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Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 9, n° 2, 2016, p (64-141), 2014 ISSN 18088597 OS BENEFÍCIOS DA EQUOTERAPIA A CURTO PRAZO EM UMA CRIANÇA COM PARALISIA CEREBRAL: ESTUDO DE CASO 1 THE BENEFITS OF SHORT TERM EQUOTHERAPY IN A CHILD WITH CEREBRAL PARALYSIS: STUDY OF CASE Cássia Cristina Ferreira de Souza 2 Claudia Karolina Ferreira da Mata² Fernanda A.Vargas de Brito e Alves 3 Mariane Santos Nogueira 4 Rafael Martins Custódio Mendonça 5 Renata Pereira da Cunha 6 Thayza de Paula Araújo 7 Aleandro Geraldo Alves 8 Eduardo Lino de Souza 9 Pedro Henrique Faria Valente 10 Cláudia Oliveira Cusinato 11 Resumo A Paralisia Cerebral (PC) abrange uma série de síndromes não progressivas de distúrbios motores e de postura, que resulta de um dano irreversível no sistema nervoso central em desenvolvimento. A equoterapia é uma técnica fisioterapêutica que utiliza o cavalo como agente promotor de ganhos físicos, psicológicos e educacionais. Este trabalho tem como objetivo identificar os benefícios adquiridos por uma criança com paralisia cerebral após ter praticado doze sessões de equoterapia. Participou do estudo uma criança com paralisia cerebral com dez anos de idade do gênero feminino. Foram realizadas avaliações pré e pós aplicação do método equoterapêutico. Sendo doze atendimentos, um a cada semana todas as 1 Trabalho de conclusão do curso de Fisioterapia da Faculdade Montes Belos. 2 Acadêmicas do 8º período do curso de Fisioterapia da Faculdade Montes Belos. E-mail: cassiacfsouza@hotmail.com; ckfdamata@hotmail.com 3 Fisioterapeuta, Mestre em Genética, Coordenadora e Docente do Curso de Fisioterapia da Faculdade Montes Belos. Email: fernandavargasbra@gmail.com 4 Fisioterapeuta, Esp. em Fisioterapia Neurológica, Docente e Supervisora de Estágios da Faculdade Montes Belos. Email: nogueira.slmb@hotmail.com 5 Fisioterapeuta, Esp. MBA em Gestão de Negócios, Docente e Supervisor de Estágios da Faculdade Montes Belos. Email: rafael- -martins@hotmail.com 6 Fisioterapeuta, Esp. em Fisioterapia Neurológica, Docente da Faculdade Montes Belos. Email: renattinhacunha@hotmail.com 7 Fisioterapeuta, Esp. em Fisioterapia Cardiopulmonar e Terapia Intensiva, docente do curso de Fisioterapia da Faculdade Montes Belos. E-mail: thayza_araujo@hotmail.com 8 Fisioterapeuta, Orientador, Mestre em Genética, docente e coordenador de Estágios do Curso de Fisioterapia Faculdade Montes Belos. Email: aleandrogalves@hotmail.com 9 Fisioterapia, Especialista em Fisioterapia Geral com Ênfase em Fisioterapia Hospitalar. Email: edu_dudu_@hotmail.com 10 Fisioterapeuta, docente da Faculdade Montes Belos, Especialista em Gestão Estratégica em Educação. Email:pedrohenriquefv@bol.com.br 11 Fisioterapeuta, Orientadora, Esp. em Fisioterapia neurológica; docente do curso de Fisioterapia da Faculdade Montes Belos. E-mail: cusinatofisio@yahoo.com.br Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 9, n° 2, 2016, p (65-141), 2014 ISSN 18088597 terças-feiras no período matutino, com duração de trinta minutos cada sessão. A intervenção foi realizada pela fisioterapeuta do local, por um mediador lateral e um auxiliar guia. Para a avaliação pré e pós tratamento foram utilizados seis testes, direcionados a avaliar equilíbrio estático e dinâmico, postura corporal, marcha e independência, todos com resultados negativos antes da intervenção. Na reavaliação três testes mostraram resultados positivos o que mostra uma melhora significativa principalmente na postura corporal, equilíbrio estático, dinâmico e independência. Concluí-se que a equoterapia em curto prazo apresenta benefícios significantes ao tratar uma criança com paralisia cerebral principalmente em relação à postura corporal e equilíbrio, acredita-se que se as sessões não se limitassem e o prazo de tratamento fosse prolongado os benefícios adquiridos seriam ainda maiores. Palavras Chave: equoterapia assistida, paralisia cerebral, equilíbrio postural. Abstract The Cerebral Paralysis (CP) includes a series of syndromes no progressive of motor disturbances and of posture, which results of an irreversible damage in the central nervous system in