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Filosofia INATISMO E EMPIRISMO 1 Sumário Introdução .................................................................................................................................... 2 Objetivo......................................................................................................................................... 2 1. Discusão acerca da razão inata e adquirida ........................................................................ 2 1.1. Contextualizando a discussão ..................................................................................... 2 1.2. Os filósofos inatistas: Platão e Aristóteles ................................................................... 3 1.3. A corrente Empirista……………………………………………………………..………..4 Exercícios ...................................................................................................................................... 6 Gabarito ........................................................................................................................................ 7 Resumo ......................................................................................................................................... 8 2 Introdução Na apostila anterior, “Sentidos dados a razão e a atividade racional”, vimos o quais os estágios da consciência racional, além de distinguir o que é racionalidade intuitiva e racionalidade descritiva. Também, compreendemos o princípio da lógica aristotélica, estudando o “princípio de identidade”, “princípio do terceiro excluído” e do “não contradição”. Por sua vez, nessa aula aprenderemos outros dois tipos de racionalidade: a inata e adquirida. Compreenderemos como alguns filósofos concluíram que o conhecimento pode ser adquirido, enquanto outros vão afirmar que alguns conhecimentos nascem com os seres humanos. Objetivos • Compreender o que significa razão inata ou adquirida. • Analisar a razão como algo inato a partir do filósofo moderno Leibniz, e a razão como algo adquirido, segundo o empirista John Locke. 1. Discussão acerca da razão inata e adquirida 1.1. Contextualizando a discussão O que é o inatismo? Uma das grandes discussões filosóficas da modernidade será o tema do conhecimento, tema que será guiado por perguntas, como: se o homem nasce com o conhecimento ou adquire ele através de suas experiências? Ou então, se nascemos com parte de nossos conhecimentos, quais seriam eles e por quais motivos? A discussão dividirá os pensadores modernos em dois grandes grupos, os inatistas e empiristas. Os primeiros, acreditam que todos nascem com parte de sua razão determinada, concluindo que existem conhecimento que já nascem com os indivíduos. Por outro lado, os empiristas, creem que todo o conhecimento é construído a partir das relações dos seres humanos com o mundo, com a natureza e a sociedade onde está inserido. Assim, certos pensadores que defendem o inatismo acreditam que nós nascemos com uma inteligência e certos princípios racionais, já os empiristas, acreditam que não só a razão, mas todo o nosso conhecimento é adquirido a partir de experiências e vivências. Um assunto que é explorado na contemporaneidade em assuntos com a formação de líderes ou de indivíduos superdotados. Afinal, será que indivíduos que decorram um certo número de informação são seres humanos que nasceram com um certo tipo de racionalidade? Da mesma forma, como determinados 3 teóricos consegue perceber fórmulas e teoremas complexos, como Einstein e Newton, e outros não? Ou então, por quais motivos certos atletas se sobressaem em determinados esportes obtendo uma larga vantagem diante de seus oponentes? Não seriam eles dotados de capacidade racionais diferentes das de outros indivíduos? Por outro lado, a que defenda o inatismo como apenas uma justificativa para a nossa falta de responsabilidade, empenho e dedicação com os estudos. CAI NA PROVA! 1.2. Os filósofos inatistas: Platão e Descartes Platão é o primeiro pensador que define o conhecimento como inato. Para o filósofo, é necessário despertar a racionalidade no homem para que ele encontre por si o conhecimento. No entanto, todos nós já nascemos com certos tipos de racionalidade na alma, basta recordar e recuperar tais lembranças obtidas no mundo das ideias. Para explicar o seu inatismo, o autor divide a nossa alma em três partes: a apetitiva, a irascível e a racional. Em cada indivíduo prevalece uma dessas partes, e isso desde o seu nascimento. Quando o indivíduo nasce com a parte apetitiva mais desenvolvida, ele terá dons manuais, como a música, a arte, artesanato, colheita. Por outro lado, quando o irascível prevalece, o indivíduo irá se satisfazem com esportes, com aventuras e atividades em que é necessário tomar decisões rápida, como no caso Existem filósofos que acreditam em conhecimentos inatos. Para eles, alguns conhecimentos já nascem com os indivíduos. Por outro lado, os empiristas, creem que todo o conhecimento é construído a partir das relações humanas com natureza e a sociedade. 