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Nós e os outros: identidade(s) em confronto* Carolline Martins de Andrade Projeto de Ensino Fundamental de Jovens e Adultos -2º CP/EBAP/UFMG Faculdade de Filosofia/História- FAFICH Introdução O presente trabalho trata-se de um relato de experiência e essa foi realizada com alunos jovens e adultos de duas turmas iniciantes – 76 e 77 - do Projeto de Ensino Fundamental de Jovens e Adultos – 2º Segmento, também conhecido como PROEF 2, desenvolvido pelo Centro Pedagógico da Escola de Educação Básica e Profissional desta UFMG. É parte integrante de uma proposta coletiva de ensino desenvolvida por todos os professores dos diferentes campos do conhecimento e tendo como eixo condutor o tema Identidade. Sendo este tema bastante amplo, cabe-nos restringi-la a um de seus fundamentos: o eu em relação a um outro. Assim, na disciplina história, a alteridade, concebida de acordo com Todorov (1993a, 1993b), é condição indispensável para que nós nos (re)conheçamos, uma vez que ao dirigirmos nosso olhar para o outro podemos nos diferenciar e, assim, perceber aquilo que nos é próprio. A alteridade, segundo esse autor, vai para além do olhar e permite ao indivíduo perceber as diferenças, pois ela conduz à compreensão; para que, mesmo na impossibilidade de integrar o outro ao nosso universo, possamos, pelo menos, aceitá-lo como é, sem que haja postura de superioridade. Justificativa Pretendemos trabalhar com a alteridade no que tange à questão do indígena na sociedade brasileira. É um olhar lançado do presente para o passado, de uma construção histórica e representativa que se fez dos grupos indígenas e que ainda hoje configuram, em alguma medida, em dificuldade para integrá-lo à nação brasileira e garantir seus direitos já estabelecidos na Constituição de 1988. Justifica-se um projeto de ensino como este, pois seus objetivos são proporcionar aos estudantes do Projeto de Educação de Jovens e Adultos do 2º Segmento 1 (Centro Pedagógico/UFMG) um relativo conhecimento sobre as representações que foram sendo construídas, ao longo do tempo, sobre os povos indígenas sejam elas oriundas do olhar etnocêntrico dos primeiros conquistadores e Trabalho orientado pelos professores Pablo Luiz de Oliveira Lima, da Faculdade de Educação, e Edna Maria Santana Magalhães, do Centro Pedagógico da Escola de Educação Básica e Profissional da UFMG, coordenadores de área (Matemática) e de equipe do Projeto de Ensino Fundamental de Jovens e Adultos – 2º Segmento/CP/EBAP/UFMG, respectivamente. 1 Doravante PROEF 2. viajantes, seja por meio das legislações produzidas pela Coroa Portuguesa, posteriormente, pelo Império e, finalmente, pela República. Violentamente empurrados para o interior do território brasileiro com a marcha desenvolvimentista para o oeste, os indígenas hoje ainda passam pela expropriação de suas terras por grileiros e grandes latifundiários; bem como as insistentes construções de hidrelétricas em iniciativas público-privadas – para se ter uma ideia cerca de 24 grupos indígenas serão afetados pela construção da usina de Belo Monte. Ainda que durante a República vários progressos tenham sido obtidos no que se refere ao respeito e à preservação dos povos indígenas – com os projetos idealizados por Rondon e os irmãos Villas Boas, a eleição de Juruna para deputado federal (1983-1987), o reconhecimento dos indígenas como cidadãos brasileiros pela Constituição Federal (1988), entre outros - mantêm-se, até hoje, grande desconhecimento das culturas e necessidades desses grupos. Dizem por aí que para compreender é preciso conhecer! De modo que dupla é a nossa razão para trabalhar a questão da alteridade com enfoque nos povos indígenas: trata-se de uma questão de cunho social, visto que são populações que compõe às identidades brasileiras e, ao mesmo tempo, o comparativo da diferença e semelha entre culturas pode estender-se para outros diálogos. Ademais, leva em consideração a postura oficial, que, em março de 2008, por meio da lei 11.645, tornou obrigatório o ensino das