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002 PROTOCOLO CLÍNICO PARA SELEÇÃO DE INTERMEDIÁRIOS EM IMPLANTODONTIA Mario Cezar S. Oliveira Emerson Machado Gustavo Santana Morbeck Leal Alexander Pedreira da Silva Alex Correia Vieira PRÓTESE SOBRE IMPLANTE FUNDAMENTOS E SEQUÊNCIA CLÍNICA A reabilitação oral utilizando implantes osseointegráveis é uma das moda- lidades terapêuticas de maior sucesso na Odontologia devido ao seu alto grau de previ- sibilidade clínica; em função disso, os implantes dentários tornaram-se hoje uma prática muito co- mum dentro dos consultórios odontológicos. Desde a introdução dos primeiros implantes, uma sé- rie de inovações tem sido propostas visando melhorar os resultados obtidos com esse tratamento. Isso levou ao surgimento de diversos sistemas e desenhos de im- plantes com o objetivo de solucionar problemas exis- tentes no protocolo original de Branemark, como perda óssea periférica, conhecida hoje como saucerização, e ainda problemas mecânicos como desaperto e fratu- ras de parafuso. A gama de componentes protéticos sobre implante acom- panhou a mesma evolução, visando proporcionar uma melhor estética e função nas reabilitações com próteses sobre implantes. Intermediários são dispositivos utilizados para executar a ligação entre o implante e a prótese, tam- bém definidos como conexões protéticas, pilares, compo- nente transmucoso e abutments (Figura 01). 01 › Implante cone Morse, intermediário e coroa protética. INTERMEDIÁRIO IMPLANTE COROA 01 PRÓTESE SOBRE IMPLANTE FUNDAMENTOS E SEQUÊNCIA CLÍNICA 003 004 Embora os implantes de hexágono interno trouxessem melhoras para a questão do afrouxamento de parafusos, assim como a distribuição da força resultante de carga para o sistema osso/implante, ainda não se considerava resolvido a existência da microfenda entre o implante e o pilar pro- tético, que permitiria o acúmulo de bactérias, a possibili- dade de ocorrência de infecção crônica e a consequente perda óssea periférica. Com a evolução das pesquisas, surgiram os implantes com conexão tipo Morse com a característica peculiar de não apresentar plataforma protética. C L A S S IF IC A Ç Ã O D O S IN T E R M E D IÁ R IO S QUANTO AO TIPO DE RETENÇÃO PILARES PARA PRÓTESES CIMENTADAS PILARES PARA PRÓTESES PARAFUSADAS QUANTO AO MÉTODO DE CONFEÇÃO PRÉ-FABRICADOS CUSTOMIZADOS/INDIVIDUALIZADOS QUANTO A ANGULAÇÃO RETOS ANGULADOS QUANTO AO TIPO DE CONEXÃO EXTERNAS HE HI, CMINTERNAS para edentados totais inferiores com uma estrutura rígida que esplintava os implan- tes. Com a popularização da técnica e o au- mento da abrangência para casos unitários e múltiplos, surgiram relatos de problemas mecânicos como afrouxamento e/ou fratura do parafuso de fixação da prótese ou do intermediário, cuja consequência foi o de- senvolvimento de sistemas de travamento hexagonal interno que daria maior estabili- dade rotacional e menor estresse no para- fuso de fixação. 1. CLASSIFICAÇÃO DOS INTERMEDIÁRIOS 2. CLASSIFICAÇÃO DOS INTERMEDIÁRIOS QUANTO AO TIPO DE CONEXÃO DO IMPLANTE Os implantes são classificados de acordo com a interface de união entre estes e o intermediário, podendo assim ser classificados em implantes com conexão externa e interna. Classicamente, o hexágono externo (HE), o hexágono in- terno (HI) e o cone Morse (CM) são as conexões mais uti- lizadas em implantes osseointegráveis (Figura 02A-C). Os de HE, propostos por Branemark, possuíam um hexágono externo sobre o qual era conectado o pilar protético, que na época limitava-se à construção de uma prótese total fixa 02A-C › Conexão hexágono externo (A). Conexão cone Morse (B) e conexão hexá- gono interno (C). 