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Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR – T5 1 BASES DO CÂNCER − Nosso corpo atua como um ecossistema cujos integrantes são as células e elas se reproduzem e colaboram entre si para sobreviver → ele sempre tende a manter a homeostasia − Células somáticas são determinadas a morrer → não deixam descendentes − Nosso corpo como um todo é derivado de um único ovulo fertilizado, que se multiplicou varias vezes até originam um ser vivo completo − Elas enviam, recebem e interpretam um conjunto de sinais que servem como controles sociais, que dizem o que cada uma delas deve fazer − Esses sinais são para repousar, dividir, diferenciar ou morrer − Células cancerosas violam regras básicas do comportamento dos organismos e exploram todas as oportunidades para faze- lo − As alterações genéticas e moleculares que alteram essa dinâmica são danosas para o organismo • Mutações podem dar vantagens seletivas para uma célula, permitindo que ela se multiplique independente das outras e sobreviva, mesmo que tenha algum componente intracelular defeituoso • Ao longo do tempo, a replicação da célula defeituosa origina clones mutantes que carregam varias mutações herdadas de gerações passadas • Esse processo ocasiona uma massa tumoral, podendo se tornar um câncer − Tem 2 características nítidas: • Reproduzem-se descontroladamente, pois conseguem ultrapassar mecanismos de parada do ciclo celular • Invadem e colonizam tecidos − Essas células podem se tornar tumores que podem ser malignos ou benignos − Para gerar um tumor, tem que haver mutações em genes específicos que possibilite que ele tenha vantagens sobre outras células − Algumas mutações matam a celula, como destruição da membrana − Para gerar uma celula cancerigena, a celula tem que ter “mutações” que façam ela prosperar e sobreviver PARÂMETROS QUE DETERMINAM A VELOCIDADE DE EVOLUÇÃO − Taxa de mutação − Numero de indivíduos em replicação − Taxa de replicação − Vantagem seletiva AS CÉLULAS CANCEROSAS IGNORAM OS CONTROLES NORMAIS DE PROLIFERAÇÃO E COLONIZAM OUTROS TECIDOS TIPOS DE CÂNCER − Variam de acordo com o local, tipo de tecido, aparência histológico, grau de malignidade • Células epiteliais → carcinomas (correspondem a 80% dos canceres humanos) ✓ Isso se da a alta taxa mitótica desse tecido, além da maior frequência com que esse tecido é exposto a agentes carcinogênico tanto físicos como químicos • Tecidos conjuntivos: musculo, ossos, cartilagem → sarcomas (tumores raros) • Órgãos hematopoiéticos (células formadoras de sangue) → leucemias • Tecido linfático → linfomas • Células da glia do SN → gliomas − Todo câncer é originado de uma mutação, pois o câncer é uma doença de origem genética ORIGENS DE UM CÂNCER − Tumor primário: ocorre quando todas as células de um tumor, seja in situ ou metastático, tenha sido derivado de uma única célula mutante que sofreu varias divisões − Geralmente, um tumor não é feito de um único tipo celular • Sempre haverá fibroblastos por exemplo no parênquima que suporta o crescimento das células tumorais − As evidências de que todas as células tumorais vieram de um único tipo celular alterado, esta na analise de cromossomos • Uma mutação especifica que deu origem a célula tumoral costuma estar presente em todas as células daquela massa ✓ Ex: leucemia mieloide crônica com a presença do cromossomo Filadélfia, que é criado por uma translocação entre os braços longos dos cromossomos 9 e 22 → não fácil de observar AS CÉLULAS CANCEROSAS POSSUEM MUTAÇÕES SOMÁTICAS − Toda célula mutada geneticamente tem que ter a capacidade de transmitir seu gene mutado para a prole − A mutação pode ser • Diretamente no DNA, alterando o gene em si • Na epigenética, em que a expressão do gene é alterada, mas a sequencia de nucleotídeos continua a mesma − Sabe-se que a maioria dos canceres tem alteração na sequencia de genes − No estudo desses canceres, varias falhas genéticas são identificadas, tanto que há genes mutados específicos que estão presentes em certos tipos de câncer, como: • Leucemia mieloide aguda com o cromossomo filadelfia • Câncer de mama, ovário e prostata com o gene BRCA- 1-2 − Isso prova que se um agente externo