4 dos guerreiros. Quando o indivíduo tem apresso aos estudos, terá a sua parte racional mais desenvolvida, sendo a ele reservado o posto de governante e líder. Outro filósofo bastante conhecido e que faz parte da corrente inata é René Descartes. Para o racionalista, os homens possuem três tipos de racionalidade, a adventista, a fictícia e as inatas. As primeiras são aquelas que adquirimos através de nossas experiências e que reaparecem entre lembranças. As ideias fictícias são ideias criadas pela imaginação, arte, mitos, literaturas e superstições. As ideias inatas são aquelas que existem desde que nascemos, como noções matemáticas e espaço- temporais, bem como a ideia de Deus. Para Descartes, Deus deixa uma marca em cada um dos homens, como uma espécie de assinatura de sua criação. Dessa maneira, o homem recordará para sempre de sua existência. 1.3. A corrente empirista John Locke (1632 – 1704), era um filósofo inglês e será considerado um dos pais do empirismo. Em sua obra “Ensaio sobre o entendimento humano”, de 1690, ele discute como conhecemos as coisas, quais são os limites da racionalidade e como a nossa mente funciona. Ele critica os inatistas dizendo que não existem ideias que nascem com os homens, formulando que os seres humanos obtêm conhecimento depois de seu nascimento e ao se relacionar com os objetos da natureza. Dessa maneira, para adquirir qualquer conhecimento devemos entrar em contato com as qualidades do objeto. Segundo Locke, todo objeto possui duas classes de qualidade: primárias e secundárias. As qualidades primárias são a forma, o movimento, se o objeto estaria em repouso, se é sólido, líquido ou gasoso. As qualidades secundárias serão: o cheiro, o gosto, a textura e a cor. Por exemplo, se seguramos uma bola arremessada, 5 primeiramente, percebemos se a bola está em repouso ou em movimento, se está gasta, se é nova. Depois, questionamos acerca da cor, textura e o cheiro. A questão é que as qualidades secundárias sempre serão relativas aos homens, sendo qualidade subjetivas, afinal, uns perceberam a cor da bola de uma forma, outras de outra. De fato, nem todos enxergam as mesmas cores, nem sente o mesmo cheiro e nem percebem a mesma textura. A questão éque a partir dessas qualidades produzimos ideias simples na nossa mente. A mente em John Locke seria uma espécie de papel em branco, ou, nas palavras de John Locke, uma tábula rasa, que vamos preenchendo de acordo com as nossas experiências com os objetos a partir da interação com a natureza. Para Locke não nascemos com qualquer tipo de conhecimento, sendo assim, imprimimos nossos registros sobre “esse papel em branco”, a nossa mente, ou consciência, a partir de nossas experiências e ideias. Pensamento totalmente oposto ao de Platão e Descartes. Outro filósofo bastante importante para o empirismo é o filósofo escocês David Hume. Hume oferece uma grande contribuição ao campo da epistemologia filosófica. Para ele, todo o conhecimento será adquirido através das experiências e das percepções. No entanto, é importante destacar que em Hume existem dois tipos de percepções: as fortes ou fracas. Por exemplo, se eu encosto um ferro quente sobre minha pele tenho a percepção forte de que temperaturas elevadas podem queimar a pele, gerar dor e causar sequelas graves. Essa percepção é uma impressão que fica na minha mente por muito tempo, se não, para sempre. PRATIQUE! Essa impressão direta será definida como uma ideia forte, tanto que em outros momentos, tomarei cuidado para não me aproximar desse ferro, permanecendo com a lembrança de que aquilo pode me gerar dores e machucados. Essa lembrança não advém de outro mundo e nem de antes do meu nascimento, mas da experiência que tive com o ferro de passar roupa. Ela, portanto, será uma percepção fraca que não passa de uma lembrança. No entanto, muitas percepções podem nos enganar, tanto que estudos mostram a possibilidade de se produzir falsas lembranças. Como David Hume conclui Epistemologia é o estudo do conhecimento e da verdade. Episteme significa sabedoria e verdade, em grego. Logia, vem de logos, que significa razão, lógica, raciocinar e concluir. Empiria significa precisamente matéria, aquilo que pode ser constatado empiricamente, mensurado, pesado, quantificado, etc. 6 que a percepção e o conhecimento são verdadeiros ou falsos? Para Hume, primeiramente, precisamos perceber se a percepção ou a lembrança que possuímos tem correspondência direta com o mundo real. Por exemplo, se tenho a impressão de que vi unicórnio, estou sendo enganado, pois esses animais não existem no mundo real. O segundo passo será romper com a ilusão dos nossos hábitos. O que é isso quer dizer? Se retornamos ao exemplo do ferro sobre a pele, de fato, não temos a certeza de que ele vai nos queimar, e sim, a recordação e a lembrança de que ele me queimou anteriormente. Aqui, ainda estamos no campo da crença e não do conhecimento seguro. Para ele, apenas a experiência efetiva pode trazer a certeza daquilo que estou inferindo, afinal, o ferro de passar roupa pode estar desligado, ou estragado. Outro exemplo conhecido de Hume é a ideia de que o sol vai nascer. Temos o hábito de vê-lo nascer, por sua vez, cremos que amanhã ele nascerá novamente. Por outro lado, não existe a certeza de que ele nascerá. Essa certeza ocorre apenas no dia de amanhã, vendo o sol nascer, ou seja, utilizando da minha percepção cognitiva da visão, terei a certeza de que ele realmente nasceu. David Hume será chamado, portanto, de um empirista radical. PRATIQUE! Exercícios 1) (ALVES. T.D, 2019) Leia o trecho abaixo: “A maneira pela qual adquirimos qualquer conhecimento constitui suficiente prova de que não é inato” LOCKE, John. Ensaio acerca do entendimento humano. São Paulo: Nova Cultural, 1988, p.13 O empirismo, corrente filosófica da qual Locke fazia parte, a) afirma que o conhecimento não é inato, pois sua aquisição deriva da experiência. b) é uma forma de ceticismo, pois nega que os conhecimentos possam ser obtidos. c) aproxima-se do modelo científico cartesiano, ao negar a existência de ideias inatas d) defende que as ideias estão presentes na razão desde o nascimento. 