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SÍNDROME DOS BRAQUICEFÁLICOS – PorLilian Ferrari -Alterações primárias -Estenose de narinas -Prolongamento de palato ↓ -Alterações secundárias -Eversão dos sacos laríngeos -Colapso da laringe ↓ -Obstrução respiratória -Dificuldade respiratória -Dispnéia inspiratória - A síndrome dos braquicefálicos são alterações primárias em relação a formação anatômicas, relacionado a estenose de narinas, além disso, o prolongamento de palato (palato mole ultrapassa o limite da epiglote, durante a respiração o palato entra e causa vibração causando som característico – palato vibrando na entrada da epiglote). - Essas alterações primárias – estenose de narina e prolongamento de palato – ao longo do tempo causa alterações secundárias, sendo elas, a eversão dos sacos laríngeos e no estagio final da doença pode ter o colapso de laringe. - Tudo isso, tanto as alterações primárias como as alterações secundárias vão causar obstrução respiratória, dificuldade respiratória e principalmente a dispnéia inspiratória – “ronco”. Definição: É uma síndrome do trato respiratório superior descrita em raças braquicefálicas. - Pug é o mais acometido, mas assim como bulldog inglês e francês. Raças acometidas: •Bulldog •Pug •Boston Terrier Outras raças: •Pequines •Shih-tzu •CavalierKing Charles Spaniel •Boxer •Dogue de Bordeaux •Bullmastiff - Nem todo braquicefálico tem essa síndrome. Alterações anatômicas observadas em raças braquicefálicas: •Autores Alemães •Proporção comprimento cranial/ comprimento total do crânio. •Braquicefálicos: relação 1,6 –3,44. Outras aferições: •Angulo entre eixo facial e da base do crânio •Braquicefálicos 9°a 14 ° •Mesocefálicos 19°a 21° •Dolicocefálicos 25°a 26° - Na imagem podemos observar o crânio de um cão braquicefálico. Os autores alemães falam da proporção do comprimento cranial e o comprimento total do crânio, dividindo esses dois comprimentos tem uma relçaõ de 1,6-3,44. Além disso, tem um ângulo entre o eixo facial e da base do crânio. Portanto, todas as estruturas que deveriam estar distribuídas ao longo de um focinho mais comprido, esta tudo comprido em um crânio menor, por este motivo há uma incidência maior de alterações respiratórias. Patofisiologia: Estenose de narinas: •As placas de cartilagem são finas e medializadas •Comumente subestimadas •Causa do prolagamento de palato? - Então a estenose de narina que é a primeira alteração anatômica da síndrome, acontece pois as placas de cartilagem são finas e medializadas ( para ter uma narina aberta, dentro das tufas existe o septo nasal, que são varias cartilagens que mantem a narina aberta, no cão braquicefálico essas cartilagens são finas fazendo com que praticamente não haja narina). - O componente nasal do cão é muito importante, artigos mostram que talvez a estenose de narina seja a causa de outras alterações – fazendo com que o cão respire muito através da boca, faça um esforço inspiratório muito intenso, fazendo com que o prolongamento de palato, eversão dos sacos laríngeos, colapso de laringe e outras alterações apareçam ou fiquem mais intensas. - Essa alteração anatômica é comumente subestimada, onde os médicos veterinários não se preocupam em analisar melhor. Prologamento de palato: •Palato mole longo passa a epiglote •Vibração excessiva causa edema •Prolongamento observado em 80 a 100% dos casos •Alteração primária ou secundária? - O prolongamento de palato é quando o palato mole é prolongado ultrapassando o limite da epiglote. Então quando o animal tenta fazer a inspiração o palato mole vibra na entrada da traquéia. - Esta vibração excessiva causa edema. - Portanto, o cão nasce assim ou ele desenvolve isso? É nítido que é as duas coisas, o cão quando é filhote o palato vibra um pouco porque ele