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Estudo das sensações

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Estudo das sensações 
Todas as sensações possuem algo bem definido que estimula os receptores localizados nos 
órgãos dos sentidos. Independentemente do tipo de sensações que sentimos, elas nos trazem 
alterações fisiológicas, psicológicas e comportamentais que são expressas muito mais pela 
linguagem corporal e facial do que pela linguagem verbal. 
No sistema nervoso central, o sistema límbico é definido como o centro das emoções, sendo na 
verdade um conjunto de regiões. Assim, a emoção teria como função a preparação para a ação e, 
para que esta seja feita, seriam organizadas estratégias comportamentais que derivam da extração 
e do processamento de informações do ambiente. 
A inteligência emocional é devida às interações entre as partes cerebrais que fazem com que 
elaboremos uma avaliação cognitiva do conteúdo emocional de estímulos perceptivos 
complexos. A capacidade que temos de gostar ou de detectar o que outra pessoa sente vem desse 
poder de reproduzir em nosso próprio organismo um estado emocional similar. 
Existem muitas emoções parecidas com o medo, assim como existem distúrbios que são 
derivados dessa sensação. A ansiedade e o estresse são reações normais, mas a partir do 
momento em que começam a provocar um sofrimento, pode-se ter um distúrbio. O medo 
extremo pode desencadear vários tipos de fobia como, o medo de altura, lugares pequenos e 
fechados de água entre outras. 
Dessa forma, temos na figura 1 a sinapse dos neurônios que liberam GABA na pessoa sem 
ansiedade e na figura 2 com ansiedade. 
 
Figura 1: Sinapse na pessoa sem ansiedade. 
 
 
Figura 2: Sinapse na pessoa com ansiedade. 
 
 
 
 
 
Sensações de Sabor 
 
Nossa sobrevivência está relacionada com as sensações de sabor, pois ela envolve a fome, a 
vontade de comer e os alimentos que precisamos ou que não devemos ingerir. O sabor é 
culturalmente estabelecido, por isso cada povo tem uma alimentação e uma preferência alimentar 
característica. 
Existem milhares de moléculas que podem evocar uma grande variedade de sabores, mas nós 
somos capazes de reconhecer quatro sabores básicos: o doce, o amargo, o azedo ou ácido e o 
salgado. 
Os receptores sensíveis a esses sabores são diferentes e estão espalhados por toda a boca, mas 
estão concentrados principalmente na língua que, como um todo, é sensível para perceber esses 
tipos de sabores, como mostra a figura 1. 
 
 
Figura 1: Ilustração das regiões da língua sensíveis aos sabores. 
 
 
Nas figuras 2, 3 e 4 estão representadas as estruturas de moléculas que evocam sabores, como a 
figura 2 mostra uma molécula de glicose que evoca sabor doce, na figura 3 mostra uma molécula 
de cafeína que evoca sabor amargo e na figura 4 mostra uma molécula que evoca sabor azedo. O 
sabor salgado é representado pelos sais que interagem com o receptor por meio de interações 
eletrostáticas. 
 
 
 
Figura 2: Estrutura da molécula que evoca sabor doce. 
 
 
 
 
Figura 3: Estrutura da molécula que evoca sabor amargo. 
 
 
 
 
 
 
Figura 4: Estrutura da molécula que evoca sabor azedo. 
 
 
 
 
Sensações Visuais 
 
 
 
 
Tudo o que vemos não passa de sensações. Essa imagem acima nos mostra como o nosso cerébro 
é traduz a nossa visão, dando o movimento de expansão através do nosso olhar fixo. Na 
realidade, nosso cerébro é moldado pelo nosso meio social desde que nascemos. Um exemplo 
disso temos quando olhamos para o Sol ou mesmo para a Lua, imaginamos que estes são 
esféricos, porque enxergamos dessa forma. Ou mesmo que o Sol se movia em volta da Terra. 
Cada individuo interpreta as imagens de uma forma diferente do outro, fazendo com que o 
cerébro de cada um armazenem e relaciona com algo de que emocionou, ou mesmo achou se 
sentido (não se dá importancia). Podendo ser lembrado futuramente e relacionando com alguma 
coisa que já aconteceu. Isso nos mostra que antes de tudo a sensação e a percepção dependem do 
indivíduo. Portanto não podemos quantificá-las e também não temos como saber se uma pessoa 
tem a mesma sensação que a outra. Uma pessoa pode visualizar um vermelho mais forte ou mais 
claro ou mesmo em diversas tonalidades, ou seja, cada cerébro apresenta uma informação 
diferente para cada coisa e cada pessoa. 
E voçê qual é a sensação que tem quando olha a figura a cima? 
Figura: http://favoritos.wordpress.com/2006/10/03/iluda-se/ 
 
