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Fichamento Semanas 1 a 6 Fundamentos Históricos

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PAIVA, José Maria de. Sobre a Civilização Ocidental, 2012 (artigo). 
 
 
CULTURA: forma de ser compartilhada por um dado grupo. A cultura compartilhada dá 
origem à civilização. É importante ressaltar a inexistência de culturas superiores ou 
inferiores já que "todas exibem a invenção da vida". 
 
Þ Por cada sociedade entender o real à sua maneira cada cultura/civilização terá sua 
história. 
Þ Historicamente a estrutura da civilização europeia foi tomada como protótipo, 
modelo de sociedade e cultura. Aceitamos o seu modo de pensar o real como se fosse, 
se não o único, o mais perfeito. 
Þ Que compreensão do viver tinha a sociedade em foco? 
Þ A virada civilizacional da Europa foi a prática mercantil, o grande comércio. Nesse 
sentido, o objetivo do artigo, conforme expõe o autor: "demonstrar, via grande 
comércio, a transformação da civilização ocidental". 
Þ O autor chama atenção para o erro de considerar o bárbaro como um povo 
primitivo quando na verdade tinham uma cultura extremamente desenvolvida e que, 
contrastando com o romano, se sentia presente no mundo em que vivia e praticava a 
forma comunitária de vida que levou à valorização do grupo pequeno. Nesse sentido, 
conforme aponta o autor: "a racionalidade romana e afetividade bárbara se 
encontraram". 
 
A sociedade europeia assentava-se sobre o sagrado, tomou a religiosidade como 
síntese de sua percepção do mundo e prática social. Daí ser compreensível a Igreja ter se 
firmado como instituição de prestígio e governantes usarem o sagrado como 
fundamentação para suas decisões. Tudo resplandecia a presença divina. 
 Todavia, com o surgimento das práticas mercantis, ocorre uma nova configuração 
das práticas sociais que transformou toda a civilização e moldou o modo de ser do 
europeu. 
 
Þ "O vender algo desperta nele imediatamente novas atitudes, novas considerações, 
novo modo de pensar e entender a realidade. Do objeto, que se propõe vender, ele 
tem que saber o que e�, para que serve, que material foi usado em sua fabricação, qual 
a tecnologia desenvolvida, sua resistência, durabilidade, estética e outros aspectos". 
Þ O "mercador é impelido a aprender a calcular, a operar com perspectiva, a 
planejar". Assim, o pensar se transforma em cálculo. 
Þ "A história do comércio explicita uma transformação radical da forma de viver em 
sociedade". 
Þ "No cenário da sociedade, as pessoas desaparecem, dando lugar ao individuo, 
aquele que não se divide, aquele que não compartilha, constituindo um mundo a� 
parte, uma totalidade, um sozinho". Assim posto, conforme aponta o autor: a obtenção 
do lucro, objetivo maior do mercador em sua prática mercantil, levou à experiência do 
individualismo que marcou profundamente as expressões sociais. 
Þ Paiva entende que o racionalismo e o individualismo são derivados das práticas 
mercantis. A racionalidade possibilitou ao homem criar "novos padrões de 
comportamento, novos valores, novos ideais, nova linguagem, novos hábitos, nova 
organização social, nova cultura, nova civilização". 
Þ Além do individualismo e racionalismo o autor elenca como característica da 
cultura ocidental mercantil o distanciamento. Nas palavras do autor, em nota, "A 
reorganização mercantil se funda, agora, sobre a reduc�a�o da pessoa a um conceito". 
Þ A propaganda, "herança adulterada da retórica", cria necessidades e 
comportamentos sociais antes inexistentes. 
 
No século XII e XIII entende-se a fé e razão como caminhos independentes para 
alcançar a verdade. No século XVI ocorre o amadurecimento da racionalidade. Finais do 
século XIX tem-se a insatisfação, angústia do homem moderno diante das incertezas. Daí, 
no Pós-modernismo o homem se desfaz de tudo o que, anteriormente, representava 
segurança: valores, instituições, comportamentos etc. 
 "Na sociedade afetiva, o que estava posto estava escrito: a Bíblia era sagrada. Dela 
vinha o conhecimento. Não havia lugar para duvida e discussão. Tudo estava em seu 
lugar. Com a prática mercantil, a razão se faz instrumento da verdade, ainda que pelo 
caminho da dúvida e da experimentação. Também no que se refere a� fé. O surgimento 
da Escolástica, trabalhando filosoficamente a Teologia, demonstra esta mudança.". 
 
