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Direito Processual Civil IV - Aulas 1 a 5

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV
PROFESSOR HELCIO BENEDITO NOGUEIRA
Aula 01
1. Conceito de execução, em caráter autônomo ou como etapa de cumprimento. 
2. Características da execução e sua distinção com o processo ou fase de conhecimento. 
3. Princípios que norteiam a execução. 
4. Breves considerações sobre as espécies/procedimentos de execução. 
DO PROCESSO DE EXECUÇÃO 
Disposições Gerais: Segundo Chiovenda: Execução é o conjunto de atividades atribuídas aos órgãos judiciários, para a realização prática de uma vontade concreta da lei previamente consagrada num título. 
OBS = Do latim “Titulus”, significa inscrição, marca, sinal, é expressão que mesmo na linguagem jurídica é empregada em várias acepções.
Assim o título significa:
a) A causa, a origem, ou o fundamento jurídico de um direito: Nesse aspecto, mostra-se o modo de transmissão, fundamento de aquisição ou a própria causa dos direitos: Ex. a título gratuito ou oneroso. 
b) Extensiva: Objetivamente designa o próprio escrito ou o instrumento em que se redigiu o ato jurídico de que resulta ou de que se deriva o próprio direito e para que por ele se possam fazer valer os regulares efeitos legais: Ex. título de propriedade, de crédito etc. 
c) Dignidade Mobiliária: Conde, barão, duque etc.
d) Inscrição denominação atribuída a coisas, aos fatos ou instituições a fim de que por ela se distingam entre si: Título de um livro, título de contabilidade etc.
e) Diploma, certificado, ou qualquer escrito que ateste a colação de grau ou a investidura de funções: diploma de bacharel, diploma de nomeação, diploma de deputado etc. 
O art. 771 do CPC preconiza que “ Este livro regula o procedimento da execução fundada em título extrajudicial, e suas disposições aplicam-se, também, no que couber, aos procedimentos especiais de execução, aos atos executivos realizados no procedimento de cumprimento de sentença, bem como aos efeitos de atos ou fatos processuais a que a lei atribuir força executiva.
Parágrafo único. Aplicam-se subsidiariamente à execução as disposições do Livro I da parte Especial. ”
Nesse diapasão é de se afirmar
1) Nem todo processo de execução pressupõe um prévio processo de conhecimento, pois, haverá hipóteses em que o interessado munido de um título extrajudicial poderá iniciar diretamente uma execução;
2) O processo de Execução pode desenvolver-se paralelamente ao processo de conhecimento. Ressalte-se ainda que há situações em que se a sentença for atacada por recurso que não for recebido no efeito suspensivo, o interessado poderá servir-se da denominada execução provisória ao mesmo tempo em que o recurso segue para a apreciação perante o tribunal. 
3) Nem todo processo de conhecimento gera, obrigatoriamente, um processo de execução. Exemplo: As Sentenças meramente declaratórias e constitutivas, que via de regra não ensejam execução, salvo nas situações em que, se pretenda executar a condenação em sucumbência previstas nestas hipóteses;
4) Segundo Wambier, por vezes as atividades de cognição e de execução caminharão juntas como ocorre com as denominadas execuções lato sensu, a efetivação da sentença de procedência dispensa nova demanda do autor. Exemplo: Reintegração de posse, despejo, demarcatória, prestação de contas etc.;
5) No que se reporta às denominadas Ações Mandamentais (aquelas que vinculam ordem para o réu, a ser cumprida sob pena de crime de desobediência, também não ensejam nova demanda para seu cumprimento, tanto quanto, a ação Monitória que também reúne na mesma relação uma primeira fase cognitiva, destinada à formação do provimento autorizador da execução, seguida de outra executiva. 
PRINCIPIOS DA EXECUÇÃO
a) PRINCIPIO DO MONOPÓLIO ESTATAL DA FUNÇÃO EXECUTIVA: Cabe ao Estado presidir uma ação executiva. Justifica-se referido princípio, tendo em vista as graves consequências advindas tais como: desfalque patrimonial do devedor, prisão civil, o legislador naturalmente quer preservar a Jurisdição privativa ao Estado. (Art. 782 CPC). Registre-se que até mesmo a sentença arbitral caso não cumprida voluntariamente poderá ter os atos executórios presididos pelo arbitro, nesse caso, será executada pelo Poder Judiciário. 
b) PRINCIPIO DA PATRIMONIALIDADE: A execução de regra é real; ou seja, recairá sobre bens sendo excepcionalmente pessoal (hipótese da prisão civil do devedor). 
c) PRINCIPIO DA EFETIVIDADE: A execução deve ser especifica, o seja, consistir na entrega da prestação devida. Ressalte-se que as ASTREINTES, revelam-se importante mecanismo na obtenção da efetividade dos meios executórios, pois, impõem ao devedor um temor que faz com que via de regra opte por honrar a sua obrigação ao invés de continuar inadimplente e experimentar o agravamento de sua condição com a incidência da multa diária. Lembrando-se que as astreintes, não são “fim ultimo” na execução, têm por finalidade buscar a materialização da efetividade para que a execução seja cumprida na forma pactuada ou definida na sentença.
OBS = ASTREINTE = vocábulo de origem francesa, sem tradução para o português e que significa na técnica processual civil, a pena pecuniária nas execuções. Trata-se de medida cominatória de constrição contra devedor de obrigação de fazer ou não fazer cujo valor diário fixado pelo Juiz na sentença durará enquanto permanecer a inadimplência.
d) PRINCIPIO DA MENOR ONEROSIDADE PARA O DEVEDOR: Referido princípio tem sua expressão máxima no predisposto no art. 805 CPC: “ quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o executado. ” Nesse diapasão, tomando como base o art. 835 do CPC, constataremos que o referido princípio ali se encontra estampado, posto que nesse dispositivo é imposto pelo legislador uma ordem gradativa quando da indicação de bens à penhora. 
e) PRINCIPIO DA DISPONIBILIDADE: Em decorrência deste princípio, torna-se cediço que o credor poderá desistir a qualquer tempo, independentemente da anuência do devedor da execução. A doutrina inclina-se pela ideia de que a não apresentação dos Embargos ou se caso, da impugnação, propiciará nesse mister, que a desistência poderá operar-se a qualquer momento e de modo integral.