development. The hypotherapy is a physiotherapist technique that uses the horse as agent promoter of physical, psychological and education earnings. This work has as objective identifies the acquired benefits for a child with cerebral paralysis after having practiced twelve hypotherapy sessions. It participated of the present study a child with cerebral paralysis with twelve years old and feminine gender. Evaluations pre and post the hypotherapeutic methods. They were made twelve sessions being one per week every Tuesday in the mornings, with duration of thirty minutes each session. The intervention was accomplished by the physiotherapist of the place, by a lateral mediator and an assistant guide. For the evaluation pre and post treatment six tests were used, addressed to evaluate the static and dynamic balance, corporal posture, marches and independence, all with negative results before the intervention, in the revaluation three tests showed positive results what shows a significant improvement mainly of corporal posture, static and dynamic balance and independence. We concluded that the short term hypotherapy shows significant benefits when treating a child mainly with cerebral paralysis in relation to corporal posture and balance, we believe that if the sessions were not limited and the period of treatment was prolonged the acquired benefits would be still larger. Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 9, n° 2, 2016, p (66-141), 2014 ISSN 18088597 Key Word: Attended Hypotherapy, Cerebral Paralysis, Postural Balance. Introdução Os casos de paralisia cerebral (PC) estão entre as deficiências de maior ocorrência na infância, chamam a atenção por serem as mais comuns entre crianças que apresentam incapacidade motora. As limitações neuromotoras e sensoriais estabelecidas pela PC conduzem à instalação de padrões anormais de postura e movimento (BRASILEIRO et al, 2009; SILVA & DALTRÁRIO, 2008). Segundo Rotta (2002), a paralisia cerebral foi descrita pela primeira vez em 1843, pelo ortopedista inglês William J. Little, atualmente conhecida como encefalopatia crônica não evolutiva da infância, sendo uma “patologia ligada a diferentes causas e caracterizada principalmente, por rigidez muscular”. A paralisia cerebral é uma série de síndromes não progressivas de distúrbios motores e posturais, que resulta da deterioração irreversível no sistema nervoso central em desenvolvimento (FLETT, 2003). Segundo Ashwal et al (2004) apud Araújo (2007), a cada 1.000 nascidos vivos cerca de três crianças são acometidas de algum tipo de PC. Stokes (2000) mostra que não há um estudo no Brasil conclusivo a respeito, de acordo com a Organização Nacional de Saúde surgem 17000 novos casos por ano. Considera-se como provável que a incidência de PC é alta devido à limitada precaução com as gestantes. Existem diversas causas que podem induzir ao quadro clínico de paralisia cerebral: anóxia cerebral perinatal, principalmente quando é associada à prematuridade, lesão traumática do cérebro no nascimento, geralmente de trabalho de parto prolongado ou uso de fórceps, eritroblastose por incompatibilidade Rh, infecções cerebrais (encefalite) na fase inicial do período pós-natal, desenvolvimento congênito anormal do cérebro, particularmente do cerebelo (FERNANDES& LEITE, 2004). Os fatores etiológicos se devem ao suprimento insuficiente de sangue ou de oxigênio para o cérebro em desenvolvimento, dividindo-se em: pré- natais, perinatais e pós-natais. Porém, a paralisia cerebral é raramente diagnosticada nos primeiros meses após o nascimento, sendo a causa precisa da lesão cerebral em uma criança assiduamente especulativa (SHEPHERD, 2006). Conforme a distribuição do comprometimento motor, a PC é classificada em quadriplégica: membros superiores, membros inferiores e o tronco Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 9, n° 2, 2016, p (67-141), 2014 ISSN 18088597 são acometidos; diplégica: todo corpo é afetado, mas os membros inferiores são mais acometidos que os membros superiores; ou hemiplégica: somente um dos lados do corpo é comprometido. O membro superior é mais comprometido que o inferior e pode ser classificada também em