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História de
Medicina
 
 
 
 
 
 
 
 
RAFAEL ESCADA
 
©Reservado todos os direitos.
Esta publicação não pode ser reproduzida, nem transmitida, no todo ou em parte,
por qualquer processo eletrónico, mecânico, fotocópia, digitalização, gravação,
sistema de armazenamento e disponibilização de informação, sítio web, blogue ou outros,
sem prévia autorização escrita do autor.
 
 
Da Pré-História à Antiguidade
 
NOÇÕES HISTÓRICAS
Pré-História " Período mais longo e remoto da história da Humanidade.
 
Períodos:
 Paleolítico;
 Mesolítico;
 Neolítico
 
" Evolução do Homem;
" Evolução do meio;
" Arte: objectos artefactos, pinturas murais.
 
ANTIGUIDADE
* Pré-clássica:
 Egipto;
 Mesopotâmia.
* Clássica:
 Grécia;
 Roma.
 
MESOPOTÂMIA
* Código de Hamurabi " primeiro código deontológico;
* Entre rios;
* Ásia ocidental, entre rios Tigre e Eufrates, que deu o nome a uma das mais ricas civilizações da História;
* Conhecida por Crescente Fértil.
 
" Aparece a escrita;
" Povos que habitam:
 Sumérios (5000 a.C.):
- Primeiros a habitar o Sul;
- Escrita cuneiforme;
- Organização social marcante.
 Babilónios (2º milénio a.C.):
- Grande império com centro nevrálgico na Babilónia;
- A principal figura foi o rei Hamurabi;
- Primeiros documentos de Leis Médicas.
 Assírios (2º milénio a.C.):
- Sociedade organizada e militarizada que se estendeu além Mesopotâmia.
 Caldeus (1º milénio a. C.):
- Derrotaram os Assírios;
- Rei Nabucodonosor.
 
EGIPTO
* Nasce: 3200 a.C.;
* Reino unificado;
* Seguem-se dinastias que formaram uma civilização muito importante (nível artístico e médico).
 
Períodos:
- Arcaico;
- Império Antigo;
- Império Médio;
- Império Novo;
- Império Tardio.
GRÉCIA
* 2000 – 300 a.C.;
* Nascimento da Grécia: da chegada dos jónicos ao declínio;
* Idade das Trevas (idade média grega): do declínio aos primeiros Jogos Olímpicos " buraco documental.
" Grécia Arcaica:
Dos primeiros Jogos Olímpicos à Batalha de Salamina.
" Grécia Clássica:
Das guerras com persas à conquista por Alexandre Magno.
" Grécia Helenística:
Da morte de Alexandre Magno à ocupação do Egipto lágida por Augusto.
 
* Teatro
* Filosofia
* Arqueologia
* Arte
* Arquitectura
* Literatura
* Nasce aqui a noção do Belo " importante para a Medicina " representação dos corpos " conhecimento
anatómico (necessário representar o corpo humano para ter noção de belo) " culto do corpo
* Mitologia
 
ROMA
* Século V a.C. – 330;
* Presença etrusca;
* Monarquia;
* República Romana;
* Império Romano.
 
Fundação da cidade de Urbs
Mosaicos romanos
 
Roma vs. Medicina
 Aparecem os primeiros banhos públicos e termas " Higiene e Saúde " Medicina.
 Gladiadores: eram utilizados para conhecimento do corpo humano, quer morressem quer sobrevivessem,
no segundo caso devido aos tratamentos.
 
Representação humana estagna na Idade Média porque estagna o conhecimento científico (mas não a
Medicina).
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Medicina nas Civilizações Antigas
FEIÇÕES DA MEDICINA
Com períodos de maior ou menor estagnação… com retrocessos… com dominância de uma concepção… não
foi um processo contínuo. Há quem refira uma primeira fase de imitação daquilo que os animais fariam.
 Não segue uma linha de progresso contínuo;
 Processa-se através dos períodos de maior ou menor estagnação;
 Existe sempre algum progresso.
 
1. Medicina mágica ou supersticiosa:
- Primitiva;
- Trepanações para extrair os demónios da doença sagrada;
- Amuletos protectores, sacrifício de animais e objectos para evitar os espíritos malignos;
- Crente na existência de entidades maléficas e poderes estranhos (forças ocultas causadoras dos males);
- Doença como uma situação estranha à vontade e conhecimento do Homem;
- Feiticeiros como intérpretes das forças ocultas e das doenças (reconheciam os feitiços e pretensamente
os dominavam revestidos de trajos, máscaras e atitudes extravagantes);
- Os mágicos ou feiticeiros aplicavam os seus poderes estranhos, em rituais por vezes macabros,
servindo-se ou não de sacrifícios, unguentos e remédios principalmente à base de plantas e outros produtos
naturais, que mais tarde viriam a chamar-se plantas medicinais ou simples;
- Remédios aplicados com base em conhecimentos meramente empíricos.
 
2. Medicina sacerdotal ou religiosa:
- Doença é o castigo das divindades ofendidas pelos desvarios dos homens;
- Não ofender as divindades, os deuses como dispensadores da vida e da morte;
- Regras ou normas de comportamento moral, orações, sacrifícios, e duras penitências devem ser
adoptadas para não ofender os deuses (por vezes levava a práticas que atingiam o limiar da loucura e do
suicídio);
- Sacerdotes são os intermediários entre as divindades e os homens – intérpretes das doenças e dos
castigos dos deuses;
- Grandiosidade Natural;
- Aparecem sempre um ou mais deuses, masculinos ou femininos, relacionados com a saúde e a doença,
numa palavra com a medicina.
 
3. Medicina empírica:
- Baseia-se nos conhecimentos adquiridos pela experiência humana e informação prática através dos
séculos;
- Senso comum fruto da observação assistemática;
- Muito antiga e recente (existente desde há muito e que ainda hoje coexiste sem grande desprimor, a par
da medicina científica);
- O conhecimento da acção de determinadas plantas e de mesinhas com elas fabricadas, bem como com
diversos produtos animais; a acção do sol, do calor, de certas águas e doutros agentes físicos constituíram,
através dos séculos, um manancial imenso e precioso de informação prática, acessível mesmo à gente mais
rude, simples e inculta;
- Contribui igualmente para o desenvolvimento da medicina científica.
 
4. Medicina científica:
- Nada tem a ver com a nebulosidade e atavismo da superstição, da magia ou do sacerdotalismo
religioso de tempos idos;
- Raciocínio;
- Especulação lógica;
- Investigação;
- Estudo laboratorial;
- Método (estudo metódico). 
 
A Medicina perde o seu cariz primitivo, ganhando teor científico com o aparecimento do grego Hipócrates.
 Observação;
 Raciocínio.
Medicina Primitiva:
Toda a medicina anterior a Hipócrates (460 – 377 a. C.), o primeiro a dar-lhe uma feição científica e a
codificá-la. Passa a ser uma Medicina fundamentada na observação e no raciocínio por oposição às práticas
supersticiosas, ocultas e com base em crenças divinas. Pouco se sabe da medicina primitiva. O seu estudo é baseado
principalmente numa analogia com os processos de tratamento ainda hoje utilizados pelos povos e tribos mais
atrasados. Essencialmente mágica e supersticiosa.
* Práticas mágicas e supersticiosas;
* Doença como factor exterior à vontade do homem (vista como castigo);
* Doença provocada por entidades com poderes superiores (divindades ou forças ocultas);
* Prática de sacrifícios humanos e animais;
* Espíritos malignos expulsos através da trepanação (abertura de um ou mais buracos no crânio).
Na medicina primitiva não podemos falar numa medicina propriamente dita, mas sim, em curas.
 
Antigas civilizações:
 Mesopotâmia – Sumérios, Assírios, Babilónios;
 Pérsia;
 Israel;
 Egipto;
 Índia;
 China;
 Japão;
 Incas/Maias.
 
1. Mesopotâmia:
1.1 Sumérios:
9 Povo pastor que cerca de 3000 anos antes da nossa Era se estabeleceu no baixo vale do Eufrates;
9 Medicina com teor mágico;
9 Interpretação dos sonhos (mais tarde por Freud);
9 Exame de animais;
9 Ignoravam o significado e o mecanismo da respiração;
9 Renovação do sangue relacionada com a absorção dos alimentos (relação entre Medicina e alimentação);
9 Coração como sede da inteligência e orelhas da vontade;
9 Importância dada ao fígado (era o órgão mais necessário à vida - sede da vida e dos pensamentos) –
regulador da circulação.
 
1.2. Caldeico:Assírios e Babilónios:
9 Depois dos Sumerianos desenvolveram-se no Vale do Eufrates os Impérios Babilónicos e Caldeico-
Assírio;
9 Medicina mágica;
9 Prática médica levada a cabo por sacerdotes, que colhiam ao luar as plantas que depois utilizavam para
combater a influência dos maus espíritos;
9 Doença no homem e nos animais determinada por espíritos malignos (actuação vingativa);
9 Uso de plantas;
9 Deus da Medicina – Sin (identificado com a Lua), pai de Istar, deusa do desejo e da fecundidade (ligação
entre aspecto médico e fecundidade) – tal como Astarte para os fenícios ou Afrodite dos gregos;
9 Acreditavam os babilónios que os mortos saíam dos túmulos sob a forma de vampiros, como demónios,
para “sugarem o sangue dos homens, dilacerar-lhes as carnes e esvaziar-lhes o sangue das artérias”.
 
Código de Hamurabi:
 Criado pelo rei babilónio Hamurabi (reinou desde 2003 a 1961 a.C.);
 A mais antiga compilação de leis (1700 a.C.);
 Escrito em estela negra de diorite (3 alfabetos distintos);
 Descoberto na cidade persa de Susa, encontra-se, actualmente, no Museu do Louvre;
 Determina todo o funcionamento da sociedade e do quotidiano (sociedade altamente organizada e
estratificada);
 Faz referência a práticas e honorários médicos;
 Especifica os honorários (e responsabilidades profissionais) dos médicos, que dependiam do
estatuto social do doente (bem como o castigo a aplicar ao médico caso algo corresse mal);
 Informações sobre a higiene: atribuíam às moscas um papel significativo na disseminação de
determinadas doenças; refere-se à possibilidade de anulação dos contratos de venda de escravos em caso de
dissimulação de doenças.
2. Pérsia:
9 Império fundado por Ciro (557 – 530 a.C.);
9 Os persas anexaram a antiga civilização mesopotâmica e estenderam o seu império até ao Egipto;
9 Ocuparam o planalto iraniano;
9 O termo “Pérsia” foi criado por Xá, em 1935;
9 Actual Irão;
9 Informações médicas contidas no livro sagrado iraniano – Avesta – escrito por Zaratrusto ou Zoroastro
(o pouco que se sabe da medicina persa primitiva está contido neste livro sagrado do povo iraniano);
9 Dois princípios, o do bem e o do mal:
- Bem: Ormuzd;
- Mal: Ariman.
9 Politeístas: para além destas divindades principais tinham outras secundárias, de entre as quais se
distinguiam duas de maior importância, ambas servidoras de Ormuzd (divindades dispensadoras de saúde e de
plantas salutares):
- Ameratap: deusa da saúde, que revelou ao homem as plantas salutares e fez nascer a árvore
milagrosa que cura todas as doenças e confere imortalidade;
- Mitra: igualmente deusa dispensadora de saúde, tão digna de ser adorada como Ormuzd que a criou.
 