EXCEÇÕES: 
Desistência apresentada após a assinatura do auto de arrematação; vez que seu desfazimento comprometeria direitos de terceiros (arrematante); 
A adjudicação, quando exercida por outro credor que não o desistente; 
Não será cabível a desistência unilateral da execução quando a prestação de fazer (de natureza fungível), tiver sido efetuada por terceiro (art.817 CPC) ou quando já houver sido cumprida pelo devedor.
f) PRINCIPIO DA SALVAGUARDA DE CONDIÇÕES MINIMAS DE SUBSISTÊNCIA DO EXECUTADO 
Busca-se atender nesse caso a DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA, vez que o fato de alguém ser devedor não é razão suficiente a autorizar que seja submetido ao ridículo, ou que seja deixado em condições e miserabilidade que comprometeria a sua integridade física e moral. A partir deste princípio, há que se analisar se os atos executórios estão sendo praticados com o devido respeito à pessoa do devedor assim como se não estão expondo-o à condição subumana de vida. 
g) PRINCIPIO DA RESPONSABILIDADE DO EXEQUENTE PELA INSUBSISTÊNCIA DA EXECUÇÃO: 
Em outras palavras, referido princípio, define que a execução correrá por conta e risco do credor exequente, de forma que se em algum momento vier a ser considera indevida, terá o executado o direito de se ressarcir diante do exequente de todos os prejuízos que lhe foram causados em razão do processo de execução indevido. O exemplo mais frequente repousa na hipótese da execução provisória na qual a possibilidade de o Tribunal reformar a decisão sub judice é risco que paira sobre o credor exequente. (Art. 520, inciso I c/c art. 776 CPC)
COMPETÊNCIA PARA O PROCESSO DE EXECUÇÃO
A competência para o processo de execução, encontra-se prevista nos artigos 781/782 CPC.
Em se tratando de execução de TITULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL, será processada perante o juízo competentena conformidade do disposto no Livro II, Titulo I, Capítulo III do CPC. (Art. 781 CPC. Conclui-se então que as execuções de títulos extrajudiciais serão processadas em observância às regras gerais de competência:
1) no foro do domicilio do devedor pessoa física (art. 46 CPC);
2) ou no da sede da pessoa jurídica (art. 53,III, “a” CPC);
3) ou no da sua sucursal, quanto às obrigações que esta contrai (art. 53, III, “b” CPC);
4) ou no foro do local do cumprimento da obrigação (art. 53, “d” CPC); desde que não exista foro de eleição (art. 62 CPC). 
OBS = A execução fiscal, será proposta no foro do domicilio do réu, se não o tiver, no de sua residência, ou no lugar onde for encontrado. 
Sendo vários os réus, a Fazenda Pública poderá escolher o foro de qualquer um dos devedores ou foro do lugar onde se praticou o ato, ou ocorreu o fato que deu origem à dívida ou ainda o foro da situação dos bens, quando a dívida deles se originar. 
QUESTÕES
1) Ao iniciar o cumprimento de sentença envolvendo obrigação de pagar, o credor pretende que seja penhorado um bem imóvel do devedor, avaliado em R$ 1.000.000,00 (um milhão de Reais), para pagamento de uma dívida de apenas R$ 10.000,00 (dez mil Reais). O devedor, por meio do seu patrono, peticiona ao juízo informando que possui um veículo automotor avaliado em R$ 30.000,00 (trinta mil Reais), valor que é mais compatível com o do débito, requerendo a substituição do bem penhorado em atenção ao princípio do menor sacrifício ao executado. Indaga-se: deve ser deferido o pleito do executado? 
2) Daniel possui uma pequena mercearia e costuma aceitar cheques de seus clientes, como forma de pagamento. Ocorre que, no último mês, três dos cheques apresentados no prazo foram devolvidos por insuficiência de fundos. Daniel não obteve êxito na cobrança amigável, não lhe restando, portanto, outra alternativa senão recorrer ao Poder Judiciário. Com base nessa situação hipotética, assinale a afirmativa correta. 
a) Daniel pode cumular várias execuções, sendo o devedor, ainda que fundadas em títulos diferentes e diversa a forma do processo, desde que o juízo seja competente para todas. 
b) É vedado ao juiz examinar de ofício os requisitos que autorizam a cumulação de execuções. 
c) Daniel pode cumular várias execuções, fundadas em títulos diferentes, ainda que diversos os devedores, desde que para todas elas sejam competentes o juízo e idêntica a forma do processo. 
d) Daniel pode cumular várias execuções, sendo o mesmo devedor, ainda que fundadas em títulos diversos, de que seja competente o juízo e haja identidade na forma do processo. 
Aula 02
1. Legitimidade ativa e passiva na execução (originária ou superveniente). 
2. Regras sobre responsabilidade patrimonial primária ou secundária. 
3. Fraude a credores e fraude à execução. 
4. Meio processual adequado para alegar e obter o reconhecimento de qualquer transferência fraudulenta de bens realizada pelo executado. 
TITULOS EXECUTIVOS JUDICIAIS
O artigo 516 do CPC, assim prevê que “ O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante: 
I – Os tribunais, nas causas de sua competência originária: 
Ao falar apenas em “tribunais nas causas de sua competência originária”, entenda-se também os tribunais de apelação, sejam Tribunais de Justiça, ou Regionais Federais.
II – O juízo que processou a causa no primeiro grau de jurisdição: 
Ao falar em juízo de primeiro grau de jurisdição, a lei está se referindo também à transação e à conciliação homologadas, incluindo todo e qualquer acordo provocado ou não. Ressalte-se que a jurisprudência vem aceitando a existência de foro privilegiado do alimentante (art. 53, II, CPC) para a execução da sentença condenatória de alimentos.
III – O juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória de sentença arbitral, de sentença estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo: 
Como cediço, a sentença penal condenatória (formada pelo juízo penal), bem como, a sentença arbitral, (oriunda de procedimento arbitral estranho ao judiciário) não haviam experimentado prévio processo em jurisdição civil, razão pela qual, haveriam de ser executadas em juízo definido segundo as regras gerais de competência civil. Ocorre que as sentenças estrangeiras e os acórdãos promanados dos Tribunais Marítimos, também até a sua formação, eram estranhas à jurisdição civil nacional, não estavam inseridas no rol dessas exceções de execuções perante o juízo que decidiu a causa em primeiro grau. Ressalte-se ainda a possibilidade da faculdade inserta no parágrafo único do artigo 516 CPC, que passa a permitir que a execução, se processe em outras localidades. ]
PARTES NO PROCESSO DE EXECUÇÃO:
São partes na Execução (arts. 778/779 CPC)
LEGITIMIDADE ATIVA: 
O credor, a quem a lei confere título executivo; O Ministério Público, nos casos previstos em lei, o espólio, os herdeiros ou sucessores do credor, o cessionário (ato intervivos), e o sub-rogado. (Arts. 286 e 346 CC).