02A 02B 02C FUNDAMENTOS E SEQUÊNCIA CLÍNICA 006 PRÓTESE SOBRE IMPLANTE 005 A conexão CM consiste de uma estrutura formada por dois cones - um “macho” e uma “fêmea” - e baseia-se no princípio de “cone dentro de cone”. Essa característica de área de contato entre as superfícies provoca o trava- mento por fricção entre o intermediário e a parede interna do implante, o que resulta em estresse mínimo ao para- fuso de fixação do pilar. Este íntimo contato das superfí- cies sobrepostas adquire uma resistência mecânica se- melhante a uma peça única, sem nenhum microgap de interface, conferindo maior resistência aos movimentos rotacionais, reduzindo os pontos de tensão e favore- cendo a resistência mecânica. Estas ca- racterísticas fazem com que este sistema apresente vantagens sobre as conexões tipo hexágono externo e interno. 4. CLASSIFICAÇÃO DOS INTERMEDIÁRIOS QUANTO AO TIPO DE RETENÇÃO COM A PRÓTESE Existe uma grande discussão na literatura a respeito de qual tipo de retenção devemos utilizar nas próteses im- plantossuportadas, se devemos utilizar próteses aparafu- sadas ou cimentadas (Figuras 03A-D). O conhecimento de ambos os mecanismos, com suas vantagens e des- vantagens, ajudará o clínico na escolha do tipo ideal de retenção para cada caso específico, promovendo bons resultados estéticos e funcionais. No entanto, com a evolução das conexões implante-inter- mediário e diminuição das complicações mecânicas nas próteses, sobretudo nos implantes cone Morse, existe uma ten- dência atual de se trabalhar com próte- ses cimentadas, principalmente em casos unitários em região estética. A tabela 01 apresenta uma avaliação comparativa dos parâmetros clínicos que devem ser consi- derados na escolha do tipo de retenção. 3. VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS DIFERENTES CONEXÕES IMPLANTE-INTERMEDIÁRIO TIPO DE CONEXÃO VANTAGENS DESVANTAGENS HEXÁGONO EXTERNO › Menor custo. › Boa estabilidade mecânica em casos múltiplos. › Microfendas na junção pilar protético/implante. › Complicações mecânicas frequentes como afrouxamento e/ou fratura de parafuso. › Ausência de selamento biológico na conexão implante-pilar. › Presença de saucerização. HEXÁGONO INTERNO › Boa estabilidade mecânica em casos unitários múltiplos. › Ausência de selamento biológico na conexão implante-pilar. › Presença de saucerização. CONE MORSE › Ausência de microfendas na junção pilar protético/implante. › Boa estabilidade mecânica em casos unitá- rios e múltiplos. › Melhor transmissão de força do pilar protético ao implante. › Menor incidência de saucerização. › Estabilidade tecidual a longo prazo. › Maior custo. › Planejamento protético/cirúrgico mais criterioso. TABELA 01 03A-D › Coroa cimentada sobre intermediá- rio personalizado (A,B). Coroa aparafusada (notar o orifício de acesso ao parafuso por oclusal) (C,D). 03A 03B 03C 03D PRÓTESE SOBRE IMPLANTE FUNDAMENTOS E SEQUÊNCIA CLÍNICA 007 008 5. CLASSIFICAÇÃO DOS INTERMEDIÁRIOS QUANTO AO MÉTODO DE CONFECÇÃO Quanto ao método de fabricação, os pilares podem ser divididos em dois grupos: Grupo 1 - Pré-fabricados (es- toque) e Grupo 2 - Customizados (individualizados). Os pilares do primeiro grupo são pilares padronizados para atender às demandas clínicas diversas, com padrões pre- definidos para altura de cinta cervical, diâmetro e altura interoclusal, sem considerar a característica individual do caso. Já os pilares customizados são construídos de forma individualizada para uma situação clínica específica, customi- zando altura interoclusal, diâmetro e altura de cinta