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1 
 
 
 
 
AD2 – 2019.2 
DISCIPLINA: LITERATURA NA FORMAÇÃO DO LEITOR 
Coordenação: Profª Ana Maria de Bulhões Carvalho 
 
Caro (a) aluno (a): 
Esta é a segunda avaliação a distância deste semestre, uma avaliação individual e 
com consulta. Aproveite a boa ocasião para reforçar seus conhecimentos, 
considerando-a como um estudo dirigido, uma oportunidade de melhorar seu 
rendimento final na disciplina e garantir resultado satisfatório no Curso. 
Esta avaliação será realizada exclusivamente pela plataforma. Para responder às 
perguntas, leia os enunciados das questões e procure ser claro e objetivo na 
elaboração de suas respostas. 
INSTRUÇÕES PARA REALIZAÇÃO DA PROVA 
 Leia no Tutorial da plataforma o passo a passo para a realização 
deste tipo de avaliação on-line. 
 Se tiver alguma dúvida no preenchimento ou na maneira de 
postar a sua prova, consulte a tutoria a distância. 
 Revise tudo antes de enviar. 
Boa prova! 
 
2 
 
 
QUESTÃO 1 (3 PONTOS) 
 
A tradição dos contos infantis surgiu no século XVII, na França, 
organizada pelo poeta e advogado Charles Perrault. As histórias recolhidas por 
Perrault tinham origem na tradição oral e até então não haviam sido documentadas. 
Oito estórias foram contempladas, A Bela Adormecida no Bosque; Chapeuzinho 
Vermelho; O Barba Azul; O Gato de Botas; As Fadas; Cinderela ou A Gata Borralheira; 
Henrique do Topete e O Pequeno Polegar. 
Esta literatura infantojuvenil foi amplamente difundida posteriormente, no 
século XVIII, a partir das pesquisas linguísticas realizadas na Alemanha pelos Irmãos 
Grimm (Jacob e Wilhelm), que revisitaram as histórias do folclore passadas de pai 
para filho. Lendas e fábulas, algumas de origem grega, fazem parte do imaginário 
popular nas quais animais falavam para, por meio de suas histórias, ensinarem o que 
era bom e o que era preciso evitar no comportamento social. 
As narrativas, que podiam ser aterradoras nas versões originais, foram 
sendo amenizadas em suas adaptações posteriores. Quer dizer, esta literatura que 
começou fantástica, inspiradora de medo, aos poucos foi desenvolvendo mais o lado 
mágico, do maravilhoso. Exemplo disso é a história de Chapeuzinho Vermelho, o 
famoso conto da menina que vai levar doces para a vovó doente e acaba sendo 
devorada pelo lobo. 
 Acessehttps://www.grimmstories.com/pt/grimm_contos/capuchinho_vermelho 
para ler o conto Chapeuzinho Vermelho na versão dos Irmãos Grimm. 
 
 Das diversas versões mais atuais, escolhemos como fonte de nossos estudos 
o poema que Chico Buarque dedicou a uma de suas filhas. 
 
Chapeuzinho Amarelo - Chico Buarque 
Era a Chapeuzinho Amarelo 
Amarelada de medo 
Tinha medo de tudo, aquela Chapeuzinho. 
Já não ria 
Em festa, não aparecia 
Não subia escada, nem descia 
Não estava resfriada, mas tossia 
Ouvia conto de fada, e estremecia 
Não brincava mais de nada, nem de amarelinha. 
Tinha medo de trovão 
Minhoca, pra ela, era cobra 
E nunca apanhava sol, porque tinha medo da sombra. 
Não ia pra fora pra não se sujar 
Não tomava sopa pra não ensopar 
Não tomava banho pra não descolar 
Não falava nada pra não engasgar 
Não ficava em pé com medo de cair 
Então vivia parada, deitada, mas sem dormir, com medo de 
pesadelo 
Era a Chapeuzinho Amarelo… 
3 
 