LEGITIMIDADE PASSIVA: (art. 779 CPC)
O devedor, reconhecido como tal no título executivo, o espólio, os herdeiros ou sucessores do devedor, o novo devedor que assumiu com o consentimento do credor a obrigação resultante do título executivo, (Cessão de Débito Assunção de Dívida 299/303 CC – Novação – Expromissão /art. 362 CC e Delegação) o fiador do débito constante do título extrajudicial, o responsável, titular do bem vinculado por garantia real, ao pagamento do débito, o responsável tributário (definido em lei). 
DA RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL
O CPC, destina um capitulo (arts. 789/796), para disciplinar a responsabilidade patrimonial, que nada mais é do que a definição da parcela do patrimônio do devedor que irá responder por suas obrigações. 
O artigo 789 do CPC prevê: “ O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros, para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei. ” 
Referido dispositivo refere-se ao princípio da Realidade da Execução, via do qual, se procura destacar que a Execução civil, recai precipuamente sobre o patrimônio do executado e não sobre sua pessoa.
Ressalte-se que excepcionalmente nas hipóteses de dívida de alimentos é que a lei transige com o princípio da responsabilidade exclusivamente patrimonial, para quem permite atos de coação física sobre a pessoa do devedor sujeitando-o à prisão civil (art. 911 (art. 528, §§ 2º à 7º CPC).
Em regra, qualquer bem do devedor responderá por suas obrigações, as exceções encontram-se expressas no artigo 833 do CPC, bem como do art. 3º da Lei 8.009/90 (Impenhorabilidade do bem de família).
O FIADOR E O BENEFICIO DA ORDEM (art. 827/839 CC)
O denominado Benefício da Ordem, nos contratos garantidos por fiança, assenta-se na ideia de que para que o fiador no processo Executivo, seja chamado a cumprir a obrigação, que garante pessoalmente e que é objeto do contrato, necessário que em primeiro lugar, seja chamado a dar cumprimento à obrigação, o devedor principal, pois, somente se este, não cumprir a sua obrigação é que o fiador deve ser responsabilizado.
Art. 827 CC: O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir, até a contestação da lide, que sejam primeiro executados os bens do devedor.
Em tal hipótese, torna-se cediço que a responsabilidade do fiador é subsidiária (posterior) à do devedor principal. 
Assim, caso o fiador seja chamado em primeiro lugar, deverá indicar bens do devedor principal, para que a dívida seja devidamente garantida na Execução. 
 A lei civil determina ainda que os bens indicados estejam localizados no mesmo município, viando para facilitar a atividade processual:
Art. 827 CC:
Parágrafo único. O fiador que alegar o benefício de ordem, a que se refere este artigo, deve nomear bens do devedor, sitos no mesmo município, livres e desembargados, quantos bastem para solver o débito.
Nesse diapasão, após a nomeação dos bens do devedor pelo fiador, o credor deve diligente no curso da execução, pois a lei que determina no art. 839 CC em síntese que: 
Sefeita a nomeação e posteriormente por retardo na execução o devedor tornar-se insolvente, o fiador será exonerado, desde que comprove que no momento que indicou os bens do devedor principal, estes eram suficientes ao adimplemento da obrigação.
FRAUDE A CREDORES
É um Defeito do Negócio Jurídico, um vício social, e está disciplinada do Art. 158 a 165 do CC.
Fraude contra credores é a manobra maliciosa do devedor, que aliena (diminui) o seu patrimônio, com o objetivo de não pagar os credores.
Para evitar que isso ocorra, o credor vai ajuizar uma ação, chamada de AÇÃO PAULIANA ou REVOCATÓRIA, com o objetivo de anular os atos fraudulentos cometidos pelo devedor.
Ao anular os atos, os bens do devedor retornam para o seu patrimônio para pagamento das dívidas. 
Mas todo credor pode ajuizar a ação (Pauliana ou Revocatória) para anular os atos fraudulentos?
Resposta: Não, somente o credor quirografário (ou os credores cuja garantia se tornou insuficiente).
Credor Quirografário: é o credor que não possui uma garantia legal. O credor que possui uma garantia real (e.g. uma hipoteca sobre um apartamento) deve executar a própria garantia para receber seu crédito, já o credor quirografário, como não possui garantia real, terá que executa os bens que integram o patrimônio do devedor para receber o seu crédito.
FRAUDE A EXECUÇÃO
Art. 792 CPC
A fraude à execução é um instituto de natureza processual que constitui ato atentatório à dignidade da justiça.
“A fraude à execução é manobra do devedor que causa dano não apenas ao credor (como na fraude pauliana), mas também à atividade jurisdicional executiva. Trata-se de instituto tipicamente processual. É considerada mais grave do que a fraude contra credores, vez que cometida no curso de processo judicial, executivo o apto a ensejar futura execução, frustrando os seus resultados. Isso deixa evidente o intuito de lesar o credor, a ponto de ser tratada com mais rigor. ” Fredie Didier
Busca a lei proteger os credores contra atos fraudatórios praticados por devedores, tornando ineficaz o negócio jurídico que objetivou impossibilitar o adimplemento da obrigação. Estes atos ocorrem no curso de ação judicial, não necessariamente na ação de execução ou na fase de cumprimento de sentença.
Também objetiva a lei evitar a frustração do resultado útil do processo, que, se permitida, retiraria da sentença judicial a sua eficácia, configurando ato atentatório à dignidade da justiça.
A alienação de bens em qualquer dessas hipóteses é ineficaz (relativa, parcial e originária) em relação ao autor da ação, ou seja, a venda do bem não poderá ser-lhe oposta, e o bem continuará respondendo pela dívida.
Importante frisar que não ocorrerá nulidade e sim ineficácia da venda, uma vez que se fundada nos incisos I e II do art. 792, o credor se tornará dono do direito real em discussão. Já o inciso II, nos remete a averbação do registro de imóveis do bem na pendência do processo de execução. Art. 828 CPC.
O inciso III, já havia sido consignado anteriormente no art. 659, parágrafo 4°, CPC/ 1973, o qual predizia que a alienação ou oneração posterior ao registro da penhora do imóvel configurava fraude de execução. (Súmula 375 STJ)
O inciso IV torna ineficaz a alienação, ou gravação do bem em garantia, que frustre a ação judicial que ao final o levará à penhora e à venda judicial como forma de satisfazer os créditos dos autores da ação judicial, deixando o devedor em estado de insolvência.
QUESTÕES
1) No curso de uma ação de indenização e antes da sentença de 1o grau, o réu vendeu seus dois únicos imóveis por R$ 100.000,00 (cem mil reais), os quais constituíam a totalidade de seu patrimônio. Julgado procedente o pedido, com sentença transitada em julgado, o autor pretende receber o valor da indenização fixado pelo Juiz, ou seja, R$ 100.000,00 (cem mil reais). Considerando o enunciado acima, distinga os institutos da fraude à execução e da fraude contra credores, e, num segundo momento, indique os caminhos processuais adequados para que o exequente, na prática, possa receber seu crédito. 