 
A Constituição da Forma Escolar Moderna (VÍDEO UNIVESP) 
 
A forma escolar moderna se inscreve no âmbito das Reformas Religiosas. Os 
Colégios serão dirigidos por instituições religiosas (protestantes e católicas). Além das 
reformas religiosas, a centralização estatal e o avanço da cultura letrada foram fatores que 
possibilitaram a constituição da forma escolar moderna. 
 
Þ Avanço da cultura letrada: invenção da imprensa. Produção em massa de livros. 
 
MODALIDADES ESCOLARES: 
 
Þ Formação pelo exemplo: observação do mestre. 
Þ Estabelecimentos domésticos: no período colonial há o prevalecimento do ensino em 
ambientes domésticos. 
Þ Escolas Incompletas: escolas com estruturas mínimas ausentes. 
Þ Ensino Oral: nas práticas de ensino a oralidade predominava. 
Þ Ensino pela Prática: formação baseada na prática dos ofícios. 
 
ENSINO ELEMENTAR: 
 
Þ Predomínio da oralidade. 
Þ Ensino Doméstico: professores ensinavam nas casas ou os próprios familiares 
ministravam o ensino. 
Þ Protagonismo Eclesiástico: clérigos assumem a função de professores. 
Þ Ensino em corporações. 
Þ Escolas rudimentares e os regulamentos escolares. 
 
ENSINO EM COLÉGIOS: 
 
Þ Forma escolar moderna. 
Þ Os colégios surgem entre os séculos XII e XIII e funcionavam como espécies de 
hospedarias. Havia o disciplinamento dos estudantes e a sequenciação dos conteúdos 
(saberes) que passam a ser pensados em níveis de progressão. As aulas e exercícios 
passam a ser regidos pelo tempo cronológico (relógio). Os colégios surgem num 
contexto de declínio das universidades. Daí aproximarem-se da vida cultural da 
cidade. 
Þ Predomínio do saber escrito formalizado. Cumpre ressaltar que nas escolas 
elementares predominava a oralidade nas práticas de ensino. 
Þ Separação dos sujeitos da educação: mestre e aluno com funções e níveis hierárquicos 
delimitados. 
Þ Dedicação exclusiva dos mestres às atividades docentes. 
Þ Seriação dos cursos. 
 
 
VICENT, Guy; LAHIRE, Bernard; THIN, Daniel. Sobre a história e a teoria da forma 
escolar. Educação em Revista, Belo Horizonte, n 33, jun/2011. 
 
 
Os autores propõem-se a conceituar o termo forma escolar a partir de uma análise 
sócio histórica da constituição da educação na França. 
 QUESTÃO: A atual crise da escola pode ser interpretado como o fim do modelo 
escolar ou o fim de uma predominância da forma escolar? 
 
Þ A conclusão a que chegaram é que: "se a escola está em crise e pode vir a desaparecer 
como instituição social, é porque a forma escolar de socialização é hoje hegemônica. 
Þ Durkheim já havia sublinhado a crise que atravessara o ensino secundário francês desde 
a segunda metade do século XVIII. Segundo o teórico, somente o método das ciências 
humanas e sociais (a análise histórica) permitiria compreender o sistema escolar. 
Þ Durkheim funda a subdisciplina chamada de Sociologia da Educação. 
 
A respeito da forma, apontam os autores: "Falar de forma é, portanto, pesquisar o 
que faz uma unidade de configuração histórica particular, surgida em determinadas 
formações sociais, em certas épocas. Como bem assinalam os autores: "toda aparição de 
uma forma social está ligada à outras transformações; a forma escolar está ligada a outras 
formas, notadamente políticas". Haveria, portanto, uma interconecção entre as formas e 
seus contextos de produção. 
"Essa emergência da forma escolar não acontece sem dificuldades, conflitos e 
lutas, de tal sorte que a história da escola está repleta de polêmicas e posições 
exacerbadas; por sua vez, o ensino encontra-se, talvez, sempre 'em crise'". A teoria da 
forma permite pensaras mudanças e as relações delas com outras transformações. Pensar 
a invenção da forma escolar possibilita compreender como que "um modo de 
socialização se impôs a outros modos de socialização. 
 