 
E de todos os medos que tinha 
O medo mais que medonho era o medo do tal do LOBO. 
Um LOBO que nunca se via, 
que morava lá pra longe, 
do outro lado da montanha, 
num buraco da Alemanha, 
cheio de teia de aranha, 
numa terra tão estranha, 
que vai ver que o tal do LOBO 
nem existia. 
Mesmo assim a Chapeuzinho 
tinha cada vez mais medo do medo do medo 
do medo de um dia encontrar um LOBO 
Um LOBO que não existia. 
E Chapeuzinho amarelo, 
de tanto pensar no LOBO, 
de tanto sonhar com o LOBO, 
de tanto esperar o LOBO, 
um dia topou com ele 
que era assim: 
carão de LOBO, 
olhão de LOBO, 
jeitão de LOBO, 
e principalmente um bocão 
tão grande que era capaz de comer duas avós, 
um caçador, rei, princesa,sete panelas de arroz… 
e um chapéu de sobremesa. 
Mas o engraçado é que, 
assim que encontrou o LOBO, 
a Chapeuzinho Amarelo 
foi perdendo aquele medo: 
o medo do medo do medo do medo que tinha do LOBO. 
Foi ficando só com um pouco de medo daquele lobo. 
Depois acabou o medo e ela ficou só com o lobo. 
O lobo ficou chateado de ver aquela menina 
olhando pra cara dele, 
só que sem o medo dele. 
Ficou mesmo envergonhado, triste, murcho e branco-azedo, 
porque um lobo, tirado o medo, é um arremedo de lobo. 
É feito um lobo sem pelo. 
Um lobo pelado. 
O lobo ficou chateado. 
Ele gritou: sou um LOBO! 
Mas a Chapeuzinho, nada. 
E ele gritou: EU SOU UM LOBO!!! 
E a Chapeuzinho deu risada. 
E ele berrou: EU SOU UM LOBO!!!!!!!!!! 
4 
 
 
Chapeuzinho, já meio enjoada, 
com vontade de brincar de outra coisa. 
Ele então gritou bem forte aquele seu nome de LOBO 
umas vinte e cinco vezes, 
que era pro medo ir voltando e a menininha saber 
com quem não estava falando: 
LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO 
BO LO BO LO 
Aí, Chapeuzinho encheu e disse: 
“Para assim! Agora! Já! Do jeito que você tá!” 
E o lobo parado assim, do jeito que o lobo estava, já não era 
mais um LO-BO. 
Era um BO-LO. 
Um bolo de lobo fofo, tremendo que nem pudim, com medo de 
Chapeuzim. 
Com medo de ser comido, com vela e tudo, inteirim. 
Chapeuzinho não comeu aquele bolo de lobo, 
porque sempre preferiu de chocolate. 
Aliás, ela agora come de tudo, menos sola de sapato. 
Não tem mais medo de chuva, nem foge de carrapato. 
Cai, levanta, se machuca, vai à praia, entra no mato, 
Trepa em árvore, rouba fruta, depois joga amarelinha, 
com o primo da vizinha, com a filha do jornaleiro, 
com a sobrinha da madrinha 
e o neto do sapateiro. 
Mesmo quando está sozinha, inventa uma brincadeira. 
E transforma em companheiro cada medo que ela tinha: 
O raio virou orrái; 
barata é tabará; 
a bruxa virou xabru; 
e o diabo é bodiá. 
FIM 
(Ah, outros companheiros da Chapeuzinho Amarelo: 
o Gãodra, a Jacoru, 
o Barãotu, o Pão Bichôpa… 
e todos os trosmons). 
1.1 A narrativa poética de Chico se afasta da original em diferentes aspectos. 
Enumere três aspectos que comprovem essa afirmativa e dê exemplos. 
Considere os fatos narrados, o tipo de linguagem e o objetivo final (a moral 
da história). 
1.2 Ressalte duas principais qualidades literárias do texto apresentado por Chico 
Buarque. 
1.3 Como ele transforma os traços do fantástico e do maravilhoso presentes no 
conto original? 
 
5 
 
 
QUESTÃO 2 (2 PONTOS) 
 