é capaz de alterar sequencias de nucleotídeos em um gene, ele também é capaz de criar um câncer − Assim, a mutagênese – causam mutação no DNA – também pode levar a uma carcinogênese – geração de um câncer − Os AGENTES CARCINÓGENOS podem ser: • Químicos: causam alterações simples nos nucleotídeos • Radiação: causa quebra de DNA e translocações • Luz UV: causa alteração nas bases nitrogenadas UMA ÚNICA MUTAÇÃO NÃO CAUSA CÂNCER − Durante a vida, nosso genes sofrem mutações 106 vezes e muitas dessas mutações ocorrem nos genes que controlam o ciclo celular − Se há tantas divisões, porque a incidência de câncer é tão baixa? • Para ter um câncer, varias mutações diferentes e independentes umas das outras precisam acontecer para o cancer se desenvolver • Isso se prova pela incidência de câncer na idade idosa ✓ Se o câncer se desenvolvesse com uma única mutação, a primeira mutação que ocorresse já causaria um câncer ✓ Assim a incidência de câncer seria muito maior em crianças e recém nascidos ✓ Mas na verdade, o aumento da idade aumenta a incidência de câncer, confirmando a hipótese de que: ✓ Para o câncer acontecer, tem que haver varias mutações diferentes e independentes em uma célula para ela conseguir perder totalmente o controle do ciclo celular e se proliferar Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR – T5 2 EXPERIMENTO DOS CAMUNDONGOS • Quando um gene mutado que sabemos que causa câncer é introduzido isoladamente em um camundongo, a doença surge apenas depois de meses e apenas em algumas células isoladas do organismo ✓ Assim outras mutações são necessárias para desencadear o câncer • Vários genes mutados para um câncer introduzidos em um camundongo tiveram como resultado um câncer se desenvolvendo muito rapidamente CANCERES SE DESENVOLVEM GRADUALMENTE PELO AUMENTO DE CÉLULAS ABERRANTES − Quando há exposição a um agente carcinogênico, o câncer não se desenvolve imediatamente − Até que uma célula mutada alcance o estágio de um câncer demora muito tempo • Em Hiroshima e Nagasaki, demorou 5 anos para aparecer os primeiros casos de câncer • Câncer de pulmão surge após no mínimo 20 anos de fumo crônico geralmente − Isso ocorre porque uma mutação pouco severa evolui gradativamente para uma mutação severa ou letal − A PROGRESSÃO TUMORAL evidencia que o desenvolvimento de um câncer precisa que haja um acumulo gradual de mutações em um número diferentes de genes − Assim a célula filha de um clone mutado sofre mutações e passa essas mutações para a célula sua célula filha, que sofre mais mutações e passa isso adiante − Quanto maior o número de mutações, maior a rapidez com que a célula se divide, fazendo com que o câncer tenda a progredir • Exemplo – leucemia mieloide crônica: ✓ As células inicialmente tem mutações pouco prejudiciais, que apenas aumentam pouco o numero de células brancas ✓ Ao longo dos meses, as mutações vao acontecendo e se acumulando e a doença vai progredindo para pior, pois o numero de mutações e sua severidade aumenta até que chega a morte do paciente • Exemplo câncer de colo de útero ✓ O epitélio é pavimentoso estratificado é as células basais, perto da membrana basal, são indiferenciadas e são elas que se multiplicam para dar origem ao epitélio como um todo ✓ Depois de multiplicar, elas param de dividir e seguem para camadas mais superiores do epitélioe ainda, sofrem diferenciação ✓ Quando há mutações neoplásicas intraepiteliais, elas podem ser: ✓ Moderadas: na qual as células que se multiplicam não ficam confiadas na camada basal mas sim, se espalham pelo epitélio ✓ Alto grau: a maioria das camadas epiteliais esta ocupada por células indiferenciadas em constante processo de divisão e morfologicamente variantes umas das outras ✓ Esse é um processo longo, que demora anos e ocorre porque ao longo do tempo, as células foram adquirindo mutações que as fizeram aumentar sua capacidade reprodutiva e sobreviver aos estímulos apoptóticos, dando prosseguimento ao câncer SELEÇÃO NATURAL E MUTAÇÕES ALEATÓRIAS − Os canceres se desenvolvem a partir de uma única célula mutada que passou por vários ciclos de replicação, mutação e seleção natural − Ao longo das replicações, o tumor se torna mais adaptado e inicia seu