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Engenharia de Produtos Elder André Zuin APRESENTAÇÃO É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Engenharia de Produ- tos, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autô- nomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina. A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis- ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail. Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a redes de informação e documentação. Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple- mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal. A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar! Unisa Digital SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................... 5 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 7 1.1 Histórico ..............................................................................................................................................................................8 1.2 Importância do Desenvolvimento de Produto .................................................................................................10 1.3 Processo de Desenvolvimento de Produto ........................................................................................................11 1.4 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................13 1.5 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................13 2 CICLO DE VIDA DO PRODUTO .................................................................................................... 15 2.1 Estágio de Introdução .................................................................................................................................................15 2.2 Estágio de Crescimento..............................................................................................................................................16 2.3 Estágio de Maturidade ...............................................................................................................................................17 2.4 Estágio de Declínio ......................................................................................................................................................17 2.5 Eliminação .......................................................................................................................................................................18 2.6 Exploração Final ............................................................................................................................................................18 2.7 Prolongamento do Ciclo de Vida do Produto ....................................................................................................18 2.8 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................19 2.9 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................19 3 INTRODUÇÃO AO APQP ................................................................................................................. 21 3.1 Ciclo de APQP ................................................................................................................................................................22 3.2 Matriz de Responsabilidade de APQP .................................................................................................................22 3.3 Princípios do APQP .....................................................................................................................................................23 3.4 Organizar a Equipe ......................................................................................................................................................23 3.5 Definir a Abrangência ................................................................................................................................................24 3.6 Equipe a Equipe ...........................................................................................................................................................24 3.7 Treinamento....................................................................................................................................................................24 3.8 Envolvimento do Cliente e da Organização .......................................................................................................25 3.9 Engenharia Simultânea ..............................................................................................................................................25 3.10 Plano de Controle ......................................................................................................................................................25 3.11 Resolução de Problemas ........................................................................................................................................26 3.12 Planos Referentes ao Cronograma ......................................................................................................................26 3.13 Resumo do Capítulo .................................................................................................................................................27 3.14 Atividades Propostas ................................................................................................................................................27 4 FASES DO APQP ................................................................................................................................... 29 4.1 Planejamento e Definição do Programa .............................................................................................................29 4.2 Projeto e Desenvolvimento do Produto ..............................................................................................................32 4.3 Projeto e Desenvolvimento do Processo .............................................................................................................35 4.4 Validação do Produto e Processo ..........................................................................................................................38 4.5 Retroalimentação, Avaliação e Ação Corretiva .................................................................................................39 4.6 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................40 4.7 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................41 5 ENGENHARIA DE VALOR ................................................................................................................43 5.1 Função ..............................................................................................................................................................................44 5.2 Valor ...................................................................................................................................................................................44 5.3 Desempenho ..................................................................................................................................................................45 5.4 Classificação das Funções ..........................................................................................................................................45 5.5 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................46 5.6 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................46 6 QUALIDADE EM PROJETO............................................................................................................. 47 6.1 Sistema de Qualidade em Projetos ........................................................................................................................48 6.2 Confiabilidade ................................................................................................................................................................49 6.3 Ambiente de Operação ..............................................................................................................................................50 6.4 Análise de Falhas de Confiabilidade ......................................................................................................................50 6.5 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................50 6.6 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................50 RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ..................................... 