SENSAÇÕES: INFORMAÇÃO DO MUNDO INTERPRETADAS PELA MENTE 
 
 
 
As sensações são extremamente importantes para relacionarmos e criarmos pensamentos e 
sentimentos novos ou manifestá-lo através da comunicação verbal e não-verbal, pois é a partir 
dela que formamos nossas percepções de mundo. A percepção está associada à memória, à 
emoção, ao pensamento, à imaginação, à linguagem e à aprendizagem. 
Assim, o nosso corpo responde através de estímulos associados as sensações, onde este é enviado 
ao cerébro na forma de impulsos nervosos. Não captamos um único estímulo do ambiente, mas 
vários estímulos pelas mais diversas formas de energia, por isso, não temos uma única sensação, 
mas muitas delas, que estão constantemente sendo integradas no nosso cérebro formando nossas 
percepções. 
 
Referência 
RETONDO, C. G. FARIA, P. Química das Sensações. Campinas, SP: Editora Átomo, 2006. 
 
Responda: QUAL A MELHOR SENSAÇÃO? 
 
Sensações visuais, auditivas, gustativas, olfativas ou táteis? 
 
 
 
 
 
FISIOLOGIA DAS SENSAÇÕES 
Alessandra Maria Monteiro e Silva, Eduardo Fabiano Viana Barreto, James Chagas Almeida, 
José Roberto Pimentel Cabral de Seixas, Marcelle Moreira Veras de Brito, Pedro Eickmann 
Bruno da Cunha e Pedro Luiz de França Neto 
Universidade Federal de Pernambuco – Fisiologia - Departamento de Fisiologia e 
Farmacologia - Biomedicina 
Introdução 
A fisiologia sensorial é a ciência que estuda as diversas áreas das sensações de estímulo do 
corpo. O sistema sensorial é composto por receptores sensoriais, estruturas responsáveis pela 
percepção de estímulos provenientes do ambiente e do interior do corpo. Essas terminações 
sensitivas do sistema nervoso periférico são encontradas nos órgãos dos sentidos: pele, ouvido, 
olhos, língua e fossas nasais. Estes têm a capacidade de transformar os estímulos em impulsos 
nervosos, os quais são transmitidos ao sistema nervoso central, que por sua vez, determina as 
diferentes reações do nosso organismo. 
Os receptores sensoriais são classificados de acordo com o estímulo que conseguem captar. Os 
quimiorreceptores são transmissores de informações acerca de substâncias químicas dissolvidas 
no ambiente. Localizam-se principalmente na língua e no nariz. Os termorreceptores detectam 
estímulos de variação térmica. São encontrados na pele. Os mecanorreceptores conseguem captar 
estímulos mecânicos. Localizam-se na pele. Os fotorreceptores detectores de luz encontrados nos 
olhos. Os receptores de dor são classes de dendritos presentes na pele humana. 
O sistema nervoso, juntamente com o sistema endócrino, capacitam o organismo a perceber as 
variações dos meios interno e externo, a difundir as modificações que essas variações produzem 
e a executar as respostas adequadas para que seja mantido o equilíbrio interno do corpo 
(homeostase). São os sistemas envolvidos na coordenação e regulação das funções corporais. 
Objetivos 
Este tudo tem como objetivo mostrar como funciona na prática o processamento e a transmissão 
sensorial-motora através de mecanismos anátomo-fisiológicos do sistema nervoso. Usando 
artefatos numa aula prática de Fisiologia na Universidade Federal de Pernambuco, grupos de seis 
alunos faziam testes para mostrar que cada parte do organismoresponde de maneira diferente a 
estímulos iguais. 
 