cervical. Praticamente todos os fabricantes apresentam em seus catá- logos uma grande variedade de pilares pré-fabricados com a finalidade de re- solver inúmeras situações clínicas. PARÂMETROS PRÓTESE PARAFUSADA PRÓTESE CIMENTADARETENÇÃO › Realizada pelo parafuso, possível em casos com limitada altura interoclusal (< 4 mm) › Realizada pelo cimento, requer o mesmo ra- ciocínio da prótese fixa convencional, necessá- rio altura interoclusal mínima de 4 mm para o pilar (adicionar mais 1,5-2 mm para o material de cobertura). ESTÉTICA › Ligeiramente comprometida pela restauração do orifício de acesso ao parafuso de fixação. › Sem comprometimento estético. REVERSIBILIDADE › Possível e fácil. › Imprevisível e difícil. RESPOSTA TECIDUAL › Melhor resposta tecidual, pois não há escoa- mento de cimento para o sulco perimplantar. › Risco de inflamação devido ao excesso de ci- mento no sulco perimplantar. COMPLICAÇÕES › Fratura da cerâmica de cobertura devido ao orifício de acesso; afrouxamento/fratura do pa- rafuso de fixação da prótese. › Mucosite ou perimplantite devido a presença de cimento no sulco. TABELA 02 04A-D › Dica clínica: remover o excesso de cimento no análogo minimiza o escoamen- to de cimento para o sulco peri-implantar. 04A 04B 04C 04D 05A-D › Exemplos de pilares pré-fabricados (catálogo Neodent) (A-C). Comparação en- tre um pilar pré-fabricado e um pilar custo- mizado (D). 05A 05B 05C 05D PILAR PRÉ- FABRICADO PILAR CUSTOMIZADO TAB. 02 › Parâmetros clínicos que devem ser considerados na escolha do tipo de retenção. FUNDAMENTOS E SEQUÊNCIA CLÍNICA 010 PRÓTESE SOBRE IMPLANTE 009 6. INTERMEDIÁRIOS PRÉ-FABRICADOS PARA CONE MORSE DE ALGUNS SISTEMAS DISPONÍVEIS NO MERCADO NACIONAL 7. CLASSIFICAÇÃO DOS INTERMEDIÁRIOS QUANTO À ANGULAÇÃO Quanto â angulação, os pilares se classificam em: » Retos: utilizados quando o implante foi bem posiciona- do cirurgicamente, seguindo o posicionamento tridimen- sional ideal. » Angulados: utilizados para corrigir erros de posiciona- mento do implante ou adequar o implante a uma determi- nada situação clínica. 8. O QUE PRECISO SABER ANTES DE ESCOLHER O INTERMEDIÁRIO? » Conhecer qual o sistema de conexão implante-pilar e o fabricante do implante. Para escolher o intermediário é obrigatório saber qual foi o implante instalado cirur- gicamente e ter disponível o catálogo do fabricante. Existem inúmeros fabricantes de implantes no mercado, cada um com as peculiaridades do seu sistema. FABRICANTE PRÓTESE PARAFUSADA UNITÁRIA PRÓTESE PARAFUSADA MÚLTIPLA PRÓTESE CIMENTA- DA UNITÁRIA PRÓTESE CIMENTADA MULTIPLA NEODENT › Pilar CM › Mini Pilar CM (Reto ou Angulado) › Micro Pilar › Munhão Universal (Reto ou Angulado) › Munhão anatômico (Reto ou angulado) › Munhão universal Exact (Reto ou Angulado) › Munhão Anatômico Exact (Reto ou angulado) x SIN › Abutment Cônico › Abutment EUCLA CM › Abutment UCLA CM › Abutment cônico CM › Mini-abutment CM (Reto ou angulado) › Micro-mini-abut- ment CM › Abutment Cimentado CM (Reto ou Angulado) › Abutment EUCLA CM › Abutment UCLA CM › Abutment cimentado CM (Reto ou Angulado) ANKYLOS › Pilar Standart › Pilar regular › Pìlar Balance Anterior (Reto ou Angulado) › Pilar Balance Base (Reto ou Angulado) › Pilar Standart › Pilar Standart (Reto ou Angulado) › Pilar Balance Anterior (Reto ou Angulado) › Pilar Regular › Pilar Standart (Reto ou Angulado) › Pilar regular › Pilar balance anterior (Reto ou Angulado) STRAUMAN TISSUE LEVEL › Pilar synOcta › Pilar SynOcta › Pilar SynOcta Cimentado › Pilar sólido › Pilar SynOcta Cimentado › Pilar sólido STRAUMANN BONE LEVEL ›Pilar SRA (Reto ou Angulado) › Pilar Variobase › Pilar multi-base (Reto ou Angulado) › Pilar SRA (Reto ou angulado) › Pilar Cimentável › Pilar anatômico (Reto ou Angulado) › Pilar cimentável 06 › Prótese total fixa inferior: os mini-pi- lares são os intermediários mais utiliza- dos para reabilitações totais de maxila e mandíbula. 