51 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 53 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 5 Prezado(a) aluno(a), O objetivo desta apostila é apresentar os princípios da engenharia de produtos, que é o ramo da engenharia que gerencia os recursos humanos, financeiros e materiais para aumentar a produtividade de uma empresa. Perceba que a engenharia de produtos é peça fundamental em indústrias e empresas de quase todos os setores. Ela agrega conhecimentos de administração, economia e engenharia para racionalizar o trabalho, aperfeiçoar técnicas de produção e ordenar as atividades financeiras, logísticas e comerciais de uma organização. Define, ainda, a melhor forma de integrar mão de obra, equipamentos e matéria-prima, a fim de avançar na qualidade e aumentar a produtividade. Por ter uma atuação entre o setor técnico e o administrativo, seu campo de trabalho ultrapassa os limites da indústria. Engenharia, qualquer que seja a especialização, é antes de tudo vocação, de modo que lhe deseja- mos sucesso nos seus estudos e que esta apostila desperte em você, aluno(a), o interesse pela matéria, de maneira que, quando for um(a) profissional formado(a), encare a sua profissão não como um simples modo de subsistência e sobrevivência, mas como uma atividade prazerosa e que será, sem sombra de dúvidas, muito útil ao nosso país, que está em plena fase de crescimento. Dessa maneira, o profissional fica realizado e o país ganha com a sua prestação de serviços. Como sabiamente dito pelo físico alemão Albert Einstein: “A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”. Então, sem pretensão alguma, que esta apostila seja seu porto seguro, de modo a guiá-lo(la) por uma carreira profícua e cheia de realizações, e que seja somente o co- meço para despertar em você o desejo de aprender e se especializar cada vez mais. Muito sucesso a você! Cordialmente, Prof. Elder André Zuin APRESENTAÇÃO Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 7 INTRODUÇÃO1 Caro(a) aluno(a), Neste primeiro capítulo, introduziremos os principais conceitos da engenharia de produtos, bem como algumas definições importantes. Você imagina o que significa produto, servi- ços e a interação entre os dois? Iniciaremos, ago- ra, esses conceitos: conceito de produto: geralmente, de- nominado bem ou mercadoria. O pro- duto é algo visível e tangível, que pode ser tocado, visto, ouvido, degustado, por ser composto de materiais físicos e visíveis. Tem cores, tamanho e ocupa um espaço. São exemplos de produtos na nossa vida cotidiana: alimentos, eletrodomés- ticos, produtos de higiene, móveis em geral, máquinas, automóveis etc.; conceito de serviços: os serviços nem sempre são tangíveis e visíveis; não têm cores, formas ou tamanhos como os produtos. Na verdade, os serviços são atividades especializadas que as empresas oferecem ao mercado. São exemplos de serviços na nossa vida cotidiana: propaganda, advocacia, con- sultorias, hospitais, bancos, escolas, uni- versidades, clubes, transportes, rádio e televisão, lojas e supermercados etc. Podemos citar, ainda, outros pontos de vis- ta desse assunto com citações e seus respectivos autores, como segue: “Produto é um conjunto de atributos tan- gíveis e intangíveis que proporciona benefícios reais ou percebidos com a finalidade de satisfazer as necessidades e os desejos do consumidor” (SE- MENICK; BAMOSSY). “Não há essa coisa de setores de serviços. Apenas em certos setores os componentes de serviços são mais importantes ou menos impor- tantes do que nos demais. Todos atuam em servi- ços” (LEVITT). “Produto é qualquer coisa que possa ser oferecida a um mercado para atenção, aquisição, uso ou consumo, e que possa satisfazer a um de- sejo ou necessidade.” “Os produtos incluem objetos físicos, ser- viços, pessoas, locais, organizações, idéias, ou combinações desses elementos” (KOTLER; ARMS- TRONG). “Produto significa a oferta de uma empresa que satisfaz a uma necessidade.” “Um produto pode ser um bem físico, um serviço ou uma mistura de ambos” (MCCARTHY; PERREAULT JR). Perceba quantas definições e conceitos di- ferentes do mesmo assunto. Você já tinha imagi- nado que um conceito como este, tão presente no nosso cotidiano, seria tão complexo e vasto? Apesar de os autores citados terem visões dife- rentes do mesmo assunto, podemos notar certa uniformidade nas ideias, ou seja, o conceito prin- cipal, o conteúdo pertinente do assunto, é basica- mente o mesmo, embora apresentado de manei- ras diferentes. Conceito produtos x serviços: é útil para o projeto de produto entender as Elder André Zuin Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 8 características distintas dos produtos em diferentes níveis, ênfases e graus, no que tange aos aspectos físicos e de serviços. Os consumidores podem fazer uma análise dos atributos dos bens fí- sicos antes de sua aquisição, por meio de uma prévia experimentação, porque são tangíveis, verificando, assim, as di- ferenças entre as opções existentes no mercado. Dependendo da composição desses bens físicos, se não são perecí- veis, podem ser estocados e/ou arma- zenados, facilitando sua padronização e, consequentemente, sua produção. Isso diferencia os bens físicos dos servi- ços, que devem ser consumidos à medi- da que são prestados, bem como revela a importância do consumidor final e seu grau de envolvimento,personalida- de e estado de espírito ao consumi-los e avaliá-los. Vistos esses conceitos básicos, podemos partir para a introdução propriamente dita do as- sunto. Será que o seu entendimento mudará após estudarmos a introdução? Deixemos as dúvidas de lado e partamos para ela. Estudos de Harvard e do Massachusetts Institute of Technology (MIT) No final da década de 1980 e início da dé- cada de 1990, foram desenvolvidos, por pessoas ligadas a Harvard e ao MIT, importantes projetos de pesquisa relacionados com a manufatura en- xuta e a gestão do processo de desenvolvimento de produto. Esses primeiros trabalhos, puramente analíticos, tornaram-se clássicos e comumente re- ferenciados na literatura sobre desenvolvimento de produto. Nessa abordagem, os autores dividem o processo de desenvolvimento de produto em três etapas maiores: estratégia de desenvolvimento (em que apresentam uma estrutura para o pla- nejamento e gerenciamento do portfó- lio dos projetos em andamento); gerenciamento do projeto específico (abordando o gerenciamento, lideran- ça, tipos de interação entre atividades e outros assuntos relacionados com um projeto específico); aprendizagem (apresentando formas para garantir a melhoria do processo e 1.1 Histórico a aprendizagem organizacional a partir da experiência com o projeto). Embora muito difundida na engenharia, você sabia que a disciplina Gestão de Projetos é um ramo da administração aplicado na elabora- ção de atividades relacionadas, para atingir um conjunto de objetivos predefinidos, num certo prazo, com certo custo e qualidade, por meio da mobilização de recursos técnicos e huma- nos? CuriosidadeCuriosidade Saiba maisSaiba mais Saiba mais sobre gerenciamento de projetos no site Project Management Institute do Brasil, por meio do link: http://brasil.pmi.org/. Engenharia de Produtos Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 9 Stuart Pugh A abordagem proposta por Pugh (1990, 1996) possui uma forte influência da experiência prática que ele teve trabalhando durante anos como projetista e gerente de projetos em diver- sas indústrias. Sua principal preocupação era com a busca de uma visão total da atividade de proje- to, ou seja, que superasse as visões parciais pre- sentes em cada setor tecnológico específico. Para atingir esse objetivo, ele dedicou uma grande ên- fase à educação e desenvolveu um modelo que ficou muito conhecido como total design. Note, aqui, que começam a surgir conceitos que são muito conhecidos e até utilizados na nos- sa linguagem cotidiana. O total design possui um conjunto de seis etapas, todas elas interativas e aplicáveis a qual- quer tipo de projeto (independentemente da disciplina tecnológica envolvida). Cada etapa é representada por um cilindro, significando que nela é empregado um conjunto específico de co- nhecimentos compostos por diversas visões tec- nológicas parciais. Don Clausing Este autor teve uma forte influência do trabalho de Pugh e Taguchi. Somando concei- tos desses dois autores, com os quais conviveu e trabalhou, à sua própria experiência, criou uma abordagem que denominou total quality develop- ment. Note que aos poucos vão se fundindo con- ceitos de engenharia, administração e técnicas de qualidade. Mais adiante, veremos como esses conceitos integram-se. Nela, há um enfoque muito grande para: as técnicas de desdobramento da fun- ção qualidade (QFD); o método Taguchi e a matriz de Pugh; os conceitos sobre gerenciamento dos times de desenvolvimento de produto. Inclusive, uma de suas principais contribui- ções é mostrar a integração entre o QFD e o mé- todo Taguchi. As fases em que o autor divide o processo de desenvolvimento de produto são: conceito (em que foca a metodologia do QFD); design (divide em projeto dos subsiste- mas e projeto das partes); preparação/produção (dividida em ve- rificação do sistema, prontidão e produ- ção piloto). Prasad Este autor propõe uma sofisticada aborda- gem para engenharia simultânea que engloba diversos fatores em uma estrutura bastante in- dependente das fases de um processo de desen- volvimento de produto. Ele divide a engenharia simultânea em duas rodas: organização do produto e processo (Product and Process Organization – PPO); desenvolvimento de produto integrado (Integrated Product Development – IPD). Ambas possuem no seu centro a descrição dos quatro elementos de suporte dessa metodo- logia, que são: modelos, métodos, métricas e me- didas. As duas rodas possuem também anéis in- termediários idênticos, que representam os times ou a estrutura organizacional que dirige as ações dentro do processo de engenharia simultânea. A primeira roda, PPO, aborda os fatores que deter- minam o grau de complexidade do gerenciamen- to do desenvolvimento de produto e os fatores