crescimento a medida que mais mutações favoráveis acontecem − A evolução do tumor precisa de uma certa aleatoriedade para crescer, pois a mutação certa precisa acontecer para ele sobreviver, por isso, as vezes o câncer demora anos para acontecer − Dentro do tumor, pode haver: • Baixa pressão de O2 • Baixa quantidade de nutrientes • Barreiras como membranas e outros tecidos − Assim a célula precisa ter mutações que facilitem sua sobrevivência nesse ambiente − Os descentes das células mais bem adaptadas continuam a sofrer mutação e se dividir, produzindo células filhas cada vez mais resistentes CÉLULAS CANCEROSAS SÃO GENETICAMENTE INSTÁVEIS − As células cancerosas são chamadas de geneticamente instáveis devido sua alta capacidade de acumular mutações − A instabilidade vai depender muito do tipo celular e do organismo do paciente − Essa instabilidade ocorre devido a incapacidade da célula de reparar seu DNA lesado e de corrigir erros, o que causa inúmeros defeitos no seu DNA, como translocações e duplicações DEFEITOS NO CONTROLE DE CRESCIMENTO − Para o câncer crescer, ele precisa ter uma vantagem evolutiva sobre as outras células para continuar a se replicar − Células cancerígenas apresentam um fenótipo transformado: • Elas tem morfologia alterada • Responde de forma diferente a fatores de crescimento • Podem crescer independentes de estarem aderidas a uma membrana basal ou a outra célula • Quando uma célula esta encostada na outra, elas não conseguem se dividir, pois há uma inibição por contato. Células cancerígenas se dividem independente de ter ou não contato com outra célula Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR – T5 3 • Independem de estímulos positivos para replicar CÉLULAS CANCERÍGENAS POSSUEM METABOLISMO DE CARBOIDRATOS ALTERADO − Uma célula cancerígena precisa de altas quantidade de nutrientes para se desenvolver − Assim seu metabolismo de glicose é ~100x maior que de uma célula “normal” − Além disso, a maior parte do produto desse metabolismo não é ATP como usualmente é, mas sim lactato − Mesmo que tenha O2 suficiente, a menor parte da via segue para a fosforilação oxidativa AS CÉLULAS CANCEROSAS POSSUEM UMA CAPACIDADE ANORMAL DE SOBREVIVER AO ESTRESSE E AO DANO AO DNA − Quando a célula passar por algum estresse celular como quebra de cromossomos, mutações, ..., ela vai ativar mecanismos de reparo e proteção, como por exemplo a apoptose − Para conseguir sobreviver, a célula cancerígena tem que ter mutações favoráveis que a façam escapar desses mecanismos de defesa, como: • Evasão da apoptose, evadir o controle do ciclo celular, não requerer fatores de sobrevivência − Mesmo assim, muitas células tumorais morrem, pois as condições de vida dentro do tumor são difíceis: • Hipóxia, nutrientes insuficientes, ... • Por isso alguns tumores podem ser necrosados internamente • Além disso, em um tumor grande cerca de 20% das células estão em constante replicação, enquanto muitas outras estagnaram, ou tem baixa taxa de replicação ou estão morrendo − Aumento da replicação ou diminuição da apoptose contribuem para o crescimento do tumor ESCAPAM DO LIMITE INTERNO DE PROLIFERAÇÃO CELULAR CÉLULA NORMAL − Células normais tem um limite do numero de vezes que conseguem se dividir − Elas param de se dividir permanentemente após um numero X de ciclos celular − Esse mecanismo chama SENESCÊNCIA CELULAR REPLICATIVA e depende do encurtamento progressivo dos telômeros − O telômero diminui a cada divisão celular e para que não seja caracterizada uma lesão no dna a cada diminuição, a enzima telomerase cria um quepe protetor nas extremidades dos cromossomso para que a célula continue dividindo − Muitas células tem defeitos na produção da telomerase e isso faz com que haja uma deterioração no quepe protetor da telomerase − Assim a célula reconhece a extremidade do telômero como um defeito no DNA e ativa processos de morte celular CÉLULA CANCERÍGENA − Elas evitam a senescência celular de 2 formas : • Elas mantem a atividade da telomerase, protegendo o telômero e dando continuidade ao ciclo celular • Podem desenvolver um mecanismo alternativo baseado na recombinação homologa – chamado ALT – para alongar as extremidade dos seus cromossomos e “similar” um telômero − Assim a célula continua a se proliferar independente da senescência celular replicativa O MICROAMBIENTE TUMORAL − As células tumorais se comunicam a todo momento com as células do estroma de sustentação − O parênquima tem tecido conjuntivo com: • Leucócitos que promovem a inflamação • Fibroblastos • Endotélio formando os vasos − Conforme o tumor cresce, ocorre modificações no parênquima pela: • Secreção de proteínas de sinalização que alteram o comportamento das células do estroma • Enzimas proteolíticas que modificam a matriz extracelular − Assim o tumor e o seu estroma se desenvolvem juntos Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR – T5 4 SOBREVIVÊNCIA DA CÉLULA EM AMBIENTE INÓSPITO − No processo de metástase, o câncer se espalha para outros locais do corpo – tornando-se letal − A metástase tem muitas etapas: 1. Células devem desprender-se do tumor primário e Invadir o tecido local e os vasos 2. Estabelecer uma nova colônia em locais distantes − Assim, tumores malignos tem a caracteristicas de serem invasivos, com: • Crescimento desordernado • Bordas irregulares • Se estendem para tecidos vizinhos − Para isso ocorrer, os mecanismos de adesão, que mantem a célula unida uma na outra e na membrana basal, devem ser rompidos − Para migrar para outros órgãos, as células tumorais devem adentrar a circulação, penetrando a parede dos vasos sanguíneos e linfáticos − Circulação linfática • Como os vasos linfáticos tem paredes mais finas, as células tumorais entram em grupos para a linfa • Esses grupos ficam presos nos linfonodos, originando uma metástase − Circulação sanguínea • Para entrar, as células cancerígenas seguem individualmente − De todas as células que entram na circulação, um pequeno número consegue estabelecer outra colônia − Isso ocorre porque a célula cancerígena pode não conseguir sobreviver em outro lugar • Podem chegar a formar uma microcolônia – micrometástase – mas depois morrem − Se houver diagnostico precoce de uma colonia metastática, pode haver cura − Uma microcolônica permanecer latente por anos e só vir a crescer muitos anos depois, desenvolvendo um tumor, por vezes, muito distante do tumor primário de origem PROPRIEDADES DO CRESCIMENTO TUMORAL − Todos os tipos de câncer compartilham algumas caracteristicas emcomum: • Eles ignoram ou interpretam de forma errada sinais de controle de proliferação e migração • Obtem energia para se desenvolver a partir da alteração do seu metabolismo de fosforilação oxidativa → glicólise anaeróbia • Tem erros no controle do ciclo celular • Podem ser invasivos no tecido adjacente dependendo de qual mutação esta acumulada na célula • Apresenta respostas anormais ao estresse, bloqueando mecanismos de morte e reparo • São genética e epigeneticamente instáveis • Escapam da senescência celular replicativa, a partir da estabilização dos seus telômeros CAUSAS EVITÁVEIS DO CÂNCER − AGENTES CARCINOGÊNICOS MTS AGENTES CAUSADORES DO CÂNCER LESAM DNA − Os agentes que causam cancer são os carcinógenos. Os mais compreendidos são aqueles que causam dano direto ao DNA → mutações − Muitas substancias químicas causam alterações no DNA − Poucos carcinógenos tem que alvo direto o DNA • Muitos deles tornam-se perigosos somente depois de modificados bioquimicamente através de processos fisiológicos do organismo • Geralmente quem os modifica são as oxidases do citocromo p-450 • Geralmente essas enzimas convertem os carcinógenos em compostos menos tóxicos, contudo, podem acabar alterando- de forma a torna-lo potencialmente mutagênico ✓ Ex: toxina fúngica alfatoxina B1 e benzopireno que estão presentes no cigarro INICIADORES DE TUMOR LESIONAM O DNA, PROMOTORES DE TUMOR NÃO − Os agentes carcinógenos podem ser diferenciados em iniciadores e promotores − Os iniciadores são aqueles que potencialmente causam lesões no DNA, levando a um processo carcinogênico • Como benzo[a]pireno – cigarro − Os promotores de tumor são aquelas substancias que não causam mutações no DNA, contudo podem levar a um processo carcinogênico se: • O epitélio já tiver sido exposto a um carcinogênico iniciador • O carcinogênico promotor for usado por longos períodos de tempo − Esses promotores, quando em