2) Considerando o CPC, e, principalmente, as normas que tutelam a legitimidade passiva em execução, indique a alternativa incorreta, ou seja, de quem não pode figurar como executado. 
O devedor, reconhecido como tal no título executivo; 
O responsável tributário, assim definido em lei; 
O fiador do débito constante em título extrajudicial; 
O Ministério Público, nos casos previstos em lei. 
Procedimentos 
Aula 03
1. Regras de competência para o cumprimento de sentença. 
2. Regras de competência para a execução por título extrajudicial. 
3. Títulos executivos judiciais e extrajudiciais. 
4. A liquidação de sentença. Modalidades. Procedimento
PRESSUPOSTOS DO PROCESSO DE EXECUÇÃO
O PROCESSO de Execução, por regra geral, exige a observância dos pressupostos processuais e das condições da ação.
Assim a legislador Processual, tratou dos requisitos específicos à partir do art. 786 do CPC no Capitulo IV denominado “DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA REALIZAR QUALQUER EXECUÇÃO”. A Execução poderá ser iniciada, caso o devedor não satisfaça obrigação CERTA, LIQUIDA e EXIGÍVEL. Nessa esteira, o requisito especifico é a existência do título executivo Judicial ou extrajudicial, com as características da certeza, Liquidez e exigibilidade. (Art. 786 CPC). 
a) CERTEZA: Refere-se à exata definição dos seus elementos basilares, ou seja, quando no título executivo estiverem estampadas a natureza da prestação, seu objeto e seus sujeitos. 
b) LIQUIDEZ: Ocorre quando o título permite independentemente de prova se saber a exata quantidade de bens devidos, ou porque a traga diretamente indicada ou porque possa ser apurada aritmeticamente (por critérios estabelecidos no próprio título ou por índices oficiais). 
c) EXIGIBILIDADE: Quando há no título a exata indicação de que a obrigação deve ser cumprida, seja porque, a obrigação para ter eficácia, não se submete a nenhuma condição ou termo, ou que ambos já ocorreram os estão demonstrados.
DOS TITULOS EXECUTIVOS JUDICIAIS
O artigo 515 do vigente Código de Processo Civil preconiza que são Títulos Executivos Judiciais:
I – As decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer, ou de entregar.
A referida redação dada ao presente dispositivo processual, é coerente com a ideia de que é título executivo judicial a sentença que contenha eficácia condenatória, (independente e ser condenatória) pois, as sentenças declaratórias e constitutivas também portam a eficácia condenatória, porquanto, em algumas exceções veiculam a condenação do vencido ao pagamento de custas judiciais e honorários de sucumbência e relativamente a tais verbas, também funcionam como título executivo judicial. O mesmo pode ser dito quanto as sentenças de improcedência do pedido do autor e de extinção do processo, sem Resolução de Mérito, ambas decisões declaratórias.
II – A decisão Homologatória de autocomposição judicial 
O termo autocomposição foi utilizado para referir de modo amplo, todas as formas de acordo, judicial ou extrajudicial, homologadas judicialmente. Ressalte-se que o título é a decisão homologatória (não o acordo propriamente dito). 
III – A decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza
O código Civil em seu artigo 840, prevê a possibilidade dos interessados prevenirem ou terminarem o litigio mediante concessões mútuas, trata-se de uma boa forma de solucionar os conflitos de interesses. Assim, o legislador ao determinar que tais acordos sejam homologados pelo Juízo competente na fase inicial do processo promove a celeridade processual, pois que eventual descumprimento das obrigações ajustadas poderão ser exigidas via Cumprimento de sentença. 
IV – O formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e dos sucessores a título singular ou universal
Tratam-se dos documentos que retratam a adjudicação de quinhão sucessório, formalizandoa transferência de titularidade de bens em virtude de sucessão “mortis causa”. No artigo 655 CPC, são previstos os requisitos do formal, que poderá ser substituído por certidão pagamento do quinhão hereditário quando este não exceder cinco vezes o salário mínimo (art. 655, parágrafo Único CPC). Ressalte-se que o Formal, e a Certidão de Partilha, só têm força executiva exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título universal ou singular. Vale dizer: Se o bem objeto de herança estiver em poder de alguma dessas pessoas, o beneficiário pelo formal ou certidão, poderá requerer a execução para receber o bem; estando na posse de outras pessoas, haverá necessidade de prévio processo de conhecimento, no qual se obtenha a condenação a entrega dos aludidos bens. 
V – O crédito do auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial 
O Crédito do auxiliar da Justiça, reconhecido judicialmente foi expressamente reconhecido como título judicial. Assim, preclusa a decisão, a execução será definitiva.
VI – A sentença Penal condenatória transitada em julgado. 
Trata-se da Eficácia Civil da sentença Penal Condenatória. exemplo: a sentença que condena o acusado no processo penal vale desde logo, como título executivo para a vítima e seus familiares receber a indenização civil, arcada pelo condenado em razão do crime que cometeu, no entanto, se, se pretender a indenização perante outros responsáveis ( art. 932, III, CC), a sentença penal, não servirá como título executivo, sob pena de ofensa ao contraditório e ampla defesa (art. 5º, LIV e LV, CF), contra aqueles que não foram parte no processo penal; neste caso, será necessário obter sentença civil condenatória, através de processo de conhecimento.
VII – A sentença Arbitral 
A partir da edição da lei número 9.307/96 (com as modificações que lhe deu a lei n. 13.129/15, as decisões proferidas por árbitros em nosso direito, passaram por si sós, a ter força executiva. (Art. 18 e 31 da referida lei). Pela arbitragem, de comum acordo, as partes com capacidade de contratar, submetem seu litígio que versem sobre direitos patrimoniais disponíveis à decisão de árbitros por elas escolhidos. (Art. 1º, L. 9.307/96). A sentença arbitral será título executivo, quando contiver eficácia condenatória.
VIII – A sentença Estrangeira, Homologada pelo Superior Tribunal de Justiça 
A Emenda Constitucional número 45, passou a dispor expressamente que a competência para a referida homologação será do STJ. Realizará o referido Tribunal Superior, “Juízo de Delibação”, ou seja, exame de adequação do Julgado à ordem jurídica brasileira.
IX – A decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à Carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça 
O CPC/73, não relacionava a decisão interlocutória estrangeira com o exequatur concedido – como título judicial, apesar de toda doutrina e jurisprudência reconhecerem-lhe esse status ao lado da sentença estrangeira. O atual CPC, supre a omissão no presente dispositivo.
OBS – Exequatur – Termo jurídico definido como sendo uma autorização para que uma sentença estrangeira ou um pedido formulado por autoridade estrangeira, via Carta Rogatória, sejam cumpridos no Brasil. (Cabe ao STJ art. 105, l, “i” CF). 
