Prévia do material em texto
Matemática Financeira Matemática Financeira Maria Luiza Praxedes França Sara Julliane Ribeiro Assunção Luiz Ricardo Mariano Copyright © Sociedade de Educação Tiradentes Redação: Diretoria de Educação a Distância - DED Av. Murilo Dantas, 300 - Farolândia Prédio da Reitoria - Sala 40 CEP: 49.032-490 - Aracaju / SE Tel.: (79) 3218-2186 E-mail: infonead@unit.br Site: www.ead.unit.br Impressão: Gráfica Gutemberg Telefone: (79) 3218-2154 E-mail: grafica@unit.br Site: www.unit.br Banco de Imagens: Shutterstock Jouberto Uchôa de Mendonça Reitor Amélia Maria Cerqueira Uchôa Vice-Reitora Jouberto Uchôa de Mendonça Júnior Superintendente Geral André Tavares Andrade Superintendente Administrativo e Financeiro Ihanmarck Damasceno dos Santos Superintendente de Relações Institucionais e Mercado Temisson José dos Santos Superintendente Acadêmico Paulo Rafael Monteiro Nascimento Diretor de Educação a Distância Flávia dos Santos Menezes Gerente de Operações Jane Luci Ornelas Freire Gerente de Ensino Lucas Cerqueira do Vale Gerente de Tecnologias Educacionais Milena Almeida Nunes Pinto Designer Instrucional Alexandre Meneses Chagas Supervisor Caroline Gomes Oliveira Designer Gráfico Edivan Santos Guimarães Diagramador Matheus Oliveira dos Santos Shirley Jacy Santos Gomes Ilustradores Ana Lúcia Golob Machado Antonielle Menezes Souza Lígia de Goes Costa Assessoras Pedagógicas Lígia de Goes Costa Revisão Ortográfica França, Maria Luiza Praxedes F814m Matemática financeira. / Maria Luiza Praxedes , Sara Julliane Ribeiro Assunção , Luiz Ricardo Mariano – Aracaju: UNIT, 2017. 192 p. il.; 23 cm Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7833-365-2 1. Matemática. 2. Capitalização. 3. Operações financeiras. 4. Mercado brasileiro. I. Assunção, Sara Julliane Ribeiro. II. Mariano, Luiz Ricardo. III. Educação a Distância. IV. Título. CDU: 51-7:336 Apresentaçãor A Educação a Distância é uma modalidade de ensino e aprendizagem em que a mediação didático-pedagógica ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores de- senvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. Essa de- finição está presente no Decreto 5.622, de 19.12.2005, que regulamenta o Art. 80 da Lei 9.394/96 (LDB). Dessa forma, o aluno da disciplina Matemática Fi- nanceira poderá aprender conceitos e aplicá-los de maneira prática na resolu- ção de problemas no seu dia a dia. Além disso, servirá de subsídio na tomada de decisões tanto no âmbito pessoal como profissional. Veremos conteúdos como Sistema de Capitalização Simples e Composta; Principais Taxas de Ju- ros; Descontos em Título de Crédito e Sistemas de Amortização de Crédito; Bons estudos! SumÁrio 09 Parte1:Regimes de Capitalização 11 Tema 1: Regime de Capitalização Simples ou Linear 13 1.1 Conceitos Gerais e Princípios da Matemática Financeira 24 1.2 Elementos Básicos da Capitalização Simples 36 1.3 Cálculo e Fórmulas dos Juros Simples 49 1.4 Equivalência de Capitais em Juros Simples 59 Tema 2: Regime de Capitalização Composta ou Exponencial 61 2.1 Então, qual a diferença entre Capitalização Simples e Capitalização Composta? 68 2.2 Cálculo e fórmulas com juros compostos 78 2.3 Taxas de Juros 88 2.4 Equivalência financeira a juros compostos Parte 2: Operações financeiras realizadas no mercado Brasileiro 101 tema 3: Descontos de Títulos 103 3.1 Descontos Simples 105 3.2 Cálculo e fórmulas com Desconto Simples 114 3.3 Desconto Composto 125 3.4 Cálculo e fórmulas com Desconto Composto 132 tema 4: Uniformes, Empréstimos para capital de Giro e Sistemas de Amortização e Empréstimos 145 4.1 Classificação das séries. Valor Presente de Série Periódica Uniforme e Montante de Séries Periódica Uniforme 147 4.2 Cálculo da Taxa de Juros em Séries Periódicas Uniformes 158 4.3 Matemática Financeira e Empréstimos paraCapital de Giro 166 4.4 Sistemas de Amortização 177 ReferÊncias 190 Parte 1 Regimes de Capitalização tema1 Regime de Capita- lização Simples ou Linear Sejam bem-vindos ao nosso estudo da Matemática Financeira. Você com certeza já ouviu falar nas diver- sas aplicações existentes no mercado financeiro. En- tão nesse tema iremos desenvolver os conceitos bási- cos da Matemática financeira, tais como capitalização dos juros e como calcular os juros simples e os juros compostos, para que possamos entender melhor o al- cance da disciplina. Então vamos lá! 1.1 CONCEITOS GERAIS E PRINCÍPIOS DA MATEMÁTICA FINANCEIRA Diariamente utilizamos diversos elementos da Matemática Fi- nanceira nas mais diversas situações. Ela está presente no dia a dia de todas as pessoas, como por exemplo: quando fazemos um credi- ário para a compra de uma geladeira, um maquinário moderno para a empresa, um computador etc.; quando financiamos a compra da casa própria, da sede da empresa, do tão sonhado automóvel quando realizamos empréstimos, compras com cartão de crédito, aplicações financeiras, pagamentos antecipados de débitos, entre muitas outras situações. Ou seja, o campo de aplicação da Matemática Financeira é bastante amplo e os seus conceitos são utilizados em operações de financiamentos diversos, compras, pagamentos, aplicações e investi- mentos de quaisquer naturezas. A Matemática Financeira é extremamente útil no gerenciamen- to dos negócios empresariais ou pessoais, pois além de permitir a análise e a comparação de operações financeiras, ela nos leva a tomar decisões mais vantajosas, como por exemplo, nas formas de paga- mento exemplificadas abaixo: Se eu lhe perguntasse: você prefere receber R$ 2.000,00 hoje, ou R$ 500,00 à vista e mais três parcelas mensais de mesmo valor? Naturalmente você optaria pelos R$ 2.000,00 hoje. Agora, se a pergunta fosse: você prefere receber R$ 1.755,00 hoje ou R$ 500,00 à vista mais três parcelas mensais de R$ 500,00? Certamente, que você ficaria em dúvida. Ou ainda: você vai a uma loja comprar uma geladeira e o ven- dedor diz que a geladeira custa R$ 1.500,00 e pode ser dividida, sem 14 Matemática Financeira aumento nenhum, em cinco pagamentos iguais de R$ 300,00. Entre- tanto, ao questioná-lo quanto a geladeira custaria caso quisesse pagar á vista, ele diz que custaria R$ 1.200,00. Como você não possui todo o dinheiro, opta por pagar a prazo. Então surge a dúvida: existe ou não aumento de valor (juros) na hora que você parcelou a geladeira? Para responder de maneira que você não tenha prejuízo nessas transações fi- nanceiras1 é necessário recorrer aos princí- pios e conceitos da Matemática Financeira. Se você receber um certo valor hoje, no futuro, com certeza, não será mais igual , pois o dinheiro é remunerado ao longo do tempo. Da mesma forma, é claro que existem juros quando se parcela a com- pra da geladeira, pois o seu preço é R$ 1.200,00 e não R$ 1.500,00 como informado pelo vendedor. Na hora que você parcelou, pagou a mais R$ 300,00 do que o seu valor à vista. Por que isso ocorre? Isso ocorre porque temos que pagar por tudo que tomamos posse e que não possuímos. Por exemplo, imagi- ne-se de férias em uma bela cidade turística e você pretende alugar um carro, então você faz a locação de um dos veículos disponíveis; para isso você paga o “aluguel do carro”. O carro é o “bem” que você não possui e que precisa utilizar. Com o dinheiro é a mesma coisa. Você quer uma televisão que custa R$ 2.000,00 e não possui esse recurso. O que você faz? Vai à loja e propõe a compra em parcelas mensais que possibilite a compra do bem. Destaforma , segundo ASSAF NETO (2012), a Matemática Fi- nanceira trata, em essência, do estudo do valor do dinheiro ao longo do tempo, cujo objetivo é efetuar análises da movimentação do di- nheiro em diferentes momentos. Os seus conceitos podem ser apli- cados em várias áreas, a exemplo Marketing, Mercado, Administração, Economia. Pode ser entendido como um evento con- tratual de compra e/ou de venda. 01 Tema 1 Regime de Capitalização Simples ou Linear 15 Aqui é importante destacarmos que existem no mercado ferra- mentas financeiras que auxiliam o cálculo na resolução dos proble- mas, tornando assim a aplicação dos conteúdos mais prática. Em es- pecial, temos a calculadora HP- 12 C e a planilha eletrônica Microsoft Excel. Quanto maior for o conhecimento acerca dessas ferramentas, maior será a facilidade para efetuar os cálculos. Entretanto, não podemos deixar de salientar que é necessário o domínio dos conceitos da Matemática Financeira, e por se tratar de conteúdo base de outras áreas, o entendimento a cerca de o “porque” está sendo realizados “tais cálculos nas ferramentas financeiras”, tor- na-se imprescindível. Dito isso, a partir daqui iremos estudar os elementos necessá- rios que nos auxiliarão nas tomadas de decisões na área financeira, quer seja na vida pessoal ou profissional. DIAGRAMA DO FLUXO DE CAIXA Conforme dito anteriormente, a matemática financeira preocu- pa-se com o estudo da movimentação do dinheiro ao longo do tem- po. Esse movimento do dinheiro é identificado temporalmente como entradas (quando ocorre aporte de dinheiro) e saídas (quando ocorre saída de dinheiro) de caixa , definido como fluxo de caixa. O que é um Fluxo de Caixa? O fluxo de caixa é uma das ferramentas da Matemática Finan- ceira que facilita a representação das operações financeiras realizadas pelas empresas ou pelas pessoas físicas Na Matemática Financeira, o fluxo de caixa refere-se ao fluxo do dinheiro no caixa da empresa, ou seja, ao montante de caixa recebido e gasto por uma empresa durante um período de tempo definido. É 16 Matemática Financeira considerado uma maneira de representar graficamente ao longo do tempo uma série de entradas ou recebimentos de dinheiro, e saídas ou os pagamentos do dinheiro. Assim sendo, ele permite visualizar, no decorrer do tempo, o comportamento do dinheiro. O fluxo de caixa pode ser representado através de um diagrama, conforme apresentado na figura a baixo: Fonte: Autoria Própria A linha horizontal representa o horizonte financeiro da opera- ção, ou seja, o tempo da operação financeira, sendo que o ponto zero indica o momento inicial e os outros pontos representam os intervalos de tempo que podem ser expressos em ano, mês, dia etc. Nos fluxos de caixa, em geral, a orientação das setas é arbitrária e relativa, isto é exige-se apenas sentidos contrários para operações inversas. Do ponto de vista contábil, as setas que ficam acima da li- nha indicam que houve entrada de dinheiro e as setas que ficam para baixo da linha indicam que houve saída de dinheiro. Outra informação que pode ser expressa pelas setas é quanto a regularidade dos valo- res recebidos ou pagos. Setas do mesmo tamanho indicam entrada e saída de valores semelhantes. Tema 1 Regime de Capitalização Simples ou Linear 17 Fonte: Autoria Própria O diagrama do fluxo de caixa acima representa um emprésti- mo no valor de R$ 500,00 feito por uma determinada pessoa e que foi quitado em seis meses por uma série de pagamentos mensais no valor de R$ 100,00. Verifique que R$ 100,00 é valor da parcela de pa- gamento e a seta está para baixo porque a pessoa pagou esse valor, ou seja, houve saída de dinheiro do caixa. Já os R$ 500,00 são o valor que foi creditado ao solicitante do empréstimo, sendo esse represen- tado por uma seta para cima, ou seja, houve entrada de dinheiro. A representação do fluxo de caixa varia conforme a ótica de quem o elabora: Exemplo 1: Desejando adquirir um novo automóvel para a frota da sua em- presa, você tomou um empréstimo no Banco Viva Feliz no valor de R$ 60.000,00, que será pago ao longo de 5 anos, em parcelas anuais no valor de R$ 12.500,00. Como ficaria representado o fluxo de caixa para você? 18 Matemática Financeira Fluxo de caixa sob seu ponto de vista Fonte: (Autoria Própria ) Solução: observe que como estamos representando o flu- xo de caixa segundo a ótica do cliente, que neste caso é você, os R$ 60.000,00 (seta para cima) correspondem a uma entrada de dinheiro em caixa, enquanto que os pagamentos de R$ 12.500.00 (seta para baixo) realizados anualmente correspondem a saídas de dinheiro do caixa da empresa. Entretanto, se esse mesmo fluxo de caixa fosse representado segundo a ótica do Banco Viva Feliz, ele ficaria conforme o diagrama a baixo: Fluxo de caixa sob o ponto de vista do banco Fonte: (Autoria Própria ) Tema 1 Regime de Capitalização Simples ou Linear 19 Observe que conforme essa perspectiva, os R$ 60.000,00 (seta para baixo) correspondem a uma saída de dinheiro do caixa do banco, enquanto que os pagamentos de R$ 12.500.00 (seta para cima) realiza- dos anualmente correspondem a entradas de dinheiro no caixa do banco. Exemplo 2: Você entrou em um plano para a aquisição de uma moto zero quilômetro e deverá depositar hoje R$ 750,00 no Banco. Nos próxi- mos cinco meses, a cada 30 dias a contar de hoje, você deverá depo- sitar R$ 750,00 para que,ao final do sexto mês, o banco conceda-lhe uma carta de crédito no valor de R$ 5.000,00.Represente os diagra- mas de fluxo de caixa sob o seu ponto de vista e do banco Solução: Observe que temos duas situações: Quando o fluxo de caixa é representado perante o seu ponto de vista, cada prestação no valor de R$ 750,00 está saindo de seu caixa, então a seta é para baixo, enquanto R$ 5.000,00 é o valor futuro2 que você irá rece- ber, a seta está para cima. É o valor que pagare- mos ou receberemos em uma data futura. É também denominado de montante ou valor nominal. Geralmente é representado por M ou FV (do inglês Future Value); 02 Fluxo de caixa sob seu ponto de vista Fonte: Autoria Própria 20 Matemática Financeira Quando o fluxo de caixa é representado sob o ponto de vista do banco, cada prestação no valor de R$ 750,00 está entrando no caixa, então a seta está para cima. Enquanto que o valor de R$ 5.000,00 sai do banco, então a seta é para baixo. Fluxo de caixa sob o ponto de vista do banco Fonte: Autoria Própria No exemplo citado a cima, observe que ao somarmos os valo- res das prestações pagas pelo solicitante do empréstimo (100 x 5 me- ses= 600) , o valor futuro (que neste caso refere-se ao somatório das parcelas) é maior do que o valor que foi emprestado. Essa diferença é decorrente da existência da taxa de Juros que pode ser entendida como um percentual aplicado sobre o capital fazendo com que ele ren- da juros. Vamos avançar nos nossos estudos e entender melhor o que são Juros e Taxa de Juros. Vamos lá? CRITÉRIOS DE CAPITALIZAÇÃO DOS JUROS O que é Capitalização? Capitalização é o processo como os ju- ros se juntam ao capital e mostra como os juros vão se formando e se incorporando ao capital durante o tempo. Tema 1 Regime de Capitalização Simples ou Linear 21 Para o estudo de capitalização vamos adotar o conceito que os juros são cobrados sempre no final do período de acordo com a taxa considerada. Os critérios de capitalização dos juros que iremos estudar são: simples (ou linear) e composto (ou exponencial). Nesse momento ve- remos o regime de capitalização simples, e o regime composto ou ex- ponencial será visto no tema II. Regime de capitalização simples No regime de capitalização simples, os juros só incidem sobre o capital inicial sejade uma aplicação ou de um empréstimo. Os juros são calculados sobre o capital inicial da operação, ou seja, os juros do período anterior não se acumulam para calcular o juro atual. O regi- me de capitalização cresce de forma linear ao longo do tempo como se fosse uma progressão aritmética (P.A.), isto é, os juros crescem de forma constante, conforme demonstrado na figura 7. Fonte: Autoria Própria 22 Matemática Financeira Sistema de capitalização simples , onde um capital de R$ 1000,00 foi aplicado por 24 meses a uma taxa de juros de 10% ao mês. Considere que você tem R$ 1.000,00 e quer aplicar a 10% ao mês, durante 24 meses, no regime de capitalização simples: No final de 1 mês, você terá : 1.000 + 10% (taxa de juros) x 1.000 (capital inicial) = 1.000 + 100= 1.100,00 No final de 2 meses 1.100 + 10% x 1.000 (capital inicial) = 1.100 + 100 = 1.200,00 No final de 24 meses= 3.300 + 10% x 1.000 (capital inicial) =3.300 + 100= 3.400,00 Observe que o juro é sobre o capital inicial (10% de 1.000,00 = 100) em qualquer um dos períodos. Como vimos, na Matemática Financeira, existem duas formas dos juros juntarem-se ao capital. Essas “formas” são chamadas de Ca- pitalização, que podem ser Simples ou Composta. Veremos, no próxi- mo conteúdo, alguns conceitos básicos da Capitalização Simples. Tema 1 Regime de Capitalização Simples ou Linear 23 LEITURA COMPLEMENTAR D MILONE, Guiseppe. Matemática financeira. São Paulo: Thompson Learning, 2006, p. 1-10. Este autor apresenta uma ampla visão dos conceitos e princípios da matemática financeira. Além disso, apresenta diversos exercícios que poderão agregar mais conhecimentos em relação aos assuntos. D NETO, Alexandre Assaf. Matemática financeira e suas aplicações. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009, p. 1 – 3. Neste livro você poderá complementar seus estudos, especialmente em relação ao critério de capitalização simples. PARA REFLETIR Considere que você foi a uma instituição financeira e adquiriu um plano para a aquisição de um veículo zero quilômetro, nas seguintes condições: depositar hoje R$ 3.000,00 e a cada 30 dias, a partir de hoje, depositar R$ 3.000,00 durante seis meses, para que, ao final do sétimo mês o banco lhe conceda uma carta de crédito no valor de R$ 24.000,00. Como você representaria os diagramas de fluxo de caixa sob seu ponto de vista e sob o ponto de vista da instituição financeira? 24 Matemática Financeira 1.2 ELEMENTOS BÁSICOS DA CAPITALIZAÇÃO SIMPLES No estudo da matemática financeira é imprescindível o conhe- cimento e domínio de alguns conceitos. CAPITAL é também denominado de principal, valor atual e valor presente, é o valor aplicado que dá origem a uma transação financei- ra, ou seja, é qualquer valor disponível em moeda numa certa época, que é possível ceder a outro, temporariamente. Por exemplo, você só efetua depósitos na caderneta de poupança quando possui dinheiro disponível. O capital também pode ser denominado de principal, valor atual ou presente valor. Podemos definir ainda capital, como o valor inicial, conhecido no começo de uma operação financeira. Enfim, será o valor que será aplicado, emprestado, investido, e que, com o passar do tempo, au- mentará. JUROS: quem nunca ouviu falar de juros? Juros de cartões de crédito, de cheque especial, de atraso do pagamento da mensalidade da Universidade, da Poupança etc. Desde os primeiros registros de civilizações que existe o conceito de juro. Naquela época, os agricultores adquiriam sementes para a sua plantação e pagavam com uma quantidade maior que correspondia ao juro do empréstimo, isto é, assim que o homem imaginou uma relação entre o dinheiro e o tempo, o conceito de juro se tornou presente. Juro é uma recompensa paga ou recebida pelo dinheiro ao lon- go do tempo, ou seja, é o valor referente ao atraso no pagamento de uma prestação ou a quantia paga ou recebida pelo empréstimo de um capital. Tema 1 Regime de Capitalização Simples ou Linear 25 Ao tomarmos um empréstimo numa instituição qualquer, a for- ma de pagamento é feita através de prestações mensais acrescidas de juros3, isto é, o valor de quitação do em- préstimo é superior ao valor inicial do mes- mo. Essa diferença é chamada de juros. Assim, quando os juros estão altos, os preços a vista são bem menores que os preços a prazo. Então, se você não possui o dinheiro para comprar a vista é melhor abrir uma poupan- ça para guardar o dinheiro e desta forma conseguir comprar um bem. Quando as instituições financeiras emprestam os recursos, avaliam vários fatores para definir a taxa de juros que vai remunerar os seus recursos, tais como: D O risco: é avaliada a situação financeira da empresa ou da pessoa física, o comportamento da mesma junto a institui- ção, etc. e quanto mais arriscado for o investimento maiores são as taxas de juros. D As expectativas inflacionárias: é avaliada a previsão de ín- dices de inflação que venha a desvalorizar o poder aquisitivo da moeda no prazo previsto do empréstimo. D Despesas: são avaliadas todas as despesas operacionais, contratuais e as despesas com tributos. D Ganho (ou lucro): é avaliado o tamanho do lucro, tendo em vis- ta o tempo que a instituição financeira passará sem o dinheiro, muitas vezes podendo aplicar em outros investimentos. D Inflação: a inflação corrói o capital, pois provoca perda do poder de compra do capital. Isso faz com que, por exemplo, o mesmo capital possua menor volume de compras ao longo do tempo. Os juros recebidos representam um rendi- mento e os juros pagos representam um custo. 