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Retalho É definido como um segmento de tecido parcial ou completamente isolado perfundido com seu próprio suprimento vascular. É a unidade constituída por pele e tela subcutânea transferida de uma área doadora para outra receptoras, sendo os vasos de seu pedículo responsáveis por sua nutrição. Opção de escolha quando é necessária uma cobertura acolchoada e durável para reconstruir um defeito tegumentar sobre estruturas vitais, tecidos desprovidos de membrana perivascular ou sobre implantes. Variam conforme a complexidade. Mais simples: relatlho cutâneo com suprimento vascular randômico até retalhos microvasculares contendo tecidos compostos. Anatomia Vascular da Pele Macrocirculação Ramos direitos da aorta (chamados segmentares) se dirigem aos grandes grupos musculares em feixes vásculo-nervoso. Estes ramos se dividem em 3 sistemas: Artérias fáscio-cutâneas - correm pela fáscia que separa dois grupos musculares. Artérias músculo-cutâneas – irrigam a musculatura, mantêm anastomoses com as artérias perfurantes. Artérias cutâneas diretas – ramos de artérias segmentares que se situam no plano da fáscia superficial e emitem ramos para o plexo dérmico. Esses sistemas dão origem a plexos vasculares intensamente interligados que são: fascial, subcutâneo, cutâneo, dérmico (ou subdérmico) e dermo-epidérmico (ou subepidermal). Microcirculação É constituída por arteríolas, vênulas, anastomoses arteriovenosas e rede capilar. Tem como função permitir trocas metabólicas e controle do fluxo sanguíneo. As arteríolas dão origem à rede capilar onde ocorrem as trocas metabólicas. Histologicamente, arteríolas e anastomoses arteriovenosas possuem musculatura lisa inervada pelo sistema nervoso simpática (para controle do fluxo sanguíneo). Os vasos da rede capilar apresentam apenas a camada de células endoteliais. Classificação Segundo o tipo de tecido: Retalhos fasciocutâneos Retalhos musculocutâneo Retalhos osteocutâneos Segundo o seu planejamento e método de transferência: Avanço Rotação Transposição Interpolação Segundo a origem do seu suprimento sanguíneo: Randômicos ou ao acaso Axial Livre Retalhos Randômicos Baseiam-se na pressão de baixa perfusão encontrada nos plexos subdérmicos para manter o retalho, e não num vaso sanguíneo específico. São largamente utilizados na reconstrução de defeitos cutâneos incluindo aqueles resultantes de excisões de tumores malignos cutâneos pela operação de Mohs (O procedimento consiste na retirada do câncer da pele, camada por camada, e do exame de cada uma delas ao microscópio, até que se obtenha margem livre, ou seja, até a remoção completa do tumor. Após a obtenção da margem livre, é realizada a reconstrução da ferida (resultante da “retirada“ do tumor) Esses retalhos locais recrutam tecido adjacente com base em padrões de planejamento geométricos. Retalhos de avanço, rotação ou tranposição, zetaplasia, bilobado, romboide e de avanço V-Y (ou Y-V) são retalhos randômicos comumente usados. Zetaplasia Envolve a transposição de dois retalhos em forma de triângulos adjacentes para redirecionar e alongar uma cicatriz prévia. Os ângulos de uma zetaplasia podem ser aumentados para fornecer um alongamento maior. Normalmente é usado em um ângulo de 60 graus, que alonga o membro central em 75%. Retalho Bilobado É comumente utilizado para reconstrução nasal. Um grande retalho primário e um retalho secundário menor são transpostos para um defeito adjacente, levando o tecido adjacente frouxo para fechar a ferida. Retalho Romboide Utiliza um paralelograma com ângulos de 60 e 120 graus para transpor tecido para um defeito em forma de diamante. É uma opção de retalho extremamente versátil e a escolha de muitos cirurgiões. Retalho em avanço tipo V-Y (ou Y-V) Comumente utilizados a fim de alongar cicatrizes em torno do nariz ou boca. Uma pequena incisão na base do retalho, avançando pelo pedículo, pode diminuir a tensão em sua extremidade, criando, assim, um arco maior de rotação, se essa incisão for muito exagerada ou existir tensão no retalho, pode haver isquemia no retalho e risco