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Bárbara Freire – 2019.2 MOD 03 1 Caso 01 – Saúde do índio Objetivos de Aprendizagem: 1. Conhecer a organização da politica nacional indigena, destacando os orgãos componentes; 2. Conhecer a distribuição das etnias indigenas no brasil, destacando as comunidades pernambucanas; 3. Compreender os principais agravos que acometem a saúde indígena, relacionando aos métodos profiláticos e calendário vacinal; EPIDEMIOLOGIA Atualmente, são pouco mais de 500 mil, ou 0,2% da população nacional, pertencentes a 210 etnias, falando 180 línguas e vivendo em 12% do território nacional, a maioria em locais de difícil acesso e baixas tecnologias. - Brasil conta, atualmente, com cerca de 547 mil índios em mais de 4,2 mil aldeias distribuídas em 24 estados e 432 municípios. – Segundo a FUNASA, as taxas de morbidade e mortalidade de índios são 3 a 4 vezes maiores que os índices da população brasileira em geral. Entre as principais causas de morte relatadas, destacam-se violência externa e à disseminação de doenças infecciosas como gripe, sarampo, varíola e tuberculose. – O perfil epidemiológico da população indígena se caracteriza por doenças infectoparasitárias, como as infecções respiratória e doenças diarreicas agudas. ORGANIZAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL INDÍGENA 1. HISTÓRIA - A política indígena começou, oficialmente, com a criação, em 1910, do Serviço de Proteção ao Índio e Trabalhadores Nacionais (SPI). O órgão era vinculado ao Ministério da Agricultura e destinava-se a proteger os índios, procurando o seu enquadramento progressivo na sociedade e o de suas terras no sistema produtivo nacional. - Inicialmente, para amparar e defender esse contingente de cidadãos brasileiros, a Medida Provisória (MP) nº 1.911-8, de 29 de julho de 1999, que dispõe sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios, entre outras providências, determinou a transferência, da Fundação Nacional do Índio (Funai) para a Funasa. - Em 31 de agosto de 1999, o Senado Federal aprovou, sem emendas, o projeto de lei originário da Câmara dos Deputados que criou o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena. De autoria do deputado federal Sérgio Arouca. - Com o surgimento da nova legislação, incluída no capítulo V da Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990, que estabeleceu o Sistema Único de Saúde (SUS), a responsabilidade formal e de toda a estrutura de Estado relacionada ao atendimento à saúde indígena, incluindo as unidades de saúde, os funcionários, as funções de confiança e os recursos orçamentários, passou a ser da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), órgão executivo do Ministério da Saúde. O texto prevê, ainda, que “as populações indígenas devem ter acesso garantido ao SUS, em âmbito local, regional e a centros especializados, de acordo com suas necessidades, compreendendo a atenção primária, secundária e terciária à saúde”. Além disso, eles podem “participar da avaliação das políticas de saúde, tais como o Conselho Nacional de Saúde e os Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde, quando for o caso”. - “Saúde é direito de todos e dever do Estado” (Sérgio Arouca). - “Lei Arouca” (nº 9.836/99) transferiu as ações de saúde indígena para a Funasa. - Finalmente, instituída em 2002 pela da Portaria nº 254, de 31 de janeiro do mesmo ano, a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (PNASPI) exigiu a adoção de um modelo complementar e diferenciado de organização dos serviços – voltados à proteção, promoção e recuperação da saúde – que assegurasse aos índios o exercício de sua cidadania. Para efetivação disso, a FUNASA criou uma rede de serviços de saúde para suprir as deficiências do acesso ao SUS. 2. A FUNASA - A Funasa era gestora do Subsistema de Saúde Indígena, na estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS). - Dentre as unidades que compunham a Fundação, destacavam-se, nas ações de atenção integral à saúde — e além dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas —, as 26 Coordenações Regionais (Cores), instaladas em todos os estados, com exceção do Distrito Federal, sede da Funasa. - Cabe a essas Coordenações garantir o cumprimento da missão institucional, a administração de recursos humanos e bens patrimoniais. O Departamento de Saúde indígena (DESAI) As atribuições do Desai são a de promover, proteger e recuperar a saúde dos povos indígenas, segundo as peculiaridades, o perfil epidemiológico e a condição sanitária de cada comunidade, além de planejar, coordenar, executar e fiscalizar as atividades de atendimento integral à saúde dos povos indígenas no âmbito SUS. E também, serviços de saneamento ambiental em áreas indígenas, em articulação com o Departamento de Engenharia de Saúde Pública (Densp). 