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Resistência dos Materiais I AULA 1- CONCEITOS DE TENSÃO E DEFORMAÇÃO Prof. Dra. Elaine Albuquerque Depto de Engenharia Civil UFRR Hipóteses na análise elástica de tensões deformações: 1. O material tem comportamento elástico: é quando um corpo que sujeito a forças externas, retorna completamente a sua forma inicial quando as forças são retiradas (no fim do descarregamento ε = 0) 2. O material tem comportamento elástico linear: a relação ente tensão e deformação é linear σ ε E ε σ carregamento descarregamento Comportamento elástico não-linear Comportamento elástico linear 1- Conceito de Tensão e Deformação 1.1- Introdução 3. O material é homogêneo: todos os pontos do corpo têm as mesmas propriedades, ou seja, seguem as mesmas equações 4. O material é isótropo: as propriedades elásticas (E e n) são iguais em todas as direções. 5. Há continuidade dos deslocamentos: os deslocamentos de nós vizinhos são iguais, não há falhas internas ou fraturas 6. Os deslocamentos e as deformações são pequenos 1.1- Introdução (cont...) • Seja um corpo em equilíbrio sujeito a um conjunto de forças. • Se separarmos o corpo em duas partes (A e B) através de um corte qualquer, para que cada parte permaneça em equilíbrio devem aparecer no CG da seção do corte forças internas ( e ) equivalentes à parte que foi retirada. Assim cada parte fica em equilíbrio separadamente. C: CG da seção do corte C Fx Fy Fz : vetor da força resultante no CG, devido à parte que foi retirada Fx, Fy, Fz :componentes de F em x, y e z m PARTE A (em equilíbrio) F m F m F 1.2- Revisão de Mecânica das Estruturas (Esforços Simples) C F Fx Fy Fz m PARTE A (em equilíbrio) e são obtidos reduzindo as forças da parte B ao CG da seção do corte na parte A. As forças internas e no CG da seção da parte B são iguais em módulo, mas têm sentidos contrários à força e o momento na seção da parte A (se as forças externas de A e B se equilibram, as forças internas de A e B também devem se equilibrar). F m F m F m 1.2- Revisão de Mecânica das Estruturas (Esforços Simples) C F Q N Seção S São obtidos decompondo a força e o momento que atuam no CG da seção S do corte em 2 componentes: uma perpendicular ao plano do corte (força e momento ) e outra no plano do corte (força e momento ). N T Q M F m DECOMPOSIÇÃO DA FORÇA DECOMPOSIÇÃO DO MOMENTO 1.2- Revisão de Mecânica das Estruturas (Esforços Simples) C F Q N Seção S C m M T Seção S N T Q M Esforços simples atuantes na seção S Pode ser feito reduzindo as forças da parte A para o CG da seção na parte B ou reduzindo as forças da parte B para o CG da seção na parte A (escolhe-se o lado que der menos trabalho para calcular). Cálculo dos esforços em uma seção S qualquer da estrutura: S F1 F2 RH Rv S F1 F2 Rv Pelas forças da direita: Pelas forças da esquerda: 1.2- Revisão de Mecânica das Estruturas (Esforços Simples) N Esforço Normal Q T M Esforço Cortante Momento Torçor Momento Fletor 1.3- Tensão Conceito de Tensão Seja um corpo em equilíbrio sujeito a um conjunto de forças. Se fizer um corte paralelo ao eixo yz, aparecerão nos pontos do corte forças internas devido à parte que foi retirada. Assim cada parte fica em equilíbrio separadamente. P: ponto qualquer do corte ∆A: área na vizinhança de P, de normal paralela a x ∆F: vetor da força resultante em ∆A, devido à parte que foi retirada z y x F F F F ∆Fx, ∆Fy, ∆Fz :componentes de ∆F em x, y e z 1.3- Definição de Tensão P ∆F ∆Fx ∆Fy ∆Fz ds dF A F limt 0A P ∆F ∆Fx ∆Fy ∆Fz Força média (por unidade de área) em ∆A é t = vetor de tensão em P A F xz xy x t A F lim x 0A xxx tensão normal em P A F lim y 0A xyxy tensão cisalhante em P na direção y A F lim z 0A xzxz tensão cisalhante em P na direção z 1.3- Definição de Tensão (cont.) σij 1º índice (i) indica o eixo que é perpendicular à face onde atua a tensão 2º índice (j) indica a direção da tensão Como a tensão reflete a ação que consiste de uma força distribuída contínua agindo sobre a seção transversal em P, a unidade de tensão no SI é dada por N/m2, também conhecida como Pascal (Pa). Como esta unidade é pequena no contexto dos materiais estruturais, usualmente utilizam-se prefixos como quilo, mega e giga, ou seja, kPa, MPa e GPa, respectivamente. 