Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
das A Gabarito utoatividades HISTÓRIA MEDIEVAL Centro Universitário Leonardo da Vinci Rodovia , nº .BR 470 Km 71, 1 040 Bairro Benedito - CEP 89130-000 I daialn - Santa Catarina - 47 3281-9000 Elaboração: Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI 2017 Prof. Fabiano Dauwe Prof. Thiago Juliano Sayão Prof. Itamar Siebert 3UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES H I S T Ó R I A M E D I E V A L GABARITO DAS AUTOATIVIDADES DE HISTÓRIA MEDIEVAL UNIDADE 1 TÓPICO 1 Questão única: Prezado(a) acadêmico(a), vamos fazer uma pesquisa? Entreviste dez ou mais pessoas que você conhece, de preferência de diferentes idades e origens sociais, fazendo-lhes as seguintes perguntas: “O que você sabe sobre a Idade Média?” e “Como você sabe disso?” Ah! Não se esqueça de também responder às perguntas VOCÊ MESMO, de preferência ANTES de seguir adiante em suas leituras e de entrevistar os seus conhecidos! R.: Resposta pessoal. A resposta a essa pergunta vai depender do que o(a) acadêmico(a) puder apurar em sua pesquisa. Aconselha-se que o(a) acadêmico(a) anote as respostas que obtiver e as discuta em sala de aula. TÓPICO 1 Questão única: Tente pensar em outras argumentações que poderíamos fazer para discordar de uma visão tão parcial e tão inadequada sobre nós e nosso tempo. Em sua opinião, esse tipo de perspectiva revela mais sobre o período que está sendo discutido ou sobre quem está criticando? O que levaria alguém a tratar dessa forma uma cultura passada? R.: Uma perspectiva como essa, em que se faz um juízo de valor sobre um tempo passado (e, nesse caso, tanto faz se o juízo de valor é favorável ou não) revela muito mais sobre os preconceitos, ideologias e tendências de quem escreveu a história do que propriamente sobre o período estudado. Isso pode ser motivado por ignorância sobre o período (ausência de fontes preenchida com conjecturas muito improváveis ou muito numerosas), por uma ideologia muito estreita (partir, por exemplo, da ideia de que a “sua” religião é a verdadeira ao estudar povos que professem outra crença), por preconceito do estudioso (por exemplo, um racista que achasse que os negros seriam incapazes de ter história), esnobismo cultural (achar que as culturas do Centro Universitário Leonardo da Vinci Rodovia , nº .BR 470 Km 71, 1 040 Bairro Benedito - CEP 89130-000 I daialn - Santa Catarina - 47 3281-9000 Elaboração: Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI 2017 4 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD H I S T Ó R I A M E D I E V A L passado eram inferiores), ou desonestidade intelectual (tentar convencer seus leitores de que a história é de uma forma, mesmo dispondo de evidências do contrário). Todas essas atitudes, como se pode imaginar, são condenáveis. TÓPICO 1 1 Identifique, em um livro didático qualquer de Ensino Médio, no capítulo (ou capítulos) correspondente(s) à Idade Média: a) Qual é a perspectiva, dentre as que analisamos nos itens 3 e 4 deste tópico, que melhor descreve a forma como a Idade Média é tratada pelo(s) autor(es) do livro? b) Qual o nível de profundidade com que civilizações como a bizantina e a muçulmana são tratados? c) Pelo que você pôde perceber, o tema da Idade Média foi tratado de forma adequada? Que complementações você sente que precisaria fazer em sala de aula para melhorá-lo? R.: A resposta a essa questão depende, em parte, do livro didático selecionado. Em geral, os livros didáticos se dividirão entre os que apresentam a questão das seguintes formas: a) Os livros costumam ter uma perspectiva liberal, marxista ou contemporânea (estes, mais raros). b) A maioria dos livros não trata das civilizações muçulmana e, principalmente, bizantina, em profundidade. c) A maioria dos livros didáticos brasileiros não trata a Idade Média em profundidade, muitas vezes limitando-se a difundir as informações sem conteúdo crítico. As principais contribuições do aluno/professor ao tema talvez possam ser: 1- o questionamento dos conceitos tradicionais, arraigados e aceitos acriticamente e 2- uma perspectiva mais global, que relacione o feudalismo ocidental ao que ocorria no restante do Velho Mundo. TÓPICO 2 Questão única: Quais são as características em comum entre as visões de Vegécio e Salviano? Eles percebiam a “transição” como uma queda de um mundo antigo ou o surgimento de um novo? A que fatores eles atribuíam essa mudança? Percebiam isso como decadência ou como progresso? Por que você acha que eles pensavam dessa forma? 5UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES H I S T Ó R I A M E D I E V A L R.: A resposta pode variar conforme a compreensão do(a) acadêmico(a). No entanto, uma interpretação possível é a seguinte: Vegécio e Salviano eram contemporâneos da queda do Império Romano, ou seja, escreviam no momento em que ela acontecia. Suas interpretações sofrem as influências do “calor da hora”, com uma compreensão limitada das estruturas que levavam à queda do Império, mas, por outro lado, com mais atenção a detalhes e a aspectos cotidianos. Até por estarem “no calor da hora”, eles não poderiam ver os eventos como uma transição para uma nova época, que eles desconheciam; para eles, portanto, era o mundo antigo, conhecido, que ruía. Da mesma forma, a mudança era, para eles, muito mais decadência do que progresso. TÓPICO 2 Questão única: Perceba que a visão de Gibbon guarda algumas semelhanças, mas muitas diferenças em relação à de Vegécio e Salviano. Quais são as principais? A que