PSEUDO-GÊNESE DAS ESCOLAS ATUAIS: 
 
Os autores apontam anacronismos em parte da historiografia do ensino e da 
educação quando teóricos e leigos tentam vincular as atuais escolas ou sistemas de 
ensino ao ensino que ocorria seja na Idade Média ou a Paideia da Grécia Antiga. 
Conforme apontam os autores, tal perspectiva é embasada numa concepção errônea de 
"crescimento natural da escola desde a Antiguidade até os nossos dias". 
 
A FORMA ESCOLAR 
 
Nas sociedades europeias surge uma forma inédita de relação social entre os 
sujeitos da educação: o mestre e o aluno. "O mestre não é mais um artesão transmitindo 
o saber-fazer a um jovem". Desse modo, se antes a criança era adquiria saber ao participar 
das atividades em família, nas casas (ensino domiciliar) em que o aprender não era distinto 
do fazer a criança passa ser educada nas escolas. Essa retirada da autonomia dos pais em 
educar seus filhos onde bem entender (especialmente em casa) suscitou muitas 
resistências, especialmente por parte da nobreza. Desse modo, como bem assinalam os 
autores: "a autonomia da relação pedagógica instaura um lugar específico, distinto dos 
lugares onde se realizam as atividades sociais: a escola". 
 
Þ Surgimento do tempo escolar: "período da vida, como o tempo do ano e como 
emprego do tempo cotidiano (cronológico). 
Þ Fim do século XVII é criado um novo tipo de escola destinada a "todas as crianças", 
inclusive as do povo que tradicionalmente não necessitavam dos saberes escolares 
para desempenhar seus ofícios. 
Þ O aluno aprende a ler por meio de "Civilidades" e não mais dos textos sagrados. 
Þ Nas "escolas cristãs", o catecismo não é mais a matéria principal. 
Þ Dedicação exclusiva do mestre ao ofício de ensinar. Desse modo, a formação 
recebida pelos irmãos preparava-os única e inteiramente para serem novos 
"mestres". 
Þ Silêncio dos mestres: na medida do possível nunca devem falar. Sempre que algum 
aluno cometesse alguma falha o mestre apenas apontava com um "sinal" alguma das 
sentenças inscritas sobre as paredes. 
Þ Mestre e alunos eram submetidos a regras impessoais. Como bem assinalam os 
autores na nota de rodapé n 12: "O mestre obedece às regras da 'conduta das 
escolas' e seu papel junto ao aluno se reduz a recordar-lhe as regras, assinalando lhe 
as faltas cometidas quando o educando está lendo em voz alta, mostrando-lhe por 
meio do 'sinal' uma das sentenças inscritas sobre as paredes, etc. Como se vê, o aluno 
nunca tem de se referir à manifestação de um desejo do mestre; além disso, a 
autoridade deste só pode vir de sua própria submissão às regras". 
Þ O regulamento de disciplina fixava com rigor e detalhes cada ocupação do dia. 
 
PEDAGOGIA DAS LUZES: 
 
Þ As regras são vistas não mais como imposição para obediência cega, mas 
manifestação da denominada razão universal. 
Þ No século XVIII, os fisiocratas são conhecidos por defenderem a instrução do povo. 
 
 
VEIGA, Cynthia Greive. Universidades, colégios e saberes IN História da Educação. 
 
 
Entre os séculos XII e XVIII tem-se a criação das universidades e colégios. Conforme 
aponta Veiga, "as definições de universidade, faculdade e colégio possuíam naquele 
tempo outra significação". E aponta que o aparecimento dessas novas formas escolares 
na Idade Média é resultado da reurbanização europeia ocorrida a partir dos séculos X-XI. 
 
CORPORAÇÕES DE OFÍCO: 
 
Congregavam pessoas de um mesmo ofício que se submetiam a estatutos 
regimentais e tinham seus serviços legitimados por meio da corporação. As corporações, 
dentre outras funções cumpria o papel de estabelecer o contrato entre aprendiz e mestre 
fixando preço, duração do processo de ensino e os deveres de ambos. Ao final da 
aprendizagem o aprendiz, se obtivesse autorização do mestre e apresentasse uma obra 
original que demonstrasse sua competência, poderia tornar-se outro mestre ou 
simplesmente acompanhar o mestre de forma assalariada ou não. Assim, os mestres 
controlavam o mercado de trabalho, além de se beneficiarem do trabalho dos 
companheiros. 
No século XII tem-se o surgimento, na Europa, da corporação Universitas studii. É 
composta de alunos e mestres com o objetivo de transmitir e aprender conhecimentos 
"desinteressados". Neste século surgem também as tensões entre representantes da 
igreja local e a comunidade de mestres e alunos. 
 