contato com epitélio, apenas causariam lesão e indução de um processo inflamatório, no qual haveria multiplicação celular para reparar o dano − Se o epitélio tiver sido exposto a cancerígenos iniciadores, a proliferação será anormal, causando aparecimento de papilomas, que é um clone de uma celula mutante, podendo levar a um cancer Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR – T5 5 GENES PARA O CÂNCER − Para entender o câncer, tem que entender quais genes seus estão mutados para compreender como o câncer conseguiu proliferar e sobreviver − Algumas mutações: • São importantes para o câncer sobreviver, chamadas de condutoras • São subprodutos acidentais decorrentes da sua instabilidade genética, chamadas de passageiras − É difícil distinguir uma mutação que realmente ajuda na proliferação da célula cancerígena de uma outra mutação aleatória que não contribui em nada para o câncer − Ao longo do tempo, genes relacionados ao câncer foram identificados e são chamados de genes críticos para o câncer GENES CRÍTICOS PARA O CÂNCER IDENTIFICAÇÃO DE MUTAÇÕES DETERMINANTES DE GANHO OU PERDA DE FUNÇÃO − São agrupados em duas classes de acordo com a probabilidade da alteração no gene causar câncer − PROTO-ONCOGENES • É um gene que quando mutado leva ao aumento de sua função e ao cancer • ONCOGENES É a forma mutada dos protooncogenes o qual tem sua forma hiperativada − GENES SUPRESSORES DE TUMORES • São genes que fazem a manutenção do DNA. A mutação causa perda de função e leva ao câncer − O câncer pode ocorrer: • Diretamente: aumentando a taxa mitótica da célula • Indiretamente: causando instabilidade genética/epigenética e facilitando a ocorrência de mutações ✓ Genes que se originam da instabilidade genômica chama GENES DE MANUTENÇÃO GENÔMICA − O Oncogene foi identificado ao se adicionar uma copia dele ao genoma de uma célula-teste. A celula apresentou caracteristicas cancerígenas depois disso ao aumentar sua proliferação celular por exemplo − Geralmente os genes supressores de tumor são recessivos e uma ou as duas copias precisam estar ausentes ou inativadas para que haja o efeito de perda de função RETROVÍRUS COMO VETO RES DE ONCOGENES − Quando um retrovírus infecta a célula, seu genoma de RNA é transcrito no citoplasma em forma de DNA pela transcriptase reversa − Depois o DNA viral é inserido no genoma normal da célula e é transcrito − Ao longo do tempo foram identificados vários genes no DNA viral que teriam potencial carcinogênico − Ao procurar em células cancerígenas humanas, foi descoberto que: − Fragmentos de DNA retirados de células cancerígenas e adicionados ao DNA de células teste – fibroblastos – causaram replicação celular descontrolada na cultura celular − Cada clone era originado de uma única célula que havia incorporado o fragmento de DNA que causava câncer − Assim um dos genes que causam câncer foi descoberto, que é o ONCOGENE v-Ras, da família de proto-oncogenes chamada Ras • Sua função é ciar uma hiperatividade nas proteínas Ras − Em 30% dos canceres, um ou mais genes Ras estão mutados Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR – T5 6 CONVERSÃO: PROTO-ONCOGÊNE → ONCOGÊNE − Uma pequena mutação na sequência de DNA, como uma deleção • Ex: o receptor para o fator de crescimento epidérmico pode se tornar ativo mesmo na ausência do seu ligante, quando há deleção em uma parte do seu gene − Amplificação genica, na qual varias copias daquele gene são criadas, aumentando a quantidade de determinada proteina • Ex: a proteina Myc contribui para o câncer por ser produzida muito além de sua quantidade normal Uma pequena alteração na sequencia de DNA pode produzir pode produzir uma proteina hiperativa ou levar a sua superprodução A amplificação produz copias extras de DNA Um rearranjo cromossômico envolvendo a quebra e rejunte de hélices de DNA pode alterar a região codificadora de proteínas resultando em uma fusão hiperativa, alterando a região controladora do gene Ex: existe a proteina Myc age no núcleo para estimular o crescimento e a divisão da celula. Ela pode ser superproduzida e estimular o tumor IDENTIFICAÇÃO DE GENES SUPRESSORES DE TUMOR − Durante estudos sobre o retinoblastoma – câncer de retina - alguns