tetraparética, diparética e hemiparética. O termo paresia ou plegia pode ser aplicado indistintamente, o primeiro termo significa paralisia menos acentuada (FONSECA & GAUZZI, 2004). Quanto a movimentos involuntários classifica-se em espástico: aumento do tônus muscular; atetósico: movimentos lentos, suaves acometendo a parte distal dos membros; hipotônico: diminuição do tônus muscular; atáxico: falta de coordenação de movimentos que pode afetar a força muscular e o equilíbrio e a forma mista: onde existe uma combinação entre as manifestações anteriores (STYER- ACEVEDO, 2002). Para obter a reabilitação física e readaptação social das crianças com paralisia cerebral a Fisioterapia vem utilizando métodos alternativos, que trabalhe o paciente de forma holística, englobando vários aspectos importantes, dentre os tratamentos complementares a equoterapia, cujo principal objetivo é a melhora física, social e psíquica dos praticantes (IZIDRO, 2005). A Equoterapia utiliza o cavalo como agente promotor de ganhos físicos, psicológicos e educacionais, juntamente com uma equipe multidisciplinar. Este método busca o desenvolvimento biopsicossocial dos praticantes, contribuindo também para o desenvolvimento da força, tônus muscular, flexibilidade, relaxamento, coordenação motora e equilíbrio (ANDE-BRASIL, 2011-B). Segundo Wickert (1999), ao deslocar-se ao passo o cavalo faz chegar ao cavaleiro uma série de estímulos através de seu dorso. Estes se dão por um movimento tridimensional, isto é, o seu centro de gravidade sofre três deslocamentos: para cima e para baixo, para os lados, para frente e para trás. Ao observar a marcha humana o autor notou que ela é idêntica ao movimento do cavalo ao passo, é este movimento que gera os impulsos que vão ativar o sistema nervoso a produzir respostas para continuar o movimento. [...] “em seu “Livro das Dietas”, Hipócrates da Loo (458-370 a.C.), afirma que a prática da equitação melhora o tônus dos músculos e é indicada principalmente no tratamento da insônia...” (HORNE E CIRILLO, 2005 apud SILVA, 2006, p.19). Silva (2008) mostra a importância da Equoterapia em pessoas com necessidades especiais, estimulando a coordenação motora. Relata também Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 9, n° 2, 2016, p (68-141), 2014 ISSN 18088597 melhora na questão de interação social, coordenação global, equilíbrio estático e dinâmico, orientação espacial e nos aspectos comportamentais e emocionais dos praticantes. De acordo com Aquino (2007), a equoterapia promove uma maior mobilidade da pelve e articulações da coluna, normalização do tônus e melhor controle da cabeça e do tronco. Esses resultados explicam porque algumas crianças com paralisia cerebral, após sessões de equoterapia, andam com maior facilidade, demonstram melhora na função motora global e apresentam maior ganho funcional, em relação a sua independência. Para a implantação do método no Brasil foi criada em 10 de maio de 1989 a Associação Nacional de Equoterapia - ANDE BRASIL. Está é uma sociedade civil de caráter filantrópico, terapêutico, educativo, cultural, desportivo e assistencial sem fins lucrativos, com atuação em todo território nacional, com sede e foro em Brasília – DF, porém só foi reconhecida e declarada como entidade de Utilidade Pública Federal em 20.11.1992 e está registrada no Conselho Regional de Medicina/DF, nº. 763 (ANDE-BRASIL, 2011-A). Em 27 de março de 2008, o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional publicou no Diário Oficial nº. 63, seção1, o reconhecimento da equoterapia como recurso terapêutico (COFFITO, 2008). O presente trabalho propõe constatar se o método equoterapêutico apresenta benefícios após doze sessões em uma criança com paralisia cerebral, além de propiciar maior conhecimento sobre a técnica e seus benefícios com intuito de melhorar o conhecimento geral sobre esta abordagem terapêutica. A equoterapia não busca somente ganhos motores para seus praticantes, mas também o desenvolvimento biopsicossocial permitindo que o paciente evolua as capacidades relacionais juntamente com uma comunicação afetiva e uma maior interação para os praticantes com a sociedade em que vivem. Os