1.3- Definição de Tensão (cont.) Um ponto P qualquer de um sólido é representado por um cubo de dimensões infinitesimais (dx, dy, dz). O estado de tensões em P é definido pelas tensões que agem em 3 faces perpendiculares do cubo. dx dz dy σx σy σx σy σz σz x Tensor de tensões em P zzyzx yzyyx xzxyx ou zzyzx yzyyx xzxyx [σ] é simétrico: yzzy xzzx yxxy 1.3- Definição de Tensão (cont.) Tensor das tensões σij 1º índice (i) indica o eixo que é perpendicular à face onde atua a tensão 2º índice (j) indica a direção da tensão zx zy dx dz dy σx σy σx σy σz σz x yx Convenção de sinais: σ > 0 se produzir tração σ < 0 se produzir compressão Se σ de tração for no sentido positivo do eixo 0 Se for no sentido do eixo 0 Se for no sentido contrário do eixo Se σ de tração tiver o sentido contrário do eixo: 0 Se for no sentido do eixo 0 Se for no sentido contrário do eixo 1.3- Definição de Tensão (cont.) Corpo submetido apenas a uma tensão normal Barra em equilíbrio sujeita a 2 forças P (de tração ou compressão) nas suas extremidades Se fizer um corte em a P P P F A = área na seção do corte F = Força interna que age na seção do corte F > 0 se P é de tração F < 0 se P é de compressão Tensão normal no corte A P Obs: todas as outra componentes de tensão são nulas 1.3- Definição de Tensão (cont.) Exercício 1: A barra na fig. abaixo tem largura constante de 35 mm e espessura de 10 mm. Determine a tensão normal média máxima na barra quando ela é submetida à carga mostrada. R=85,7 MPa Exercício 2: A peça fundida mostrada abaixo é feita de aço cujo peso específico é γ=80 kN/m³. Determine a tensão de compressão média que age nos pontos A e B. R P=8,04 kN σ = 64,0 kN/m² Exercício 3: A luminária de 80 kg é sustentada por duas hastes, AB e BC como mostrada abaixo. Se AB tiver diâmetro de 10 mm e BC de 8 mm, determine a tensão normal média em cada haste. R= 7,86 MPa (BC) R= 8,05 MPa (BA) Corpo submetido apenas a uma tensão de cisalhamento A parte superior do corpo está sendo arrastada por uma força P: o corpo está sendo cisalhado. Se fizer um corte separando as 2 partes A = área na seção do corte V = Força interna que age na seção do corte Tensão cisalhante média no corte A P A V m 1.3- Definição de Tensão(cont.) Corpo submetido apenas a uma tensão de cisalhamento (cont.) Exemplo: O rebite, que une 2 corpos que estão sendo tracionados, é cisalhado na interface que une os 2 corpos: rebite Se fizer um corte na interface de união das 2 chapas A = área do rebite na seção do corte V = Força interna que age na seção do corte Tensão cisalhante média no corte A P A V m 1.3- Definição de Tensão (cont.) Exercício 1: O elemento inclinado está submetido a uma força de compressão de 3.000 N. Determine a tensão de compressão média ao longo das áreas de contato lisas definidas por AB e BC e a tensão de cisalhamento média ao longo do plano horizontal definido por EDB. Exercício 1: O elemento inclinado está submetido a uma força de compressão de 3.000 N. Determine a tensão de compressão média ao longo das áreas de contato lisas definidas por AB e BC e a tensão de cisalhamento média ao longo do plano horizontal definido por EDB. (Resposta) N/mm 20,1 4050 400.2 (Resposta) N/mm 80,1 4025 800.1 2 2 BC AB (Resposta) N/mm 60,0 4075 800.1 2 méd Tensões admissíveis; fator de segurança Para garantir a segurança de uma estrutura, é necessário escolher uma tensão admissível que restrinja a carga aplicada, a uma que seja menor que aquela que a estrutura possa suportar. Grosso modo, é isso que as normas técnicas recomendam em seus equacionamentos. Há vários motivos para isso: 1.3- Definição de Tensão (cont.) - Imprecisão de cálculo; - Imperfeições oriundas do processo de fabricação; - Variabilidade nas propriedades mecânicas dos materiais; - Degradação do material, etc. Uma das maneiras de especificar a tensão admissível é definir um coeficiente de segurança dado por: As tensões de ruptura e escoamento são determinadas experimentalmente e o coeficiente de segurança é selecionado baseado no tipo de estrutura e suas aplicações. Significado físico da deformação Quando uma força é aplicada a um corpo, tende a mudar a forma e o tamanho dele. Tais mudanças são denominadas de DEFORMAÇÃO. A deformação pode ser imperceptível em materiais estruturais, sendo necessários equipamentos para fazer medições em experimentos relacionando a deformação com tensões que atuam no interior dos corpos ou cargas aplicadas. 