fatores se pode atribuir essa diferença, se o objeto de estudo era, supostamente, o mesmo? Justifique. R.: A principal semelhança entre a perspectiva de Gibbon e as de Vegécio e Salviano se refere às explicações moralistas para a queda do Império Romano. Para Gibbon, o Império caiu pela decadência moral de seus habitantes (no que concorda com Salviano). Porém, Gibbon discorda de Salviano ao atribuir ao Cristianismo parte da responsabilidade por essa decadência moral; para ele, a nova ética cristã desfavorecia o espírito combativo que era necessário ao exército (e que, concordando com Vegécio, entendia como causa da decadência). Salviano, que era ferrenho defensor do Cristianismo, só conseguia ver a queda como castigo divino. TÓPICO 2 Questão única: Quando Pirenne estabelece como marco inicial da Idade Média o avanço do Islamismo, que sentidos para a história ele está, implícita ou explicitamente, atribuindo? Quais os significados que ele dá para os marcos tradicionais e para o marco que ele próprio estabelece? Perceba que um dos “marcos” dessa controvérsia é o papel que os povos germânicos teriam entre a tomada do Império (século V) e o confronto com o Islã (século VII). Perceba também que a coroação de Carlos Magno se torna, na análise de Pirenne, um símbolo que demarca uma transformação significativa. O que você pensa a respeito disso? 6 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD H I S T Ó R I A M E D I E V A L R.: Não há uma resposta precisa; a intenção da pergunta é fomentar a reflexão e o debate. Alguns dos elementos que podem balizar o debate são os seguintes: ao estabelecer como marco inicial da Idade Média o avanço do Islamismo, Pirenne desloca as explicações para esse surgimento para o eixo econômico-comercial, retirando-o do eixo político-jurídico tradicional. Para ele, a queda de Roma não foi um evento tão decisivo, pois não proporcionou uma transformação econômica dramática quanto a que trariam os árabes. O foco de Pirenne está muito mais na oposição entre cristãos e muçulmanos do que entre romanos e “bárbaros”. Os bárbaros, em sua interpretação, ter-se- iam integrado àestrutura econômica e religiosa romana por volta do século VIII, e sentiram-se tão ameaçados quanto esses, pelo avanço muçulmano. Por isso, a coroação de Carlos Magno seria um dos símbolos desse novo tempo, em que o conceito de Cristandade passa a fazer sentido, em oposição ao Islamismo. A Cristandade recém-“inventada” estaria, além disso, situada geograficamente em outro conceito a ser inventado – a “Europa”, sobretudo, após o Grande Cisma de 1054, na “Europa Ocidental”. TÓPICO 2 Questão única: Prezado acadêmico(a), você consegue imaginar quais seriam as “explicações” para o surgimento e para o final da Idade Média que são apresentadas por historiadores que usam os marcos que já vimos até agora? Queda de Roma/tomada do Mediterrâneo pelos árabes, para o início; tomada de Constantinopla/descoberta da América/Reforma Religiosa, para o final? Você consegue imaginar outras possíveis periodizações? Conseguiria sintetizá-las entre dois eventos? Consegue perceber que essas sintetizações são completamente arbitrárias? R.: Explicações baseadas nos marcos tradicionais (queda de Roma e de Constantinopla) vinculam a Idade Média ao exercício do poder político, entendendo o Império Bizantino como uma continuação do Romano; são políticas e eurocêntricas – ou mesmo “romanocêntricas”. A tese de Pirenne, além de colocar aspectos econômicos à frente dos políticos, desloca sutilmente a balança de poder: para ele, os muçulmanos eram uma força de considerável influência na Europa medieval – que não era, portanto, tão fechada sobre si mesma quanto seus ideólogos gostariam de acreditar. Os marcos finais da Idade Média descritos contêm simbolismos poderosos: a conquista da América carrega um elemento de expansão religiosa, militar e política muito grande, e a Reforma Religiosa coloca a religião e suas transformações no centro do palco. No conjunto, faz mais sentido considerar que todos esses elementos, e mais vários outros, confluíram para criar um 7UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES H I S T Ó R I A M E D I E V A L mundo novo, mas nenhum deles é capaz de explicar sozinho esse mundo. Porém, colocar um deles como marco, em vez de outro, traz significados que o historiador evidentemente põe em evidência propositalmente. As possíveis periodizações são incontáveis: pode-se falar, por exemplo, em três períodos na Idade Média, ou separá-la por séculos, ou estendê-la até a Revolução Francesa, como faz Le Goff; pode-se iniciá-la na divisão do Império Romano, na queda de Roma, no reinado de Justiniano, nas invasões árabes... Tudo depende do sentido que se quer dar para o período e para suas subdivisões. TÓPICO 2 1 Que relações podem ser estabelecidas entre a ideia de Gibbon e o contexto histórico em que ele vivia, de difusão dos ideais iluministas? R.: Gibbon era um representante do Iluminismo inglês. A resposta deve enfocar o anticlericalismo do movimento e a consequente condenação do papel da Igreja durante o período medieval. Como se entendeu a Idade Média como a Idade da Fé, o período é visto como decadência, nesse caso do mundo clássico. O(A) acadêmico(a) pode retirar inspiração do final do item 2.1, que trata do Iluminismo. 