organizacionais. A segunda roda, IPD, define de uma maneira bastante flexível a integração do processo de desenvolvimento de produto. Elder André Zuin Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 10 Planejamento Avançado da Qualidade do Produto (Advance Product Quality Planning – APQP) da QS 9000 O Manual de Planejamento e Controle da Qualidade do Produto desenvolvido dentro do conjunto de normas da QS 9000 possui uma estru- tura que pode muito bem servir como referência para a estruturação e gerenciamento do processo de desenvolvimento de produto. Apesar de não ter sido desenvolvido especificamente para esse fim, ele resume um conjunto de preocupações e técnicas, além de um modelo suficientemente detalhado capaz de servir de base para interven- ções nesse processo. Você sabia que a QS 9000 foi desenvolvida com o objetivo de atender às necessidades espe- cíficas da indústria automotiva (em especial, Ford, General Motors e DaimlerChrysler)? Note as técnicas de administração se fundindo cada vez mais à engenharia. CuriosidadeCuriosidade 1.2 Importância do Desenvolvimento de Produto Desenvolver produtos tem se tornado cada vez mais um dos processos-chave para a compe- titividade mercadológica, em virtude dos movi- mentos de aumento da concorrência, das rápi- das mudanças tecnológicas, da diminuição do ciclo de vida dos produtos e da exigência cada vez maior dos consumidores. Tudo isso exige das empresas maior agilidade, produtividade e alta qualidade, que dependem da eficiência e eficácia destas no processo. No início do processo de desenvolvimento do produto, há a seleção das maiores soluções criativas e o grau de incerteza é bem elevado, mas este vai se diluindo com o tempo. É um de- safio gerenciar essas incertezas que envolvem o desenvolvimento do produto, em que as decisões de maior impacto têm que ser tomadas no mo- mento em que existe um maior número de alter- nativas e grau de incerteza. “As decisões entre alternativas, no início do ciclo de desenvolvimento, são responsáveis por 85% do custo do produto final”. “O custo de modificação aumenta ao longo do ciclo de desenvolvimento, pois a cada mudan- ça, um número maior de decisões já tomadas, po- dem ser invalidadas.” Note que desenvolver um produto requer, principalmente, bom senso, fazendo a delicada balança do custo x benefício ficar o máximo pos- sível equilibrada. Aspectos que Influenciam o Desenvolvimento de Produto O processo baseia-se num ciclo projetar- -construir-testar, que gera atividades necessa- riamente interativas. É uma atividade multidis- ciplinar, com fortes barreiras culturais sobre a integração. Isso porque existe uma grande quan- tidade de ferramentas, sistemas, metodologias, soluções etc. desenvolvidas por profissionais e/ ou empresas de diferentes áreas que não intera- gem entre si. Ainda, existem diversas “visões par- ciais” sobre o processo dedesenvolvimento de produtos. Engenharia de Produtos Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 11 “Visões Parciais” do Desenvolvimento de Produto No campo de ensino e pesquisa, o desen- volvimento vinha sendo tratado de maneira isola- da pelas diferentes áreas do conhecimento: profissionais da engenharia tendiam a pensar o desenvolvimento de produtos como atividades específicas de cálculos e testes; designers e programadores visuais, como o resultado de estudos de con- ceito; administradores, como algo mais abs- trato, independente do conteúdo tec- nológico e voltado para problemas or- ganizacionais e estratégicos; especialistas em qualidade, como a aplicação de ferramentas específicas. Cada visão parcial era composta de uma linguagem e de determinados valores próprios e intrínsecos que dificultavam a integração en- tre os diversos profissionais das áreas. Na práti- ca, essas visões, quando transportadas, podem levar a muitos problemas e ineficiências, porque qualquer desenvolvimento, mesmo com a maior hegemonia de um determinado conteúdo tecno- lógico, implica conhecimentos dessas visões para um adequado resultado final. O desenvolvimento de produto é um todo integrado que depende da conside- ração de diversos fatores ligados às mais diversas áreas de conhecimento, portan- to, é necessário desenvolver uma visão holística com a construção de uma ima- gem única e integrada do processo para atingir o melhor resultado final. Note aqui, novamente, que o produto ou a concepção do produto é uma atividade multi- disciplinar que exige diversos pontos de vista. Já havia pensado o quanto é difícil esse processo? Quanto de tempo e técnica foram usados até o protótipo do produto? É um tema realmente inte- ressante e no qual você deveria pensar de manei- ra crítica e analítica. 1.3 Processo de Desenvolvimento de Produto “É o processo, a partir do qual, informações sobre o mercado são transformadas nas informa- ções e bens necessários para a produção de um produto com fins comerciais” (CLARK; FUJIMOTO). É a atividade sistemática necessária desde a identificação do mercado/necessidades dos usuários até a venda de produtos ca- pazes de satisfazer estas necessidades – uma atividade engloba produto, proces- sos, pessoas e organização. (PUGH). É o processo de negócio compreenden- do desde a idéia inicial e levantamento de informações do mercado até a ho- mologação final do produto e processo e transmissão das informações sobre o projeto e o produto para todas as áreas funcionais da empresa. (GRUPO DE EN- GENHARIA INTEGRADA). Caracterização do Processo de Desenvolvimento de Produto a) Atividades/fases: na abordagem da en- genharia integrada e no modelo de re- ferência, são identificadas sete fases: conceber produto; conceituar produto; projetar produto; projetar processo; Elder André Zuin Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 12 homologar produto; homologar processo; ensinar empresa. b) Recursos: são compostos por todos os conceitos/filosofias, métodos/técnicas e ferramentas/sistemas que podem ser aplicados no processo de desenvolvi- mento de produto. c) Organização: refere-se não só à estrutu- ra organizacional responsável e execu- tora das atividades de desenvolvimento de produto, como também a elementos como cultura, qualificação profissional, formas de comunicação entre os indiví- duos etc., ligados aos aspectos de orga- nização do trabalho. d) Informação: dimensão que representa o fluxo de informação existente nesse processo – os dados, sua estrutura e o formato como eles circulam (relatórios, fichas, telas de computador etc.). A Diferenciação do Produto Dentro do Processo de Desenvolvimento O objetivo da diferenciação é buscar au- mentar o valor do produto ou serviço oferecido ao cliente. Você imaginava, prezado(a) aluno(a), que o produto poderia ser diferenciado dentro do processo de desenvolvimento? Veja quantas nuanças esse assunto possui e quanta teoria é ne- cessária para entendê-lo. Níveis de diferenciação Produto genérico: nível que correspon- de ao produto em seu sentido bruto ou generalizado, oferecendo uma nova maneira de satisfazer o mesmo desejo ou necessidade básica dos clientes (por exemplo, livro, relógio, carro etc.). Produto esperado: nível em que há uma expectativa dos clientes em relação a algo que lhes pode ser oferecido a mais pelo produto esperado, mas não serve para diferenciar um fornecedor do ou- tro (por exemplo, acesso fácil ao posto de gasolina, possibilidade de comprar com cartão de crédito etc.). Produto aumentado ou ampliado: nível que é construído por todas as demais características e serviços extras que vão além daquilo que o cliente espera, ou seja, o valor extra, servindo, portanto, para fazer diferenciação entre os con- correntes. No entanto, com o passar do tempo, esses extras vão sendo copiados, tornando-se rotina, e, no fim, simples- mente passam a ser aquilo que é espe- rado (por exemplo, self service no posto de gasolina). A análise das caracterís- ticas do produto precisa relacioná-las com os benefícios que proporcionam. As medições conjuntas das característi- cas das estimativas adicionais de valor do produto para o consumidor e seus benefícios resultantes podem ser muito úteis para o seu desenvolvimento. Produto potencial: nível que traduz a soma de todas as características e be- nefícios oferecidos, sendo limitado apenas pela imaginação e criatividade do fornecedor (por exemplo, uma lava- gem grátis a cada tanque cheio, alguns brindes não relacionados com gasolina e um serviço de atendimento completo do automóvel). À medida que os métodos de controle, ga- rantia e gerenciamento da qualidade tornam-se amplamente entendidos e adotados, a entrega de um produto com desempenho, conformidade e confiabilidade (um produto “de qualidade”, no sentido clássico da palavra) não é mais suficiente, necessitando de uma maior ênfase no produto ampliado e potencial como meio de agregar valor e seduzir o cliente, criando, assim, uma vantagem competitiva futura. Qualidade significa a adequação de um produto ou serviço à finalidade prevista e tem Engenharia de Produtos Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 13 sido apontada como determinante principal do sucesso comercial, mas a percepção dela por par- te do cliente pode não ser igual à do fabricante. A qualidade percebida (avaliações feitas pelos clientes quanto à qualidade do produto ofere- cido pelo fornecedor em relação às ofertas dos concorrentes) é o fator único e mais importante que afeta o desempenho em longo prazo de um negócio, mostrando que tem um impacto maior sobre o nível do retorno sobre o investimento, sendo mais eficaz para aumentar a participação no mercado do que um preço mais baixo. As percepções de estilo, principalmente para produtos de grande apelo emocional, apre- sentam uma forte relação com a percepção da qualidade. 