é naturalmente alongado, e com o passar do tempo esse tecido vibrando fica edemaciado, e no fim da vida podemos observar que o palato esta espesso (duro), tem casos que fica tão espesso que o lúmen da passagem do ar fica muito estreito. Eversão dos sacos laríngeos: •Primeiro estágio do colapso da larínge •Revestimento mucoso dos ventrículos laríngeos •Visto em 48-60% dos casos - A eversão dos sacos laríngeos é o primeiro estágio do colapso da laringe. - Os sacos laríngeos é um revestimento mucoso dos ventrículos laríngeos. - Após a epiglote, na entrada inicial – porção inicial da traquéia tem dois sacos laríngeos, e a eversão ocorre quando estes sacos “viram do avesso” invadindo o lúmen da orofaringe – e isto ocorre pelo alto esforço inspiratório, este esforço faz uma pressão negativa dentro da traquéia, um vácuo, que faz com que este saco laríngeo que esta para fora e everta e obstrua a passagem do ar (colabando medialmente). Colapso laríngeo: •Suscessivo colapso medial dos processos cuneiformes e corniculados •Secundário •Casos avançados - Quando tem um colapso laríngeo a chance do animal vir a óbito é muito grande. - Havendo parada cardiorespiratória, em casos avançados. Sinais clínicos: •Intolerância ao exercício •Dispneia inspiratória •Cianose •Síncope - desmaios •Sinais gastrointestinais – vômitos ou regurgitação Diagnóstico: Exame físico: Narinas estenosadas - •Abertura das narinas menor que 1/3 que a largura da trufa. Se somar a largura da narina, a abertura da narina tem que dar pelomenos 1/3 da largura de toda a trufa. Observação da laringe: • Anestesia superficial • Avaliar o comprimento do palato em relação a epiglote • Cuidado com a posição da língua • Avaliar a presença de sacos laríngeos • Avaliação da anatomia da laringe e sua função • Alguns casos possuem paralisia de laringe associada – a capacidade de abrir a laringe. - O diagnóstico é feito através da laringoscopia e observar fisiologicamente o animal inspirando. - É importante fazer uma anestesia superficial (sedação leve) para ver o animal inspirando e expirando de forma mais fisiológica possível. - A relação entre o palato e a epiglote, eles só se tocam lentamente, o palato só não pode ultrapassar o limite da epiglote, e quando o animal inspirar o palato bloqueia a entrada de ar nesses casos. - A língua tem uma prega grudada na epiglote, e se puxar ela excessivamente a epiglote desce, assim, não consegue observa-la em uma situação normal. - Observar se tem eversão dos sacos laríngeos e abdução da laringe – se ela esta abrindo. Diagnóstico –Resumo: •Exame físico •Largura das narinas •Observação da larínge •Extensão do palato mole •Visualização da laringe – laringoscopia - Observar as alterações anatômicas que esta obstruindo a passagem do ar. Quando recomendar a cirurgia??? •Pacientes com sinais clínicos evidentes - Indicação cirúrgica fácil. •Pacientes com obstrução mas que estão muito bem- Também devem ser operados, Doença não é estática. - Pacientes que se cansam muito fácil, que não conseguem brincar, ronca, o tutor reclama, fala que não pode passear em dias quentes, tem que deixar em um quarto com ar condicionado ligado, quando faz um pequeno esforço fica mais taquipneico, as vezes tem síncope. - Os pacientes que tem obstrução mas estão bem também devem ser operados, corrigir antes que apareçam alterações secundárias. Porque devo tratar esses pacientes que estão bem? •As alterações anatômicas podem evoluir para uma obstrução da laringe – doença não é estática. •Pode haver exacerbação aguda dos sinais clínicos podendo causar morte •Exercicío, estresse, calor •Piora do risco anestésico •Ronco pode incomodar o dono •Hipoxiacrônica pode causar hipertensão pulmonar e insuf. cardíaca direita Tratamento: Emergência: •Limitar estresse •Aumentar