Materiais e Métodos 
Primeiro teste (Discriminação de pontos): Duas varetas do jogo “Pega Vareta”. 
O teste consiste em, usando as duas varetas, espetar levemente um voluntário de olhos vendados, 
com a ponta das varetas, ao mesmo tempo (é importante para a precisão dos resultados que as 
duas varetas toquem o voluntário ao mesmo tempo). Pergunta-se então se ele está sentindo em 
um ou dois pontos, repetindo o procedimento em diferentes regiões do corpo, com diferentes 
distâncias entre as varetas. 
Segundo teste (Topognosia): Dois objetos, que caibam na mão, de pesos levemente diferentes. 
O voluntário deverá estar com olhos fechados, ou vendados. Na primeira etapa, os braços do 
voluntário deverão estar apoiados em uma mesa, e os dois objetos serão colocados lentamente 
sobre suas mãos abertas. Pergunta-se qual dos dois é o mais pesado. Nessa primeira etapa o 
voluntário deverá responder sem tirar os braços da mesa. Já na segunda etapa, o procedimento é 
o mesmo, porém os braços do voluntário não estão mais apoiados e seus movimentos serão 
permitidos. Novamente pergunta-se qual é o mais pesado. 
Terceiro teste (barognosia): Duas canetas de pontas porosas. 
Uma caneta será dada ao voluntário, que estará vendado ou de olhos fechados. Com a outra 
caneta, marca-se um ponto em alguma parte do corpo do voluntário. Então ele terá que tentar 
fazer um ponto no mesmo lugar em que foi marcado. É ideal que se faça em diferentes regiões 
do corpo, observando, sempre, a proximidade entre os pontos. 
Quarto teste (Sistema ântero-lateral): Três copos, um com água fria, um com água morna e um 
com água em temperatura ambiente. 
Posicione os copos de maneira com que o que contém água em temperatura ambiente fique no 
meio, e os outros dois, nas pontas. O voluntário deverá colocar o dedo indicador de cada mão nos 
copos das pontas (frio e morno) e deixar lá por alguns instantes. Passados estes, os dois dedos 
devem ser retirados dos copos e colocados, juntos, ao mesmo tempo, no copo com água em 
temperatura ambiente. É importante o cuidado com a temperatura da água, para evitar 
queimaduras. 
Resultados 
Ao realizarmos o teste de discriminação de pontos e topognosia, observou-se que quanto mais 
distal, mais precisos são os resultados. Isso pode ser explicado observando-se o mapa cortical do 
homúnculo sensorial, no qual há uma maior presença de células sensoriais em áreas como as das 
mãos. Nas áreas mais distais, cada neurônio, é responsável por uma região menor, o que facilita a 
diferenciação de pontos, mesmo sendo muito próximos. A taxa de convergência entre os 
neurônios distais é menor, ou seja, o estímulo que é transmitido a um neurônio secundário 
originando-se de um número menor de neurônios primários, diferente de áreas mais proximais 
em que um secundário é estimulado da mesma forma por vários primários, em locais distintos o 
que causa uma maior imprecisão para distinguir pontos em locais próximos. 
No teste de barognosia foi observada uma maior facilidade de distinguir pesos ao balançar as 
mãos, pois isso faz com que aumente a inércia do objeto, permitindo assim que o mais pesado 
exerça uma maior pressão sob sua mão. Devido à propriocepção distinguimos qual o mais 
pesado, pois haverá uma maior angulação no punho que estiver com o objeto mais pesado. 
Os resultados apresentados no teste do sistema ântero-lateral, para percepção de temperatura, 
mostraram que uma baixa temperatura é mais rapidamente percebida, pois os axônios das células 
responsáveis pela sensação de frio são mais mielinizados, transmitindo a informação com mais 
rapidez. 
Conclusão e Discussão 
No estudo, analisamos as sensações que o corpo sofre com estímulo, temperatura e pressão de 
um corpo saindo da inércia e ficando estável. Concluímos que nosso corpo é dividido em partes 
menos e mais sensíveis, onde podemos observar no homúnculo. O teste mostrou que as 
extremidades da pare superior do corpo (mãos) e a cabeça são áreas de extrema sensibilidade. Os 
dedos das mãos em relação às costas distinguiram com mais facilidade dois pontos, isto, porque 
os dedos têm uma maior área sensorial e menor área de campo receptor. Ao colocar nossos dedos 
em água gelada e morna observamos que o estímulo da gelada é primeiramente interpretado por 
haver mais receptores. Sentimos maior sensibilidade ao tirarmos um corpo da inércia do que o 
deixando estável. Podemos concluir com os experimentos sensoriais de reação imediata que o 
teste de discriminação de dois pontos afirma que a percepção de tato tem uma ação precisa, 
rápida e discriminativa na área das mãos nas pontas dos dedos (Sistema epicrítico) e é grosseiro 
(pouco discriminativo), lento e menos preciso em áreas como nos ombros e costas (sistema 
protopático). Tendo em vista que o voluntário pode dizer com precisão o número de estímulos 
apresentados nas pontas dos dedos mesmo sendo pequenos e muito próximos, mas não soube 
diferenciar estímulos de mesma distância e intensidade em locais como as costas. Podemos 
explicar esse fato com base na representação do homúnculo no córtex somatossensorial que tem 
como critério a densidade de receptores de tato. Logo, percebe-se que a quantidade de receptores 
nas mãos é maior que em outros locais, como a perna. Com o número maior o campo receptivo 
se torna menor, o que os torna mais específicos. Com o teste de topognosia, notamos que é de 
difícil à percepção o local exato na pele do estímulo feito, já que o voluntário não contava o 
auxílio da percepção visual. A área dos campos receptores na região do braço (onde foi realizado 
o experimento) é maior o que o torna menos específico. No teste de barognosia, percebe-se que o 
reconhecimento de pesos distintos é mais rápido quando os objetos, que apresentavam forma e 
dimensões similares diferindo apenas o peso (massa), encontram-se em movimento. Isto pode ser 
explicado porque o movimento das mãos faz com que o objeto pressione-a com maior força, 
estimulando em menos tempo os receptores para pressão, levando em consideração a inércia. O 
experimento de temperatura evidenciou a relatividade quanto à percepção do ambiente, ou seja, o 
estímulo que nos identificamos depende de um referencial. No teste notamos que o dedo direito 
que estava em um meio com água quente (morna) quando colocado em um meio com água na 
temperatura ambiente, nos passa a informação que este novo meio esta frio. E o dedo esquerdo 
que estava em um meio com a água fria, quando colocado no meio com água ambiente no 
mesmo momento que o direito, passa-nos a informação que a água esta quente. A primeira 
sensação que sentimos é a de frio do dedo esquerdo. 
Atividade sensorial do nariz de Pinóquio. 
 
