Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
jusbrasil.com.br 29 de Outubro de 2018 Teoria dos Frutos Da Árvore Envenenada e desvairo entre prova ilícita e ilegítima ( Fruits of the poisonous tree ) ou (prova ilícita por derivação) A despeito meus caros, como toda explanação de assunto temos que entender precipuamente o que seria uma prova ilícita e uma prova ilegítima para depois chegarmos no inteiro teor desta matéria, sendo de suma importância sabermos o que seriam estas tais provas, tendo com certeza uma diferença entre estas e por conseguinte entendendo melhor a teoria dos frutos da árvore envenenada. Provas Ilícitas e Provas Ilegítimas As provas ilícitas e ilegítimas podem ser melhor conceituadas pelos ilustríssimos Grinover, Scarance e Magalhães, dizendo que: "A prova é ilegal toda vez que sua obtenção caracterize violação de normas legais ou de princípios gerais do ordenamento, de natureza processual ou material. Quando a proibição for colocada por uma lei processual, a prova será ilegítima (ou ilegitimamente produzida); quando, pelo contrário, a proibição for de natureza material, a prova será ilicitamente (Ilícita) obtida”. Poder-se-ia tomar, assim, a prova ilegal como gênero, do qual são espécies a prova ilegítima (que atenta contra norma processual) e a prova ilícita (que viola princípio constitucional)." Conclui-se então que não existe essa dubiedade entre a prova ilícita e ilegítima, uma vez que podemos dar como exemplo de prova Ilícita, a violão do Art. 5º, inciso LVI da CF que dispõe:"São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos", ou até mesmo quando houver a infranqueabilidade do domicílio como dispõe o Art. 5º, inciso XI da CF"A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem o consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial" ao passo que, essas violações destes dispositivos são ditas como provas ilícitas, ou seja violão normas materiais e princípios constitucionais, gerando assim o seu desentranhamento. Já as provas ilegítimas são aquelas que violam o ordenamento processual penal, ou seja matérias formais da persecução penal e aqui gerando-se nulidade do processo como obtempera o artigo abaixo epigrafado: Artigo 157 do CPP. "São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais". Agora que entendemos o que são provas ilícitas e ilegítimas entremos na famosa e esperada teoria fruit doctrine. A Teoria Fruit of The Poisonous Tree Informando de forma precípua que esta teoria surgiu no caso Silverthorne lumber & Co v. United States de 1920. Muito interessante é esta teoria e como surgiu, pois: No caso em comento, a Suprema Corte Americana considerou inválida uma intimação que tinha sido expedida com base em uma informação obtida por meio de uma busca ilegal. Desta forma, a acusação não poderia usar no processo a prova obtida diretamente da busca ilegal, nem a obtida indiretamente por meio da intimação baseada nesta busca e apreensão. E foi daqui que surgiu uma das teorias mais usadas nos últimos tempos pelos tribunais superiores e tribunais de todo o país, principalmente pelo Supremo Tribunal Federal desde de 2007. Podemos dar como exemplo dessa teoria uma carta interceptada de forma ilegal. Imagine uma carta ilegalmente interceptada em que foi aberta de forma indevida por uma pessoa que não é dono da carta, ao qual está noticia um crime, ato contínuo o individuo leva a carta para a polícia e esta vindo a olhar o que estava escrito, vai até o local e apreende os objetos criminosos em flagrante. Temos aqui duas hipóteses, a primeira revestida de ilegalidade, pois afrontou um princípio constitucional, sendo que é fato típico violar uma carta ilegalmente interceptada, a segunda é a apreensão dos objetos criminosos que foram feitos ao longo da operação. Agora, entre nós, será que são bons os frutos, (apreensão dos objetos criminosos pela polícia) oriundos de uma árvore envenenada ? (carta ilegalmente interceptada), não obstante pode-se verificar que houve um vilipendio do artigo 5º, inciso XII da CF, como lastreado abaixo: "É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual" Portanto, pode-se dizer que não é admitido esse conteúdo probatório, em razão da toxicidade da árvore que transmite aos seus frutos. Isto é, o vício na gênese da prova contamina as provas dela decorrentes, caso fossem produzidas. Influenciadas por essa teoria foi que a doutrina e jurisprudência brasileira tomaram base, uma vez que a jurisprudência do Supremo Tribunal federal é pacífica em não admitir este tipo de prova, não tão somente a prova ilícita é inadmissível, mas toda e qualquer prova dela derivada, ou seja, mesmo que à apreensão dos objetos foi lícita, está também não será admitida, pois eivou-se de uma probante ilícita por derivação, portanto como a primeira não será válida, então qualquer das suas derivações será ilícita, malgrado neste exemplo, aplicaremos a teoria dos frutos da árvore envenenada. O conceito da teoria da árvore envenenada consiste em não admitir provas derivadas das ilícitas. O nosso ordenamento jurídico processual penal conceitua bem e é também pacífico em não admitir no que alude no seu inteiro teor: Artigo 157 § 1.