LIQUIDAÇÃO DA SENTENÇA (arts. 509 CPC)
Consoante determina a lei processual em seus artigos 322 e 324, quando da especificidade do pedido a ser realizado pelo autor na petição inicial, deve o mesmo ser sempre certo e determinado.
No tocante ao pedido certo, há de se apresentar sempre expresso quanto ao gênero do objeto pretendido e nunca implícito.
No que se refere à determinação do pedido, é certo que corresponde à definição dos limites do que se pede. Assim o autor pode pedir a condenação do réu em perdas e danos (pedido é certo, mas não determinado) Já na hipótese de o autor pedir a condenação do réu em R$ 15.000,00, à título de perdas e danos (o pedido nesse caso é certo e determinado). 
O referido artigo 324 CPC, admite em seus incisos algumas exceções à regra geral:
I – Nas ações Universais, se não puder o autor individuar na petição os bens demandados: 
(Ex. herança) – Não sendo possível especificar desde logo os bens, pode o autor pedir parcela de direito que lhe toca; para tanto deverá apresentar pedido certo, mesmo que a amplitude seja verificada quando possível a individuação de todos os bens que constituem a herança. 
II – Quando não for possível determinar de modo definitivo, as consequências do fato ou do ato ilícito;
Se por exemplo busca o autor indenização por atropelamento, é provável que somente após o termino do tratamento médico, possa a amplitude dos danos ser auferida, com sequelas reversíveis ou não. 
III – Quando a determinação do objeto ou do valor da condenação, depender de ato que deve ser praticado pelo réu. 
É o que ocorre nas obrigações de Fazer (Art. 821, parágrafo único CPC), quando o autor opta pela indenização (perdas e danos), em razão do descumprimento do avençado. 
Referidas exceções, se justificam tendo em vista o fato de que tanto o autor (na propositura da ação) e o magistrado (na ocasião da sentença) estarem impossibilitados diante do direito material pretendido de mensurar o quantum ou a determinação exata do conteúdo do pedido pretendido e reconhecido. 
Assim, a lei processual permite que se formule pedido genérico, dada a manifesta indeterminação, no entanto, diante da sentença ilíquida, mas, positiva, reconhecendo a pretensão ajuizada, e lhe dando provimento, caberá o exercício do procedimento de liquidação da sentença para determiná-la com exatidão no valor devido pelo condenado a cumprir a obrigação. (Art. 509 CPC)
ESPÉCIES DE LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
São três as modalidades de Liquidação de Sentença:
a) Liquidação por Cálculo Aritmético e do Contador;
b) Liquidação por Arbitramento;
c) Liquidação por Artigos. 
a) Liquidação por Cálculo do Aritmético/ Contador:
Memória de cálculos apresentada pelo credor, atualmente, sempre que o valor do debito depender de simples cálculo aritmético, o credor dará início à Execução, instruindo o pedido com a Memória descriminada e atualizada do cálculo (Art. 524, § 1° CPC). 
Cálculos do Contador: O Juiz poderá determinar a verificação dos cálculos valando-se do trabalho de um contabilista, o qual terá prazo de 30 (trinta) dias, para efetuá-lo, se outro não lhe for determinado (Art. 524, § 2° CPC).
b) Liquidação por Arbitramento: 
Trata-se da Liquidação realizada através de Perito, nomeado pelo Juiz, cujo objetivo é a apuração do quantum da condenação, quando o cálculo depende da avaliação de uma coisa, de um serviço, ou um prejuízo a ser realizada por quem detenha conhecimento técnico especifico. Conforme prevê o artigo 509, I CPC a presente modalidade de Liquidação da Sentença somente será possível quando a sentença ou convenção das partes a determinar ou quando a natureza do objeto da liquidação a exigir. 
Exemplos de casos que comportam a Liquidação por arbitramento: 
Sentenças condenatórias em ações de indenização com pedido de lucros cessantes, por reconhecida inatividade de pessoa ou serviço decorrente da causa de pedir (Fatos + Fundamentos Jurídicos); desvalorização de veículos acidentados, indenização por danos causados em bens imóveis e em hipóteses de extravios de bagagem por Cia Aérea etc. 
c) Liquidação por Artigos:
(Art. 509, II, CPC) “ ... Será a liquidação realizada por artigos quando houver necessidade de se alegar bem como provar fato novo com o intuito de apurar o valor da condenação; entende-se por fato novo o acontecimento hábil a determinar o valor da condenação. 
Poderá decorrer de: 1) evento ocorrido após proferida a sentença, desde que tal evento guarde relação direta com a determinação da extensão ou do quantum da obrigação reconhecida judicialmente. 2) fato que, mesmo não superveniente à sentença, não haja sido discutido e apreciado no Juízo de conhecimento e deva servir de base à liquidação;EXEMPLOS: 
1) Sentença que condena o réu a indenizar os danos decorrentes de acidente, com todas as suas consequências passadas presentes e futuras. Assim, caso a vítima tenha que se submeter à novas cirurgias, não descritas na inicial, do processo de conhecimento, como danos já sofridos pelo autor, deverá ser alegada e comprovada em liquidação de sentença para que seu valor integre o título executivo.
 
2) O réu condenado a indenizar dano causado à saúde da vítima em relação ao art. 949 do CC, (... no caso de lesão ou outra ofensa à saúde o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até o fim da convalescença além de algum outro prejuízo que o ofendido que o ofendido prove haver sofrido);
O Pagamento das despesas até total convalescença que pode ocorrer depois da sentença haver sido proferida, é obrigação legal, ainda que não conste expressamente da sentença condenatória. Os fatos novos que o ofendido precisa comprovar na liquidação por artigos, são as despesas que teve até a sua convalescença. 
DOS TITULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS (art. 585 CPC) 
O artigo 585 do CPC enumera quais são os títulos executivos extrajudiciais previstos no nosso direito processual:
I – A Letra de Câmbio, a Nota Promissória, a duplicata, a debênture e o cheque.
Os títulos cambiais, possuem características próprias, que os diferenciam dos demais títulos extrajudiciais, das quais destacamos a LITERALIDADE, o FORMALISMO, a AUTONOMIA, a ABSTRAÇÃO e a CIRCULAÇÃO 
LITERAL = Refere-se ao fato de que somente “vale” o que no título está escrito, não sendo licito, alegar circunstância não escrita. Uma consequência disto, é que somente o credor designado no título é que está legitimado a promover a execução, sendo que somente poderá fazê-lo em face dos que se obrigaram no próprio título.
FORMALISMO = Referida característica, assenta-se na ideia de que no título devem obrigatoriamente constar os dados obrigatórias previstos em lei, tais como, identificação das partes, valor devido, época e lugar de pagamento, etc. 
