Prévia do material em texto
Enxertos cutâneos Introdução Características da Pele: Função: proteção física, química e microbiológica, regulação térmica do corpo humano. Espessura: 1 a 4 mm. Enxerto: É um fragmento de tecido transposto de uma área doadora para uma receptora de modo a nutrir-se a partir do leito receptor sem pedículo vascular definido (avascularizado). ≠ Retalho: Fragmento de tecido transposto com nutrição a partir de um pedículo vascular definido (então existe um grupo de artérias e veias que nutrem esse tecido). Retalho microcirúrgico: utiliza-se tecidos a longa distância. Angiossomos: blocos de tecido que são nutridos pelo mesmo vaso. Contratura: Devido a presença de colágeno e elastina na derme, o enxerto apresentará contração: Primária: Secundária à ação imediata da elastina sobre o fragmento removido do organismo. Quanto maior o enxerto (em espessura), maior contração primária. 40% (fibras elásticas). Diminui o tamanho assim que acaba de fazer a ressecção Secundária: devido a ação de miofibroblastos do leito receptor. É maior quanto mais fino for o enxerto, maior a contração secundária. Diminui de tamanho quando coloca na ferida. Quanto mais fino o enxerto, menos derme, maior contratura no leito da ferida. + Estrato germinativo (ou camada basal onde ocorrem as mitoses Epiderme Derme: Rica em fibras colágenas e elásticas sendo responsável pela capacidade de distensão e contração da pele. Nela encontram-se os anexos da pele: pelo, glândulas sudoríparas e sebáceas Camada papilar + camada reticular Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Classificação dos enxertos cutâneos 1. Quanto à origem: Autógeno (autólogo): enxerto que vem do próprio indivíduo. Pode ser cobertura temporária ou definitiva. Homógeno (homólogo): vem de outro indivíduo da mesma espécie, podendo ser retirado de um cadáver. Curativo biológico gold standard. Usado para cobertura temporária de extensas áreas, pois sofre rejeição imunológica tardia. Muito indicado em grandes queimados. Isógenico (singênico): vem de um indivíduo geneticamente idêntico (gêmeo univitelino) Heterólogo (xenotransplante): vem de espécies diferentes, geralmente porco ou rã. Estimulam a formação de tecido de granulação no leito receptor. 2. Espessura: Parcial: engloba epiderme e parte da derme. Quanto mais fino: menor a contração primária, maior a secundária, há piores efeitos estéticos, mas há maior facilidade de integração ao leito receptor. o Parcial fino: 0,015 a 0,020cm o Parcial intermediário: 0,020 a 0,035cm o Parcial espesso: 0,035 a 0,053cm Total: epiderme e derme, em sua totalidade. Não permitem cobertura de áreas extensas, pois as áreas nas quais são retirados não se reepitelizam. Possuem: o Maior contração primária e menor contração secundária; o Melhor resultado estético; o Maior dificuldade de integração ao leito receptor (que necessita de boa vascularização) o Menor comprometimento funcional 3. Forma: Estampilha: Parcial. São pequenos fragmentos de tecido. Usado para reparar grandes áreas de perda de substância e quando não há lâminas próprias para esse fim, retirando finas camadas de enxerto com gilete. Resultado estético pobre, com proliferação epitelial hipertrófica. Lâminas: Parcial. Feito com fatiadores que possuem regulador de espessura (dermátomos ou facas manuais), sendo implantados diretamente na área receptora. Possuem os melhores resultados estéticos. Enxertos em malha: Parcial. É utilizado um expansor de pele que corta toda a superfície do enxerto para ampliá-la. Resultado estético ruim e que piora com o grau de expansão, mas são úteis para cobrir áreas extensas. Espessura do enxerto de pele: Parcial fino (0,015 a 0,020 cm); Parcial intermediário (0,020 a 0,035 cm); Parcial espesso (0,035 a 0,053 cm); Total. Esquema da pele em corte transversal repreentando suas características histológicas (1) folículo piloso e (2) glândula sudorípara Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar o Mesh graft: rolo que faz padrão de corte na pele [enxerto], transformando-a em uma redinha para que ela expanda sobre a pele [receptor], cobrindo uma área maior. o Os queratinócitos da pele receptora começam a se proliferar em cada frestinha da rede, potencializando a epitelização e, consequentemente, a cicatrização. 