EDUCAÇÃO NA IDADE MÉDIA: 
 
Educação é monopólio da Igreja em que representantes eclesiásticos (escolásticos) 
controlavam os procedimentos e métodos de transmissão do ensino bem como 
concediam as licenças para futuros mestres ensinar. 
Þ As escolas eram dirigidas pelos escolásticos (clérigos vinculados ao ensino). 
As escolas, embora poucas, eram gratuitas e abertas ao público masculino em 
geral. Raramente os nobres frequentavam essas escolas, pois tinham acesso a esses 
saberes seja por algum familiar ou mestres contratados para esta finalidade. Os membros 
pertencentes ao clérigo regular recebiam a formação na clausura dos mosteiros. 
Os estudos se dividiam em: Trivium (gramática latina, retórica e dialética) e 
quadrivium (geometria, aritmética, astronomia e música). Havia predomínio do Trivium. 
Essa divisão se pautava na natureza das disciplinas. O Trivium se relacionava com os 
interesses analíticos da palavra e da mente estabelecia as leis do pensar e expressão do 
pensamento. O Quadrivium se referia ao conhecimento das coisas do mundo. 
 
Þ Com a crescente procura pelo ensino, a partir dos séculos X e XI muitos clérigos e não-
clérigos passaram a lecionar para o público leigo em sua residência ou outros locais 
que não as escolas episcopais. 
Þ PREBENDO: salário pago aos mestres pela Igreja. Como os mestres recebiam 
prebendas o ensino era gratuito. Nesse contexto, a transmissão do saber era 
considerado algo divino daí não poder ser objeto de comércio. Todavia, conforme 
aponta a autora, raros eram os mestres que viviam apenas da profissão docente. O 
ensino era tido pela maioria deles muito mais como uma possibilidade de renda 
complementar. 
Þ Cumpre citar que o termo faculdade, por exemplo, não designava um local, mas um 
coletivo de pessoas com estudo específicos em comum. Ex.: faculdade de artes 
aglutinava mestres e alunos das sete artes liberais. 
 
PEDAGOGIA ECLESIÁSTICA: 
 
Þ Para ingressar nas faculdades era requerido conhecimento prévio de latim (adquirido 
numa escola ou com mestres particulares). Ser letrado era saber latim (língua sagrada). 
Þ Ensino era individual: o mestre chamava o aluno à frente para dar e tomar a lição. 
Þ Aprendizado essencialmente oral e baseado nas técnicas de memorização. Dentre 
essas técnicas utilizava-se o recurso de cantar ou gritar o ensinamento a intervalos 
regulares (ensino cantado). Usava-se muito o aprendizado por meio de textos 
decorados. 
Þ A indisciplina e as deficiências de aprendizado eram corrigidas com chicotadas. 
Þ AUTORIDADE DOS AUTORES CLÁSSICOS: Saber algo era saber o que certos 
escritores autorizados haviam dito sobre determinada coisa. Assim, para a gramática 
as autoridades eram Prisciano e Donato, para Lógica era Aristóteles para a medicina 
os autores árabes etc. 
Þ Devido à cultura patriarcal que predominava na sociedade da época, as mulheres 
tiveram tolhida a expressão de sua sexualidade e de sua inteligência. 
 
COLÉGIOS E A SUBSTITUIÇÃO DAS FACULDADES DE ARTES 
 
Criados no final da Idade Média. Serviam como hospedagem aos alunos que 
vinham de outras localidades. Até então a função desses "colégios" era apenas a de 
fornecer abrigo material (alimentação e dormitório) e orientação moral aos jovens 
estudantes que se submetiama uma disciplina regular. Posteriormente, além de local de 
abrigo tais colégios passaram a oferecer ensino, realização de estudos coletivos, 
bibliotecas. "A partir do século XVI, devido ao prestígio acumulado, os colégios deixam 
de servir de abrigo para estudantes pobres, e as funções se invertem: eles se especializam 
como locais de ensino e em suas proximidades surgem pensões especializadas para 
moradia dos estudantes". Desse modo, conforme aponta a autora: "É nessa época que 
os colégios também se fixam como estágio para ingresso nos estudos superiores da 
maioria das universidades". 
 