03 26 Matemática Financeira TAXA DE JURO é o quociente entre o valor do juro recebido ou pago no final do prazo e o capital que foi aplicado,ou seja, corresponde ao valor do juro expresso como porcentagem de determinado capital. Ou melhor, é aquele percentual que a sua aplicação na caderneta de poupança rende no mês, ou ainda o percentual cobrado pelo banco quando você ultrapassa o limite do seu saldo e usa o cheque especial, ou é o percentual cobrado pela Universidade particular quando você atrasa a mensalidade etc. Normalmente, as taxas de juros referem-se a uma unidade de tempo (dia, mês, bimestre, semestre, ano, etc), e podem ser expressas na forma percentual, ou unitária. Por exemplo: D 1% a.d (a.d. significa ao dia) - significa que durante uma apli- cação (ou empréstimo) de um dia, o valor do juro é igual a 1% do capital. D 6 % a.a. (a.a. significa ao ano) - o que significa que durante uma aplicação (ou empréstimo) de um ano, o valor do juro é igual a 6% do capital. Todas as movimentações financeiras são baseadas na estipula- ção prévia de taxas de juros. Forma Percentual ou Centesimal: a taxa refere-se a cem unida- des de capital durante determinado período de tempo. Por exemplo, quando ouvimos falar que a taxa é de 6%, estamos informando que existem 6 unidades de juros para cada 100 de capital. Forma Unitária: a taxa refere-se a uma unidade do capital, du- rante determinado período de tempo. Quando temos 0,06 como taxa unitária estamos dizendo que existem 6 centésimos de unidade de juros por uma de capital. Tema 1 Regime de Capitalização Simples ou Linear 27 Podemos transformar a taxa percentual em unitária e vice e versa. Para isso, basta simplesmente dividir a taxa dada em porcenta- gem por 100 (de percentual para unitária). Por exemplo, se 2% é a taxa percentual, então a taxa unitária equivale a : 2/100 = 0,02. Para a transformação inversa, basta multiplicar a taxa unitária por 100. Exemplo: a taxa unitária é 0,02, então a taxa percentual é 0,02 x 100 = 2%. Embora os enunciados comumente informem a taxa percen- tual, nas fórmulas de matemática financeira, TODOS os cálculos são efetuados utilizandoa taxa unitária de juros. Taxa proporcional e Taxa equivalente Qualquer operação financeira possui o prazo referente a taxa de juros e o prazo que ocorrem os juros. Por exemplo: Quando tomamos um empréstimo, temos conhecimento da taxa de juros4 e notamos que os juros incidem sobre o ca- pital sempre no final do período, isto é, o prazo informado na taxa é o mesmo dos juros. Já no caso da caderneta de poupança, ela paga aos seus depo- sitantes a taxa de juros de 6% a.a. No entanto, todo mês é pago um percentual proporcional de 0,5% ao mês. Observe que o prazo da taxa é ao ano e o prazo que ocorre os juros é ao mês. A taxa em capitalização simples é sempre proporcional. 04 28 Matemática Financeira Mais na frente veremos que a resolução de qualquer problema em Matemática Financeira necessita que prazos diferentes estejam na mesma base do tempo, ou seja todos os prazos em dias ou todos os prazos em meses, ou semestre , ou ano, e etc. Aqui é importante ressaltar que, em se tratando de juros sim- ples, tanto faz falarmos em taxas proporcionais como em taxas equi- valentes, pois elas são consideradas a mesma coisa. Assim, duas ou mais taxas de juros simples se dizem (equiva- lentes) proporcionais quando aplicadas a um mesmo capital e pelo mesmo intervalo de tempo, produzem o mesmo juro. Com isso, em juros simples, dada qualquer taxa, basta multipli- car ou dividi-la pelo prazo para obtermos a taxa proporcional. Assim: D Taxa diária em mensal, basta multiplicá-la por 30, (taxa dada é a diária e você quer a mensal). D Taxa mensal em diária, basta dividi-la por 30, (taxa dada é mensal e você quer é diária). D Taxa mensal em anual, basta multiplicá-la por 12,(taxa dada é mensal e você quer a anual). D Taxa anual em mensal, basta dividi-la por 12, (taxa dada é anual e você quer a mensal).etc. Exemplos: 1- Calcular a taxa anual proporcional: a) 2% ao mês; b) 3% ao trimestre. Tema 1 Regime de Capitalização Simples ou Linear 29 Solução: D i = 2% x 12 = 24% ao ano.(o ano tem doze meses ,então mul- tiplicou-se a taxa por doze). D i = 3% x 4 = 12% ao ano (o ano possui 4 trimestres então multiplicou a taxa por 4). 2-Calcular a taxa mensal proporcional de juros de: a) 13,20% ao ano; b) 12% ao semestre; c) 5,6% ao quadrimestre. Solução: D i=13,20%: 12 = 1,1% ao mês (o ano tem 12 meses então dividiu a taxa anual por 12, obtendo assim a taxa mensal) D i=12%: 6= 2% ao mês (o semestre tem 6 meses então dividiu a taxa por 6) D i=5,6%: 4=1,40% ao mês (o quadrimestre tem 4 meses, en- tão dividiu a taxa por 4) TEMPO: É o período que dura a transação financeira, pois toda e qualquer operação financeira deve prever a data de início e do término da operação. Esse período é expresso em unidade de tempo5 (dia, mês, bimestre, trimestre, semestre, ano, etc.). Quando o prazo de uma operação fi- nanceira é contado em número de dias, nas operações de juros simples, a contagem é feita da seguinte maneira: D Tempo comercial: é utilizado o mês com 30 dias e o ano com 360 dias. Dessa maneira, o juro é considerado comercial ou ordinário; A taxa de juros e o tempo devem estar expressos na mesma unidade de tempo. 05 30 Matemática Financeira D Tempo exato: é utilizado o ano civil (365) dias. O número de dias em cada mês pode ser: 28 (fevereiro), 30 (abril, ju- nho, setembro e novembro) ou 31 (janeiro, março, maio, ju- lho, agosto, outubro e dezembro). Ou 366 dias, se o ano for bissexto, quando fevereiro tem 29 dias. O juro é considerado exato. Exemplo: Qual a taxa diária equivalente a 16,2% ao ano, se o ano não é bissexto? Solução: a) tempo comercial: 16,2: 360 =0,045% ao dia b) tempo exato: 16,2: 365= 0,04438 % ao dia Observe que o tempo comercial é um pouco superior ao tempo exato. Determinação da data de vencimento e prazo das aplicações: contagem de dias entre duas datas. Para determinarmos a data de vencimento e o prazo da aplica- ção, vamos usar uma tábua para contagem de dias entre duas datas que estão a disposição na figura 8. Tema 1 Regime de Capitalização Simples ou Linear 31 Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. 1 32 60 91 121 152 182 213 244 274 305 335 2 33 61 92 122 153 183 214 245 275 306 336 3 34 62 93 123 154 184 215 246 276 307 337 4 35 63 94 124 255 185 216 247 277 308 338 5 36 64 95 125 156 186 217 248 278 309 339 6 37 65 96 126 157 187 218 249 279 310 340 7 38 66 97 127 158 188 219 250 280 311 341 8 39 67 98 128 159 189 220 251 281 312 342 9 40 68 99 129 160 190 221 252 282 313 343 10 41 69 100 130 161 191 222 253 283 314 344 11 42 70 101 131 162 192 223 254 284 315 345 12 43 71 102 132 163 193 224 245 285 316 346 13 44 72 103 133 164 194 225 256 286 317 347 14 45 73 104 134 165 195 226 257 287 318 348 15 46 74 105 135 166 196 227 258 288 319 349 16 47 75 106 136 167 197 228 259 289 320 350 17 48 76 107 137 168 198 229 260 290 321 351 18 49 77 108 138 169 199 230 261 291 322 352 19 50 78 109 139 170 200 231 262 292 323 353 20 51 79 110 140 171 201 232 263 293 324 354 21 52 80 111 141 172 202 233 264 294 325 355 22 53 81 112 142 173 203 234 265 295 326 356 23 54 82 113 143 174 204 235 266 296 327 357 24 55 83 114 144 175 205 236 267 297 328 358 25 56 84 115 145 176 206 237 268 298 329 359 26 57 85 116 146 177 207 238 269 299 330 360 27 58 86 117 147 178 208 239 270 300 331 361 28 59 87 118 148 179 209 240 271 301 332 362 29 88 119 149 180 210 241 272 302 333 363 30 89 120 151 181 211 242 273 303 334 364 31 90 151 212 243 304 365 Tabela para contagem de dias entre duas datas Fonte: Autoria própria. 32 Matemática Financeira Veja como devemos proceder: Subtraímos do número de dias correspondente a data posterior, a quantidade de dias que indica a data anterior. Não podemos esque- cer que, se o ano for bissexto, devemos aumentar uma unidade ao resultado. Exemplo 1- Quantos dias são corridos de 12 de fevereiro e 14 de julho do mesmo ano? Utilizando as informações da tabela, basta subtrair o número de dias correspondente à data posterior e o número de dias da data an- terior, não esquecendo que se o ano for bissexto vai acrescentar um ao resultado. Verificando na tabela, temos que 14 de julho (data posterior) corresponde a 195 dias e 12 de fevereiro (data anterior) corresponde a 43 dias, então é só fazer a diferença. Nº de dias da data posterior: +195 Nº de dias da data anterior: - 43 Nº de dias corridos : 152 Exemplo 2- Um empréstimo foi contratado no dia 26 de maio para ser liquidado em 90 dias. Qual a data de vencimento? Neste caso não temos a data posterior, vamos determiná-la. Para isso, a denominamos (a data posterior) de uma variável (n). Verificamos que 26 de maio corresponde a 146 dias. E conhe- cemos o número de dias corridos. Tema 1 Regime de Capitalização Simples ou Linear 33 Então : Nº de dias da data posterior: n Nº de dias da data anterior: - 146 N º de dias corridos: 90 Temos a seguinte equação: n – 146 = 90, onde n = 90 + 146 = n= 236 Procurando 236 no corpo da tabela notamos que corresponde ao dia 24 de agosto. MONTANTE: Capital acumulado depois de um determinado tempo no futuro, ou seja, é a soma do capital com os juros formado no final do prazo da operação financeira. Pode ser denominado de valor nominal ou futuro valor. As notações que iremos utilizar para os elementos básicos da Matemática Financeira serão: C = Capital n = número de períodos (dias, meses, anos ou simplesmente nº. de parcelas) J = juros decorridos n períodos r = taxa percentual de juros i = taxa unitária de juros (i = r/100) M = Montante de capitalização simples ou composta.34 Matemática Financeira Exemplo: Você possuía R$1.000,00, investiu e recebeu R$ 1.200,00. Então, temos que: 1.000,00 R$ são o capital ou principal, ou seja, é o dinheiro que deu origem a transação financeira. 1.200,00 R$ são o valor do resgate do investimento, o valor que você recebeu depois que aplicou o capital, que corresponde ao mon- tante, e 200,00 R$ correspondem aos juros que é a diferença entre o que foi recebido (montante) e o que foi aplicado (capital). Já a taxa de juros, que é6 a divisão entre os juros recebidos e o capital aplicado, pode ser expressa de duas formas: Taxa de juros unitária: 200/1000 = 0,2 Taxa de juros percentual = 0,20 . 100 = 20% Diante do entendimento e apropriação dos principais conceitos da Matemática Financeira e do Regime de Capitalização Simples, es- tamos aptos à aplicação prática de tais conteúdos. Vejamos no próxi- mo conteúdo como utilizar tais conceitos. Observe que existe diferença entre juros e taxa de juros. O juro é o acréscimo em dinheiro e a taxa de juros re- presenta o quanto este acréscimo representou sobre o capital. 06 Tema 1 Regime de Capitalização Simples ou Linear 35 LEITURA COMPLEMENTAR D MILONE, Guiseppe. Matemática Financeira. São Paulo: Thomp- son, 2006. O autor, nesse livro, apresenta informações a respeito dos conceitos básicos da Matemática Financeira que poderão agregar mais conheci- mentos em relação ao assunto. Páginas 1 a 21 D SAMANEZ, Carlos Patrício. Matemática financeira. 5. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. Nesse livro, você pode complementar seus estudos, especialmente no tocante à taxa nominal efetiva e à taxa proporcional. Páginas 36 a 46. PARA REFLETIR Considere que no dia 19 de julho de 2010 você foi a agência bancária que possui conta e efetuou um empréstimo no valor de R$ 1.500,00 para ser pago em 90 dias um valor de R$ 2.000,00. Qual o valor do capital? Qual o valor do montante? Qual a data do vencimento do em- préstimo? 36 Matemática Financeira 1.3 CÁLCULO E FÓRMULAS DOS JUROS SIMPLES Já sabemos que o juro de cada período é sempre calculado sobre o valor principal, então vamos aplicar a taxa percentual ao valor prin- cipal para saber o valor do juro em cada período. Com esse valor, para obter o valor do juro total é só multiplicar pela quantidade de períodos. Sendo C, o capital, aplicado pelo regime de juros simples, a uma determinada taxa i, durante um certo período de tempo n, teremos que: Juros no 1º período: J = C x i Juros no 2º período: J = C x i + C x i = ou J = (C x i )x 2 Juros no 3º período: J = C x i + C x i + C x i ou J = (C x i)x 3 Juros no nº período: J = C x i + C x i +... + C x i ou J =(C x i )x n Assim, teremos a fórmula7 dos juros simples: J = C x i x n Onde J = juro, C = capital, i= taxa e n= tempo. Sabendo que J= Cx i x n podemos determinar as fórmulas derivadas: a) Cálculo do capital: b) Cálculo do tempo: Nas fórmulas de mate- mática financeira todos os cálculos são efetua- dos utilizando-se a taxa unitária de juros. 07 Tema 1 Regime de Capitalização Simples ou Linear 37 c) Cálculo da taxa: Aplicando as Equações: Exemplo 1 - Qual o juro simples obtido para um capital de R$ 1.000,00 durante 5 meses a taxa de 5,5% ao mês? Dados: C= R$ 1.000,00 n = 5 meses e i= 5,5% a.m : 100 = 0,055 J = ? Atenção: só para lembrar que a taxa é unitária, ou seja, vai ser dividida por 100, como aprendemos no conteúdo II do tema 1, então: Solução: J = C x i x n J= 1.000 x 0,055 x 5 = J = R$ 275,00 Exemplo 2- André pagou ao Banco Cacique S/A a importân- cia de R$ 2,70 de juros por dia de atraso sobre uma prestação de R$ 540,00. Qual a taxa mensal de juros aplicada pelo banco? 38 Matemática Financeira Dados: Como o problema pediu a taxa mensal, é só multiplicar por 30. Assim, i= 15% ao mês. Exemplo 3 - Para abrir um pequeno negócio, uma pessoa reali- zou um empréstimo a uma taxa de juros simples de 1% a.m. no Banco da Felicidade. Sabendo-se que a duração da transação será de 6 se- mestres, e que o juro a ser pago para pagar o empréstimo é de R$ 1.800,00, calcule o valor que a pessoa recebeu. Observe que a taxa de juros e o período não estão na mesma unidade de tempo. Quando isso acontece, devemos converter uma das unidades. Convertendo o tempo 6 semestres para mês, como o semestre tem 6 meses,então 6 semestres corresponde a 6 x 6 = 36 meses. Tema 1 Regime de Capitalização Simples ou Linear 39 Dados: i = 1% a.m.= 1/100 = 0,01 n = 36 meses J = 1.800,00 C= ? Solução: MONTANTE: CALCULO E EQUAÇÃO Já sabemos que montante é a soma do capital mais os juros, ou seja, o valor total de toda transação financeira. Então: M= C + J Como J = C x i x n Fazemos a substituição do J na fórmula, assim: M = C + Cx i x n, e aí teremos M = C (1 + in) Onde o termo (1 + in) é o fator de acumulação de capitalização simples. 40 Matemática Financeira Partindo do montante chegamos às fórmulas derivadas Calculo do capital (C): Calculo do tempo(n): Calculo da taxa (i) Tema 1 Regime de Capitalização Simples ou Linear 41 Exemplo 1: Imagine que você tome emprestado, a juro simples, a importância de R$ 5.000,00, pelo prazo de 3 meses, à taxa de 4% ao mês. Qual será o valor que você deverá pagar como juro, decorrido este período de tempo? Qual o montante a ser pago? C= 5.000,00 n = 3 i= 4% a.m =0,04% a.m. O valor do juro em cada período é : 5.000,00 x 0,04 = 200,00 Então, no final de 3 meses, teremos: J= 5.000,00 x 0,04 x 3 =600,00 O montante será : 5.000,00 + 600,00 = 5.600,00 Ou pela fórmula: M = C(1 + in) M= 5.000(1 + 0,04x3) M=5.000( 1 + 0,12) M=5000 x 1,12 M= 5.600,00 Ou seja, tomaríamos R$ 5.000,00 e pagaríamos R$ 5.600,00. Seiscentos reais de juros e mais 5.000,00 referentes ao valor principal. Exemplo 2: O Sr. Abmael recebeu R$ 5.000,00 de juros, por um empréstimo de 10 dias. A taxa de juros aplicada foi de 7,5% a.m. Quanto o Sr. Abmael havia emprestado? Atenção: A taxa de juros e o período não estão na mesma unidade de tempo. Quando isso acontece, devemos converter uma das unidades. Montando uma regra de três simples direta, temos: 0,075 ao mês corresponde a 30 dias, 10 dias corresponde a quanto? 42 Matemática Financeira 0,075 ------------------- 30 X ---------------------10 Temos os dados disponíveis: Portanto: O Sr. Abmael havia emprestado R$ 200.000,00, pelo qual recebeu R$ 5.000,00 de juros, à taxa de 7,5% a.m. pelo período de 10 dias. Exemplo 3: Calcular os juros e o montante de um empréstimo de R$3.000,00 com prazo de 72 dias, a taxa de 10% a.a. Efetuar o cál- culo para o ano civil e o ano comercial. Solução: ( ano comercial) Dados: C = 3.000,00 i = 10% a.a = 10/100 = 0,1 a.a n= 72 dias M= ? J= ? Tema 1 Regime de Capitalização Simples ou Linear 43 Na situação temos que colocar n e i na mesma unidade. Observe que n está em dias e i está em anos, então vamos expressar n em anos. Como o ano comercial possui 360 dias,temos que: N=72/360 n = 0,2 Calculando os juros temos que: J= C x i x n J=3.000,00 x 0,1 x 0,2 J= 60,00 Calculando o montante: M = C + J M= 3.000,00 + 60,00 M= 3.060,00 Solução: ( ano civil) N= 72/365 = 0,1973 J=3.000,00 x 0,1 x 0,1973 J = 59,19 Exemplo 4: Em quanto tempo triplica um capital a taxa simples de 10% ao ano? Dados: M = 3C i = 10% a.a = 10/100 = 0,10 Solução: Veja que dado um capital C para que ele triplique o montante será igual três vezes o capital. Logo: 44 Matemática Financeira M = C(i + in) 3C = C ( 1+ 0,10 x n) Dividindo a expressão por C,temos: 3 = 1(1 + 0,10n) 3= 1 + 0,10 3-1 = 0,10n 2 = 0,10n n= 20 São necessários 20 anos para queum capital triplique a taxa simples de 10% a.a. CAPITAL, TAXA E PRAZOS MÉDIOS São operações utilizadas quando queremos conhecer o capital médio, a taxa média ou o prazo médio que irão substituir vários títulos com capitais, taxas e prazos diferentes. Capital Médio: quando existem vários títulos, o capital médio é a média aritmética ponderada dos capitais. O tempo é o peso ou fator de ponderação. O capital médio não depende da taxa de juros e vamos considerar que ela é a mesma para todas as aplicações. Considere o exemplo: Três meses atrás tomei num mesmo dia e ao mesmo credor os seguintes empréstimos: R$ 5.000,00 para 6 meses, R$ 3.000,00 para 8 meses e R$ 2.500,00 para 10 meses. Sabendo que a taxa de juros simples da operação é de 10% a.m, qual o capital médio dessa transação? Tema 1 Regime de Capitalização Simples ou Linear 45 Solução: Prazo médio: É a média aritmética ponderada dos prazos rela- cionados, sendo o capital o fator de ponderação ou peso. Como o ca- pital médio, vamos considerar a mesma taxa para todas as aplicações. Para o cálculo do prazo médio, temos: Considerando o mesmo exemplo dado anterior, o prazo médio dos três títulos será: 46 Matemática Financeira Solução: Como o prazo é em dias,fazemos: 1 mês .......................... 30 dias 7,52 ....................... x dias x = 7,52x30 = 226 dias O prazo médio é de aproximadamente 226 dias Taxa média: É a média aritmética ponderada das taxas relacio- nadas, sendo o capital o fator de ponderação ou peso, vamos conside- rar o mesmo prazo para todas as aplicações. Exemplo: Eu devo R$ 5.000,00 a 10% a.a.,R$ 3.000,00 a 11%a.a e R$2.500,00 a 12% a.a.Calcular a taxa média de juros dos títulos é: Tema 1 Regime de Capitalização Simples ou Linear 47 Solução: A taxa média é de 10,76%. Como vimos, o capital é remunerado através do tempo. Portan- to, um capital hoje, não é igual a um capital daqui a 12 meses, ou 24 meses. Dessa forma, não é possível comparar capitais em datas dife- rentes. Para que essa comparação seja possível, é necessário trazer os capitais para mesma data. É sobre essa movimentação do capital no tempo para comparação, que veremos a seguir. 48 Matemática Financeira LEITURA COMPLEMENTAR D NETO, Alexandre Assaf. Matemática Financeira e suas aplicações. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009. No livro, o autor aplica, de maneira prática, através de vários exercí- cios resolvidos, os conteúdos vistos nesse tema, que poderão facilitar a sua aprendizagem a cerca do conteúdo aqui exposto. Páginas 7 a 10 para leitura. D MILONE, Guiseppe. Matemática financeira. São Paulo: Thomp- son, 2006. O autor trabalha de maneira minuciosa os conteúdos de capital, taxa e tempo médios, que você pode utilizar para complementar seus estu- dos. Páginas 24 a 37 para leitura. PARA REFLETIR Considere que você abriu uma poupança e que depois de três meses e meio, aplicada a juros simples, passou a ter R$ 7.800,00. O gerente mostrou que se você deixasse o dinheiro aplicado, daqui a cinco me- ses e meio você teria R$ 10.000,00. Qual foi o valor que a poupança foi aberta? Qual a taxa de juros anual paga pelo banco? Tema 1 Regime de Capitalização Simples ou Linear 49 1.4 EQUIVALÊNCIA DE CAPITAIS EM JUROS SIMPLES A equivalência de capitais consis- te em focar numa data no fluxo de caixa e calcular um valor atual ou um valor futuro, de maneira que os valores possam ser com- parados em uma mesma data. Essa data é chamada data focal8. Dois ou mais capitais são equivalentes quando se encontram em datas diferentes e são transportados para uma data única apresentando o mesmo valor, ou seja, é a substituição de um conjunto de títulos em datas diferentes por apenas um título em uma determinada data. Em juros simples, capitais equivalentes em determinada época não são iguais em outra época ou data. Ou seja, quando é trocada a data focal, o valor do capital sofre alteração. Isso acontece porque em juros simples o cálculo é efetuado de forma linear, ou seja, o capital depende do tempo. Veremos, no capítulo de juros compostos que a equivalência não altera quando mudamos a data focal. Vamos entender melhor o conceito de equivalência financeira em juros simples. Veja o seguinte problema: Suponha que você ganhou um prêmio em dinheiro no valor de R$ 1.000,00, que se encontra aplicado, em um banco, à taxa de juros sim- ples de 9% a.m. O banco lhe oferece duas opções para retirar o dinheiro: 1a) você retira R$ 1.000,00 hoje; 2a) você deixa o dinheiro aplicado e retira R$ 1.270,00 dentro de 3 meses;. Data focal: é uma data específica de um determinado período de tempo, podendo ser: passado; presente ou futuro. Quando a data focal não está expressa, presumimos que seja a data zero. 08 50 Matemática Financeira Qual das propostas é a mais vantajosa? Observe que os capitais de R$1.000,00 e R$ 1.270,00 estão em datas diferentes e só podemos comparar os capitais na mesma data. Escolhendo a data de hoje, que será a data focal (igual a data zero) vamos determinar a equivalência desses capitais na data de hoje. O capital de R$ 1.000,00 que corresponde a 1ª opção já se en- contra na data de hoje Vamos calcular o valor correspondente na data de hoje (data zero) de R$ 1.270,00: Já sabemos que M = C(1 + in), então teremos que: Verifique que os dois capitais têm valores atuais idênticos na data focal considerada (data zero). Tema 1 Regime de Capitalização Simples ou Linear 51 Dizemos então que eles são equivalentes, ou seja, tanto faz re- ceber R$ 1.000,00 hoje, ou R$ 1.270,00 daqui a 3 meses, quando a taxa de juros for de 9% ao mês. Se mudarmos a data de comparação, ou data focal, para o mês 4, veja o que acontece: Ao capital R$ 1.270,00, resgatável na data 4, será acrescentado um mês de juros. Ou seja, calculamos o montante: M = C(1+in) M= 1.270(1 + 0,09 x 1) M=R$ 1.384,30 O capital R$ 1.000,00 (resgatável na data zero) será acrescenta- do quatro meses de juros, ou seja, calculamos o montante: M = C (1 + in) M= 1.000 (1 + 0,09x4) M = 1.360,00 Considerando o mês 4, observamos que os capitais nominais R$ 1.000,00 e R$ 1.270,00 estarão valendo, respectivamente, R$ 1.384,30 e R$ 1.360,00. Na data focal9 4, portanto, eles não serão mais equivalentes. Observe que, quando transportarmos um capital para uma data posterior à original acrescentamos os juros, ou seja, calculamos o montante. A esse processo dá-se o nome de capitalização. Quando transportarmos um capital para uma data anterior à ori- ginal, retiramos os juros, ou seja, calculamos o valor atual (o capital). A esse processo, dá-se o nome de descapitalização. Ao mudarmos a data focal, na capitalização simples, os capitais que antes eram equivalentes podem acontecer de deixar de ser. 09 52 Matemática Financeira Exemplo 1- Considere um título com valor nominal de R$ 2.500,00 que vence em 90 dias, com a taxa de juros de 12% ao mês. Calcule o valor desse título hoje e em mês após o vencimento. Solução: De acordo com a data focal escolhida, o capital poderá ser movi- mentado para frente ou para trás com relação à reta (linha financeira do tempo). Quando o capital for movimentado para frente iremos calcular o montante, isto é, estamos capitalizando o capital (ou seja, acrescentando os juros). Quando o capital for movimentado para trás, iremos calcular o valor atual, isto é, estamos descapitalizando-o (retirando os juros). Calculando o valor do título hoje. Como o valor de R$ 2.500,00 vence em 90 dias, para calcular o valor hoje vamos retirar os juros, ou seja, descapitalizá-lo e calcular o valor atual ou capital. Colocando taxa e tempo na mesma unidade: Tema 1 Regime de Capitalização Simples ouLinear 53 Então os capitais de R$ 2.500,00 e R $ 1.838,23 são equivalen- tes á taxa de 12% ao mês. Desta forma, mostramos que é indiferente a essa taxa, você receber ou pagar R$ 2.500,00 daqui a 90 dias ou você receber ou pagar R$ 1.838,23 hoje. Agora vamos calcular o valor do título após 1 mês de vencimento. O valor de R$ 2.500,00 vence em 90 dias, para calcular o va- lor correspondente a um mês após o vencimento vamos adicionar os juros, ou seja, capitalizá-lo e calcular o valor do montante M. Então teremos os seguintes dados : C= 2.500,00 n= 1 mês i= 12% = 12/100 = 0,12 ao mês M= C(1 + in) M = 2.500( 1 + 0,12 x 1) M= 2.500( 1 + 0,12) M=2.500 x 1,12 M = 2.800,00 Então os capitais de R$ 2.500,00 e R $ 2.800,00 são equiva- lentes a taxa de 12% ao mês. Desta forma, é indiferente a esta taxa, você receber ou pagar R$ 2.500,00 daqui a 90 dias ou você receber ou pagar R$ 2.800,00 um mês após, ou seja , daqui a 120 dias. Exemplo 2- Comprei uma geladeira nas seguintes condições: R$ 500,00 para pagamento com 30 dias, mais duas prestações de R$ 450,00 para 60 e 90 dias. Sabendo que a taxa de juros cobrada na operação foi de 3% a.m. Qual o valor se eu quisesse quitar minha divida hoje? 54 Matemática Financeira Solução: A data focal solicitada é a de hoje, ou seja, data zero, então o valor hoje das três obrigações é a soma dos seus valores presentes. Como o tempo se encontra em dias e a taxa em meses, é neces- sário deixar na mesma unidade de tempo. Então transformamos 30 dias em 1 mês, 60 dias em 2 meses e 90 dias 3 meses. Lembramos também que a taxa é unitária, ou seja, é 3/100 = 0,03 ao mês. Vimos nesse Tema noções básicas sobre matemática financei- ra, além dos conceitos e aplicação prática do regime de capitalização simples. Agora, no próximo tema, veremos o regime de capitalização composto e as suas semelhanças e disparidades como o regime de capitalização simples. Tema 1 Regime de Capitalização Simples ou Linear 55 LEITURA COMPLEMENTAR D NETO, Alexandre Assaf. Matemática Financeira e suas aplica- ções. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2009. No livro, o autor faz a aplicação prática dos conteúdos trabalhados nesse tema, o que poderá facilitar a sua aprendizagem. Paginas 10 a 14 para leitura. D SAMANEZ, Carlos Patrício. Matemática financeira: aplicações à análise de investimentos. 4. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2007. O autor trabalha de maneira minuciosa os conteúdos vistos nesse tema, que você pode utilizar para complementar seus estudos. Pági- nas 7 a 9. PARA REFLETIR Diante da situação problema a seguir, indique como serão realizados os cálculos do saldo devedor: Maria foi ao banco e contratou um em- préstimo em 6 pagamentos iguais mensais, vencendo a primeira de hoje a 30 dias. Maria efetuou o primeiro pagamento e infelizmente foi demitida do emprego e atrasou três prestações. Quando iria vencer a quarta prestação, Maria procurou o banco para renegociar sua dívi- da, pois precisava saber quanto devia ao banco naquela data. Como o banco procederá para efetuar os cálculos? Reflita sobre essa situação. 56 Matemática Financeira RESUMO Finalizamos o tema I e vimos que a Matemática Financeira é essencial para tomada de decisões tanto nas empresas como na vida pessoal. Vimos também os elementos básicos para o entendimento e cálculo dos juros simples, tais como juros, capital e montante, taxa de juro, juro exato e juro comercial, taxas proporcionais e equivalentes etc. Além disso, aprendemos que o Regime de capitalização é a forma em que se verifica o crescimento do capital, podendo ser Simples (onde os juros produzidos no final de cada período têm sempre como base de cálculo o capital inicial), usado somente em operações de curtíssi- mo prazo; ou composto. Vimos também que o diagrama de fluxo de caixa é uma ferramenta importante para representar graficamente as entradas e saídas de dinheiro ao longo do tempo. Por fim, aprendemos que para juros simples, a equivalência entre dois ou mais capitais somente se verifica em uma determinada taxa, para uma determinada data focal. Anotações tema 2 Regime de Capitalização Composta ou Exponencial No tema anterior, conhecemos o regime de capitalização simples, através de conceitos e fórmulas que nos levaram ao cálculo de vários elementos de capitalização. Agora, no segundo tema, iremos estudar a capitalização composta e avaliar a diferença entre os dois tipos de capitalização. 2.1 ENTÃO, QUAL A DIFERENÇA ENTRE CAPITALIZAÇÃO SIMPLES E CAPITALIZAÇÃO COMPOSTA? Vimos que na capitalização simples o cálculo dos juros incide somente sobre o capital inicial, isto é, os juros do período anterior não se juntam ao capital aplicado para formar uma nova base onde vão incidir novos juros. Por esse motivo, a aplicação desse tipo de capita- lização é muito limitada. Por sua vez, na capitalização composta o processo é diferente. Vejamos um exemplo: Quando você abre uma caderneta de poupança, você deposita o dinheiro hoje e no final do mês a sua conta já possui o dinheiro que você depositou mais a remuneração do dinheiro, que é o juro decor- rente daquele período, ou seja, você possui um montante. Mesmo que você não deposite nada na caderneta de poupança naquele mês, o seu dinheiro continua sendo remunerado sobre o montante que você tem no final de cada mês, e assim sucessivamente. A todo esse processo gerado na sua caderneta de poupança, chamamos de capitalização composta. No regime de capitalização composta, também conhecida como exponencial, os juros são adicionados ao capital aplicado por período ge- rando um novo capital para a incidência dos juros no período posterior. A capitalização composta também é conhecida como juros sobre juros. Esse regime de juros é o mais utilizado no sistema financeiro do Brasil. Como é o caso das compras a médio e longo prazo, das com- pras com cartão de crédito, dos contratos de financiamentos habita- cionais, leasing, juros de cheque especial etc. 62 Matemática Financeira O valor dos juros nesse tipo de capi- talização é crescente, e se comporta como uma progressão geométrica (PG), ou seja, os juros se juntam ao capital aplicado para o cálculo dos juros do período posterior, ou seja, os juros são capitalizados10. Qual a diferença entre Capitalização Simples e Capitalização Composta? Na capitalização simples, os juros crescem de maneira constan- te, isto é, o valor ganho no decorrer de toda operação não se altera e o juro não se junta ao capital aplicado para formar um novo juro, cres- cendo de forma linear. Já na capitalização composta, os juros são crescentes, isto é, o valor ganho em cada operação é reinvestido, e o juro se junta ao capi- tal para formar um novo juro, crescendo de forma exponencial, con- forme a imagem a baixo. Fonte: Autoria Própria Só para lembrar: capi- talização é a maneira de somar os juros ao capital. 10 Tema 2 Regime de Capitalização Composta ou Exponencial 63 Na prática funciona assim: suponha que a caderneta de pou- pança que você abriu foi de R$ 500,00. Sabendo que os juros corres- pondem a 3% ao mês, no final de 3 meses quanto você terá recebido de juros e qual o total que estará em sua conta? Solução: Os dados referentes a situação são: C= 500,00 i = 3% a.m = 3/100= 0,03 n= 3 meses Calculando os juros e o montante no final do 1º mês: Como J = Cx i x n J = 500 x 0,03 x 1 J= R$ 15,00 A definição de montante para capitalização composta é a mes- ma estudada na capitalização simples, ou seja, é a soma do capital aplicado mais o valor dos juros referentes ao prazo da aplicação. Então: M = C + J M= 500 + 15 M =515,00 Os juros do 1º mês será R$ 15,00 e o valor que estará na conta (montante) será de R$ 515,00. Calculandoos juros e o montante no final do 2º mês: a taxa de juro incide sobre o montante do fim do primeiro mês. J = 515 x 0,03 J = R$ 15,45 M = 515,00 + 15,45 M =530,45 64 Matemática Financeira Observe que o montante no 2º mês corresponde ao capital ini- cial mais o juro do 1º período e do 2º período. M= 500,00+ 15,00 + 15,45 M2 = R$ 530,45 Calculando os juros e o montante no final do 3º mês: a taxa vai incidir sobre o montante do mês anterior. J = 530,45 x 0,03 J = R$ 15,91 M= 530,45 + 15,91 M=546,36 Total de juros recebidos: 15,00+15,45+15,91= 46,36 Os juros recebidos somam um total de R$ 46,36, que adiciona- do ao capital aplicado gerou o montante de R$ 546,36, que é o total que está na poupança. Para não ficarmos calculando o valor dos juros e montante mês após mês, utilizaremos a seguinte equação: M = C(1 + i)n M = Montante C= Capital i= Taxa unitária de juros n= Período da transação financeira Veja como fica o cálculo do montante do exercício da caderneta de poupança, sem a necessidade de efetuarmos mês a mês. Até porque, à medida que aumenta o prazo, fica bastante trabalhoso o cálculo. Tema 2 Regime de Capitalização Composta ou Exponencial 65 M= 500(1+0,03)3 M=500(1,03)3 M=546,36 Bem mais prático não é? Juro Independente da modalidade de capitalização adotada,a equa- ção que relaciona montante, capital e juro é sempre a mesma: M = C + J J = M – C Exemplo: calcule os juros e o montante de uma aplicação finan- ceira de R$ 2.000,00 durante um ano, á taxa de 5,5% a.m pela capita- lização simples e pela capitalização composta. Solução: Dados C= 2.000,00 n= 1 anos = 12 meses i= 5,5% a.m = 5,5 / 100 = 0,055 M= ? J= ? Solução (pelo regime de capitalização simples): Observe que a taxa e o tempo estão em unidades diferentes, portanto torna-se necessário efetuar a transformação. Como se trata de juros simples tanto faz transformar a taxa como o tempo. No caso citado, fica mais fácil transformar o tempo para meses, então: 66 Matemática Financeira Como cada ano tem 12 meses é só multiplicar 1 x 12= 12 meses M=C(1+in) M=2.000(1+0,055 x 12) M=2.000(1+0,66) M= 2.000 x 1,66 M= 3.320,00 Os juros são iguais ao montante menos o capital J = M – C J= M – C=3.320 – 2.000= 1.320 Solução (Pelo regime de capitalização composta): A forma de capitalização da taxa de juros no regime de capita- lização composta não aceita quaisquer operação de multiplicação ou divisão, como pode fazer em juros simples. Devemos converter sem- pre os prazos para a base das taxas. Como já efetuamos a conversão, temos: M=C(1+i)n M=2.000(1+0,055)12 M=2.000(1,055)12 M=2.000(1,90) M=3.802, 42 J=M-C J=3.802,42 - 2.000 J=1.802,42 Verifique que o valor dos juros calculados pelo regime de capi- talização simples é de R$ 1.320,00, valor este menor que o valor utili- zado na capitalização composta que foi de R$ 1.802,42. Tema 2 Regime de Capitalização Composta ou Exponencial 67 Diferente do regime de capitalização simples, no regime de capi- talização composta, a capitalização é exponencial. Consolidado os con- teúdos fundamentais acerca do regime de capitalização composta, ve- remos a seguir, no próximo conteúdo, a aplicação prática dos mesmos. LEITURA COMPLEMENTAR D NETO, Alexandre Assaf. Matemática Financeira e suas aplica- ções. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2011. Nesse livro você poderá complementar seus estudos, especial- mente em relação aos conceitos de capitalização composta. Exis- tem vários exercícios resolvidos que poderão facilitar a sua apren- dizagem. Páginas 3 a 6. D MILONE, Guiseppe. Matemática financeira. São Paulo: Thomp- son, 2006. O autor realiza uma abordagem ampla acerca dos conteúdos traba- lhados. Neste livro você pode complementar seus estudos sobre os tipos de capitalização. Páginas 24 a 37. PARA REFLETIR Diante da situação descrita a seguir, qual investimento você faria? Você tem R$ 80.000,00 que economizou e não sabendo onde investir procurou um gerente. Ele sugeriu aplicar o capital por 2 anos, a uma taxa de juro composta mínima de 2,5% ao mês. Logo depois, você foi a 68 Matemática Financeira uma imobiliária e um corretor de imóveis lhe ofereceu a oportunidade de comprar um lote de um terreno numa área nobre, que durante esse período receberá benfeitorias, o que provocará um aumento natural de valor. O corretor afirmou que daqui a dois anos esse terreno valerá no mínimo R$ 140.000,00.O que é melhor aplicar o dinheiro ou com- prar o terreno? Reflita sobre essa situação hipotética. 2.2 CÁLCULO E FÓRMULAS COM JUROS COMPOSTOS No conteúdo anterior, estudamos como calcular os juros com- postos e o montante de uma operação financeira. Partindo desses conceitos vamos desenvolver a equação niCM )1( += e isolar o ca- pital, a taxa e o tempo para o cálculo quando necessário. Para o cálculo, é necessário utilizar pelo menos uma máquina calculadora ou então tabelas de fatores (1 + i)ⁿ. Como já foi explicado, quanto mais ferramentas financeiras estiverem disponíveis, mais prá- tico será o uso das fórmulas existentes em juros compostos. Cálculo do capital: A equação do montante é: niCM )1( += Isolando o valor de C ( capital) temos que: Tema 2 Regime de Capitalização Composta ou Exponencial 69 Cálculo da taxa de juros: Observe que para isolar a taxa i, exige mais conhecimento. A operação inversa da potenciação é a raiz, então: Agora podemos isolar o valor do i Cálculo do tempo M= C( 1 + i) Como necessitamos do valor do i, teremos que recorrer às pro- priedades de logaritmos. Lembramos que o logaritmo de uma potência é igual ao expo- ente vezes o logaritmo da base, então: 70 Matemática Financeira Isolando o n, temos que: Exemplo 1: uma empresa aplicou um capital de R$ 1.500,00 a uma taxa de juros compostos de 2% ao mês, para retirar daqui a 5 meses .Qual o valor a ser resgatado? E quanto ele ganhou de juros na aplicação? Solução: M = ? C = R$ 1.500,00 i = 2% ao mês = 2/100 =0,02 n = 5 meses niCM )1( += M= 1.500(1 + 0,02)5 M=1.500 x (1,02)5 M=1,500 x 1,104 M = 1.656,00 J= M- C J=1.656,00 – 1.500,00 J= 156,00 Resposta: Ele ganhou a quantia de R$156,00 e resgatou R$ 1.656,00 Exemplo 2: Contraí um empréstimo a uma taxa de 4% ao mês para ser pago no final de 20 meses. Sei que vou pagar a quantia de R$ 2.000,00,quanto foi que recebi emprestado? Tema 2 Regime de Capitalização Composta ou Exponencial 71 Solução: Dados: Recebi emprestada a quantia de R$ 913,24 Exemplo 3: planejo emprestar R$ 5.000,00 por um período de 10 meses ao final do qual pretendo receber de volta um total de R$ 7.200,00. Qual deve ser o percentual da taxa de juro composto para que eu venha a conseguir esse montante? 72 Matemática Financeira Solução: Dados: Exemplo 4: Em quanto tempo meus R$ 3.000,00 se tornam R$ 6.000,00 a uma taxa de 3% ao mês? Tema 2 Regime de Capitalização Composta ou Exponencial 73 Solução: Resposta: meus R$ 3.00,00 se tornaram R$ 6.000,00 a taxa de 3% a.m em 24 meses. 74 Matemática Financeira CONVENÇÃO LINEAR E CONVENÇÃO EXPONENCIAL Determinadas operações financeiras apresentam, muitas vezes, número não inteiro de períodos, ou seja, o número de períodos calcu- lados não se encaixa dentro do prazo. Por exemplo, uma aplicação com capitalização anual, mas efe- tuada pelo prazo de 1 ano e 9 meses. Nesse caso utilizaremos os tipos de convenção, que podem ser linear ou exponencial. Convenção linear: o cálculo de juros da parte inteira será re- alizado a juros compostos e o da parte fracionária, a juros simples, utilizando como capital o valor do montante encontrado pela capita- lização da parte inteira. Essa operação é também chamada de capi- talização mista.Para o cálculo do montante usando a convenção linear, vamos usar a fórmula: M = C (1 + i )nⁿ x ( 1 + i x a), onde n é a parte inteira e a é a parte fracionária. Convenção exponencial: usa o regime de juros compostos tanto para a parte inteira como para fracionária. Para o cálculo do montante usando a convenção exponencial, vamos usar a fórmula: M = C (1 + i)ⁿn+a, em que n corresponde a parte inteira e a repre- senta a parte fracionária No Brasil, utiliza-se a convenção exponencial, enquanto nos Es- tados Unidos usa-se a convenção linear. Tema 2 Regime de Capitalização Composta ou Exponencial 75 Observe como funciona a aplicação de cada uma. Exemplo: Um capital de $1.000,00 é emprestado a uma taxa de juros de 12% ao ano, capitalizados trimestralmente, pelo prazo de 2 anos e 4 meses. Determinar o montante desse empréstimo conside- rando a convenção linear e convenção exponencial. Solução: Dados: C = 1.000,00 i = 12% a.a. n= 2 anos e 4 meses = 2 + 4/12 = 2 + 1/3 anos Convenção Linear: 1) Vamos calcular o montante levando em consideração a parte inteira do tempo: 2 anos. M = 1.000(1 + 0,12)2 M= 1.000 x (1,12)2 M = 1.000 x 1,2544 M= 1.254,40 2) Vamos calcular os juros simples sobre o montante en- contrado com o tempo fracionado de acordo com a proporcionali- dade ( 4 meses = 4/12 anos) J = C x i x n J = 1.254,40 x 0,12 x 1/3 J = 50,18 O Montante será 1.254,40 + 50,18 = 1.304,60 76 Matemática Financeira Usando a fórmula, teremos: M = C ( 1 + i )ⁿ x ( 1 + i x a), M =1.000(1+0,12)ⁿx(1 + 0,12 x 4/12) M= 1.000(1,12)ⁿ ( 1 + 0,48/12) M = 1.000 x 1,2544 x 1,04 M=1.304,58 Convenção exponencial: Vamos utilizar a fórmula do montante direto e efetuar a trans- formação do tempo em período da taxa. M= C(1+i)n M=1.000(1+0,12)7/3 M=1.000(1+0,12)2,333... M=1.302,84 Na convenção linear, o montante é maior que na convenção ex- ponencial. Observe que a convenção linear é mista, ou seja, utiliza juros compostos sobre a parte inteira e juros simples sobre o montante da parte inteira calculada. As taxa de juros são muito importantes para a economia mun- dial, nacional e, consequentemente, para você. Elas regulam emprés- timos bancários, descontos, aplicações financeiras dentre outros, oferecendo maiores ou menores rendimentos. Veremos no próximo conteúdo sobre as principais taxas de juros. Tema 2 Regime de Capitalização Composta ou Exponencial 77 LEITURA COMPLEMENTAR D NETO, Alexandre Assaf. Matemática Financeira e suas aplica- ções. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2011. O autor realiza uma minuciosa explicação acerca dos conceitos de ca- pitalização composta. Existem vários exercícios resolvidos que pode- rão facilitar a sua aprendizagem. Páginas 17 a 28. D MILONE, Giuseppe. Matemática financeira. São Paulo: Thomp- son, 2006. Nesse livro, você pode complementar seus estudos, especialmente referente aos conceitos de convenção linear e exponencial. Paginas 39 a 48 para leitura. PARA REFLETIR Em um concurso para a vaga de auditor fiscal da sua Prefeitura apa- receu uma questão que dizia que: você e seu colega João aplicaram R$ 2.500,00 cada um a juros compostos de taxa mensal 2,5%, du- rante 3 meses e 15 dias. A sua aplicação foi realizada utilizando a convenção linear e a de João pela convenção exponencial. Existe diferença entre os montantes? Qual a diferença? Em qual das con- venções os juros é maior? 78 Matemática Financeira 2.3 TAXAS DE JUROS Nesse item iremos abordar os diversos tipos de taxas e comen- tar algumas taxas existentes no mercado financeiro. A taxa de juro é o custo do dinheiro, isto é, o percentual cobrado pelo uso do mesmo, em qualquer transação financeira. A taxa de juros é definida de acordo com vários fatores, como por exemplo, o tempo, o risco e a quantidade de dinheiro existente no mercado para emprés- timos. Quando se eleva a taxa de juros o país deixa de crescer e as pes- soas ficam mais pobres. TIPOS DE TAXAS: Taxa nominal e taxa efetiva Em diversas situações, a taxa de juros é apresentada em uma unidade de tempo diferente da unidade de tempo em que é capitaliza- da. Por exemplo: uma taxa semestral capitalizada mensalmente. Essa taxa semestral é dita nominal. Assim: Taxa efetiva – Quando a unidade de referência de tempo coin- cide com a unidade de tempo dos períodos de capitalização. Exemplo: 2,5% ao mês, capitalizados mensalmente. Taxa nominal – Quando a unidade de referência do tempo é di- ferente da unidade de tempo do período de capitalização. Exemplo: 24 % ao ano capitalizado mensalmente. Observe que o período de capita- lização é um mês e o prazo indicado na taxa é um ano. Tema 2 Regime de Capitalização Composta ou Exponencial 79 Em geral, nos contratos de financiamento, aparece a taxa de juros nominal. Mas, a taxa que é utilizada para o cálculo das parcelas é a taxa efetiva, que é sempre maior do que a nominal, ou seja, a taxa nominal é a que é divulgada e a taxa efetiva é aquela que é cobrada na operação. Por exemplo, a taxa de 24 % ao ano, capitalizada mensalmente é proporcional a taxa 24/12 = 2% ao mês. Vamos transformar uma taxa nominal em uma taxa efetiva: A taxa efetiva de juros é obtida a partir de : Taxa efetiva= (1+i)n – 1, Sendo i = taxa proporcional e n = número de períodos da capi- talização. Considere a taxa de 48% a.a capitalizada mensalmente, en- tão teremos que a taxa nominal é 48% ao ano. A taxa proporcional é 48/12= 4% ao mês. i= 48% : 12 = 4% = 0,04 ao mês. n= 12 meses Taxa efetiva = (1 + 0,04)12 – 1 Taxa efetiva = (1,04)12 – 1 Taxa efetiva= 1,601 – 1 Taxa efetiva = 0,601 x 100 Taxa efetiva = 60,1% ao ano. Observe que a taxa nominal de 48% ao ano com capitalização mensal corresponde a uma taxa efetiva de 60,1% ao ano. 80 Matemática Financeira Taxa Real Taxa Real: é a taxa efetiva corrigida pela inflação do período. Exemplo: O seu salário era de R$ 2.500,00 e foi aumentado para R$ 2.800,00. Se a inflação foi de 15%, você teve um ganho real? Você não teve um ganho real, pois o seu reajuste foi de 12%, enquanto a inflação foi de 15%. Veja como calcular a correção real do seu salário: sendo in = taxa nominal, temos que: Tema 2 Regime de Capitalização Composta ou Exponencial 81 Portanto você teve uma perda real de salário de 2,61%, ou seja, no período considerado da inflação você não teve aumento real. Taxa proporcional e taxas equivalentes Como vimos, em juros simples taxas proporcionais são taxas equivalentes, ou seja, na capitalização simples duas taxas proporcio- nais são também equivalentes. E a equivalência das taxas se resume a uma simples divisão ou multiplicação. Exemplo: Ex: 5% a.m→ 15% a. trim→ 30%a.sem→60% a a. No regime de juros compostos, taxas equivalentes não se con- fundem com taxas proporcionais, apesar do mesmo conceito. Iremos estudar no próximo conteúdo taxas equivalentes a juros compostos. Considere as situações: Qual o montante acumulado no final de 12 meses, sob o regime de juros compostos, a partir da aplicação de um capital de R$ 100,00, a uma taxa de juros de 10% ao mês? 82 Matemática Financeira Qual o montante acumulado pela aplicação de um capital de R$ 100,00, pelo prazo de seis bimestres, a uma taxa de juros de 21% ao bimestre, segundo o regime de capitalização composta? Solução: 1) C=100,00 i= 10%a.m. n= 12. Calculando o montante pela fórmula M =C(1+i)n temos M=313,84 2)C= 100,00 i-21% a.bim. n=6 a bim. Calculando o montante pela mesma fórmula temos M= 313,84 Taxas equivalentes11 são taxas de ju- ros em unidades de tempo diferentes, que quando aplicadas a um mesmo capital, durante um mesmo prazo, apesar de capi- talização diferente, produzem um mesmo montante. Observação:Iremos aprender a calcular taxa equivalente a juros compostos logo a seguir, quando es- tudarmos equivalência financeira. Taxa de Desvalorização da Moeda É a taxa que mede o percentual de perda do poder aquisitivo da moeda em determinado período de tempo devido ao aumento gene- ralizado dos preços. Exemplo: Em 2016, com R$ 20,00 eu comprava 100 pãezi- nhos franceses a R$ 0,20 cada um. Hoje, em 2017, com os mesmos R$ 20,00, quantas unidades aproximadamente poderei comprar, uma vez que o preço foi atualizado de acordo coma inflação de 25%, pas- sando para R$ 0,25 a unidade? O que difere as taxas equivalentes das taxas proporcionais é o regi- me de juros considera- do. As taxas propor- cionais se baseiam em juros simples, e as taxas equivalentes se baseiam em juros compostos. 11 Tema 2 Regime de Capitalização Composta ou Exponencial 83 Em 2009: 20,00/0,20 = 100 pãezinhos Em 2010: 20,00 /0,25 = 80 pãezinhos Percentual de aumento: sendo m= valor anterior e n = valor posterior i= 100/ 80 -1 i= 1,25 – 1 i=0,25 x 100= 25% Em função da inflação, o valor da moeda foi desvalorizado em 25% Taxa prefixada As operações de crédito com taxa prefixada possibilitam ao aplicador ou tomador saber, na data da contratação da operação, o valor a ser pago ou recebido, independente de qualquer variação que venha a ocorrer durante o prazo do contrato. Taxa pós-fixada Os juros são variáveis. Dependendo do prazo de contratação e dos indicadores econômicos utilizados, só saberá o valor a pagar ou a receber no final do contrato. 84 Matemática Financeira Taxa Bruta É a taxa da maneira que é apresentada, ou seja, não foram reti- rados os encargos que incidem sobre a aplicação, como, por exemplo, o imposto de renda. Taxa Líquida A taxa líquida é aquela que efetivamente se obtém como rendi- mento dos emprestimos ou depósitos. Ou seja, é a taxa bruta menos os encargos. Taxa interna de retorno A taxa interna de retorno é a taxa de juros que iguala numa única data o valor presente das entradas de caixa ao valor presente das saídas de caixa do investimento. Ela tem como objetivo definir a rentabilidade de um projeto ou de um investimento. Isso se dá quando comparamos a taxa de retorno com a taxa de juros esperada (taxa de atratividade). Exemplo: qual taxa de juros que iguala o montante de R$ 112.550,81 no mês 4 com a aplicação financeira de R$ 100.000,00 na data zero? Solução: Dados: M= 112.550,81 C= 100.000,00 n = 4 I = ? M =C (1 +i)n 112.550,81=100.000(1 + i)4 Tema 2 Regime de Capitalização Composta ou Exponencial 85 Resposta: 3% ao mês é a taxa que iguala na data focal zero o capital de R$ 100.000,00 com o montante de R$ 112.550,82 depois de quatro meses. Taxas Selic A taxa Selic12 é a taxa básica de juros que dá a medida de outras taxas de juros pra- ticadas no nosso país, a exemplo do cheque especial, do crediário, dos cartões de crédito, da poupança. Além disso, é a partir dela que os bancos calculam quanto irão cobrar de ju- ros para conceder um empréstimo. Assim, quanto menor for a Selic, mais ‘barato’ fica fa- zer um empréstimo ou comprar a prazo. Desta forma, fica claro que ela tem influência sobre os juros de toda a economia. Taxa Over É a taxa relativa a um dia útil de aplicação. A taxa é capitalizada em função de determinada quantidade de dias. Atualmente é utilizada como padrão para empréstimos entre bancos. Quando a Selic aumen- ta, os bancos preferem emprestar ao governo, porque paga bem. Já quando a Selic cai, os bancos são “empurra- dos” para emprestar dinheiro ao consumidor e conseguir um lucro maior. Assim, quanto maior a Selic, mais “caro” fica o crédito que os bancos oferecem aos consumidores, já que há menos dinheiro disponível. 12 86 Matemática Financeira Ela paga juros somente para os dias úteis e a taxa de juros de- verá ser dividida por 30 (mês comercial) encontrando uma taxa diária. Taxa Referencial (TR) É a taxa que corrige os saldos da caderneta de poupança e os contratos com prazos superiores a 90 dias. Serve de referência nas transações financeiras realizadas no Brasil. O Banco Central calcula a sua base, a partir dos juros pagos pe- los CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) das maiores institui- ções financeiras. Taxa Básica Financeira (TBF) É uma taxa criada pelo Governo Federal com objetivo de remu- nerar um novo tipo de caderneta de poupança com prazo mínimo de 90 dias. Sua remuneração é calculada pelo somatório de captação de de- pósitos a prazo das 30 maiores instituições financeiras do País, pelo período de 1 semestre. É divulgada diariamente. TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) A TJLP, como o próprio nome indica, tem a finalidade de esti- mular investimentos de longo prazo, como dos setores de infraestru- tura e de consumo. Atualmente, a TJPL vem sendo aplicada na remu- neração do PIS/PASEP. Na capitalização composta, diferentemente da capitalização simples, as Taxas equivalentes e as Taxas proporcionais são dife- rentes. Portanto, para comparação de capitais sujeitos ao regime de capitalização composta, precisamos estar atentos a essa informação. Vamos aprofundar esse assunto no próximo conteúdo. Vamos lá? Tema 2 Regime de Capitalização Composta ou Exponencial 87 LEITURA COMPLEMENTAR D TOSI, Armando Jose. Matemática Financeira com utilização da HP-12C. São Paulo: Atlas, 2008. No livro, o autor aplica de maneira prática, através de vários exercícios resolvidos, os conteúdos vistos nesse tema, que poderão facilitar a sua aprendizagem acerca do conteúdo aqui exposto. Páginas 117 a 138. D MILONE, Giuseppe. Matemática financeira. São Paulo: Thomp- son. 2006. O autor trabalha de maneira minuciosa os conteúdos vistos nesse tema. Nesse livro você irá encontrar informações que agregarão mais co- nhecimentos a respeito dos diversos tipos de taxa de juros. Página 6 a 12. PARA REFLETIR Considere que você é funcionário público e seu salário é R$800,00. Admita que você queira medir a variação real do seu poder de com- pra depois de anunciada uma inflação anual correspondente a 9,8% e o seu salário ser reajustado para R$ 840,00. Esse reajuste no seu salário aumentou ou diminuiu o ser poder compra, ou seja, houve au- mento real ou perda no seu salário Analise cada e discuta com os seus colegas. 88 Matemática Financeira 2.4 EQUIVALÊNCIA FINANCEIRA A JUROS COMPOSTOS Equivalência de taxas Conforme visto anteriormente, duas taxas são ditas equivalen- tes quando, aplicadas a um mesmo capital (dinheiro), em unidades de tempos diferentes durante o mesmo prazo (mesmo tempo), produ- zem o mesmo rendimento. Com base nesse conceito, analisemos as duas situações a seguir: Situação 1: Um capital de R$ 100,00 é aplicado durante 12 me- ses, a uma taxa de juros de 10% a.m. Qual o montante? Solução: M = C(1 + i)n M = 100(1 + 0,10)12 M =100 x (1,10)12 M=100 x 3,1384 M= 313,84 Situação 2: o mesmo capital foi aplicado durante 6 bimestres, a uma taxa de juros de 21% ao bimestre.Qual o montante segundo o regime de capitalização composta? Solução: M = C (1 + i)n M=100(1 + 0,21)6 M = 100 x (1,21)6 M =100 x 3,1384 M= 313,84 Tema 2 Regime de Capitalização Composta ou Exponencial 89 Observe que nas duas situações os juros são J = 313,84 – 100,00 = 213,84 mesmo com unidades de tempo diferentes. En- tão verificamos que as taxas 10% ao mês e 21% ao bimestre são equivalentes em juros compostos. Então: Seja o capital C aplicado por um ano a uma taxa anual ia o mon- tante M ao final do período de 1 ano será igual a M = C(1 + i a). Consideremos agora, o mesmo capital C aplicado por 12 meses a uma taxa mensal im. O montante M’ ao final do período de 12 meses seráigual a M’ = C(1 + im) 12. Pela definição de taxas equivalentes vista acima, deveremos ter M = M’. Portanto, C(1 + i a) = C(1 + im) 12 (dividindo a expressão por C,te- mos que: 1 + ia = (1 + im) 12 Esta fórmula permite calcular a taxa anual equivalente a uma determinada taxa mensal conhecida. Exemplo 1: qual a taxa de juros anual equivalente a 2% a. m.? Solução: Vale lembrar que 2% = 2/100 = 0,02, vem: 1 + ia = (1 + 0,02) 12 ou 1 + ia = 1,02 12 = 1,2682 Portanto, ia=1,2682 – 1 = 0,2682 = 26,82% 90 Matemática Financeira Observe que no regime de juros compostos13, a taxa de juros de 2% a.m. equivale à taxa anual de 26,82% a.a. e não 24% a.a., como seria se os juros fossem simples. De maneira geral temos que: Seja: ia = taxa de juros anual is = taxa de juros semestral im = taxa de juros mensal id = taxa de juros diária As conversões das taxas podem ser feitas de acordo com as seguintes fórmulas: 1 + im = (1 + id) 30 [porque 1 mês = 30 dias] 1 + ia = (1 + im) 12 [porque 1 ano = 12 meses] 1 + ia = (1 + is) 2 [porque 1 ano = 2 semestres] 1 + is = (1 + im) 6 [porque 1 semestre = 6 meses]. Se você gosta de memorizar fórmula temos que: iq = ( 1 + it) q/t - 1, onde: iq = taxa para o prazo que eu quero it = taxa para o prazo que eu tenho q = prazo que eu quero em dias t = prazo que eu tenho em dias Como seria a solução do problema anterior pela fórmula: Dados: iq = ? it=0,02 q=360 é o prazo que quero, o ano, que possui 12 meses. t =30 é o prazo que tenho, o mês, que possui 30 dias Quando a taxa e o tempo em um problema estão em unidades dife- rentes, em juros simples tanto faz transformar a taxa na unidade do tempo ou vice versa. Em juros compostos deve-se transformar o tempo em unidade da taxa ou efetuar a equi- valência entre a taxa e o tempo. 13 Tema 2 Regime de Capitalização Composta ou Exponencial 91 Verificamos que q/t = 360/30 = 12 iq = (1 + 0,02)12 -1 iq= (1,02)12 - 1 iq = 1,2682 – 1 iq = 26,82% Exemplo 2: Qual a taxa anual equivalente a 4% ao semestre? Solução: Teremos: 1 + ia = (1 + is) 2 Como 4% = 0,04, vem: 1 + ia =( 1 + 0,04) 1 + ia = (1,04) 2 1 + ia = 1,0816 ia = 1,0816 – 1 ia = 0,0816 x 100 ia = 8,16% ao ano. EQUIVALÊNCIA FINANCEIRA DE CAPITAIS O mesmo que fizemos para juros sim- ples, iremos utilizar para juros compostos. Sendo que em juros simples a data focal (data de comparação de diferentes datas14) não pode ser qualquer uma. Quando no problema a data focal não é indicada, deve-se usar a data zero. O que deve ser analisado para resolução de um problema é a quantidade de cálculos a serem realizados. Então, deve-se escolher a data focal que venha a minimizar os cálculos. Diante da data focal escolhida, o capital poderá ser movimen- tado para frente ou para trás com relação à reta.No regime de juros Em juros compostos a data focal pode ser qualquer uma ,ou seja, no regime de juros com- postos, se dois capitais são equivalentes para uma determinada data, eles também o são para qualquer outra data. 14 92 Matemática Financeira compostos significa que iremos multiplicar ou dividir o capital pelo fator de acumulação (1 + i)n. Exemplo 1: André Luiz vai financiar um microcomputador, sen- do a primeira prestação de R$ 1.000,00 com vencimento em 30 dias, a segunda prestação de R$ 750,00 com vencimento para 60 dias. Sabendo que a loja costuma cobrar uma taxa de juros igual a 4% a.m. no regime de juros compostos, qual o valor do computador? Fonte: Autoria Própria Solução: Para saber o preço do computador, devemos calcular o valor atual, ou seja, a data focal para o cálculo, que deverá ser (o)zero. Ou seja, o capital será descapitalizado, efetuando a divisão pelo fator de acumulação. Assim: n1= 30 dias = 1 mês n2=60 dias = 2 meses O valor do microcomputador será hoje: Tema 2 Regime de Capitalização Composta ou Exponencial 93 Exemplo 2: Necessitando comprar um imóvel li os classificados de um jornal e me interessei por um que à vista custava R$ 95.532,00. Fui à imobiliária que estava com o imóvel a venda e apesar de dispor do dinheiro solicitei outra forma de pagamento. O plano apresenta- do ficaria assim: eu daria 35% do valor do imóvel como entrada, R$ 32.300,00 para 90 dias e R$ 38.850,55 para 180 dias. A taxa de juros para o novo plano era de 3% ao mês.O que devo fazer? Comprar a vista ou aceitar o outro plano. Fonte: Autoria Própria Solução: Preço a vista: 95.532,00 Preço a prazo: 94 Matemática Financeira Vamos trazer todos os valores para a data focal o(zero), para sabermos quanto é que equivale estes três valores hoje. Entrada: 35% do valor do imóvel: 35% de 95.532,00, que é : 0,35 x 95.532 =33.436,20 Então: X= 33.436,20 + __________ + __________ (1+0,03)3 (1+0,03)6 X= 33.436,20 + ____________ + __________ X= 33.436,20 + 29.559,81 + 32.535,42 X = 95.531,43 Verificamos que tanto faz comprar a vista, como dividir os pagamentos. Observamos que os capitais são equivalentes. Capitalização Contínua De acordo com o que estudamos tanto em juros simples como em juros compostos, os juros são formados no final de cada período de capitalização. Lembre-se da caderneta de poupança que só paga juros ao final do período referente à sua taxa de juros. Então da ma- neira que se comporta os juros esta é a capitalização descontínua, ten- do em vista que os juros ocorrem somente num momento do prazo da taxa, ou seja, no final do mês. 32.300 38.850,55 32.300 1,0927 1,1941 38.850,55 Tema 2 Regime de Capitalização Composta ou Exponencial 95 Agora imagine que: Você abrisse uma conta de poupança no banco, no valor de R$ 500,00 e, com 20 dias, precisasse do dinheiro e resolvesse usá-lo. Quando retirasse o dinheiro, os juros dos 20 dias fossem somados ao R$ 500,00. Ah, como seria bom se assim fosse!!. Mas não, você notará que na sua conta haverá os mesmos R$ 500,00 reais que você aplicou. Porque a poupança só capitaliza seu dinheiro de 30 em 30 dias! Somente, no trigésimo dia, seu capital cresce, e vira um montante maior que o valor que você havia aplicado. É a capitalização composta descontínua que já estudamos em que este montante, passa a ser, o capital do segundo período, e sobre ele incidirá a taxa da poupança, e recomeça todo o ciclo. Ou seja, daqui a mais trinta dias, esse novo capital será mais uma vez capitalizado, crescendo novamente, e assim por sucessivamente. Seria ótimo se a capitalização fosse contínua, ou seja, se hou- vesse a capitalização a cada fração infinitesimal de tempo! Vamos entender: A Capitalização Contínua é um tipo de capitalização composta, em que os juros são distribuídos ao longo do tempo, e não somente num único momento. Por exemplo, o faturamento de um supermer- cado, a capitalização se forma continuamente, e não somente ao final de um único período (mês, ano). Nas operações financeiras é mais comum utilizarmos a capi- talização descontínua quando as taxas de juros são finitas ao final de cada período . 