º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciando o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. Provas Ilícitas são admissíveis para o réu, posto a teoria da exclusão de ilicitude da prova ? Esse é um dos mais discutidos assuntos, mas a maioria da doutrina auferi nas suas conclusões que as provas ilícitas com certeza são admitidas tão somente ao réu, mas entre nós, só é por conta de um dos princípios mais usados nos tribunais, sendo esse princípio chamando "favor rei" ou da proporcionalidade. Imaginemos um indivíduo que, para provar sua inocência, comete invasão de domicílio e acha indícios suficientes para se safar de pena que privaria injustamente sua liberdade de locomoção. Consoante a teoria da exclusão da ilicitude, não haveria que se falar em prova eivada de ilicitude, tendo em vista que, como aduz Távora[38], estaria o réu suprimindo um bem jurídico alheio (tutela domiciliar), para salvaguardar outro bem jurídico (liberdade), em face de um perigo atual (a existência de persecução penal), ao qual não deu causa, e cujo sacrifício não era razoável exigir. Está em verdadeiro estado de necessidade, que vai excluir a ilicitude da conduta. A prova produzida é lícita, válida, em qualquer sentido. Portanto o princípio favor rei veio para trazer igualdade no sistema processual brasileiro uma vez determinando no seu inteiro teor , dando ao réu uma oportunidade, igualdade, pois este já está sendo condenado ou indiciado e dando ao Estado, sendo o sujeito ativo da pretensão punitiva ou seja o mais forte, isonomia no seu poder dentro do processo exercendo o seu jus puniendi e dando ao réu oportunidade de ser eivar-se da condenação. Mais adiante, em sua obra, o mesmo Eugênio Pacelli[36] corrobora a própria lição, ao referir que “o exame normalmente realizado em tais situações destina-se a permitir a aplicação, no caso concreto, da proteção mais adequada possível a um dos direitos em risco, e da maneira menos gravosa ao (s) outro (s). Fala-se, então, em proporcionalidade Hipóteses em que a Teoria da Árvore Venenosa não é aplicada. Se o aparelho celular pertencer À VÍTIMA (e não ao autor do fato delituoso)? Pode o policial acessar as conversas do WhatsApp da vítimamorta, cujo celular foi entregue por sua esposa, sem autorização judicial? Pode. Não há ilegalidade na perícia de aparelho de telefonia celular pela polícia, sem prévia autorização judicial, na hipótese em que seu proprietário - a vítima - foi morto, tendo o referido telefone sido entregue à autoridade policial por sua esposa. (STJ. 6ª Turma. RHC 86.076-MT, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 19/10/2017). (Informativo 617). Se o celular foi RECOLHIDO EM BUSCA E APREENSÃO, o policial pode ACESSAR AS CONVERSAS DO WHATSAPP? PODE, e sem necessidade de uma nova autorização judicial! Se o telefone celular foi apreendido em busca e apreensão determinada por decisão judicial, não há óbice para que a autoridade policial acesse o conteúdo armazenado no aparelho, inclusive as conversas do Whatsapp. Para a análise e a utilização desses dados armazenados no celular não é necessária nova autorização judicial. A ordem de busca e apreensão determinada já é suficiente para permitir o acesso aos dados dos aparelhos celulares apreendidos. STJ. 5ª Turma. RHC 77.232/SC, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 03/10/2017. Referências GRINOVER, Scarance e MAGALHÃES. direito processual penal. Rogério Sanches Cunha e Ronaldo Batista Pinto. Ed: jusPodivm. São Paulo: , 2008. PACELLI, Eugênio. Curso de processo penal. 18. Ed. São Paulo: Atlas, 2014. TÁVORA, Nestor. Curso de direito processual penal. 10. Ed. Salvador: Juspodivm, 2015. Disponível em: http://jhonasandreazza.jusbrasil.com.br/artigos/533983186/teoria-dos-frutos-da- arvore-envenenada-e-desvairo-entre-prova-ilicita-e-ilegitima
Compartilhar