pacientes apresentaram deleções no cromossomo 13 que mais tarde, foram associadas a ausência do gene Rb − Assim, deleção ou mutação leva à perda de função gene Rb e em suas proteínas transcritas − Com apenas uma copia do gene mutado, a célula não se transforma em cancerigena, mas se os 2 genes estiverem ausentes/mutados, haverá formação de células tumorais (retinoblastoma hereditário) • Para ambas as copias de um gene serem destruídas, é necessário ter 2 mutações coincidentes na mesma linhagem celular e isso é muito difícil • Por isso os canceres que tem na maior parte esse gene influenciando tendem a ser mais raros (retinoblastoma não hereditário) − Sabe-se que o gene Rb esta presente em vários tipo de cancer*, como carcinoma de pulmão, mama e bexiga − A perda do Rb significa um passo mais próximo da malignidade Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR – T5 7 AGENTES SUPRESSORES DE TUMOR PODEM SER INATIVADOS − A inativação de um tumor é perigosa − Pode ocorrer de diferentes maneiras, com diferentes cominações que convergem para eliminar uma copia de um gene − A segunda copia é geralmente eliminada por um mecanismo menos especifico • O gene normal pode ser substituído por uma versão mutante por meio de recombinaçãomitótica ou conversão genica − Alterações epigenéticas também inativam genes supressores • Ele pode ser empacotado na heterocromatina • Pode haver metilação na região promotora do gene, impedindo a abertura da fita e consequentemente a transcrição • Isso pode silenciar irreversivelmente o gene na celula e na prole − BASES MOLECULARES DAS CÉLULAS CANCEROSAS − Ainda existem diversos genes associados a tumores para serem descobertos − Eles podem ser encontrados através: • De um sequenciamento completo do DNA de uma célula tumoral – contudo é muito caro financeiramente • Encontrar 21mil genes no genoma que codificam proteínas (exoma) procurando mutações no DNA que causem alterações significativas para o processo de carcinogênese • Pode-se analisar RNAmensageiros e compara-los com os de células normais, em busca de proteínas alteradas − No geral as células cancerosas possuem diversas anormalidades cromossômicas: o genoma como um todo pode estar corrompido − Analises de canceres revelaram que cerca de 33-66 genes tem mutações que afetam suas proteínas finais − Mutações em regiões não codificadoras são muito mais numerosas devido ao fato da maior parte do DNA ser não- codificador − Assim, nesse meio é possível identificar: • MUTAÇÕES CONDUTORAS : afetam genes que participam da doença, sendo encontradas em diversos pacientes diferentes • MUTAÇÕES PASSAGEIRAS: acontecem nas mesmas células das mutações condutoras devido a instabilidade genética e podem ou não contribuir para a doença ✓ Não conferem vantagem seletiva ✓ Pouco frequente em diferentes pacientes − Em torno de 1% dos genes do genoma são críticos para o câncer − Esses genes são diversos e incluem: • Proteínas de sinalização • Receptores transmembrana • Proteínas de ligação ao GTP • Proteínas-cinase • Reguladores transcricionais • Modificadores de cromatina • Enzimas de reparo ao DNA • Moléculas de adesão célula-célula • Controladores do ciclo celular e apoptose • Maquinaria de splicing MUITOS GENES CRÍTICO S PARA O CANCER REGULAM A PROLIFERAÇÃO CELUL AR − Muitos genes críticos regulam de vias bioquimicas que se relacionam com o comportamento social da celula − Na celula, ocorre mutações nesses genes de modo a intensificar eventos proliferativos da celula VIAS IMPORTANTES − Alguns genes estão em muitos tipos de câncer, como Ras e Rb − Eles controlam processos de divisão e crescimento celular • Mas se analisar diferentes pacientes, nem todos terão alteração nesses genes − Via Rb (Rb + ptns controladoras) • Controla o inicio do ciclo de divisão celular − Via dos genes RTK/Ras/PI3K que são genes da mesma sub- rede reguladora que Ras • Transmite sinais para o crescimento celular e a divisão celular do exterior da célula para o interior Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR – T5 8 − Via da P53 • Resposta ao estresse e dano ao DNA − Carca de 74% dos glioblastomas possuem mutação nessas 3 vias VIA RB − A proteina supressora de tumor Rb controla o ponto