Emoção: Neurociência & Método Montessori 
Aprendizado ideal: com a cabeça, o coração e as mãos. Pestalozzi 
Por Simone Viterbo Tartuce 
Hoje, na esfera mundial educacional, encontramos pesquisas que ampliam o conhecimento sobre 
o processo de aprendizagem quanto à organização morfológica e funcional do cérebro - a 
contribuição da neurociência para a educação. Estes estudos legitimam a teoria educacional 
de Maria Montessori. 
A aprendizagem é um processo complexo, onde o cérebro reage aos estímulos do ambiente, e 
ativa as ligações entre os neurônios (sinapses). A cada novo estímulo, isto é, a cada repetição de 
um comportamento que queremos que seja assimilado, nossos circuitos processam as 
informações recebidas para depois serem consolidadas. 
A complexidade atingida pelo sistema nervoso humano reflete capacidade que tem de resolver 
problemas (que resultou na maioria das nossas invenções), e de aprender e de questionar o 
ambiente. Possibilitou a aquisição de todo conhecimentojá adquirido pelo homem. No entanto, 
ainda não conseguimos entender ou justificar muitos dos nossos comportamentos (TEIXEIRA, 
2011). 
A neurociência revelou o que desconhecíamos sobre o momento da aprendizagem: o cérebro é 
matricial no processo do aprender. As regiões, os lobos, os sulcos, as reentrâncias nele contidos 
têm cada um uma função e importância próprias, num trabalho em conjunto de interação e 
interdependência. 
Através do cérebro tomamos consciência das informações que chegam pelos órgãos dos sentidos. 
Então, processamos tais informações e as comparamos com nossas vivências e expectativas. De 
acordo com Cosenza (2011), Hipócrates já afirmava que, por meio do cérebro, sentimos tristeza 
ou alegria, somos capazes de aprender ou de modificar comportamentos à medida que vivemos. 
A aprendizagem, portanto, diz respeito à capacidade e à possibilidade que o indivíduo tem de 
selecionar e perceber informações, conhecer, vivenciar, compreender, interpretar, associar, 
armazenar as informações oriundas do meio (DIAS, 2011). Em consonância com a afirmação de 
Dewey em relação à experiência, Dias (2011) acrescenta que o indivíduo é o autor do próprio 
conhecimento quando vive experiências com intenção, necessidade, motivação, funcionalidade e 
afeto. 
A relação entre as habilidades que o indivíduo possui e os novos conhecimentos e 
potencialidades adquiridos baseia-se nas funções neuropsicológicas de atenção, percepção e 
memória, que sustentam a aprendizagem entre outros fatores (DIAS, 2011). 
A natureza das emoções é um dos temas mais antigos do pensamento ocidental, sendo tema em 
diferentes áreas do conhecimento como a arte, a religião, a filosofia e a ciência, desde tempos 
imemoráveis. O avanço das neurociências possibilitou a construção de hipóteses que explicassem 
as emoções, em particular a partir dos estudos do sistema límbico (ESPERIDIÃO, 2007). 
A relação complexa entre razão e emoção tornou-se tema recorrente entre os filósofos, como 
Baruch de Spinoza, que considerava as pulsões (drives) e motivações, emoções e sentimentos – o 
conjunto designado por ele como afetos – fundamentais para a humanidade. A alegria e a tristeza 
foram dois conceitos primordiais na tentativa de Spinoza de compreender os seres humanos, e de 
sugerir maneiras de a vida ser mais bem vivida (DAMÁSIO, 2009). 
Razão e emoção – e de resto, a própria constituição orgânica – pertenciam a uma mesma 
natureza (ESPERIDIÃO, 2008). 
A natureza das emoções e dos sentimentos e a relação entre o corpo e a mente, hoje tratados pela 
ciência, já faziam parte dos pensamentos de Spinoza: 
Damásio surpreende-se com a visão de Spinoza sobre o processo de sentir, distinguindo com 
clareza o objeto do sentimento que ele inspirava. Como explica (DAMÁSIO, 2007), a alegria era 
uma coisa e o objeto que a causava era outra. A sensação de alegria ou tristeza e a imagem dos 
objetos que as originavam iriam juntar-se na mente no final, mas num primeiro instante eram 
distintas. Spinoza havia descrito uma organização funcional que a ciência moderna está 
revelando como um fato: os organismos vivos são dotados de capacidade de reagir de maneira 
emocional a diferentes objetos e acontecimentos. A reação, a emoção no sentido literal do termo, 
é seguida por um sentimento. A sensação de prazer ou de dor são comportamentos necessários 
desse sentimento. 
As pesquisas sobre os processos cognitivos e as emoções no cérebro tomaram grande impulso a 
partir dos séculos XVIII e XIX, com as descobertas e os trabalhos de Gall, Broca e Papez. 
Franz Joseph Gall descreveu a morfologia do cérebro e das principais estruturas nervosas, o que 
facultou um significativo avanço na diferenciação das porções do cérebro. Pierre Paul Broca fez 
o primeiro mapeamento das funções cerebrais, e identificou o lobo límbico, que compreende um 
anel composto por um contínuo de estruturas corticais situadas na face medial e inferior do 
cérebro. 
De mera questão filosófica os estudos estenderam-se para outras áreas das ciências, como a 
psicologia, a psicanálise e a biologia. Na segunda metade do século XIX e no início do século 
XX, foram propostas as primeiras teorias neuropsicológicas das emoções. De acordo com 