96 Matemática Financeira Para calcular o montante na capitalização contínua, usamos a fórmula: M = C . ei.n, em que: M é o Montante C é o Capital, e é o número neperiano. Obs: “e” é uma constante representada pelo número irracional e= que e=2,718... i é a taxa de juros compostos; n é o tempo Para o uso da fórmula, são utilizadas as mesmas condições em- pregadas na capitalização simples e composta, isto é, a taxa é unitária e deve estar na mesma unidade do tempo. Exemplo: Apliquei R$ 2.400,00 por três anos, a taxa de 10 % com capitalização continua. Quanto deverei receber no final do perío- do? Se fosse a capitalizaçãocomposta normal quanto receberia? Solução: Dados: C = 2.400 i=10% = 10/100= 0,1 n= 3 anos Capitalização contínua M= C´ . e0,3 M=2.400.(2,7182)0,3 M= 2.400 x 1,3498 M=3.239,52 Tema 2 Regime de Capitalização Composta ou Exponencial 97 Capitalização composta M=2.400(1+0,10)3 M= 3.194,40 Em virtude dos juros serem compostos, o valor do montante na capitalização contínua é maior. Quando realizamos o pagamento de dívidas antecipadamente ou resgatamos um título bancário antes do vencimento, incide nessa transação financeira um desconto sobre o valor do documento. Vere- mos isso de maneira mais aprofundada no próximo Tema. LEITURA COMPLEMENTAR D NETO, Alexandre Assaf. Matemática financeira e suas aplicações. 12 ed. São Paulo: Atlas, 2011. No livro, o autor aplica de maneira prática, através de vários exercícios re- solvidos, os conteúdos vistos nesse tema, o que irá facilitar a sua apren- dizagem acerca do conteúdo aqui exposto. Páginas 20 a 24, 29 e 30. D SAMANEZ, Carlos Patrício. Matemática financeira: aplicações à análise de investimentos. 4 ed. São Paulo: Prentice Hall. 2007, No livro, o autor aplica de maneira prática, através de vários exercícios resolvidos, os conteúdos vistos nesse tema, que poderão facilitar a sua aprendizagem a cerca do conteúdo aqui exposto. Páginas 21 a 23. 98 Matemática Financeira PARA REFLETIR Encerando o tema II, aprendemos a efetuar equivalência a juros com- postos. Quero que você imagine que foi a uma instituição financeira e contratou um empréstimo no valor de R$ 1.000,00 para ser pago em 12 meses e a instituição informou que a taxa que seria cobrada era 24% ao ano com capitalização mensal. Quanto você pagou de juros? Qual a taxa realmente cobrada? Não se esqueça de demonstrar o fluxo de caixa. RESUMO Ao encerrar o tema II aprendemos que na capitalização composta os juros incidem sobre o capital, ou seja, os juros se incorporam ao capi- tal anterior para formar o novo capital. As financeiras, bancos, optam pela aplicação dos juros compostos, pois há uma possibilidade maior de lucro. Encontramos as fórmulas para o cálculo do montante, do capital da taxa e do tempo e constatamos que a Matemática Financeira possui ferramentas que auxiliam estes cálculos, facilitando a resolução dos problemas de juros compostos. Além disso, neste tema estudamos vários tipos de taxa de juros exis- tentes no mercado brasileiro e aprendemos que o Governo está sem- pre estudando a taxa de juros de acordo com as necessidades do mer- cado, e que partindo desses estudos são tomadas as decisões com relação às taxas de juros. Tema 2 Regime de Capitalização Composta ou Exponencial 99 Por fim, estudamos aqui também a equivalência de capitais e verifi- camos que é utilizada sempre que quisermos saber se duas formas de pagamento se equivalem, por isso o seu uso sempre se faz necessário nas substituições de títulos (um título por outro, um título por vários, vários títulos por um único, vários títulos por vários títulos) sem que haja prejuízo para o credor. Parte 2 Operações financeiras realizadas no mercado Brasileiro tema 3 Descontos de Títulos Nos temas anteriores estudamos as formas de capita- lização simples e composta. Neste tema iremos estu- dar as operações de desconto simples e desconto com- posto. Vamos aprender que as operações de desconto, apesar de terem semelhanças com as de capitalização, representam o inverso dessas operações, pois no des- conto calculamos o valor atual, sem os encargos, e no processo de capitalização interessa o valor do capital mais os encargos (juros) no decorrer do tempo. Estudaremos os tipos de desconto simples e composto existentes no mercado 3.1 DESCONTOS SIMPLES A diferença básica entre juro e desconto é que o juro é recebido ou pago no decorrer do prazo da operação e o desconto é recebido ou pago antecipadamente, no ato da contratação da operação. O desconto é uma das operações mais comuns utilizadas no mercado financeiro. Temos como conceito para o entendimento que: A operação de se liquidar um título antes de seu vencimen- to envolve, geralmente uma recompensa, ou um desconto pelo pagamento antecipado. Dessa maneira, desconto pode ser entendido como a diferença entre o valor nominal de um título e o seu valor atualizado apurado nos períodos antes de seu vencimento. (ASSAF NETO, 2012.p. 40). Para o entendimento do desconto, é importante conhecermos os termos amplamente utilizados nesse assunto como o valor nomi- nal, que representa o valor do título na data de seu vencimento sendo, portanto, o próprio montante da operação. Já o valor descontado refe- re-se ao valor atual na data do desconto. Esse valor é determinado de acordo com a seguinte formula: Valor Descontado = Valor Nominal – Desconto Para demonstrar essa situação, imagine que você recebeu um cheque pré-datado com data de desconto para daqui a um mês no va- lor de R$ 500,00, porém você está precisando do dinheiro hoje. É pos- sível negociar com alguém disposto a trocá-lo por dinheiro e o cheque só será apresentado ao banco na data do vencimento. Mas, com cer- teza, quem adiantar o dinheiro irá cobrar uma recompensa. E nessa troca, você receberá R$ 470,00 pelo cheque. 106 Matemática Financeira Então R$ 500,00 é o valor do título expresso na data, R$ 470,00 é o valor que você vai receber ou o valor descontado e R$ 30,00, que é a di- ferença entre o valor do título e o valor que você vai receber é o desconto. Nas transações financeiras, as em- presas e as pessoas utilizam operações de empréstimo e para justificar a dívida é emitido um título de crédito15. Esses títu- los possuem datas de vencimento pré-de- terminadas, mas o devedor pode descontar antecipadamente. O que é um título de crédito? Título de crédito é um instrumento jurídico reconhecido e de- finido pelo Direito Comercial, que desempenha relevante papel no desenvolvimento econômico de um país, e vale por tudo aquilo que estiver estipulado. Os títulos de crédito mais utilizados em operações financeiras são a nota promissória, a duplicata, a letra de câmbio e atualmente o cheque pré-datado. Nota Promissória A nota promissória é um título em que uma pessoa confessa a sua dívida a outra e a mesma será paga, numa data futura. É um título muito usado entre pessoas físicas ou entre pessoas físicas e uma ins- tituição financeira. Podemos exemplificar essa situação quando uma pessoa vai ao banco e toma emprestado R$ 3.000,00, para pagar daqui a 3 meses. Sendo a taxa de juros simples do mercado de 2% ao mês, qual o valor a ser preenchido em uma nota promissória? Os títulos de crédito possuem importân- cia fundamental para os negócios, eles promovem e facilitam a circulação de créditos e dos respectivos valores a estes inerentes. 15 Tema 3 Descontos de Títulos 107 O valor futuro, ou montante será calculado pela fórmula, assim: M = C (1 + i.n) M = 3.000 (1 + 0,02 . 3) M = 3.180,00. Então a nota promissória será preenchida com o valor de R$ 3.180,00, que é o valor nominal. Além disso, deve constar o nome da pessoa que emitiu o documento com a assinatura, o nome do banco que vai receber o valor nominal registrado e a data do vencimento. A pessoa responsável pela emissão do documento é o devedor, também chamada emitente. A pessoa que vai receber o título no futu- ro é dita credor ou tomador ou beneficiário. Duplicata A duplicata é um título emitido por uma pessoa jurídica contra seu cliente (pessoa física ou jurídica), para o qual ela vendeu merca- dorias a prazo ou prestou serviços a serem pagos no futuro, segundo um contrato. É muito usada em operações de compra e venda de mer- cadorias no Brasil. A duplicata está sempre acompanhadada nota fis- cal ou fatura com a especificação de todas as características relativas a operação, como: os artigos que foram comprados, o preço e outros descontos se houver. Para demonstrar essa situação, usaremos como exemplo uma empresa que vendeu mercadorias e está de posse de uma duplica- ta no valor de R$ 2.000,00, com vencimento para daqui a 30 dias. A empresa está precisando de dinheiro hoje, então vai ao banco e realiza uma operação de desconto, ou seja, vende o título ao banco e o mes- mo cobra por tal operação. Suponha que a taxa que o banco utiliza para realizar tal operação é de 15% ao mês, então a empresa receberá do banco o valor líquido de R$ 1.700,00 (R$ 2.000,00 – R$ 300,00) 108 Matemática Financeira porque o desconto corresponderá a 15% do valor nominal do título. (15% de R$ 2.000,00 = R$ 300,00) Se a pessoa física ou jurídica que comprou a mercadoria e as- sinou a duplicata não pagar ao banco, o banco cobra do cliente, debi- tando em sua conta corrente. O Banco não assume o risco pelo não pagamento do título. Quem tem a posse do título não é obrigado a efetuar a operação com o Banco. Ele pode guardar o título e receber na data expressa do credor. O instrumento jurídico foi caracterizado no momento da venda. Letra de Câmbio É um título de crédito emitido pelo sacador (quem emite a or- dem de pagamento) e em seguida entregue ao beneficiário ou toma- dor (a pessoa que receberá o pagamento), cabendo a este procurar o sacado (quem deve efetuar o pagamento) para que seja concretizado. Na data do vencimento, o sacado deverá pagar ao beneficiário a quan- tia estabelecida na letra de câmbio. Geralmente em uma operação financeira em que é utilizado o titulo de crédito, do tipo letra de câmbio, aparecem três pessoas, po- dendo acontecer de uma mesma pessoa representar duas situações ao mesmo tempo. Vejamos um exemplo prático. Você me deve e eu devo a seu ir- mão. Aí eu emitiria uma letra de câmbio para você, autorizando você a pagar a seu irmão. Observe que apenas com um documento liquida- mos as dívidas existentes. Neste caso, eu sou o sacador, eu emiti a ordem de pagamento. Você é o sacado, a pessoa que efetuará o pagamento e o seu irmão é ó beneficiário ou tomador, a pessoa que irá receber. Tema 3 Descontos de Títulos 109 Cheque Pré-datado O cheque pré-datado16 tem sido cada vez mais empregado em operações comerciais devido a facilidade de opera- ção, mesmo não estando caracterizado pela legislação. O cheque pré-datado é um prévio acordo entre duas pessoas, sejam elas fí- sicas ou jurídicas. Por exemplo, vou a loja e compro um televisor e emito 3 cheques para pagamentos com 30, 60 e 90 dias .Então a empresa de quem comprei o tele- visor só deverá apresentar o cheque na data do vencimento, ou então realizará uma operação de desconto. No Brasil, se tornou habitual a emissão de cheques pré- data- dos, ou seja, devem ser apresentados ao banco em uma data futura da realização do negócio, nas compras e vendas realizadas a prazo. Sobre os títulos de crédito é importante sabermos ainda que com relação a eles podemos ter duas situações: D Se o devedor resolve pagar o título ao credor antes da data expressa, ele recebe um abatimento, em relação ao juro du- rante o intervalo de tempo que falta para o vencimento do mesmo, ou seja, o valor é descapitalizado. D Se o credor precisar do dinheiro antes da data expressa no título, ele pode vendê-lo a uma terceira pessoa, que cobrará o juro correspondente ao intervalo de tempo que falta para liquidar o pagamento. Observe que em cada situação citada, temos uma operação de Cheque pré-datado é aquele em que o cor- rentista emite em uma determinada data, mas, que somente deverá ser apresentado em data futura acertada entre as partes. Este documento, óbvio, quando compro- vado que foi emitido para pagamento futuro, perde as características de cheque para tor- nar-se um documento de crédito como a nota promissória. 16 110 Matemática Financeira desconto. Assim, vamos estudar os elementos básicos para calcular um desconto: D Valor nominal (VN) também conhecido por valor futuro ou valor de face ou valor de resgate é o valor mostrado no tí- tulo e que deve ser pago no dia do vencimento. Também conhecido e expresso no mercado financeiro como: valor futuro de um título, valor nominal, valor face do título e va- lor de resgate; D Valor atual (VA) também conhecido por valor presente do título, valor descontado, valor líquido creditado, é o valor a ser pago ou recebido em data anterior ao vencimento; D Vencimento: todo título possui expresso o dia do pagamento ou recebimento do empréstimo ou aplicação; D Prazo: é o tempo decorrido entre o dia em que se negocia o título e o de seu vencimento. É importante saber que, na conta do prazo, se você incluir o primeiro dia, então deve ex- cluir o último e vice versa. Mas, então, o que é desconto? O desconto é a diferença entre o valor nominal e o valor atual de um título. A expressão matemá- tica que calcula o valor do desconto, indiferente ao tipo de capita- lização é: D = VN – VA Vamos observar a situação a seguir: André Luiz tinha um che- que pré-datado de R$ 10.000,00 com vencimento para 30 dias, foi descontado num banco, gerando um valor de R$ 9.200,00.O valor do desconto foi R$ 800,00. Tema 3 Descontos de Títulos 111 VN= 10.000,00 VA=9.200,00 D= 800,00 Identificamos duas taxas na operação: a taxa de desconto, que é aplicada sobre o valor nominal ou futuro do título e a taxa de juros efetivamente cobrada, que é calculada em função do valor presente. Taxa de desconto: valor do desconto dividido pelo valor nominal do título. Taxa de juros: Valor do desconto dividido pelo valor atual. 112 Matemática Financeira Classificação de desconto A operação de desconto realizada nos regimes de capitalização simples origina os seguintes tipos de descontos: a) Desconto simples por fora, bancário ou comercial; b) Desconto simples por dentro ou racional. D Desconto simples por fora, bancário ou comercial - É bas- tante usado no Brasil, nas operações comerciais e principal- mente nas bancárias. O seu valor é obtido pelo cálculo dos juros simples sobre o valor nominal de um título resgatado antes de seu vencimento; D Desconto simples por dentro ou racional - Não é muito pra- ticado no Brasil. O seu valor é obtido pelo cálculo dos juros simples sobre o valor atual de um título. No próximo conteúdo iremos estudar detalhadamente os cálcu- los e fórmulas aplicadas na modalidade de descontos simples. Tema 3 Descontos de Títulos 113 LEITURA COMPLEMENTAR D NETO, Alexandre Assaf. Matemática Financeira e suas aplica- ções. 10. ed. São Paulo: Atlas. 2009. Neste livro das páginas 38 a 42 existem vários exercícios resolvidos que poderão facilitar a sua aprendizagem. D MILONE, Giuseppe. Matemática financeira. São Paulo: Thomp- son. 2006. Nesta obra nas páginas 57 e 58 você pode complementar seus estu- dos acerca do assunto tratado neste conteúdo. PARA REFLETIR Considere que você possui um comércio varejista e que ao vender mercadorias recebeu de um cliente um cheque pré-datado para daqui a 30 dias, no valor de R$ 2.000,00. Como você estava necessitando de dinheiro hoje para investir no seu comércio procurou uma institui- ção financeira e solicitou o desconto desse cheque. A instituição fez os cálculos e informou que você receberia R$ 1.800,00, devido as des- pesas para realização da operação. Com base nas informações acima fornecidas , aplicar os conhecimentos aprendidos para descobrir qual o valor do desconto, qual a taxa de juros e qual a taxa do desconto. 114 Matemática Financeira 3.2 CÁLCULO E FÓRMULAS COM DESCONTO SIMPLESDesconto Simples Racional (por dentro) É o valor obtido com o cálculo de juros simples, (já estudado anteriormente) sobre o valor atual do título (valor descontado, ou ca- pital), ou seja, o desconto racional ou por dentro é calculado sobre o valor atual do título. Dr = VA . id . n O cálculo do desconto racional ou por dentro é igual ao cálculo dos juros simples, substituindo-se o Capital (C) na fórmula de juros simples pelo Valor Atual (VA) do título. Como o valor atual (VA) do título é valor nominal (VN) menos o desconto racional (Dr), temos: VA = VN - Dr , e como Dr = VA . id . n , temos que: Tema 3 Descontos de Títulos 115 Exemplo Possuo uma nota promissória com o valor nominal de R$ 500,00 que vai vencer dentro de três meses, mas preciso de dinheiro agora e, por isso, resolvo descontá-la. Vou até um banco que adota a taxa de juros de 4%a.m. para que ele antecipe o pagamento dessa nota promissória. Qual o valor que irei receber do banco? Solução: Dados: VN = 500,00 id = 4% a.m. = 4/100 = 0,04 n = 3 meses Aplicando-se a fórmula do valor atual, temos: 116 Matemática Financeira O desconto Dr= 500,00 – 446,43 = 53,57 Resposta: Receberei do banco a quantia de R$ 446,43 pela ven- da de um título de valor nominal igual a R$ 500,00, com vencimento somente daqui a 3 meses,o que corresponde a um desconto racional simples de R$ 53,57. Na realidade, ao efetuar o desconto racional simples, o que o banco está fazendo é me emprestar R$ 446,43 durante 3 meses a uma taxa de juros simples de 4% ao mês. Observe: Pela fórmula do montante, teríamos que: M = C(1 + in) M = 446,43 (1 + 0,04 . 3) M = 446,43 (1 +0,12) M = 500,00 Observe que o valor do montante é igual ao valor nominal da nota promissória citada. Desconto Simples Comercial (por fora) ou desconto bancário O desconto comercial ou bancário é o valor obtido pelo cálcu- lo de juros simples sobre o valor nominal do título (valor do resgate) quando saldado antes de seu vencimento, ou seja, o desconto é calcu- lado sobre o valor nominal do título. Dc = VN . id . n Verifique que o cálculo do desconto comercial é igual ao cálculo dos juros simples, substituindo-se o Capital (C) na fórmula de juros simples pelo Valor Nominal (VN) do título. Tema 3 Descontos de Títulos 117 Como o valor atual do título é valor nominal menos o desconto, temos: VA = VN - Dc , como Dc = VN . id . n VA = VN – VN . id . n VA = VN (1 - id . n) Exemplo: considerando o mesmo exemplo que calculamos o desconto racional, temos que: VA=VN (1 - id . n) VA=500(1- 0,04 . 3) VA= 500(1 - 0,12) VA=500 x 0,88 VA= 440,00 O desconto Dc= R$ 500,00 - R$ 440,00 =R$ 60,00 Observe que o desconto comercial é maior que o desconto ra- cional, então o valor a receber pelo desconto comercial é menor que o desconto racional, ou seja, a taxa que efetivamente você paga é maior que a informada. O desconto bancário é o desconto co- mercial acrescido de encargos financeiros, os quais são cobrados geralmente sobre o valor nominal do título e descontado no momento de liberação de dinheiro. São as taxas e o IOF17 (imposto sobre operações financeiras). Como calcular o IOF? IOF = Vf x n x% Sendo: Vf = valor financiado, n é o prazo e % é uma alíquota calculada da seguinte forma: É um imposto, regula- mentado pela Secretaria da Receita Federal, sendo de responsa- bilidade do tomador do empréstimo. Ele é cobrado na liberação do empréstimo. A insti- tuição financeira cobra e repassa ao Tesouro Nacional. 