07A-K › Pilares pré-fabricados reto e angula- do (catálogo Neodent) (A,B). Alguns exem- plos de implantes disponíveis no mercado nacional (C-G). Tipos de conexões nos pila- res do sistema Neodent (H-K). 07A 07G 07B 07H 07C 07D 07I 07E 07J 07F 07K 06 TABELA 03 FUNDAMENTOS E SEQUÊNCIA CLÍNICA 012 PRÓTESE SOBRE IMPLANTE 011 » Entender o catálogo Devemos ter em mãos o catálogo do fabricante para com- preender as indicações e características de cada tipo de intermediário disponível. Efetuar os pedidos sempre pelo código do produto e observar toda a sequência de compo- nentes necessária para moldagem (transferentes), obten- ção de modelos (análogos), componentes para provisório, protetores de pilar, cilindros de laboratório e parafusos. » Ter disponível o KIT protético/chaves do sistema Alguns fabricantes têm kits e chaves específicas para o seu sistema, a exemplo do Ankylos e Straumann. O uso de uma chave inadequada pode danificar o pilar, o parafuso e até mesmo a própria chave; portanto, quando for realizar a instalação do intermediário, tenha sempre disponível as chaves e os torquímetros originais do fabricante. Lembre-se: » Cada componente e parafuso têm sempre uma chave e torque específico de instalação; » Na maioria dos sistemas as chaves se encaixam a um tambor com um disco que roda livre na extremidade para que seja mantida pressão digital durante a instalação dos componentes e fixação de parafusos; » Os parafusos para implante não são auto-atarrachantes e a resistência ao aperto só deve ser sentida quando a cabeça do parafuso tocar na base do componente. 10. CHAVES DE INSTALAÇÃO E TORQUES RECOMENDADOS PARA PILARES HEXÁGONO EXTERNO (SISTEMA NEODENT) 9. CHAVES DE INSTALAÇÃO E TORQUES RECOMENDADOS PARA PILARES CONE MORSE (SISTEMA NEODENT) PILAR CHAVE DE INSTALAÇÃO DO PILAR/TORQUE DO PILAR CHAVE E TORQUE PARA INSTALAÇÃO DA PRÓTESE PILAR CM › Chave de conexão hexagonal de 1.6 mm/ 32N.cm. › Chave de conexão hexagonal de 1.2 mm / 10N.cm. MINI PILAR CÔNICO RETO CM › Chave de conexão cônica para pilares / 32N.cm. › Chave de conexão hexagonal de 1.2 mm / 10N.cm. MINI PILAR CÔNICO ANGULADO CM › Chave de conexão hexagonal de 0.9 mm / 15N.cm. › Chave de conexão hexagonal de 1.2 mm / 10N.cm. MICROPILAR CM › Chave de conexão cônica para pilares / 32N.cm. › Chave de conexão hexagonal de 1.2 mm / 10N.cm. MUNHÃO ANATÔMICO RETO E ANGULADO CM E EXACT › Chave de conexão hexagonal de 0.9 mm / 15N.cm. › Prótese cimentada. MUNHÃO UNIVERSAL CM › Chave de conexão hexagonal de 1.2 mm / 32N.cm. › Prótese cimentada. MUNHÃO UNIVERSAL ANGULADO CM › Chave de conexão hexagonal de 1.2 mm / 15N.cm. › Prótese cimentada. MUNHÃO UNIVERSAL CM EXACT RETO E ANGULADO › Chave de conexão hexagonal de 0.9 mm / 15N.cm. › Prótese cimentada. PILAR CHAVE DE INSTALAÇÃO DO PILAR/TORQUE DO PILAR CHAVE E TORQUE PARA INSTALAÇÃO DA PRÓTESE PILAR CÔNICO SF › Chave de conexão cônica para pilares / 20N.cm. › Chave de conexão hexagonal de 1.2 mm / 10N.cm. MINI PILAR CÔNICO SF RETO 4.1mm › Chave de conexão cônica para pilares / 32N.cm. › Chave de conexão hexagonal de 1.2 mm / 10N.cm MINI PILAR CÔNICO ANGULADO › Chave de conexão hexagonal de 1.2 mm / 20N.cm. › Chave de conexão hexagonal de 1.2 mm / 10N.cm. MUNHÃO UNIVERSAL SF › Chave de conexão hexagonal de 1.2 mm / 32N.cm (Parafuso Neotorque). › Prótese