3. Israel:
9 Medicina sacerdotal (a medicina fazia também parte da religião);
9 Jeová ou Javé: deus único, dispensador da vida e da morte, e igualmente da saúde e da doença. Os males
ou as doenças que Jeová enviava aos seus filhos eram apresentados como um castigo pelas faltas cometidas pelos
próprios, ou por seus antepassados;
9 Sociedade dividida em classes, entre as quais a dos levitas, casta que exercia o sacerdócio e também a
medicina; eram os medianeiros naturais entre Jeová e o povo, quer se dirigissem aos sãos ou aos doentes;
9 Antes deste carácter religioso e sacerdotal, a medicina hebraica, por si ou por influência de outros povos,
teve aspectos próprios da medicina mágica, que atribuíam a doença a influências maléficas ou demoníacas;
9 Importância dada à questão circulatória (papel do aparelho circulatório no organismo);
9 Ar como transmissor de doenças (assemelhando-se à doutrina pneumática dos Egípcios);
9 Ideia de purificação (utilização de aromas e perfumes – queimavam essências para purificar o ar);
9 Rigorosos cuidados com a higiene – higiene social (circuncisão ao 8º dia – ligação com Deus): o judeu
deve permanecer imaculado moral, psíquica e fisicamente e purificar-se das impurezas mediante práticas e
cerimónias destinadas não só aos sacerdotes e iniciados como a todo o povo, por vezes mesmo com carácter
obrigatório (banhos, vestes, circuncisão, regulamentação do trabalho, cuidados especiais durante a gravidez e o
período menstrual);
9 Preocupações relativas ao contágio das doenças, ao regime alimentar e ao enterrar dos mortos, etc.;
9 Talmud:
- compilação das leis e tradição judaicas;
- mostra que os conhecimentos anatómicos, fisiológicos, patológicos e terapêuticos dos judeus eram
semelhantes aos dos outros povos contemporâneos;
- superioridade notória no campo da higiene social: medicina hebraica tem um papel pioneiro neste
campo;
- primeira verdadeira legislação sanitária;
- chamada de atenção para o papel dos parasitas;
- hábitos alimentares cuidadosamente determinados: alimentos seleccionados e animais com lesões no
fígado ou nos pulmões eram rejeitados.
 
4. Egipto:
9 Medicina primitiva mágica;
9 Doença atribuída à presença de espíritos malignos no corpo; era necessário expulsá-los para restituir o
estado de saúde aos pacientes;
9 Divindades:
 Rá " Sol;
 Osíris " Morte;
 Ísis " Natureza;
 Path " Criador do mundo;
 Sachmet " Doenças femininas;
 Toth " Sabedoria, inventor da escrita e das artes, patrono dos escribas, deus da magia e das curas
milagrosas;
 Anupu " Mumificação (cabeça de chacal);
 Tueris/Toret: Protectora das grávidas (gestação) e do parto;
9 Culto dos animais, com divindades desde o gato ao macaco babuíno, passando pelas serpentes, crocodilos,
até ao boi Apis, encarnação do deus Path e o mais importante dos animais sagrados, tinha por vezes aspectos de um
fanatismo extremo;
9 Culto das trindades (deus pai, deusa mãe e deus filho), das quais as mais conhecidas são a de Amon, Rá e
Ftás, e a de Osíris, Ísis e Hórus;
9 Conhecimento da medicina egípcia antiga é evidenciado em 4 tipos de artefactos:
 Arte (desenhos, pinturas, esculturas e arquitectura);
 Múmias;
 Escritos de historiadores gregos e romanos;
 Papiros:
- Kahun: ginecologia, obstetrícia, veterinária;
- Edwin Smith: anatomia, patologia cirúrgica;
- Ebers: farmacopeia, terapêutica (875 prescrições), cardiologia (compreende vários tratados).
É o mais valioso em termos médicos.
9 Homem é visto como sendo composto por 3 elementos:
 Corpo;
 Alma;
 Ka: ser imaterial com personalidade própria que vivia dentro do corpo e que conferia protecção,
saúde, vida e alegria.
9 Aquisição de conhecimentos (consequências da consanguinidade, culto dos mortos, uso da mumificação,
sacralização dos animais) originou uma medicina mágica, com inúmeras características específicas, muito mais
elaborada do que uma comum e simples medicina mágica da Antiguidade;
9 Respiração como função mais importante do organismo;
9 Coração como sede do pensamento e órgão central da circulação;
9 Praticavam a auscultação directa, encostando a orelha às costas e ao peito;
9 Prática exclusiva por sacerdotes;
9 Os médicos pertenciam a uma casta com regalias; abundavam no Egipto e a especialização era regra;
9 Algum desenvolvimento do conhecimento anatómico pelos estudos em animais e pelo embalsamamento;
9 Preparação de supositórios, pílulas, cataplasmas e colírios (granulações da conjuntiva);
9 Intervenções cirúrgicas relativamente complexas (tumores, fracturas ósseas);
9 Importância dada à alimentação (prática do jejum como forma de cura ou método preventivo);
9 Prática do diagnóstico;
9 Doentes tratados em casa ou em sanatória;
9 Preocupação da prevenção da doença e tratamento dos acidentados;
9 Cuidados de higiene pessoal e das habitações;
9 Exércitos acompanhados por um médico;
9 Imothep " médico e arquitecto construtor de pirâmides (a pirâmide de Gisé pertence-lhe). Eleva-se sobre
todas as restantes divindades – deus tutelar dos médicos;
9 Existiram também mulheres médicas, humanas e mortais – Resehet, “directora tutelar dos médicos”;9 Os faraós manifestavam preocupação para com o bem-estar dos trabalhadores.
9 Mumificação:
 Extracção do cérebro pelas narinas;
 Remoção das vísceras, através de incisão no flanco esquerdo;
 Esterilização das cavidades do corpo e das vísceras;
 Tratamento das vísceras: remoção do conteúdo; desidratação com natrão; secagem; unção;
aplicação de resina derretida;
 Cobertura do corpo com unguentos vários;
 Tratamento das superfícies do corpo com resina derretida;
 Preenchimento das cavidades do corpo com panos
ensopados em resina e sacos de materiais perfumados, como mirra e canela, serradura, etc.;
 Remoção dos materiais de enchimento;
 Enchimento subcutâneo dos membros com areia, argila, etc. (para manter a aparência);
 Colocação do corpo em natrão, durante cerca de 60 dias;
 Cobertura do corpo com unguentos vários;
 Tratamento das superfícies do corpo com resina derretida;
 Enfaixamento e inclusão de amuletos, jóias, etc.
 
5. Índia:
9 Medicina primitiva conhecida:
 Práticas mantidas até aos nossos dias;
 Práticas mantidas em livros sagrados;
9 Proibição de tocar em cadáveres;
9 Importância da obra de Susruta – cirurgia, diagnóstico, anatomia, terapêutica, doenças, etc. " Sushruta
Samhita;
9 Ideia de purificação dos corpos (higiene);
9 Morte como começo de outra vida (tal como no Egipto);
9 3 períodos:
 Período védico:
- Medicina mágico-sacerdotal;
- Casta de médicos diferenciada da casta sacerdotal (os médicos tinham mais influência pois
curavam);
 Período bramânico:
- Mais conhecimentos anatómicos;
- Conceitos médicos permanecem ainda e sempre subordinados às ideias religiosas;
 Período budista e árabe:
- Influência da medicina de outros povos;
9 3 elementos essenciais:
 Respiração;
 Bílis;
 Linfa.
9 Febre com sete origens internas e externas, e tem como dias críticos o 7º, o 10º e o 12º (sintomatologia);
9 Descreveram minuciosamente a febre terçã e quartã e chamaram à tuberculose “doença real”;
9 O hábito de provar a urina, como meio auxiliar de diagnóstico, permitiu-lhes descobrir a diabetes;
9 Terapêutica: variada e compreendia medicamentos externos e internos:
 Externos: ventosas, banhos, clisteres, pomadas, etc.;
 Internos: purgantes, vómitos e prescrições dietéticas rigorosas;
9 Cuidados com a higiene (leis de Manu: compilação de leis religiosas, morais e sociais – os períodos
menstrual e de gravidez são objecto de cuidados higiénicos rigorosos, bem como a alimentação em geral);
9 Prática cirúrgica: operações às cataratas e às amígdalas, extracção de cálculos vesicais por abertura perineal,
rinoplastia, laqueação das artérias nos ferimentos profundos, reduziam as luxações e tratavam as fracturas; sabiam
extrair fetos em apresentação de espádua;
9 Variado instrumental cirúrgico, extraordinariamente aperfeiçoado.
 