1.4- Definição de Deformação Portanto, a deformação é a mudança de forma do sólido. É dada pela variação dos deslocamentos num sólido. Contudo, se todos os pontos do sólido têm o mesmo deslocamento, não há variação dos mesmos e, portanto, não há deformação. Diz-se então, que o sólido possui movimento de corpo rígido. u0 v0 x y Posição inicial Posição deslocada Todos os pontos da barra se deslocam de u0 na direção x e v0 na direção y Deformação linear ou específica (ε) Barra sujeita à força axial P (de tração) na sua extremidade: a barra sofre um alongamento ∆L. ∆L L L = comprimento inicial da barra Deformação linear (ε) = alongamento por unidade de comprimento L L (grandeza adimensional, normalmente expressa em mm/mm ou em %) ∆L = alongamento da barra se P é de compressão ε < 0 a barra sofre contração se P é de tração ε > 0 a barra sofre alongamento 1.4- Definição de Deformação (cont.) 1.4- Deformação Específica No caso de uma barra com comprimento L e seção transversal de área constante A, a deformação específica ε mantém um valor constante que pode ser calculado por: Deformação específica 1.4 Deformação Específica Deformação Específica sob Carga Axial No caso de uma barra com comprimento L e seção transversal de área variável a tensão normal σ = P/A também varia ao longo da barra. Torna-se necessário definir a deformação específica em um determinado ponto Q , considerando um pequeno elemento de comprimento inicial Δx. Chamando de Δδ à deformação do elemento sob a ação do carregamento, vamos definir a deformação específica normal no ponto Q : Deformação linear ou específica (ε) (cont.) Se o corpo se deforma nas direções x, y e z sendo: x u x y v y z w z Deformação linear na direção x Deformação linear na direção y Deformação linear na direção z u: deslocamento na direção x v: deslocamento na direção y w: deslocamento na direção z 1.4- Definição de Deformação (cont.) Exemplo Exemplo Uma estrutura construída a partir de um tubo vazado circular de alumínio suporta uma carga de compressão de 26 kips. Os diâmetros interior e exterior do tubo são de 4,0 in e 4,5 in, respectivamente, e o seu comprimento é de 16 in. O encurtamento do tubo devido à carga é medido como 0,012 in. Determine a tensão de compressão e a deformação no tubo. (Desconsidere o peso próprio do tubo, e assumir que a base não deforma sob a atuação a carga.) 1.4 Deformação Transversal Se σ de tração tiver o sentido contrário do eixo: 0 Se for no sentido do eixo0 Se for no sentido contrário do eixo Se σ de tração for no sentido positivo do eixo 0 Se for no sentido do eixo 0 Se for no sentido contrário do eixo Deformação angular (ou cisalhante ou tangencial) (g): Mudança de ângulo ocorrida entre dois segmentos de reta originalmente perpendiculares entre si. Elemento infinitesimal sujeito a tensões cisalhantes: Se a deformação angular ocorre no plano yz: z v y w yz No plano xy: x v y u xy g no plano xz: x w z u xz yz γ alteração angular que ocorre nos ângulos inicialmente retos (o ângulo BAC que era reto foi reduzido de g) A C B’ D’ 90 deformação ou A B C D 1.4- Definição de Deformação (cont.) Uma chapa é deformada até a forma representada pelas linhas tracejadas mostradas na figura ao lado. Se, nessa forma deformada, as retas horizontais na chapa permanecerem horizontais e seus comprimentos não mudarem, determine (a) a deformação normal ao longo do lado AB e (b) a deformação por cisalhamento média da chapa em relação aos eixos x e y. Exercício 1: Solução: Parte (a) A reta AB, coincidente com o eixo y, torna-se a reta AB’ após a deformação. Logo, o comprimento da reta é: Portanto, a deformação normal média para AB é: O sinal negativo indica que a deformação causa uma contração de AB. mm 018,24832250' 22 AB (Resposta) mm/mm 1093,7 250 250018,248' 3 méd AB ABAB AB Parte (b) Como observado, o ângulo BAC entre os lados da chapa, em relação aos eixos x, y, que antes era 90°, muda para θ’ devido ao deslocamento de B para B’. Visto que , então é o ângulo mostrado na figura. Assim, ' 2 xy xy (Resposta) rad 0121,0 2250 3 tg 1 xy
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