objetivos da pesquisa foram identificar os benefícios adquiridos por uma criança com paralisia cerebral após ter praticado doze sessões de Equoterapia no Centro de Equoterapia e Equitação Bosque da Matrinchã – Israelândia-GO; constatar melhora no comprometimento motor e no desempenho da marcha; favorecer os ajustes biomecânicos e tônicos; promover maior independência à praticante; mensurar a melhora do equilíbrio estático e dinâmico e observar os padrões de marcha e postura corporal Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 9, n° 2, 2016, p (69-141), 2014 ISSN 18088597 Metodologia De acordo com Marconi e Lakatos (2010) trata-se de um estudo de caso de caráter quantitativo-descritivo. Foi realizada no Centro de Equoterapia e Equitação Bosque da Matrinchã situado a 8 km da Rodovia GO 060 km 191 no Município de Israelândia-GO onde prestam atendimento às pessoas com deficiências físicas e mentais ou com necessidades especiais, tais como: lesões neuromotoras de origem encefálica ou medular; patologias ortopédicas, congênitas ou adquiridas por acidentes diversos, disfunções sensório motoras, necessidades educativas especiais e distúrbios evolutivos, comportamentais, de aprendizagem e emocionais. Foram realizados doze atendimentos sendo um a cada semana toda terça-feira pela manhã, com duração de trinta minutos cada sessão. Participou do estudo uma criança com Paralisia Cerebral, gênero feminino, com dez anos de idade, sendo esta a primeira vez que se submete a equoterapia. Antes de iniciar as avaliações, o responsável assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (em apêndice), conforme a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Se os pesquisadores percebessem algum risco ou dano à saúde do sujeito participante da pesquisa, suspenderiam imediatamente e se responsabilizariam pelos danos decorrentes da pesquisa, assumindo todas as despesas do tratamento, além do praticante ser segurado pela PROSEG seguros, através da Ande Brasil. Os critérios de inclusão utilizados na seleção da amostra para a pesquisa foram: ter entre 05 e 10 anos, ser portador de paralisia cerebral com seqüelas funcionais motoras relativas à marcha, nunca ter se submetido à técnica equoterapêutica,ter autorização e consentimento do responsável e ter permissão médica. Os critérios de exclusão foram: ser portador de paralisia cerebral com seqüelas motoras não relacionadas com a marcha, apresentar faixa etária maior ou menor que a determinada, ter se submetido à técnica equoterapêutica, não ter consentimento e autorização do responsável e do médico. Os dados foram coletados através de fichas de avaliações já estabelecidas pelo Centro de Equoterapia e Equitação Bosque da Matrinchã (em anexo) e uma ficha de avaliação e reavaliação fisioterapêutica elaborada pelas pesquisadoras (em apêndice), as avaliações foram feitas por uma equipe multidisciplinar e pelas pesquisadoras. Na avaliação médica foi constatado que a voluntária possui hipertonia e fraqueza muscular em cintura pélvica; na avaliação fisioterapeutica foi classificada como Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 9, n° 2, 2016, p (70-141), 2014 ISSN 18088597 diparética espástica, hipertônica, possui pé plano, joelho valgo e deambula com o auxilio da mãe. Foram realizados pelas pesquisadoras os testes de Romberg, Romberg modificado, teste de inclinação frontal do tronco, teste de levante e ande, teste de avaliação da marcha em três metros e teste de avaliação da marcha em cinco metros. Após as avaliações iniciou- se a intervenção baseada na equoterapia. Foi utilizado um cavalo sem raça definida, dez anos de idade, pesando 330 kg, 1,55 metros de altura e três anos de prática de equoterapia, os equipamentos (mantas, estribo, rédea), estratégias e inclusive o cavalo foram direcionados ao perfil da praticante escolhidos pela fisioterapeuta Silvana Paula Santos CREFITO 11-134- 041-F e o equitador Wesley Neves Barros. Ao total foram realizados doze atendimentos sendo um a cada semana toda terça-feira no período matutino, com duração de trinta minutos cada sessão, realizadas pela fisioterapeuta do local acompanhada por um mediador lateral e um auxiliar guia