Þ SERIAÇÃO: Os alunos foram divididos em classes estabelecidas conforme o nível de 
seu saber. Desse modo, conforme aponta a autora: "a gradação de estudos exigiu, 
por sua vez, uma nova organização do tempo escolar, com divisão dos dias em 
horários, o estabelecimento de tarefas prefixadas e a organização dos meses de 
acordo com os conteúdos a ser ministrados num tempo predeterminado". Assim, 
"sinetas e relógios são adotados com frequência crescente". 
 
Þ NOVA ORGANIZAÇÃO ESPACIAL: O ensino passa a ser ministrado em prédios 
próprios para o ensino, não mais exclusivamente no interior das igrejas. 
 
HUMANISMO PEDAGÓGICO 
 
A partir do século XVI, com o Humanismo, passa-se a questionar a autoridade dos 
autores clássicos bem como passam a valorizar a experimentação. Aqui cumpre citar 
como figuras representativas deste contexto Galileu e Francis Bacon que, posteriormente, 
influenciarão a Revolução científica do século XVII. Como bem aponta a autora: "esse 
grupo de pensadores não teve espaço nas universidades conservadoras e criou 
'sociedades científicas' de caráter mais ou menos formal para a realização de seus 
debates. Surgem assim academias, museus, observatórios, ateliês, gabinetes, 
laboratórios, jardins botânicos, bibliotecas". 
 
Þ Os séculos XVI, XVII e XVIII foram marcados por intensa busca de conhecimento e 
novos saberes. 
Þ Os Humanistas proporão um modelo de educação mais adequado à época. 
Þ Ampliação dos currículos. O ensino de línguas pretendia incluir a língua materna e o 
ensino das chamadas belas-letras. 
Þ Estimula-se a premiação pública dos alunos como incentivo à aprendizagem. 
Þ A partir do século XVIII tem-se a preocupação com a educação das crianças. Surge uma 
literatura especializada visando a instruir os pais sobre como educar seus filhos 
estabelecendo regras de comportamento, formação moral, e cultura em geral. Essas 
publicações têm em comum a percepção da criança como um ser maleável, de 
natureza rebelde e que precisa ser domado, daí a importância da educação precoce. 
 
 
PEDAGOGIA PROTESTANTE: 
Þ Representantes: Martinho Lutero, Melanchton e João Calvino. 
Þ Partilham a convicção de que a língua materna deveria ser a base da educação. 
 
DIDATICA MÁGNA - COMENIUS 
 
Obra referência para a elaboração da pedagogia como ciência. Comenius era 
membro da ordem religiosa evangélica dos Irmãos Morávios daí o caráter religiosa de sua 
pedagogia que tinha como objetivo desenvolver um conceito universal de educação. 
Conforme aponta a autora: "Muitas das orientações de Comenius, em que pese a sua 
ênfase devocional, serão largamente utilizadas pela pedagogia do século XIX: um ensino 
que parta do mais simples para o amis complexo, do concreto para o abstrato, dos 
objetos para as palavras, sempre por meio da observação e da experimentação. 
 
ORDENS RELIGIOSAS: 
 
Þ ORATORIANOS: Foram fortemente influenciados pelas orientações racionalistas de 
René Descartes e suas escolas davam destaque ao vernáculo, matemática, ciência e 
geografia. 
Þ JANSENISTAS: Aproximam-se mais das teorias de St. Agostinho, especialmente a 
crença na interferência divina na liberdade humana. Foi fortemente praticada nas 
escolas de Port Royal na França. 
Þ JESUÍTAS: Estiveram no centro da Igreja contrarreformada e estimularam a cultura 
geral erudita, integrando a pedagogia humanista ao espírito da cristandade. 
Formavam os jovens na moral cristã. Os colégios jesuítas se afirmaram como 
propedêuticos aos estudos superiores de teologia, medicina e direito. Os Jesuítas 
fundaram diversos tipos de colégios, conforme a origem social dos estudantes 
(escolas para burgueses e nobres e escolas exclusivas para os filhos dos nobres). 
Todas essas escolas eram regidas pela Ratio Studiorum. Incentivava-se a entrega 
pública de premiações e evitava-se os castigos. Largo uso da escrita. Toda aula tinha 
uma parte dedicada aos exercícios de escrita e redação. 
 
