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INTRODUÇÃO AO DIREITO DO AMBIENTE

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INTRODUÇÃO AO DIREITO DO AMBIENTE: PERSPECTIVA HISTORICA
MÓDULO I. INTRODUÇÃO AO DIREITO AMBIENTAL
A Revolução Industrial é o marco desencadeador de transformações profundas no paradigma de consumo. Ao mesmo tempo, nos últimos séculos, o mundo experimenta uma explosão demográfica sem precedentes. Passamos de aproximadamente 1 bilhão de habitantes na Terra na virada dos séculos XIX e XX, para 6 bilhões na virada do último século. 
A combinação da transformação no paradigma de consumo com a pressão
demográfica levou o Planeta a uma crise ambiental deflagrada, principalmente, após as duas grandes Guerras Mundiais. 
Passamos a viver em tempos de imensa pressão sobre os recursos, bens e serviços ambientais. Com isso, cresceram as preocupações com o meio ambiente e, consequentemente, com a própria sobrevivência da vida no Planeta.
Diante das constantes agressões ao meio ambiente, comprovadas pela ciência e condenadas pela ética e moral, surge a necessidade de se repensar conceitos desenvolvimentistas clássicos. Neste sentido, se faz imperiosa a agregação de diversas áreas do conhecimento científico, técnico, jurídico e mesmo de saberes de comunidades tradicionais e locais em torno de uma nova teoria de desenvolvimento sustentável. 
Uma forma de progresso que garanta tanto a presente quanto as futuras geração o direito de usufruírem dos recursos naturais existentes.
O direito ambiental está inserido neste contexto. Um ramo do direito que regule a relação entre a atividade humana e o meio ambiente. Por sua natureza interdisciplinar, o direito do ambiente acaba se comunicando com outras áreas da ciência jurídica. Em alguns casos com peculiaridades próprias e distintas, em outros, se socorrendo de noções e conceitos clássicos de outras áreas. 
Assim, o direito do ambiente está intimamente relacionado ao direito constitucional, administrativo, civil, penal e processual. Pelo fato das
actividades poluidoras e de degradação do meio ambiente não conhecerem fronteiras, o direito do ambiente também está intimamente ligado ao direito internacional e, com ele, compõe uma disciplina própria conhecida como direito internacional do ambiente.
Tendo em vista a complexidade do bem tutelado pelo direito do ambiente, faz-se imperiosa a ressalva de não ter o presente material a intenção de esgotar os temas. Pelo contrário, o intuito é organizar o processo educativo em torno de temas centrais e, sobretudo, instrumentais do direito ambiental. Ao final, o objetivo não é outro senão o de agregar conceitos, noções e problematizações típicas do direito do ambiente e que estão, em certo grau, intrinsecamente inseridas na moderna noção de direito da economia e da empresa.
Sendo assim, os principais objetivos do presente módulo são:
• Entender os conceitos formadores do direito do ambiente, sua recente consolidação, autonomia em relação às demais disciplinas clássicas do direito e interdisciplinaridade.
• Proporcionar a precisa identificação e caracterização do bem ambiental, sob o prisma da dimensão fundamental, social e coletiva.
• Conhecer os princípios formadores do direito ambiental, entender a existência
desses princípios e justificar as suas aplicações práticas. Diferenciar os conceitos de princípios similares para melhor articulação da aplicação prática.
• Possibilitar a identificação dos princípios explícitos e implícitos em textos
normativos.
• Reconhecer a importância de disposições constitucionais específicas em matéria de defesa e proteção do meio ambiente.
• Trabalhar a idéia de divisão de responsabilidades em ações de proteção e defesa do meio ambiente entre o Poder Público e a coletividade.
• Elaborar a noção do ambiente ecologicamente equilibrado como direito subjetivo de todos e dever fundamental do Estado.
• Entender o papel do Judiciário na consolidação da proteção ambiental constitucional.
• Identificar os instrumentos processuais constitucionais de defesa do meio
ambiente.
• Identificar e diferenciar as diferentes competências em matéria ambiental.
• Trabalhar e aplicar o sistema de competências na prática.
AULA 1. O SURGIMENTO E A AUTONOMIA DO DIREITO AMBIENTAL
SURGIMENTO DO DIREITO AMBIENTE
Conforme abordado na Introdução, a Revolução Industrial ocorrida no Século
XVIII desencadeia e introduz uma nova forma de produção e consumo que altera significativamente práticas comerciais desde então consolidadas. A transformação no consumo foi seguida por uma explosão demográfica sem precedentes. Como decorrência, o direito teve que passar por uma necessária adaptação e evolução para regular e controlar os impactos nas relações sociais e, mais tarde – potencializado pela revolução tecnológica e da informação –, nas relações com consumidores e com o meio ambiente natural.
O aumento da pressão sobre os recursos naturais, relacionado também com o acelerado crescimento demográfico do último século, chamaram a atenção da comunidade internacional. Países com avançado estágio de desenvolvimento econômico passaram a testemunhar com frequência desastres ambientais em seus próprios territórios. Conjuntamente a este factor, o desenvolvimento científico, principalmente no último século, começou a confirmar hipóteses desoladoras como o buraco na camada de ozônio e o efeito estufa, por exemplo.
É em decorrência desta sucessão de eventos e factos resumidamente explorados no presente tópico que, em 1972, sob a liderança dos países desenvolvidos e com a resistência dos países em desenvolvimento, a comunidade internacional aceita os termos da Declaração de Estocolmo sobre Meio Ambiente. Constituindo-se como uma declaração de princípios (soft law – na terminologia do direito internacional), a Declaração de Estocolmo rapidamente se estabelece como o documento marco em matéria de preservação e conservação ambiental.
Apesar da resistência da delegação brasileira – que à época defendia irrestrito direito ao desenvolvimento, alegando que a pobreza seria a maior causa de degradação ambiental – os conceitos e princípios da Declaração de Estocolmo vão sendo paulatinamente internalizados pelo ordenamento jurídico pátrio. 
A Declaração de Estocolmo passaria a orientar o desenvolvimento de um direito do ambiente, ao redor do mundo até que, em 1992, naquele que foi considerado o maior evento das Nações Unidas de todos os tempos, a comunidade internacional aprova a Declaração do Rio de Janeiro, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Esta Declaração não apenas reitera vários princípios da Declaração de Estocolmo, mas os aperfeiçoa, além de criar outros ainda não previstos. Nesta época já eram inúmeros os ordenamentos jurídicos domésticos contemplando a tutela do meio ambiente e, portanto, contribuindo para a autonomia científica e didática da área.

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