Cimentada. MUNHÃO PERSONALIZAVEL RETO E ANGULADO › Chave de conexão hexagonal de 1.2 mm / 32N.cm (Parafuso Neotorque). › Prótese Cimentada. UCLA › Chave de conexão hexagonal de 1.2 mm / 32N.cm (Parafuso Neotorque). › Prótese Cimentada ou Parafusada. TABELA 04 NO SISTEMA STRAUMANN TODOS OS PILARES RECEBEM TORQUE DE 35N.cm E OS PARAFUSOSDE FIXAÇÃO DA PRÓTESE TORQUE DE 15N.cm NO SISTEMA ANKYLOS O TORQUE ESTÁ PRESENTE NA CHAVE ESPECÍFICA PARA O PARAFUSO DE FIXAÇÃO E NÃO NO TORQUÍMETRO TABELA 05 11. SELECIONANDO OS INTERMEDIÁRIOS 11.1. PARÂMETROS CLÍNICOS Para seleção de intermediários, independente do implante instalado, o implantodontista precisa se guiar em alguns pa- râmetros clínicos fundamentais para uma correta escolha. 1. Qual o fabricante e o tipo de conexão protética entre im- plante-pilar? Iremos trabalhar com Hexágono externo, Hexá- gono interno, cone Morse ou outra conexão? Qual o fabricante do implante instalado? Respondendo a esses dois questionamen- tos, devemos ter à disposição o catálogo mais atualizado do fabricante e estaremos aptos a identificar no catálogo quais serão as opções de pilares disponíveis para solu- cionar o caso. FUNDAMENTOS E SEQUÊNCIA CLÍNICA 014 PRÓTESE SOBRE IMPLANTE 013 CM HE IIPLUS WS 2. Qual a profundidade do implante em re- lação à crista óssea e à margem gengival? Esses dados são fundamentais para a correta escolha da altura do transmucoso (cinta gengival). Para casos anteriores (devido à estética) su- gere-se 2,0 a 3,0 mm de sulco perimplantar e para casos posteriores 1,0 a 2,0 mm, sen- do que gengivas espessas permitem sulcos mais rasos; assim, o comprimento da cinta cervical será o resultado da subtração entre a profundidade total do sulco peri-implantar e o sulco pretendido. Na presença de con- torno gengival irregular, principalmente na área correspondente às papilas mesial e distal, deve-se optar por pilares preparáveis devido aos mesmos proporcionarem um sul- co uniforme em toda a extensão do preparo, evitando, assim, um sulco muito profundo nas áreas proximais. Isso também implica- rá em maior biocompatibilidade dos tecidos moles com a prótese, principalmente em grandes volumes gengivais nas proximais. Para a medida da profundidade pode- mos utilizar: » Sonda milimetrada. » Medidor de altura para implantes CM (Sistema Neodent). » Pilar do KIT de seleção de intermediários. 3. Qual a distância vertical entre a mar- gem gengival e o dente antagonista? Com essa medida, iremos selecionar um intermediário com uma altura cérvico-o- clusal compatível com a distância intero- clusal encontrada. 08A-D › Tipos de conexão implante-inter- mediário do sistema Neodent. 12A 12B 12C 12D 09A-E › Medida da profundidade do sulco peri-implantar com sonda milimetrada: de- ve-se medir a mesial, vestibular e distal do sulco (A). Utilização do medidor de altu- ra de sulco para implantes CM (Sistema Neodent) (B). Medidor de altura de sulco para implantes CM Neodent, com medidas de profundidade variando de 0,8 mm a 6,5 mm (C). Utilização de um pilar do KIT de seleção (Straumann) para definir qual a melhor opção de tamanho para o trans- mucoso (cinta) (D). Medida da distância interoclusal com sonda milimetrada; con- siderar a altura do pilar mais o material da coroa (infraestrutura e cerâmica de cobertura) (E). 