culturas e histórias dos povos indígenas e afro- brasileiros como constituintes da identidade nacional brasileira, nas escolas. Objetivos gerais Como objetivos gerais, pretende-se com este trabalho: estimular nos alunos do PROEF 2 o conhecimento de algumas características e influências das culturas indígenas; desconstruir padrões de etnocentrismo e de comportamentos preconceituosos; possibilitar a identificação do outro como igual, que possui direitos e deveres. Metodologia Este tema foi planejado para 6 horas aulas, podendo sofrer variações. Aula 1 – No primeiro momento, solicitar que os alunos escrevam algumas frases com suas percepções acerca dos indígenas. Segundo momento, apresentar imagens e músicas que estão, de certa forma, presentes em nosso cotidiano e que retratam “índios” – livros didáticos, por exemplo, e músicas como Baila comigo (Rita Lee), Xingu (Língua de Trapo). E, a partir das imagens e letras das músicas questioná-los a respeito de suas próprias representações. Para finalizar a aula, utilizarei a música Um índio, de Caetano Veloso. Aula 2 – Nesta aula trabalharemos com relatos de viajantes e dos primeiros europeus que adentraram as Américas e as visões etnocêntricas a respeito dos habitantes do Novo Continente. Aula 3 – As políticas oficiais – Coroa Português, Império do Brasil e República. Inicialmente, será uma aula expositiva, abordando as legislações do período colonial e império. O segundo momento consistirá na leitura e debate de alguns fragmentos da Constituição brasileira de 1988. Tem por objetivo pensar a questão do indígena ao longo da história brasileira e sua situação atual no que tange às leis federais. Aulas 4 e 5 – Filme: Xingu. Direção: Cao Hambúrguer. 2012. Aula 6 – Dividir a turma em grupos pequenos a fim de que sejam produzidos textos (poemas, sínteses, entre outros) sobre o que conseguiram compreender da relação entre o “homem branco” e os indígenas brasileiros ao longo do tempo. Resultados Esse trabalho ainda está em andamento, mas espera-se com ele alcançar os seguintes produtos: apresentação no projeto de extensão UFMG Jovem 2013; apresentação no Iª FEBRAT - Feira Brasileira de Colégios de Aplicação e Escolas Técnicas na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 2013 e também no XVI Semana de Extensão, integrada ao evento UFMG Conhecimento e Cultura. Além disso, pretende-se que este relato de experiência possa ser uma oportunidade de diálogo com outros docentes da área de história e de educação em geral, na modalidade de Educação de Jovens e Adultos como para outros níveis e modalidades de ensino. Outra possibilidade de produto final é a produção de um vídeo por turma, o qual será produzido em um momento fora da sala de aula. Este vídeo incluirá a utilização do material escrito em sala aula e a realização de pequenas entrevistas – cujas perguntas serão formuladas pelos próprios alunos – com alguns indígenas que estudam na Faculdade de Educação (UFMG) falando da relação que suas comunidades estabeleceram com o restante da sociedade brasileira. Conclusão Como conclusão, para os alunos da Educação de Jovens e Adultos envolvidos no projeto, espera-se que sejam desenvolvidos os seguintes conhecimentos, habilidades e comportamentos: a habilidade do trabalho em grupo; a construção de uma nova concepção de história, a qual consiste em construções e interpretações, podendo ser múltipla e, ao mesmo tempo limitada, pelas fontes e pelo trabalho da pesquisa historiográfica;a compreensão de que as relações de poder são construídas e estabelecidas ao longo do tempo e que permeiam a vida em sociedade; a percepção e a compreensão de que comportamentos e padrões sociais são frutos de escolhas humanas e construções sociais; e o auto questionamento em/sobre suas próprias condutas e posicionamentos políticos, sociais e culturais. Por fim, a percepção, para todos os sujeitos envolvidos e para os possíveis leitores deste projeto e dos seus produtos finais, de que uma história útil é aquela que promove reflexão e crítica no indivíduo, que o faz enxergar o