1.4 Resumo do Capítulo Prezado(a) aluno(a), Este capítulo teve o objetivo de apresentar-lhe de maneira simples e estruturada os conceitos de produtos e serviços, suas interações, bem como uma introdução ao histórico da teoria de engenharia de produtos, mostrando como a concepção de uma ideia pode gerar um produto. Será que você imaginou que um simples produto do nosso dia a dia tem todo um planejamento por trás da marca que estamos acostumados a usar? Mais do que marketing, a concepção de um produto é uma ciência muito bem estruturada e complexa, que exige muito planejamento e muita técnica. Vivemos a era da informação; ideias aparecem a todo momento e podem ser a próxima grande marca a ser utilizada por nós num futuro próximo. A concepçãode um produto é muito mais que uma ideia genial; é técnica, estudo e muito planejamento e preparação. 1.5 Atividades Propostas 1. As livrarias antigamente restringiam-se apenas à venda de livros. Atualmente, nota-se em li- vrarias de grande porte, além de livros, cafeteria ou lanchonete no interior da loja. Esse cenário caracteriza produto genérico, esperado, aumentado ou potencial? Justifique. 2. Cite pelo menos uma situação em que se encontra uma “mistura” de produto e serviço. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 15 Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, estudaremos os ciclos de vida dos produtos e suas fases. Será que você tem ciência da complexidade envolvida no ciclo de vida dos produtos que usamos no dia a dia? Se você tem essa dúvida, este capítulo tem por objetivo dirimi-la e orientá-lo(la), de forma que possam ficar claros e corriqueiros na sua rotina profissional os conceitos aqui aplicados e apre- sentados. CICLO DE VIDA DO PRODUTO2 Quando os administradores de uma empre- sa lançam um produto, esperam que sua vida útil seja longa e produtiva. Contudo, eles sabem que o produto não venderá para sempre, ou seja, ele possui um ciclo de vida. Figura 1 – Exemplo de gráfico do ciclo de vida de um produto. 2.1 Estágio de Introdução O objetivo de toda empresa, nos primeiros estágios do ciclo de vida do produto, é estimular a demanda para a entrada no novo mercado. Os produtos, nesse estágio, frequentemente apre- sentam novas características técnicas para uma categoria de produto. Entre inúmeros exemplos, podemos citar o da lâmina de barbear Sensor Ex- cel lançada pela Gillette alguns anos atrás. A Excel tinha uma característica inovadora: cinco faixas emborrachadas, colocadas na frente da lâmina, que esticam a pele e tornam o barbear mais suave e confortável. Elder André Zuin Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 16 Como o produto é novo no mercado, as campanhas promocionais devem enfatizar as informações acerca de suas características. Elas podem também ser direcionadas aos integrantes dos canais de distribuição, visando a induzi-los a ter, em estoque, o produto. Nessa fase, o público se torna familiarizado com as vantagens do pro- duto e começa a aceitá-lo. Pense, caro(a) aluno(a), em produtos que são mais conhecidos por suas marcas que pelo seu nome de venda. Pense como o apelo emocional, às vezes, acaba impulsionan- do mais as vendas que os próprios produtos. Pen- se, por exemplo, no Bombril, Band-Aid e inúme- ros outros produtos. Os prejuízos financeiros são comuns du- rante o estágio da introdução, devido aos custos associados à promoção extensiva e aos grandes gastos com pesquisa e desenvolvimento. Todavia, o trabalho preparatório desenvolvido objetiva os lucros futuros. As empresas podem, então, con- centrar-se em recuperar seus custos e começar a colher lucros à medida que o produto passa para a segunda fase de seu ciclo de vida. 2.2 Estágio de Crescimento Se o novo produto satisfizer o mercado, ele entrará no estágio de crescimento, no qual as vendas começarão a se expandir rapidamente. Os consumidores imediatos continuarão a adquiri- -lo e os compradores retardatários seguirão seu exemplo, especialmente se a propaganda boca a boca for favorável. Novos concorrentes entra- rão no mercado, atraídos pela oportunidade de lucros. Eles introduzirão novas características ao produto e o mercado se expandirá. O aumento do número de concorrentes leva a um crescimento do número de centros de distribuição e as vendas dão um salto, devido apenas ao reabastecimento dos estoques dos re- vendedores. Os preços permanecem os mesmos ou caem ligeiramente. As empresas mantêm seus gastos com promoção no mesmo nível ou pas- sam para um nível ligeiramente mais alto. Instruir o mercado continua sendo uma meta, mas, ago- ra, a empresa também necessita enfrentar a con- corrência. Os lucros aumentam durante o estágio de crescimento, pois os custos de promoção são diluídos por um grande volume e o custo unitá- rio de produção cai. A empresa utiliza diversas estratégias para sustentar o rápido crescimento do mercado durante o maior tempo possível. Ela melhora a qualidade do produto e acrescenta novas características e modelos; entra em novos segmentos de mercado e utiliza novos canais de distribuição; desloca parte da campanha de de- senvolvimento da conscientização do produto para o desenvolvimento da convicção e compra e baixa seus preços no momento certo para atrair mais compradores. No estágio de crescimento, a empresa pre- cisa decidir se troca uma alta participação de mer- cado por altos lucros correntes. Ao gastar muito dinheiro na melhoria, na promoção e na distribui- ção do produto, ela pode conquistar uma posição de destaque. No entanto, ao fazer isso, renuncia aos lucros máximos que pode obter hoje, na es- perança de recuperá-los no estágio subsequente. Engenharia de Produtos Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 17 As vendas no setor continuam a crescer na fase inicial do estágio de maturidade, mas, poste- riormente, atingem um patamar, quando, então, as encomendas dos clientes potenciais começam a diminuir. A essa altura, um grande número de concorrentes já entrou no mercado e os lucros da empresa começam a diminuir à medida que a concorrência fica mais acirrada. Na verdade, tudo se resume ao lucro. Um produto precisa dar lucro para a empresa. No estágio de maturidade, as diferenças en- tre os produtos concorrentes diminuem à propor- ção que os concorrentes descobrem as caracterís- ticas promocionais e de produto mais desejadas pelos consumidores. As campanhas promocio- nais enfatizam as diferenças entre produtos con- correntes e a competição entre marcas fica mais intensa. Algumas empresas diferenciam seus pro- dutos concentrando-se em atributos como quali- dade, confiabilidade e serviço. Nesse estágio do ciclo de vida, os produ- tos disponíveis superam a demanda setorial pela 2.3 Estágio de Maturidade primeira vez. As empresas podem aumentar suas vendas e participação de mercado somente à custa dos concorrentes. Enquanto a competição se acirra, os concorrentes tendem a reduzir os preços, em uma tentativa de atrair novos compra- dores. Embora uma redução de preço possa ser o método mais fácil de induzir compras adicionais, também é uma das providências mais simples de serem imitadas pelos concorrentes. A redução de preços resulta na diminuição dos rendimentos de todas as empresas do setor, a menos que se gere um acréscimo de vendas suficiente para compen- sar as perdas do faturamento de cada item ven- dido. A atenção do marketing no estágio de ma- turidade é frequentemente direcionada a manter a participação de mercado por meio de maior diferenciação do produto e a encontrar novos compradores. Além disso, um importante fator na estratégia da empresa nesse estágio é reduzir o custo total de marketing ao melhorar a eficiência promocional e de distribuição. 2.4 Estágio de Declínio O estágio de declínio ocorre quando as vendas e lucros começam a cair. Frequentemen- te, um produto entra nesse estágio não devido a qualquer estratégia errada por parte da empresa, mas em razão de mudanças ambientais. A inova- ção tecnológica muitas vezes precede o estágio de declínio, à medida que tecnologias mais novas substituem as mais antigas. A capacidade de pro- cessamento de texto dos computadores pessoais levou as máquinas de escrever ao declínio. Os CDs fizeram a mesma coisa com as fitas cassetes na indústria da música pré-gravada. A tecnologia da internet e do e-mail condenou as máquinas de fax. Os produtos, no estágio de declínio, ten- dem a consumir uma parcela desproporcional do tempo de gerenciamento e recursos financeiros relativos ao seu potencialvalor futuro. AtençãoAtenção Os produtos, no estágio de declínio, tendem a consumir uma parcela desproporcional do tempo de gerenciamento e recursos finan- ceiros relativos ao seu potencial valor futuro. Elder André Zuin Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 18 Uma empresa segue uma de duas estraté- gias para administrar um produto em declínio: eliminação ou exploração final. 