chave no qual a celula decide entrar no ciclo e replicar seu DNA − A Rb funciona como um freio que restringe a entrada na celula na fase S por se ligar e inibir as proteínas reguladoras de genes da família E2F (as quais transcrevem genes de proteínas que fazem a entrada na fase S) − Essa inibição do Rb é liberada no tempo apropriado pela fosforilação de Rb por varias cinases dependentes de ciclina – cdk – que fazem com que o Rb libere seu domínio inibidor na proteina E2F − Se o Rb é eliminado, a celula vai se proliferar indevidamente • Se ocorrer mutações na via que regula a Rb, a proliferação anormal também pode acontecer VIA P53 − Normalmente, as células normais tem pouca p53, pois uma vez produzida ela é rapidamente degradada − Em experimentos, ratos que tiveram ambos os genes da p53 retirados só desenvolveram cancer depois de 10 meses, significando que deve ter situações especificas na qual a p53 é ativada, como: • Dano ao DNA • Encurtamento dos telômeros • Estresse osmótico • Hipóxia • Radicais livres • Falha de outros mecanismos de controle • Quando telômeros se tornam muito curtos, a p53 tambem é ativada − Ao perceber esses erros, a célula pode: • Parar no estagio em que esta do ciclo celular e reparar seu DNA • Induzir a apoptose − Assim a P53 é um tipo de “guardião da célula”, impedindo a proliferação de células danificadas − Ter apenas os genes Ras e Myc mutados não significa que a celula vai ser cancerigena, pois a p53 é muito forte para induzir a apoptose − Para a célula cancerigena sobreviver, ela deve inativar os mecanismos da p53 − A p53 atua muito como um regulador da transcrição, se ligando a regiões especificas do DNA para transcrever − Alguns tumores afetam a sequencia de genes da p53 que a permite se ligar em outras de DNA, inativando-a • Assim a p53 não consegue se ligar a outras sequencias de dna-alvo, impedindo a transcrição e por isso, suas mutações são de perda de função − O desenvolvimento de um câncer não necessariamente precisa que ambas as copias da p53 estejam inativas − A p53 tambem exerce efeito inibitório no ciclo celular por induzir transcrição da p21, que codigica uma proteina que se liga na cinase dependente de ciclina – cdk – e a inibe, impedindo a progressão da célula para a fase S e a replicação do seu DNA − A perda da p53 pode desenvolver o cancer por 4 motivos: − Permite que a celula com dna lesado continue no ciclo celular − Permite o escape da apoptose − Provoca instabilidade genética por facilitar que cromossomos modificados continuem na celula, causando novas mutações − Torna as células resistente a quimioterápicos, pois muitos deles tem ação direta sobre a p53 MUTAÇÕES NA VIA PI3K/Akt/mTOR − Para a célula se dividir ela tem que crescer, para que não chegue ate a próxima divisão pequena demais − Assim a célula precisa de 2 estimulos: um para crescer e outro para se dividir − Essa via em questão controla o crescimento celular − Vários sinais extracelulares, como insulina, ativam essa via − Em células cancerosas, ela é ativada por mutações − A ativação da ´proteina-cinase Akt e mTOR ativa a síntese proteica, captação de glicose e produção de moléculas para síntese de lipídeos − Na célula cancerigena, essa via pode se tornar ativa de vários modos • Um receptor de fator de crescimento pode se tornar ativo por exemplo • Perda da fosfatase PTEN, uma enzima que normalmente suprime a via PI 3-cinase/Akt/mTOR mediante desfosforilação das moléculas de PI (3,4,5) P3 formadas pela PI 3-cinase − Elevados níveis de insulina ativam essa via, por isso pessoas obesas ou com diabetes tipo 2 tem maiores chances de desenvolver câncer ROTAS PARA ATINGIR A VIA CENTRAL DO CÂNCER − Apenas mutar genes de controle do crescimento e divisão celular não é suficiente para promover sobrevivência do câncer − Celulas tem diversas vias, desde vias metabólicas até aquelas que causam morte celular − Essas vias também tem que ser alteradas para que o câncer possa sobreviver − Ex de vias: via Wnt, via de sinalização por receptores androgênicos − Estudos com camundongos provam que um único oncogene, translocado para suas células, não é capaz de induzir um câncer − As células mutadas aumentaram sua proliferação celular, contudo