação do solo pode ser percebido comparando- se as propriedades dos solos que estão próximos dos limites entre os ecossistemas de vegetação de pradarias e florestas. - A comunidade microbiana de uma pradaria é dominada por bactéria e nas florestas por fungos devido a faixa diferenciada de acidez no solo, propiciando uma alteração na ciclagem de nutrientes e o modo de agregação das partículas minerais. O horizonte E pode ser devido a ação de ácidos orgânicos decompostos pelos fungos em florestas e comumente ausente nas pradarias. - A capacidade da vegetação de acelerar a liberação e extração de nutrientes dos minerais influenciam fortemente as características dos solos que sob ela se desenvolvem. Assim a reciclagem de cátions tem grande influência na acidez do solo. - Os animais de grande porte perfuram os horizontes subsuperficiais, trazendo seus materiais para cima. Como seus túneis são geralmente abertos em direção à superfície, acabam facilitando o movimento da água e do ar em direção às camadas inferiores. Em determinadas áreas ocorrem as misturas os horizontes superficiais e subsuperficiais. - Os animais de pequeno porte misturam o solo à medida que os cavam. As minhoca ingerem partículas de solos enquanto e resíduos orgânicos enquanto os cavam, aumentando a disponibilidade de nutriente para as plantas, aumentando a estabilidade dos agregados e a infiltração de água. - A pedoturbação é o processo de desfazer ou neutralizar a tendência de outros processos de formação do solo que acentuam as diferenças entre os seus horizontes, geradas pelos animais. - Ações antrópicas como remoção da mata nativa e a produção agrícola modificam a formação dos solos, desde a irrigação de áreas áridas até a adição de fertilizantes e corretivos. Podemos citar outras atividades como escavação, implantação de fundações, construção de campos de golfe e atletismo, jardins planejados na cobertura de edifícios, que tanto formam como removem o solo. RELEVO - Referisse a descrição em termos de diferenças de altitude, inclinação e posição na paisagem, podendo apressar ou retardar as variáveis climáticas. - Encostas íngremes facilita o escoamento superficial das partículas, fazendo com que as taxas de remoção sendo maior que de formação de solo, apresentando perfis poucos desenvolvidos em relação aos solos superiores e inferiores mais planos. - Em canais e depressões a água de escoamento se concentram gerando solos mais desenvolvido mas reduzindo a drenagem e a aeração, diminuindo a decomposição de matéria orgânica e aumentando a perda de ferro e manganês. - A topossequência é uma sequência de diferentes tipos de solos resultado quase inteiramente da influência do relevo, pois estas áreas compartilham com o mesmo material de origem, clima, vegetação e tempo. - Há diferenças de vegetação dependendo do ponto da encosta analisada, devido a condições de umidade do solo e absorção da energia solar em uma determinada paisagem, afetando a formação do solo. - Em muitas paisagens o relevo condicionam a distribuição de materiais de origem residual, coluvial e aluvial. TEMPO - O tempo de formação começa quando um deslizamento de terra expõe uma rocha ao ambiente intempérico da superfície, a inundação de um rio deposita uma nova rocha ao ambiente em uma várzea, uma geleira derrete e despeja sua carga de detritos minerais, quando o relevo é nivelado para implantação de uma edificação ou uma área é recuperada após disposição final de resíduos. - Um solo jovem ou maduro se refere ao grau de intemperismo e desenvolvimento do seu perfil. O tempo que o solo se forma pode ser medido de acordo com os outros processos de formação. - Há uma interação com o relevo, o clima e a resistência ao intemperismo do material de origem. - Existe correlações entre o desenvolvimento do perfil e o processo de sucessão ecológica, com alterações nos atributos físicos, químicos e biológicos do solo. MECANISMO DE FORMAÇÃO DOS SOLOS OU PROCESSOS PEDOGENÉTICOS DE FORMAÇÃO DOS SOLOS Processos que fazem com que os materiais de origem se transformam em solos, quando sob a ação integrada desses fatores de formação. Assim as relação entre estes processos com os fatores é possível compreender a estrutura lógica para compreender a relação entre os solos, as paisagens e o ecossistemas em que funcionam. MÚLTIPLOS TRANSFORMAÇÃO: Ocorrem quando os constituintes do solo são modificados físico e químico enquanto outros são sintetizados a partir dos materiais percussores. TRANSLOCAÇÃO: Implicam no movimento de materiais orgânicos e inorgânico, vertical ou lateralmente, de um horizonte superior para um inferior, sendo a água o agente translocante mais comum. ADIÇÃO: Consistena entrada de materiais de fontes externas para o perfil de solos já desenvolvidos. PERDA ou REMOÇÃO: Remoção ocorridas por lixiviação (materiais solúveis) ou erosão (materiais minerais finos e matéria orgânica). ESPECÍFICOS LATERIZAÇÃO - Remoção