outro, que o conduz à empatia e que o confronta com seus próprios preconceitos, além de (re)definir posições individuais e coletivas oriundas do senso comum e também do questionamento das “verdades” e transmitidas pelos documentos, ditos, oficiais. Referências Bibliográficas BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, 1998. ALEGRE, MARIA Sylvia P. Imagem e representação dos índios no século XIX. In: Carupioni, LDB (org.). Índios do Brasil. Brasília: MEC, 1994. ANCHIETA, José de. Cartas: correspondência ativa e passiva [Introd. e org. do Pe. Hélio Abranches Viotti]. São Paulo: Edições Loyola, 1984, p. 74-75. BOSCHI, Caio César. Por que estudar história? São Paulo: Ática, 2007. Apud. COELHO, Antônio Borges. No rastro de Cabral. Revista USP, São Paulo (45): 22, mar.abr. maio 2000. CUNHA, Manuela C. (org.). Legislação Indigenista no século XIX. São Paulo: Edusp/Comissão Pró-Índio de São Paulo, 1992. CASTRO, Sílvio (org.). A Carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: LP&M, 2003. TODOROV, Tzvetan. A Conquista da América. A questão do outro. São Paulo: Martins Fontes, 1993a, p. 87 – 99. __________________. Nós e os outros. A revolução francesa sobre a diversidade humana. Trad. Sérgio Goes de Paula. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1993b. Somos índios. A saga de um povo desconhecido. Revista de História da Biblioteca Nacional. Ano 8, nº91, abril 2013. Outras fontes: Músicas LEE, Rita. Baila Comigo. Bossa n’roll, 1991. MELO, Carlos; SARRUMOR, Laert. Xingu. Língua de Trapo, 1982. VELOSO, Caetano. Um índio. Bicho, 1977. Filme Xingu. Direção: Cao Hambúrguer. Brasil: Globo Filmes; 02 Filmes, 2012. 1 fita VHS (97 MIN.). Imagens AA, Pieter van der. Comedores de homens na América, século XVIII. Gravura. In: Revista de História da Biblioteca Nacional. ANO 8, nº91¸ abril 2013, p.28. ECKHOUT, Albert. Dança dos Tapuia, 1637-1644. Óleo sobre tela, s.d., 168x294 cm. Museu Nacional da Dinamarca, Copenhague. Reprodução fotográfica: autoria desconhecida. Disponível em http://artenaescola.org.br/midiateca/publicacao/?id=58772&. Acesso em 28/05/2013. DEBRET, Jean Baptiste, século XIX. Litogravura. Fundação Biblioteca Nacional. Disponível em: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/solucao-caseira. Acesso em 28/05/2013. Anexos Aula 1 Música 1 – Baila Comigo (Rita Lee) Se Deus quiser Um dia eu quero ser índio Viver pelado Pintado de verde Num eterno domingo Ser um bicho preguiça Espantar turista E tomar banho de sol Banho de sol! Se Deus quiser Um dia acabo voando Tão banal assim Como um pardal Meio de contrabando Desviar do estilingue Deixar que me xingue E tomar banho de sol Banho de sol! Baila Comigo! Como se baila na tribo Baila Comigo! Lá no meu esconderijo Ai! Ai! Ai! Baila Comigo! Ah! Ah! Uh! Uh! Como se baila na tribo Oh! Oh! Baila Baila Comigo! Lá no meu esconderijo. Se Deus quiser Um dia eu viro semente E quando a chuva Molhar o jardim Ah! Eu fico contente E na primavera Vou brotar na terra E tomar banho de sol Banho de sol! Música 2 – Xingu Disco (Língua de Trapo) Tiveram a manha de me emancipar Sabe como é, eu era índio no Pará Aí pintou toda aquela transação Era Funai, Fazenda e demarcação A nossa tribo Ubajara se alterou Nosso cacique comprou um televisor Até o pajé, que curtia misticismo Se converteu, de cara, pro catolicismo Xingu, Xingu, Xingu O índio já tomou E agora até trocou O tupi pelo I love you Xingu, Xingu, Xingu O índio já tomou E agora até trocou A Iracema pela lady Zu A minha irmã foi trabalhar na Zona Franca de Manaus, no comércio de japona Peri, meu mano, é campeão de fliperama Meu pai é revendedor dos produtos da Brahma E se não fosse o milagre brasileiro Os meus parentes inda eram seringueiros E eu não seria presidente da Brazil United Corporation Bauxita and Steel Xingu, Xingu, Xingu O índio já tomou E agora até trocou O tupi pelo I love you Xingu, Xingu, Xingu O índio já tomou E agora até trocou A Iracema pela lady Zu Música III - Um índio (Caetano Veloso) Um índio descerá de uma estrela colorida e brilhante De uma estrela que