17 118 Matemática Financeira D Alíquota: máxima de 1,5% ao ano sobre o valor das opera- ções de crédito. D Alíquotas incidentes vigentes: • 0,00137% ao dia para Pessoas Jurídicas optantes pelo Simples Nacional, em operações iguais ou infe- riores a R$ 30.000,00. • 0,0041% ao dia para os demais casos; Observação D Quando n está expresso em dias, ⁿ% = 0,0041% a.d que cor- responde a 1,5% /360 D *O IOF não pode exceder 1,5% ao ano (365 dias) do valor fi- nanciado. Se o prazo de pagamento ultrapassar 365 dias o IOF permanecerá sendo 1,5% a.a. Exemplo 1 A empresa Garrafa de Vidro Ltda, realizou venda de mercadoria a prazo, e com as duplicatas emitidas, ira efetuar uma operação de antecipação dos valores , para capital de giro, junto a instituição fi- nanceira da qual é cliente. O valor de duplicatas a ser descontado é de R$ 8.560,00,00 com vencimento previsto para 75 dias. A instituição financeira, para realizar essa operação com a empresa Garrafa de Vi- dro cobra uma taxa de desconto de 2,53% ao mês, Além do IOF cuja à alíquota e de 0,0025% ao dia, e outras taxas internas em parcela úni- ca no valor de R$ 48,00. Com base nas informações acima ,calcule: o valor do desconto cobrados no ato da contratação, o valor do Imposto sobre operações financeiras (IOF) e o valor líquido creditado na conta da empresa . Tema 3 Descontos de Títulos 119 Solução: VN =8.560,00 Id= 2,53% a.m n=75 dias = 75/30 = 2,5 meses Cálculo do desconto comercial ou bancário: Dc=VN x ix n Dc= 8.560 x 0,0253 x 2,5 Dc= 541,42 Cálculo do IOF(imposto sobre operações financeiras): IOF= Valor financiado x prazo (em dias )x 0,0025% IOF = 8.560 x 75 x 0,000025 IOF=16.05 Calculo do valor líquido (valor atual) creditado na conta VA= Valor financiado (valor nominal) – (desconto + IOF + taxas). VA=8.560 –(541,42 + 16,05 + 48,00) VA=8.560 – 605,47 VA= 7.954,53 Resposta: O valor do desconto cobrado no ato da contratação foi de R$ 541,42; o valor do Imposto sobre operações financeiras (IOF) foi R$ 16,05; e o valor líquido creditado na conta da empresa foi R$ 7.954,53. Exemplo 2 Calcular o IOF e o valor líquido de um título no valor de R$ 6.500,00 descontados em um banco a taxa de 4,5% a.m., e com ven- cimento de 400 dias. 120 Matemática Financeira Solução VN= 6.500 i =4,5% a.m = 4,5/30 = 0,15 / 100 = 0,0015 a.d. n= 400 dias Como o IOF não pode exceder a 1,5% a.a., que corresponde a 0,0041% ao dia, mesmo o prazo sendo de 400 dias,para o cálculo do IOF n= 365 dias IOF = 6.500 x 365 x 0,0041% = 97,27 Dc = 6.500 x 0,0015 x 400 Dc=3.900 Valor liberado: 6.500,00 – (3.900+97,27) = Valor liberado = 2.502,73 Resposta: o valor do IOF é R$ 97,27 e o valor liberado é R$ 2.502,73 Relações entre o Desconto Racional e o Desconto Comercial Para uma mesma taxa de desconto e mesmo prazo de anteci- pação, o desconto comercial18 (Dc) é superior ao desconto racional (Dr). Isso porque o Dc incide sobre um valor maior (valor nominal do título), e o Dr incide sobre um valor menor (valor atual do título). Assim temos que: Dc = Dr (1 + id . n) Só para lembrar: na fórmula de montante a juros simples temos: M = C(i+in) Observe que o desconto comercial simples é o montante do desconto racional, ou seja, o desconto comercial é o montante origi- nado de um capital igual ao desconto racional, aplicado no período e a taxa de desconto dados. No Brasil, o desconto simples mais utilizado é o desconto comercial e bancário. 18 Tema 3 Descontos de Títulos 121 Exemplo: Uma nota promissória, com desconto racional simples, com resga- te, três meses antes do vencimento, no valor de R$ 1.600,00, a uma taxa de 3,84% ao mês. Calcule o desconto comercial simples correspondente, isto é, considerando o mesmo título, a mesma taxa e o mesmo prazo. Solução: Temos que: Dr = 1.600,00 n = 3 meses i = 3,84% a.m. VN = ? Dc = Dr (1 + id . n) Dc = 1.600,00 (1 + 0,0384 .3) Dc = 1.600,00 (1 + 0,1152) Dc = 1.784,32 Taxa Efetiva de Desconto Taxa efetiva (i) de desconto é a taxa de juros que, quando incide sobre o valor atual do título, produz um montante igual ao valor nomi- nal. Quando o desconto é racional a taxa efetiva (i) é a mesma taxa de desconto racional(id). No caso do desconto comercial a taxa efetiva (i) é maior que taxa de desconto comercia l(id) Exemplo: A empresa Mista descontou uma duplicata no valor de R$ 60.000,00 com vencimento para 5 meses a uma taxa de des- conto de 4% a.m. Qual o valor do desconto concedido, qual o valor descontado e a taxa efetiva paga na operação? 122 Matemática Financeira Solução: Dados: VN=60.000,00 Id= 4% a.m = 4/100=0,04%.m. n= 5 meses Calculo do desconto comercial e seu valor atual Dc = VN . id . n Dc = 60.000,00 . 0,04 . 5 Dc = 12.000,00 VA = 60.000,00 – 12.000,00 VA = 48.000,00 A taxa efetiva (taxa de juro que realmente você pagou) foi: Observe que a taxa de desconto foi de 4% a.m., enquanto a taxa de juros paga foi de 5%a.m. Resposta: o valor do desconto concedido foi de R$ 12.000,00, o valor descontado foi R$ 48.000,00 e a taxa efetiva paga na operação foi de 5%,ou seja, para a taxa de desconto comercial simples igual a Tema 3 Descontos de Títulos 123 4% a.m., a taxa efetiva de desconto é de 5% a.m. Se, em vez de des- conto comercial, utilizássemos desconto racional, a taxa efetiva seria a própria taxa de desconto. Para calcular o valor da taxa efetiva de desconto de um título, não é necessário saber o seu valor nominal. Basta saber a taxa de des- conto comercial e o número de períodos de antecipação. Assim: Considerando o exemplo anterior, temos que: id=4%a.m. e n= 5 meses Então: Observe que o resultado é o mesmo. No próximo conteúdo ve- remos os descontos compostos, que possuem o mesmo principio de raciocínio dos juros compostos, assunto que estudamos no tema 2 deste livro, mas que será aprofundado a seguir. 124 Matemática Financeira LEITURA COMPLEMENTAR D NETO, Alexandre Assaf. Matemática Financeira e suas aplicações. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2009. Você poderá ver nas paginas 38 a 51 vários exercícios resolvidos que poderão facilitar a sua aprendizagem. D MILONE, Guiseppe. Matemática financeira. São Paulo: Thompson, 2006. Neste livro, nas páginas 59 a 66, você pode complementar seus estu- dos especialmente referente aos conceitos inerentes ao assunto. PARA REFLETIR Considere que a empresa Maria Bonita Ltda. possui uma duplicata no valor de R$ 5.000,00 vencível daqui a 66 dias. Uma instituição financeira realiza a operação de desconto a uma taxa de 2,7% ao mês. Para que isso aconteça, o banco cobra IOF(imposto sobre operações financeiras) a uma alíquota de 0,0041% ao dia, uma taxa de abertura de crédito no valor d R$ 50,00, e outras despesas administrati- vas no valor de R$ 100,00.O banco ainda exige que o cliente permaneça com 5 % do valor da duplicata como saldo médio, para melhoria do re- lacionamento do cliente com o banco. Levando em consideração que a empresa aceitou as condições impostas pelo banco, vamos saber: quanto foi o desconto comercial simples efetuado pelo banco? Quanto foi o IOF pago pela empresa? Qual o saldo médio a ser retido na conta corrente e, por fim, qual o valor líquido que a empresa recebeu efetivamente? Tema 3 Descontos de Títulos 125 3.3 DESCONTO COMPOSTO O conceito de desconto no regime de capitalização composta é o mesmo ao do regime de desconto simples, sendo que o desconto simples é utilizado em operações de curtíssimo prazo e o desconto composto em operações de médio e longo prazo. O desconto composto é obtido com base no regime de capitali- zação composta, ou seja, em função de taxas de juros exponenciais. O desconto composto se comporta como a soma de vários descon- tos simples nos respectivos períodos e com a taxa incidindo sobre o valor nominal. Reforçando os conceitos apresentados no desconto simples, temos que: Desconto(D) é diferença entre o valor nominal e o valor atual ou descontado do título. Sendo VN, o valor nominal e VA, o valor atual, expressamos o desconto como: D = VN -VA Valor nominal – é o valor expresso no título: VN= VA + D Valor descontado ou valor atual – é o valor líquido, ou seja o valor já descontado: VA=VN – D O desconto composto pode ser definido como a soma dos des- contos simples, considerando cada período na operação e calculando sempre as taxas sobre o valor nominal da operação. 126 Matemática Financeira Observe como funciona: Se um título qualquer é pago com 4 meses de antecedência, o desconto composto seria calculado da seguinte forma: Com o valor nominal calcula o valor atual do título um mês antes do vencimento; 1. O valor encontrado se torna nominal para efetuar os calcu- los com 2 meses de vencimento; 2. O valor atual encontrado passa a ser nominal para os cálcu- los com 3 meses antes do vencimento; 3. E assim sucessivamente se os descontos encontrados re- presentam a soma de prazos diversos. Neste caso, veremos na parte seguinte que estaremos tratando do desconto ra- cional composto. São conhecidos dois tipos de descontos composto: D O desconto composto “por fora” comercial ou bancário; D O desconto composto “por dentro” ou racional. Desconto racional composto ou por dentro O desconto racional composto ou por dentro, tem comporta- mento semelhante ao desconto racional simples. No desconto racional composto ou por dentro o valor nominal VN é igual ao montante do valor atual racional composto VA para um número de períodos n igual ao da antecipação. Ou seja, se aplicásse- mos o valor atual racional composto durante os n períodos de ante- cipação, a juros compostos, o montante seria igual ao valor nominal. Tema 3 Descontos de Títulos 127 Os encargos do desconto racional composto incidem sobre o va- lor atual ou valor descontado do título. O que o difere do desconto co- mercial, em que os encargos incidem sobre o valor nominal do título. Tanto em desconto simples como no desconto composto o valor do desconto é a diferença entre o valor nominal do título (valor futuro) e seu respectivo valor atual (valor presente). Calculando o valor nominal de um título no desconto racional com- posto: partindo da fórmula do montante em juros compostos, temos que: M = C(1 + i)n, como M representa o valor nominal (VN) e C, o valor atual (VA), efetuando a substituição temos: Como já sabemos que o desconto é a diferença entre o valor no- minal e o valor descontado. 128 Matemática Financeira Exemplo: Uma duplicata no valor de R$ 25.000,00, com 60 dias para seu vencimento, é descontada a uma taxa de 2,5% ao mês, de acordo com o desconto composto comercial ou por fora. Calcule o valor do des- conto efetuado através do desconto racional composto. Dados: VN = 25.000,00 i = 2,5 a.m n = 60 dias = 2 meses Usando a formula para o calculo do desconto, temos: Tema 3 Descontos de Títulos 129 O desconto racional composto é R$ 1.212,50 Desconto composto comercial ou bancário por fora O desconto comercial composto não é muito utilizado em ope- rações práticas, motivo pelo qual é pouco pedido em exames. No Brasil, enquanto o desconto simples mais utilizado é o des- conto comercial ou bancário, em se tratando de desconto composto, o mais utilizado é o desconto racional. O desconto comercial composto é calculado da mesma maneira do desconto comercial simples, isto é, é calculado sobre o valor nomi- nal do título e o valor atual corresponde a uma seqüência de taxas de descontos sobre o valor nominal, ou seja, sobre o valor do título. Já temos conhecimento que a diferença entre o valor nominal do título e o seu valor atual é denominada desconto Então: No 1º período: VA = VN (1 - id) No 2º período: VA = VN (1 - id).(1 - id) = VN(i - id)2 No 3º período: VA = VN (1 - id).(1 - id).(1 - id) = VN(1 - id)3 e assim sucessivamente, então no período n, temos que 130 Matemática Financeira Como: Considerando o mesmo exemplo do desconto racional compos- to: uma duplicata no valor de R$ 25.000,00,com 60 dias para seu vencimento, é descontada a uma taxa de 2,5% ao mês, de acordo com o desconto composto comercial ou por fora. Calcule o valor do des- conto efetuado. Dados: VN = 25.000,00 i =2,5 a.m n=60 dias = 2 meses Usando a formula para o calculo do desconto, temos: Tema 3 Descontos de Títulos 131 Resposta o valor do desconto é R$ 1.234,50 Observe que o desconto racional composto é menor que o des- conto comercial composto. Veremos no próximo conteúdo de forma detalhada, os cálculos e fórmulas para realização das operações de desconto composto. LEITURA COMPLEMENTAR D NETO, Alexandre Assaf. Matemática Financeira e suas aplica- ções. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009. Consultando essa obra, páginas 49 a 54, existem vários exercícios re- solvidos que poderão facilitar a sua aprendizagem. D MILO NE, Guiseppe. Matemática financeira. São Paulo: Thomp- son, 2006. Neste livro, nas páginas 59 a 66, você pode complementar seus estu- dos especialmente referente aos conceitos inerentes ao assunto aqui apresentado. 132 Matemática Financeira PARA REFLETIR Apesar de diversas fórmulas para o cálculo do desconto simples ou composto, observe que em qualquer situação e conhecendo o valor nominal do título e o valor atual para calcular o desconto, basta usar a diferença entre o valor nominal do título e o valor atual. Gostaria que você refletisse com relação ao desconto comercial simples e o des- conto racional composto no tocante: qual deles o desconto é maior? Porque o Brasil utiliza mais esses dois tipos de desconto? Se você possuísse um cheque pré datado no valor de R$500,00 para 60 dias a uma taxa de 3,5%, você sugeria o desconto comercial simples ou o desconto racional composto? 3.4 CÁLCULO E FÓRMULAS COM DESCONTO COMPOSTO Desconto composto comercial ou bancário (por fora) Estudamos no conteúdo anterior que o desconto comercial composto é calculado da mesma maneira do desconto comercial sim- ples, isto é, é calculado sobre o valor nominal do título. Como o valor atual corresponde a uma seqüência de taxas de descontos sobre o valor nominal, encontramos anteriormente que: VA = VN (1-id)n , expressão que calcula o valor atual de um títu- lo utilizando desconto comercial. Tema 3 Descontos de Títulos 133 Isolando o valor de VN, temos Exemplo 1 Uma duplicata no valor de R$ 25.000,00,com 60 dias para seu vencimento é descontada a uma taxa de 2,5%ao mês, de acordo com o desconto composto comercial ou por fora. Calcular o valor líquido a ser creditado na conta e o valor do desconto efetuado. Solução: 134 Matemática Financeira O valor líquido creditado na conta foi R$ 23.765,62 Exemplo 2 Uma loja procurou um banco para descontar uma nota promis- sória e recebeu o valor de R$ 51.311,60. Sabendo que a taxa de juros do banco é de 3% ao mês e que o vencimento do título é para daqui a 8 meses, determine qual o valor do título descontado pelo lojista. Solução: Tema 3 Descontos de Títulos 135 O valor do título descontado pelo lojista foi de R$ 65.448,47 Desconto Composto Racional (por dentro) Em desconto simples estudamos que o valor do desconto é a diferença entre o valor nominal do título e seu respectivo valor atual e o valor nominal é calculado por meio da fórmula de montante de juros compostos. M = C(1 + i)n, como M representa o valor nominal (VN) e C, o valor atual (VA),efetuando a substituição: Exemplo 1 Um cheque pré-datado, no valor de R$ 2.000,00, é resgatado 2 meses antes do vencimento, obedecendo ao critério do desconto ra- cional composto. Sabendo-se que a taxa de desconto era de 10%a.m,- determinar o valor descontado 136 Matemática Financeira Solução: O valor foi descontado foi R$ 1.652,89 Tema 3 Descontos de Títulos 137 Exemplo 2 Descontei uma duplicata que iria vencer daqui a 3 meses, a uma taxa de 6% a.m. Qual o valor de face do título, sabendo que foi de- positado na minha conta R$ 45.000,00 e o desconto utilizado foi o racional composto? Solução: VA= 45.000,00 n=3 m i=65 a.m. VN=? VN = VA (1 + i)n VN = 45.000 (1 + 0,06)3 VN = 45.000 (1,06)3 VN = 45.000 . 1,191 VN = 53.595,00 O valor de face do título era R$ 53.595,00 Comparação entre o Desconto Simples e o Desconto Composto. Já estudamos os tipos de descontos19 simples e composto, agora vamos comparar qual o melhor para o cliente e para a institui- ção financeira ou o possuidor do recurso. Considere o problema: Uma loja desconta uma nota promissória com valor nominal de R$ 10.000,00 com vencimento em 6 meses, a uma taxa de desconto de 3%a.m.Vamos calcular o desconto e o valor descontado de acor- do com os conceitos de desconto simples e composto, racional e bancário. Quanto maior o descon- to, melhor para quem possui o recurso e vai emprestá-lo 19 138 Matemática Financeira Solução: VN=10.000,00 n= 6 meses i=3% a.m. Desconto racional (ou por dentro) simples: Tema 3 Descontos de Títulos 139 Desconto comercial (ou por fora) simples VA = VN (1 – id . n) VA = 10.000 ( 1 – 0,03 . 6) VA = 10.000 ( 1 – 0,18) VA = 10.000 . 0,82 VA = 8.200 DC = 10.000 – 8.200 DC = 1.800,00 Desconto racional (ou por dentro) composto. 140 Matemática Financeira Desconto comercial (ou por dentro) composto PV = FV (1 – id)n PV = 10.000 (1 – 0,03)6 PV = 10.000 (0,97)6 PV = 10.000 . 0,833 PV = 8.333 Dc = 10.000 – 8.333 Dc = 1.667 Tipo de desconto Valor do desconto Valor atual Racional Simples 1.525,42 8.474,58 Comercial Simples 1.800,00 8.200,00 Comercial Composto 1.667,00 8.333,00 Racional Composto 1.624,79 8.375,21 Conclusão: Em se tratando de uma instituição financeira, a me- lhor opção é o desconto bancário simples, porque o desconto é maior. No entanto, para quem vai receber o recurso, o melhor é o desconto racional simples, devido o desconto ser menor, e logicamente receber mais. No próximo tema , veremos as aplicações práticas das ferra- mentas até aqui estudadas, na operação de séries periódicas e siste- mas de amortizações. Tema 3 Descontos de Títulos 141 LEITURA COMPLEMENTAR D NETO, Alexandre Assaf. Matemática Financeira e suas aplica- ções. 10 ed. São Paulo: Atlas. 2009. Neste livro, nas páginas 51 a 54, você poderá encontrar de maneira mais detalhada as fórmulas para o cálculo do desconto composto. D TOSI, Armando José. Matemática Financeira com utilização da HP-12-C. 4 ed. São Paulo: Atlas. 2008. Nesta obra, nas páginas 113 a 116 você pode complementar seus estu- dos resolvendo os exercícios que facilitarão a sua aprendizagem. PARA REFLETIR Nas situações cotidianas, em que temos assuntos financeiros envolvidos, sempre haverá duas visões a serem consideradas. A visão de quem ofe- rece o capital, e que quer ser ressarcido com os maiores valores possíveis por esse empréstimo l e a visão de quem toma o capital e quer ressar- ci-lo com o menor valor possível. Gostaria que você refletisse em rela- ção ao desconto comercial simples e o desconto racional composto no tocante: qual é o melhor desconto a ser aplicado? Use o ponto de vis- ta de ambos a partir da situação dada. Considere que para custear uma viagem para o exterior, uma pessoa como garantia de um empréstimo tenha assinado uma nota promissória no valor de R$ 7.540,00 para pa- gamento em 150 dias. O banco que concedeu o empréstimo opera com o desconto comercial composto de 4,56% ao mês além de 0,67% sobre o valor do título como pagamento de despesas administrativas e impostos. 142 Matemática Financeira RESUMO Finalizamos o tema III e estudamos que o desconto é uma solução de- senvolvida especialmente para quem deseja antecipar o valor de um título de crédito. Além da classificação e conceitos dos tipos de des- conto, vimos também os títulos de créditos mais utilizadosnas ope- rações financeiras. Na segunda parte do tema estudamos as diversas fórmulas para o cál- culo de um desconto, seja ele racional simples ou desconto comercial. Na terceira parte do tema, estudamos os conceitos de desconto com- posto que coincidem com os conceitos utilizados no desconto sim- ples. A diferença é a forma de cálculo. No desconto simples o calculo é linear e no desconto composto, o cálculo é exponencial. Concluímos o último tópico do tema III e aprendemos calcular o valor nominal, o valor atual, a taxa e o tempo do desconto composto racio- nal ou comercial. Anotações tema 4 Séries Periódicas Uniformes, Empréstimos para capital de Giro e Sistemas de Amortização e Empréstimos Neste tema iremos estudar vários assuntos que irão enfatizar a prática da Matemática Financeira na nos- sa vida cotidiana, como as rendas ou séries de pa- gamentos que nos levarão a calcular o valor de uma prestação de um crediário, de um empréstimo. Vere- mos, também, algumas modalidades para adquirir capital de giro para uma empresa. Por fim, estudaremos ainda os sistemas de amorti- zações, quando você aprenderá a elaborar uma pla- nilha financeira para acompanhar o pagamento dos juros e a amortização da dívida de um empréstimo ou de um financiamento. 