6. China:
9 Difícil analisar a medicina antiga chinesa cuja civilização, fechada sobre si mesma, parece ter deixado de
evoluir durante séculos;
9 Mundo governado pela existência de dois princípios:
 Yin: terra, lua, norte, oeste, água, frio, chuva, obscuridade, sangue, animalidade, fraqueza,
feminino, ventre, direita, doenças, crónicas;
 Yang: céu, sol, sul, este, fogo, calor, vento, luz, energia, inteligência, força, masculino, dorso,
esquerda, doenças, agudas;
" do seu perfeito equilíbrio, em que no entanto o masculino desempenha um papel dominante, como
princípio gerador, resultava a vida; da sua ruptura, a decomposição e a morte;
9 Nei-Ching: o mais antigo livro de medicina; é atribuído a Huang-Ti;
9 Mik-Ching: livro do pulso; revela que a medicina chinesa tinha por base o exame do pulso, não apenas o
pulso radial, como acontecia nas medicinas ocidentais, mas de uma infinidade de pulsos;
9 Corpo comparado a um instrumento de cordas e o exame da pulsação, nos diversos locais onde é
perceptível, permitiria avaliar a vibração e o funcionamento mais ou menos perfeito dessas cordas;
9 Era preciso tomá-lo, no mínimo, em 11 locais diferentes, 3 vezes em cada um deles e sob 3 graus de
pressão crescente;
9 Assinalavam-se 200 variedades de pulso, 26 das quais anunciavam a morte;
9 As vísceras (coração, pulmões, fígado, rim e baço) estavam sob a influência de um astro, dum planeta, dum
elemento, correspondendo a uma cor, a uma estação dependendo de um outro órgão, etc. Assim, a medicina chinesa
fazia parte de um sistema que colocava o microcosmos humano no macrocosmos e estabelecia a sua
interdependência;
9 Uso de ópio, sulfato de sódio, cânfora, ruibarbo, efedrina – farmacopeia rica, muito vasta e desenvolvida,
contendo cerca de 1800 drogas, algumas das quais viriam a ser utilizadas na medicina ocidental;
9 Acupunctura, praticada com agulhas metálicas muito finas, geralmente de cobre, espetadas em pontos
específicos.
7. Japão:
9 Começou com uma fase mítica ou mágica;
9 O Japão seguiu e dependeu durante séculos dos vectores da medicina chinesa, até aos primeiros contactos
com a medicina ocidental, que passaram então a seguir, através da chegada dos portugueses em 1542;
9 Duas divindades que presidiam à medicina;
9 Tinham ensino médico – escolas médicas próprias (702) com cursos de 7 anos para medicina interna e mais
curtos para outras especialidades;
9 758: imperatriz Komyo mandou construir um hospital para doentes pobres;
9 Ishinho (982): livro mais antigo de medicina japonesa, escrito por Yasuhori Tambu Nagata Tokuhon,
influenciado pela medicina ocidental (é reconhecido como o “Hipócrates Japonês”);
9 Os portugueses, também conhecidos como “Bárbaros do Sul”, construíram hospitais onde se praticava
gratuitamente a medicina e cirurgia - Padre Luís de Almeida construiu um hospital em Nagasaki; criou igualmente
uma escola médica, creches, etc.;
9 A importação de livros europeus foi, no entretanto, proibida até 1700;
9 Mais tarde, foi a influência holandesa que atingiu o seu auge, em 1771. Em 1857, médicos holandeses
fundam uma escola médica em Yedoo, que, oficializada em 1860, se transformou na actual Universidade de Tokyo.
 
8. Civilizações pré-colombianas:
8.1. Incas:
9 Medicina mágico-religiosa;
9 Adivinhação, sacrifícios em animais, sortilégio (feitiços);
9 Doença como consequência de um pecado (castigo dos deuses);
9 Festa anual de Coya Rami: festa nacional inca, realizada durante quatro dias no solstício da primavera,
incluía nos seus rituais uma confissão individual, para a purificação do espírito e a profilaxia das doenças. O
sacerdote confessor, o ichuri, obrigado a manter o segredo da confissão, dava conselhos, actuava como psicólogo e
estabelecia a penitência remissora;
9 Descoberta das propriedades curativas da coca (mascada) e da quina (infusão);
9 Existiam feiticeiros, hierarquicamente posicionados de acordo com as classes sociais a que prestavam
assistência:
 Hampi-Camayoc: tratavam chefes incas e suas famílias;
 Husmac: classes abastadas/elevadas;
 Soncoyoc ou camascas: povo;
 Sirkak: cirurgião.
 
8.2. Maias e Astecas:
9 Medicina mágico-sacerdotal exercida por sábios, oriundos das escolas de elite;
9 Todos tinham direito ao ensino, embora a casta superior tivesse acesso a escolas especiais, e o povo livre, de
guerreiros e agricultores tinha direito a um ensino menos especializado, com finalidade mais prática;
9 Aos médicos-sacerdotes não era pedido o diagnóstico ou o tratamento, tão só que fizessem o prognóstico
através da análise dos astros e do calendário religioso;
9 Prática da incubação;
9 Feiticeiros populares adoptavam outros métodos, servindo-se de ervas cujos efeitos terapêuticos conheciam
empiricamente, mas também de substâncias de origem animal e de minerais; havia mesmo uma certa especialização
destes curandeiros;
9 Arsenal terapêutico composto por cerca de 1200 plantas, que preparavam de formas diversas (chá, inalação,unguentos para fricção, colírios, etc.). Importado para a Europa (Descobrimentos) pelos conquistadores (nos finais
do século XVIII, um terço de toda a farmacopeia em uso na Europa tivera a sua origem na América);
9 Finíssimos bisturis feitos com pedras de obsidiana; eram utilizados para puncionar furúnculos e fazer
incisões que depois suturavam com fios de cabelo;
9 Adoração a divindades especializadas (Tlaloc e Xochpilli);
9 Regras de higiene: práticas de banhos quer em água corrente, quer pelo calor húmido dos vapores, que
produziam em balneários apropriados.
 
 
 
 
 
 
A Medicina na Grécia Pré-Hipocrática
 
Grécia Pré-Hipocrática:
9 Referem-se a estes tempos narradores e poetas, sábios-filósofos, médicos ou não, da antiguidade grega e
greco-romana, como Homero, Heródoto, Hipócrates, Ovídeo, etc.;
9 Povo dado à poesia, à arte e à imaginação, ao culto de uma mitologia sem fim e sem limites, demarcada
entre o real e o fantástico;
9 Medicina mítico-sacerdotal e empírica (baseia-se sobretudo em princípios mágicos), influenciada pela
medicina de outros povos vizinhos;
9 É uma medicina politeísta (vários deuses), mas destaca-se, principalmente o deus Apolo, filho de Zeus
(Júpiter para os Romanos);
9 Preocupações higiénicas (água canalizada e latrinas em certas casas e palácios);
9 Actuação médica ligada à mitologia, onde o irreal e o objectivo se confundem;
9 Invoca o sopro vital como princípio da vida: com a morte este liberta-se dos corpos e dirige-se para Hades,
o reino das sombras;
9 Sangue era conduzido nas veias, e as artérias transportavam ar a todo o organismo.
 
* Apolo:
 Princípio gerador da arte médica grega;
 Personifica:
- o Sol, planeta que pelo seu calor benigno e temperado dá vida a todas as coisas, que nutre e mantém
as plantas, inspirando-lhes as qualidades cujos efeitos vemos nos nossos corpos (o uso das plantas é
benéfico – importância fulcral);
- o homem superior, dotado de espírito divino, o primeiro a praticar e ensinar o uso de ervas, etc.;
 Origem da Medicina;
 Deus da cura e das doenças;
 Transmitiu a sua arte a Ocnone (ninfa do monte Ida) e a Deífobe, bem como ao centauro Quiron, benfeitor
dos homens e conhecedor das plantas;
 Era pai de Esculápio (ou Asclépio). Eram ambos venerados em templos - hospitais onde lhes eram
atribuídas curas através do sono;
 Na obra Metamorfoses de Ovídeo, faz-se referência a Apolo.
 
* Quiron:
 Centauro, filho de Crono e Filira;
 Benfeitor dos homens e sábio de todas as coisas;
 Divulgou na Tessália (terra do maravilhoso) o conhecimento das plantas benfazejas;
 Mestre de Hércules, Aquiles e Esculápio.
* Esculápio:
 Filho de Isdris e Coronis;
 Descrito por Homero como um príncipe, rei da Tessália;
 Praticava a arte de curar – incubação;
 Simbologia: serpente (símbolo das forças ocultas, das divindades e dos poderes infernais; associou-se-lhe
também o significado da prudência – símbolo mais antigo da Medicina); mais tarde juntou-se o galo (vigilância), a
taça e o bastão (poder);
 Acabou por ser considerado como filho do próprio deus Apolo, sua personificação e deus máximo da
medicina. Não só curava os doentes, como até ressuscitava os mortos, pelo que Júpiter, furibundo, o matou a pedido
de Plutão, deus dos infernos, quer receava ficarem desertos os seus reinos (segundo Homero);
 Considerado o deus máximo da Medicina;
 Casou com Epione;
 Duas filhas: Higia (de onde deriva a palavra higiene) e Panaceia (significa, à letra, cura de todas as
doenças);
 Três filhos: Telésforo (patrono da convalescença), Macáon e Podalírio (médico que como Macáon esteve
na guerra de Tróia e teve um filho, Hipocon, fundador de uma linhagem de que surgiu Hipócrates, o “pai da
medicina”);
 Esculápio foi invocado e adorado por toda a Grécia e, mais tarde, no mundo romano.
 
 
 
* Incubação:
Os crentes (doentes) dirigiam-se aos templos de Esculápio onde eram adormecidos, através de um líquido
(muito provavelmente de acção hipnótica). Durante o sono, os deuses revelavam, através dos sonhos, a cura
necessária para os seus males, ou diziam ao doente que dariam a conhecer o tratamento aos asclepíades (sacerdotes),
que posteriormente o transmitiam ao doente. Existiam nos templos enormes condições de higiene. Nestes templos
era praticada a medicina, cirurgia, balneoterapia, massagens, etc. Ergueram-se templos em: Pérgamo, Tricea,
Epidauro (o mais conhecido), Cós e Atenas.
 