Esperidião (2008), o que mais marcou o período foi o interesse científico voltado para os 
processos cognitivos, os quais incluem a aquisição de conhecimento, o raciocínio e a memória. 
Foi uma época denominada “Revolução Cognitiva”, em que as investigações conduziram à 
proposição dos mecanismos envolvidos na percepção, atenção e memória (ESPERIDIÃO, 2008). 
O método de educação de Maria Montessori (1870-1952) está baseado no desenvolvimento 
psíquico da criança normal, apesar de, no início, ter trabalhado com crianças com necessidades 
educativas especiais. Diferente de como todo adulto olha uma criança, Montessori a via como o 
pivô da educação, uma joia escondida em um diamante bruto envolto em terra. 
A pedagogia Montessoriana considera, acima de tudo, o desenvolvimento psicológico da criança 
no que diz respeito às manifestações comportamentais desde o nascimento. Montessori elaborou 
a metodologia baseada na necessidade que a criança tem de ser exposta a cuidados que lhe 
favoreçam o desenvolvimento espiritual, o psíquico e o físico. A criança se move sem parar, mas 
a harmonização da ação com o espírito só se dá aos poucos (Machado, 1986). 
Os estágios de desenvolvimento da criança, denominados períodos sensíveis, são momentos de 
aquisição de habilidades ou de formas de comportamento, manifestações temporárias que 
resultam em certas características. Uma vez desenvolvidas, a sensibilidade a essas características 
diminui. Como afirma Machado (1986), cada etapa é precedida por outra. A deficiência em uma 
delas acarretará em prejuízos posteriores, comprometendo todo o processo. 
O desenvolvimento está vinculado com o que Montessori denominou mente absorvente. De 0 a 3 
anos, a criança age com a mente absorvente inconsciente, e de 3 a 6 anos ela age com a mente 
absorvente consciente. 
A mente absorvente inconsciente é o período criativo da inteligência, do qual não lembramos 
mais tarde, mas cujos hábitos e costumes interiorizamos. Aprende-se a linguagem pelo olhar, 
pelo sorriso, pelos sons balbuciados, pelas gesticulações e pelo falar. Desenvolve-se o equilíbrio, 
aprende-se a se situar e a andar. A transição da mente absorvente inconsciente para a mente 
absorvente consciente ocorre, sobretudo, pelo trabalho das mãos e pela verbalização 
(MACHADO, 1986). 
No primeiro período da mente absorvente, de 0 a 6 anos, a criança está preparada para as 
particularidades, para a ordem, para o movimento e para a elaboração remota da leitura, da 
escrita e da matemática. Para lhe assegurar um processo prazeroso, progressivo e natural de 
assimilação, é necessário contar com as condições facilitadoras de tais capacidades. Por isso, não 
se pode impor prazos rígidos para o início da aprendizagem (MACHADO, 1986). 
Froebel alega que a formação e o desenvolvimento da criança acontecem graças à interação que 
ela tem com o mundo exterior. Porém, para que seja uma relação eficaz, é necessário que ela, 
criança, seja tocada no mundo interior. Essa condição ele chamou de interiorização: o 
recebimento de conhecimento do mundo exterior, transferindo-o para o interior, obedecendo 
sempre uma sequência que evolui do mais simples para o mais complexo, do concreto para o 
abstrato, do conhecido para o desconhecido (ARCE, 2002). Sabe-se, como afirma Machado 
(1986), a concepção de educação é para a vida, ou seja, ir de encontro com as necessidades do 
desenvolvimento da criança proporcionando a ela condições exigidas para a satisfação de suas 
habilidades, conceito que concatenacom o que Montessori denominou de Mente Absorvente. 
Do ponto de vista neurobiológico, acredita-se que as emoções estão intrinsecamente ligadas ao 
processo de memorização de experiências, seja de forma positiva ou negativa e, portanto, parte 
integrante do processo de aprendizagem. Segundo Izquierdo (2011), os estados de ânimo, as 
emoções, o nível de alerta, a ansiedade e o estresse modulam fortemente as memórias. 
As emoções oferecem respostas periféricas de ordem externas (estado de alerta, inquietação, 
dilatação da pupila, sudorese, lacrimejamento, alteração da expressão facial, etc.) e de ordem 
internas (sensação de coração disparado, frio na barriga, nó na garganta, etc.), suscitando o que 
se chama de sentimento emocional e quando identificado estas emoções (ódio, amor, ciúme, 
medo, etc.) denomina-se consciência emocional. 
O núcleo-chave na modulação das memórias é a região da amígdala. Essa estrutura envia fibras 
ao córtex entorrinal e diretamente ao hipocampo, através das quais processa seu papel 
modulador, Izquierdo (2011). Trata-se de um centro coordenador que dispara comandos que 
interferem em diversos sistemas (neurovegetativo, neuroendocrinológico, etc.), regulando a 
interação do indivíduo com o ambiente. 
Na interação da amígdala com o hipocampo e com o córtex cerebral encontra-se a relação direta 
com a aprendizagem, por estarem transversalmente ligadas à aquisição da memória. As 
experiências vividas, coloridas pela emoção, são registradas no córtex cerebral e posteriormente 
requeridas, para as mais diferentes aprendizagens, ao longo da vida do indivíduo (figura 1). 
 