2 Baseado nas teorias apresentadas nesta seção, tente elaborar uma explicação abrangente para a decadência do Império Romano do Ocidente e o surgimento do mundo medieval. R.: As respostas mais adequadas se basearão nas interpretações de Bark e de Rostovtzeff. O(A) acadêmico(a) pode incorporar as ideias de decadência moral de Gibbon, mas uma resposta baseada principalmente nelas estará incorreta. Da mesma forma com Henri Pirenne: o ‘comércio mediterrâneo’ pode ser mencionado de passagem, mas diversos historiadores já se ocuparam em demonstrar que as teses de Pirenne são muito limitadas. TÓPICO 3 Questão única: Tente imaginar a vida moderna baseando-se nas trocas de produtos e em pagamentos in natura. Seria possível? Se o dinheiro não circulasse entre nós, seria viável vivermos em cidades? Como as pessoas fariam para sobreviver? 8 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD H I S T Ó R I A M E D I E V A L R.: Se o dinheiro não circulasse, as pessoas precisariam produzir diretamente o alimento que consomem, e haveria mais dificuldade para a vida em cidades. Certamente as cidades grandes, do tamanho de São Paulo, Curitiba ou mesmo Florianópolis, seriam inviáveis. Seria muito mais difícil garantir a segurança pública, a oferta de serviços básicos, a comunicação e os transportes. As pessoas viveriam de forma mais precária e precisariam recorrer aos poderosos locais para sua segurança, que seria paga na forma de trabalho ou serviços. A intenção dessa observação é mostrar ao(à) acadêmico(a) que a ruralização da Europa estava intimamente ligada ao enfraquecimento do comércio. Mas, inversamente, a ruralização, à medida que acontecia, também enfraquecia o comércio ainda mais. TÓPICO 3 Questão única: De que formas as alianças com os foederati representavam um indício de fraqueza do Império Romano? Tente pensar em todas as razões que puder. R.: Alguns indícios: 1- As invasões dos povos germânicos (chamados de “bárbaros”) eram um sinal de que o exército romano estava enfraquecido, e que os bárbaros conseguiam invadir sem grandes dificuldades. 2- A necessidade de converter os povos estrangeiros em foederati demonstra que esses povos tornavam-se fortes demais para serem ignorados, a ponto de ser necessário criar alianças com eles. 3- A submissão desses povos não era, realmente, uma submissão, mas um acordo de cessão de poder em determinadas partes do território do Império; na prática, os foederati ganhavam o direito à autonomia em suas novas terras, embora sua autoridade não se aplicasse aos cidadãos romanos ali existentes. 4- O poder que os romanos cediam aos foederati se traduzia em enfraquecimento econômico, militar e político do Império, e não havia meios de reverter esse enfraquecimento – ao contrário, tornava-se cada vez mais necessário recorrer ao foedus como reação às contínuas invasões. 5- Os foederati, por não serem regidos pelas leis romanas, tinham sua própria compreensão dos termos do acordo com os romanos, e tornavam esse acordo muito instável e uma fonte inesgotável de tensão. TÓPICO 3 1 Explique a relação entre a crise do escravismo e a decadência do Império Romano. 9UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES H I S T Ó R I A M E D I E V A L R.: Resposta pessoal. Uma resposta adequada deverá associar a crise do escravismo à crise econômica profunda que se abateu sobre o Império. 2 Estabeleça uma relação entre a pressão dos bárbaros e as crises políticas do Império. R.: Os bárbaros se aproveitavam da fraqueza de Roma e contribuíam para enfraquecer ainda mais o Império, introduzindo um elemento estranho e assolando as cidades e campos, saqueando e exigindo tributos. 3 Como foi dito no tópico anterior, William C. Bark acredita que o Império Romano caiu por causa das tentativas de mantê-lo. Encontre neste tópico elementos que permitam confirmar essa teoria. R.: As reformas de Diocleciano e de Constantino são pontos importantes, bem como a concessão de foedus aos bárbaros, tentando aliviar a pressão sobre as fronteiras e a permissão dada a eles para seguirem suas próprias leis. Outros elementos incluem a adoção da economia natural e a fixação dos trabalhadores às suas atividades, depois tornadas hereditárias. TÓPICO 4 1 Quais as razões da forte aliança celebrada entre a Igreja e os reis francos? R.: De todos os povos germânicos que invadiram o Império Romano do Ocidente, os francos foram um dos poucos que adotaram o Cristianismo em sua versão oficial, Católica Romana, desde o início. A maioria dos demais foi convertida pelos arianistas, e, portanto,foi necessário “recatequizá-los”, posteriormente. Isso favorecia a aliança da Igreja com os francos, entendidos como capazes de auxiliar o papa nesse processo. A vitória do major domus Carlos Martel sobre os muçulmanos em Poitiers reforçou a imagem dos reis francos como guardiães das fronteiras e da unidade cristã, a partir do século VIII. 2 Discorra sobre o papel da Igreja na organização da sociedade medieval. R.: A Igreja serviu como forma de contato entre a cultura romana e as culturas germânicas e como veículo difusor de tecnologias para os germânicos. Em um período tão conturbado politicamente, como o início da Idade Média, a Igreja foi a única instituição que se manteve estável, o que trazia segurança 10 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD H I S T Ó R I A M E D I E V A L para as pessoas. A Igreja ajudou também a preservar conhecimentos da Antiguidade e elaborou uma nova ética de trabalho e devoção, que se tornaria a Regra de São Bento, obedecida pela maioria dos monges nos primeiros séculos da Idade Média. TÓPICO 5 1 Elabore uma síntese explicativa sobre o Islamismo. R.: O(A) acadêmico(a) deverá referir-se aos princípios básicos