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Prestando atendimento à vítima com queimadura As queimaduras são causadas por diferentes agentes etiológicos (térmicos, elétricos, radioativos, químicos e biológicos), nos diferentes ambientes (doméstico e profissional), acidentalmente ou em situações como suicídio e violência. Embora existam serviços referenciados para o atendimento de queimados, a maioria dos clientes busca atendimento por meios próprios, em pronto-socorros localizados nas proximidades da residência ou no local onde ocorreu a lesão. Queimaduras É necessário classificar as queimaduras de acordo com a profundidade do tecido lesado e a extensão corpórea atingida. GRAU PROFUNDIDADE CARACTERISTICAS Primeiro Grau Lesões apenas na epiderme Eritema e dor local Segundo Grau Lesões na epiderme e parte da derme Eritema, dor local e formação de bolhas. Terceiro Grau Lesões da epiderme, derme, hipoderme, músculos e tendões. Lesão seca e branca, com nacarada ( com aspecto de couro Quarto Grau Necrose dos tecidos e /ou órgão internos Formação de escara, ausencia de dor no local, queimaduras de 1 e 2 ao redor. Classificação das queimaduras Extensão da queimadura (superfície corpórea queimada – SCQ): Para queimaduras maiores e mais espalhadas, usa-se a REGRA DOS 9%: Um adulto de frente: 9% = rosto 9% = tórax 9% = abdômen 9% = perna direita 9% = perna esquerda 9% = os 2 braços 1% = órgãos genitais 55%=Sub-total Agora, de costas : 9% = costas 9% = abdômen 9% = perna direita 9% = perna esquerda 9% = os 2 braços 45%=Sub-total 55%(frente) + 45%(costas) = 100% da área do corpo Tratamento pre-hospitalar das queimaduras – menores ( leves) ● Expor e resfriar área queimada imediatamente. O melhor é submergir a área queimada em água em temperatura ambiente, por cerca de 3 a 5 minutos. ● Cobrir o ferimento com curativo úmido frouxo e estéril. ● Retirar anéis, braceletes, cintos de couro, sapatos. ● Conduzir o paciente e oferecer suporte emocional Tratamento para queimaduras moderadas ● Nas queimaduras extensas, o uso de curativos úmidos, frios, pode levar a hipotermia, porque a pele queimada perde a capacidade de auxiliar na regulação da temperatura corporal, �cando a vitima susceptível á perda de calor; quando usados, não devem cobrir mais que 10% da superfície corporal. Tratamento Pré- hospitalar de queimaduras – maiores. ● Avaliar o paciente e manter as VA permeáveis, observando a freqüência e a qualidade da respiração. ● Cobrir toda a área queimada, após expo-la. Usar curativos estéril. Não obstruir boca e nariz. ● Providenciar cuidados especiais para queimaduras nos olhos, cobrindo-os com curativo esteril umido. ● Prevenir o choque transportar oferecendo suporte emocional. É importante que a equipe multiprofissional de saúde conheça como ocorreu e a causa da queimadura. A vítima pode sofrer lesões associadas ao momento da fuga ou explosões, levando ao trauma de órgãos internos. Para o atendimento da vítima de queimadura, é necessário seguir as etapas do ABCDE, identificando lesões com risco de vida ou lesões incapacitantes, acrescentando a este atendimento a observação de algumas particularidades relacionadas ao cliente queimado que poderão auxiliar na escolha e/ou indicação do tratamento. A - Via aérea A presença de edema de laringe e das cordas vocais, expectoração carbonácea, fuligem na orofaringe, chamuscamento dos cílios e das vibrissas nasais e rouquidão são sinais de queimaduras das vias aéreas, sendo importante a sua avaliação para possível necessidade de via aérea definitiva. B – Respiração Na presença de lesão circunferencial, a expansibilidade do tórax pode estar comprometida, necessitando da realização de escarotomia. Vítimas de explosão, além da queimadura, podem apresentar traumatismo torácico. Por esse motivo ela é avaliada nos moldes do ATLS; só depois de descartadas lesões que comprometam a vida, avaliar do ponto de vista da queimadura. Na intoxicação por monóxido de carbono, o cliente pode apresentar dor de cabeça, náuseas e vômitos. Pelo fato do monóxido de carbono apresentar afinidade pela hemoglobina, ele acarreta sérios danos metabólicos. Portanto, é necessário que o oxigênio seja instalado com máscara de alto fluxo a 100% (ATLS, 2008). C – Circulação Os parâmetros hemodinâmicos devem ser monitorados, devido ao risco de choque hipovolêmico, sendo importante também o controle do débito