3. CONFERÊNCIAS Para debater especificamente a saúde indígena foram realizadas, até agora, quatro Conferências Nacionais de Saúde Indígena (CNSI), todas com a participação da Funasa. - I Conferência Nacional de Proteção à Saúde dos Povos Indígenas (1986) - II Conferência Nacional de Proteção à Saúde dos Povos Indígenas (1993) resultou na Lei Arouca (9.836/99), responsável pela instituição do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena. Foi defendida/porposta a autonomia administrativa dos (Dseis). - III Conferência Nacional (2001) criação dos Conselhos Distritais - assumiram funções mais consistentes. Outra conquista foi a inclusão da mulher indígena na participação das políticas públicas para os povos indígenas. - IV CNSI (2006) O objetivo foi avaliar a situação de saúde nos Dseis — destacando a importância de sua autonomia — e do Subsistema Indígena, no âmbito do SUS. 4. A ESTRUTURA Bárbara Freire – 2019.2 MOD 03 2 - A Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (PNASPI) prevê uma atuação coordenada entre órgãos e ministérios. Um dos principais critérios adotados para o cumprimento das diretrizes formuladas foi a organização dos serviços de atenção à saúde desses povos na forma de Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dseis). Além deles, unidades como os Postos de Saúde, Polos-Base e as Casas de Apoio à Saúde do Índio (Casais) estão à disposição das comunidades indígenas. - Os Dseis O Distrito Sanitário é um modelo de organização de serviços orientado para ser um espaço etnocultural dinâmico, com foco na eficiência e na celeridade, bem de acordo com as especificidades dos povos indígenas.( divididos por área territorial indígena – existem 34 no total). Com a autonomia, os indígenas poderão, por exemplo, acompanhar e supervisionar as atividades do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena do SUS. Agilizando, dessa forma, a prestação de serviços. - Os Polos base são a primeira referência para os Agentes Indígenas de Saúde (AISs) que atuam nas aldeias, tanto na atenção primária como nos serviços de referência. Além de prestar assistência à saúde, realiza a capacitação e supervisão dos AISs. Esses polos possuem UBS e equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSIs) .Os agravos de maior complexidade são a rede de serviços SUS mais próxima. - Os Postos de saúde funcionam como apoio estratégico, e são construídas de acordo com as necessidades de cada região. Neles são executadas atividades de atenção básica à saúde, tais como o acompanhamento de crianças e gestantes, imunização e o atendimento a casos de doenças mais frequentes, como infecção respiratória aguda, diarreia e malária. Além do acompanhamento de pacientes crônicos e de tratamentos de longa duração, também são desenvolvidas ações de primeiros socorros, de promoção à saúde e prevenção de doenças de maior prevalência. E, ainda, oficinas de educação sanitária e atividades de apoio às equipes multidisciplinares. - As Casais Estão localizadas em diversos municípios brasileiros, nelas, são executados os serviços de apoio aos pacientes indígenas encaminhados à rede do Sistema Únicode Saúde (SUS).As Casais têm condições de receber, alojar e alimentar pacientes encaminhados e acompanhantes; prestar assistência de enfermagem 24 horas por dia; marcar consultas, exames complementares ou internação hospitalar; providenciar o acompanhamento dos pacientes nessas ocasiões e o seu retorno às comunidades de origem. Além disso, são promovidas atividades de educação em saúde, produção artesanal, lazer e atividades para os acompanhantes e para pacientes em condições de participar desses eventos. 5. O FINANCIAMENTO - Subsistema de Atenção à Saúde Indígena é financiado pelo Tesouro Nacional por intermédio do Programa 0150 — Proteção e Promoção dos Povos Indígenas / Ações de Saúde —, sob a gerência da Fundação Nacional do Índio (Funai) e descentralizado para a Funasa, por meio do Ministério da Saúde. - O dinheiro provem ainda de acordos de empréstimos pactuados entre o governo brasileiro e o Banco Mundial, destinados à Modernização do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde (Vigisus) e, também, de incentivos do Ministério da Saúde, denominados Incentivo da Atenção Básica aos Povos Indígenas (IAB/PI) e Incentivo da Atenção Especializada aos Povos Indígenas (IAE/PI), regulado pela Portaria nº 2.656/GM/MS, de 17 de outubro de 2007. - Funasa buscou, nesses dez anos, estruturar as unidades de saúde, dotando-as de equipamentos médico-hospitalares, odontológicos, de informática, aparelhos de comunicação, veículos terrestres e fluviais, mobiliários em geral e sistema de energia solar, entres outros, e também investindo na construção, ampliação e reforma de Postos de Saúde, Polos-Base e Casas de Apoio à Saúde do Índio (Casais). 