da religião islâmica: a) É uma religião monoteísta (acredita em um único Deus), abraâmica (baseia sua herança cultural e religiosa no legado do patriarca Abraão, tal como o Judaísmo e o Cristianismo). b) Seus princípios fundamentais estão contidos no Alcorão, o livro sagrado. c) Entre as obrigações do fiel estão os cinco pilares: o testemunho (“Só há um Deus e Maomé é o seu profeta”), as preces diárias (cinco) voltadas para Meca, os tributos, o jejum durante o Ramadã e a peregrinação (el-Hajj) a Meca pelo menos uma vez na vida. d) O texto do Alcorão é complementado pelas Sunas e pelos Hadiths, que ajudam a compor um complexo sistema jurídico e cultural – a sharia, lei islâmica. UNIDADE 2 TÓPICO 1 1 Como vimos, os habitantes do Império Romano do Oriente consideravam-se herdeiros diretos e legítimos do Império Romano, e assim intitulavam-se. A partir de um certo momento, contudo, é possível perceber alguma ruptura entre os costumes e a organização social oriental em relação à dos romanos, o que de fato nos permite falar em uma cultura especificamente “bizantina”. Quando isso ocorre e devido a que fatores? R.: O Imperador Heráclio (575-641) recuperou grande parte do poderio militar e econômico de Constantinopla, que estava enfraquecida após as custosas 11UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES H I S T Ó R I A M E D I E V A L campanhas militares de Justiniano e da crise econômica que se sucedeu, que levou, entre outros protestos, à célebre Revolta de Nika. Também promoveu modificações na burocracia bizantina, como a adoção do grego, o que favoreceu a aproximação com a cultura da população local, que nunca havia utilizado o latim correntemente. A partir desse momento, a sociedade bizantina assumiu um caráter cada vez mais específico. 2 Que relação simbólica é possível traçar entre o fim das conquistas militares e essa “helenização” do Império Romano do Oriente? R.: O abandono das pretensões de reconquista dos antigos territórios ocidentais do Império e a concentração na região dos Bálcãs e da Ásia Menor (Turquia) podem ser entendidos como fenômenos representativos de uma mudança de perspectiva. A partir daquele momento, os imperadores orientais renunciavam, na prática, a restaurarem o antigo Império Romano em sua máxima extensão e se voltavam para a região em que o caráter especificamente grego da cultura era mais forte. O Império Bizantino do século X era menor em extensão, porém, mais próspero do que o de Justiniano. TÓPICO 2 Questão única: A partir do que foi exposto no texto anterior, por que os grandes proprietários rurais representaram uma ameaça ao poder do Basileus e, consequentemente, do Império Bizantino? R.: O Império Bizantino era um Estado autocrata, no qual o poder político estava concentrado nas mãos do Imperador (em grego, Basileus). Ele era considerado por seu povo como o legítimo representante de Deus na Terra e, por isso, detinha poderes absolutos. Mas, embora o poder fosse hereditário, isso não era garantia de continuidade da dinastia: os golpes de Estado em Bizâncio eram comuns e resultavam, em último caso, no assassinato dos governantes. TÓPICO 2 Questão única: Agora, sugerimos que você elabore uma pesquisa. Procure identificar em que momento da história ocidental o conflito em torno do uso litúrgico das imagens reapareceu. A seguir, elabore um texto relacionando a “Querela das Imagens” em Bizâncio e as disputas do uso das imagens nesse outro período histórico (aquele que você identificou). O texto deve ter no mínimo uma lauda (uma página). 12 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD H I S T Ó R I A M E D I E V A L R.: O período histórico em que esse conflito sobre o uso litúrgico das imagens apareceu foi a Reforma Protestante do século XVI. Martinho Lutero e diversos outros reformadores consideravam idolatria a presença de imagens de Jesus Cristo, Maria e dos santos (que são considerados homens comuns pela liturgia luterana). A partir da comparação entre esses dois períodos, a Iconoclastia Bizantina e a Reforma Protestante, o(a) acadêmico(a) deverá desenvolver seu texto. TÓPICO 2 1 Por que as controvérsias religiosas bizantinas constituíam uma ameaça tão séria à autoridade do Basileus? R.: O Império Bizantino foi constituído como um estado teocrático, ou seja, o poder político não se dissociava do poder religioso; mais especificamente, era o que Édouard Perroy denominou cesaropapismo – o poder político (césar) e religioso (papa) estava concentrado na mesma pessoa. Portanto, todas as dissidências religiosas representavam, também, contestações à autoridade do Basileus, e como tal deviam ser combatidas tanto pelas motivações religiosas quanto pelas políticas. 