2) (CEPERJ, 2011) Em sua Investigação acerca do entendimento humano, David Hume fala daquele que considera ser “o único princípio que torna útil nossa Escreva uma pequena redação, com 3 parágrafos, descrevendo de que maneira se adquire conhecimento. Na sua opinião, as pessoas nascem com certos conhecimentos ou aprendem apenas de forma empírica? 7 experiência e nos faz esperar, no futuro, uma série de eventos semelhantes àqueles que apareceram no passado”. Segundo Hume, esse princípio, que seria o grande guia da vida humana, é: a) a fé b) a razão c) a imaginação d) o hábito e) o entendimento 3) (ENEM, 2013) Com sua operação filosófica denominada “dúvida metódica”, René Descartes acabou instituindo um paradigma filosófico que foi identificado como racionalismo. Em oposição ao racionalismo cartesiano, alguns filósofos desenvolveram a filosofia empirista, que consistia em: a) tomar como premissa principal para o conhecimento a faculdade da razão, a partir da qual o mundo se torna inteligível. b) negar a importância dos dados empíricos para o processo do conhecimento. c) tomar como premissa principal para o conhecimento os dados da realidade sensível, isto é, os dados empíricos, materiais. d) não ter um método filosófico racional, convertendo-se assim ao irracionalismo, corrente que depois dominaria parte da filosofia do século XIX. e) defender politicamente o império inglês contra as investidas dos intelectuais de outros países. Gabarito 1) A Der acordo com a filosofia de John Locke, todo o conhecimento é obtido através da experiência que se tem com os objetos da natureza e com as interações sociais. Nesse sentido, o homem não nasceria com qualquer tipo de conhecimento, ideia ou com racionalidade, ele adquire e as desenvolve através das vivências. 2) D Para Hume, nossas crenças e ideias são provenientes do hábito. Isso quer dizer que temos o costume de concluir que uma ação vai ocorrer por ter presenciado a mesma ação em momentos anteriores. O hábito guia as nossas ações, no entanto, não é correto limitar a verdade apenas ao hábito, pois ele pode induzir ao erro. Devemos sair do âmbito da crença e concluir através da experiência e das percepções. 3) C O empirismo de Jocke e Hume, ao contrário da proposta cartesiana, defendia que o conhecimento da realidade efetia-se principalmente por meio da experiência sensível, isto é, por meio dos cinco sentidos. Empiria significa matéria, ou seja, tudo 8 aquilo que pode ser constatado empiricamente, mensurado, pesado, quantificado, etc. Resumo Na apostila de hoje, vimos duas grandes correntes da filosofia moderna e suas diferenças: os empiristas e a corrente inata. O primeiro filósofo considerado inatista é Platão. Para o filósofo nascemos com certos tipos de conhecimento, pois é alma que adquire conhecimento no mundo das ideias, basta recordar às verdades e as lembranças adquiridas no mundo das ideias. De acordo com o filósofo, nosso espírito será dividido em três partes: a apetitiva, a irascível e a racional. Alguns terão algumas partes mais desenvolvidas de que outras. Essas partes darão forma ao caráter de cada um. Para Descartes, também possuímos conhecimentos inatos, como de espaço e tempo, bem como a ideias de Deus. De acordo com a filosofia empiristas, todos os conhecimentos serão adquiridos através das experiências e das percepções na interação com os objetos. De acordo com John Locke, a experiência que adquirimos na interação com esses objetos serão de dois tipos de primária e secundária, o cheiro, o ato, a percepção acercado movimento, formato do objeto, etc. Outras impressão e ideias mais complexas serão desenvolvidas a partir da crítica e da reflexão. Tais impressões secundárias geram impressões simples. De acordo com Locke, nascemos como tábulas rasas, ou papéis em branco que será impresso de acordo com as experiências em vida. Em Hume, todo o conhecimento é adquirido a partir de percepções fracas e fortes. As fracas são as direta e vividas, como quando colocamos o dedo na tomada e tomamos um choque, ou quando nos queimamos no ferro de passar roupas. As impressões fracas serão nossas memórias. A partir dessas percepções adquirimos o hábito e obtemos a crença de tais acontecimentos podem vir a ocorrer. No entanto, os indivíduos não devem se limitar apenas ao hábito, sendo necessário partes para experiência para concluir verdades acerca das coisas. 9 Referências bibliográficas DANTAS, Tiago. "Empirismo x Inatismo"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/psicologia/empirismo-x-inatismo.htm. Acesso em 02 de setembro de 2019. JAPIASSU, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário básico de filosofia. 3. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996 MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. 7. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002. PLATÃO. A República. São Paulo: Martin Claret; 2002 Referências bibliográficas Fabricio Muller. <https://fabriciomuller.com.br/wp/?p=1617>. Universo Racionalista. <https://universoracionalista.org/o-que-significa-penso-logo-sou/>.
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