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Resenha Tempos Modernos

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RESENHA DO FILME: TEMPOS MODERNOS
Carolina Menezes Galvão
O filme “Tempos modernos” aborda as relações de trabalho e os modos de produção após a revolução industrial em que há a passagem do trabalho manual para a produção em série. Várias características do Taylorismo e do Fordismo são expressas no filme, como a divisão e a especialização do trabalho, resultado dos estudos que tentavam determinar o tempo e os movimentos. O filme ainda trabalhar a questão da alienação física e ideológica causada por esses modelos de produção. 
 Os operários se submetiam a uma forma de produção em que não era mais de acordo com suas condições físicas e psicológicas, mas sim uma forma de produção que visavam maior lucro independente das condições dos trabalhadores. Esse fato é retratado no filme onde Carlitos, figura principal, é um operário que trabalha em uma linha de montagem apertando parafusos, com funções limitadas e bem definidas.
Enquanto Carlinhos apertava os parafusos algumas interrupções do meio lhe acontecem, como quando é atacado por uma abelha, fazendo com que perca o ritmo estabelecido e tenha que se apressar para recupera-lo. Essa cena é interessante no sentido de que os incidentes no meio de trabalho não podem ser calculados, como colocado por Schwartz, existe algo que escapa à antecipação e predeterminação da atividade.
Em determinada cena, o filme mostra a questão do aproveitamento do tempo quando testam uma máquina onde seria possível que os operários trabalhassem enquanto comiam, não obtendo sucesso nessa ideia, pois nem mesmo as máquinas conseguem ser tão precisas. Enquanto o trabalhador é humilhado, a preocupação é voltada para o funcionamento da máquina. 
Em razão da quantidade excessiva de movimentos repetitivos, Carlitos acaba tendo uma espécie de “crise nervosa” em que mesmo fora da função industrial, continua efetuando movimentos como se estivesse apertando os parafusos na linha de montagem. Por conta disso, acaba sendo internado e após retornar, encontra a fábrica fechada. 
Em meio ao clima de instabilidade nas ruas devido as péssimas condições de trabalho, Carlitos acaba sendo confundido com líder de movimento comunista e vai parar na cadeia. Nessas cenas é possível se discutir a questão das instituições de segurança pública que trabalham afim de manter uma certa ordem social. Nesse contexto, as greves e manifestações dos empregados eram agressivamente reprimidas pelas autoridades, defendendo dessa forma os interesses capitalistas. 
Após sair da cadeia, a vida dele não será nada fácil, Carlitos não consegue se adequar tão facilmente as funções em outros empregos, de modo que ele então tenta voltar para a prisão onde há pelo menos a garantia de um teto e comida, realçando as condições miseráveis que atravessava a sociedade na época.
O rapaz ainda conhece uma jovem moça que após a morte do pai precisa fugir da polícia para não parar no abrigo. Em condições também bastante difíceis e com fome, a moça vai até a padaria onde rouba um pão e após escaparem da polícia começam a idealizar juntos uma vida de prosperidade, fartura e emprego estável. A realidade é bem diferente disso. 
A jovem precisa trabalhar em um restaurante à noite, e nessa cena podemos pensar no trabalho infantil e na inserção da mulher no mercado de trabalho. Quando parece que há algum tipo de sucesso relacionado ao trabalho, a moça foragida é descoberta. Em meio a tristeza e desespero a moça diz querer desistir, após acompanharmos suas inúmeras tentativas de inserção no trabalho e na sociedade. 
Para além das relações de trabalho, o filme discute a desigualdade social e seus efeitos: miséria, fome, furtos, criminalidade etc. A ideia de felicidade supostamente garantida pelo consumo e prosperidade é imposta a todos, mas apesar dos esforços para cumprir com as demandas de uma sociedade, não há espaço para todos nesses modos de consumo dessa sociedade moderna, onde as camadas populares vão sendo exploradas para a manutenção do conforto de uma burguesia. Talvez o ápice dessa ideia esteja na cena em que Carlitos trabalha em uma loja de móveis, mostrando o acúmulo de bens, enquanto ele a moça não tem onde morar.

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