2.5 Eliminação A eliminação ou descontinuação do produ- to da linha de produtos da empresa é a estratégia mais drástica. Como um núcleo residual de con- sumidores ainda consome ou usa um produto, mesmo no estágio de declínio, as decisões de eliminação do produto não são tomadas leviana- mente. Quando a Coca-Cola decidiu abandonar o que era conhecido como Classic Coke, a obje- ção do consumidor foi tão intensa que a empresa trouxe o produto de volta ao mercado. 2.6 Exploração Final Uma segunda estratégia, a exploração final, é quando uma empresa mantém o produto, mas reduz os custos de apoio ao marketing. O produ- to continua a ser oferecido, porém os vendedores não reservam tempo para vendê-lo nem se gasta com propaganda. O objetivo da exploração final é preservar a capacidade de atender às solicita- ções dos clientes. A Gillette continuou a vender o corretivo Liquid Paper para uso nas máquinas de escrever, mesmo na era dos processadores de textos. 2.7 Prolongamento do Ciclo de Vida do Produto Uma estratégia de marketing comum en- volve a tomada de providências a fim de prolon- gar ao máximo o ciclo de vida do produto, o que pode ser feito pelos gerentes de marketing bem no início do estágio de maturidade. Os ciclos de vida do produto podem ser prolongados indefinidamente por meio de ações concebidas para aumentar a frequência de uso pelos clientes atuais, assim como aumentar o nú- mero de usuários do produto, descobrir novos usos e/ou mudar o tamanho das embalagens, ró- tulos ou qualidade do produto. O conceito de ciclo de vida do produto tam- bém pode ser aplicado a estilos, modas e modis- mos. Estilo: é um modo básico e distinto de expressão. Por exemplo, os estilos aparecem em moradias (colonial, cam- pestre, rústico), em roupas (formal, es- portiva) e na arte (realista, surrealista, abstrata). Moda: é um estilo correntemente acei- to ou popularizado em certa área. Por Engenharia de Produtos Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 19 exemplo, as roupas justas da década de 1970 foram substituídas pelas roupas mais soltas e largas da década seguinte. A moda tende a experimentar um cres- cimento lento, permanecendo popular durante algum tempo e declinando gradualmente. Modismo: é a moda que entra rapida- mente, é adotada com grande entusias- mo, atinge seu auge em pouco tempo e tende a atrair um número limitado de seguidores. Alguns exemplos são: pedras de estimação, bonecas, ioiôs e bambolê. Os modismos não sobrevi- vem muito tempo, ou porque normal- mente não satisfazem uma forte neces- sidade, ou porque não a satisfazem de forma adequada. 2.8 Resumo do Capítulo Caro(a) aluno(a), O objetivo deste capítulo foi apresentar os conceitos sobre o ciclo de vida do produto, desde a sua criação, desenvolvimento, até sua fase de eliminação ou de prolongamento da vida útil. Cabe lembrar que existem marcas de produtos que se tornam definição de alguns itens, como, por exemplo, a Gillette, a Xerox, a Bombril, entre outras. Por vezes, a aceitação do produto é tão boa que ele perdura por vários anos, mudando o formato, o conceito, mas mantendo o nome, que se torna a marca. Este capítulo deu uma boa noção da complexidade do processo de planejamento do produto, que foi brevemente introduzido no capítulo anterior. 2.9 Atividades Propostas 1. Os exemplos a seguir pertencem à qual etapa do ciclo de vida de um produto? “Os achocolatados mudaram suas características originais e ganharam versões light e até enri- quecidas com soja ou fibras.” “Antes, a pomada Minancora era vendida só em farmácias, mas atualmente é fácil encontrá-la em salões de beleza ou em barbeiros como creme de massagem facial.” “O fabricante Biscoitos Globo passou a vender seus produtos nas praias, pontos de ônibus e semáforos, além dos supermercados.” 2. Com base na ilustração do ciclo de vida de um produto, estabeleça um comparativo dos riscos existentes entre o sucesso de um produto e o sucesso de um negócio no que se refere aos lu- cros. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 21 Caro(a) aluno(a), O APQP é uma série de procedimentos e técnicas usados para gerenciar a qualidade pro- dutiva. Esses procedimentos foram desenvolvidos e padronizados pelo Automotive Industry Action Group (AIAG), formado pelas empresas do ramo automotivo General Motors, Ford, Chrysler e seus fornecedores. Note, aqui, mais uma contribuição da indústria automobilística para a maximização da eficiência dos processos. Hoje, o APQP é utilizado em empresas de diversos portes, especialmente no ramo automo- tivo, a fim de assegurar a qualidade dos produtos e processos desenvolvidos em sua planta, sendo regido pelo Manual do APQP, traduzido no Brasil pelo Instituto de Qualidade Automotiva (IQA). APQP é uma estrutura de procedimentos e técnicas usados para gerenciar a qualidade no desenvolvimento de produtos, visando a definir e executar as ações necessárias a fim de assegurar que um produto satisfaça o cliente. Os documen- tos associados a ele são controlados por versões (revisões) e sua aprovação ocorre por meio do fluxo de trabalho. Para associar um documento, é necessário que o anterior esteja fechado (publi- cado). AtençãoAtenção Para associar um documento, é necessário que o anterior esteja fechado (publicado). INTRODUÇÃO AO APQP3 A finalidade do APQP é comunicar às orga- nizações (internas e externas) e fornecedores as diretrizes comuns de APQP e plano de controle. O manual apresenta diretrizes designadas para pro- duzir um plano de qualidade do produto que dê suporte ao desenvolvimento de um produto ou serviço que trará satisfação ao cliente. Recomendamos o vídeo: http://www.youtu- be.com/watch?v=8ApGGZIYnSk. MultimídiaMultimídia Alguns dos benefícios ao adotar essas dire- trizes incluem: uma redução na complexidade do APQP para o cliente e organizações; um meio para as organizações comuni- carem com facilidade os requisitos do APQP aos fornecedores. Elder André Zuin Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 22 Figura 2 – Representação do ciclo de APQP. 3.1 Ciclo de APQP As finalidades do ciclo de planejamento são: planejamento avançado: os primeiros três quartos do ciclo são desenvolvidos para o planejamento prévio da qualida- de do produto por meio da validação do produto/processo; ato de implementação: o último um quarto é o estágio em que a avaliação dos resultados tem duas funções: de- terminar se os clientes estão satisfeitos e dar suporte à busca pela melhoria contínua. A representação do APQP como um ciclo ilustra a busca interminável pela melhoria con- tínua, que somente pode ser alcançada adqui- rindo experiência em um programa e aplicando o conhecimento absorvido no programa subse- quente. 3.2 Matriz de Responsabilidade de APQP A matriz representa as funções do APQP para três tipos de organização. Seu objetivo é ajudar as organizações a definir a abrangência de suas responsabilidades de planejamento. A ma- triz não representa todos os diferentes tipos de relação do APQP que podem existir entre as orga- nizações, fornecedores e clientes. Engenharia de Produtos Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 23 Quadro 1 – Exemplo de matriz de responsabilidade do APQP. Responsável pelo projeto Somente manufatura Organização de serviços(*) Definição da abrangência x x x Planejamento e definição do programa x Projeto e desenvolvimento do produto x Viabilidade x x x Projeto e desenvolvimento do processo x x x Validação do produto e processo x x x Retroalimentação, avaliação e ação corretiva x x x Metodologia do plano de controle x x x Nota: (*) Tratamento térmico, armazenagem, transporte etc. Note, aqui, outra ferramenta amplamente utilizada em gestão de projetos. Matrizes de res- ponsabilidade são de fundamental importância no planejamento de qualquer atividade. 3.3 Princípios do APQP O APQP é um método estruturado para definir e estabelecer as etapas necessárias para garantir que um produto satisfaça o cliente. Sua meta é facilitar a comunicação com todos os en- volvidos para assegurar que todas as etapas ne- cessárias sejam completadas dentro do prazo. Um planejamento efetivo da qualidade do produto depende do compromisso da alta gerên- cia da empresa em relação ao esforço necessário para atingir a satisfação do cliente. Alguns dos seus benefícios incluem: direcionar recursos para satisfazer o cliente; promover a identificação antecipada das alterações necessárias; evitar alterações de última hora; fornecer um produto de qualidade den- tro do prazo a um custo reduzido. 3.4 Organizar a Equipe O primeiro passo é determinar um res- ponsável pelo projeto de APQP. Além disso, uma equipe multifuncional deve ser estabelecida para assegurar um planejamento efetivo da qualidade do produto. A equipe é a chave de todo e qual- quer planejamento bem-sucedido, haja vista que a principal dificuldade de um projeto é a comu- nicação entre os membros envolvidos. Ela deve incluir representantes de diferentes funções, tais como: engenharia, manufatura, controle de ma- terial, compras, qualidade, recursos humanos, vendas, assistência técnica, fornecedores e clien- tes, conforme apropriado. Elder André Zuin Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 24 É importante que a equipe de APQP da or- ganização identifique, no estágio inicial do pro- grama, as necessidades, expectativas e requisitos dos clientes. No mínimo, a equipe deve se reunir para: selecionar um líder de equipe do proje- to responsável pela supervisão do pro- cesso de planejamento; definir os papéis e a responsabilidade de cada área representada; identificar os clientes, internos e exter- nos; definir os requisitos dos clientes; selecionar as disciplinas, indivíduos e/ ou fornecedores que devem se juntar à equipe e identificar aqueles que não são necessários; 3.5 Definir a Abrangência compreender as expectativas dos clien- tes, ou seja, o projeto, número de testes; avaliar a viabilidade do projeto propos- to, requisitos de desempenho e proces- so de manufatura; identificar os custos, cronograma e res- trições que devem ser considerados; determinar a assistência exigida por parte do cliente; identificar o processo ou método de documentação. 