virá numa velocidade estonteante E pousará no coração do hemisfério sul, na América, num claro instante Depois de exterminada a última nação indígena E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias Virá, impávido que nem Muhammed Ali, virá que eu vi Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi Tranquilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu vi O axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá Um índio preservado em pleno corpo físico Em todo sólido, todo gás e todo líquido Em átomos, palavras, alma, cor, em gesto e cheiro Em sombra, em luz, em som magnífico Num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico Do objeto, sim, resplandecente descerá o índio E as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer Assim, de um modo explícito E aquilo que nesse momento se revelará aos povos Surpreenderá a todos, não por ser exótico Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto Quando terá sido o óbvio Imagem I Imagem 2 Base para a formação da economia colonial, a captura e a escravização. Litogravura de Jean Baptiste Debret, século XIX. Fundação Biblioteca Nacional. Imagem 3 Encontra-se impressa na Revista de História da Biblioteca Nacional, ano 8, n 91, p.28. Trata-se de uma gravura do século XVIII de Pieter van der Aa, em que este retrata um ritual dos índios tamoyos: “comedores de homens na América”. Aula 2 Documento 1 - Carta de Pero Vaz de Caminha Senhor [El-Rei D. Manuel], Posto que o Capitão-mor desta Vossa frota, e assim (mesmo) os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a notícia do achamento desta Vossa terra nova, que se agora nesta navegação achou, não deixarei de também dar nisso minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder... [...] A partida de Belém foi – como Vossa Alteza sabe, segunda-feira 9 de março. [...] E assim seguimos nosso caminho, por este mar de longo, até terça -feira das Oitavas de Páscoa, que foram 21 dias de abril, topamos alguns sinais de terra... os quais eram muita quantidade de ervas compridas, a que os mareantes chamam botelho [...] E quinta-feira pela manhã, fizemos vela e seguimos em direitura à terra. E chegaríamos a esta ancoragem às dez horas, pouco mais ou menos... E dali avistamos homens que andavam pela praia, uns sete ou oito... Pardos, nus, sem cousa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Traziam arcos nas mãos, e suas setas. A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos... Oscabelos deles são corredios. E andavam tosquiados, de tosquia alta antes do que sobre-pente, de boa grandeza, rapados todavia por cima das orelhas. [...] E hoje que é sexta-feira, primeiro dia de maio, saímos em terra com nossa bandeira; e fomos desembarcar no rio acima [...] Até agora não podemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal [....] Contudo a terra em si é de muitos bons ares, frescos e temperados como dos de Entre-Douro e Minho [...] Em tal maneira é graciosa que, querendo a aproveitar-se há nela tudo, por causa das águas que tem! [...] Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. E que não houvesse mais do que ter Vossa Alteza aqui esta pousada para essa navegação Documento 2 - Carta do Padre José de Anchieta (1554) Estes [índios] entre os quais trabalhamos, estão espalhados pelo interior [...] e todos comem carne humana, andam nus e habitam casas de madeira e barro, cobertas de palha ou casas de árvores. Não estão sujeitos a nenhum rei ou chefe [...] Vivendo sem lei, nem autoridade, segue-se que não se podem conservar em paz e concórdia [...] Juntam-se a isso matrimônios contraídos com os mesmos consanguíneos até primos diretos [...] São tão bárbaros e indômitos que parecem estar mais perto da natureza das feras do que dos homens. Documento 3: Crítica do Capitão Manuel Fernandes Vila Real (1641): O intento de grandes empresas para ensinar a verdadeira fé aos bárbaros gentios é admirável, é santo, mas privá-los de suas vidas, de suas liberdades, é pernicioso, diabólico. Fazer escravos, a quem a Natureza fez livres, não é obedecer a Deus, é contradizer as suas obras... Se acaso lhes salvam a alma, é à custa da sua liberdade, é privando-os de seus bens e da sua pátria. Aula 3 Documento 1: Constituição Federal de 1988 Art. 3. Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: IV – promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. [...] Art.5. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] Art. 20. São bens da União: XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. § 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei. Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: XIV - populações indígenas; Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais; Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: XI - a disputa sobre direitos indígenas. Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas; Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado. § 3º O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros. § 4º As cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão prioridade na autorização ou concessão para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais garimpáveis, nas áreas onde estejam atuando, e naquelas fixadas de acordo com o Art. 21, XXV, na forma da lei. § 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que se refere o caput deste artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa brasileira de capital nacional, na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas. Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais. [...] § 2º O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem. Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais. § 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional. Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. § 1º O poder público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação. [...] CAPÍTULO VIII Dos Índios Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. § 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições. § 2.º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes. § 3.º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivados com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei. § 4º As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis. § 5º É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo, ad referendum do Congresso Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua população, ou no interesse da soberania do País, após deliberação do Congresso Nacional, garantido, em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que cesse o risco. § 6º São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos quetenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras a que se refere este artigo, ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante interesse público da União, segundo o que dispuser lei complementar, não gerando a nulidade e a extinção direito a indenização ou a ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da ocupação de boa-fé. § 7º Não se aplica às terras indígenas o disposto no art. 174, §§ 3º e 4º. Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos do processo. ADCT Art. 67. A União concluirá a demarcação das terras indígenas no prazo de cinco anos a partir da promulgação da Constituição. ANEXO 2 – Alunos participantes do PROEF 2/CP/EBAP/UFMG Turma 77 ALIDA FARIAS PASSAINI ANA RODRIGUES DA CRUZ ANTONIO CÉLIO CARDOSO CANDIDO RODRIGUES PAIXÃO ELISA COSTA DE AGUIAR GERALDO SABINO DE OLIVEIRA HILDA GOMES VIANA IRACI TEODORO CEZAR JOELMA APARECIDA BORGES DE OLIVEIRA JOSÉ BERDOTE DE ANDRADE JOSÉ ESTÁQUIO DA FONSECA MARIA LÚCIA RODRIGUES DE OLIVEIRA SARA RODRIGUES PEREIRA SIRLENE JERONIMO DE SOUZA ZÉLIA DE ASSIS VON RANDOW Turma 76 ADELAIDE FERREIRA CARDOSO ANTERO APARECIDA DAVID DA SILVA POFINO ANA CLAUDIA QUEIROGA ANA MARIA GOMES ERIKA FLORÊNCIO MOREIRA DA SILVA IRANI LEANDRO FERNANDES IVANICI MOREIRA DOS SANTOS JOSÉ LIBERATO SIMEÃO LUCAS PINTO MOREIRA MARIA HELENA DE FÁTIMA MEIRELES MARIA INÊS DOS SANTOS ORTENCIA DE LIMA FERREIRA WILLIAN DE OLIVEIRA
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