4.1 CLASSIFICAÇÃO DAS SÉRIES. VALOR PRESENTE DE SÉRIE PERIÓ- DICA UNIFORME E MONTANTE DE SÉRIES PERIÓDICA UNIFORME Nos assuntos anteriores estudamos os problemas financeiros que um capital aplicado ou emprestado a determinada taxa de juros simples ou composta, durante determinado período produziria um montante, ou seja, o empréstimo ou a aplicação se resumia a um único pagamento ou recebimento. Agora vamos estudar os casos em que o valor de um emprésti- mo ou aplicação é realizado por meio de uma quantidade de parcelas iguais e sucessivas. Quando você faz um crediário, deposita em caderneta de pou- pança, com a intenção de poupar; ou mesmo financia um carro e paga em prestações, você esta diante de uma série de pagamento ou rendas. Então, a definição mais objetiva de uma renda é: conjunto de pagamentos ou recebimentos efetuados ao longo do tempo. Assim, se você paga a renda, está amortizando a dívida. Esse processo é cha- mado amortização. Mas, se você está recebendo a renda para resgatar futuramente, dizemos que você está capitalizando. Esse processo, que já conhecemos, chamamos de capitalização. Os valores pagos ou recebidos de uma renda são chamados de anuidades ou parcelas. Classificação das rendas D Rendas Certas ou séries periódicas uniformes; D Rendas Aleatórias. 148 Matemática Financeira Renda certa - Quando na época em que é feito o contrato, fica tudo acordado antecipadamente, como o período que durará a renda, a forma de pagamento, a taxa de juros, o valor da renda, e assim por diante. Geralmente, os empréstimos e financiamentos são exemplos de renda certa. Renda aleatória - Quando depende de fatores que venham ou não acontecer. Por exemplo: seguro de vida é uma renda aleatória, de- pende de que haja um acidente para ser recebido, ou seja, depende de fatores incertos, que podem ou não ocorrer. Classificação das rendas certas ou séries periódicas uniformes As rendas ou séries periódicas uniformes são classificadas de acordo com os valores, os períodos, os prazos e os vencimentos. Assim: D Quanto aos valores, as rendas podem ser: Constantes (valo- res iguais) e Variáveis (valores diferentes); D Quanto aos períodos, as rendas podem ser: Periódicas (pe- ríodos iguais) e Não periódicas (períodos diferentes); D Quanto ao prazo, as rendas podem ser: Temporárias ou fini- tas (quando o período de tempo é conhecido) e Perpétuas ou infinitas (quando ocorrem para sempre, ou seja, o período de tempo é ilimitado, como no caso da aposentadoria); D Quanto ao vencimento, as rendas podem ser: Imediatas (quando não existe carência para o primeiro pagamento) e Diferidas (quando ocorre carência para ser efetuado o primeiro pagamento). É importante sabermos ainda que as séries de pagamentos imediatas podem ser: Tema 4 Séries Periódicas Uniformes, Empréstimos para capital de Giro e Sistemas de Amortização e Empréstimos 149 D Antecipadas – quando o primeiro pagamento ocorre no início do período. D Postecipadas – quando o primeiro pagamento ocorre no final do período. No entanto, aqui nosso estudo vai se ocupar apenas das sé- ries uniformes de pagamentos constantes, periódicas, temporárias e imediatas. Série uniforme de pagamentos Uma serie é dita uniforme quando existem vários pagamentos ou recebimentos de um mesmo valor. Séries uniformes de pagamentos iguais com termos postecipados Nas séries uniformes com termos postecipados, os pagamen- tos ou recebimentos ocorrem no fim de cada período. Por exemplo, se as prestações forem mensais, o primeiro pagamento será efetuado no final do 1º mês, e assim sucessivamente. É aquele sistema de paga- mento ou recebimento sem entrada. Por exemplo, você vai a uma loja comprar uma televisão: não paga entrada e divide o total para parcelas mensais e iguais a vencer de hoje a 30 dias. Fluxo de caixa do valor presente de uma série uniforme postecipada Fonte: Autoria própria 150 Matemática Financeira Esse exemplo corresponde a uma série uniforme de pagamen- tos iguais com termos postecipados, em que a soma dos valores atu- ais dos termos da série corresponde ao valor presente ou valor atual, e a primeira parcela é paga no final do período, ou seja, na data focal 1. A data focal zero corresponde a hoje. Considerando: PV= valor presente, valor atual ou capital. FV=valor futuro ou montante PMT= pagamento ou prestação n= tempo i=taxa Assim sendo, vamos calcular a expressão do valor presente de uma série uniforme postecipada. Cada prestação é considerada como um valor futuro a ser pago em datas diferentes, porém com as parce- las iguais. O capital representa a soma dos valores presentes de cada prestação. Fonte: Autoria própria O valor presente de uma série de termos uniformes postecipa- dos dada o valor da prestação é: Tema 4 Séries Periódicas Uniformes, Empréstimos para capital de Giro e Sistemas de Amortização e Empréstimos 151 Fonte: Autoria própria Para o cálculo da prestação, conhecendo o valor presente temos que: Fonte: Autoria própria 152 Matemática Financeira Obs: essas fórmulas foram expressas de maneira direta. Quem tiver interesse de ver passo a passo como encontrá-la deve verificar na bibliografia complementar. Exemplo 1 Necessitando de um fogão, vi um anúncio em um jornal de clas- sificados da marca que pretendia adquirir por R$ 200,00 para pa- gamento à vista. Se fosse a prazo seriam cinco prestações iguais e mensais, sendo a primeira paga de hoje a 30 dias. Qual será o valor de minha prestação, tendo conhecimento de que a taxa de juros compos- tos cobrada pela loja foi de 5% ao mês. Solução: PV=R$ 200,00 PMT=? i=5% a.m = 0,05 n=5 Fonte: Autoria própria Tema 4 Séries Periódicas Uniformes, Empréstimos para capital de Giro e Sistemas de Amortização e Empréstimos 153 Pela fórmula simplificada temos: Fonte: Autoria própria Resposta: o valor de cada prestação do fogão é de R$ 46,20. Exemplo 2 Calcular o valor de um financiamento a ser quitado através de 12 pagamentos mensais e iguais de R$ 1.000,00 vencendo a primeira parcela a 30 dias da liberação dos recursos, sendo 2,92% a.m. a taxa de juros negociada na operação. Solução: PMT= R$ 1.000,00 n= 12 i= 2,92 % a.m.= 0,0292 PV= ? 154 Matemática Financeira Fonte: Autoria própria Resposta: o valor do financiamento é de R$ 10.000,00 Séries uniformes de pagamentos iguais com termos antecipados Nas séries com termos antecipados, a entrada ou saída de flu- xosde caixa, os pagamentos ou recebimentos, de acordo com Assaf Neto (2012, p.131) ocorrem quando “[...] a primeira prestação é paga no ato da operação.”, ou seja, no início de cada período. Observe a diferença entre a renda postecipada e a antecipada. Na postecipada, o pagamento ou recebimento da primeira prestação é efe- tuado no final do mês em que o contrato foi realizado (data focal 1), enquanto na série antecipada, o pagamento ou recebimento da primeira prestação é feito no ato do contrato(data focal 0). Tema 4 Séries Periódicas Uniformes, Empréstimos para capital de Giro e Sistemas de Amortização e Empréstimos 155 Por exemplo: você vai a uma loja comprar uma televisão; paga uma entrada e divide o restante para parcelas mensais e iguais. Fluxo de caixa de do valor presente de uma série uniforme antecipada Fonte: Autoria própria Observe que a primeira parcela é paga no momento 0 (zero). O momento zero corresponde a hoje. A definição de série de termos antecipados é devido ao fato de que a primeira parcela é efetuada na data atual (hoje). Conhecendo-se uma taxa i, um prazo n e o valor da prestação PMT, podemos calcular o valor presente PV de uma série de paga- mento antecipado. Fonte: Autoria própria 156 Matemática Financeira Para o cálculo da prestação PMT, conhecendo o valor presente, PV, temos: Fonte: Autoria própria Exemplo1 Um empresário adquiriu equipamentos, no valor de R$36.000,00, a ser pago em 36 prestações mensais e iguais, com uma taxa de juros de 1,8% a.m. Determinar o valor das prestações, caso a primeira parcela seja paga a vista. No próximo conteúdo, estudaremos as fórmulas para calculo das séries periódicas uniformes. Tema 4 Séries Periódicas Uniformes, Empréstimos para capital de Giro e Sistemas de Amortização e Empréstimos 157 LEITURA COMPLEMENTAR D MILONE, Giuseppe. Matemática financeira. São Paulo: Thompson Learning. 2006. Nesta obra, entre as páginas 145 a 162, você encontrará mais conheci- mentos a respeito do assunto relatado neste conteúdo. D NETO, Alexandre Assaf. Matemática Financeira e suas aplica- ções. 10 ed. São Paulo: Atlas. 2009. O autor, nas páginas 98 a 101, traz vários exercícios resolvidos que poderão facilitar a sua aprendizagem. PARA REFLETIR Agora que você aprendeu a calcular o valor atual de uma série de pa- gamentos uniformes e tem conhecimento que elas são utilizadas no mercado pelas financeiras através, principalmente, dos empréstimos pessoais conhecidos como CDC (Credito Direto ao Consumidor) etc, pense e reflita tal situação: você pretende viajar daqui a três anos para o exterior, já procurou informações em uma agência de viagem e ficou sabendo que o valor dessa viagem custa R$ 10.000,00 com todas as despesas, inclusive as refeições. Quanto você deve guardar mensalmente, em uma poupança, ou um fundo de aplicação para no final dos 3 anos poder realizar seu sonho, se a taxa que perdura no mercado é de 6% a.a? 158 Matemática Financeira 4.2 CÁLCULO DA TAXA DE JUROS EM SÉRIES PERIÓDICAS UNIFORMES De acordo com o conteúdo anterior, observamos que existem varias fórmulas para o cálculo dos elementos das séries periódicas uniformes. Cada fórmula exige conhecimentos da matemática ele- mentar, como potenciação, logaritmos etc. E se faz necessário o uso de uma calculadora. Portanto, nessa parte iremos explorar somente o cálculo do valor futuro, conhecendo o valor presente e o valor da pres- tação será exemplificado. As demais fórmulas serão expressas apenas para conhecimento. Cálculo do montante de séries periódicas uniformes postecipada. *Dado o valor da prestação (PMT), calcular o valor futuro (FV). Fonte: Autoria própria Exemplo Para poder ouvir aquela música de aviões do forró, Andre Luiz presenteou sua filha com um novo som. Como não podia pagar à vis- ta, colocou no cartão de crédito pagando 12 parcelas mensais de R$ 150,00. Sabendo que a taxa de juros financiada pelo cartão é de 2,38% ao mês, qual o valor pago pelo som? Tema 4 Séries Periódicas Uniformes, Empréstimos para capital de Giro e Sistemas de Amortização e Empréstimos 159 Solução: Fonte: Autoria própria Resposta: o valor pago pelo som foi de R$ 2.055,25 160 Matemática Financeira *Dado FV, achar PMT Exemplo Você vai se aposentar daqui a 15 anos, mas já começou a poupar. Vamos supor que você queira acumular R$ 200.000,00 até a data de sua aposentadoria para poder sustentar seu padrão de vida. Quanto você terá de poupar cada mês, iniciando daqui a 30 dias para satisfa- zer essa meta futura? Digamos que a taxa de juros seja de 2% ao mês. Solução: Fonte: Autoria própria Tema 4 Séries Periódicas Uniformes, Empréstimos para capital de Giro e Sistemas de Amortização e Empréstimos 161 Resposta: você terá que poupar cada mês R$ 116,55 para daqui a 15 anos ter R$ 200.000,00 *Cálculo do número de períodos20 de uma renda de uma série periódica uniforme postecipada, conhecendo o valor da presta- ção e o valor futuro. Fonte: Autoria própria *Cálculo da taxa de juros de uma renda de uma série periódica uniforme postecipada, conhecendo o valor da prestação e o valor futuro. Não é possível calcular a taxa de juros através de fórmulas, ou seja, por mais que se tente encontrar a taxa de maneira algébrica, só conseguiremos um valor aproximado. Na prática é necessário utilizar a calculadora HP 12C ou a planilha eletrônica do Excel. Cálculo do montante de séries periódica uniforme antecipada. *Dado o valor da prestação (PMT), calcular o valor futuro (FV) Fonte: Autoria própria Para calcular o número de períodos é necessá- rio usar logaritmos. Seja na base 10(log), seja na base (ln). Pode-se calcular n. a partir de qualquer base. O que não pode é misturar as bases na mesma operação. 20 162 Matemática Financeira Exemplo Marcelo resolveu presentear a sua professora no dia do ani- versário com uma calculadora HP 12C. Como não tinha dinheiro para pagá-la a vista, comprou-a a prazo, dando uma entrada e mais 7 pa- gamentos mensais de R$ 25,00.Qual o valor pago pela calculadora sabendo que a taxa de juros cobrada foi de 5% a.m Solução: Fonte: Autoria própria Resposta: Marcelo pagou pela calculadora R$ 213,72 *Dado o valor futuro (FV), achar o valor da prestações(PMT) Tema 4 Séries Periódicas Uniformes, Empréstimos para capital de Giro e Sistemas de Amortização e Empréstimos 163 Fonte: Autoria própria Exemplo: As lojas América resolveram queimar o estoque. As vendas de todos os seus produtos estavam divididas em cinco pres- tações mensais iguais (1+4). Resolvi comprar um freezer que custava R$ 1.500,00 para parcelar. Fiquei sabendo pelo vendedor que a taxa de juros cobrada era apenas de 2%.Qual o valor da minha prestação? Solução: Fonte: Autoria própria 164 Matemática Financeira Resposta: vou pagar R$ 282,50 de entrada mais 4 parcelas mensais do mesmo valor. *Cálculo do número de períodos de uma renda de uma série periódica uniforme antecipada, conhecendo o valor da prestação e o valor futuro. Fonte: Autoria própria *Cálculo da taxa de juros de uma renda de uma série periódica uniforme antecipada, conhecendo o valor da prestação e o valor futuro. Da mesma maneira que a série uniforme postecipada, não é possível calcular a taxa de juros através de fórmulas, ou seja, por mais que se tente encontrar a taxa de maneira algébrica, só conseguiremos um valor aproximado. Na prática é necessário utilizar a calculadora HP 12C ou a planilha eletrônica do Excel. No próximo conteúdo, estudaremos as aplicações cotidianas em que a matemática financeira é vastamente utilizada, como cálculo de aquisição de capital de giro, item fundamental para o bom funcio- namento de todas as empresas. Tema 4Séries Periódicas Uniformes, Empréstimos para capital de Giro e Sistemas de Amortização e Empréstimos 165 LEITURA COMPLEMENTAR D MILONE, Giuseppe. Matemática financeira. São Paulo: Thomp- son Learning, 2006. Entre as páginas 156 a 172, você encontrará mais conhecimentos a respeito do assunto relatado neste conteúdo. D TOSI, Armando José. Matemática Financeira com utilização da HP-12-C. 4. ed. São Paulo: Atlas. 2008. Nas páginas 140 a 162 existem vários exercícios resolvidos que pode- rão facilitar a sua aprendizagem. PARA REFLETIR Nessa parte você notou que tivemos fórmulas e muito cálculo. Vamos imaginar que um casal está esperando um bebê para daqui a seis me- ses, e que planeja levantar um emprestimo no banco, no valor de R$ 8.500,00 para mobiliar o quarto e comprar o enxoval, para quando o bebê chegar, que a prestação que eles podem pagar é de R$ 750,00 por mês, e que a taxa cobrada pelo banco é de 2,25% ao mês, qual o número de prestações para quitar a dívida? E quanto você acha que eles vão pagar pela dívida? 166 Matemática Financeira 4.3 MATEMÁTICA FINANCEIRA E EMPRÉSTIMOS PARA CAPITAL DE GIRO Você já deve ter observado que a Matemática Financeira conta com diversas aplicações, tanto em relação às operações comerciais, como as financeiras, tais como os empréstimos, as vendas e compras de mercadorias e muitos outros. Neste conteúdo, vamos estudar algumas modalidades de em- préstimos bancários de curto prazo, com o objetivo de movimentar o capital de giro e desenvolver e praticar o cálculo dos encargos finan- ceiros e da taxa efetiva de custo das operações. Já estudamos que o desconto é a diferença entre o valor futuro de um título (duplicata, nota promissória, cheques pré-datado, etc.) e seu respectivo valor atual. Os encargos financeiros são cobrados so- bre o valor nominal do título (valor do resgate) e pagos à vista. O desconto que é utilizado nas operações que envolvem emprésti- mo para capital de giro das empresas é o desconto comercial ou bancário. Que são encargos financeiros? São os juros, as taxas e os impostos cobrados em uma transa- ção financeira. Que é capital de giro? São recursos que as empresas mantêm em caixa para atender suas necessidades operacionais imediatas. É normalmente utilizado para reorganizar o fluxo financeiro ou, também muito usado para de- senvolvimento de novos projetos e empreendimentos. Tema 4 Séries Periódicas Uniformes, Empréstimos para capital de Giro e Sistemas de Amortização e Empréstimos 167 As dificuldades de capital de giro numa empresa são devidas, principalmente, à ocorrência dos seguintes fatores: redução de vendas, crescimento da inadimplência, aumento das despesas financeiras, au- mento de custos, além da combinação dos quatro fatores anteriores Vantagens: no momento da contratação de um empréstimo para capital de giro, não é necessário comprovar a destinação dos re- cursos, e os prazos para pagamento podem ser negociados de acordo com a necessidade; os recursos são transferidos diretamente para a conta corrente do cliente. O limite do empréstimo de capital de giro é definido de acordo com a capacidade de pagamento da empresa que está contratando o empréstimo. Vejamos algumas das principais fontes e mecanismos de em- préstimo para o capital de giro: Desconto de duplicatas É um empréstimo concedido aos clientes para o retorno ime- diato de recursos para o caixa das empresas, ou seja, aumentar o capital de giro. Fonte: Autoria própria 168 Matemática Financeira A empresa vendedor (sacador) vende a prazo com emissão de duplicatas. Ela negocia com o banco e recebe os recursos em sua conta corrente. A empresa compradora (Sacado) recebe pelo correio a cobrança bancária e no vencimento liquida o pagamento. Se o Sacado não honrar o pagamento, o banco cobra do Cedente. Os bancos quando realizam desconto de duplicatas, notas pro- missórias, cheques pré-datados, etc. cobram encargos financeiros 1. Taxa de desconto - representa a relação entre os juros e o valor nominal do título. 