2 Quais eram as motivações políticas do movimento iconoclasta? R.: Os imperadores buscavam, com a destruição das imagens, contestar o poder dos mosteiros e, indiretamente, dos grandes proprietários de terras orientais e garantir um controle mais absoluto do território nas mãos do Basileus. Há também a possibilidade de que a iconoclastia buscasse uma aproximação com o pensamento religioso de judeus e muçulmanos, para os quais a representação antropomórfica de Deus era proibida. Isso poderia se dar por influência dessas populações ou como estratégia para facilitar a conversão desses povos, caso seus territórios fossem conquistados. TÓPICO 3 1 Qual a relação que se pode estabelecer entre religião e Estado para entender a expansão do Islã? R.: A relação entre religião e Estado foi fundamental para a expansão do Islã. Para interpretar essa questão, o(a) acadêmico(a) poderá abordar alguns dos seguintes pontos: 13UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES H I S T Ó R I A M E D I E V A L a) A importância da religião para os muçulmanos. O termo Islam significa “submissão a Deus” e os muçulmanos levam esse preceito muito a sério. As ordens do Alcorão, do profeta, dos califas e dos líderes religiosos são seguidas à risca, como ordens vindas diretamente de Deus. b) O Islamismo prega a expansão da fé e das mensagens de Maomé, por meio do jihad. c) A união entre os poderes religiosos e políticos nas mãos de Maomé e, posteriormente, dos califas, possibilitou a organização militar. d) A religião em comum e a política de igualdade entre os muçulmanos pregada no Alcorão permitiu a unidade cultural da ummah (a comunidade islâmica), e favoreceu as trocas comerciais entre vastas regiões, de Portugal até a China. e) A política de tolerância religiosa com os dhimmi (povos do Livro) – cristãos e judeus – favoreceua estabilidade política das regiões conquistadas e as trocas culturais entre povos distintos. 2 Selecione algum filósofo ou cientista do mundo muçulmano no período em questão e escreva uma biografia e uma breve descrição de seu pensamento ou descobertas. R.: A resposta dependerá do filósofo ou cientista escolhido. Entre as possíveis escolhas, encontram-se Averróis, Avicena, Al-Ghazali, Omar Khayyám, Ibn Khaldun, Al-Farabi, al-Khwarismi, Al-Idrisi, Ibn Battuta e muitos outros, inclusive o judeu Maimônides. 3 De acordo com o texto “As mulheres na cidade”, quais os direitos e deveres da mulher muçulmana, segundo a sharia? R.: Dentre os pontos que podem ser abordados na resposta dessa questão incluem-se: ● Direitos: a) Administrar propriedades e negócios. b) A noiva recebia um dote do noivo, que se tornava parte do patrimônio da esposa. c) A esposa tinha direito a roupas adequadas, casa e de um tratamento digno. d) A contracepção poderia ser feita com o consentimento da esposa. e) A esposa poderia divorciar-se do marido em caso de impotência, loucura e negação de seus direitos. f) A esposa tinha direito à indenização, caso o marido a repudiasse. Nesse caso, ela retornaria à casa dos pais e teria o direito de levar consigo seus bens. g) Em caso de separação, ela ficaria com a custódia dos filhos até certa idade. 14 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD H I S T Ó R I A M E D I E V A L ● Deveres: a) A reclusão ao ambiente privado. b) A mulher deveria sempre ter um guardião (pai, irmão, tio, ou o marido). c) Para casar-se, a mulher necessitava do consentimento do pai. d) A mulher devia obediência ao marido. TÓPICO 4 Questão única: Prezado(a) acadêmico(a), você não acha que fica bem mais fácil perceber, a partir dessa “visualização de dentro” da sociedade do início da Idade Média, as razões pelas quais o Estado era descentralizado e o comércio era fraco na Europa? A que você pode atribuir a diferença entre essa situação e os períodos posteriores (Idade Moderna) e, principalmente, anteriores (Idade Antiga)? R.: O comércio fraco era a causa principal da descentralização política da Idade Média. Havia, porém, fatores que influenciavam essas duas características dessa época, e contribuíam para mantê-las vivas por muito tempo. A precariedade das estradas – muito antigas (séculos) e mal conservadas – era um dos fatores importantes. Mas o importante, mesmo, neste exercício, é levar o(a) acadêmico(a) a “fugir aos esquemas”: tentar escapar tanto da visão triunfalista dos valorosos senhores como da visão estruturalista do feudalismo como modo de produção fechado em si mesmo, com uma superestrutura ideológica clerical-senhorial, para observá-lo “de baixo”, ou seja, tentando imaginar de que forma a estrutura social existente e os conflitos sociais, culturais e ideológicos que ali havia contribuíam para forjar aquela sociedade da forma como era, diferente tanto da sociedade antiga que a precedeu quanto da sociedade moderna que a sucederia. TÓPICO 4 1 Explique o papel dos francos na formação do feudalismo. R.: Eles consolidaram um domínio poderoso no início da Idade Média, tornaram-se católicos e submeteram os outros povos que haviam se convertido ao arianismo, assim difundindo o catolicismo. Combatendo os sarracenos e aliando-se ao papa, deram origem à ideia de cristandade, que baseou a unidade cultural europeia da época. Seus costumes de delegar a decisão ao chefe local e dividir o reino entre todos os herdeiros deu muito poder aos condes e duques e fragmentou rapidamente o império de Carlos Magno. 15UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES H I S T Ó R I A M E D I E V A L 2 Quais as causas da recuperação demográfica da Europa Ocidental a partir do século X? R.: O fim das invasões, com a cristianização dos vikings, magiares e eslavos; a relativa pacificação, com a redução e a transformação das atividades militares; a redução das possibilidades de contágio de doenças e o recuo das epidemias; a melhoria progressiva nas técnicas de produção. 3 Por que a primogenitura, como critério de sucessão, passou a ser adotada na Europa medieval? R.: A contínua fragmentação dos feudos, depois de sucessivas divisões ao longo de muitas gerações de senhores, fez com que estes, em sua grande maioria, não fossem mais viáveis economicamente se novamente divididos. Para evitar a ruína do feudo e de todos os descendentes, alguns senhores passaram a adotar uma medida extrema: legar o feudo, sem divisões, ao filho mais velho (primogênito). Os demais passaram a constituir um excesso populacional, e buscaram a carreira eclesiástica ou militar, submetendo-se a um senhor mais poderoso em busca de terras disponíveis e uma herdade. 