AUTONOMIA = Trata-se da desvinculação da causa do título em relação a todo o universo de coobrigados, tendo a ABSTRAÇÃO, a compreensão de que o próprio título está desvinculado da causa da obrigação. Ressalte-se que a Teoria dos Títulos de Crédito, foi construída em função da CIRCULAÇÃO, assim entendida como meio facilitador à realização de negócios. 
1) LETRA DE CÂMBIO = Trata-se de uma Ordem de Pagamento em que alguém denominado Sacador (Credor), se dirige a outrem denominado Sacado (Devedor), para pagar a terceiro (Beneficiário da Ordem). Em suma: É Ordem dirigida ao Devedor afim de que, pague a dívida em favor de terceiro. 
2) NOTA PROMISSÓRIA = Trata-se de Promessa de Pagamento, emitida pelo próprio Devedor em favor do Credor. 
3) CHEQUE = é uma Ordem de Pagamento à vista, em favor do Credor, emitido por uma pessoa (Devedor), contra uma Instituição Bancária. O cheque e a Nota Promissória independem de Protesto. O Protesto, será essencial, apenas para tornar a promissória exigível, perante endossadores e respectivos avalistas. 
4) DEBÊNTURE =Trata-se de Título de Crédito, emitido por Sociedade Anônima a fim de obter empréstimos junto ao público, expandido seu capital. Goza de privilégio geral em caso de falência. Cada Debênture é título executivo pelo que indica, dando oportunidade para a execução por quantia certa.
5) DUPLICATA = Trata-se de título de crédito emitido em favor do vendedor ou do prestador de serviço contra o adquirente da mercadoria ou do serviço, sendo circulável via endosso. O endosso é uma forma de transmissão dos títulos de crédito quando o proprietário do título faz o endosso, lançando sua assinatura no verso do documento. A Duplicata somente é título de Crédito se aceita. 
II – A escritura pública, assinada pelo devedor, o documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores.
Antes do advento da lei 8.953/94, somente havia Execução do documento público ou particular subscrito por testemunhas que contivesse obrigação de pagar determinada quantia, ou de entregar coisa fungível. Tal restrição não existe mais, sendo possível a execução de obrigações de dar, fazer, ou não fazer, referendadas em tais documentos. 
III – Os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem como os de seguro de vida. 
Referem-se as quatro primeiras modalidades, aos direitos reais de garantia. É o próprio contrato, que é o título e não a garantia em si (como ocorria anteriormente), porquanto o que se executa é o contrato e não a garantia. A nova redação do art. 585 (inciso III, CPC), também estabeleceu o seguro como título executivo.
IV – O crédito decorrente de foro e laudêmio 
Trata-se do Instituto da Enfiteuse, disciplinado pelo art. 678 do CC/16, instituo que restou proibido pelo atual Código Civil (art. 2.038 CC caput).
Foro = é a verba anual que o Enfiteuta (beneficiário da Enfiteuse), paga ao senhorio (proprietário da coisa), em virtude do domínio útil do imóvel ou da coisa enfitêutica;
Laudêmio = É a quantia paga ao senhorio direto, sempre que o domínio útil for transferido por venda ou dação em pagamento (art. 686 CC/16). 
Assim sendo, diante do avento do CC/2002, as novas Enfiteuses estão proibidas, (art. 2.028 CC/2002), porém, os créditos decorrentes de foro ou laudêmio, permanecem em nosso sistema como títulos executivos, porém, até a sua extinção total, regulando-se a matéria pelas predisposições insertas nos arts. 678/694 CC/16. 
V – O crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio.
Tem força de título executivo extrajudicial, o contrato escrito de locação, logo, estando o locador na posse de contrato escrito, poderá desde logo, caso necessite, ajuizar a execução, instruindo-a como aludido contrato. Registre-se que os encargos de condomínio, atualmente se revestem de força executiva, se, decorrentes de qualidade de acessório de aluguel. Assim, não sendo os encargos de condomínio devidos em razão de contrato de locação, (como dividas condominiais autônomas), não terão eficácia executiva.
VI – O crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando as custas e emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão judicial.
Os referidos títulos, mesmo decorrentes de aprovação judicial, serão considerados títulos extrajudiciais, devendo o credor, valer-se de processo autônomo de Execução. 
VII – a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei.
Trata-se da denominada Execução Fiscal (art. 2º da Lei número 6.830/80, a qual determina: “ Considera-se dívida ativa da Fazenda Pública qualquer valor cuja cobrança seja atribuída por lei a União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios, ou às suas autarquias, independentemente de se tratar de dívida tributária ou não”. 
Ressalte-se que a inscrição da Dívida Ativa, é ato unilateral da Fazenda Pública sendo precedida de procedimento administrativo (com as garantias constitucionais do Contraditório e da Ampla Defesa) (arts. 201/204 CTN). 
VIII - todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva 
Significa dizer que outros títulos executivos extrajudiciais podem ser criados por lei. Exemplos, Cédulas de Crédito Rural (art. 41, Dec.-Lei n. 167/67); Industrial (Dec.-Lei n. 413/69); e comercial (Lei n. 6.840/80 c/c Dec.-Lei 413/75, art. 2º); a decisão que fixa ou arbitra o contrato de honorários advocatícios (art. 24 da Lei n. 8.906/94); o Instrumento de Contrato com Garantia de Alienação Fiduciária (Dec.-Lei n. 911/69) 
QUESTÕES
1) Adalberto ajuizou uma ação em face da Seguradora Porto Bello pleiteando o recebimento do seguro de vida realizado peloseu tio Marcondes. Alega na inicial que a seguradora, de forma injustificada, se negou a pagar a indenização sob o argumento de que o segurado agiu de má-fé ao não informar que realizara uma cirurgia de coração 10 anos antes da assinatura do contrato. Após a instrução o juiz julgou procedente o pedido para condenar a Seguradora a pagar a respectiva indenização em valor a ser apurado em fase de liquidação. Diante do caso concreto indaga-se: 
a) Qual é a modalidade de liquidação de sentença mais adequada ao caso concreto? É possível modificar a sentença em fase de liquidação? 
b) Como deverão proceder as partes caso discordem do valor apurado na liquidação? 
2) Considerando o CPC, indique a alternativa que não contempla título executivo extrajudicial:
a) o crédito de auxiliar de justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial; 
b) a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; 
c) a nota promissória; 
d) o crédito decorrente de foro ou laudêmio.