 Figura 1 – Memória Emocional e Aprendizagem¹ 
▪ 1 Esquema elaborado a partir das anotações de aula Prof. Dr. Marcelo Gomes (aula 
ministrada dia 16/06/2012) – curso de neuroprendizagem com grifos meus (Simone Tartuce) 
– Instituto Saber – núcleo São Paulo. 
Motivação é um outro importante quesito que envolve os processos cognitivos e de 
aprendizagem, ela leva o indivíduo a repetir ações que foram capazes de obter recompensa no 
passado ou a procurar situações semelhantes que tenham chance de proporcionar satisfação 
desejada no futuro. 
Acredita-se, como afirma Froebel, “Nada vem sem uma luta”. E a primeira ação está em nos 
conhecer como adultos educadores e fazer uma contínua reflexão do nosso exercício, buscando 
alternativas e conhecimentos que somem na nossa práxis educativa. 
 
Aprender da experiência é fazer uma associação retrospectiva e prospectiva entre aquilo que 
fazemos às coisas e aquilo que em consequência essas coisas nos fazem gozar ou sofrer. Em tais 
condições a ação torna-se uma tentativa; experimenta-se o mundo para se saber como ele é; o 
que se sofre em consequência torna-se instrução – isto é, a descoberta das relações entre as 
coisas. (DEWEY, 1959, p. 153). 
 