6. RECURSOS HUMANOS Equipe de recursos humanos: Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSIs), os Agentes Indígenas de Saúde (AISs) e os Agentes Indígenas de Saneamento (Aisans). - EMIs As equipes são compostas por médicos, enfermeiros, odontólogos, nutricionistas, técnicos de enfermagem, técnicos de consultório dentário e de higiene dental, Agentes Indígenas de Saúde (AISs), Agentes Indígenas de Saneamento (Aisans), técnicos em saneamento, agentes de endemias e microscopistas. - O Núcleo Distrital de Atenção à Saúde auxilia com outros profissionais tais como farmacêuticos, bioquímicos, psicólogos, antropólogos e assistentes sociais, entre outros, considerando as necessidades específicas dos indígenas - AIS os Agentes Indígenas de Saúde são fundamentais nas ações de atenção desenvolvidas nas aldeias. O objetivo é a apropriação da medicina ocidental, sem negligenciar as práticas culturais próprias. Os agentes fazem o atendimento aos casos de doenças mais frequentes, como infecção respiratória, diarreia e malária. Eles estão aptos, ainda, a prestar primeiros socorros e acompanhar e supervisionar tratamentos de longa duração. - Aisan São selecionados por suas comunidades e capacitados para identificar os aspectos políticos, econômicos e etnoculturais de seu território, com vistas à intervenção nas ações de saneamento. Abastecimento de agua, cuidado com o lixo. ** VIGISUS os objetivos envolvem a ampliação da cobertura e da qualidade das ações básicas de saúde indígena e o desenvolvimento de estratégias de intervenções em problemas como desnutrição, alcoolismo e suicídio. Além disso, há o programa de bolsas de estudo que financia estudantes indígenas de nível superior que atuarão na área da saúde. 7. MONITORAMENTO - Sistema de Informações de Atenção à Saúde Indígena (Siasi) Além de dados demográficos, nesse sistema são inseridos, pelos Distritos, dados de imunização e de morbidade (incidência relativa de uma doença), utilizados para monitoramento das ações no âmbito dos Dseis. No módulo de imunização, são registradas todas as vacinações, o que permite saber o número de indígenas que já foram atendidos. Esse acompanhamento também possibilita realizar o trabalho de busca ativa dos faltosos, além de manter atualizado o cartão de vacina do indígena, que é um aliado na organização dos serviços. O Siasi também dispõe de um módulo de saúde bucal que monitora os indicadores epidemiológicos de cárie e doença periodontal dos indígenas, além de dados de produtividade da atenção, com levantamentos por aldeia e perfis por etnia, entre outras ações. - Sistema de Controle de Estoques e Consumo de Medicamentos (Siscoesc) objetivo de melhorar a logística de compra e armazenamento de medicamentos. - Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional Indígena (SISVAN) objetivo principal promover informação contínua sobre as condições nutricionais da população e os fatores que as influenciam. Bárbara Freire – 2019.2 MOD 03 3 8. GESTÃO ATUAL A responsabilidade pela gestão e direção da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas cabe ao Ministério da Saúde. Até o ano de 2010, o órgão responsável pela execução das ações relacionadas à saúde indígena era a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), por intermédio do Departamento de Saúde Indígena (DESAI), e pelos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs). A FUNASA tinha como atribuições e se estruturava da seguinte forma: - estabelecer diretrizes e normas para a operacionalização da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas; - promover a articulação intersetorial e intrasetorial com as outras instâncias do Sistema Único de Saúde; - coordenar a execução das ações de saúde e exercer a responsabilidade sanitária sobre todas as terras indígenas do país; - implantar e coordenar o sistema de informações sobre a saúde indígena no país. Porém, houve mudanças em relação à saúde indígena em 2010 e o órgão responsável pelas ações deixou de ser a FUNASA. Foi criada uma secretaria dentro do Ministério da Saúde, a Secretaria Especial de Saúde Indígena – SESAI, que passa agora a coordenar e avaliar as ações de atenção à saúde no âmbito do Subsistema de Saúde