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SEMANA 11

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA 99º VARA DO TRABALHO DE SALVADOR/BA.
Processo nº______________________.
TUDO LIMPO LTDA e Empresa Pública de Gerenciamento de Aeroportos, já devidamente qualificadas nos autos do processo em epígrafe, por sua advogada que esta subscreve, vem, tempestivamente, à presença de Vossa Excelência, interpor 
RECURSO ORDINÁRIO
da respeitável sentença proferida às fls. ______, com fulcro no artigo 895, I, da Consolidação das Leis do Trabalho.
Assim, requer o recebimento das razões anexas e a posterior remessa dos autos ao Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da ___ Região para a reapreciação da demanda.
Outrossim, requer seja a Recorrida notificada para que, querendo, apresente as contrarrazões que julgarem necessárias.
Por fim, as Recorrentes informam o devido recolhimento das custas necessárias para a interposição do recurso, bem como do pagamento do depósito recursal.
Termos pelos quais aguarda deferimento.
 Local e data.
Assinatura do advogado
OAB/UF Nº
RAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO
Recorrentes: Tudo Limpo Ltda e Empresa Pública de Gerenciamento de Aeroportos
Recorrida: Paulo 
Origem: 99º Vara do Trabalho de Salvador/BA.
Processo nº _______________.
Egrégio Tribunal
Colenda Turma,
Nobre Julgadores,
I – DOS PRESSUPOSTOS RECURSAIS.
A decisão proferida na Vara do Trabalho trata-se de uma sentença, dessa forma encerrando a atividade jurisdicional do Douto Juízo de primeira instância.
Neste contexto, o reexame da decisão supra citada só poderá ser feita através do presente Recurso Ordinário, conforme preceitua o artigo 895, I da CLT.
Cumpre ressaltar que segue cópia das custas e depósito recursal devidamente recolhidos, além do presente recurso ter sido interposto no actídio legal.
Dessa forma, preenchido os pressupostos de admissibilidade requer o devido processamento do presente recurso.
II – DO BREVE RESUMO DA DEMANDA
O Recorrido ingressara com reclamação trabalhista informando que trabalhara para a 1ª Recorrente na função de auxiliar de serviços gerais, atuando na limpeza da pista de um pequeno aeroporto, e que em todo o seu pacto laboral prestara serviços à 2ª Recorrente
Pleiteara em sede de inicial adicional de insalubridade, tendo em vista ter laborado em local com ruídos, bem como a incidência de correção monetária sobre o valor dos salários, vez que recebia até o 5º dia útil do mês subsequente.
Em sede de audiência, a Recorrente comparecera na presença de seu contador representado por advogado, e a 2ª Recorrente com preposto empregado e seu patrono, sendo apresentadas as defesas e provas documentais.
Ressalta-se que, o Douto Juízo de 1º grau indeferira os requerimentos da 2ª Recorrente, quais sejam, a produção de provas testemunhal, bem como pericial, devidamente constados em ata, que visava comprovar que os equipamentos de proteção eram eficazes.
Por fim, em sede de sentença o juiz decretara revelia e confissão da Recorrente, por considerar que não estava representada em audiência e julgara procedentes os pedidos formulados pelo Recorrido, e ainda condenara a 2ª Recorrente subsidiariamente em todos os pleitos.
III – DAS RAZÕES DO RECURSO
III.I – PRELIMINARMENTE – DO CERCEAMENTO DE PRODUÇÃO DE PROVAS E DA INOBSERVÂNCIA DO DEVIDO PROCESSO LEGAL
O princípio do devido processo legal encontra amparo no art. 5º, LIV da CF, in verbis: “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”.
Em outras palavras podemos dizer que ninguém será privado de sua liberdade e bens a não ser pela tutela jurisdicional do Estado que deverá se utilizar de normas previamente elaboradas, vedando, assim, os tribunais de exceção.
		Revela-se imprescindível destacar que o Juiz de 1º grau em audiência de instrução indeferira os requerimentos da 2ª Recorrente para a produção de provas testemunhal e pericial.
Nesse sentido – REsp 714.467:
O julgamento de uma ação sem a necessária produção de provas representa cerceamento de defesa e ofensa aos princípios constitucionais do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal. O entendimento é da 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça. Os ministros negaram Recurso Especial em que a Caixa Econômica Federal pediu a reforma de decisão do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, que anulou sentença de primeira instância favorável ao banco.
No recurso ao STJ, a CEF alegou que o juiz considerou suficientes as provas que já estavam no processo e que o TRF-5 não poderia anular a sentença de ofício. No entanto, o relator do caso no STJ, ministro Luiz Felipe Salomão, afirmou que o juiz examinou direto a lide, julgando-a antecipadamente, dando pela improcedência do pedido por ausência de provas. Para o ministro, esse procedimento caracteriza, além de cerceamento ao direito de defesa da parte, ausência de fundamentação da sentença.
Sobre a possibilidade de o tribunal anular a sentença por iniciativa própria, Salomão afirmou que “a efetividade do processo não é princípio disponível pelas partes”, razão por que “a instrução probatória, questão de ordem pública, deve ser observada”.