4 O que foi a expansão interna da sociedade, e quais as suas consequências? R.: Foi o progressivo avanço da sociedade feudal sobre terras antes improdutivas e a melhoria das técnicas de cultivo (com a introdução do moinho d’água, a rotação de culturas trienal), de transporte (novas estradas, atrelagem de animais, ferraduras e carroças) e das condições de vida da população. Essas transformações geraram um grande aumento populacional e favoreceram o crescimento das cidades e os movimentos de expansão como as Cruzadas. UNIDADE 3 TÓPICO 1 1 Quais foram as origens sociais e as motivações econômicas e religiosas das Cruzadas? R.: As principais origens sociais das Cruzadas foram a pressão sobre a estrutura feudal, causada pelo aumento populacional e pela adoção da 16 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD H I S T Ó R I A M E D I E V A L primogenitura na herança dos feudos, que gerou uma grande massa de nobres despossuídos e ávidos por conquistas. As motivações econômicas eram o desejo da nobreza militar por terras e o interesse das cidades-estados italianas pelas lucrativas rotas comerciais. As motivações religiosas eram a recuperação do prestígio da Igreja após as disputas entre o papado e o Sacro Império e a garantia de segurança aos peregrinos cristãos à Terra Santa, que haviam ficado em situação mais difícil com o domínio dos turcos seljúcidas sobre a região. 2 Por que as Cruzadas podem ser consideradas um momento de ruptura que fez nascer um novo mundo para a cristandade ocidental? R.: Porque a partir das Cruzadas, depois de séculos de isolamento, a sociedade cristã ocidental finalmente voltou a integrar-se às grandes rotas de comércio mundial. Tal fato propiciou um renascimento do comércio regional no interior da Europa, fomentando o ressurgimento e desenvolvimento do mundo urbano. 3 Após ler o texto “Os canibais de Maara”, responda: Quem eram os franj? De que forma eles foram representados pelos habitantes de Maara? R.: Os franj eram os cruzados, provenientes da Europa Ocidental. O termo provém de franco. Eles foram vistos pelos habitantes de Maara como invasores de suas terras, selvagens e extremamente cruéis, chegando ao ponto de assarem e devorarem as crianças da cidade. TÓPICO 2 1 Relacione alguns dos impérios que prosperaram ao longo da rota da seda, desde o século I d.C. até o século XV. R.: As regiões orientais do Império Romano tardio; as dinastias chinesas Han, Jin, Tang, Liao, Song e Yuan; os impérios de origem persa, dos partos e sassânidas; os califados muçulmanos dos omíadas e abássidas; os canatos e a dinastia dos seljúcidas, de origem turca; os impérios da Ásia Central da Sogdiana, da Corásmia e do Curasão. Outros reinos podem ser incluídos, se o(a) acadêmico(a) se aprofundar na resposta. 2 Alguns estudiosos afirmam que as invasões mongólicas teriam originado ou, pelo menos, acelerado o surgimento da Era Moderna. Que elementos podem ser encontrados para corroborar essa ideia? 17UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADESH I S T Ó R I A M E D I E V A L R.: Os mongóis destruíram diversos impérios e depuseram muitas dinastias por onde passaram. Isso quebrou as unidades territoriais estabelecidas, desequilibrou os jogos de poder regionais e abriu espaço para novos protagonistas – como foi o caso da Europa. A destruição da Grande Biblioteca de Bagdá é apontada como o marco final da Era de Ouro islâmica. A Europa ocidental herdou parte desse poder perdido. A China Ming, posterior à dinastia mongol dos Yuan, aos poucos fechou-se para o mundo e abriu espaço para o comércio europeu das especiarias. A Grande Peste, trazida pelos mongóis de alguma parte da Ásia, quebrou o sistema feudal europeu e abriu oportunidades para o capitalismo nascente. TÓPICO 3 Questão única: Todos esses problemas eram atribuídos à interferência leiga na Igreja. Mas, será que era realmente assim? Você consegue perceber o quanto há de questões internas da Igreja em todas essas questões? Dentre esses três problemas (simonia, casamento clerical e possível divisão do patrimônio), qual lhe parece o que mais preocupava os líderes da igreja da época? E por qual motivo? Algum deles lhe parece pouco importante, do ponto de vista político ou doutrinário? Explique. R.: Provavelmente, os acadêmicos dirão que o mais importante era a possível divisão do patrimônio da Igreja e os motivos para isso são econômicos e políticos. Mas é importante frisar que as outras questões também são relevantes, do ponto de vista econômico, político e doutrinário. A simonia afetava a credibilidade da Igreja e contaminava as questões religiosas com interesses políticos e econômicos. O casamento clerical não era bem recebido moralmente, nem doutrinariamente (o sexo como pecado). TÓPICO 3 1 São Francisco de Assis foi recebido pelo Papa Inocêncio III em Roma e dele recebeu autorização para a criação de suas ordens religiosas. O mesmo Inocêncio III ordenou a “cruzada” contra os cátaros albigenses do sul da França. É possível traçar uma relação entre os dois eventos? De que forma eles se vinculam ao movimento reformista da Igreja que estava em curso desde o século XI? R.: São Francisco de Assis propunha uma fé mais simples, mais próxima do que ele acreditava ser o que se esperava de um cristão e de como os cristãos 18 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD H I S T Ó R I A M E D I E V A L primitivos viviam ou deveriam viver. Isso está plenamente de acordo com o sentido “reformista” da Igreja a partir do século XI – “reforma” significava “retornar à forma original”. Também os cátaros buscavam uma vida mais simples e mais pura, mas afastavam-se demais da ortodoxia cristã; por isso, foram perseguidos. Tanto São Francisco quanto os cátaros adotavam essa atitude embora proviessem dos segmentos mais abastados de suas regiões de origem, em função das atividades comerciais. Outra vinculação que existe entre esses movimentos é o fato de São Francisco e os cátaros haverem surgido em meios urbanos, e buscarem maneiras, de certa forma opostas, de lidar com esse ambiente. É interessante lembrar que São Francisco de Assis desaconselhava seus seguidores a frequentarem o meio universitário, mas em poucos anos os franciscanos eram maioria nas universidades. Os cátaros surgiram em uma região cercada de universidades (Toulouse e Montpellier) e, portanto, estão, também, imersos nesse meio. 2 Sintetize os principais embates religiosos e sociais do período entre os séculos XI a XIII na Europa ocidental. R.: O(A) acadêmico(a) poderá fazer referência a questões religiosas, tais como: a) A disputa entre Pedro Abelardo e Bernardo de Clairvaux, que opunha, entre outras coisas, a concepção sobre o pecado. b) O pensamento ortodoxo da Igreja Católica e a concepção gnóstica de mundo dos cátaros. c) Os dogmas da Igreja Católica e a razão necessária para explicar-se o mundo. Do ponto de vista social, podem ser exploradas questões como: a) A relativa independência feminina, pelo menos em certos segmentos sociais, exemplificada em Heloísa. b) O ressurgimento das cidades como concentradoras de população, e do modo de vida urbano como consequência disso, em complementação à plena difusão dos feudos como estrutura agrária e social. c) A busca pela simplicidade, característica da sensibilidade de algumas pessoas que se incomodam com o luxo e a futilidade característicos de períodos de prosperidade. d) A relativa escassez de fontes antigas de literatura e filosofia disponíveis antes do contato com as bibliotecas árabes e a profusão de conhecimentos sobre esse período depois disso. e) A necessidade de conciliar as fontes da Antiguidade, até então perdidas no Ocidente, com as doutrinas tradicionais da Igreja e com as técnicas disponíveis até aquele período. 19UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES H I S T Ó R I A M E D I E V A L f) O surgimento das universidades como centros de produção de conhecimento, em uma época em que a grande maioria da população não tinha acesso nem mesmo à alfabetização. 3 A partir do que você pôde apreender da leitura deste tópico, qual lhe parece ter sido o alcance das transformações na Igreja e na sociedade europeias a partir do século XI? Foram profundas, consideráveis, superficiais ou ilusórias? Justifique seu ponto de vista. R.: As transformações na Igreja podem ser caracterizadas como consideráveis ou profundas, conforme a avaliação do(a) acadêmico(a), mas não foram, certamente, superficiais, nem mesmo ilusórias. Podem ser consideradas profundas se levarmos em conta que: a) O movimento monástico e reformista buscava adequar a Igreja a um período histórico notavelmente distinto do anterior. b) A filosofia escolástica estava baseada em obras que, havia poucos séculos, eram desconhecidas na Europa. c) A sociedade abria-se à possibilidade de ideias divergentes e discussões teológicas nas universidades, embora isso fosse algo ainda muito raro. Os que argumentarem que as transformações são apenas “consideráveis”, com base no fato de que os dogmas centrais da Igreja não se alteraram, devem compreender que a Igreja baseia-se na estabilidade de suas crenças, e que os dogmas centrais, justamente por serem centrais, não podem ser negados sem que todo o edifício teológico da Igreja desmorone – o que, evidentemente, não ocorreria. Se conseguirem sustentar seus argumentos, levando em conta essa ressalva, muito bem. Argumentações desmerecendo o impacto das mudanças com base em noções de senso comum do tipo “a Igreja é só uma alienação/ religião é o ópio do povo/ a Igreja é corrupta/ os padres não acreditam de verdade no que pregam” não merecem credibilidade, e tal perspectiva deve ser desaconselhada entre os acadêmicos, por serem apenas posições ideológicas anticlericais sem base de argumentação – apenas “achismos” baseados em lugares-comuns. 4 Escreva um pequeno texto no qual você, caro(a) acadêmico(a), estabeleça relações entre algum dos textos das leituras complementares e o conteúdo tratado ao longo do tópico. R.: Resposta pessoal. 20 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD H I S T Ó R I A M E D I E V A L TOPICO 4 1 Como se deu e qual o significado do renascimento comercial da Europa Cristã? R.: As Cruzadas, se fracassaram enquanto empreendimento militar de conquista de terras, tiveram o mérito de abrir o Mar Mediterrâneo ao comércio ocidental. A partir de então, através das cidades italianas, o Ocidente voltou a se conectar às grandes rotas do comércio oriental. O florescimento da rota da seda após as conquistas mongólicas favoreceu ainda mais, indiretamente, esse comércio renovado. Além disso, a disseminação do comércio pelo interior da Europa foi o motor de todas as grandes transformações da Baixa Idade Média: o renascimentocomercial, a monopolização de poder pelas cortes medievais, o renascimento cultural. 