CRISE DO MODELO ESCOLAR DO ANTIGO REGIME: 
 
Em meados do século XVIII os colégios jesuítas foram fechados por imposição das 
monarquias, entre outras razões pelas disputas políticas em torno do monopólio da 
educação. Os representantes da Companhia de Jesus foram expulsos de Portugal, Brasil, 
França e Espanha. As elites políticas e intelectuais defenderam a ideia de que a educação 
moral e científica deveria ser prerrogativa do Estado. 
 
 
 
 
FERREIRA, António Gomes. A difusão da escola e a afirmação da sociedade burguesa. 
Revista Brasileira de História da Educação, n9, jan/jun. 2005. 
 
 
Þ A escola é histórico-socialmente construída. 
 
Na contemporaneidade a educação assume a perspectiva de uma instância 
intelectual e instituição socializadora. Nesse sentido, a escola tenta inculcar valores e 
comportamentos convenientes à cultura dominante. 
 Na sociedade medieval a instrução encontrava-se praticamente confinada aos 
clérigos, dentro dos mosteiros, catedrais e Igrejas paroquiais, ao povo bastava a formação 
religiosa. Nas escolas clericais havia o predomínio das disciplinas do Trivium, com ênfase 
na gramática - considerada a "arte por excelência". Os clérigos tornaram-se praticamente 
os únicos a dominar a gramática e a escrita. 
A emergência de algumas escolas laicas não derrotara, de início, a força cultural da 
Igreja que continuava a ser expressiva. O Latim continuava a ser a língua de referência 
ainda que outras línguas como o francês começassem a ser ensinadas. Aos poucos as 
universidades medievais foram se secularizando. Desse modo, a proibição de o clero 
ensinar direito civil, importa pelo Papa Inocêncio IV, certamente contribuiu para fortalecer 
o poder secular nas universidades. A partir do século XII e XIII, tem-se a criação das 
escolas laicas que se espalham pela Europa na medida em que a burguesia se firmava. 
Estamos, pois, perante um fenômeno urbano e burguês. Isso não significa que a doutrina 
da Igreja não estivesse ausente. Desse modo, a emergência das escolas laicas é tratada 
pelo autor como um fenômeno urbano e burguês. Assim posto, conforme explicita o 
autor: a escola secular (laica) é produto do crescimento comercial, do desenvolvimento 
das cidades, do aumento da burguesia e sua capacidade de impor-se como força social 
e política. 
Þ INVENÇÃO DA IMPRENSA: No século XIII, com a invenção da imprensa e a 
descoberta do processo de fabricação do papel possibilitaram a difusão do 
conhecimento em maior escala. Ex, podemos citar o maior alcance da vulgata latina 
que teve mais ou menos 92 edições apenas entre 1456 a 1500. 
Þ Latim: durante a idade média o homem culto tinha que dominar o latim para 
acompanhar a vida cultural e religiosa da época. O Latim era considerado a língua do 
rigor e do saber. Permitia o acesso ao direito, às funções e cargos públicas. Era a 
língua da elite medieval. Todavia, com o nascimento do comércio passa-se a uma 
maior utilização das línguas vernáculas. 
 
ENSINO SECUNDÁRIO: 
 
O ensino secundário (ginásio) era a escola preferida por quem queria seguir a 
universidade ou ingressar nas profissões mais valorizadas socialmente. Tais escolas 
preparatórias superavam as elementares. 
 
 
JESUITISMO CIVILIZADOR E GUERREIRO: 
 
O autor traz já no início do capítulo asduas vertentes pelas quais a atuação dos 
jesuítas foi estudada ao longo da história. Segundo ele, houve uma vertente denominada 
"jesuitismo civilizador" que enfatizava os aspectos positivos de sua atuação e outra 
denominada de "jesuitismo guerreiro" que acentuava os aspectos negativos de presença 
jesuítica junto aos colonizados. O objetivo do autor é pensar o fenômeno jesuíta a partir 
duma visão equilibrada que leve em conta os pontos positivos e negativos da presença 
jesuítica. 
 