 
Escolas filosóficas:
9 Para o período áureo da Grécia Clássica contribuiu o aparecimento dos filósofos e suas escolas;
9 A preocupação racional com os problemas do Universo fez destes homens “amigos da Ciência”, que
estudavam a Natureza e o homem;
9 A partir do século VII a.C., a civilização grega começa a preocupar-se com os problemas universais
(constituição íntima da matéria, natureza do homem, etc.) de um modo inteiramente independente de conceitos
mágicos e supersticiosos, mas antes fundamentado na especulação racional (já haviam sido assinaladas noutras
civilizações, como as do Vale de Eufrates);
9 Inicia-se, assim, o período mais brilhante da história da Grécia, período de investigações de carácter
filosófico-científico e artístico, o período dos filósofos gregos, “os amigos da Ciência”;
9 Concomitantemente com uma medicina sacerdotal, começa então a ser praticada uma medicina filosófica
por discípulos das escolas de Mileto, de Cirene e de Crotona, berços do método experimental;
9 Principais escolas: Cnide, Cós, Crotona, Agripento, Rodes e Cirene " base para o método experimental;
 Cnide: numa península da orla costeira ocidental da Ásia Menor, a sul de Mileto, onde se
distinguiram: Eudoxio (astrónomo, matemático e médico) e Erisístrato (médico, fundou a escola de
Anatomia da Alexandria);
 Cós: numa ilha frente a Cnide. Teve em Hipócrates a sua figura mais famosa. A ela pertenceram
também figuras notáveis como: Anaxágoras, Chrysippe e Herófilo (o maior anatomista da Antiguidade);
 Crotona: na costa oriental do extremo sul da Itália. Figuras de maior vulto: Pitágoras, Demócrito,
Arquimedes, Filolaus e Alcméon;
 Agripento: na custa sul da Sicília, de onde surgiu Empédocles;
 Rodes: na ilha do mesmo nome, a sul de Cnide;
 Cirene: na orla costeira do norte de África ao sul da Grécia, na Cirenaica.
9 Surgem deste modo os periodeutas (perideuô – “eu percorro”);
9 Outros médicos estavam ligados ao exército e outros ainda, como em Atenas, praticavam a medicina em
verdadeiras clínicas – iatreion (“casa do médico”) -, onde recebiam honorários.
 
* Periodeutas:
 Médicos que percorriam localidades curando sem recorrer a práticas mágicas ou sacerdotais;
 Davam conselhos de higiene;
 Serviços gratuitos para os pobres.
 
* Filósofos:
 Indivíduos que, academicamente, se entregavam ao estudo do mundo que os cercava;
 Naturalistas, interessados na compreensão da natureza íntima da matéria, da génese do Universo, à luz de
uma especulação racional;
 Estudando a natureza eram levados a estudar o homem, que assim consideravam como uma miniatura
desse mesmo Universo – microcosmos;
 Alguns exemplos:
- Pitágoras: números em equilíbrio = saúde;
- Tales de Mileto: fundador de uma escola em Mileto, na Jónia, Ásia Menor; filósofo e matemático,
foi o mais antigo e mais ilustre dos chamados sete sábios da Grécia; a água como princípio
primordial/fundamental;
- Alcméon de Crotona: pensa-se que terá sido o primeiro a fazer dissecção (em animais); considerava
que apesar de tudo ser gerado pela Natureza, achava importante o estudo/conhecimento do corpo
humano;
- Heráclito: o elemento fundamental era o fogo;
- Empédocles de Agripento: os quatro elementos da Natureza (água, ar, fogo e terra);
- Demócrito: autor da teoria atómica do Universo; dissecava animais; importância dada às plantas
como fonte de medicamentos.
 Da escolade Mileto saíram discípulos famosos, como Heráclito, Anaxágoras e Pitágoras. Alguns deles
dirigiram-se para a Grécia e para as colónias gregas do sul de Itália e da Sicília, a grande Grécia, onde deram origem
a novas escolas de filósofos, naturalistas e cientistas que vieram a desenvolver características próprias e dali
lançaram novas correntes.
Medicina na Antiga Lusitânia
 
Lusitânia:
9 A noção do que era a medicina na antiga Lusitânia é dada através de documentos. Muitos deles foram
recolhidos pelo médico, professor e arqueólogo, Dr. Leite de Vasconcelos, e estão actualmente no Museu Etnológico
de Lisboa;
9 Medicina de carácter essencialmente mágico;
9 Observação das vísceras das aves;
9 Uso de amuletos e plantas curativas;
9 Apelo a divindades;
9 Existem elementos que comprovam a existência de uma medicina empírica (lâminas finíssimas, primeiro
de cristal de rocha e de sílex, depois já de ferro – pensa-se que eram utilizadas como bisturis);
9 Prática da trepanação já no final do Período Neolítico;
9 Colocação de doentes na beira das estradas para que fossem observados por viandantes (montanheses
ibéricos – espécie de curandeiros mágicos que viajavam pelas terras);
9 Prática da terapêutica termal, já antes da chegada dos romanos, referenciada, como é natural, a poderes
sobrenaturais ou mercê de determinadas divindades (Santiago de Compostela, Caldas de Vizela);
9 Com o domínio dos romanos, novas estâncias termais foram edificadas (Caldelas – consagrada às Ninfas;
Castelo de Vide; Chaves; Entre-os-Rios; Monchique, Santo António das Taipas; Vidago);
9 Medicamentos: muito pouco se sabe acerca dos medicamentos usados entre os lusitanos, mas por certo não
seriam muito diferentes dos utilizados por outros povos primitivos;
9 Plínio o Antigo faz referência, na sua monumental obra, a diversas plantas medicinais, que se colhiam em
Espanha, nomeadamente: dormideiras, beldroegas, funcho, rosa de cão, betónica, etc., de entre as mais usadas pelos
romanos. Refere-se também a uma bebida muito agradável e boa para a saúde.
 
* Endovélico:
 Grande deus lusitano relacionado com a medicina;
 Templo em Vila Terena, próximo de Vila Viçosa – descoberta de inscrições e esculturas que fazem
pressupor a prática da incubação (semelhante ao que acontecia nos templos de Esculápio);
 Templo no Alandroal em S. Miguel da Mota;
 Santuário do Garvão, perto de Ourique.
 
Nota: dos tempos após invasão romana foram assinalados santuários dedicados a Esculápio em Santiago do
Cacém e em Lisboa, nas cercanias da igreja de Santa Maria Madalena.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Medicina enquanto Ciência e Medicina Helenística
 
* Hipócrates (460 – 377 a.C.):
 Ideia da ciência aplicada à Medicina com a figura de Hipócrates – a medicina ganha com ele um teor
científico;
 Repudiou a medicina mágica, sacerdotal ou meramente empírica;
 É o “pai da medicina”;
 Pode dizer-se que foi o fundador da clínica;
 É considerado descendente de Esculápio, e discípulo do seu próprio pai, igualmente médico, chamado
Heracleide;
 Normalmente aparece associado a dois símbolos da Medicina: o bastão e a serpente;
 Nasceu na ilha de Cós, viajou por todo o mundo grego, exercendo o estatuto de médico;
 Em Atenas exerceu clínica durante longos anos e ganhou grande fama que chegou a outros povos;
 Velho e cheio de prestígio retirou-se para a Tessália, onde viria a morrer, em Larrissa;
 A sua existência foi posta em causa, mas confirmam-na os testemunhos de Platão e de Sócrates (e também
testemunhos artísticos).
 
Medicina hipocrática:
9 Obra escrita: Corpus hipocraticum: 153 escritos, repartidos por 72 livros que
foram distribuídos por 11 grupos:
- Deveres e obrigações profissionais dos médicos;
- Tratados gerais sobre a natureza do homem;
- Oito livros de aforismos;
- Tratados vários;
" Trata-se de uma colecção preciosa de escritos que documentam primorosamente todo o
conhecimento médico e científico do período mais fulgurante do mundo grego;
9 Juramento de Hipócrates: primeiro e magistral código deontológico da
Medicina. Aborda vários assuntos:
- distinção entre medicina e cirurgia;
- aborto e eutanásia (assuntos actuais);
- necessidade de tratar colegas e respectivos filhos como irmãos;
- não causar mal ou dano a alguém;
- etc.
9 Observação da Natureza – o homem só sobrevive adaptando-se ao meio externo;
9 Homem como elemento integrante da natureza terrestre e do Universo e, por isso, este tem que se adaptar
constantemente às condições exteriores, ou seja, ao meio ambiente;
9 Prática médica assenta na experiência e observação dos fenómenos da natureza (libertação de qualquer
ideia pré-concebida);
9 Conhecimentos científicos muito limitados, principalmente devido à escassez da informação objectiva de
carácter anatómico e fisiológico; tinha carácter vago e impreciso;
9 Os escritos hipocráticos apresentam uma parte que denota um
conhecimento mais perfeito das coisas: é a que diz respeito à cirurgia dos ossos (os gregos eram amantes do
desporto; os alunos lesionados nos ginásios eram submetidos a repousos mais ou menos prolongados, a dietas ou a
diversos outros tratamentos).
 
 
* Teoria dos humores, doutrina humoral ou humoralismo:
 Esta teoria vive durante toda a Idade Média, desvanecendo-se no Renascimento;
 Homem e natureza compostos por partes líquidas e partes sólidas ligadas entre si por algo imaterial,
espécie de fogo imperceptível, de ar quente, de espírito – o pneuma – força invisível que o coração envia a todo o
organismo, no qual os diversos órgãos possuem uma força própria de impulsão, que permite a vida;
 O coração era o órgão central da teoria hipocrática;
 Nas partes líquidas existiam os humores " é neles que assenta a doutrina humoral;
 Os humores eram quatro:
- Sangue: proveniente do coração, era o elemento quente;
- Fleuma ou pituita: segregado pelo cérebro, era o elemento frio;
- Bílis amarela: produzida pelo fígado, era o elemento seco;
- Bílis negra ou atrabílis: vinda do baço, era o elemento húmido.
 
Elementos Ar Terra Água Fogo
Qualidades Quente ehúmido Frio e seco
Frio e
húmido Quente e seco
Humores Sangue Atrabílis Pituita Bílis
Órgãos Coração Baço Cérebro Fígado
Temperamento Sanguíneo Atrabiolioso
(melancólico)
Fleumático
(linfático)
Bilioso
(colérico/agressividade)
Estações Primavera Outono Inverno Verão
 
 Equilíbrio dos humores – eucrasia – estado de saúde;
 Desequilíbrio dos humores – discrasia – doença;
 Nem sempre o predomínio de um humor sobre os outros traduz doença. Essa condição pode verificar-se
em condições normais originando o temperamento, que é influenciado pelo clima e pelo ambiente.
 
* Fases da doença:
 Pepsis: fase inicial, em que a doença ainda está crua (em cru);
 Cocção: segunda fase, em que a doença está a cozer (a cozinhar);
 Crisis: terceira fase, é aquela em que a doença costuma desaparecer de repente;
 Lisis: quando não há desaparecimento repentino da doença, esta tem tendência para desaparecer
gradualmente.
A crisis dava-se, na opinião de Hipócrates, em certos dias bem determinados para cada doença – dias críticos
-, que estavam estabelecidos em obediência a determinadas leis da teoria dos números de Pitágoras. Os hipocráticos
aguardavam a chegada destes dias para examinar atentamente o estado dos doentes e fazer o prognóstico (a doença
vai abrandar, passará, agravar-se-á, ou morrerá o paciente). Não davam grande importância ao diagnóstico
propriamente dito.
 