O estranho procedimento de dona Dolores – Crônica de Luis Fernando Veríssimo 
Começou na mesa do almoço. A família estava comendo — pai, mãe, filho e filha — e 
de repente a mãe olhou para o lado, sorriu e disse: 
— Para a minha família, só serve o melhor. Por isso eu sirvo arroz Rizobon. Rende 
mais e é mais gostoso. 
O pai virou-se rapidamente na cadeira para ver com quem a mulher estava falando. 
Não havia ninguém. 
— O que é isso, Dolores? 
— Tá doida, mãe? 
Mas dona Dolores parecia não ouvir. Continuava sorrindo. Dali a pouco levantou-se da 
mesa e dirigiu-se para a cozinha. Pai e filhos se entreolharam. 
— Acho que a mamãe pirou de vez. 
— Brincadeira dela… 
A mãe voltou da cozinha carregando uma bandeja com cinco taças de gelatina. 
— Adivinhem o que tem de sobremesa? 
Ninguém respondeu. Estavam constrangidos por aquele tom jovial de dona Dolores, 
que nunca fora assim. 
— Acertaram! — exclamou dona Dolores, colocando a bandeja sobre a mesa. — 
Gelatina Quero Mais, uma festa em sua boca. Agora com os novos sabores framboesa 
e manga. 
O pai e os filhos começaram a comer a gelatina, um pouco assustados. Sentada à 
mesa, dona Dolores olhou de novo para o lado e disse: 
— Bote esta alegria na sua mesa todos os dias. Gelatina Quero Mais. Dá gosto comer! 
Mais tarde o marido de dona Dolores entrou na cozinha e a encontrou segurando uma 
lata de óleo à altura do rosto e falando para uma parede. 
— A saúde da minha família em primeiro lugar. Por isto, aqui em casa só uso o puro 
óleo Paladar. 
— Dolores… 
Sem olhar para o marido, dona Dolores o indicou com a cabeça. 
— Eles vão gostar. 
O marido achou melhor não dizer nada. Talvez fosse caso de chamar um médico. 
Abriu a geladeira, atrás de uma cerveja. Sentiu que dona Dolores se colocava atrás 
dele. Ela continuava falando para a parede. 
— Todos encontram tudo o que querem na nossa Gelatec Espacial, agora com 
prateleiras superdimensionadas, gavetas em Vidro-Glass e muito, mas muito mais 
espaço. Nova Gelatec Espacial, a cabe-tudo. 
— Pare com isso, Dolores. 
Mas dona Dolores não ouvia. 
Pai e filhos fizeram uma reunião secreta, aproveitando que dona Dolores estava na 
frente da casa, mostrando para uma plateia invisível as vantagens de uma nova tinta 
de paredes. 
6 
 
 
— Ela está nervosa, é isso. 
— Claro. É uma fase. Passa logo. 
— É melhor nem chamar a atenção dela. 
— Isso. É nervos. 
Mas dona Dolores não parecia nervosa. Ao contrário, andava muito calma. Não parava 
de sorrir para o seu público imaginário. E não podia passar por um membro da família 
sem virar-se para o lado e fazer um comentário afetuoso: 
— Todos andam muito mais alegres desde que eu comecei a usar Limpol nos ralos. 
Ou: 
— Meu marido também passou a usar desodorante Silvester. E agora todos aqui em 
casa respiram aliviados. 
Apesar do seu ar ausente, dona Dolores não deixava de conversar com o marido e 
com os filhos. 
— Vocês sabiam que o laxante Vida Mansa agora tem dois ingredientes recém- 
desenvolvidos pela ciência que o tornam duas vezes mais eficiente? 
— O quê? 
— Sim, os fabricantes de Vida Mansa não descansam para que você possa 
descansar. 
— Dolores… 
Mas dona Dolores estava outra vez virada para o lado, e sorrindo: 
— Como esposa e mãe, eu sei que minha obrigação é manter a regularidade da 
família. Vida Mansa, uma mãozinha da ciência à Natureza. Experimente! 
Naquela noite o filho levou um susto. Estava escovando os dentes quando a mãe 
entrou de surpresa no banheiro, pegou a sua pasta de dentes e começou a falar para 
o espelho. 
— Ele tinha horror de escovar os dentes até que eu segui o conselho do dentista, que 
disse a palavra mágica: Zaz. Agora escovar os dentes é um prazer, não é, Jorginho? 
— Mãe, eu… 
— Diga você também a palavra mágica. Zaz! O único com HXO. 
O marido de dona Dolores acompanhava, apreensivo, da cama, o comportamento da 
mulher. Ela estava sentada na frente do toucador e falando para uma câmara que só 
ela via, enquanto passava creme no rosto. 
— Marcel de Paris não é apenas um creme hidratante. Ele devolve à sua pele o 
frescor que o tempo levou, e que parecia perdido para sempre. Recupere o tempo 
perdido com Marcel de Paris. 
Dona Dolores caminhou, languidamente, para a câmara, deixando cair seu robe de 
chambre no caminho. Enfiou-se entre os lençóis e beijou o marido na boca. Depois, 
apoiando-se num cotovelo, dirigiu-se outra vez para a câmara. 
— Ele não sabe, mas estes lençóis são da nova linha Passional da Santex. Bons 
lençóis para maus pensamentos. Passional da Santex. Agora, tudo pode acontecer… 
2.1 Quais os elementos singularizantes da prosa que há no conto, e como 
podem ser descritos? Quem são os personagens, o local, o tempo, os fatos 
principais do enredo? Fale de cada um deles separadamente. 
 
7 
 
 
2.2 a) Quais as principais características da crônica como forma literária que se 
encontram mais fortes neste texto de Veríssimo? 
 
2.2 b) A que aspecto do comportamento humano se dirige fortemente a crítica do 
texto? 
 