2. Taxas administrativas- as instituições financeiras visando cobrir certos custos de cobrança dos títulos e outros custos administrativos cobram essa taxa, geralmente no ato da li- beração do recurso e de uma só vez; 3. IOF - quando estudamos desconto, aprendemos como é fei- to o cálculo desse imposto, e vimos que ele é calculado a uma taxa de juro linear sobre o valor nominal do título e é cobrado assim que o recurso é liberado. A alíquota para cal- cular esse imposto é determinada pelo Banco Central. Vejamos um exemplo: Suponha o desconto de uma duplicata de valor nominal de R$ 3.000,00 descontada 60 dias antes do seu vencimento. A taxa de desconto nominal cobrada pelo banco é de 3,0% a.m. e o IOF atinge a 0,0041% a.d. . Calcular o valor líquido liberado e o custo efetivo mensal da operação Tema 4 Séries Periódicas Uniformes, Empréstimos para capital de Giro e Sistemas de Amortização e Empréstimos 169 SOLUÇÃO VN = R$ 3.000,00 n = 60 dias d = 3,% a.m. IOF = 0,0041% a.d. Desconto: d = VN x id x n d=3.000x 0,03 x 2= 180,00 IOF: 3.000 x 0,000041 x 60 =7,38 Valor líquido liberado: 3.000 – 180 -7,38 =2.812,62 O custo efetivo da operação é: Fonte: Autoria própria Para conhecermos a taxa equivalente para 30 dias, devemos aplicar a fórmula de taxa equivalente: 170 Matemática Financeira Fonte: Autoria própria Commercial Papers O commercial papers são títulos emitidos pelas sociedades por ações com o objetivo de obter capital de giro. São negociados no mer- cado por um valor líquido e recomprados pela empresa que emitiu pelo seu valor nominal. Não oferecem maiores garantias. Possuem um prazo curto de duração, e são indicados para investidores interes- sados em aplicações de curto prazo. O prazo mínimo dos commercial papers é de 30 dias e o máximo de 360 dias. Os recursos obtidos com a emissão dos commercial papers, ge- ralmente são usados para financiar as atividades de curto prazo da empresa. Os encargos pagos nas operações de commercial papers, nor- malmente são inferiores aos empréstimos bancários. Exemplo Uma empresa emitiu R$ 1 milhão em commercial papers por 180 dias. A remuneração oferecida aos aplicadores é uma taxa de des- conto de 2% a.m. (12,62% a.s.). A empresa incorre, ainda, em despesas diversas equivalentes a 1% do valor da emissão. Calcular o valor líqui- do recebido pela empresa emitente e o custo efetivo da operação. Tema 4 Séries Periódicas Uniformes, Empréstimos para capital de Giro e Sistemas de Amortização e Empréstimos 171 SOLUÇAO: Lembre-se que 2 % ao mês correspondem a 12,62% ao semestre (180 dias) Fonte: Autoria própria Desconto: d = VN x id x n d=1.000.000 x 0,1262 x 1= 126.200 Despesa: 1.000.000 x 0,01 = 10.000 Valor líquido: 1.000.000-(126.200 +10.000) Valor líquido: 1.000.000 – 136.000 Valor líquido: 864.000,00 172 Matemática Financeira Custo Efetivo Fonte: Autoria própria Hot Money Empréstimo de curtíssimo prazo que os bancos fazem às em- presas. Geralmente é contratada por um dia e renovada diariamente. O cálculo é feito pela capitalização simples com juros comerciais e as taxas são dadas em mês. Tema 4 Séries Periódicas Uniformes, Empréstimos para capital de Giro e Sistemas de Amortização e Empréstimos 173 Exemplo: uma empresa recebeu um empréstimo tipo hot mo- ney no valor de R$ 500.000,00 pelo prazo de um dia a taxa de 3% ao mês. No dia seguinte, sem condições de pagar o montante ,solicita a renovação do empréstimo por mais um dia. A taxa de renovação foi de 3,2% ao mês. Qual será o montante no fim de 2 dias? Solução: 1º dia j = 500.000,00 x 0,03/30 x 1 = 500,00 2ºdia j = 500.500,00 x 0,.32/30 x 1 = 533,87 Montante: 500.000,00+ 500,00 + 533,87 = 501.033,87 IOF (imposto sobre operações financeiras) Só para lembrar, o IOF é cobrado antecipadamente no ato da libe- ração do empréstimo. Sua alíquota é determinada pelo Banco Central. Atualmente o IOF é calculado com a alíquota máxima de 0,0041% ao dia, ou 1,5% ao ano (Instrução Normativa nº 46, art. 5º de 2.05.2001). A instituição financeira cobra e repassa ao Tesouro Nacional. Contas garantidas e o método hamburguês A Conta Garantida é também um empréstimo, destinado as mi- cro e pequenas empresas. A empresa possui duas contas, uma que ela movimenta normalmente e outra, na qual ficam os recursos, vin- culada a empresa. Assim, quando a conta da empresa fica devedora, a conta que possui os recursos, que é a conta garantida, cobre, de acor- do com as necessidades da empresa. Nesse tipo de operação, os juros somente incidem sobre os va- lores que a empresa utilizou nos dias úteis e são debitados mensal- mente na conta da empresa. A conta garantida21 pode ser entendi- da como um cheque especial para pessoas jurídicas. O limite depende da capacidade de pagamento da empresa e pode ser coberto a qualquer momento por meio de créditos na conta garantida. No Brasil alguns bancos exigem fiança para abertura de uma conta garantida e os saques são tributados pelo IOF. 21 174 Matemática Financeira Exemplo: a Franca Comércio e Serviços Ltda. possui uma conta garantida no valor de R$ 100.000,00 contratada por 1 mês e aberta no dia 01.08.Os encargos financeiros fixados para a operação são juros nominais de 4% ao mês, debitados ao final de cada mês e uma taxa administrativa de 2% cobrada no ato e incidente sobre o limite. No período da operação financeira foram realizadas as seguin- tes movimentações: Movimentação do mês Dia 01.08 – saque de 10.000,00 Dia 11.08 - saque de R$ 5.000,00 Dia 16.08 depósito de R$ 15.000,00 Dia 20.08-saque de R$ 2.000,00 Dia 27.08 – saque de R$ 25.000,00 Quanto vou pagar de juros nesse mês? Solução: Data Descrição do Movimento Valor D/C D(débito) C(crédito) Saldo Nº Nº de Dias x Saldo devedor 01.08 Taxa adm 2.000(D) -2.000 - - 01.08 Saque 10.00(D) -12.000 10 120.000,00 11.08 Saque 5.000(D) -17.000 5 85.000 16.08 Depósito 15.000(C) -2.000 4 8.000 20.08 Saque 2.000(D) -4.000 7 28.000 27.08 Saque 25.000(D) -29.000 3 87.000 30.08 Juros 437,33(D) -29.437 328.000 Total do mês -29.437 328.000 Tema 4 Séries Periódicas Uniformes, Empréstimos para capital de Giro e Sistemas de Amortização e Empréstimos 175 Resposta: vou pagar de juros pela minha conta garantida o valor de R$ 437,33 Vamos explicar a tabela: A taxa administrativa: R$ 100.000 x 2%(0,02) = 2.000 Número de dias: o número de dias que o saldo fica negativo e são cobrados os juros No dia 01.08, foi efetuado um saque no valor de R$ 10.000, que ficou descoberto 10 dias até a próxima movimentação. O cálculo dos juros pelo o método hamburguês é feito através da fórmula: Juros é igual a soma dos produtos entre o número de dias que a conta estava devedora pelo saldo devedor, vezes a taxa. J = i x ∑ Sd x n SD = saldo devedor i = taxa de juros Juros do mês: 0,04/30 x 328.000,00 = R$ 437,33 No próximo conteúdo, estudaremos os principais sistemas de amortização e suas características. Vamos prosseguir? 176 Matemática Financeira LEITURA COMPLEMENTAR D SAMANEZ, Carlos Patrício. Matemática financeira: aplicações à análise de investimentos. 4 ed. São Paulo: Prentice Hall, 2007. O autor, entre as páginas 84 a 90, oferece mais conhecimentos a respeito dos tipos de empréstimo para capital de giro. D NETO, Alexandre Assaf. Matemática financeira e suas aplicações. 10. ed. São Paulo: Atlas. 2009. Entre as páginas 72 a 78 existem vários exercícios resolvidos que fa- cilitarão a sua aprendizagem PARA REFLETIR Neste conteúdo estudamos algumas aplicações práticas da Matemati- ca Financeira relacionadas à movimentação do dinheiro necessário ao funcionamento de uma empresa. Gostaria que você refletisse porque tanto as empresas necessitam de capital de giro para sobreviverem? Quais os elementos que levam as empresas a buscar esses recursos? Tema 4 Séries Periódicas Uniformes, Empréstimos para capital de Giro e Sistemas de Amortização e Empréstimos 177 4.4 SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO Quando estudamos as séries uniformes, no conteúdo 4.1, no iní- cio deste tema, aprendemos como calcular a prestação de uma dívida, de maneira que no final do período a mesma estivesse quitada. No caso, a duração da dívida era de alguns meses ou anos, se constituin- do, no que chamamos de dívida em curto prazo. Nos sistemas de amortização de empréstimos e financiamen- tos, os juros utilizados são os juros compostos, eles são calculados, sempre, sobre o saldo devedor. E, se os juros não forem pagos em al- guma parcela, serão incorporados ao saldo devedor, incidindo sobre ele novos juros. Quando realizamos um financiamento imobiliário, observamos que cada prestação é composta de duas parcelas: uma que paga os juros e a outra que abate a dívida e que elas podem ser constantes ou variáveis, conforme o sistema de amortização utilizado. Definições básicas para o entendimento de uma planilha financeira para utilização de sistemas de amortização. D Amortização: é o ato de efetuar o pagamento do principal, do capital emprestado, por meio de prestações periódicas, sejam elas mensais, semestrais, etc.; D Prestação: é o valor a ser pago em cada período. É composta de duas parcelas: uma de amortização da dívida e a outra de pagamento de juros; D Saldo devedor: é quanto falta pagar da minha dívida a partir daquela data. 178 Matemática Financeira D Carência: é o prazo concedido pelo financiador ao financia- do, durante o qual a amortização do principal é dispensada. D Planilha: tabela que mostra os valores pagos dos juros, da dívida, do saldo devedor etc. Em todos os sistemas de amortização, cada pagamento é a soma do valor amortizado com os juros do saldo devedor. Vamos estudar os seguintes sistemas de amortização: SAC (sis- tema de amortização constante); SAF (sistema de amortização fran- cês) e SAA (sistema de amortização americano) Sistema de Amortização Constante (SAC) No sistema de amortização constante, a parcela da amortização da dívida é constante e calculada, dividindo o valor atual do financia- mento pelo número de parcelas contratada e os juros são calculados sobre o saldo devedor. Observamos que as prestações nesse siste- ma sempre são decrescentes, o que consequentemente faz com que o montante decresça após o pagamento de cada amortização. O cálculo da amortização é obtido através da divisão do capital emprestado pela quantidade de parcelas Fonte: Autoria própria Tema 4 Séries Periódicas Uniformes, Empréstimos para capital de Giro e Sistemas de Amortização e Empréstimos 179 Exemplo: A empresa Fiel Ltda. contratou um empréstimo no valor de R$ 100.000,00, que deve ser quitado em um prazo de cinco anos em par- celas semestrais. Se a taxa de juros vigente na operação for igual a 30% a.a., pode-se calcular o valor de cada um dos pagamentos, des- tacando juros e amortização do principal. Considerando a taxa nominal de 30% ao ano, precisamos calcular a taxa equivalente semestral: Fonte: Autoria própria Agora vamos elaborar a planilha financeira para essa operação de empréstimo. 180 Matemática Financeira Período (Semestre) Saldo Devedor Amortização Juros Prestação 0 100.000,00 - - - 1 90.000,00 10.000,00 14.017,50 24.017,50 2 80.000,00 10.000,00 12.615,75 22.615,75 3 70.000,00 10.000,00 11.214,00 21.214,00 4 60.000,00 10.000,00 9.812,25 19.812,25 5 50.000,00 10.000,00 8.410,50 18.410,50 6 40.000,00 10.000,00 7.008,7517.008,75 7 30.000,00 10.000,00 5.607,00 15.607,00 8 20.000,00 10.000,00 4.205,25 14.205,25 9 10.000,00 10.000,00 2.803,50 12.803,50 10 - 10.000,00 1.401,75 11.401,75 Total 100.000,00 77.096,25 177,096,25 Fonte: Autoria própria Explicação da tabela Os juros incidem sobre o saldo devedor e apresentam valores decrescentes em progressão aritmética Período 1) 0,140175 x R$ 100.000,00 = R$ 14.017,50; Período 2) 0,140175 x R$ 90.000,00 = R$ 12.615,80; Período 3) 0,140175 x R$ 80.000,00 = R$ 11.214,00 A prestação (PMT) é igual a amortização mais os juros PMT=Amort + juros Esse tipo de cálculo traz a possibilidade de que seja oferecida uma carência para início da realização dos pagamentos. A carência é o prazo concedido pelo financiador ao financiado e o pagamento fica suspenso, sendo realizado a partir da data acordada entre as partes. Essa concessão pode acarretar em três situações distintas: Tema 4 Séries Periódicas Uniformes, Empréstimos para capital de Giro e Sistemas de Amortização e Empréstimos 181 a) Os juros são pagos durante a carência b) Os juros são capitalizados e pagos totalmente quando do vencimento da primeira prestação da amortização c) Os juros são capitalizados e acrescidos ao saldo devedor ge- rando valores de amortizações maiores que os previstos an- teriormente Continuando no mesmo exemplo anterior, da empresa Fiel, consi- derando que o financiador ofereceu uma carência de 2 anos para início dos pagamentos, veremos como ficaria cada situação de carência estudada: a) SAC com carência (2 anos) e pagamento dos juros Período (Semestre) Saldo Devedor Amortização Juros Prestação 0 100.000,00 - - - 1 100.000,00 - 14.017,50 14.017,50 2 100.000,00 - 14.017,50 14.017,50 3 100.000,00 - 14.017,50 14.017,50 4 100.000,00 - 14.017,50 14.017,50 5 90.000,00 10.000,00 14.017,50 24.017,50 6 80.000,00 10.000,00 12.615,80 22.615,80 7 70.000,00 10.000,00 11.214,00 21.214,00 8 60.000,00 10.000,00 9.812,30 19.812,30 9 50.000,00 10.000,00 8.410,50 18.410,50 10 40.000,00 10.000,00 7.008,80 17.008,80 11 30.000,00 10.000,00 5.607,00 15.607,00 12 20.000,00 10.000,00 4.205,30 14.205,30 13 10.000,00 10.000,00 2.803,50 12.803,50 14 1.401,80 11.401,80 Total 100.000,00 133.166,50 233,166,50 Fonte: Autoria própria 182 Matemática Financeira b) SAC com carência (2 anos) e capitalização dos juros Período (Semestre) Saldo Devedor Amortização Juros Prestação 0 100.000,00 - - - 1 114.017,50 - - - 2 129.999,90 - - - 3 148.222,60 - - - 4 168.999,70 - - - 5 90.000,00 10.000,00 92.689,30 102.689,30 6 80.000,00 10.000,00 12.615,80 22.615,80 7 70.000,00 10.000,00 11.214,00 21.214,00 8 60.000,00 10.000,00 9.812,30 19.812,30 9 50.000,00 10.000,00 8.410,50 18.410,50 10 40.000,00 10.000,00 7.008,80 17.008,80 11 30.000,00 10.000,00 5.607,00 15.607,00 12 20.000,00 10.000,00 4.205,30 14.205,30 13 10.000,00 10.000,00 2.803,50 12.803,50 14 10.000,00 1.401,80 11.401,80 Total 100.000,00 155.768,30 255,768,30 Fonte: Autoria própria c) SAC com carência (2 anos) e com juros capitalizados e acres- cidos ao saldo devedor. Período (Semestre) Saldo Devedor Amortização Juros Prestação 0 100.000,00 - - - 1 114.017,50 - - - 2 129.999,90 - - - 3 148.222,60 - - - 4 169.000,00 - - - 5 152.100,00 16.900,00 23.689,60 40.589,60 Tema 4 Séries Periódicas Uniformes, Empréstimos para capital de Giro e Sistemas de Amortização e Empréstimos 183 6 135.200,00 16.900,00 21.320,60 38.220,60 7 118.300,00 16.900,00 18.951,70 35.851,70 8 101.400,00 16.900,00 16.582,70 33.482,70 9 84.500,00 16.900,00 14.213,70 31.113,70 10 67.600,00 16.900,00 11.844,80 28.744,80 11 50.700,00 16.900,00 9.475,80 26.375,80 12 33.800,00 16.900,00 7.106,90 24.006,90 13 16.900,00 16.900,00 4.737,90 21.637,90 14 2.369,00 19.269,00 Total 169.000,00 130.292,70 299.292,70 Fonte: Autoria própria Sistema de Amortização Francês O Sistema de Amortização Francês (SAF) ou Sistema de Pres- tação Constante (SPC) é um sistema bastante utilizado no mercado financeiro do Brasil. É também conhecido, pela maioria, como “Tabela Price”. Em termos práticos, o sistema Price é o próprio sistema Fran- cês em que a diferença está na maneira de usar a taxa de juros. No sistema Francês, a taxa utilizada é a taxa equivalente composta e no sistema Price é a taxa proporcional estudada em juros simples. Le- vando em consideração apenas essa diferença, os sistemas funcio- nam de maneira igual. No Sistema Price ou Sistema de amortização Francês, as pres- tações são iguais, sucessivas e periódicas. Como em todo sistema de amortização, cada prestação é composta de duas partes: os juros e a amortização do capital. As parcelas de amortização são crescentes e os juros são calculados sobre o devedor. Naturalmente, o saldo de- vedor vai diminuindo ao longo do tempo, então a parcela relativa aos juros em cada prestação também diminui, isto é, ocorre o oposto com a parcela relativa a amortização. A dívida fica completamente saldada na última prestação. 184 Matemática Financeira Para calcular a parcela de amortização do sistema Francês, a taxa de juros utilizada deve coincidir com a do período de amortização. Quando isso não ocorrer devemos transformar a taxa de juros dada, na taxa equivalente composta de período igual ao da amortização. O valor da prestação é calculado pela fórmula: PV = PMT x FPV (i,n) O FPV é o fator de valor presente sendo o seu cálculo efetuado da seguinte forma: Fonte: Autoria própria Vamos considerar o mesmo exemplo anteriormente utilizado no cálculo do Sistema de Amortização Constante. Tema 4 Séries Periódicas Uniformes, Empréstimos para capital de Giro e Sistemas de Amortização e Empréstimos 185 Período (Semestre) Saldo Devedor Amortização Juros Prestação 0 100.000,00 - - - 1 94.833,10 5.166,90 14.017,50 19.184,40 2 88.941,80 5.891,20 13.293,00 19.184,40 3 82.224,80 6.717,00 12.467,40 19.184,40 4 74.566,20 7.658,60 11.452,30 19.184,40 5 65.834,10 8.732,10 9.228,20 19.184,40 6 55.877,90 9.956,20 7.832,60 19.184,40 7 44.526,20 11.351,80 6.832,60 19.184,40 8 31.583,20 12.943,00 6.241,40 19.184,40 9 16.825,90 14.757,30 4.427,10 19.184,40 10 16.825,90 2.358,50 19.184,40 Total 100.000,00 91.844,00 191.844,00 Fonte: Autoria própria Explicação da tabela: Obs: cada prestação contém o valor do juro, calculado sobre o saldo devedor da divida existente no final do período imediatamente anterior, e uma parcela do principal amortizado. No 1º mês, temos: Juros = R$ 100.000 x 14,0175 = R$ 14.017,50 Amortização: como já conhecemos o valor da prestação e sabe- mos que prestação é amortização mais juros, temos o valor da amor- tização assim: PMT = Amort + Juros R$ 19.184,40 = Amort + R$ 14.017,50 Amort= R$ 19.184,40 – R$ 14.017,50 Amort= R$ 5.166,90 186 Matemática Financeira Saldo final: é o saldo inicial menos a amortização Saldo final = R$ 100.000 – R$ 5.166,90 = R$ 94.833,10 Observe que o saldo final de um mês passa ser o saldo inicial do mês seguinte. Os demais meses seguem o mesmo raciocínio. Sistema de Amortização Americano É o sistema em que o capital é amortizado com apenas um paga- mento no final do período. Sendo que os juros são pagos normalmente. Como não há amortização da dívida no sistema Americano, as prestações são constantes e são calculadas sobre o saldo devedor. Na verdade é o sistema do agiota. A planilha financeira do sistema de amortização americano é a mais fácil de ser elaborada. Exemplo Um banco financia um principal de R$ 1.000,00 a uma empre- sa, que deverá ser pago mediante 5 prestações mensais postecipa- das pelo Sistema de Amortização Americano a uma taxa de juros de 10%a.a .De acordo com dados acima, observe a planilhafinanceira com o sistema de amortização Valor dos juros mensais: 12% x R$ 1.000,00 = R$ 120,00 Tema 4 Séries Periódicas Uniformes, Empréstimos para capital de Giro e Sistemas de Amortização e Empréstimos 187 Prazo Valor da Prestação Juros Amortização Saldo devedor 0 120,00 1.000,00 1 120,00 120,00 0 1.000,00 2 120,00 120,00 0 1.000,00 3 120,00 120,00 0 1.000,00 4 120,00 120,00 0 1.000,00 5 1.120,00 120,00 1.000,00 0 Soma 1.600,00 600,00 1.000,00 0 Fonte: Autoria própria No vencimento, além da ultima parcela de juros anuais de R$ 120,00, ocorre a amortização do principal. No sistema americano o primeiro pagamento corresponde aos juros negociados no ato da operação, ou seja, os valores pagos men- salmente são iguais e correspondem aos juros. Ou seja, só são pagos os juros mensalmente e no final pago o principal. Portanto, com o estudo deste tema, vimos os principais e mais utilizados sistemas de amortização existentes e que podem nos pro- porcionar uma base para continuar nos aprofundando nos estudos do campo de utilização da matemática financeira. 188 Matemática Financeira LEITURA COMPLEMENTAR D MILONE, Giuseppe. Matemática financeira. São Paulo: Thompson Learning, 2006. Das páginas 223 a 233 existem vários exercícios resolvidos a respei- to do assunto, que irão ajudar no entendimento da aplicação dos sis- temas de amortização, relacionando, assim, a matemática financeira com assuntos do nosso cotidiano. D NETO, Alexandre Assaf. Matemática financeira e suas aplicações. 10. ed. São Paulo: Atlas. 2009. Nas páginas 195 a 208 você encontrará mais conhecimentos a respei- to dos tipos de amortização de empréstimos e financiamentos. PARA REFLETIR Considere um financiamento de uma moto no valor de R$ 4.000,00 a uma taxa de juros de 3% ao mês para ser quitado em 12 prestações men- sais. Como fica a planilha financeira no sistema de amortização cons- tante e no sistema de amortização Francês? Qual o comportamento das prestações nos dois sistemas? Você aconselharia usar qual deles? Tema 4 Séries Periódicas Uniformes, Empréstimos para capital de Giro e Sistemas de Amortização e Empréstimos 189 RESUMO Concluímos o nosso estudo sobre Matematica Financeira referente ao tema 4. Estudamos o conceito de rendas ou séries uniformes de pa- gamentes, focando o nosso estudo nas séries de pagamentos cons- tantes, periódicas, temporárias e imediatas. Além de estudarmos que as rendas são pagamentos ou recebimentos que ocorrem durante o tempo, aprendemos a calcular o valor da prestação, como por exem- plo, um crediário, seja ele com pagamento da entrada no ato, que é a serie uniforme antecipada; seja com o pagamento 30 dias após a realização da compra, que é a serie uniforme postecipada. Na segunda parte, apesar do grande número de fórmulas, abordamos com maior intensidade conhecer o valor pago por uma dívida que foi parcelada. Em seguida, abordamos algumas formas de obtenção de capital de giro para as empresas e observamos que quando a empresa busca emprés- timos, seja para pagamento de dívidas existentes ou para aquela falta constante de dinheiro em caixa, a obtenção de empréstimos de capital de giro não deve ser a sua primeira opção. Devem ser realizadas várias análises, como: por que está faltando dinheiro no caixa da empresa? Por último, estudamos alguns tipos de sistemas de amortização de empréstimos ou financiamentos e constatamos que no Sistema de amortização constante, o SAC, você começa a pagar prestações maio- res que no SAF, no entanto o total de juros apurados pelo SAF é bas- tante superior ao do SAC. 190 Matemática Financeira REFERÊNCIAS BRUNNI, Adriano Leal; FAMÁ, Rubens. Matemática Financeira com HP12C e Excel. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2008. CRESPO, Antonio Arnot. Matemática comercial e financeira fácil.13. ed. São Paulo: Saraiva Siciliano S/A, 2009. HAZZAN, Samuel; POMPEO, José Nicolau. Matemática financeira. 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2007. MATHIAS, Washington Franco; GOMES, José Maria. Matemática fi- nanceira: com + de 600 exercícios resolvidos e propostos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008 MILONE, Guiseppe. Matemática financeira. São Paulo: Thompson, 2006. NETO, Alexandre Assaf. Matemática financeira e suas aplicações. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009. SAMANEZ, Carlos Patrício. Matemática financeira. 5. ed. São Pau- lo:Pearson Prentice Hall, 2010. TOSI, Armando José. Matemática Financeira com ênfase em produ- tos bancários.Juros simples e compostos:séries uniformes.2. ed. São Paulo:atlas 2007 NETO, Alexandre Assaf. Matemática financeira e suas aplicações. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2012. Anotações Anotações