9 Hipócrates olhava o cérebro como a sede do pensamento, e simultaneamente como uma glândula que
absorvia o excesso dos humores; a traqueia e os brônquios eram considerados como artérias que, tal como a aorta,
serviam para a circulação do pneuma;
9 Reconhecia que a fecundação resultava da mistura do sémenmasculino com o feminino, sendo os rapazes
concebidos no “corno” direito do útero e as raparigas no esquerdo.
 
* Terapêutica hipocrática:
 A terapêutica hipocrática era consideravelmente limitada e pouco actuante;
 Dois princípios: Natura Medicatrix e Contraria Contrariis;
 Natureza como responsável pela vida (concede a vida), e é responsável pelo desenvolvimento do homem e
pela preservação da saúde;
 Ao médico compete apenas ajudar a Natureza a corrigir o estado doentio do padecente e pouco mais.
Assim, o médico hipocrático examinava atentamente o doente, aguardava de modo especial os chamados dias
críticos, prognosticava e confiava no poder salutar da Natureza " Natura Medicatrix;
 Quanto à sua actuação, pouco mais ia além do princípio lógico do Contraria Contrariis:
- Febre: dieta líquida;
- Resfriamento: calor;
- Repleção excessiva: purgativos;
 Emprego de ventosas;
 Farmacopeia variada: diversos extractos de plantas como o ópio, a beladona, a mandrágora, eram
utilizados como narcóticos e calmantes; a água quente como vomitivo; o heléboro-branco como analgésico;
emplastros de suco de raiz de tapsia, etc.;
 Preparações externas incluíam sais de chumbo, de arsénio e de cobre para as dermatoses, e substâncias
gordas para o tratamento das afecções oculares;
 Cirurgia muito limitada, na ausência de um conhecimento bem fundamentado da anatomia humana;
 Utilizavam a trepanação, extraíam dentes com uma espécie de alicate, operavam hemorróidas e fístulas
rectais;
 Eram mais arrojados e eficientes no tratamento de luxações e fracturas baseados na experiência dos
mestres de Palestra e dos Ginásios;
 Higiene era cuidada e determinava costumes como o de proporcionar ao hóspede que chega, antes de tudo
o mais, um banho quente de imersão a que por vezes se juntava o duche; lavar e perfumar os pés cada vez que
chegavam a casa, após deixarem à entrada os sapatos que traziam na rua; limpar cuidadosamente a pele do suor dos
exercícios físicos violentos e untá-la com óleo e unguentos perfumados. Os banhos públicos, ainda que pouco
numerosos ao tempo de Hipócrates, foram depois muito vulgarizados por toda a Grécia, especialmente associados
aos Ginásios.
 
Medicina helenística:
 
Epílogo da Civilização Grega:
 Medicina com características de teor científico;
 Hipócrates atinge o auge da sua carreira no fim do século de Péricles, marcado pelo fim das guerras do
Peloponeso, em 404 a.C.;
 Platão, por essa altura, tinha 24 anos;
 Em 384 a.C., nasce em Estagira, na Macedónia, ao Norte da Grécia, Aristóteles. Recebe durante 20 anos
ensinamentos de Platão, de quem se tornou o discípulo mais notável. Em 343 a.C., é o tutor do príncipe da
Macedónia (Alexandre Magno).
 
* Aristóteles:
 Discípulo de Platão;
 Preceptor de Alexandre Magno;
 Criador da História Natural, assente no método comparativo e na biologia;
 Filósofo, matemático, moralista, biólogo e médico;
 Fez sentir, até aos nossos dias, o poder da sua genialidade;
 Foi o primeiro a conceber e a dirigir um projecto de investigação biológica;
 Realizou estudos experimentais sobre o desenvolvimento do embrião de pinto e sobre a história natural
das abelhas e dos cetáceos;
 Debruçou-se sobre problemas essenciais, como a hereditariedade, a reprodução, a nutrição, o
desenvolvimento e a adaptação;
 Deixou descrições pormenorizadas sobre o estômago dos ruminantes e sobre o útero de vários mamíferos;
 Investigador e cientista;
 Quanto a conceitos filosóficos, para Aristóteles, a Natureza age como se a matéria tendesse a elevar-se
para o acto puro, a inteligência;
 Quanto à vida, deixa-nos no “Tratado da Alma” a sua teoria: a alma é a mais alta expressão da vida, a
unidade, e não a compara a coisa alguma, como outros pensadores fizeram; ela é movimento, princípio de vida; “não
é corpo, mas não existe sem ele”. Compõe-se de razão e apetite;
 Importância dada à nutrição – “é a alma fundamental de todos os seres organizados e vivos” (durante toda
a Idade Média também);
 Fundador da escola do Liceu ou escola peripatética (em Atenas) – ali se ensinava aos alunos, passeando e
conversando ao ar livre;
 Primeiro a ver a relação inseparável do físico e do moral.
 
* Teofrasto (Tirtanos):
 Discípulo mais célebre de Aristóteles;
 Continuador de Aristóteles na direcção do Liceu;
 Primeiro grande botânico da Antiguidade;
 História das plantas e causas das plantas – fonte farmacológica para a medicina grega e romana (é na
Grécia antiga que se começa a tratar de botânica).
 
Escola de Alexandria:
 Morte de Alexandre Magno (323 a.C.);
 Divisão do império macedónio feita por 5 generais;
 O reino do Egipto cabe, a Ptolomeu Soter, um amante das artes e da cultura;
 Foi da cidade de Alexandria, no reino do Egipto, que irradiou a chamada civilização helenística;
 Na cidade de Alexandria floresce uma capital cultural:
- Biblioteca de Alexandria (fundada por Ptolomeu);
 Os estudos anatómicos da Escola de Alexandria permitiram um desenvolvimento considerável e mais
esclarecido da cirurgia;
 Neste período citam-se: Filoxeno, Apolónio Erofiliano, Apolónio o Empírico;
 Também de grande importância: Arquimedes, Hiparcus, Eudóxio, Euclides, Eratóstenes, Hero e Ctesíbio.
Contribuíram para a evolução da ciência ou do pensamento humano.
 
Na Alexandria dos Ptolomeus destacam-se duas grandes figuras da medicina antiga: Herófilo e Erasístrato,
co-fundadores da Escola Médica de Alexandria.
 
* Herófilo (335 – 280 a.C.):
 Nasceu na cidade de Calcedónia, na Bitínia;
 Estudou em Cós;
 Considerado o fundador da anatomia (“pai da anatomia”);
 Segundo Galeno, foi o primeiro a praticar a dissecção de cadáveres humanos;
 Ligado à Anatomia e à Fisiologia " especialização médica;
 Estudou a anatomia do cérebro, descreveu os ventrículos, o calamus scriptorius, as meninges, os seios
cranianos e a sua confluência posterior que a nomenclatura anatómica consagrou sob a designação de prensa ou
lagar de Herófilo;
 Criador dos termos duodeno (“doze dedos”), próstata e osso hióide;
 Observou e descreveu o fígado, o pâncreas, os linfáticos, os órgãos genitais femininos e o globo ocular;
 Distinguiu os nervos dos tendões e dos vasos sanguíneos, afirmando que os nervos provêm do cérebro e
determinam os movimentos e que os vasos sanguíneos conduzem sangue e não ar, sendo de 5 para 1 a relação entre
o tamanho das artérias e das veias;
 Descreveu movimentos respiratórios;
 Relacionou o pulso com os movimentos cardíacos, nos quais distinguiu sístole e diástole.
 
* Erasístrato (304 – 250 a.C.):
 Terá nascido em Julis, na ilha de Céos, nas Cíclades, entre o Mar Egeu e o Mar de Creta;
 Grande anatomista e fundador da fisiologia;
 Rejeitou a teoria dos humores, dando importância aos tecidos e aos órgãos e suas alterações;
 Foi um solidista;
 Aperfeiçoou os conhecimentos sobre a anatomia do coração e elaborou uma teoria sobre a circulação
sanguínea (a primeira), que só viria a ser ultrapassada definitivamente com William Harvey:
Ar " pulmões " coração " transforma-se em espírito (pneuma) " aorta e artérias " sangue;
 Para ele, o coração direito e o esquerdo serviam de motor a duas circulações diferentes:
- a do sangue pela contracção do coração direito e o jogo da válvula tricúspida;
- a do espírito, pela contracção do coração esquerdo e o jogo da válvula mitral, que obrigava o
espírito a penetrar na aorta a cada sístole;
 Célebre pela cura de Antíoco.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Medicina no Império Romano
 
Etrúria - Etruscos:
9 Conjunto de povos que ocuparam a Península Itálica antes dos romanos;
9 Seriam oriundos do Oriente mas teriam influência grega;
9 Eram um povo de técnicos, arquitectos, marinheiros, agricultores, comerciantes e militares;9 Agricultura era próspera, foram peritos na divisão, repartição e exploração das terras; bons em hidráulica,
usavam a irrigação com ciência e habilidade;
9 Medicina mágica;
9 Observação do voo das aves e das vísceras dos animais sacrificados (principalmente o fígado) como
instrumento de adivinhação respeitante ao diagnóstico médico;
9 Adivinhação praticada por Arúspices (sacerdotes que desempenhavam as funções de observação e
previsão);
9 Tal costume ficou profundamente enraizado e foi continuado pelos próprios romanos que, à semelhança dos
etruscos, o praticaram;
9 Foram conquistados e assimilados pelos romanos.
 
 
Roma Primitiva:
9 Medicina vista como actividade desprestigiante (suja) e com muito baixa conotação;
9 Praticada por escravos gregos ou por indivíduos não escravos mas de muito baixo estrato social;
9 Havia também uma medicina doméstica, praticada em casa pelo paterfamilias (chefe da família que curava
os membros da sua família; tinha direito a uma estátua em casa/pátio). Tinha um carácter mais ou menos mágico,
empírico apenas;
9 Preocupação com o lado social da higiene;
9 As lagoas e terras encharcadas que rodeavam Roma foram saneadas já no tempo dos etruscos;
9 Cloaca Maxima: sistema de esgotos;
9 Banhos públicos, servidos com água quente e fria, piscinas para natação, instalações para se vestirem,
repousar. Estes banhos públicos ou privados eram construídos não só pelos imperadores como também por cidadãos
abastados;
9 Presença gradual de médicos gregos em Roma – os periodeutas – que foram ganhando estatuto.
 
 
Teorias médicas:
Como dito anteriormente, a medicina propriamente dita era, inicialmente, uma prática muito pouco prestigiada
entre os romanos. 
 