3.6 Equipe a Equipe 3.7 Treinamento A equipe de APQP da organização deve es- tabelecer as linhas de comunicação com outros clientes e com as equipes de outras empresas. Isso pode incluir reuniões periódicas com outras equipes. A extensão do contato equipe a equipe depende do número de pendências que reque- rem solução. O sucesso de um plano da qualidade do produto depende de um programa de treinamen- to efetivo que comunique todos os requisitos e habilidades de desenvolvimento para atender às necessidades e expectativas do cliente. Engenharia de Produtos Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 25 O cliente principal pode iniciar o processo de APQP com uma organização. No entanto, a or- ganização tem a obrigação de estabelecer uma equipe multifuncional para gerenciar esse pro- cesso. As organizações devem esperar o mesmo desempenho dos seus fornecedores. 3.8 Envolvimento do Cliente e da Organização 3.9 Engenharia Simultânea É um processo no qual as equipes multifun- cionais buscam um objetivo comum. Ela substitui a série sequencial de fases em que os resultados são transmitidos para a próxima área para que sejam executados. Sua finalidade é agilizar a in- trodução de produtos com qualidade em menos tempo. A equipe de APQP da organização asse- gura que outras áreas e equipes planejem e exe- cutem atividades que deem suporte ao objetivo ou objetivos comuns. 3.10 Plano de Controle São descrições por escrito dos sistemas de controle de peças e processos. Os planos de con- trole específicos englobam três fases distintas, a saber: protótipo: uma descrição das medições dimensionais e testes de material e de- sempenho que ocorrerão durante a construção do protótipo; pré-lançamento: uma descrição das medições dimensionais e testes de material e desempenho que ocorrerão após a construção do protótipo e antes da produção em série; produção: uma documentação abran- gente das características do produto/ processo, controles de processo, testes e sistemas de medição que ocorrerão durante a produção em série. Elder André Zuin Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 26 Durante o processo de planejamento, a equipe encontrará problemas com o projeto e/ou processo do produto. Esses problemas deveriam ser documentados numa matriz, com a designa- ção de responsabilidades e um cronograma de resolução. Métodos disciplinados de resolução de problemas são recomendados em situações difí- ceis. 3.11 Resolução de Problemas 3.12 Planos Referentes ao Cronograma O sucesso de qualquer programa depende do atendimento das necessidades e expectativas do cliente no prazo adequado, com custo que re- presente valor. O cronograma e o ciclo de APQP requerem que a equipe de planejamento concen- tre seus esforços na prevenção de problemas, que é dirigida pela engenharia simultânea e efetuada pelas atividades de engenharia de produtos e manufatura, que trabalham simultaneamente. As equipes de planejamento devem estar preparadas para modificar os planos da qualida- de do produto, a fim de atender às expectativas do cliente. Ainda, essas equipes são responsáveis por assegurar que o cronograma atenda ou supe- re o cronograma do cliente. Mais uma vez, aqui a comunicação deve se fazer presente e ativa. Figura 3 – Exemplo de cronograma de APQP. Engenharia de Produtos Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 27 Caro(a) aluno(a), O objetivo deste capítulo foi introduzir os conceitos de APQP, que é uma série de procedimentos e técnicas usados para gerenciar a qualidade produtiva. Assim, definiu desde o ciclo de planejamento do produto até a resolução dos problemas do produto final, o que corresponde basicamente à estruturação de cada item determinante do planejamento do produto. 3.13 Resumo do Capítulo 3.14 Atividades Propostas 1. Qual é a diferença básica entre protótipo e pré-lançamento? 2. No cronograma de APQP a seguir, por que as fases de desenvolvimento de produto e processo iniciam juntas e finalizam separadas? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 29 Caro(a) aluno(a), Após a introdução do conceito de APQP, você deve ter notado a complexidade, o trabalho e o planejamento necessários para que um deter- minado produto possa sair do campo da ideia e materializar-se para que nós possamos consumi- -lo e usufruí-lo. Será que você tinha noção da com- plexidade desse trâmite antes do produto chegar até você? Note que o planejamento é parte inte- grante de qualquer atividade profissional. A im- pressão que temos é que o produto sempre exis- tiu, que foi uma ideia genial de alguma empresa e depois foi preciso somente fabricá-lo. Nada mais longe da realidade, não concorda? Desde que a sociedade tornou-sefabril e abandonou a ativi- dade de artesanato, a confecção e idealização de novos produtos ficaram muito mais complexas. Você concorda com isso? FASES DO APQP4 Partiremos, agora, para as cinco fases do APQP. São elas: planejamento e definição do programa; projeto e desenvolvimento do produto; projeto e desenvolvimento do proces- so; validação do produto e processo; retroalimentação, avaliação e ação cor- retiva. Após esta breve apresentação, discorrere- mos detalhadamente cada uma das fases. Convi- damos você a acompanhar esta jornada de expli- cações e novos conhecimentos. 4.1 Planejamento e Definição do Programa A meta de qualquer programa de produto é atender às necessidades do cliente e proporcio- nar, simultaneamente, um valor competitivo. O estágio inicial do processo de APQP é assegurar que as necessidades e expectativas do cliente se- jam claramente compreendidas. Voz do Cliente A “voz do cliente” engloba reclamações, re- comendações, dados e informações obtidos de clientes internos e/ou externos. Alguns métodos para obter essas informações são: a) pesquisa de mercado: entrevistas com clientes; questionários e pesquisas com clientes; teste de mercado e relatórios de po- sicionamento de mercado; estudos de qualidade e confiabilida- de de novos produtos; Elder André Zuin Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 30 estudos de qualidade do produto da concorrência; melhores práticas; lições aprendidas; b) informações históricas de garantia e qualidade: melhores práticas; lições aprendidas; relatórios de garantia; índices de capacidade do processo; relatórios de qualidade interna da planta do fornecedor; relatórios de resolução de proble- mas; retorno e rejeições da planta pelo cliente; análise de produto retornado do campo; c) experiência da equipe: inputs de nível de sistemas superio- res ou projetos de QFD; comentários e análises da mídia (re- portagens de revistas e jornais etc.); cartas e sugestões de clientes; melhores práticas; lições aprendidas; relatórios de serviços e assistências técnicas; problemas e pontos de vista relata- dos por clientes internos; requisitos e normas governamen- tais; revisão de contrato. Plano de Negócios e Estratégias de Marketing O plano de negócios e as estratégias de marketing do cliente determinam os moldes do plano da qualidade do produto. O plano de ne- gócios pode impor restrições à equipe (por exem- plo, prazo, custo, investimento, posicionamento do produto, recursos de Pesquisa e Desenvolvi- mento – P&D). As estratégias de marketing defi- nem o cliente-alvo, os principais pontos de venda e concorrentes. Já dizia o velho ditado: “A propaganda é a alma do negócio”. Pare para fazer um simples exercício e pense na importância de um bom pla- no de marketing na vida de um produto. Dados de Benchmark do Produto/Processo O uso de benchmark fornece o input para estabelecer as metas de desempenho do produ- to/processo. Um método para fazer benchmark de forma bem-sucedida é: identificar os benchmarks apropriados; compreender o motivo da diferença en- tre a situação atual e o benchmark; desenvolver um plano para diminuir a diferença com o benchmark; equiparar-se a ele ou excedê-lo. Premissas do Produto/Processo Há premissas de que o produto possui cer- tas características, conceitos de projeto e pro- cesso. Isso inclui inovações técnicas, materiais avançados, avaliações de confiabilidade e novas tecnologias. Todos esses elementos devem ser utilizados como inputs. Estudos de Confiabilidade do Produto Este tipo de dado considera a frequência de reparos ou substituições de componentes dentro de determinados períodos e os resultados dos testes de confiabilidade/durabilidade de longo prazo. Inputs do Cliente Os futuros usuários do produto podem for- necer informações valiosas relacionadas às suas Engenharia de Produtos Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 31 necessidades e expectativas. Além disso, já po- dem ter realizado algumas ou todas as revisões e estudos mencionados anteriormente. Esses