para sua viabilidade. Retalho Axial É baseado em um vaso sanguíneo específico, constituindo um retalho cutâneo ou musculocutâneo estável e reprodutível. Os retalhos podem ser levantados englobando a fáscia subjacente (fasciocutêneo), que recruta suprimento sanguíneo fascial e, através disso, aumenta a vascularização do retalho. O retalho axial promove o comprimento e volume sanguíneos necessários que usualmente o retalho randômico não consegue. O retalho axial que permanece ligado ao seu suprimento vascular proximal e é transposto para o defeito denomina-se retalbo pediculado. Alternativamente, o pedículo vascular pode ser completamente seccionado, o tecido é transferido e os vasos reanastomosados aos vasos receptores na sua nova localização (esse técnica requer uso de microscópio microcirurgia utilizada fios de calibre entre 8-0 a 11-0 permitindo realizar suturas e vasos menores que 1,0mm de diâmetro). Autonomização Consiste em incisar a pele e a tela subcutânea mantendo mais de um pedículo já definindo a forma e a dimensão do futuro retalho. Descolá-lo em plano supra-aponeurótico. A circulação será feita por vários pedículos garantindo o fluxo capilar até que o tônus vascular esteja restabelecido. História dos Retalhos Um conceito prévio de anatomia vascular no que se refere à cirurgia com retalho foi o raciocínio de que a circulação dérmica foi baseada no plexo subdérmico longitudinal. Embora limitado em seu alcance, o retalho de padrão aleatório pode ser elevado e rodado para proporcionar uma pele viável e tecido subcutâneo para cobrir uma ferida ou lesão adjacente. Tentativas de usar um retalho com padrão aleatório baseado na circulação subdérmica distante do local da lesão resultaram eventualmente na introdução do retalho tubular pediculado. Apesar disso, o retalho randomizado não ofereceu uma nova fonte de circulação quando transferido para um sítio distante. Dessa forma, os sucessos desses retalhos ultimamente dependem do ambiente do local da ferida para a nutrição. Outras restrições de retalhos aleatórios incluem o arco limitado de rotação, a proximidade do retalho à ferida e a zona associada de lesão, e a resistência bacteriana reduzida. O objetivo do procedimento cirúrgico de autonomização de um retalho é melhorar sua circulação, garantindo a sobrevida do mesmo após o avanço, transposição ou transplante para um sítio de defeito. O procedimento cirúrgico de autonomização do retalho pode ser usado para aumentar a circulação para o músculo ou fáscia ou para melhorar as conexões vasculares para o território cutâneo ou para as estruturas adjacentes a serem incluídas durante as elevações dos retalhos (tendão, fáscia e osso). Existem duas teorias que descrevem o mecanismo potencial pelo qual o fenômeno de autonomização evita a necrose dérmica. A primeira é que o procedimento de autonomização aclimata o retalho à isquemia (tolerância), permitindo que o retalho sobreviva com menor fluxo sanguíneo do que normalmente seria necessário. A segunda teoria é que o procedimento cirúrgico tardio melhora a vascularização pelo aumento do fluxo através dos vasos pré- existentes, reorganizando o padrão de fluxo sanguíneo para as áreas mais isquêmicas. O procedimento cirúrgico de autonomização dos retalhos é realizado de duas formas: autonomização padrão, com uma incisão na periferia do territóriocutâneo ou elevação parcial do retalho; e autonomização estratégica, com a divisão de pedículos selecionados para o retalho, para melhorar a perfusão através do pedículo ou pedículos remanescentes. O território cutâneo do retalho é delineado e são realizadas incisões totais ou em parte da borda de um território cutâneo planejado. A seguir, é realizado um descolamento cirúrgico mínimo a parcial do retalho. As incisões então são fechadas. Em seguida, o retalho é elevado após 10-14 dias. Foi observado que, após 1 semana, o fluxo sanguíneo dentro da área do procedimento cirúrgico alcança um pico máximo. O procedimento de autonomização estratégico do pedículo é realizado fazendo incisões na borda do território cutâneo planejado do retalho. A dissecção é