Existiam quatro tipos de médicos/teorias médicas:
 Periodeutas;
 Atomistas/Metodistas;
 Pneumáticos;
 Ecléticos.
 
* Periodeutas:
Do contacto com o povo helénico, começaram a aparecer em Roma médicos gregos, os periodeutas, que, de
terra em terra, iam exercendo a medicina e divulgando a ciência e a filosofia. Falando grego, língua muito
considerada pelas classes cultas da sociedade romana, e possuidores de grande cultura, os periodeutas foram-se,
pouco a pouco, introduzindo nessa sociedade e por ela, na mesma proporção, passaram a ser considerados, bem
como a medicina que praticavam.
 
Celso de Verona:
 Médico ou talvez apenas simples erudito;
 Compilador de conhecimentos;
 Escreveu uma grande enciclopédia De Artibus, onde estava incluída uma parte referente à
medicina, intitulada De Re Medica ou Da Arte Médica;
 Descrição de várias doenças.
 
Plínio, o Antigo:
 Muito viajado e grande naturalista;
 Autor da História Natural (obra monumental em 37 volumes).
O mais célebre dos periodeutas foi, contudo, Asclepíades de Bitínia.
 
* Atomistas ou Metodistas:
 Doutrinas contra humorais;
 Matéria em movimento é a concepção-base da sua medicina: movimento é vida e saúde;
 Doença provocada pela alteração dos movimentos dos átomos.
 
Asclepíades de Bitínia:
 O mais célebre dos periodeutas;
 Não seguia as regras de Hipócrates, considerando a teoria hipocrática como a contemplação da
morte;
 Confiava nas medidas activas tomadas pelo médico;
 Usava as terapêuticas dietética (para cada tipo de doença uma alimentação adequada) e física
(equitação, banhos, massagens, calor) – preferia-as em vez das drogas;
 Referia no corpo humano partes sólidas e líquidas, sendo as sólidas constituídas por fibras e as
líquidas por fibrilas;
 Seguia a teoria atómica de Demócrito, que considerava a matéria composta por uma infinidade de
corpúsculos ínfimos, separados por espaços vazios, mas sempre em movimento – os átomos;
 Via no calor e no frio uma consequência deste movimento, e a saúde era o resultado do
movimento normal dos átomos, através dos poros e canais do organismo, tal como a doença resultava da
perturbação deste movimento;
 Conceito mecanicista e solidista;
 Movimento equivalente à vida e à saúde (inventou camas suspensas que balançavam os doentes);
 Devem tratar-se os doentes rapidamente, com segurança e sem sofrimento, utilizando
metodicamente os meios naturais em vez das drogas;
 Adoptava os conceitos anatómicos e psicológicos de Erasístrato.
 
Exemplos de outros metodistas:
- Temison: principal discípulo de Asclepíades e continuador da escola metodista;
- Antonius Musa;
- Caelius Aureliano: Tratado das doenças agudas e crónicas;
- Andrómaco, o Velho: inventor da triaga ou teriaga, remédio maravilhoso com cerca de 500 ingredientes;
- Sorano de Éfeso: é considerado o “príncipe dos atomistas” (obstetrícia, ginecologia e pediatria).
 
Pedanius Dioscórides:
 Médico-cirurgião nos exércitos de Nero;
 Botânico e farmacologista;
 Matéria Médica: obra em que recolheu todo o conhecimento sobre plantas medicinais e de
farmacopeia do seu tempo e do Império (descreveu cerca de 600 plantas). O seu livro foi utilizado
durante muitos séculos e exerceu grande influência na medicina.
 
* Pneumáticos:
 Contra as doutrinas seguidas pelos metodistas, anti-humorais;
 Seguidores da teoria hipocrática “pura”;
 Atribuição de valor activo às qualidades quente e frio;
 Atribuição de valor passivo às qualidades húmido e seco;
 Pneuma, um espírito vital, impregna todos os corpos e rege as actividades do organismo, mas também as do
Universo em geral. Entraria pelo corpo através da respiração e dos poros cutâneos, sendo possível medi-lo no pulso.
 Exemplos:
- Ateneu de Atália: escreveu um tratado sobre medicina;
- Areteu de Capadócia: o mais notável dos pneumáticos;
- Antilo: notável cirurgião.
 
* Ecléticos:
 Tentaram conciliar as doutrinas metodistas com as dos pneumáticos, ou seja, dos solidistas com os
humoralistas;
 Exemplos:
- Rufo de Éfeso: anatomista e urologista;
- Agatino de Esparta: fundador da escola eclética;
- Galeno: o principal dos ecléticos.
 
Medicina Galénica:
9 Período greco-romano:
- o mais ilustre da medicina antiga;
- atingiu o seu apogeu com o aparecimento de um homem cujas ideias dominaram a medicina durante 1200
anos: Cláudio Galeno.
 
* Galeno (131 – 205 d.C.):
 Origem grega;
 A sua influência fez-se sentir até ao século XVIII;
 Aprendeu filosofia e estudou medicina;
 Nomeado cirurgião da escola de Gladiadores, emprego que lhe proporcionou vasta experiência no
tratamento de feridas;
 Em Roma, rapidamente conquistou grande celebridade como clínico, professor e escritor;
 Foi um escritor profundo, causando espanto a vastidão, variabilidade e profundidade da sua obra;
 Escreveu cerca de 500 obras (das quais apenas se salvaram 83 e sabe-se que lhe pertencem pois ele próprio
fez uma lista dos seus escritos);
- Comentários a Hipócrates;
- Sobre as seitas;
- Sobre a melhor doutrina;
- Sobre a medicina empírica;
- De anatomicis administralionimus (15 volumes);
- De usu partium corporis humani;
 Nos seus escritos denota um saber imenso e uma ciência sólida, com vastíssimos conhecimentos
anatómicos, servido, ao mesmo tempo, por um espírito engenhoso e subtil, e um poder vigoroso de argumentação,
dado à controvérsia e ao desdém dos adversários;
 O seu nome chegou até nós como o de um segundo Hipócrates;
 Fundador da fisiologia experimental;
 Durante a Idade Média, as suas ideias foram aceites sem discussão, e alguém que ousasse duvidar dos seus
ensinamentos ou contradizê-lo era considerado herege. Galeno considerava o corpo como um mero veículo da alma,
conceito que mereceu, naturalmente, a aprovação dos cristãos, judeus e muçulmanos, dada a característica
monoteísta destas religiões; além disso, o ensino que ministrava era de tal maneira dogmático, que levava à
convicção e desarmava a crítica, pois Galeno tinha uma resposta para cada pergunta e uma solução para cada
problema;
 Reconheciaautoridade de Hipócrates e de Aristóteles, trabalhando sempre com uma finalidade concreta;
 Foi anatomista, o que não se verificou com Hipócrates. A sua anatomia representa um progresso sobre a dos
seus antecessores. Dissecou animais e soube tirar conclusões da anatomia comparada;
 Vastos conhecimentos anatómicos (dissecção de animais);
 Quase descobriu o mecanismo da circulação sanguínea, conhecia e compreendia correctamente o
funcionamento das válvulas cardíacas, já anteriormente descritas por Erasístrato;
 Seguiu a teoria dos humores de Hipócrates, aceitando o princípio dos quatro elementos constitutivos da
Natureza, e dos quatro humores (sangue, fleuma, bílis e atrabílis) determinantes da saúde ou da doença, consoante o
seu equilíbrio, e dos temperamentos, consoante o predomínio;
 Preocupou-se com a higiene dos aglomerados humanos, com a educação física e a alimentação do adulto e
do velho;
 Escreveu uma obra para demonstrar que o bom médico tem necessariamente de ser filósofo.
 
* Circulação sanguínea galénica:
 Sangue formado do quilo elaborado durante a digestão;
 Conduzido pela veia porta e suas ramificações ao fígado, considerado como o centro das veias e o
distribuidor do sangue, onde este se carregava de espíritos naturais ou alma negativa;
 Do fígado passava através das veias para o organismo;
 No organismo carregava-se de fuligem;
 Quando se encontrava saturado, passava do sangue para o coração (centro das artérias);
 Parte do sangue venoso libertava-se da fuligem e carregava-se de pneuma nos pulmões, através das veias
arteriosas;
 Outra parte passava para o lado esquerdo através de poros no septo inter-ventricular;
 Dos pulmões regressava ao coração esquerdo, pelas artérias venosas, onde era enriquecido de espíritos vitais
ou alma sensível.
" A pulsação era a entidade que expulsava os resíduos abandonados pelo sangue;
" Descobriu que nas artérias existia sangue e não ar.
9 3 funções fundamentais associadas a 3 órgãos:
- Coração " sede da força vital, que se transmite ao corpo pelas
artérias. Esta força regia as paixões e mantinha o calor, princípio de vida.
- Fígado " sede da nutrição.
- Cérebro " sede da inteligência.
 
* Terapêutica Galénica:
 Patologia e terapêutica semelhantes às de Hipócrates, mas mais activa;
 Confiava na acção da natureza que nada faz de inútil;
 Estabeleceu o princípio fundamental de que toda a alteração de uma função corresponde a uma lesão
orgânica;
 Verificou que o tratamento da doença segue as mesmas regras que o regime do homem são;
 Aplicando o princípio hipocrático do Contraria Contrariis, ordenou um quadro de remédios consoante os
seus efeitos;
 Baseou-se muito num medicamento de grande fama existente nessa época - Teriaga ou Triaga:
 - composição extremamente complexa, chegando a abranger mais de 600 componentes;
- ópio (da cápsula das dormideiras) como medicamento de base de quase todas as triagas;
- numerosas propriedades curativas, sendo especialmente empregues como antídotos, nos casos de
intoxicações e envenenamentos;
- a triaga galénica possuía 73 ingredientes, entre eles o ópio e a carne de víbora, além de uma série
produtos vegetais.
 
 
Em suma:
9 Galeno foi um grande médico, anatomista e fisiologista;
9 A maior figura da medicina antiga, a par de Hipócrates;
9 A sua obra prodigiosa foi um tanto prejudicada por algumas das suas concepções filosóficas e pelo calor do
seu poder dialéctico. Também porque se limitou, nas suas investigações anatómicas, à dissecção de animais, tirando,
a partir deles, as inferências para o homem;
9 Marcou o zénite da medicina antiga;
9 Após a sua morte, a medicina entrou numa fase de estagnação, se não de declínio. Simultaneamente
surge o advento do Cristianismo.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Medicina no Início da Idade Média
 
* Termo:
 A conotação negativa dada à Idade Média teve origem no século XIX (Romantismo);
 É um período médio por se situar entre dois períodos áureos – a Antiguidade e o Renascimento.
Nota: a literatura é, ainda assim, a área cultural em que a Igreja não teve uma acção castradora.
 