Aula 04
1. Regras para o cumprimento de sentença que imponha obrigação de pagar. 
2. A peça inaugural. 
3. O deferimento pelo Magistrado e a sequência do procedimento. 
4. A impugnação e os temas que nela podem ser ventilados. 
Do Cumprimento de Sentença (artigos 513/519 CPC) 
Este título regula o procedimento do cumprimento de sentença. De modo subsidiário aplicam-se as normas sobre Execução – Livro II da parte Especial. 
1. A fase de cumprimento inicia-se com a intimação do devedor para cumprir a sentença. Nas obrigações de pagar quantia a intimação depende de requerimento do exequente. 
2. Os §§ 2º a 4º (art.513 CPC), regulam longamente a forma de intimação do devedor. Via de regra a intimação é sempre na pessoa do advogado ou do próprio devedor, variando a forma entre publicação no Diário da justiça – advogado, carta com aviso de recebimento, meio eletrônico, edital na pessoa do executado. 
3. O §3º (art. 513 CPC), considera efetivada a intimação do devedor quando houver mudança de endereço sem prévia comunicação ao juízo, conforme prevê o artigo 274, parágrafo único CPC. 
4. Na hipótese de relação jurídica sujeita à condição ou termo, o cumprimento de sentença dependerá da demonstração de que se realizou a condição ou ocorreu o termo (art. 514 CC). 
5. A execução portanto, começa com o pedido do credor de intimação para pagamento. A expedição de mandado de penhora e avaliação na hipótese de não pagamento é ato de oficio do magistrado. Há também que se falar na imposição de multa e honorários advocatícios no importe de 10%, podendo ser reduzido proporcionalmente a multa e os honorários na hipótese de pagamento parcial. (Art. 523 CPC). 
A peça Inaugural 
Os requisitos da peça inaugural, alusiva ao Cumprimento de Sentença, encontram-se no artigo 524 do CPC e são:
I – O nome completo, o número de inscrição no cadastro de pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica do exequente e do executado, observado o disposto no art. 319, §§ 1º a 3º, 
II – O índice de correção monetária adotado;
III – Os juros aplicados e as respectivas taxas;
IV – O termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados;
V – A periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
VI- Especificação dos eventuais descontos obrigatórios utilizados;
VII – Indicação dos bens passíveis de penhora, sempre que possível
O deferimento pelo magistrado e a sequência do procedimento
Se o valor da execução for aparentemente excessivo, para a efetivação da penhora se levará em consideração a importância que o magistrado entender adequada, ainda que a execução tenha prosseguimento pelo valor pretendido, ressalte-se que a redução do valor exequendo, depende sempre da procedência da Impugnação do devedor. Todavia, como se vê os cálculos devem indicar todos os índices e termos iniciais de juros e correção monetária, o magistrado estará mais apto e detectar o excesso dos valores da execução, nomeando contabilista caso seja necessário visando a verificação dos cálculos. 
O magistrado pode ainda determinar caso seja necessário, a requisição de dados em poder de terceiros, que sejam imprescindíveis aos cálculos da execução, sob advertência de crime de desobediência, da mesma forma procederá se os dados dependerem do próprio executado dando-lhe 30 (trinta) dias para o cumprimento da diligência, sob pena de reputar-se corretos os cálculos apresentados pelo exequente. 
A Impugnação e os temos que nela podem ser ventilados 
O art. 525 CPC prediz: “Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado independentemente de penhora ou nova intimação apresente, nos próprios autos, sua impugnação. ” 
No tocante aos requisitos de cabimento da Impugnação, ressalta-se a desnecessidade de garantia do juízo, bastando que seja apresentada a impugnação no prazo legal, independente de intimação. Havendo litisconsórcio, o prazo será cotado em dobro conforme previsão do § 3º do artigo 525 CPC. 
Temas que podem ser ventilados na Impugnação 
São as hipóteses do § 1º do art. 525 CPC: 
Na impugnação o executado poderá alegar:
I – Falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia;
II – Ilegitimidade de parte;
III – Inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
IV – Penhora incorreta ou avaliação errônea;
V –Excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
VI – Incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
VII – qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação, ou prescrição, desde que supervenientes à sentença. 
QUESTÕES
1) Juca Cipó ingressa em juízo com ação de cobrança em desfavor de Sinhozinho Malta, que, citado pelo correio, quedou-se inerte, vindo, em consequência, o pedido autoral a ser julgado procedente, com a condenação do réu ao pagamento de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais). Iniciado por Juca Cipó o cumprimento de sentença, após a segurança do juízo, Sinhozinho Malta oferece impugnação, na qual alega a nulidade de sua citação na fase cognitiva. O juiz, então, acata a impugnação de Sinhozinho Malta. Qual seria o recurso cabível contra esta decisão judicial?
2) Considerando o CPC, indique a alternativa que não contempla matéria passível de ser alegada em sede de impugnação ao cumprimento de sentença: 
incompetência relativa; 
impossibilidade jurídica do pedido; 
ilegitimidade da parte; 
excesso de execução ou cumulação indevida de execuções. 
Aula 05
1. Regras para a execução de título executivo extrajudicial que contenha obrigação de pagar. 
2. A peça inaugural. 
3. O deferimento pelo Magistrado e a sequência do procedimento. 
4. Os Embargos, a Objeção de Não Executividade (popularmente rotulada como Exceção de PréExecutividade), bem como os temas que nelas podem ser ventilados. 
Regras para a execução de título extrajudicial que contenha obrigação de pagar 
Trata-se da execução que tem por objetivo a entrega ao credor de uma soma em dinheiro, (obrigações fungíveis). 
a) com as predisposições insertas no art. 829 do CPC, o credor poderá na inicial de execução indicar bens do devedor a serem penhorados, não necessita ser referida indicação na conformidade das regras estabelecidas pelo at. 835 CPC, podendo requerer a substituição por outro (art. 847 e 829 § 2º CPC).
b) Do Despacho inicial art. 827 CPC Ao receber a inicial, o juiz fixará de plano os honorários advocatícios de 10% a serem pagos pelo executado, que poderão ser reduzidos pela metade em caso de integral pagamento da dívida no prazo legal (art. 827 § 1º, CPC). 
c) O prazo para pagamento, a que alude o artigo 827, § 1º CPC, é de 03 (três) dias, após a efetivação da Citação inicial. (Juntada do mandado citatório). 
d) O executado, se quiser, poderá opor-se à Execução no prazo de 15 dias, independente de penhora, deposito ou caução, através dos Embargos à Execução (art. 914 C/c 915CPC). A matéria que poderá ser alegada nos Embargos são aquelas descritas no artigo 917 do CPC , que são:
I – Inexequibilidade do título ou inexigibilidade a obrigação;
II – Penhora incorreta ou avaliação errônea;
III – Excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
IV – Retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de execução para entrega de coisa certa;
V – Incompetência absoluta ou relativa do Juízo da execução;
VI – Qualquer matéria que lhe seria licito deduzir como defesa no processo de conhecimento. 