urinário através do cateterismo vesical. D - Avaliação neurológica A alteração do nível de consciência pode estar presente em vítimas de queimaduras com TCE associado, hipóxia devido comprometimento da via aérea ou pelo quadro de choque. E - Exposição e controle da hipotermia O tratamento a ser instituído dependerá da avaliação das lesões quanto à extensão e profundidade e presença de lesões circunferências de extremidades. Existe uma predisposição maior para quadros de hipotermia, sendo necessário o aquecimento do ambiente, pois não é possível a utilização de mantas sobre o corpo. Fluídos A infusão de fluidos e eletrólitos por meio de acesso venoso é indicada em razão da perda significativa de líquidos. Os procedimentos em cliente com lesões por queimaduras são dolorosos, como o transporte, curativo e mobilização para exames, sendo fundamental que o técnico de enfermagem fique atento ao tratamento e controle da dor. Neste momento, é importante estabelecer diálogo como apoio no enfrentamento da condição dolorosa e também do comprometimento da autoimagem e autoestima. Na lesão de primeiro grau, a hidratação local pode contribuir com a analgesia, além da medicação via oral ou intramuscular. Cuidado com aplicação de compressas frias, pois estas podem causar hipotermia. A limpeza das lesões é realizada no atendimento inicial com solução fisiológica e sabão, retirando todo tecido desvitalizado e necrosado, mantendo-a ocluída com curativo estéril. Nas lesões mais profundas, os curativos devem ser trocados diariamente a fim de evitar contaminação da lesão. Nas queimaduras superficiais, os curativos podem ser feitos a cada dois dias seguindo o protocolo da instituição ou mediante prescrição médica. Quando o cliente apresentar uma lesão de terceiro grau, é necessário estabilizá- lo e encaminhá-lo a um centro especializado no atendimento de queimados. Nestes casos, o cliente fica com arcos de proteção no leito, evitando qualquer contato com a área queimada. É importante também o posicionamento dos membros e da cabeça a fim de evitar a formação de contraturas. A temperatura do ambiente deve ficar em torno de 42ºC, devido à impossibilidade de utilizar mantas para prevenir a hipotermia. Fique atento em providenciar ou orientar a profilaxia antitetânica com a vacina dT ou imunoglobulina. Considerações gerais sobre queimadura elétrica A passagem da corrente elétrica através do corpo provoca lesões teciduais profundas. A destruição maciça de tecido muscular libera potássio e mioglobina na corrente sanguínea. O potássio,em níveis elevados, predispõe a arritmias, e a mioglobina, a insuficiência renal devido à sua toxicidade. Nas queimaduras elétricas, é preciso que o técnico de enfermagem fique atento quanto aos parâmetros vitais, priorizando a monitoração cardíaca e acesso venoso calibroso para infusão de volume que, neste caso, tem como objetivo estimular o rim a eliminar a mioglobina. Observe se o paciente apresenta débito urinário acima de 100 ml/hora no adulto ou 1 ml/kg na criança. Um cateter vesical de demora deve ser inserido para controle do débito urinário e para a identificação da mioglobinúria, situação em que a urina apresenta cor de Coca-Cola (mioglobinúria). Tratamento PH queimaduras elétricas. ● Os problemas mais graves produzidos por descarga elétrica são: parada respiratória ou cardiorrespiratória,dano no SNC e lesões em órgãos internos. ● Reconhecer a cena e acionar, se necessário, socorro especializado. ● Identi�car o local das queimaduras, no mínimo dois pontos ( um de entrada e um de saída da fonte de energia) Considerações nas queimaduras químicas O contato com determinadas substâncias pode provocar queimaduras e a gravidade desta lesão está associada a quatro fatores relacionados à substância: natureza, concentração, duração do contato e mecanismo de ação. Essas informações devem ser transmitidas pelos profissionais do APH. Todos os cuidados devem ser tomados com o objetivo de proteger os profissionais do contato com a substância. O atendimento inicial visa a remoção da substância por meio da escovação da pele, seguida da lavagem da área comprometida com grande quantidade de água. Quando ocorrer lesão ocular, a lavagem com água destilada deve ser contínua. A aplicação de anestésico local oftálmico pode ser iniciada mediante prescrição médica.
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