realizada de forma profunda no músculo ou fáscia, dependendo do tipo de retalho, para alcançar os pedículos na entrada do território do retalho. O segundo estágio de elevação do retalho é realizado após um período de 2 semanas. A eficácia do procedimento de autonomização estratégico com base na ligação do pedículo vascular dominante foi demonstrada inicialmente no modelo invertido do retalho musculocutâneo do grácil. Como ocorre com o retalho de padrão aleatório, a limitação do retalho com procedimento cirúrgico de autonomização refere-se ao suprimento sanguíneo paralelo não eficiente. O procedimento cirúrgico de autonomização do retalho apresenta também desvantagens: é necessária uma cirurgia preliminar; é possível a ocorrência de uma lesão acidental no pedículo selecionado para o projeto do retalho; e o tecido cicatrizado resultante no sítio do procedimento cirúrgico tardio do retalho pode prejudicar a manipulação subsequente e a inserção do retalho no sítio receptor. Entretanto, a necessidade de retalhos mais longos sem um requisito do procedimento de autonomização resultou na identificação de retalhos com territórios vasculares específicos baseados no mapeamento dos pedículos vasculares superficiais com um alinhamento axial. Os retalhos axiais baseados nesse conceito incluem a fronte lateral (artéria temporal superficial), a região deltopeitoral (ramos mamários internos), groin(artéria circunflexa ilíaca superficial) e a região dorsal do pé (artéria dorsal do pé ). O desenvolvimento desses retalhos axiais causou um grande impacto, especialmente na reconstrução de cabeça e do pescoço, bem como da extremidade superior. Os retalhos axiais mais longos, não submetidos ao procedimento cirúrgico de autonomização, tornaram possível a reconstrução imediata de defeitos na cabeça e pescoço, virilha e extremidade superior, incentivando a busca por novos retalhos baseados em pedículos vasculares consistentes no tronco e extremidades. O músculo foi logo identificado como uma fonte de tecido que poderia ser separada de sua origem normal ou inserção e transposto como um retalho baseado em seu suprimento vascular principal (dominante). A análise complementar da circulação dérmica revelou a existência de vasos perfurantes musculocutâneos importantes suprindo a pele sobrejacente, alterando a abordagem para o projeto do retalho. Esse processo conduz eventualmente para o conceito de que músculos e fáscia apresentam pedículos vasculares distintos. O sucesso de retalhos musculares na cirurgia reconstrutiva é baseado no suprimento sanguíneo seguro. Com o conhecimento do local e a preservação subsequente dos pedículos vasculares para a musculatura, todo músculo pode ser rodado como um retalho. Retalhos musculares musculocutâneos Em 1981, Mathes e Nahai descreveram um sistema de classificação para músculos baseado nas seguintes relações anatômicas entre músculo e seus pedículos vasculares: 1. O local de origem do pedículo penetrando o músculo. 2. O número e o tamanho do pedículo. 3. O local do pedículo no que se refere à origem do músculo e inserção. 4. Os padrões angiográficos dos vasos intramusculares. Existem cinco padrões vasculares diferentes, pelos quais diversos músculos são classificados: Tipo I: um pedículo vascular Os músculos Tipo I são supridos por um único pedículo vascular. Tipo II: pedículo vascular dominante e pedículo menor Os músculos Tipo II são supridos por um pedículo vascular menor e um dominante. O pedículo vascular dominante em geral sustentará a circulação desses músculos, após a elevação do retalho quando os pedículos menores são seccionados. Esse é o padrão mais comum de circulação observado na musculatura humana. Tipo III: dois pedículos dominantes. Os músculos Tipo III possuem dois pedículos vasculares amplos, com origem vascular distinta. Esses pedículos apresentam uma origem separada de circulação ou estão localizados em lados opostos do músculo. A secção de um pedículo durante a elevação do retalho raramente resulta na perda de músculo dentro de sua distribuição vascular. O músculo geralmente sobreviverá com um de seus