e) O art. 916 CPC, prevê ainda que: o devedor reconhecendo o credito, comprovando o deposito de 30% do valor da execução, inclusive custas e honorários de advogado poderá requerer seja permitido pagar o restante em até 06 parcelas mensais, acrescidos de correção monetária e juros de 1% a mês. O exequente, será intimado a manifestar-se sobre a proposta, o Juiz decidirá em 05 (cinco) dias. 
f) Sendo deferida a proposta pelo juiz, o exequente levantará a quantia depositada e serão suspensos os atos executivos, caso indeferida, seguir-se-á com a execução, mantido o deposito que será convertido em penhora. 
g) O não pagamento de qualquer das prestações acarretará cumulativamente o vencimento das subsequentes e o prosseguimento do processo com imediato reinicio dos atos executivos, sendo imposta ao executado multa e 10% obre o valor das prestações não pagas e vedada a oposição de embargos. O disposto neste artigo, não aplica ao Cumprimento de Sentença. 
h) Caso o devedor não seja encontrado, o oficial de justiça arrestar-lhe-á tantos bens quantos necessários para a garantia da execução (art. 830 CPC), sendo que nos 10 dias subsequentes à efetivação do arresto, o oficial procurará o devedor por 2 (duas) vezes em dias distintos e havendo suspeita de ocultação, realizará a citação com hora certa, certificando pormenorizadamente o ocorrido. (Art. 830, § 1º CPC)
i) Incumbe ao exequente, requerer a citação por edital na hipótese de frustração da citação pessoal e por hora certa. Findo o prazo do Edital, sem o respectivo pagamento, o arresto converter-se-á em penhora (art. 830, § § 2º 3º, CPC). 
j) Não havendo bens a penhorar, ou se estes forem insuficientes para o pagamento da dívida, o oficial de justiça certificará nos autos. Neste caso, o autor será intimado para que se manifeste sobre a mencionada certidão, ocasião em que poderá indicar outros bens a serem penhorados e que não foram encontrados. Não havendo bens a penhorar, a execução será suspensa (art. 921, III, CPC). 
k) Da Ordem preferencial dos bens: encontra-se prevista no art. 835 CPC. 
l) Dos Bens Impenhoráveis: (art. 833 CPC): A Lei 8009/90, declara a impenhorabilidade do bem de família, com exceção dos casos que especifica (art. 3º).
DA AVALIAÇÃO DOS BENS PENHORÁVEIS 
A avaliação dos bens penhorados, será feita pelo Oficial de Justiça (art. 870 do CPC), caso sejam necessários conhecimentos especializados, o Juiz nomeará avaliador, fixando-lhe prazo não superior a 10 dias para a entrega do laudo. (Art. 870, parágrafo único CPC). 
DEPOSITO DOS BENS PENHORADOS 
O art. 839 do CPC, dispõe que: “Considerar-se-á feita a penhora mediante a apreensão e o depósito dos bens, lavrando-se um só auto se as diligências forem concluídas no mesmo dia” 
Assim, uma vez penhorados os bens, estes serão depositados de acordo com a ordem estabelecida no art. 840 do CPC ( I - as quantias em dinheiro, os papéis de crédito as pedras e os metais preciosos no Banco do Brasil, na Caixa Econômica Federal, ou em banco do qual o Estado ou o Distrito Federal possua mais da metade do capital social integralizado, ou na falta desses estabelecimentos, em qualquer instituição de crédito designada pelo Juiz; II - os móveis e semoventes, os imóveis urbanos e os direitos aquisitivos sobre imóveis urbanos, em poder do depositário Judicial; 
III – os imóveis rurais, os direitos aquisitivos sobre imóveis rurais, as maquinas, os utensílios e os instrumentos necessários ou uteis à atividade agrícola, mediante caução idônea, em poder do executado. Na hipótese do inciso II, se não houver depositário Judicial, os bens ficarão em poder do exequente; os bens poderão ser depositados em poder do executado nos casos de difícil remoção ou quando anuir o exequente, as pedras e os objetos preciosos deverão ser depositados com registro do valor de resgate.
DA INTIMAÇÃO DA PENHORA
Far-se-á a intimação da penhora ao executado na pessoa de seu advogado, ou a sociedade de advogados a que aquele pertença, não o tendo será intimado pessoalmente (art. 841, §§ 1º, 2º CPC. 
Os Embargos a objeção de Não Executividade popularmente rotulada como Exceção de pré Executividade), bem como os temas que nelas podem ser ventilados.
A exceção de Pré-executividade, é um meio de defesa do executado, originado da jurisprudência e da doutrina, via do qual, através de simples petição, é possível ao executado alegar em incidente processual vicio fundado em matéria de ordem pública. Portanto, concomitante à existência de matéria de ordem pública, deve haver prova pré-constituída, sem, no entanto, ocorrer dilação probatória e o Juiz de oficio pode reconhecer. 
O vigente CPC, em seu artigo 803, parágrafo único, trouxe à ordem processual civil, a possibilidade de atacar as nulidades da execução (ausência e titulo executivo, falta de regular citação, verificação de termo ou condição) através de simples petição independentemente de embargos à execução. 
Diferenças entre Embargos à 
Execução e Exceção de Pré-Executividade
Embargos à Execução: Tem natureza jurídica de ação;
Exceção de Pré-Executividade: É mera petição;
Embargos à Execução: Requer recolhimento de custas;
Exceção de Pré-Executividade: Não há custas processuais;
Embargos à Execução: O ato decisório é uma sentença;
Exceção de pré-Executividade: O ato decisório é decisão interlocutória;
Embargos à Execução: A decisão desafia recurso de Apelação;
Exceção de Pré-Executividade: A decisão desafia recurso de Agravo de instrumento (art. 1015, parágrafo único CPC).
QUESTÕES
1) Repelidos Embargos de Devedor com fundamento em sua intempestividade, apresenta o Executado petição avulsa, intitulando-a como Objeção de Não Executividade (também conhecida como Exceção de Pré-Executividade), denunciando a nulidade do título. Deve tal pleito, inobstante a rejeição dos Embargos, ser admitido ao exame do órgão judicial? Se admissível a referida peça, teria a apresentação da mesmo efeito suspensivo? 
2) Os embargos do devedor serão oferecidos no prazo: 
de 10 dias, contados da juntada aos autos do mandado de citação; 
de 10 dias, contados da efetivação da penhora, depósito ou caução; 
de 15 dias, contados da efetivação da penhora, depósito ou caução; 
de 15 dias, contados da juntada aos autos do mandado de citação; 
em dobro do previsto em lei, quando forem vários os executados e tiverem procuradores diferentes nos autos.

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