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ART PRODUCÃO TEXTUAL HISTORIA DO DIREITO CIVIL NO BRASIL

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HISTÓRIA DO DIREITO CIVIL NO BRASIL
Em 1804, surgiu o código civil francês que marcou o início da codificação do direito privado. A premissa central era o patrimônio, a ideologia era a de que a lei (o código civil) responderia a todos os anseios da sociedade e ele deveria ser imutável, perene.
Em meados do século XIX (1850), o Brasil começou a se codificar, mas o código civil Francês já estava 100 (cem) anos à frente, pois no ano de 1899, Clovis Beviláqua redigiu o anteprojeto do código civil que só foi aprovado em 1916, entrando em vigor no ano seguinte 1917. 
As leis foram criadas para organizar a sociedade, estabelecendo regras o que cada indivíduo poderia ou não fazer. Eram as leis que determinavam o que era certo e o que era errado. Inicialmente as leis partiam de princípios religiosos e tinha por objetivo legitimar tornar legal e aceitável a sociedade tal como ela era. Muito deste código é a ideologia da França. Tecnicamente era um código muito bem feito, a sensação era a de um código universalista, que resolveria a questão social.
O século XX foi o século que a humanidade mais se transformou: o avanço tecnológico, a reconstrução das bases geopolíticas no mundo, as revoluções socialistas, o surgimento do movimento feminista etc.
A sociedade de todo o mundo conheceu “o caso das codificações”, na Europa, após a 1ª Guerra de 1918 – tratado de Versalhes, no Brasil, após a década de 30.
O “caso das codificações” retrata o período em que o código começa a perder o status de que ele resolveria todos os litígios sociais. Assim surgiu o processo de descentralização ou descodificação do direito civil, isso ocorreu porque as leis especiais (microssistemas jurídicos) começaram a surgir.
Percebeu-se que o código tinha vantagens, pois transmitia segurança à sociedade, mas trazia também desvantagens que engessavam os direitos e suas normas. O código não podia conter todas as normas especificamente necessárias para a vida social, porque as relações tornavam-se cada vez mais complexas devido às evoluções históricas e sociais.
Assim, ao lado do código civil/16, várias outras leis especiais foram criadas (Ex: CDC, ECA, lei de registro público, de investigação de paternidade, etc.) formando um polissistema. Saímos, portanto, de um monossistema para um polissistema.
O Código civil -16, ao longo do século XX foi perdendo sua importância e o anteprojeto do código civil de 2002 começou a ser escrito a partir do ano de 1969, na ditadura, por Miguel Reale, e em 1997 foi modernizado devido à influência da Constituição Federal - 88.
De 1997 a 2002, quase toda doutrina acreditava na impropriedade da codificação. Quando surgiu, o Código Civil de 2002 foi de encontro com todo esse pensamento de descodificação do direito civil e entrou em vigor em 11/01/03.
Atualmente, muitas matérias do direito civil não estão no código, mas em leis especiais, devido a esse processo histórico de descodificação. Por isso, muitas vezes é difícil interpretar uma questão jurídico-civil, pois temos um mosaico normativo complexo. Entretanto, existe um vetor matricial de análise, o que nos obriga a entender o processo de constitucionalização do direito civil. Esse processo foi sedimentado nas constituições anteriores e não foi um privilégio da Constituição Federal de 88. Mas, indiscutivelmente, ele foi consagrado pela nossa Carta Magna.
A constitucionalização é a emigração dos institutos fundamentais como: contrato, família, propriedade e empresa do direito civil para a Constituição Federal de 88. Então, temos que a Constituição Federal é o vetor matricial de interpretação de toda a legislação civil infraconstitucional (Código Civil e leis especiais).
O Código Civil de 2002 foi um marco na evolução do direito civil, mas a constitucionalização foi a grande revolução silenciosa. Todo aquele polissistema formado ganhou unidade harmônica baseada na Constituição Federal. Nessa trajetória histórica entre 1804 e 2016, o direito civil evoluiu saindo de um referencial técnico formal voltado ao patrimônio para colocar suas atenções na pessoa humana.
O direito civil tutela o indivíduo em suas relações privadas, tendo em vista os valores sociais e não, friamente, o patrimônio. Com a constitucionalização, o direito supracitado passou a ser permeado por normas de ordem pública que valorizam princípios constitucionais. Tanto que, o Código Civil é informado por três princípios básicos: socialidade (os institutos de Direito Civil são interpretados na perspectiva da sua função social), eticidade (valoriza a boa-fé objetiva) e operabilidade (o sistema do código civil é aberto, permeado por cláusulas gerias que permitem flexibilização na interpretação da norma, possibilitando a sua aplicação ao caso concreto).
Esse processo também alterou um princípio marcante no direito civil, o principio da autonomia privada, antes denominada “autonomia da vontade”. A autonomia da vontade era um postulado absoluto, acompanhada por uma ideologia individualista em que o homem agia livremente, conforme os seus desígnios. A vontade era materializada com um fim em si mesma.
A autonomia privada surgiu após a “crise da vontade”, assim, ao ser limitado pelos três princípios citados acima e de sofrer influência do Estado (dirigismo contratual), a vontade passou por uma contenção. Atualmente, esse princípio possui um conceito mais amplo e indica que a autonomia é do indivíduo e não da vontade, o que nos obriga a flexibilizar o rigor do cumprimento daquilo que foi contratado para que sejam garantidos valores fundamentais, sempre com vistas à promoção da dignidade humana.
Desde a Roma Antiga haviam normas que regulamentavam as relações no Direito Romano, chamado de direito quiritário ou de ius civile, ele teve grande importância na constituição do direito quando permitiu que uma parte de seu conteúdo fosse elaborada por meio de um acordo entre particulares, adaptando-se às necessidades econômicas. Ainda que seja de conhecimento de poucos, o direito romano influenciou bastante na construção do código civil brasileiro, principalmente no que diz respeitos às sucessões e obrigações.
REFERÊNCIAS
CAPELLA, Juan Ramón. Fruto Proibido: Uma aproximação histórico-teórica ao estudo do Direito e do Estado. 1ª Edição. São Paulo: Livraria do Advogado, 2002.
 MACIEL, José Fábio Rodrigues. História do Direito: Direito Romano, Justiniano. 4ª edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2010.
 
Clovis Bevilaqua (1927). Código Civil dos Estados Unidos do Brasil. commentado. 6 3 ed. Rio de Janeiro: F. Alves.
Roberto, Giordano Bruno Soares (2008). Introdução à história do direito privado e da codificação. uma análise do novo código civil 2 ed. Belo Horizonte: Del Rey. 110 páginas
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