durante as doze sessões. Na primeira sessão foi realizada a apresentação do cavalo à praticante que montava na rampa e apeava na rampa ou solo, a montaria foi realizada sobre a manta com estribo. Ao final de cada sessão a praticante se despedia agradecendo seu cavalo. Os picadeiros utilizados foram o de areia coberto, areia aberto e o de grama aberto. Os programas de exercícios utilizados pela fisioterapeuta foram exercícios de equilíbrio através de atividades que elevam os membros superiores acima dos ombros; alongamentos de extensores e flexores de punho, abdome, paravertebrais, flexores, extensores e adutores de ombro para obtenção de relaxamento; dissociação de cintura escapular através de exercícios que trabalham a rotatividade do tronco com uso de bastão para a melhora no padrão de marcha; fortalecimento de abdome e paravertebrais visando melhora da postura corporal; posição esporte para o fortalecimento dos membros inferiores; fortalecimento de abdutores e flexores de ombro com garrafinhas com areia visando melhora da força; treino de coordenação motora arremessando a bola na cesta; treino de pinça fina utilizando tábuas com velcro, botões, zíper, garrafas com diversas tampas; treino de equilíbrio realizando abdução de ombro, dissociação de cintura escapular e fazendo circuito com cones posicionados no picadeiro; treino de lateralidade com bastão e com a praticante guiando seu cavalo. Logo após o término das doze sessões a fisioterapeuta e as pesquisadoras efetivaram as reavaliações da praticante Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 9, n° 2, 2016, p (71-141), 2014 ISSN 18088597 Para a análise dos dados colhidos foram utilizadas fichas de avaliação e reavaliação elaboradas pelas pesquisadoras (em apêndice), fichas de evolução, avaliação e reavaliação estabelecidas pelo centro (em anexo), imagens e vídeos, em que somente serão divulgados para fins didáticos, de pesquisa e divulgação de conhecimento científico, assim como as informações colhidas, estes materiais ficarão em total sigilo no período de cinco anos em poder das pesquisadoras. Os dados coletados foram divulgados em forma de tabelas feitas no programa Microsoft Excel 2010. Resultados e Discussões Na Tabela 1, apresentam-se as avaliações iniciais, ou seja, antes do tratamento equoterapêutico, na Tabela 2 as avaliações finais ou após o tratamento. Tabela 1 – Avaliações Iniciais TESTES RESULTADOS T1 T2 T3 T4 T5 T6 TOTAL % POSITIVO ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ NEGATIVO X X X X X X 6 N 100%N Legenda: T1: Teste de Romberg; T2: Teste de Romberg modificado; T3: Teste de levante e ande; T4: Teste de inclinação frontal; T5: Teste de marcha em 3 metros; T6: Teste de marcha em 5 metros. N: Negativo; P: Positivo. Tabela 2 - Avaliações Finais TESTES RESULTADOS T1 T2 T3 T4 T5 T6 TOTAL % POSITIVO ___ ___ X ___ X X 3 P 50%P NEGATIVO X X ___ X ___ ___ 3 P 50%N Legenda: T1: Teste de Romberg; T2: Teste de Romberg modificado; T3: Teste de levante e ande; T4: Teste de inclinação frontal; T5: Teste de marcha em 3 metros; T6: Teste de marcha em 5 metros. N: Negativo; P: Positivo. Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 9, n° 2, 2016, p (72-141), 2014 ISSN 18088597 Na tabela 1 foi possível observar que todos os testes realizados mostraram resultados negativos, já na tabela 2 observa-se melhora da praticante de 50%, pois obtivemos resultados positivos após a prática equoterapêutica. Após as doze sessões de equoterapia foi possível observar benefícios significantes como a melhora da segurança da praticante durante as sessões e também ao deambular e sentar sozinha já na quarta sessão. Constatamos a melhora do equilíbrio estático e dinâmico, postura corporal, melhora da independência da praticante e um melhor desempenho na marcha através dos testes com resultados positivos mostrados na tabela 2. Não observamos melhoras significativas quanto ao joelho valgo e o pé plano apresentado pela voluntária. Silva et. al., (2003), afirmam que a integração do cavalo proporciona independência e equilíbrio através do movimento que desloca o ponto de equilíbrio invariavelmente na andadura, ou seja, o movimento tridimensional do