pedículos vasculares dominantes. Esse padrão vascular permite que o músculo se divida, possibilitando o uso de apenas parte da musculatura como um retalho muscular ou musculocutâneo. Tipo IV- pedículos vasculares segmentar Os músculos tipo IV são supridos pelos pedículos vasculares segmentares, penetrando ao longo do ventre muscular. Cada pedículo fornece circulação para um segmento do músculo. A secção de mais de dois ou três dos pedículos durante a elevação de um retalho pode resultar em necrose da porção distal do músculo. Tipo V - um pedículo vascular dominante e pedículos vasculares segmentares secundários Os músculos tipo V são supridos por um único pedículo dominante e pedículos secundários vasculares segmentares. Esses músculos apresentam um pedículo vascular dominante amplo próximo da inserção do músculo com diversos pedículos segmentar es na proximidade da origem. A vascularização interna pode ser suprida pelos pedículos dominantes ou segmentares e, desta forma, o músculo pode ser elevado como um retalho em cada sistema vascular. Retalhos fasciocutâneo da fáscia Um retalho fascial consiste da fáscia separada de sua origem normal ou inserção, transposta para um outro local. A ausência de pele sobrejacente e gordura representa um retalho frágil. Um retalho fasciocutâneo, originalmente denominado retalho axial, inclui a pele, tecido subcutâneo e fáscia subjacente. O suprimento vascular é originado na base do retalho, a partir dos perfurantes musculocutâneos ou diretamente dos ramos septocutâneos das artérias principais (ou maiores). Três sistemas vasculares principais da fáscia profunda: 1. Artérias perfurantes da musculatura subjacente liberam diversos ramos irradiadores que perfuram a fáscia antes de prosseguir para o plexo subdérmico. 2. Artérias subcutâneas percorrendo a região de gordura, anastomosando frequentemente com o plexo superficial da fáscia profunda e entre ambos . 3. Artérias subfasciais surgindo a partir do septo intermuscular percorrendo no tecido conjuntivo (areolar) frouxo abaixo da fáscia profunda, e adjacente do plexo superficial e profundo. Esses pedículos consistem de uma artéria (geralmente um ramo da artéria para a região anatômica específica da fáscia e da musculatura regional) e veias comitentes emparelhadas. Retalhos fasciocutâneos tipo A apresentam um pedículo vascular para a fáscia profunda que surge a partir de uma fonte regional, percorrendo inicialmente abaixo da fáscia profunda e, eventualmente, prossegue seu curso superficial para a fáscia profunda. Esse pedículo fornece inúmeros perfurantes fasciocutâneos para a pele. O curso relativamente superficial e longo do pedículodominante permite a avaliação por palpação ou sonda Doppler. Retalhos fasciocutâneos tipo B apresentam um pedículo septocutâneo, que percorre entre os grupos musculares principais em um septo intermuscular ou entre os músculos adjacentes. Esse pedículo está localizado dentro do septo intermuscular ou no espaço potencial entre os músculos adjacentes e supre um sistema vascular fascial regional. Retalho fasciocutâneo tipo C - Em certas regiões, os perfurantes musculocutâneos maiores penetram a fáscia profunda e contribuem tanto para a circulação cutânea como da fáscia profunda. O projeto de um retalho fasciocutâneo pode ser baseado nesses vasos perfurantes dominantes, sem incorporação da musculatura subjacente. Cormark e Lamberty classificaram também os retalhos fasciocutâneos de acordo com a anatomia vascular. O retalho tipo A é suprido por múltiplos perfurantes. fasciocutâneos que penetram na base do retalho e se estendem por toda a extensão longitudinal. O retalho pode ser baseado de forma proximal ou distal, ou como uma "ilha". O retalho tipo B apresenta um único perfurante fasciocutâneo, que é de tamanho moderado e razoavelmente estável. Esse tipo de retalho é direcionado para uso como um retalho livre. O retalho tipo C é baseado em múltiplos perfurantes pequenos que percorrem ao longo de um septo fascial. A artéria de suprimento está incluída dentro do retalho. Esse retalho pode apresentar uma base proximal ou distal, ou