Indígena. O Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) - Criados pela Portaria MS n° 2607, de 10 de dezembro de 2004, e ganharam autonomia no Decreto nº 6.878, assinado em 18 de junho de 2009. - O DSEI é a unidade gestora descentralizada (desde 2009) do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS). Trata-se de um modelo de organização de serviços – orientado para um espaço etno-cultural dinâmico, geográfico, populacional e administrativo bem delimitado –, que contempla um conjunto de atividades técnicas, visando medidas racionalizadas e qualificadas de atenção à saúde, promovendo a reordenação da rede de saúde e das práticas sanitárias e desenvolvendo atividades administrativo-gerenciais necessárias à prestação da assistência, com o Controle Social. - No Brasil, são 34 DSEIs divididos estrategicamente por critérios territoriais e não, por estados, tendo como base a ocupação geográfica das comunidades indígenas. Além dos DSEIs, a estrutura de atendimento conta com postos de saúde, com os Polos base e as Casas de Saúde Indígena (Casais). Polo Base - Com o objetivo de atender grande parte das demandas de saúde das comunidades indígenas, os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) possuem Polos Base para o atendimento dos indígenas. Os polos são a primeira referência para as Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI) que atuam nas aldeias. - Cada Polo Base cobre um conjunto de aldeias. No Brasil, os 34 DSEIs abrigam 351 Polos Base. Existem dois tipos, que são classificados de acordo com a complexidade de ações que executa: Secretaria Especial de Saúde Indígena – SESAI - Os decretos nº 7335 e 7336 criados em 2010, pelo então presidente da época, Luiz Inácio Lula da Silva, 1º)redefine as atribuições e a organização da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), enquanto o 2º)oficializa a criação da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), dentro da estrutura do Ministério da Saúde, garantindo os cargos e insumos necessários ao funcionamentoda secretaria. - Cabe a SESAI coordenar e avaliar as ações de atenção à saúde no âmbito do Subsistema de Saúde Indígena; promoção, articulação e a integração com os setores governamentais e não governamentais que possuam interface com a atenção à saúde indígena. É responsabilidade da Secretaria também identificar, organizar e disseminar conhecimentos referentes à saúde indígena e estabelecer diretrizes e critérios para o planejamento, execução, monitoramento e avaliação das ações de saneamento ambiental e de edificações nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas. - Secretaria conta com 2 departamentos: 1º O Departamento de Gestão da Saúde Indígena = responsabilidade de garantir as condições necessárias à gestão do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena; promover o fortalecimento da gestão nos DSEIs. Coordenar as atividades relacionadas à análise e à disponibilização de informações de saúde indígena e promover e apoiar o desenvolvimento de estudos e pesquisas em saúde indígena. Bárbara Freire – 2019.2 MOD 03 4 2º O Departamento de Atenção à Saúde Indígena = tem a missão de planejar, coordenar e supervisionar as atividades de atenção integral à saúde dos povos indígenas; orientar e apoiar a implementação de programas de atenção à saúde para a população indígena, segundo diretrizes do SUS; planejar, coordenar e supervisionar as atividades de educação em saúde nos DSEIs, além de prestar assessoria técnica a essas equipes. Programa de Formação de Agentes Indígenas de Saúde e de Saneamento (AIS/AISAN) O programa foi concebido para fortalecer a organização dos serviços de atenção primária nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas e também a presença dos AIS e AISAN nas equipes de saúde indígena. - Cerca de 4.263 AIS e 1.706 AISAN (Codepaci, 2016) atuam no Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS), e sua qualificação é uma demanda antiga do movimento indígena e indigenista, que visa responder a uma necessidade estrutural do SasiSUS. - Tendo em vista a importância estratégica dos AIS e AISAN nos serviços de Saúde Indígena e a necessidade de sua qualificação, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), em parceria com a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGETS) e a Fun dação Osvaldo Cruz do Mato Grosso do Sul (FIOCRUZ-MS) elaborou o Programa de Qualificação de AIS e AISAN, que é composto de: Mapa de Competências do AIS; Mapa de Competências do AISAN; Diretrizes para a Formação Pedagógica dos Docentes; 16 Cadernos temáticos ilustrados que compõem o material didático do Programa