Referências Bibliográficas 
ARCE, Alessandra. Friederich Froebel: o pedagogo dos jardins de infância. Ed. Vozes, 
Petrópolis, RJ, 2002. 
COSENZA, R.M. Neurociência e Educação: como o cérebro aprende. Porto Alegre, Artmed, 
2011. 
DAMÁSIO, António. Em busca de Espinosa: prazer e dor na ciência dos sentimentos. Ed. 
Cia das Letras, São Paulo, 2004. 
DEWEY, John. Experiência e Educação. Ed. Vozes. Petrópolis, RJ, 2010. 
DIAS, Rosana Siqueira. Bases neuropsicológicas da aprendizagem. In: Valle, L.E.L.R. Temas 
multidisciplinares de Neuropsicologia e aprendizagem. Ed. Novo Conceito, 3a. Ed. Riberão 
Preto, 2011. 
ESPERIDIÃO, Antônio et al. Neurobiologia das Emoções. – Rev. Psiquiatria Clin. 35 (2) – 
pag. 55-65, 2008. 
GOMES, Marcelo. Emoções e Neuroplasticidade– curso de Neuroaprendizagem – Instituto - 
Slides e Anotações de aula Instituto Saber – núcleo São Paulo, 20/01/2013. 
IZQUIERDO, Iván. Memória; 2ª edição revisada e ampliada Porto Alegre: Ed. Artmed , 2011. 
KANDEL, Eric R. Em busca da memória: o nascimento de uma nova ciência da mente. Ed. 
Cia das Letras, São Paulo, 2009. 
LAGOA, Vera. Estudo do sistema Montessori: Fundamentado na análise experimental do 
comportamento. Ed. Ação, São Paulo, 1981. 
MACHADO, Izaltina de Lourdes. Educação Montessori: de um homem novo para um 
mundo novo. Ed. Pioneira, São Paulo, 1986. 
MONTESSORI, Maria. The Absorbent Mind. Ed. Madras: Theosophical Publishing House, 
1995. 
MONTESSORI, Maria. Dr. Montessori's Own Handbook. New York: Frederick A. Stokes 
Company, 2013. 
MONTESSORI, Maria. The Secret of Childhood. New York: Longmans, Green, 1982. 
TRABALZINI, Paola – Origine e fondamenti della ricerca scientifica di Maria Montessori. 
Letture del Laboratorio “Maria Montessori” di Teoria e Storia dell'Educazione n. 4, di 2003. 
TEIXEIRA, Isabel Ribeiro do Valle. Uma abordagem biológica do desenvolvimento do 
cérebro, da inteligência e da aprendizagem. In Temas multidisciplinares de Neuropsicologia e 
aprendizagem - Ed. Novo Conceito, Ribeirão Preto, 2011. 
 
Simone Viterbo Tartuce é graduada em Pedagogia, Mestre em Habitação Planejamento e 
Tecnologia pelo IPT, graduada em Arquitetura e Urbanismo, Artes Plásticas, em Tecnologia 
da Construção Civil – Tecnóloga, especialista em neuroaprendizagem e psicopedagogia. Faz 
parte do Grupo de estudos CIEI – Contextos Integrados Educação Infantil, da Faculdade de 
Educação da USP. É diretora da Usina Pedagógica – Área de Educação, atuando principalmente 
nas áreas de arte, educação, psicopedagogia. E-mail: simone@usinapedagogica.com.br

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