a FiO2 •Sedação •Controlar hipertermia (Fluidoterapia gelada/ Molhar coxins). •Esteroides – corticóide diminui o edema vasogenico. *Curiosidade: picada de abelha usar hidrocortisona e fenergan anti histamínico. •Traqueostomia temporária - Quando chega emergência deve promover respiração do animal, deixar animal em ambiente calmo, oxigenar o animal, alguns cães tem que sedar por estar muito agitado e ofegante, assim a expansão pulmonar não ocorre (acepromazina, clorpromazina), controlar hipertermia porque por eles estarem taquipneicos não conseguem trocar calor, fazer hidrocortisona esteroidal IV dose até 50mg/kg, porque todos os tecidos da orofaringe podem estar edemaciados, e esse medicamento é para reduzir este edema. Se o animal chegar com edema total tentativa de entubação orotraqueal e se não conseguir fazer traqueostomia temporária. Anestesia: •Evitar ao máximo estresse •Utilizar esteroides •Hidrocortisona até 50mg/kg IV – redução de edema •Pré oxigenação com máscara •Rápida indução Tratamento cirúrgico – Estenose de Narinas: - Sangra bastante, molhar cotonete com adrenalina. - ou - Amputação da asa alar. PONTOS IMPORTANTES: •Alteração estética (despigmentação da narina) •Colar elisabetano – tem que usar. - Recomenda-se: •Intervenção precoce < antes de 6 meses. - Candidatos são filhotes com estenose de narinas com sinais: •Secreção nasal •Dificuldade respiratória •Intolerância ao exercício •Considerar a técnica de trader(amputação da asa alar) Tratamento cirúrgico – Prolongamento de palato: Palatoplastia (Estafilectomia): •Melhora significativa da dispneia inspiratória •Pontos de referência: ▪ Aspecto caudal das tonsilas? ▪ Topo da epiglote •Importante observar com a língua em posição normal – medir com a língua em posição normal, tração excessiva da língua causa um posicionamento rostral da epiglote, alterando a relação da epiglote com o palato mole. •Cuidado com remoções excessivas •Cuidado com edemas – no pós operatório fazer hidrocortisona 50mg/kg IV, e botão de hidrocortisona no palato de 0,5 ml (opcional). - Palatoplastia é remover um pedaço do palato, é retirada a obstrução da orofaringe. - Quanto tirar? Assim se tem alguns pontos de referência que é o aspecto caudal das tonsilas ou o topo da epiglote. - Não associar anti inflamatório esteroidal com não esteroidal – causa insuficiência renal aguda. •Decúbito esternal com cabeça elevada e boca aberta •Boa iluminação •Fixação do tubo traqueal a mandíbula •Com pinça Allis pinçar a ponta caudal do palato em sua linha média •Faz Suturas de apoio ou arrimo •Realizar corte sutura – cortando e suturando pois sangra. •Pontos simples continuo – Vicryl *Lembrar que com o processo de cicatrização tem retração cicatricial. Tratamento cirúrgico –Eversão dos sacos laríngeos •Impossibilidade de intubação orotraqueal ▪ Traqueostomia temporária? •Pode haver recidiva da eversão - É o mais fácil de se fazer, muitas vezes tem impossibilidade de se entubar, a literatura diz que pode ser feito traqueostomia temporária, porém, deve ser evitada. - A cirurgia é feita com o paciente não entubado porque é onde esta os sacos laríngeos. - Pode ter recidiva, é um tecido fibroso, podendo voltar a everter. Excisão dos sacos laríngeos evertidos: •Melhora a rima da glote melhorando assim a função respiratória. •Tratamento cirúrgico simples e rápido. •Técnica cirúrgica: ▪ Pinça os sacos com pinça Allis ▪ Tração crânio medial ▪ Extirpação pela base com tesoura ▪ Há pouco sagramento geralmente ▪ Se houver a compressão é suficiente - De modo geral, visualiza os sacos laríngeos, pinça ele , fazer uma tração crânio medial (expor base), vai na base do bisturi e extirpa a base do saco laríngeo. - É rápido e costuma não sangrar, porque tecido fibroso não é vascularizado. Ainda tem mais ... - Tradicionalmente: •Estenose de narinas •Prolongamento de palato •Eversão dos sacos laríngeos •Colapso de laringe •Hipoplasia de traqueia*** •Eversão de tonsilas •Componente nasal??? - É uma síndrome que não é estática. - Sindrome dos braquicefalicos é estenose de narinas, prolongamento de palato, eversão dos sacos laríngeos, colapso laríngeo. Só que além disso, os braquicefálicos tem hipoplasia de traquéia – porém, não faz parte da síndrome dos braquicefálicos mas também atrapalha a inspiração – respiração por uma traquéia muito fina. Também tem a eversão de tonsilas. - E ultimamente saiu trabalho em 2015-2016, viram que tem um componente nasal, eles queriam responder porque em alguns casos há a correção do prolongamento de palato, estenose de narina, entre outros, não ter hipertrofia da mucosa e mesmo assim os sinais ficam dispnéicos – eles encontraram um componente nasal que comentaremos a frente. Outras doenças associadas a síndrome: •Anomalias traqueais e bronquiais: ▪ Hipoplasia traqueal ▪ Afeta aproximadamente 13 % dos cães braquicefálicos ▪ Razão entre diâmetro traqueal / Diâmetro da entrada torácica ▪ Menor que 0,2 em cães não condrodistróficos ▪ Menor que 0,16 em condrodistróficos ▪ Bulldog inglês é mais acometido ▪ Aumenta a resistência respiratória mas contribui pouco para a severidade da doença - Para ver hipoplasia de traquéia se mede o diâmetro da entrada do tórax ou o diâmetro da traquéia. Comprimento do palato mole (estudo): - Foi avaliado o comprimento do palato mole e espessura. Resultados e discussão: •Cães classificados em severos possui espessamento do palato mole. •Causa primária ou secundária? - Resultado: cães com síndrome do braquicefalico o palato mole foi significamente mais espesso do que cães que tinham mínimos sinais da síndrome. - Os cães foram classificados em muito, pouco dispnéicos, e foram vistos os que estavam melhores e os piores. Viram que a diferença dos piores para os melhores era a espessura do palato mole. - Além disso, esse espessamento pode ser uma anormalidade primária ou secundária, porém, não conseguiram classificar se é primária ou secundária. - Por fim, observaram que o aumento do espessamento é explicada pela hipertrofia muscular do palato e edema. Em suma, o problema não é só o prolongamento do palato mas também o espessamento. - Assim, eles propuseram uma técnica cirúrgica para corrigir esses casos de espessamento: que ao invés de somente cortar o comprimento do palato, se faz uma incisão em meia lua, expõe a mucosa, faz uma raspagem e retira a espessura e depois sutura novamente. Outro estudo: - Uma nova abordagem para a síndrome dos braquicefálicos, eles avaliaram alterações anatômicas intranasais. Rinoscopia normocefálico Vs Braquicefálico - Eles fizeram rinoscopia, dentro das narinas existem os turbinados nasais. Fizerem rinoscopia de dois animais, um normocefálico e um braquicefálico, e foi observado no cão braquicefálico um turbinado nasal aberrante rostral. Rinoscopia Posterior - Observando de caudal para rostral: nos cães braquicefálicos na região de nasofaringe e orofaringe viram o turbinado nasal aberrante atrapalhando o fluxo de ar. - A incidência da presença do turbinado aberrante tanto rostral como caudal é alta. Turbinectomia assistida por laser : •Laser guiado por rinoscopia •Remoção de obstruções nasais (turbinados aberrantes) Em resumo ... •Estertor, engasgos, roncos, abrir a boca para respirar com muita frequência não é normal em cães braquicefálicos.•Cirurgia melhora muito a qualidade de vida desses cães. •Considerar abertura das narinas precocemente. •Considerar estafilectomia em cães jovens para evitar alterações secundárias. •Seus pacientes irão dormir melhor assim como seus tutores.
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