 
UNIÃO ENTRE ESTADO E IGREJA 
 
No século XVI tínhamos, em Portugal, Igreja e Estado unidos por interesses 
comuns. Nesse período tinha-se uma estrutura social tripartite e hierarquizada em que 
Clero (reza) e Nobre (luta) dominavam as relações sociais enquanto o Povo (trabalho) 
arcava com todos os custos da vida luxuosa dos primeiros estamentos sociais. Pensando 
a atuação jesuíta no século XVI, o autor elenca a presença de duas diacronias para se 
pensar o projeto jesuítico: a de Colonização (projeto invasor) e a de Catequese (projeto 
missionário). Não podemos esquecer que a missão prioritária dos jesuítas era manter e 
propagar a fé católica entre os indígenas, infiéis e hereges. Nesse sentido, conforme 
aponta o autor, cumpre destacar o que ele aponta como projeto de semelhança em que 
os jesuítas buscavam, em nome da reafirmação da unidade divina, apagar as diferenças 
entre os homens tornando o não-cristão em cristão. Outro fator que merece destaque é 
a afirmação da Igreja de que índio possui alma. Isso não apenas possibilitou, mas também 
justificou o projeto de catequese, já que as feras não precisam ser catequisadas. 
 
ENCONTRO DAS DIACRONIAS 
 
No século XVI, Igreja e Coroa Portuguesa enviam jesuítas e governadores para 
tomar posse e povoar a nova terra e converter os gentios. Ao redor de 1570 ocorre o 
encontro entre as duas diacronias, da missão (catequese) e a da colonização (invasão). Se 
de um lado eles se posicionam contrários à escravização indígena, acabam por participar 
do mundo colonial escravista tornando-se eles próprios agentes colonizadores. Nesse 
sentido, o autor aponta um enfraquecimento da importância dos jesuítas ou sua 
capacidade de se impor contra o tráfico negreiro ou a escravização dos africanos, 
deixando de ser influentes no mundo dos engenhos, no qual acabaram por se tornar mais 
um dos colonos proprietários de escravos. Com isso, o autor levanta a possibilidade de 
se pensar os jesuítas não apenas como colonizadores, mas também colonizados o que 
leva a pensar numa possibilidade de os jesuítas terem sido instrumentalizados, vítimas da 
Coroa Colonialista. 
 
 
 
FASES ATUAÇÃO JESUÍTA: 
 
PERÍODO HERÓICO: Nesse período tem-se o contato dos jesuítas com os 
indígenas (chamados pelo coletivo "gentios"). Os jesuítas ignoram a diversidade e 
particularidade das diversas tribos indígenas em nome de uma hogeinização com os 
brancos. Os índios eram tratados incialmente como se fossem papeis em branco que 
assimilavam sem resistência os ensinamentos dos Evangelhos e da cultura portuguesa. 
Todavia, ao longo do processo de catequização os padres jesuítas perceberam que os 
indígenas não recebiam tais ensinamentos de forma pacífica. A catequese não estava 
resultando em uma aculturação e conversão de todos os "gentios". Daí a necessidade de 
inverter a ordem das prioridades, quando os jesuítas passam ao invés de ensinar a 
doutrina já de início optam por antes transformar ou suprimir a cultura indígena. Esse 
processo resultou profunda perda da identidade da cultura indígena bem como no 
desaparecimento e marginalização de tribos indígenas. Para escapar dos jesuítas e dos 
colonos, tribos inteiras fugiam para o interior do território, despovoando os recolhimentos 
e aldeamentos e interrompendo o trabalho catequético. Quando o trabalho missionário 
se rearticulou por volta dos fins da década de 60, os jesuítas abrem uma terceira frente 
de atividades: os colégios para os filhos dos colonos. 
 
PERÍODO DE CONSOLIDAÇÃO: Nesse período, tem-se a fundação dos colégios 
para educar os meninos brancos. Oferecia-se ensino secundário de humanidades gratuito 
com aulas de gramática latina, humanidades, retórica e filosofia em uma gradação de 
estudos de 8 a 9 anos para chegar na formação do letrado. Nessa fase de atuação nos 
colégios, como bem aponta o autor, "o jesuíta estava desligado da realidade social 
brasileira, com perda do caráter missionário apostólico, heroico e aceitação do papel de 
assistência aos colonos, papel que era desvalorizado pelos próprios inacianos nos 
primeiros anos, nos "tempos heroicos". Outra característica importante ressaltada pelo 
autor é que "nos colégios, para aculturar seus alunos brancos, os jesuítas usavam as 
formas da tradição, da repetição, da disciplina rigorosa com castigos físicos, da reclusão 
e da exclusão". 
 