inputs devem ser usados pelo cliente e/ou orga- nização para desenvolver medidas acordadas de satisfação do cliente, evitando, com isso, futuras reclamações do produto. Aliás, você sabia que o Código de Defesa do Consumidor nasceu de uma demanda provinda dos inputs de clientes insatis- feitos com os produtos? Note que o elo mais im- portante dessa corrente é o cliente. Objetivos do Projeto Os objetivos do projeto são uma tradução da voz do cliente em objetivos de projeto men- suráveis. Metas de Confiabilidade e Qualidade As metas de confiabilidade são estabele- cidas com base nos desejos e expectativas do cliente, objetivos do programa e benchmarks de confiabilidade. Um exemplo de desejo e expec- tativa do cliente pode ser a ausência de falha de segurança. As metas de qualidade devem ser baseadas na melhoria contínua, como, por exemplo, parte por milhão, níveis de defeito ou redução de refu- gos. Lista Preliminar de Materiais A equipe deve estabelecer uma lista pre- liminar de materiais com base nas premissas do produto/processo e incluir uma lista de fornece- dores potenciais. Fluxograma Preliminar do Processo O processo de manufatura antecipado deve ser descrito por meio de um fluxograma de pro- cesso desenvolvido a partir da lista preliminar de materiais e das premissas do produto/processo. Identificação Preliminar das Características Especiais do Produto e Processo As características especiais do produto e processo são identificadas pelo cliente, além de selecionadas pela organização por meio do conhecimento do produto e processo. Alguns exemplos de inputs para identificação das carac- terísticas especiais incluem: premissas do produto baseadas na aná- lise das necessidades e expectativas do cliente; identificação das metas e requisitos de confiabilidade; identificação das características espe- ciais do processo, a partir do processo de manufatura antecipado; análise do modo e efeito de falha (FMEA) de peças similares. Plano de Garantia do Produto O plano de garantia do produto traduz os objetivos do projeto em requisitos de projeto, com base nas necessidades e expectativas do cliente, devendo incluir: descrição dos requisitos do programa; identificação das metas e/ou requisitos de confiabilidade, durabilidade e sua distribuição/alocação; avaliação dos requisitos de novas tec- nologias, complexidade, materiais, aplicação, meio ambiente, embalagem, assistência técnica e manufatura ou qualquer outro fator que possa colocar o programa em risco; uso da FMEA. Elder André Zuin Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 32 Suporte da Gerência Uma das chaves para o sucesso do APQP é o interesse, comprometimento e suporte da alta gerência. Uma de suas metas principais é manter o suporte da gerência por meio da demonstra- ção de que todos os requisitos do planejamento foram atendidos e/ou os problemas foram do- cumentados ou programados para resolução, incluindo um cronograma do programa e um planejamento de recursos e pessoal para dar sus- tentação à capacidade necessária. Se você prestar atenção, desde os funda- mentos da teoria taylorista de administração, a alta gerência sempre fica com a parte de decisões e coordenação das atividades. Repare que, cada vez mais, vão se formando linhas de raciocínio que envolvem administração de empresas. 4.2 Projeto e Desenvolvimento do Produto Todos os fatores do projeto devem ser con- siderados pelaorganização no processo de APQP, mesmo que o projeto pertença ao cliente, isto é, seja compartilhado. As etapas incluem a cons- trução do protótipo para verificar se o produto ou serviço atinge os objetivos da voz do cliente. Um projeto viável deve permitir que os volumes e programação de produção sejam atendidos, bem como ser consistente com a habilidade de atender aos requisitos de engenharia, além dos objetivos da qualidade, confiabilidade, custos de investimento, peso, custo por unidade e prazos. FMEA A análise dos efeitos e modos de falha do projeto (DFMEA) é uma técnica analítica discipli- nada que avalia a probabilidade de uma falha, bem como o seu efeito. É um documento vivo, continuamente atualizado de acordo com as ne- cessidades e expectativas do cliente. É um input importante para o processo de APQP, que pode incluir as características do produto e processo previamente selecionadas. AtençãoAtenção A DFMEA é um documento vivo, continua- mente atualizado de acordo com as necessi- dades e expectativas do cliente. Projeto para Manufaturabilidade e Montagem É um processo de engenharia simultânea idealizado para otimizar a relação entre a função do projeto, a manufatura e a facilidade de mon- tagem. A abrangência das necessidades e expec- tativas do cliente determinará a extensão do en- volvimento da equipe de APQP da organização nessa atividade. No mínimo, os itens a seguir de- vem ser considerados: projeto, conceito, função e sensibilida- de à variação de manufatura; processo de manufatura e/ou monta- gem; tolerâncias dimensionais; requisitos de desempenho; número de componentes; ajustes do processo; manuseio de material. Engenharia de Produtos Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 33 Verificação do Projeto Deve-se verificar se o projeto do produto atende aos requisitos do cliente derivados das atividades descritas no tópico anterior. Análises Críticas do Projeto As análises críticas do projeto são reuniões periodicamente agendadas, conduzidas pela en- genharia de projeto da organização, que devem incluir as outras áreas afetadas. Esse tipo de análi- se é um método efetivo para prevenir problemas e mal-entendidos; também fornece um mecanis- mo para monitorar o andamento, relatar à gerên- cia e obter a aprovação do cliente, conforme ne- cessário. Essas análises são uma série de atividades de verificação que vão além de uma simples en- genharia. No mínimo, as revisões de projeto de- vem incluir uma avaliação de: considerações sobre os requisitos do projeto/funcionais; metas formais de confiabilidade e con- fiança; ciclos de rendimento dos componen- tes/subsistemas/sistemas; resultados de simulações por computa- dor e de testes de bancada; DFMEA; análise crítica dos esforços do projeto para manufaturabilidade e montagem; falhas de teste; progresso da verificação do projeto. A principal função das análises críticas é acompanhar o progresso da verificação do proje- to. A organização deve acompanhar esse progres- so por meio do uso de um formulário de planeja- mento e relatório, conhecido por alguns clientes como Plano e Relatório de Verificação do Projeto (DVP&R), que constitui um método formal para assegurar a: verificação do projeto; validação do produto e processo de componentes e conjuntos por meio da aplicação de um amplo planejamento e relatórios de testes. Construção do Protótipo – Plano de Controle Os planos de controle do protótipo são des- crições das medições dimensionais e testes de material e de funcionamento que ocorrem duran- te a construção do protótipo. A manufatura das peças do protótipo é uma excelente oportunida- de para a equipe e o cliente avaliarem o quanto o produto ou serviço atinge os objetivos da voz do cliente. É responsabilidade da equipe de APQP da organização analisar criticamente os protótipos para: assegurar que o produto ou serviço atenda às especificações e aos dados registrados no relatório, conforme ne- cessário; assegurar que seja dada atenção espe- cífica às características especiais do pro- duto e processo; usar dados e experiência para estabele- cer os parâmetros do processo prelimi- nar e requisitos de embalagem; comunicar ao cliente quaisquer preo- cupações, desvios e/ou impactos no custo. Desenhos de Engenharia O projeto do cliente não isenta a equipe de APQP da organização da responsabilidade de analisar criticamente os desenhos de engenha- ria, que podem incluir as características especiais (normas governamentais e de segurança) que de- vem ser descritas no plano de controle. Quando não houver desenhos de engenharia do cliente, os desenhos de controle deverão ser analisados criticamente pela equipe para determinar quais Elder André Zuin Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 34 características afetam o ajuste, a função, a durabi- lidade e/ou os requisitos de segurança e normas governamentais. Os desenhos devem ser analisados critica- mente para determinar se há informações sufi- cientes para o layout dimensional das peças in- dividuais. As superfícies/pontos de controle ou referência devem ser claramente identificados, de forma que dispositivos de medição funcionais e equipamentos apropriados possam ser projeta- dos para controles contínuos. As dimensões de- vem ser avaliadas para assegurar a viabilidade e compatibilidade com os padrões de fabricação e medição. Se apropriado, a equipe deve assegurar que os dados matemáticos sejam compatíveis com o sistema do cliente para uma comunicação mútua eficiente. Especificações de Engenharia Uma análise crítica detalhada e a com- preensão das especificações de controle ajudam a equipe de APQP da organização a identificar os requisitos funcionais, de durabilidade e de apa- rência do componente ou conjunto em questão. O tamanho da amostra, a frequência e os crité- rios de aceitação desses parâmetros são normal- mente definidos na seção de teste em processo da especificação de engenharia. Caso contrário, o tamanho da amostra e a