de Formação de Agentes Indígenas de Saúde e de Saneamento. Controle social na Saúde indígena De acordo com a Lei 9.836/99, que dispõe sobre as condições para a promoção de saúde e as ações relacionadas à atenção integral aos povos indígenas, está garantida a participação indígena nos órgãos colegiados de formulação, acompanhamento e avaliação das políticas públicas de saúde, que são os conselhos de saúde. Integrados ao Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS), os conselhos de saúde indígena estão organizados em: - Conselho Local de Saúde Indígena (CLSI) permanente, consultivo composto somente por indígenas; - Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi) permanente, paritário e deliberativo; - Fórum de Presidentes dos Condisi (FPCondisi) permanente e consultivo. Cada Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) tem um Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi) responsável por fiscalizar, debater e apresentar políticas para o fortalecimento da saúde em suas regiões. Fórum de presidentes do Condisi (PFcondisi) - Institui o Fórum de Presidentes dos Conselhos Distritais de Saúde Indígena (FPCondisi) que tem por finalidade zelar pelo cumprimento das diretrizes do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS), articulado com o Sistema Único de Saúde (SUS), das Leis Complementares Específicas à Saúde Indígena, além de promover o fortalecimento e a promoção do Controle Social em saúde. Cabe ao Fórum, ainda, atuar na formulação e no controle da execução da Política Nacional de Atenção à Saúde Indígena. - Formado pelos 34 presidentes dos Conselhos Distritais de Saúde Indígena, o Fórum tem caráter consultivo, propositivo e analítico e é a instância máxima de assessoramento das Políticas de Saúde Indígena, no âmbito do Subsistema de Saúde Indígena, sem prejuízo das competências deliberativas do Conselho Nacional de Saúde. Sistema de Informação da atenção a saúde indígena ( SIASI) O Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (SIASI) é composto de dados primários vindos da atenção primária à saúde prestada pelas Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI) no Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS), gerenciado pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde. Desenvolvido em linguagem de programação Java (ambiente Web) e Java Swing (aplicativo local) e utilizando Oracle e Postgres, respectivamente, como gerenciadores de banco de dados, a nova versão do sistema incorpora diversas novidades tecnológicas. Uso de criptografia na transmissão de dados e outras metodologias de segurança, além de completa integração com os padrões do Departamento de Informática do SUS (DATASUS), permitem maior segurança do dado e adequação à lei de acesso à informação e as normatizações do governo federal. DISTRIBUIÇÃO DAS ETNIAS PELO BRASIL E PERNAMBUCO População Brasileira - A atual população indígena brasileira é de 817.963 (2010) indígenas, dos quais 502.783 (2010) vivem em zona rural e os demais em zona urbana. É importante salientar que todos os estados da federação, inclusive o Distrito Federal, possuem populações indígenas, porém, apresentam distribuição desigual. A região norte permanece abrigando a maior quantidade de indígenas, seguido por Nordeste e Centro-Oeste. - Foram registradas 274 línguas indígenas, sendo que 17,5% da população indígena não fala a língua portuguesa; quanto às etnias, foram identificadas um total de 305. - Na região norte, o estado com maior contingente é o Amazonas; na região nordeste, o estado da Bahia é o de maior contingente, seguido por Pernambuco. Na região centro-oeste, o principal estado é o Mato Grosso do Sul; no Sudeste, São Paulo vem em primeiro lugar; e, por fim, no Sul, é o Rio Grande do Sul. - O povo Tikuna, residente no Amazonas, em números absolutos, foi o que apresentou o maior número de falantes e consequentemente a maior população (46.000). Em segundo lugar, em número de indígenas, ficou o povo Guarani Kaiowá (43.000) do Mato Grosso do Sul e em terceiro lugar os Kaingang da região Sul do Brasil. Em Pernambuco Bárbara Freire – 2019.2 MOD 03 5 Existem legalmente sete grupos indígenas: Os Fulni-ô (Águas Belas) os Pankararu (Petrolândia e Tacaratu) Os Xucuru (Pesqueira) Os Kambiwá (Ibimirim, Inajá e Floresta) Os Kapinawá (Buíque) Os Atikum (Carnaubeira da Penha) Os Truká (Cabrobró) É importante ressaltar que Pernambuco é o 4o estado do Brasil com maior número de indígenas. Sendo os mais populosos; 1°) Xucuru; 2°) Pankararu; 3°) Atikum; 4°) Truká. AGRAVOS QUE ACOMETEM A POPULAÇÃO INDÍGENA – A incidência da tuberculose tem se reduzido