6.5 5.5 3.5 1.5 4.5 2.5 0.8 09A 09B 09D 09C 09E PRÓTESE SOBRE IMPLANTE FUNDAMENTOS E SEQUÊNCIA CLÍNICA 015 016 4. Como está a inclinação do implante? A inclinação do implante permite o aparafusamento da prótese por oclu- sal e/ou lingual/palatina? Precisamos entender que em próteses aparafusadas os orifícios de acesso da prótese devem estar no centro das superfícies oclusais dos dentes posteriores e na palatina ou lingual dos dentes anteriores. Poderemos optar por intermediários angulados para ob- termos esses posicionamentos dos orifícios. Já em próteses cimentadas, devemos estar atentos se a inclinação do implante permite a confecção da prótese com volumes adequados para os materiais da infraestru- tura e da cobertura (ex. espaço adequado para o coping e a cerâmica de cobertura). 5. Qual o diâmetro do dente a ser reposto? Existem inter- mediários com diâmetros diferentes para se adequar ao espaço protético disponível, bem como ao diâmetro do dente que será reposto. 6. A prótese é unitária ou múltipla? Exis- tem intermediários específicos para as duas modalidades; para as próteses unitárias aparafusadas, os pilares ou os cilindros de confecção da prótese irão oferecer algum sistema de travamento antirrotacional. 7. Vou confeccionar uma prótese ci- mentada ou aparafusada? Geralmente existem pilares exclusivos para ambas as modalidades. Alguns sistemas, como Ankylos e Straumann, disponibilizam um mesmo pilar para as duas formas de retenção. 10A-C › Exemplos de pilares angulados para correção de inclinações dos implantes insta- lados; a maioria dos fabricantes disponibili- za angulações de 17 e 30 graus. 11A-F › Intermediários anatômicos com diâmetros diferentes para se adequar ao espaço disponível e diâmetro da coroa a ser reposta (A,B). Pilar com sistema an- tirrotacional (C). Pilar para próteses múl- tiplas (pontes e próteses totais fixas para- fusadas) sem travamento antirrotacional (D). Pilar CM para prótese unitária apa- rafusada porterior (E). Pilar para prótese cimentada (F). 10A 10B 10C 11A 11B 11C 11D 11E 11F PRÓTESE SOBRE IMPLANTE FUNDAMENTOS E SEQUÊNCIA CLÍNICA 017 018 12. EXEMPLO EM SITUAÇÃO CLÍNICA Seleção de intermediário em caso unitário posterior. 12A-E › Caso inicial: implante CM com ci- catrizador (Sistema Neodent) instalado na região de segundo pré-molar superior direito (A,B). Medida da profundidade do sulco peri-implantar para determinar a altura da cinta metálica (transmucoso): profundidade de sulco encontrada de 2,5 mm. O uso do medidor CM irá nos for- necer também a angulação do implante, determinando ou não a necessidade de se utilizar um intermediário angulado. Nesse caso, apesar do posicionamento do implante mais por palatina, não precisa- remos de pilar angulado (C,D). Medida da distância interoclusal com sonda milime- trada, distância interoclusal encontrada de 5,5 mm (E). 12A 12A 12C 12D 12E PRÓTESE SOBRE IMPLANTE FUNDAMENTOS E SEQUÊNCIA CLÍNICA 019 020 13. CONSIDERAÇÕES FINAIS Um planejamento pré-cirúrgico é de ex- trema importância para otimizar a sele- ção dos intermediários. Isso irá favorecer a reabilitação protética, distribuindo de forma mais desejável as tensões e res- peitando os limites anatômicos. Apesar da disponibilidade de vários tipos de co- nexões e pilares, um mau planejamento, principalmente na região anterior, pode tornar inatingível a obtenção da estética e função almejada. O sistema de conexão tipo cone Mor- se tem demonstrado maior estabilidade dos componentes protéticos, diminuição da saucerização, bom selamento bacte- riano e manutenção dos tecidos moles, resultando assim em um sistema de fácil aplicabilidade com grande longevidade clínica. Devido à reversibilidade, a opção por próteses aparafusadas ainda é a mais indicada para casos extensos, onde exis- te presença de cantilever e maior deman- da biomecânica. Já nos casos unitários a comprovada estabilidade dos intermediá- rios CM torna segura a