de sílica do solo, formação de caulinita e concentração de óxidos de ferro e alumínio, com ou sem formação de petroplintita e concreções. - Fatores de formação: Clima, relevo e tempo. - Processo pedogenético múltiplo: Transformação e perda. ARGILUVIAÇÃO - Migração de partículas finas (argila) dos horizontes A e E (eluvial) para o B (iluvial), produzindo um horizonte Bt, comuns em argissolos. - Fatores de formação: Clima e relevo. - Processo pedogenético múltiplo: Translocação. GLEIZAÇÃO - Redução do ferro através de condições anaeróbicas, produzindo cores acinzentadas, com ou sem mosqueado ou concreções de ferro e manganês, comuns em gleissolos e planossolos. - Fatores de formação: Relevo. - Processo pedogenético múltiplo: Perda, translocação e transformação. SALINIZAÇÃO - Acumulação de sais solúveis (cloretos, sulfetos, bicarbonatos de sódio, cálcio, magnésio e potássio) na ou próximo a superfície do solo por evaporação da água. Ocorrem em locais onde a taxa evapotranspirativa é maior que a precipitação, ocorrendo a ineficaz lixiviação dos sais. Ocorrem nos gleissolos sálicos. - Fatores de formação: Clima e relevo. - Processo pedogenético múltiplo: Translocação e transformação. PODZOLIZAÇÃO - Migração de alumínio e ferro complexados e ou matéria orgânica produzindo horizonte eluvial com concentração de quartzo e secundariamente de sílica e horizonte iluvial (Bhs) com acumulação de ferro, alumínio e matéria orgânica, presente em espodossolos. - Fatores de formação: Clima, organismos e relevo. - Processo pedogenético múltiplo: Translocação e transformação. PRINCIPAIS CLASSES DE SOLOS BRASILEIROS LATOSSOLOS: Compreende solos constituídos por material mineral, com horizonte B latossólico (Bw). São solos em avançado estágio de intemperização, muito evoluídos, como resultado de enérgicas transformações no material constitutivo. Os solos são virtualmente destituídos de minerais primários ou secundários menos resistentes ao intemperismo, e têm capacidade de troca de cátions da fração argila baixa. Variam de fortemente a bem drenados. ARGISSOLOS: Solos constituídos por material mineral, apresentando horizonte B textural imediatamente abaixo do A ou E, com argila de atividade baixa ou com argila de atividade alta conjugada com saturação por bases baixa. PLANOSSOLOS: Compreende a solos minerais imperfeitamente ou mal drenados, com horizonte superficial ou subsuperficial eluvial, de textura mais leve, que contrasta abruptamente com o horizonte B ou com transição abrupta conjugada com acentuada diferença de textura do A para o horizonte B imediatamente subjacente, adensado, geralmente de acentuada concentração de argila. GLEISSOLOS: Compreende solos hidromórficos, constituídos por material mineral, que apresentam horizonte glei dentro de 150 cm da superfície do solo, imediatamente abaixo de horizontes A ou E. CAMBISSOLOS: compreende solos constituídos por material mineral, com horizonte B incipiente subjacente a qualquer tipo de horizonte superficial. São solos jovens que podem apresentar cores brunadas e baixo grau de desenvolvimento pedogenético. PERFIL DO SOLO É a sequência descrita em um corte vertical de um solo, expondo suas camadas (baixo grau de desenvolvimento) ou horizontes (elevado grau de desenvolvimento), devido a influência dos fatores e mecanismos diferenciados na superfície terrestre. PRINCIPAIS HORIZONTES E CAMADAS NO PERFIL O - Horizonte ou camada superficial de cobertura, de constituição orgânica, sobreposto a alguns solos minerais, podendo estar ocasionalmente saturado com água. H - Horizonte ou camada de constituição orgânica, superficial ou não, composto de resíduos orgânicos acumulados ou em acumulação sob condições de prolongada estagnação de água, salvo se artificialmente drenado. A - Horizonte mineral, superficial ou em sequência a horizonte ou camada O ou H, de concentração de matéria orgânica decomposta e perda ou decomposição principalmente de componentes minerais. (ferro, alumínio e argila). E - Horizonte mineral, cuja característica principal é a perda de argilas silicatadas, óxidos de ferro e alumínio ou matéria orgânica, individualmente ou em conjunto, com resultante concentração residual de areia e silte, constituídos de quartzo ou outros minerais resistentes e/ou resultante descoramento. B - Horizonte subsuperficial de acumulação de argila, Fe, Al, Si, húmus, CaCO3, CaSO4, ou de perda de CaCO3, ou de acumulação de sesquióxidos; ou com bom desenvolvimento estrutural. C - Horizonte ou camada mineral de material inconsolidado sob o solo, relativamente pouco afetado por processos pedogenéticos, a partir do qual o solo pode ou não ter se formado, sem ou com pouca expressão de propriedades identificadoras de qualquer outro horizonte principal. R - Camada mineral de material consolidado, duro, que constitui substrato rochoso contínuo, ou praticamente contínuo, a não ser pelas poucas e estreitas fendas que pode