 
Características gerais da medicina depois de Galeno:
9 Galeno viveu no período áureo do Império Romano;
9 Deu um grande impulso aos conhecimentos anatómicos, fisiológicos e terapêuticos da medicina antiga;
9 Com a sua morte coincide o auge e simultaneamente o início do declínio da medicina antiga;
9 Decadência do Império Romano:
- Lutas políticas;
- Pressão dos bárbaros do norte;
- Desregramento dos maus costumes;
- Luxo de Roma em contraste com a pobreza e miséria dos escravos e das populações distantes,
submetidas pela força.
9 Pestes ou pragas (toda a epidemia que dizimava populações a eito) mataram dezenas ou centenas de milhar
de vidas (impotência da medicina da época).
 
 
* Modus Vivendi:
 Tempo (sucessão dos dias e das noites e das estações do ano);
 Espaço (onde habita o campo);
 Fé:
- tem a sua riqueza espiritual na ida à Igreja, ao domingo;
- as missas são dadas com o padre de costas e em latim, que o camponês analfabeto não percebe;
- a mensagem da Bíblia é percebida através da imagem (escultura, arquitectura…);
- o padre faz peregrinação nas capelas deambulatórias.
 
 
* Arte:
 Românico:
- as igrejas românicas podiam ser transformadas em fortalezas (devido à predominância das guerras)
– Exemplos: Sé Velha, Coimbra;
 Gótico:
- altura e luz (divina);
- a altura é compensada pelos contrafortes (que eram comparados às costelas);
- identifica-se com as cidades e não com o campo;
- exemplo de gótico flamejante: Batalha.
 
 
* Trilogia Negra:
 Peste;
 Fome;
 Guerra.
 
9 A ciência era insuficiente para responder às ameaças contagiosas das pestes;
9 Regresso às práticas de uma medicina mágica e religiosa;
9 Começa a fazer-se sentir a influência do cristianismo, na assistência aos mais desamparados, no socorro aos
pobres e aos escravos (tudo na Idade Média é regido pela Igreja).
 
Mosteiros e conventos com enfermarias, vitrais, alfaias litúrgicas, tapeçarias (um tema destacado na altura era
o dos “5 sentidos”), iluminuras, esculturas antropomórficas.
 
Idade Média:
* Balizas cronológicas:
 476: queda do Império Romano do Ocidente " início da Idade Média;
 1453: queda de Constantinopla " final da Idade Média.
 
* 2 fases: (separação feita pelo ano 1000)
 Alta Idade Média (1ª):
9 Não há evolução científica;
9 Invasões bárbaras (ostrogodos, visigodos, alamanos, suevos, vândalos);
9 Império bizantino ou império romano do Oriente " império cristão greco-oriental com sede em
Constantinopla.
 Baixa Idade Média (2ª):
9 Predomínio da Igreja;
9 Campo;
9 Feudalismo;
9 3 ordens sociais: bellatores (guerreiros), laboratores (camponeses), oratores (clero);
9 Cruzadas;
9 Cidades, universidades, intelectuais.
 
 
Advento do Cristianismo no Campo Médico:
9 Desde o início do século V, o Cristianismo constitui a religião única do Império;
9 Doença: castigo de Deus ou meio de redenção do próprio ser humano. Era objecto natural da caridade cristã,
que atribui a todos o direito à mesma dignidade, por igualdade de natureza concebida à imagem e semelhança de
Cristo e do Deus criador do Universo;
9 Uma vez que existiam poucos conhecimentos científicos, os cristãos encontravam conforto na religião,
invocando a fé e os milagres de Cristo, pregando o sacrifício e a oração como meios de reabilitação e de cura;
9 Apregoando a igualdade, socorrendo os pobres, os desprotegidos e desamparados e os doentes, a fé cristã
crescia em adeptos e praticantes;
9 Colocou em risco a autoridade de um Império corrupto, decadente e ameaçado, já sem capacidade de
resposta social, política ou mesmo militar;
9 Perseguição dos cristãos;9 Prática da medicina pelos doutores da Igreja;
9 Existem autores que defendem que o Cristianismo em desenvolvimento foi a causa do declínio da
medicina, o que é errado pois este trouxe uma nova dimensão de humanismo, de caridade, de dádiva, até então não
cultivada ou proclamada;
9 Houve, em parte, o retomar de características de uma medicina religiosa;
9 Existiu também, e principalmente, uma nova forma de encarar o doente e o desprotegido, o seu semelhante
enquanto ser humano;
9 Imagem do tímpano (no alto das portas das Igrejas): tem sempre o mesmo significado: “se vais entrar aqui,
liberta-te dos pecados”;
9 As igrejas começaram a funcionar como enfermarias;
9 Planta de Igreja (em forma de cruz) representante de Cristo e no centro, coração (onde ninguém pisa);
9 Apareceu nesta altura S. Jerónimo (342-420): um dos primeiros a pregar a assistência a desprotegidos;
convenceu Fabíola (filha de um rico patrício romano) a construir o primeiro grande hospital do Ocidente –
Nosocomium -, para assistência dos pobres (ano de 400);
9 Em 370 já se tinha construído na Cesareia (Ásia Menor) uma pequena casa de assistência aos desprotegidos,
por S. Basílio;
9 Decadência do Império Romano, particularmente no Ocidente;
9 Constantino fundou no extremo oriental do Mediterrâneo a Nova Roma ou cidade de Constantinopla
(actualmente Istambul), para onde mudou a capital do Império, alguns anos depois;
9 Constantinopla torna-se rapidamente o centro político, religioso, económico e cultural do Império; Roma,
primeiro sobre pressão, depois sob o domínio efectivo dos povos bárbaros, vai progressivamente perdendo a
influência;
9 Em 476 cai o Império Romano Ocidente;
9 Com a queda de Roma, cinde-se o Império Romano, que perdurará por largos séculos apenas no Oriente,
com o nome de Império Romano do Oriente ou Império Bizantino, até 1453;
9 A queda de Roma marca o início da Idade Média, tal como a queda de Constantinopla marcará o seu fim.
 
 
Medicina Medieval/Bizantina:
9 Durante os primeiros séculos do cristianismo, os conhecimentos médicos estagnam; a medicina não faz
parte das “7 artes liberais” – gramática, retórica, dialéctica, aritmética, geometria, astronomia e música;
9 A medicina é praticada sobretudo pelos monges, por razões de filantropia e caridade cristã, utilizando uma
terapêutica empírica;
9 A objectividade de Hipócrates e o raciocínio lógico de Galeno são esquecidos;
9 Especialmente influenciada pela civilização Grega e Helenística;
9 A grande maioria dos autores médicos de então não são mais do que compiladores e comentadores dos
antigos;
9 Foi neste período em que a nossa cultura mais ficou a dever aos monges cristãos;
9 Monges cristãos:
- Prática médica no interior dos mosteiros e conventos e no domicílio;
- Faziam recolha das grandes obras do pensamento antigo, fazendo traduções fiéis, escrevendo sobre
muitos assuntos, preservando e desenvolvendo a cultura para as gerações futuras, visto que as gerações
de então apenas se interessavam por armas;
- Apoio medicinal, principalmente aos mais desfavorecidos;
- Hortus clausus: jardim botânico - local que permitia aos monges o fabrico de remédios;
- Desenvolveram a farmacopeia;
9 Existe uma confusão entre medicina e assistência (entre prática médica e prática assistencial) - os
mendigos pediam assistência " remete para a caridade cristã;
9 Saber árabe mantido através do enciclopedismo e da Escola de Salerno;
9 Distinção entre médicos (físicos), cirurgiões e barbeiros " esta distinção desaparece oficialmente no
século XVIII;
9 Cirurgião: aquele que suja as mãos; barbeiro: arrancava dentes e tratava abcessos;
9 Sangrias, aplicação de clisteres, purga, sanguessugas…
 
 
Principais escritores médicos:
 Aécio (502 – 575);
 Oribázio (325 – 403);
 Alexandre de Tralles (525 – 605);
 Paulo de Egina (625 – 690);
 Isidoro de Sevilha (570 – 636);
 João Actuário.
Os conhecimentos anatómicos, fisiológicos e terapêuticos evidenciados nas obras destes autores dão bem a
ideia da fase de estagnação em que mergulha a medicina.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Medicina Árabe
 
* Islão:
 Religião monoteísta que surgiu na Península Arábica nos começos do século VII, com base nos
ensinamentos religiosos do profeta Maomé (570 – 632) e numa escritura sagrada, o Alcorão;
 Expansionismo muçulmano: conquistaram todo o norte de África e passaram à Península Ibérica;
 O Islão consiste em:
- acreditar num único Deus;
- rezar 5 vezes por dia;
- jejum anual no mês do Ramadão;
- pagar dádivas rituais;
- fazer, se possível, uma peregrinação a Meca.
 O Islão estende-se do Índico ao Atlântico, da Pérsia à Península Ibérica (muçulmanos);
 762 " Fundação de Bagdad – capital do Império Muçulmano " (baliza cronológica);
 Império dividido em 3 partes:
- Oriental " capital em Bagdad;
- Central " capital no Cairo;
- Ocidental " capital em Córdova.
 Civilização com importante papel na cultura e na Medicina:
- Matemática;
- Astronomia;
- Arte;
- Letras;
 A via de acesso dos árabes à medicina greco-latina ficou a dever-se, fundamentalmente, aos nestorianos,
partidários do arcebispo Nestor, patriarca de Constantinopla, que no século V foi considerado herético, ao sustentar
que na figura de Cristo deviam ser distinguidas duas pessoas tal como o eram duas naturezas. Como a maioria dos
nestorianos continuou a defender a ideia condenada, retiraram-se para Edessa, onde foi fundada a escola de Edessa.
Levaram com eles muitas obras que traduziam para arameu e depois para árabe. Assim, os muçulmanos receberam
as ideias da medicina greco-latina, mas não na pureza original, devido a erros de tradução. Foram estes os
conhecimentos que os muçulmanos levaram mais tarde para a Península Ibérica.
 