nas áreas indígenas devido à prevenção, embora ainda sejam altas as taxas de ocorrência da doença na população indígena. – A malária é endêmica no Nordeste, com média de 500 mil casos por ano, onde 33 mil ocorrem na população indígena. – Tem-se uma incidência mais alta de hepatites virais B e C, bem como de outras infecções sexualmente transmissíveis. – As hepatites A e E, de transmissão oral fecal, são endêmicas e podem causar epidemias em regiões com condições sanitárias precárias. – Em geral, as doenças preveníveis por vacina têm incidência aumentadana população indígena. – A desnutrição é um fator relevante no cenário epidemiológico indígena. Diarreias: Em alguns grupos indígenas é muito frequente. Consumo de água contaminada é o principal responsável pela. Essa doença, principalmente em crianças e idosos, é capaz de matar e tem sido a principal responsável por cerca de 60% das mortes das crianças menores de um ano de idade. É uma das principais causas de hospitalização entre as crianças indígenas do país. Região Norte apresentou o maior número de casos. Hepatites virais: hepatite A é transmitida pela água contaminada por fezes humanas. Hepatites B, C e D podem ser transmitidas através de relações sexuais, uso de seringas e agulhas ou contato com sangue e secreções que contenham o vírus. TB: muito presente na população brasileira como um todo, mas atinge os indígenas de modo muito mais grave. É considerada uma endemia e atinge mais de três vezes mais os indígenas, em relação aos não índios. TB está entre as dez principais causas de morte nas comunidades indígenas e é umas das doenças mais notificadas aos serviços de saúde. Infecções respiratórias agudas: gripe, sinusite, amigdalite, faringite, bronquiolite e pneumonia. São as principais causas de atendimento, internação e óbito de crianças indígenas < 5 anos. Além disso, quando têm IRAs, crianças indígenas menores de um ano de idade morrem Bárbara Freire – 2019.2 MOD 03 6 mais do que as crianças não indígenas. Junto com as diarreias, as infecções respiratórias foram a principal causa de internação de crianças menores de cinco anos. Malária: Incidência e transmissão é mais comum na região conhecida como Amazônia Legal (Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), pelo clima e local adequado para o principal transmissor da doença. No Tocantins desde 2006 não há casos de malária na população indígena. Saúde mental : 1. Alcoolismo : prevenção de agravos à saúde relacionados ao uso de álcool tem-se como intento principal evitar a intoxicação alcoólica aguda, e não a dependência ao álcool, pois “o risco de problemas decorrentes de um único episódio de intoxicação é mais alto entre aqueles que o fazem infrequentemente do que entre aqueles que bebem com mais frequência” 2. Suicídio: IST: As ações preconizadas e desenvolvidas nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas envolvem a educação e promoção de práticas seguras contextualizadas culturalmente, a disponibilização de preservativos, a vacinação contra a hepatite B e a realização de inquérito sorológico para hepatites virais, visando ao acompanhamento e tratamento dos casos diagnosticados. IMPORTANTE ! Uma pesquisa apontou que 10,3% dos indígenas, tanto do sexo masculino quanto do feminino, apresentam sintomas de HAS. Intolerância à glicose foi observada em 30,5% das mulheres – quase 7% com DM – e em 17% dos homens. Dislipidemia foi detectada em 84,4% dos participantes da pesquisa. Por fim, constatou-se que 57% dos homens e 36% das mulheres sofria com excesso de peso. Já a obesidade central predominou entre as indígenas com 68%. Os dados foram colhidos de 179 indígenas no Parque Indígena do Xingu, em dois períodos: julho de 2010 e agosto e setembro de 2011. Na ocasião foram realizadas entrevistas, exames e testes físicos. Fonte: https://www3.ufpe.br/remdipe/index.php?option=com_content&view=article&id=427&Itemid=240 (mapa de PE) http://www.saude.gov.br/saude-indigena http://www.saude.gov.br/saude-indigena/saneamento-e-edificacoes/dseis http://www.saude.gov.br/saude-indigena/programa-de-formacao-de-agentes-indigenas-de-saude-e-de-saneamento http://www.saude.gov.br/saude-indigena/controle-social/controle-social-na-saude-indigena https://www3.ufpe.br/remdipe/index.php?option=com_content&view=article&id=395&Itemid=251( POLÍTICA NACIONAL) http://www.funasa.gov.br/site/wp-content/files_mf/livro-lei-arouca-10anos.pdf saude_indigena_uma_introducao_tema.pdf IBGE; Política Nacional de Atenção à Saúde dos Indígenas (MS); FUNASA ( forúm) Bárbara Freire – 2019.2 MOD 03 7
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