frequência devem ser determinados pela organização e relacionados no plano de controle. Em ambos os casos, a or- ganização deve determinar quais características afetam o atendimento aos requisitos funcionais, de durabilidade e de aparência. Especificações de Material Além dos desenhos e das especificações de desempenho, as especificações de material devem ser analisadas criticamente quanto às ca- racterísticas especiais relacionadas aos requisitos de propriedades físicas, de desempenho, ambien- tais, de manuseio e de estocagem. Alterações de Desenhos e Especificações Quando forem necessárias alterações de desenhos e especificações, a equipe deve assegu- rar que sejam prontamente comunicadas e ade- quadamente documentadas para todas as áreas afetadas. Requisitos para Novos Equipamentos, Ferramental e Instalações A DFMEA, o plano de garantia do produto e/ou as análises críticas do projeto podem identi- ficar a necessidade de novos equipamentos e ins- talações, incluindo o atendimento aos requisitos de capacidade. A equipe de APQP da organização deve contemplar esses requisitos, adicionando os itens ao cronograma. Também, deve assegu- rar que haja um processo para determinar que o novo equipamento e ferramental sejam apropria- dos e entregues no tempo oportuno. O progresso das instalações deve ser monitorado para assegu- rar sua conclusão antes da data planejada para o “try out” de produção. Características Especiais do Produto e Processo No estágio de planejar e definir o progra- ma, a equipe identifica as características especiais preliminares do produto e processo. A equipe de APQP da organização deve basear-se nessa lista e atingir um consensopor meio da avaliação das in- formações técnicas. A organização deve consultar os requisitos específicos do cliente para detalhes adicionais sobre o uso das características espe- ciais do produto e processo. O consenso deve ser documentado no plano de controle apropriado. Os formulários de características especiais do pla- no de controle e coordenadas de pontos de da- dos são métodos recomendados para documen- tar e atualizar as características especiais. Engenharia de Produtos Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 35 Requisitos para Dispositivos de Medição/ Equipamentos de Teste Os requisitos para dispositivos de medição/ equipamentos de teste também podem ser iden- tificados nesta etapa. A equipe de APQP da orga- nização deve adicionar esses requisitos ao cro- nograma. O progresso deve ser monitorado para assegurar que o prazo necessário seja atendido. Comprometimento da Equipe com a Viabilidade e Suporte da Gerência A equipe de APQP da organização deve ava- liar a viabilidade do projeto proposto nesta fase. A propriedade do projeto por parte do cliente não exclui a obrigação da organização de avaliar sua viabilidade. A equipe deve estar convencida de que o projeto proposto pode ser manufaturado, montado, testado, embalado e entregue na quan- tidade suficiente e dentro do prazo, com um cus- to aceitável para o cliente. O consenso da equipe de que o projeto proposto é viável deve ser docu- mentado, com todas as questões em aberto que requerem uma resolução, e apresentado à gerên- cia para obter o seu suporte. 4.3 Projeto e Desenvolvimento do Processo As tarefas a ser realizadas nesta etapa do processo de APQP dependem da conclusão bem- -sucedida dos estágios anteriores. O sistema de manufatura deve assegurar que os requisitos, ne- cessidades e expectativas do cliente sejam aten- didos. Padrões e Especificações de Embalagem O cliente normalmente tem requisitos de embalagem que devem ser incorporados em to- das as especificações de embalagem para o pro- duto. Se nenhum requisito for fornecido, o proje- to da embalagem deverá assegurar a integridade do produto até o seu uso. A equipe de APQP da organização deve as- segurar que a embalagem individual (incluindo divisões internas) de um produto seja projetada e desenvolvida. Os padrões de embalagem do cliente ou os requisitos genéricos de embalagem devem ser adotados, quando apropriados. Em to- dos os casos, o projeto da embalagem deve as- segurar que o desempenho e as características do produto permaneçam inalterados durante os processos de embalagem, transporte e desemba- lagem. A embalagem deve ser compatível com to- dos os equipamentos de manuseio de material identificados, incluindo robôs. Análise Crítica do Sistema da Qualidade do Produto/Processo A equipe de APQP da organização deve analisar criticamente o sistema de gerenciamen- to da qualidade no local de manufatura. Todos os controles adicionais e/ou alterações necessárias de procedimento para produzir o produto de- vem estar atualizados, documentados e incluídos no plano de controle de manufatura. Esta é uma oportunidade para a equipe de APQP da organi- zação aprimorar o sistema da qualidade existen- te, com base nos inputs do cliente, habilidade da equipe e experiência anterior. Elder André Zuin Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 36 Fluxograma do Processo O fluxograma do processo é uma esquema- tização do fluxo atual ou proposto do processo. Ele pode ser utilizado para analisar as fontes de variação de máquinas, materiais, métodos e mão de obra do começo ao fim do processo de manu- fatura ou montagem. Ainda, é utilizado para en- fatizar o impacto das fontes de variação sobre o processo e ajuda a analisar o processo como um todo e não suas etapas individuais, sendo parte fundamental da análise do processo. O fluxogra- ma auxilia a equipe de APQP da organização a direcionar o foco no processo, conduzir a análise dos efeitos e modos de falha do processo (PFMEA) e idealizar o plano de controle. Layout das Instalações As instalações devem ser desenvolvidas e analisadas criticamente para determinar a acei- tabilidade de importantes itens de controle, a aplicabilidade de recursos visuais, as áreas de trabalho interinas e as áreas de estocagem para material não conforme. Todo o fluxo de material deve ser adaptado ao fluxograma do processo e plano de controle. O layout das instalações deve ser desenvol- vido de forma a otimizar a movimentação e ma- nuseio de material e a utilização com valor agre- gado das instalações, bem como deve facilitar o fluxo sincronizado dos materiais através do pro- cesso. Matriz de Características Uma matriz de características é uma técni- ca analítica recomendada para mostrar a relação entre os parâmetros do processo e as estações de manufatura. PFMEA A PFMEA deve ser conduzida durante o APQP e antes do início da produção. É uma análise e revisão disciplinada de processos novos ou revi- sados, efetuada para antecipar, solucionar ou mo- nitorar problemas de processo em potencial para o programa de um produto novo ou revisado. Plano de Controle de Pré-Lançamento Os planos de controle de pré-lançamentos são descrições das medições dimensionais e dos testes de material e funcional que irão ocorrer após o protótipo e antes da produção em série. Devem incluir controles adicionais de produto/ processo a ser implementados até o processo de produção ser validado. Seu propósito é controlar não conformidades em potencial durante, ou an- tes, da produção inicial. Alguns exemplos de aprimoramentos do plano de controle de pré-lançamento incluem: inspeções mais frequentes; mais itens de verificação durante e no final do processo; avaliações estatísticas práticas; auditorias aprimoradas; identificação de meios para efetuar a prova de erro. Instruções de Processo A equipe de APQP da organização deve assegurar que as instruções do processo propor- cionem a compreensão adequada e detalhes sufi- cientes para todo o pessoal que tenha responsabi- lidade direta pelo funcionamento dos processos. Essas instruções devem ser desenvolvidas a partir das seguintes fontes: FMEAs; planos de controle; Engenharia de Produtos Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 37 desenhos de engenharia, especifica- ções de desempenho, especificações de material, padrões visuais e normas industriais; fluxograma do processo; layout das instalações; matriz de características; padrões e especificações de embala- gem; parâmetros de processo; especialização e conhecimento dos processos e produtos por parte da or- ganização; requisitos de manuseio; operadores do processo. As instruções do processo para os proce- dimentos padrões de operação devem ser divul- gadas e incluir parâmetros de ajuste, tais como: velocidade das máquinas, alimentadores, tempos dos ciclos e ferramental, bem como devem estar acessíveis aos operadores e supervisores. Infor- mações adicionais sobre a preparação das ins- truções do processo podem ser encontradas nos requisitos específicos do cliente apropriado. Plano de Análise dos Sistemas de Medição A equipe de APQP da organização deve as- segurar que seja desenvolvido um plano que efe- tue a análise dos sistemas de medição requeridos, incluindo recursos para a verificação. Esse plano deve incluir, no mínimo, um escopo apropriado do laboratório para as medições e testes neces- sários, a responsabilidade de assegurar a lineari- dade, precisão, repetitividade e reprodutibilidade dos dispositivos de medição e a correlação entre dispositivos duplicados. Plano de Estudo Preliminar de Capacidade do Processo A equipe de APQP da organização deve as- segurar o desenvolvimento
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