O caso 
Uma cliente da CEF na Paraíba avisou o banco sobre um saque de R$ 600 feito em sua conta indevidamente. Após frustradas tentativas de receber o valor de volta, ela entrou na Justiça com pedido de indenização por danos moral e material.
Na ação, a correntista solicitou a produção de prova testemunhal. O juiz julgou a lide antecipadamente, o que só é possível quando o caso envolve apenas questões jurídicas ou quando não há provas a produzir além de documentos já juntados ao processo. Ele considerou o pedido da autora improcedente, com o fundamento de falta de comprovação do direito alegado por ela.
A consumidora recorreu ao TRF-5. A segunda instância entendeu que que “o indeferimento de pedido expresso de produção de provas cerceia o direito da parte de comprovar suas alegações” e, por isso, anulou a sentença. “Tendo a parte autora requerido a produção de prova testemunhal, constatada a sua necessidade para o deslinde da questão, não pode o juiz julgar antecipadamente a lide”, afirmou o TRF-5. A Caixa recorreu ao STJ, que não reformou a decisão. Com informações da Assessoria de Imprensa do STJ.
Sobre esse aspecto já se manifestara o Tribunal Regional do Trabalho:
Cerceamento de defesa - Ocorre quando a parte é impedida de produzir prova que a ela compete e, depois, tem contra si uma decisão fundamentada justamente nessa falta de prova." (TRT-RO-5068/80 - 3a. Reg. - Rel. J. Carlos Jr. -MG 20.01.82, pag. 13)
"Nulidade. Cerceamento de defesa. Ocorre cerceamento de defesa quando, a final, vem a ser vencida na demanda a parte que teve obstruida pela Junta a possibilidade processual de fazer a prova."(TRT-RO-1315/82 - 10a. Reg. Rel. Bertholdo Satyro e Souza - DJU 25.05.83, pag. 7371)
"Constitui cerceio à defesa da parte o indeferimento de produção de prova, se a decisão final lhe é contrária." (TRT-RO-0570/83 - 10a. Reg. - Rel. João Rosa - DJU 11.06.84, pag. 9431)
"Cerceamento de Defesa. constitui cerceio à defesa da parte, o indeferimento de produção de prova requerida na inicial, sobretudo se a decisão lhe é contrária." (TRT-RO-0982/84 - 10a. Reg. - Rel. Heráclito Pena Junior - DJU 21.01.85, pag. 262)
Outrossim, há que se ressaltar que nos termos do art. 195 CLT, a caracterização da insalubridade se faz necessariamente através de perícia a cargo de médico ou engenheiro do trabalho. Não se trata de faculdade do juiz determinar ou não a realização da prova técnica. A perícia é obrigatória e imprescindível, cabendo ao juiz determinar sua produção independentemente de requerimento prévio das partes. 
Demonstrado o repudiado e abusivo cerceamento de defesa que prejudicou a 2ª Recorrente, resta configurado o malferimento a Lei Maior, em seu artigo 5º., inciso LV, consequentemente, a nulidade do processado, devendo ser determinada a reabertura da instrução processual, pelo que a r. sentença recorridamerece reforma também neste particular.
III.II – DA EQUIVOCADA APLICAÇÃO DA PENA DE REVELIA E
CONFISSÃO À 1ª RECORRENTE
Inicialmente, cumpre frisar que o juízo a quo agira em total desconformidade com a legislação vigente. no tocante a aplicação de pena de revelia em face da 1ª Recorrente.
De acordo com a Lei Complementar 123/06, em seu artigo 54, é facultado ao empregador de microempresa ou de empresa de pequeno porte fazer-se substituir ou representar perante a Justiça do Trabalho por terceiros que conheçam dos fatos, ainda que não possuam vínculo trabalhista ou societário.
Frisa-se, que a 1ª Recorrente em sede de instrução fora representada por seu contador, bem como procurador, desta feita, agira em conformidade com os preceitos constitucionais.
Nesse sentido, a Súmula 377 do TST preceitua:
TST. Súmula 377. PREPOSTO. EXIGÊNCIA DA CONDIÇÃO DE EMPREGADO. Exceto quanto à reclamação de empregado doméstico, ou contra micro ou pequeno empresário, o preposto deve ser necessariamente empregado do reclamado. Inteligência do art. 843, § 1º, da CLT e do art. 54 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006
Consolidando o entendimento, têm-se o seguinte julgado:
TRT-2 - RECURSO ORDINÁRIO RO 185200638202000 SP 00185-2006-382-02-00-0 (TRT-2)
Data de publicação: 07/10/2008
Ementa: PREPOSTO NAO EMPREGADO DA RECLAMADA. O fato de o preposto não ser empregado da reclamada não importa em revelia, tampouco em afronta à Sumula 377 do TST que, em verdade é contra texto expresso de lei
Sendo assim, requer que seja afastada a pena de revelia e confissão aplicada à 1ª Recorrente, afastando-se, assim, a presunção de veracidade dos fatos descritos em sede de petição inicial.