como um retalho livre. O retalho tipo D é osteomuscular fasciocutâneo baseado em múltiplos perfurantes pequenos semelhantes ao retalho tipo C, porém inclui também uma porção óssea e de músculo adjacente. Esse retalho pode apresentar uma base proximal ou distal em um pedículo ou ser usado para transplante de tecido microvascular. Vantagens: Retalhos perfurantes Os aperfeiçoamentos complementares na aplicação do retalho têm conduzido para o desenvolvimento de retalhos perfurantes. Os retalhos perfurantes têm evoluído a partir de retalhos musculocutâneos e fasciocutâneos sem levar músculo ou fáscia. Foi demonstrado que nem o músculo carregador de forma passiva nem o plexo vascular fascial profundo são necessários para a sobrevida do retalho. As vantagens dos retalhos perfurantes incluem a morbidade reduzida da área doadora, a versatilidade no desenho do retalho, a preservação muscular (menor déficit funcional) e uma melhor recuperação pós-operatória do paciente. As desvantagens dos retalhos perfurantes incluem a dissecção meticulosa, necessária para isolar os vasos perfurantes (resultando no aumento do período de cirurgia), a variabilidade da posição e do tamanho dos vasos perfurantes e a facilidade com que os vasos podem ser danificados. Geddes sugeriram a padronização da nomenclatura dos retalhos de perfurantes pela descrição de todos os retalhos de perfurantes de acordo com a artéria principal de origem. Nesse sistema, os retalhos cutâneos estão divididos em retalhos cutâneos ou retalhos de perfurantes musculocutâneos. Os retalhos cutâneos incluem aqueles descritos previamente como axiais, septocutâneos e fasciocutâneos (retalhos fasciocutâneos tipo A e B, de acordo com Mathes e Nahai). Os retalhos de perfurantes musculocutâneos são os retalhos fasciocutâneos tipo C de acordo com Mathes e Nahai, nos quais o pedículo para o retalho perfurante é o dominante ou o pedículo principal para o músculo, com seu vaso perfurante passando através do músculo para a fáscia sobrejacente, tecido subcutâneo e pele. Considerando que o músculo é excluído do retalho, o retalho de perfurante é anatomicamente um retalho fasciocutâneo tipo C. Os sítios doadores de retalhos de perfurantes aceitáveis apresentam quatro características comuns: (1) suprimento sanguíneo adequado e previsível; (2) ao menos um vaso perfurante amplo (diâmetro≥0,5 mm ); (3) extensão suficiente do pedículo para a anastomose necessária, a não ser que o retalho seja usado como um retalho pediculado; (4) capacidade para fechar o sítio doador primeiramente. Os retalhos de perfurantes usados normalmente incluem o retalho de perfurante da artéria epigástrica inferior profunda, o retalho de perfurante da artéria glútea superior, retalho de perfurante da artéria toracodorsal, retalho anterolateral da coxa, retalho de perfurante do músculo tensor da fáscia lata e retalho de perfurante da artéria sural medial. Classificação das vísceras abdominais Para o transplante microvascular, o segmento do intestino (jejuno ou colón) é elevado em uma arcada vascular com um único vaso dominante, um padrão de circulação tipo I. Em circunstâncias excepcionais, duas arcadas devem ser incluídas para garantir a viabilidade desse segmento mais longo do intestino. Nesse caso, o padrão de circulação será tipo III (duas arcadas dominantes ou pedículos). É possível reconstruir o esôfago a partir da base da língua para o estômago com um segmento longo de jejuno. Outras utilizações do cólon ou do jejuno como retalhos foram para a reconstrução vaginal. O omento pode ser determinado como um retalho de transposição nos vasos gastroepiploicos da direita ou da esquerda e é assim classificado como tendo um padrão de circulação tipo III. Usado para reconstruir uma ampla variedade de defeitos intraperitoneais, demonstrando possuir propriedades imunológicas e angiogênicas, mas tem risco de infecção da parede abdominal e hérnia. Expansão de tecido Tecnicamente, o expansor de tecidos é inserido sob a pele para proporcionar um mecanismo que possibilite o aumento das dimensões da pele e oferecer uma circunferência dérmica suficiente