 
Medicina Árabe:
9 Os árabes tiveram um papel muito importante no campo da medicina;
9 Inicialmente rudes, foram governados por príncipes cultos e inteligentes, que nem só com os problemas da
guerra se preocuparam;
9 Prestaram grande contributo à ciência; dedicaram-se às artes, às letras, à matemática, à astronomia,
prestando também grandes serviços à medicina;
9 Apreensão de ensinamentos de Hipócrates e Galeno;
9 Conhecimento e transmissão dos textos clássicos;
9 Religião impedia o desenvolvimento da medicina;
9 Condenação da cirurgia e da dissecção em cadáveres humanos e animais, por parte dos ensinamentos do
Alcorão; para eles, o corpo era semelhante ao do porco (Galeno);
9 Estagnação dos conhecimentos anatómicos e fisiológicos;
9 Desenvolvimento da farmacopeia: progressão extraordinária no campo dos medicamentos;
9 Farmacopeia: uso dos simples – todos os produtos da natureza que eram susceptíveis de ser utilizados no
tratamento dos doentes. Eram principalmente representados por plantas, mas também por alguns produtos animais e
minerais. Com estes simples obtinham-se os medicamentos compostos. Os árabes trouxeram para o Ocidente o
conhecimento de muitos desses simples;
9 Cultivaram também muito a alquimia, dizendo-se mesmo que foram eles os seus fundadores (mas parece
que já antes os chineses a praticavam):
- Descoberta da pedra filosofal;
- Transformação de todos os metais em ouro líquido;
- Panaceia universal.
9 Introdução do algodão em rama e ainda do ácido azótico na terapia;
9 Desenvolveram o conceito de hospital, inspirados nos hospitais cristãos;
9 Dietética;
9 Faziam sangrias;
9 Escolas médicas em vários locais:
- Pérsia;
- Egipto;
- Andaluzia;
- Córdova (a que mais se distinguiu, com 80 escolas e uma biblioteca de cerca de meio milhão de livros).
 
 
* Messué pai
* Messué filho
Médicos e farmacêuticos. Deve-se a Messué pai a separação mais rigorosa e rígida entre medicina e farmácia.
Terá escrito cerca de 40 obras médicas.
 
 
Figuras notáveis da Medicina Árabe - médicos hispano-muçulmanosmais notáveis:
* Rhases (850 - 923):
 Autor de um tratado médico em 12 volumes (parte desta obra foi, em Portugal, livro de texto nos estudos
universitários até à reforma do Marquês de Pombal);
 Descreveu a varíola e o sarampo;
 Foi director do hospital de Bagdad;
 Há quem o considere a maior autoridade da medicina árabe, superior até a Avicena.
 
* Albucassis (936 – 1009):
 Grande cirurgião;
 Descreveu a cauterização, a sangria, a extracção dentária, amputações, etc.
 
* Avicena (980 – 1037):
 Poeta, filósofo, astrónomo, músico, médico, físico e matemático (principalmente filósofo);
 Expoente da medicina árabe, cujo nome figura ao lado dos de Hipócrates e Galeno;
 Autor da obra médica Canon (utilizado por longos séculos na Universidade de Coimbra, até à reforma
pombalina).
 
* Avenzoar (1073 – 1162):
 Conhecido por “sábio célebre”;
 Escreveu o tratado Taysir;
 Prática médica assente na experiência constante.
 
* Maimónides (1135 – 1204):
 Filósofo;
 Evidenciava uma certa independência de Galeno;
 Escreveu os Aforismos de Moisés ou princípios médicos;
 Escreveu também sobre venenos, higiene;
 Autor de um juramento médico (“Afasta de mim a ideia de que tudo posso”).
 
* Averrois (1126 – 1198):
 Exerceu o cargo de juiz em Sevilha;
 Médico e filósofo (mais distinto ainda que Maimónides);
 Escreveu os Comentários a Aristóteles.
 
* Alhazen (965 – 1039):
 Matemático, físico, astrónomo e médico notável;
 Distinguiu-se principalmente na óptica física e aplicada à visão.
 
 
 
 
Ensino Médico
 
ESCOLAS NAS CATEDRAIS – ESCOLAS CATEDRALÍCIAS OU ESCOLAS CATEDRAIS
* Existiam no interior de alguns conventos ou próximo de mosteiros e catedrais;
* Onde se levava a cabo a formação dos monges que habitavam naquelas instituições;
* Em Portugal são exemplos de escolas catedralícias: Santa Cruz de Coimbra, Sé em Lisboa e Mosteiro de
Alcobaça;
* Nelas se conservava o saber antigo – cópias e traduções.
 
* Mosteiro de Monte Cassino - Itália:
 Fundado em 529 no Monte Cassino, pelo Abade S. Bento de Núrsia;
 Onde foi criada a Regra Beneditina que geria todo o quotidiano conventual;
 Onde foi criada uma escola conventual;
 Textos de Hipócrates e de Galeno eram estudados e comentados a par dos textos sagrados;
 Centro de cultura greco-romana (transmissão de conhecimentos clássicos).
* Escola de Salerno:
 Antecessora das universidades;
 Situada no sul de Nápoles, na Itália, fundada no século IX;
 Posterior a Monte Cassino;
 Primeira a ser fundada por iniciativa de homens de vários credos, com feição puramente laica e
exclusivamente destinada ao ensino da medicina;
 Juntou, sem distinção, mestres e alunos de todos os credos – árabes, cristãos e judeus, sob a
orientação da medicina árabe (porque lá viveu Constantino Africano, que traduziu textos médicos
árabes);
 Estrutura científica arabista;
 Ensinava medicina também a mulheres;
 Primeira a ter uma organização regular, a habilitar indivíduos na Medicina, após estudos
regulamentados;
 Estes estudos, em Salerno, exigiam curso preparatório e tinham a duração de 5 anos;
 Primeira a passar diplomas reconhecidos oficialmente pela autoridade;
 Também conhecida por Civitas-Hipocratica (em honra de Hipócrates);
 Deixou para a Medicina uma importante herança escrita árabe;
 Constantino, o Africano foi uma das suas principais figuras (traduziu textos médicos árabes);
 É conhecido o Tratado Salernitano, que data do século XII;
 As obras mostram um estudo ordenado e científico de Medicina;
 Foi decaindo, chegando a existir só no nome;
 Foi fechada por Napoleão, encontrando-se nessa altura já em estado decrépito.
 
A reter: a escola de Salerno foi primeira escola a ministrar cursos e a passar diplomas reconhecidos pelo
Estado.
 
 
AS PRIMEIRAS UNIVERSIDADES
* As universidades propriamente ditas começaram a surgir no século XII, no contexto de “renascimento”
urbano (renascimento das cidades);
* Foi neste século que a Europa, cansada de lutas e barbárie, começou a despertar para a cultura e para as
grandes obras de arte;
* O aparecimento das universidades marca, na História da Civilização Humana, um passo extraordinário de
progresso;
* Eram corporações pobres de alunos e professores, algumas instaladas de forma muito precária;
* Existiam universidades de 3 tipos:
- Umas eram fundadas pelas comarcas e a sua organização pertencia, principalmente, aos alunos.
Eram os estudantes que as dirigiam e escolhiam os mestres, os empregados, o próprio reitor; custeavam
mesmo as despesas (Bolonha);
- Outras deviam a sua origem à iniciativa do monarca (Nápoles);
- Existiam ainda outras, as pontifícias, que se deviam ao Papa e ao Clero;
* A universidade enquanto instituição foi um grande marco de progresso;
* No fim da Idade Média passou a ter um papel activo na política.
 
 
 1110: Paris - distinguiu-se lá, no século XIII, um monge dominicano – Albert von Bollstaedt ou Albert le
Grand:
- óptimo pedagogo;
- médico, zoologista, botânico e químico;
- professor de S. Tomás de Aquino;
- obra: Suma Natura Naturalium – espírito observador.
 1158: Bolonha;
 1167: Oxford;
 1181: Montpellier:
- foi durante séculos a faculdade mais importante da Europa:
- era independente;
- o seu reitor ostentava o título de Chanceler;
- estudantes elegiam um abade, personagem altamente considerado, que servia de interlocutor com o
Chanceler;
 1209: Cambridge;
 1233: Toulouse;
 1243: Salamanca;
 1246: Siena;
 1248: Piacenza;
 1254: Sevilha;
 1290: Lisboa:
- diferiu da maioria das universidades da altura, que tinham más condições;
- fundada por D. Dinis, que sempre lhe prestou carinho e assistência, cedendo, para a instalar, parte
dos seus próprios paços;
- origem mista, de iniciativa estatal e eclesiástica;
 1300: Lérida;
 1303: Roma;
 1308: Perúgia.
 
* 4 faculdades:
Ensinavam-se 4 faculdades na universidade:
 Artes;
 Direito;
 Teologia;
 Medicina.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Medicina em Portugal e nos Primeiros Séculos da
Nacionalidade
 
O rei D. Duarte escreveu no seu Livro de Conselhos, receitas de várias “mesinhas” contra muitas doenças e
ainda a relação dos livros da sua biblioteca – livros de religião e filosofia, de governação, de trovas e de práticas de
montaria e, da medicina, os livros de Avicena e um livro sobre lepra. Tudo isto ilustra a prática da medicina em
Portugal, nessa época, já no final da Idade Média.
9 Principalmente exercida por eclesiásticos no princípio da Idade Média, passou progressivamente a ser
também do domínio laico, em especial de judeus e de alguns moçarabes, estes no campo cirúrgico;
9 Em tempo de D. João I, para exercer medicina era necessário fazer exame perante o físico-mor;
9 A influência árabe em Portugal foi grande, não só na medicina, como nas outras áreas culturais;
9 Ao contrário do que se passava pela restante Europa, as grandes epidemias de peste e lepra pouparam
Portugal, de certa forma, nos seus primeiros tempos de existência. A primeira peste assinalada data apenas de 1348
(este facto é explicado devido ao pouco contacto que os portugueses tiveram com a Europa da época, nomeadamente
pela escassa participação nas Cruzadas).
 
 
INSTITUIÇÕES PARA ASSISTÊNCIA
No seu início, estiveram estreitamente ligadas aos aspectos religiosos.
 
* Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra (século XII):
 Primeira instituição médica portuguesa;
 D. Paterno criou uma escola catedral junto à Sé de Coimbra;
 Alguns cónegos dessa escola fundaram depois o mosteiro;
 D. Sancho I (1154 – 1211) protegeu-a, tendo a medicina começado ali a ser estudada nessa altura;
 D. Gonçalo, superior do Mosteiro, fundou junto deste um hospital e encarregou o sobrinho de
estudar Medicina

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