III.III – DA CONDENAÇÃO SUBSIDIÁRIA DA 2ª RECORRENTE
O mero inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do empregador não gera responsabilidade subsidiária automática do integrante da Administração Pública, tomador dos serviços, que poderá ser responsabilizado somente se evidenciada conduta culposa no cumprimento dos deveres previstos na Lei 8666/93, especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora.
Foi com esse entendimento, consubstanciado no item V da súmula 331 do TST, que a Sexta Turma do Tribunal Superior do determinou o retorno dos autos de um processo ao Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS), que reconheceu a responsabilidade subsidiária da Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica (CEEE), sem, contudo, analisar se houve culpa in vigilando ou/eu culpa in eligendo do ente público.
Corroborando o alegado, têm-se o seguinte julgado: 
TRT-2 - RECURSO ORDINÁRIO RO 00013022820115020057 SP 00013022820115020057 A28 (TRT-2)
Data de publicação: 02/09/2014
Ementa: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR. CULPA IN VIGILANDO. SUMULA 331, V, TST. A constitucionalidade do art. 71 , da Lei 8.666 /1993, reconhecida pelo E. STF, não impede o reconhecimento da responsabilidade da Administração Pública por culpa in vigilando, tudo conforme ressaltado no entendimento agasalhado pela Súmula nº 331, V, do C.TST.
Por fim, requer a reforma da respeitável sentença, a fim de se afastar a responsabilidade subsidiária da 2ª Recorrente, conforme a Súmula 331, V do TST.
III.IV – DA EXCLUSÃO DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE
O juízo de 1ª grau se equivocara quanto a condenação das Recorrentes no sentido de pagar ao Recorrido o adicional de insalubridade de todo o pacto laboral.
Destaca-se que ocorre a eliminação da insalubridade mediante fornecimento de aparelhos protetores aprovados pelo órgão competente do Poder Executivo exclui a percepção do respectivo adicional, conforme a Súmula 80 do TST.
Nesse sentido, têm-se o seguinte julgado:
TRT-4 – Inteiro Teor. Recurso Ordinário. RO 1764006519945040025 RS 0176400-65.1994.5.04.0025
Data de Publicação: 18/06/1997
Decisão: EMENTA. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. O fornecimento de EPI pelo empregador exclui a percepção do adicional respectivo. VISTOS e relatados estes autos de RECURSO ORDINÁRIO. Interposto de decisão da MM. Nas fls. 166/169.
Sendo assim, requer que a respeitável sentença seja reformada, abstendo-se das Recorrentes a obrigação do pagamento do adicional de insalubridade, tendo em vista o equipamento de proteção ter sido eficaz.
III.V – DA VIOLAÇÃO AO ARTIGO 195 §2º DA CLT
Destaca-se que a caracterização e a classificação da insalubridade e da periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho.
Corroborando o alegando, segue abaixo julgado:
TRT-1 – Recurso Ordinário RO 000002588220135010071 RJ (TRT-1)
Data de Publicação: 26/03/2015
Ementa: INSALUBRIDADE. PERICULOSIDADE. REVELIA. AUSÊNCIA DE PERÍCIA. INÉRCIA DO RECLAMANTE. Ainda que revel o reclamado a insalubridade e a periculosidade deverão ser provadas por meio de perícia, inteligência do art 195 da CLT. 
Sendo assim, a sentença deverá ser reformada, tendo em vista s que o juiz não pode fixar o grau de insalubridade mesmo na revelia, conforme o Art. 195, § 2º, da CLT, pois exige a produção de prova pericial.
III.VI – DA IMPOSIÇÃO DE INCIDÊNCIA DA CORREÇÃO MONETÁRIA
Frisa-se, que conforme leciona o art. 459, §1º da CLT, quando o pagamento houver sido estipulado por mês, deverá ser efetuado, o mais tardar, até o quinto dia útil do mês subsequente ao vencido.
Nesses termos, a 1ª Recorrente, sempre cumprira coma sua obrigação de efetuar o pagamento do salário do Recorrido até o 5º dia útil subsequente ao mês trabalhado, por tanto não merece prosperar tal alegação. 
Nesse sentido, a Súmula 381 do TST, corrobora:
CORREÇÃO MONETÁRIA. SALÁRIO. ART. 459 DA
CLT. O pagamento dos salários até o 5º dia útil do mês subsequente ao vencido não está sujeito à correção monetária. Se essa data limite for ultrapassada, incidirá o índice da correção monetária do mês subsequente ao da prestação dos serviços, a partir do dia 1º
Dessa forma, requer a reforma da sentença para o fim de afastar da condenação das diferenças decorrentes da incidência de correção monetária sobre valor do salário mensal após a “virada do mês”
IV – DA CONCLUSÃO
Diante das argumentações e das provas constantes nos autos, as Recorrentes esperam que o presente Recurso Ordinário seja conhecido e provido, com a consequente reforma da decisão de primeira instância, acolhendo-se na integralidade os pleitos acima mencionados.
Termos pelos quais, aguarda deferimento.
 Local e Data.
 Assinatura do Advogado
OAB/UF Nº

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