para projetar um retalho de transposição ou de avanço. Se for planejado um retalho fasciocutâneo, o expansor é colocado abaixo da fáscia profunda. Se for planejado um retalho musculocutâneo, o expansor é colocado abaixo da superfície profunda do músculo. O expansor não deve ser colocado diretamente abaixo do pedículo vascular dominante no seu ponto de entrada no território do retalho para evitar a lesão do pedículo durante o processo de expansão. Embora seja possível a expansão imediata da pele, a expansão prévia geralmente é realizada antes da elevação do retalho. Durante um intervalo de tempo determinado, normalmente 6 semanas a 3 meses, o expansor é preenchido com solução salina em intervalos semanais. Quando a quantidade de expansão estabelecida for alcançada, o expansor é removido e o território cutâneo do retalho modificado é conduzido para a reconstrução. Retalhos musculares funcionais A liberação da origem ou inserção do retalho de transposição muscular resultará na perda de função muscular. Entretanto, muitos dos retalhos musculares podem ser projetados tanto para a cobertura como para a transferência de músculos funcionais. Para a função ser preservada, o nervo motor deve ser preservado juntamente com o suprimento vascular dominante; o músculo deve ser reinserido a um novo osso ou tendão através de uma articulação; e o músculo deve exercer uma força direta em seu novo ponto de inserção. Músculos adequados: músculos latíssimo, glúteo máximo (segmentar ), grácil, gastrocnêmio e serrátil. O retalho do músculo Iatíssimo do dorso tem sido usado para: proporcionar movimento neodiafragmático para o reparo de hérnias diafragmáticas congênitas recorrentes; restaurar a função dos joelhos após a ressecção do mecanismo do quadríceps na extremidade inferior; restaurar o movimento do ombro e cotovelo na extremidade superior; e restaurar a função oral e nasal após a ablação de tumores da cabeça e do pescoço. Retalho sensorial Os nervossensoriais específicos são identificados no território cutâneo de muitos retalhos disponíveis para a cirurgia reconstrutiva. Tanto os retalhos de transposição fasciocutâneos com os musculocutâneos podem ser indicados para incorporar o nervo sensorial na base do retalho. Se o nervo cutâneo não penetrar a base do retalho na proximidade do pedículo vascular, é possível também dividir o nervo sensorial durante a elevação do retalho e depois coaptar o nervo a um nervo sensorial adequado no sítio receptor. Retalhos combinados Dois retalhos musculares frequentemente compartilham uma fonte regional comum para suas veias ou artérias dominantes. Ambos os retalhos podem ser elevados simultaneamente e também transpostos como um retalho regional ou transplantados pela cirurgia microvascular baseada na veia ou artéria regional comum. Aplicação do retalho O conceito de escada reconstrutiva foi proposto para estabelecer prioridades para a seleção da técnica baseada na sua complexidade e nos requisitos do defeito para o fechamento seguro da ferida. Um novo paradigma, o triângulo reconstrutivo, é mais apropriado à luz de opções mais sofisticadas disponíveis atualmente. Isso enfatiza a seleção de uma técnica que alcança seguramente uma reconstrução bem-sucedida e restaura forma e função. Pós-operatório do Retalho A avaliação clínica é o padrão-ouro para monitorar o retalho livre, embora também possa ser avaliada por Doppler e monitoração da temperatura. A causa mais comum de insucesso do retalho é a congestão venosa. Na suspeita do problema, a primeira atitude consiste em remover os pontos de sutura para aliviar a pressão do retalho, além de drenar qual tipo de coleção fluida, eliminar fontes de torção do pedículo vascular, examinar e, possivelmente, revisar a anastomose arterial e/ou venosa. Outro alternativa para congestão venosa significativa é a terapia com sanguessugas. Muitos agentes farmacológicos tem sidos usados para manipular o tônus vascular, cascata de coagulação e redução dos efeitos adversos de mediadores inflamatórios liberados pela via do ácido aracdônico.
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