sozinhas não desenvolveram tumor − Elas teriam que passar por mudanças adicionais para dar origem a um câncer − Contudo, ter um gene modificado herdavel já é um risco para que futuramente possa se desenvolver um cancer Giovannade Freitas Ferreira – Medicina UFR – T5 9 POPULAÇÃO DE CÉLULAS CANCEROSAS É HETEROGÊNEA − Mesmo que o tumor se origine de uma única célula mutada, ao longo de vários ciclos celulares, outras mutações aleatórias e seletivas ocorrem, de modo que em um mesmo tumor existem células com diferentes tipos de mutações − Nesse quesito, as células seguem a lei da seleção natural de Darwin: quanto mais a mutação oferece vantagem seletiva para a célula, maior será seu número de clones EXPERIÊNCIA − Ao analisar células de diferentes regiões de um mesmo tumor foi possível perceber muitas diferenças entre elas − Assim, olhando para as diferentes células de um tumor pode- se concluir que há 3 anormalidades em comum com elas: − O seu ancestral comum dessas células – precursor do tumor – já era desde o início uma célula muito diferente de uma normal e quando o tumor ainda era pequeno, houve uma mutação aleatória que já diferenciou as células umas das outras − Ao longo dos ciclos, mais mutações ocorriam e as células foram se tornando cada vez mais distintas e a com melhor vantagem seletiva predominava no tumor − A diversificação celular aumenta a medida que sofrem metástase, pois outros locais do corpo oferecem pressões seletivas diferentes, prosperando mutações novas GENÉTICA DA METÁSTASE − Ainda não se sabe qual mutação/propriedade uma célula tem que adquirir para se tornar metastática − Ao se comparar células de um tumor primário com as de um metastático, pode-se fazer algumas observações: − Para um carcinoma ser metastático tem que ter: • Células invadindo a membrana basal e tecidos adjacentes ✓ Os mecanismos de adesão célula-celula tem que ser desativados ✓ A proteína transmembrana caderina-E faz a adesão célula-célula e seu gene é considerado um supressor de tumor. Sua inativação pode favorecer um câncer ✓ As células epiteliais tornam-se menos aderentes e mais migratórias • Adentrar a corrente sanguínea ou linfática ✓ Depende da densa rede de vascularização criada pela angiogênese ✓ Fatores de crescimento endotelial vascular VEGF forma novos vasos e por sua fragilidade, há entrada de células tumorais neles • Devem sobreviver e se multiplicar no local ✓ Para saber para qual órgão a celula esta migrando, pode-se fazer a marcação de células tumorais com proteina verde florescente e monitorar ✓ Nesse experimento viu-se que há muitas células tumorais espalhadas na corrente sanguínea, não importando se o tumor é metastático ou não ✓ Algumas células morrem imediatamente quando chegam ao tecido-alvo, outras sobrevivem mas não replicam, outras dividem e depois param, formando micrometástases e pouco poucas células geram uma metástase completa ANGIOGÊNESE − A criação de microvasos a partir de um endotélio pré- existente é um fator essencial para a progressão do tumor − O tumor precisa nutrientes e oxigênio para crescer e pro isso precisa conseguir induzir a formação de novos vasos − A medida que os células do tumor vao sofrendo hipóxia, devido seu crescimento e escasses de O2, fatores angiogenicos vao sendo liberados pelas células cancerígenas − A situação de hipóxia ativa uma alteração angiogenica, que é o aumento do nível de fator induzível de hipóxia – HIF-1alfa – o qual da origem a uma proteina que ativa a transcrição de genes que codificam fatores pró-angiogênicos como o fator de crescimento vascular endotelial – VEGF − Essas proteínas, uma vez liberadas, ativam o crescimento endotelial − Contudo, os novos vasos formados são muito frágeis, malformados, de diâmetros variáveis, e ainda podem ter ramificações com extremidades fechadas − Isso causa suprimento insuficiente de sangue ao tumor, criando novas regiões de hipóxia − A hipóxia cria um ambiente com pressão seletiva, fazendo com que as células tumorais mais bem desenvolvidas, com as mutações mais vantajosas, sobrevivam, enquanto que as outras vao morrendo − Isso contribui para o aumento da malignidade do câncer −
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