apresentar. PRINCIPAIS ATRIBUTOS FÍSICOS-MORFOLÓGICOS COR A cor que um solo apresenta é um produto da mistura das cores de suas partículas e é considerada como uma das propriedades morfológicas mais importantes, não só pelo fato de ser a característica que mais chama a atenção à primeira vista, como também por ser de fácil determinação, permitindo boa caracterização do solo. O sistema Munsell de determinação de cores é cilindrico e divide a cor do solo em três coordenadas, são elas: Matiz, Valor e Croma. O matiz é o comprimento de onda da componente da luz que se apresenta em dominância. Na escala de munsell, esta se divide em 10 regiões ou familias de cores, representadas pelas letras e cores ou combinações de cores seguintes: N, neutro; R, vermelho; YR, vermelho-amarelo; Y,amarelo; GY, amarelo-verde; G, verde; BG, verde -azul; B, azul; PB, azul-purpura; P, purpura e RP, purpura-vermelho. Cada região de um matiz é dividido em 10 partes (0-10) tendo o valor 5 como mediano. Destas dez divisões, somente os seguintes valores são apresentados: 2,5; 5,0; 7,5 e 10,0. O valor representa o brilho ou tonalidade. As tonalidades são obtidas combinando-se o branco com o preto, em uma escala que vai de 2-8 (de branco). O croma, refere-se à intensidade ou pureza da cor ou croma. É obtida a partir da combinação de um matiz determinada com diferentes proporções de cada uma das tonalidades de cinza (valor de 2-8). TEXTURA Refere-se à proporção relativa das frações granulométricas que compõem a massa do solo. Ao se estudar a textura não se considera a fração orgânica do solo e as partículas de diâmetro maior que 2 mm. O tamanho das partículas não está sujeito a mudanças rápidas, por isso é considerada como uma propriedade básica. Não é alterada por prática de manejo por ter origem no material mineral que formou o solo. ESTRUTURA Refere-se à agregação das partículas primárias do solo em unidades compostas ou agrupamentos de partículas primárias, que são separadas de agregados adjacentes por superfícies de fraca resistência. Podemos classificar em: CONSISTÊNCIA A consistência do solo é usualmente definida como um termo para designar a manifestação das forças físicas de coesão e adesão agindo dentro do solo em diferentes conteúdos de umidade. Quando a concentração do solo no sistema solo- água torna-se grande o suficiente para que a massa não mais flua livremente, as forças de coesãoe adesão surgem. O solo é então dito como tendo certa consistência. Portanto quando se estuda a consistência do solo está se estudando os fenômenos de superfície entre as partículas do solo. As forças de coesão se dão entre duas superfícies líquidas ou duas sólidas e esta será maior quanto maior for o número de superfícies de contato entre as partículas. O gráfico abaixo podemos identificar as faixas de consistência e as relações com as forças de coesão e adesão. POROSIDADE A porosidade do solo pode ser definida como sendo o volume de vazios ou ainda o espaço do solo não ocupado pela matriz (conjunto dos componentes orgânicos e inorgânicos). A porosidade também pode ser considerada como um índice do volume relativo dos poros existentes no solo, ou seja é uma medida de seus interstícios. Os valores da porosidade geralmente variam entre 0,3-0,6 (30-60%), sendo esta uma medida sem dimensão. Geralmente é apresentada na forma de percentagem do solo que não se encontra ocupada com os componentes sólidos. DENSIDADE A densidade do solo é a relação entre a massa do solo e o volume que este ocupa. A densidade das partículas é a relação entre a massa das partículas e o volume que estas ocupam. A densidade das partículas também é designada de densidade real, peso do volume de sólidos, massa específica real e peso específico real. Diferentemente da densidade das partículas, a densidade do solo considera o volume de vazios, os quais se apresentam preenchidos de ar e água, por isso os valores de densidade do solo são sempre menores que da densidade das partículas; ao se considerar o volume de vazios, aumenta-se o valor do denominador na formula. A importância da determinação da densidade do solo reside no fato de que, além desta ser importante nos cálculos de conversão de massa para volume, a densidade do solo serve como um índice para a avaliação das condições do solo para o desenvolvimento das plantas e algumas propriedades do solo como: drenagem, porosidade, condutividade hidráulica, permeabilidade ao ar e água. ms = massa de solo seco Vs = volume de solo Vt = volume total (água, ar e partículas) SUPERFÍCIE ESPECÍFICA A superfície específica pode ser definida como a relação entre a área de uma partícula e o seu massa ou volume. A superfície específica aumenta com a diminuição do tamanho da partícula. Esta característica explica porque partindo-se de um mesma massa de argila, areia e silte, constata-se maior superfície para a amostra de argila.
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