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Relatório: Cinética enzimática Guilherme Yudi Sagawa, Mairon Oliveira de Lima, Pedro Henrique Gurgel 9 de setembro de 2019 Introdução Enzimas são compostos proteicos que desempenham função catalisadora de reações relacionadas ao me- tabolismo biológico, diminuindo a energia de ativação e aumentando a velocidade das reações. Desse modo, estudos de cinética química exploram a atuação das enzimas nos sistemas biológicos e como elas afetam a velocidade de conversão do substrato em produto. Um dos métodos para se abordar a cinética química de uma enzima na reação são os gráficos propostos por Leonor Michelis e Maud Menten, que consistem em, a partir de um gráfico V (velocidade de reação) em função de [S] (concentração de substrato), extrair a Vmax e oKm (constante de Michaelis-Menten). Contudo, a linearização desse método é mais utilizada, pois facilita a interpretação dos dados obtidos. A esse método se dá o nome de gráfico de Lineweaver-Burk, que se baseia na construção de um gráfico da recíproca da velocidade (1/V) em função da recíproca da concentração de substrato (1/[S]). Objetivos Estudar as influências das concentrações de enzima (invertase de levedura) e substrato (sacarose) nas ve- locidades de uma reação enzimática, examinar as curvas obtidas experimentalmente e calcular os parâmetros cinéticos. Materiais e métodos – Ácido 3,5-dinitrosalicílico (DNS; 40,0 mL; 14 g/L) – Banho maria (35 ◦C e 100 ◦C) – Cronômetro – Espectrofotômetro – Invertase de levedura (3,5 mL; 20 mg/L e 3,0 mL; 40 mg/L) – Gelo – Sacarose 5% (10,6 mL) – Solução padrão redutora (SPR; 3,0 mL; glicose 6 mM e frutose 6 mM) – Tampão acetato pH 4,77 (19,8 mL; 0,02 M) 1 Resultados e discussões Pelos dados obtidos no experimento A, foi possível construir a curva-padrão (Figura 1) da absorbância a 540 nm em função do número de mols de solução padrão redutora (SPR), a partir do qual será obtido o número de mols de sacarose hidrolisada para cada um dos experimentos subsequentes. Figura 1: Gráfico da absorbância a 540 nm em função da quantidade de SPR, que é diretamente proporcional à quantidade de sacarose hidrosada numa relação 1:1. A absorbância no eixo y corresponde à corrigida, isto é, à absorbância medida subtraída pela absorbância do tubo branco. Nos casos em que o valor resultante é negativo, foi considerado que a absorbância corrigida é igual à do tubo branco, uma vez que não faria sentido uma mistura absorver algo negativamente. O mesmo tratamento foi feito para os demais gráficos. A curva de tendência utilizada para regressão foi linear (lei de Lambert-Beer), porém ajustada para que esta intercepte o eixo y na origem. Com a equação da reta obtida, é possível calcular o número de mols de sacarose hidrolisada para os demais experimentos a partir da absorbância corrigida para cada tubo de ensaio, o que permite calcular a velocidade da reação como número de µmol dividido pelo tempo em que a reação ocorreu. Para o experimento B, no qual foi variada a concentração da enzima invertase em cada tubo, a velocidade da reação foi obtida levando-se em conta a absorbância medida e o tempo de reação (5 minutos). A curva de tendência para o gráfico da velocidade em função da concentração de enzima (Figura 2) foi obtida pela regressão linear dos pontos com intercepto na origem, visto que a velocidade de reação aumenta linearmente com a concentração de enzima enquanto houver substrato em excesso. O coeficiente de determinação (R2) observado para a curva foi menor que o observado para a curva-padrão, o que pode ter sido causado pelo outlier de 18 µg/L. No experimento C, foi utilizada a concentração percentual de 5% fornecida no rótulo para fazer um gráfico (Figura 3) análogo ao do experimento B, devido ao fato de não constar no protocolo se a porcentagem em questão se referia a massa por volume, massa por massa ou volume por volume. Como sabemos que a velocidade da reação aumenta exponencialmente com a concentração de substrato ([S], %) até que se atinja a saturação enzimática, a curva de tendência aproximada foi logarítmica em vez de linear e, portanto, não foi possível interceptá-la na origem, pois não existe log(0). A partir dos dados obtidos no experimento C, é possível construir o gráfico de Lineweaver-Burk, também chamado de dupla recíproca (Figura 4), que nos permite encontrar os valores para a constante de Michaelis- Menten (Km, %) e a velocidade máxima (Vmax, µmol/min): 1 V = km Vmax 1 [S] + 1 Vmax 2 Figura 2: Gráfico da velocidade da reação em função da concentração de massa de enzima. Figura 3: Gráfico da velocidade da reação em função da concentração percentual de sacarose. Como dois pontos tiveram velocidade de reação considerada 0 (absorbância corrigida igual ao do branco), eles tiveram de ser ignorados para a construção do gráfico, pois não existe divisão por 0. Pela equação da reta obtida, encontraram-se Vmax = 8, 69× 10−1 µmol/min e Km = 7, 5%. Conclusões Pelos experimentos realizados, pudemos perceber as diferentes maneiras pela qual a velocidade de reação pode ser variada com as concentrações no meio reacional, bem como sua velocidade máxima e constante de Michaelis-Menten (Km) associadas ao processo. Verificou-se que a velocidade da reação varia proporcional- mente à concentração de enzimas, no entanto tende a uma assíntota horizontal à medida que se concentra substrato no meio. Tal fenômeno se deve ao fato de, em menor quantidade, as enzimas atuarem apenas sobre parte do substrato. Por outro lado, os experimentos realizados talvez possam não ser suficientes para atestar os resultados encontrados. No experimento B, por exemplo, foi possível ver como a curva de tendência aproximada não coincidia satisfatoriamente com os pontos obtidos, enquanto no gráfico da dupla recíproca foi necessário descartar dois dos seis pontos devido à inexistência de divisão por 0 (absorbância igual ou menor à da solução branca). 3 Figura 4: Gráfico do inverso da velocidade da reação em função do inverso da concentração percentual de sacarose. Para o cálculo da concentração da sacarose, foi utilizado o valor percentual por conta da indisponibilidade da concentração em matéria, o que afetou a unidade doKm encontrado e impossibilita sua comparação com a literatura. Ademais, teria sido necessário utilizar uma concentração maior de sacarose para que a velocidade máxima na saturação enzimática pudesse ser visualizada na Figura 3, o que novamente sugere que os tubos de ensaio preparados foram insuficientes. Referências [1] Lineweaver, H; Burk, D. The determination of enzyme dissociation constants. Journal of the American Chemical Society. 56 (3): 658666. doi:10.1021/ja01318a036, 1934 [2] Transformações de Unidades de Concentração. Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Unicamp. 4 Referências