utilização de pró- teses cimentadas. Deve-se, sempre que possível, levar em consideração a possibilidade de reprodu- ção do contorno gengival, favorecendo a biocompatibilidade dos tecidos moles com a prótese, selecionando assim pilares pre- paráveis, principalmente quando o volu- me gengival está aumentado, evitando-se sulcos proximais profundos. REFERÊNCIAS 1. Bernardes SR. Avaliação mecânica da estabilidade de parafusos proté- ticos em diferentes sistemas de retenção pilar/implante. [Tese de doutora- do],Ribeirão Preto: Universidade de São Paulo, 2008. 2. Coelho PG, Sudack P, Suzuki M,Kurtz KS, Romanos GE, Silva NRFA. In vitro evaluation of the implant abutment connection sealing capability of different implant systems. Journal of Oral Rehabilitation 2008; 35; 917–92. Accepted for publication 13 April 2008. 3. Cyríaco T, Salvoni ADA, Wassall T. Conexão protética mais utilizada em implantes unitários por cirurgiões-dentistas que praticam implantodontia. Porto Alegre: RGO, v. 55, n.3, p. 275-279, jul./set. 2007. 4. Drago C, Lazzara RJ. Guidelines for implant abutment selection for partially edentulous patients. Compend Contin Educ Dent 2010 jan- -feb;31(1):14-20, 23-4, 26-7; quiz 28, 44. 5. Gaspar RC ,Barros VM, Simão ABR, VAZ RR, Oliveira Junior CS, Dis- cacciati JAC, Guimarães MM. Reabilitação estética e funcional utilizando implante cone Morse. Revista SOMGE 2012; 1(1): 45-50. Disponível em : www.somge.org.br/revista/index.php/RCSOMGE/article/view/7/6 6. Garcia RP, Xidis S, MaciasCR, El Helou JH, Kfouri FA. Versatilidade clíni- ca de componentes protéticos cone Morse. Revista eletrônica da Faculda- de de Odontologia da FMU 2013; 2(2):1-25. 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Sugestão de sequência de avaliação para a seleção do pilar em próteses fixas sobre implantes/cimentadas e parafusadas. PCL 2003; 5(28):535-48. 12. Neves, FD, Fernandes Neto, Alfredo J, Oliveira, Marlete MRS, Lima, JHF, Galbiatti MAD. Seleção de intermediários para implantes Bränemark compa- tíveis. Parte II: casos de implantes individuais. BCI;7(26):76-87, abr-jun 2000. 13. Oliveira CA, Vieira IB, Andreaza H, Cruz RM. Prótese parafusada versus prótese cimentada. Implant News 2007, v. 4, n. 2, p. 193-197. 14. Sartori IM, Bernardes SR, Molinari A, Hermann C, Thomé G. Intermedi- ários para implantes cone Morse: seleção e utilização. Artigo II, Jornal da ILAPEO 2008;4: 96-104. 15. Schmitt CM, Nogueira-Filho G, Tenenbaum HC, Lai JY, Brito C, Döring H, Nonhoff J. Performance of conical abutment (Morse Taper) connection im- plants: a systematic review. J Biomed Mater Res A 2014 feb;102(2):552-74. doi: 10.1002/jbm.a.34709. Epub 2013 May 9. Quais informações tenho agora? UNIDADE TIPO DE IMPLANTE MEDIDA DA PROFUNDIDADE DO SULCO PERIMPLANTAR FORMADO DISTÂNCIA INTEROCLUSAL NECESSITA DE PILAR ANGULADO? CIMENTAR OU PARAFUSAR? › Segundo PM Superior › Titamax CM EX Neodent › 2,5 mm › 5,5 mm › Não › Cimentar TABELA 06 Qual o intermediário selecionado? » Munhão Universal CM Exact Reto com diâmetro de 3,3 mm. » Altura de transmucoso: 1,5 mm. » Altura interoclusal: 4 mm. » Pedir ao fabricante pelo código: 114360. » Fazer pedido do transfer, análogo, cilindro provisório e cilindro do laboratório. 13A-E › Pilar, chave e torque de instala- ção do pilar selecionado (A). Instalação do pilar com chave hexagonal de 0, 9 mm e torque de 15Ncm (B,C). Pilar instala- do: notar a terminação intrassulcular de toda a cinta metálica e a altura intero- clusal disponível para confecção da coroa protética (D,E). 13A 13B 13C 13D 13E 15 N.cm
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