QUESTÃO 3 (2 PONTOS) 
 
Diário de bordo 
Esta é uma atividade dinâmica. 
Vá à plataforma, na sala de Literatura na formação do Leitor, na aba à esquerda, 
embaixo; clique em “Diários” e realizea tarefa que está sendo pedida. 
Você pode escrever seu diário aqui mesmo ou fazê-lo diretamente na seção 
específica da plataforma. 
 
QUESTÃO 4 (3 PONTOS) 
 
Leia o conto abaixo: Até logo, mamãe – do mineiro Wander Piroli. 
 
Mamãe está deitada em cima da mesa da copa. Um lençol branco cobre mamãe, 
cobre a cabeça toda. Tia Mafalda está de pé junto à mesa, com sua obstinada cara de 
pedra. A sala está vazia, seis cadeiras vazias ao longo da parede. Tia Mafalda sabe 
que cheguei. Estou encostado na porta da cozinha, o paletó debaixo do braço. 
– Tia Mafalda. 
Ela vira lentamente a cara de pedra e sem me olhar, mas me vendo todo, ergue a mão 
para que eu me cale. Agora começa a se mover na minha direção. 
– Lavínia está dormindo. 
Aproxima-se, afasto-me para o lado, ela passa. 
– Mamãe está morta. 
– Venha ver, Luiz. 
Acompanho-a até o quintal. Aponta um monte de terra vermelha debaixo da parreira 
de uva. Uma cova. 
– É para Lavínia. 
– Ora, tia. 
– Lavínia vai ficar aqui. 
– Mamãe deve ir para o cemitério. 
– É uma ordem dela. 
– A senhora sabe que não pode. 
Tia Mafalda quase sorri. Um sorriso que não é sequer de desdém. 
– Quem fez a cova? 
– Nós duas. 
– Mamãe também? 
– É 
– Mas ela não estava doente? 
– Foi antes. 
– Mamãe sabia que ia morrer? 
– Sempre soube. 
– Que horas que foi? 
– Anteontem à noite. 
– Então tem dois dias. 
– Ela queria que você viesse. 
– Não acredito. 
Ela me olha com enfado. 
– Lavínia ditou o telegrama. 
– Tia. 
8 
 
 
– Agora vamos, Luiz. Lavínia está lá sozinha. 
Passamos pela coberta do tanque, pela cozinha, estamos novamente na sala vazia. 
– Não veio ninguém? 
Tia Mafalda pega o lençol e descobre o rosto de mamãe. O mesmo rosto fanático de 
cinco anos atrás. O mesmo lenço preto para camuflar a calvície repugnante. 
– Beije-a. 
– Não adianta, tia. 
– Luiz. Beije-a. 
– Espera. 
– Lavínia pediu. 
– Para com isso. 
– Depressa, Luiz. 
Olho dentro da cara de pedra. 
– Lavínia está esperando, Luiz! 
Debruço-me sobre mamãe. Ela está abrindo os olhos, recuo. Tento afastar-me, tia 
Mafalda me segura pelo braço. 
– Vamos, Luiz. 
– Não posso. 
Tia Mafalda me fala com voz rouca, a mesma voz rouca de mamãe: 
– Vem cá, menino. 
Inclino-me penosamente sobre a mesa.Tia Mafalda me pressiona a nuca até ter 
certeza de que minha boca toca a face murcha de mamãe. 
– Pronto, Luiz. 
– Mamãe ainda está quente. 
– Sim. 
– A senhora não disse que ela morreu anteontem? 
– Lavínia estava te esperando. 
Tia Mafalda cobre o rosto de mamãe com o lençol 
– Agora me ajude. 
Ela pega o corpo numa extremidade e eu na outra. Quase não pesa. Passamos com 
mamãe pela cozinha, pela coberta do tanque até a parreira de uva. Colocamos o 
corpo ao lado da cova. Tia Mafalda passa a corda pelas pernas de mamãe. Baixamos 
um lado de cada vez. 
– Está bem, Luiz. – Tia Mafalda enterra a pá no monte de terra vermelha. – Agora 
pode ir. 
Passando pela cozinha, escuto o golpe surdo da terra atirada sobre o corpo de 
mamãe. Atravesso a copa nua, o corredor, o alpendre. Abro o portão de grade, saio 
para a rua. Ouço um ranger familiar no alpendre. Sigo em frente para não ver mamãe 
e tia Mafalda nas velhas cadeiras de vime. 
 
4.1 Que característica da linguagem literária surge mais fortemente neste conto? 
Dê exemplo. 
4.2 Por que se pode dizer que se trata de um conto fantástico? 
4.3 Como você resumiria este conto?

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