4. Complexidade: Simples: quando só tem 1 tipo de tecido (cutâneo, fáscia, osso...) Composto: quando tem mais de 1 tipo de tecido (condromucoso, osso com periósteo, complexo aréolo papilar) 5. Oportunidade: Fresco (imediato): utilizado no ato cirúrgico da colheita Tardio (conservado): dias após a colheita Indicação Cobertura de lesão cruenta (sem cobertura cutânea), evitando cicatrização por segunda intenção e suas sequelas Área doadora A escolha da área doadora depende do tipo de ferimento a ser tratado: Pele Parcial: Área doadora cicatriza por segunda intenção. Se retirada uma camada fina (sem a derme) é necessário esperar a reepitelização para poder tirar novamente. A derme não se regenera. Pode ser retirado de qualquer segmento com pele, porém dar preferência para a pele similar contralateral e áreas cobertas, dando preferência para áreas como a região anterolateral da coxa, a superfície interna do braço, couro cabeludo, nádegas e região pubiana Oclui-se a área com raiom embebido em solução salina, gaze, algodão e fita crepe por 3 dias, retirando o curativo e mantendo-a exposta após esse período. Pele total: Não há reepitelização da área doadora Feito em áreas pouco visíveis: retro auricular, pré-auricular, supra clavicular, inguinal, abdominal, areolar, dobras articulares e palpebral Realizado curativo oclusivo com gaze e micropore Observação: a derme não regenera. Quando retira em algum lugar para enxerto, ela afina Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Área receptora Deve estar limpa, sem infecção, boa vascularização. o Não tem indicação de enxerto sobre osso cortical sem periósteo, cartilagem sem pericôndrio, tendão sem paratendão não possuem vascularização para receber o enxerto. Deve-se controlar a hemostasia hematoma é o principal responsável por perda de enxerto Presença de granulação exuberante raspar para nivelar Drenar seromas ou hematomas sob o enxerto Curativo com imobilização e compressão adequadas. o Enxertos de pele parcial: curativo com raiom embebido em solução salina, gaze, algodão e faixa micropore por 5 dias, podendo deixar aberta após esse período ou fazer curativo de proteção. Hidratar a área com óleo. o Enxertos de pele total: suturar e fazer curativo com raiom embebido em solução salinapor 3 a 5 dias. Mecanismos de integração do enxerto: Fases da integração Fase de embebição plasmática: Nas primeiras 48 horas o enxerto se nutre por embebição no plasma do leito receptor: o edema do enxerto facilita a abertura dos vasos e troca com o leito receptor. Há formação de traves de fibrina a partir do sistema de coagulação. Fase da inosculação: Acontece de 48h até 8 dias. Caracterizada pelo crescimento de células endoteliais do leito receptor para dentro do enxerto, iniciando a irrigação sanguínea e eliminação do edema. Neovascularização: As células endoteliais formam novos vasos (angiogênese). Entre o 7º e o 10º dia há reestabelecimento do fluxo sanguíneo com velocidade normal e regressão completa do edema. Inervação: até 15 meses, mas não é comum. Integração dos enxertos: O enxerto autólogo se integra a partir do momento que inoculou. Só se pode tirar 20% de pele para enxerto autólogo. O enxerto homólogo inicia um processo de rejeição após a inosculação que dura 15 dias, ressecando e destacando do leito. Potencializa o processo de cicatrização. O enxerto heterólogo: não integra. Ele resseca e destaca do leito com cerca de 10 dias. Usado para potencializar o processo de cicatrização o O enxerto homólogo e heterólogo são curativos biológicos. Enxerto total geralmente se faz só em mão e face, pois são áreas bem vascularizadas. A elasticidade depende da espessura do enxerto. Complicações Não integração do enxerto, relacionado a presença de: o Hematoma o Infecção o Seroma o Mobilização inadequada do enxerto e erros técnico Alteração da pigmentação do enxerto ou da área doadora: tratada por abrasão, maquiagem, tatuagem. Hipertrofia da área doadora, podendo ser tratada com malhas compressivas Infecção da área doadora Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Enxertos compostos de pele Enxertos de pele associados a outro tecido histologicamente diferente, mas interconectados anatomicamente: Condrocutâneos ou condromucosos: pele ou mucosa + cartilagem Reconstrução nasal e palpebral Áreas doadoras: pavilhão auricular externo e septo nasal Contraindicado fragmentos superiores a 1cm de diâmetro Dermogorduroso: derme + gordura Preenchimento com pele desepidermizada áreas de depressão ou atrofia Finalidade reparadora e estética Qualquer região do corpo pode ser doadora Substitutos de pele Podem ser classificados quanto a durabilidade: Temporários: permanece na ferida até a cicatrização Semipermanentes: permanecem na lesão até serem substituídos por um enxerto autólogo Permanentes: substituem enxertos cutâneos autólogos Ou composição: Bilaminados: possuem camada externa que mimetiza a epiderme e uma interna que mimetiza a derme o Biobrane: temporários o Integra: temporários o Apligraft: permanente Compostos de colágeno: representam a derme, precisando de uma cobertura adicional externa se usados como curativo definitivo o Dermagraft T.C.: semipermanentes, sintéticos o AlloDerm: semipermanente, de cadáveres Técnica O enxerto deve ser posicionado com a face cruenta junto ao leito da ferida Não sobrepor Não ultrapassar as bordas da lesão Curativo não aderente Imobilizar o segmento corporal Evitar coleções sob o enxerto faz-se diversos furos no enxerto para que, se houver secreção, ela possa extravasar Troca de curativo 5-7 dias Nova troca em 48 horas Cuidado para não mover as lâminas: se o curativo estiver aderido, passa-se soro até soltar. Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar Ana Clara Destacar