2 Quais os fatores que levaram a Europa Cristã a ter um incremento dos centros urbanos a partir do século XII? R.: O aumento da população, que não era absorvida pelas estruturas vigentes, e o renascimento comercial, que criou nos pontos de trocas – as feiras – um local de atração para o excesso social de população. 3 O que eram as guildas ou corporações de ofício? R.: Podemos definir corporação como um conjunto de indivíduos da mesma profissão, reunidos em um corpo institucional, com seus regulamentos próprios, seus privilégios. Nas cidades medievais, todos os artesãos, comerciantes e mercadores agrupavam-se em guildas ou corporações de ofício. Através delas, detinham o monopólio do mercado local, garantiam um sistema econômico estável e sem concorrência, estabeleciam preços uniformes, punindo os transgressores. Além disso, as guildas criavam uma forte união entre seus membros, pois funcionavam também como sociedade beneficente ou irmandade de ajuda mútua em casos de necessidade extrema. 4 Como era a forma de governo mais característica das cidades medievais? R.: A forma de governo da maioria das cidades era uma espécie de República oligárquica. Geralmente, cada guilda indicava seu representante para um conselho urbano. Este conselho lançava taxas e impostos, cuidava dos reparos nas muralhas e nas ruas, fundava serviços de caridade, fiscalizava os mercados, mantinha uma milícia urbana, além de legislar sobre questões de urbanismo e saúde pública. 21UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES H I S T Ó R I A M E D I E V A L 5 O que foi o movimento comunal? R.: A partir do século XI, algumas cidades começaram uma luta, sempre renovada, para conseguir cartas e forais de seus senhores locais. Esses documentos garantiam oficialmente certa autonomia da cidade em relação ao castelo que controlava a região, autonomia configurada em alguns direitos, tais como: governo próprio, promulgação de leis e lançamento de impostos. 6 Por que as cidades perderam sua liberdade em fins da Idade Média? R.: O uso da infantaria e da artilharia por parte das nascentes monarquias nacionais derrubou as muralhas e tirou a liberdade das cidades medievais, que só voltariam à cena – de forma definitiva – a partir das revoluções burguesas dos séculos XVII e XVIII. TÓPICO 5 1 Que fatores contribuíram para a constituição das cortes medievais a partir do século XII? R.: O crescimento do comércio e da circulação de riquezas beneficiou alguns poucos senhores, em detrimento da imensa maioria de senhores secundários que ainda permaneciam ligados à economia natural. Isto provocou um desequilíbrio nas antigas relações feudais. Enquanto nos clãs menores faltavam terras para permitir que todos os filhos fossem herdeiros, aqueles grandes senhores podiam agora absorver esse excesso de população de nobres sem terra. Servidos por este novo exército de cavaleiros e com uma fonte de renda quase inesgotável – as cidades situadas em seu território –, as cortes desses grandes senhores constituíram-se, assim, numa nova força monopolista de poder territorial e político. 2 Por que as cortes medievais podem ser consideradas como mecanismos monopolistas de poder político e por que se atribui à competição entre elas o aparecimento do Estado Nacional Absolutista? R.: Porque, ao absorver o excesso social de população e constituir um novo exército de cavaleiros, as cortes vão impondo sua autoridade aos senhores menores. Este processo de eliminação culmina na luta dos últimos competidores: os Capetos e os Plantagenetas, protagonistas da Guerra dos Cem Anos. 22 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD H I S T Ó R I A M E D I E V A L 3 Por que a emergência dos Estados Nacionais Absolutistas significou uma derrota dos elementos universalistas da Europa Medieval? Qual a consequência, em longo prazo, desta derrota? R.: Durante muito tempo, os poderes universalistas, Papado e Sacro Império, lutaram pela hegemonia na Europa medieval. A luta desgastou os competidores, pois seus objetivos ilimitados só seriam atingidos pela submissão do outro. Contudo, a constituição das cortes medievais – e dos Estados-Nação delas advindos – foi resultado da vitória dos poderes particularistas (nação, língua vernácula, senhores específicos). Neste sentido, se a Concordata de Worms definiu a vitória do Papado sobre o Sacro Império, o episódio do Cativeiro de Avignon significou a vitória do rei da França – Felipe IV – sobre o Papado. A derrota do Império e da Igreja significou um atraso considerável para suas bases nacionais (Alemanha e Itália), e suas consequências foram sentidas até mesmo no século XX. Perdidas as chances de obter colônias no Novo Mundo nos séculos XVI-XVIII, sem unidade nacional até o século XIX, secundarizadas na partilha da África e da Ásia no final do século XIX e início do XX, os governantes da Alemanha e da Itália sentiam cada vez mais a necessidade de sustentar seu poderio econômico na virada do século XX com maior proeminência política, e adotaram políticas agressivas, que estão na origem dos conflitos das guerras mundiais. 4 Por que e em que medida as cortes medievais contribuíram para refinar o comportamento dos machos e promover a condição feminina na Baixa Idade Média? R.: Nas cortes medievais, pelo aumento da interdependência entre as pessoas de diferentes clãs, numa mesma ordem hierárquica, forjaram-se as primeiras normas de conduta ditas corteses. Através destas normas, refinou-se o comportamento dos homens e elevou-se a condição social das mulheres.
Compartilhar