cavalo. Observou-se este movimento durante as doze sessões realizadas que mostrou resultados semelhantes com os de Aquino (2007). Ao realizar dois atendimentos por semana totalizando vinte e seis sessões da técnica equoterapêutica observou uma simetria em ambos os membros inferiores, que facilita um maior alinhamento e controle postural durante a marcha, transformando-a em uma marcha mais funcional e viável, maior ganho de funcionalidade em relação a sua independência e ainda encontrou-se também a melhora da mobilidade articular, principalmente em tronco, resultado não encontrado na presente pesquisa. Benda et. al., (2009), mostram que o cavalo com a andadura simétrica ou seja, ao passo, ao deslocar a criança repetidamente para trás através da linha média juntamente com a circunferência do animal fornece aos músculos adutores alongamentos contínuos dos mesmos o que ajuda a diminuir a espasticidade. O autor notou uma melhora significativa na simetria durante a deambulação, quando tratou vinte e cinco crianças com paralisia cerebral com a equoterapia durante seis meses, com duração de apenas dez minutos cada sessão. Os resultadosencontrados na pesquisa corroboram com os de Araújo (2007) que mostra em seu trabalho um ganho expressivo no alinhamento postural, devido à melhora no equilíbrio do tronco. Já Cardillo & Valdiviesso, (2004) ao tratarem uma criança com paralisia Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 9, n° 2, 2016, p (73-141), 2014 ISSN 18088597 cerebral por dez sessões observaram no final de cada sessão de equoterapia que não houve melhora significativa no desempenho motor, mas foi possível observar melhora qualitativa no alinhamento postural. Sterba et. al., (2007), analisaram um grupo heterogêneo de crianças com paralisia cerebral de leve a grave, e notou que andar a cavalo traz benefícios à função motora grossa, especialmente em caminhar, correr e pular. De acordo com o estudo de Zadnikar & Kastrin (2011) médicos e terapeutas podem recomendar a equoterapia como tratamento para melhorar equilíbrio, postura e assim influenciar a melhora da funcionalidade na execução de atividades de vida diária e a qualidade de vida de crianças com paralisia cerebral. Seguindo a mesma idéia Sterba (2006) também concluiu que profissionais da área da saúde podem recomendar a hipoterapia para crianças com paralisia cerebral, pois relatam que é uma terapia eficaz para a reabilitação da função motora grossa. Conclusão Após doze sessões de equoterapia em uma criança com paralisia cerebral foi possível observar benefícios decorrentes do tratamento os quais foram à melhora no comprometimento motor e no desempenho da marcha, pequena alteração no tônus muscular tendendo à normalidade, desenvolvimento da independência, melhora da postura corporal e melhora do equilíbrio estático e dinâmico, apesar de que a avaliação final de equilíbrio permaneceu negativa a praticante conseguiu deambular sem apoio. Acredita- se que seja pelo espasmo ainda presente, porém diminuído nos membros inferiores precisamente nos músculos posteriores da coxa e adutores dificultando ainda mais o equilíbrio da praticante. Resultados de vários autores condizem com os resultados encontrados na pesquisa. Concluí-se então que a equoterapia a curto prazo traz benefícios significantes para uma criança com paralisia cerebral, porém acreditamos que se este prazo fosse prolongado e os atendimentos não se limitassem a uma vez por semana os benefícios do tratamento equoterapêutico seriam ainda maiores. REFERÊNCIAS 1- ANDE-BRASIL, ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EQUOTERAPIA. 2011. A. Disponível em: <http://www.equoterapia.org.br/doutrina.p df>. Acesso em: 03 de fev. 2011. Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 9, n° 2, 2016, p (74-141), 2014 ISSN 18088597 2- ANDE-BRASIL, ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EQUOTERAPIA. 2011. B. O que é? Disponível em: <http://www.equoterapia.org.br/equoterapi a.php.> Acesso em: 31 de mar. 2011. 3- AQUINO, F. J. M. Avaliação dos padrões de marcha e postura corporal dos praticantes de equoterapia com paralisia cerebral. 2007. 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