 
BOTO, Carlota. Iluminismo e Educação em Portugal: o legado do século XVIII ao XIX. 
IN: Histórias e Memórias da Educacão no Brasil. ORG: STEPHANOU, Maria; BASTOS, 
Maria Helena Camara. 
 
 
O século XVIII foi um período privilegiado para se pensar a pedagogia. Em pleno 
iluminismo a escolarização é vista com muita esperança. Nesse contexto, em toda a 
Europa passam a ser produzidas novas representações e práticas acerca da infância e de 
formação do homem no percurso do século XIX. 
 
O pensamento do século XVIII será marcado em Portugal pelo olhar do 
estrangeiro. Os mais proeminentes iluministas lusitanos escreveram sobre a renovação da 
cultura portuguesa enquanto viviam no exterior. 
 Preocupados em recuperar o reino português da suposta era decadente pensou-
se que a instrução do povo precisava ser matéria de Estado. Na prática, seria construído 
um estado-pedagogo. Nesse sentido, a Companhia de jesus é apresentada como um 
estado à margem do Estado, tendo, ainda, por agravante, o controle estratégico sobre a 
formação da mocidade. No limite, passa-se a pensar na implantação de uma rede de 
escolas dirigidas pelo Estado. A função dessas escolas era a de preparar os súditos para 
identificar e reconhecer como legítimos as leis e os costumes do Estado. Assim pensada, 
a pedagogia passa a ser vista como instrumento estratégico para acompanhar e 
consolidar as mudanças no âmbito público. Desse modo, pretende-se conformar a ordem 
pública adequando cada um ao lugar reservado à sua classe de origem. E aqui cumpre 
ressaltar um adendo feito pela autora "não se poderia confundir educação pública com 
democratização de oportunidades sociais". 
 
ESCOLA RIBEIRO SANCHES 
 
A escola projetada por Ribeiro Sanches deveria dar prioridade à capacitação do 
estudante para a vida social. Buscava-se a secularização de práticas pedagógicas, 
anteriormente sob domínio exclusivo de ordens religiosas, especialmente da Cia de 
Jesus. Para tal intento seria necessário que, na nova escola do Estado, fossem adotados 
livros didáticos alternativos. Assim pensada, a escola assumiria a função de consolidar nos 
indivíduos o sentimento de pátria e o Estado passaria a exercer a função de organizador 
e inspetor das escolas do reino, para que a ninguém fosse facultada a prática do 
magistério em escolas públicas sem autorização do rei. Desse modo, o controle estatal 
da educação traria como efeito precípuo o fortalecimento da monarquia e a conservação 
da paz. 
 
LUIZ ANTONIO VERNEY 
 
Tanto Ribeiro Sanches quanto Verney, expoentes do pensamento iluminista 
português, irão subsidiar intelectualmente as posteriores reformas pombalinas. Verney irá 
se opor aos métodos de ensino praticados pelos mestres da Cia de Jesus. Em sua obra 
O Verdadeiro Método de Estudar, Verney constata o atraso português perante os avanços 
das ciências naquele século (das luzes) e sugere novas abordagens metodológicas para o 
estabelecimento de um programa curricular e político da educação. Verney propõe a 
secularizaçãodos Tribunais da Inquisição bem como diversas restrições ao poder 
eclesiástico. Diverso da proposta jesuítica que tomava o latim como língua prioritária 
(quando não exclusiva) nas práticas pedagógicas, Verney salienta o valor básico da 
gramática nacional: a língua de origem, como referência da comunicação verbal. Verney 
questiona, ainda, as práticas jesuítas que recorriam aos castigos corporais, os exercícios 
de memória e as práticas afetadas da conversação em latim. 
 
Þ Verney concebe as crianças como se fossem uma tábula rasa, sujeitas ao meio e à 
educação. Portanto poderiam ser moldadas às intenções do estado. 
Þ Aproximando-se dos enciclopedistas, Verney também recusa a nobreza de sangue, 
título ou dinheiro para postular o talento como única fonte de distinção entre os 
homens. 
Þ "Sobre a necessidade de extensão do processo pedagógico também às mulheres, 
Verney recorda serem as mães de família as primeiras educadoras, responsáveis, 
nesse aspecto, pelo ensino de língua. Por outro lado, o governo da casa exige 
conhecimento de economia". Assim, tem-se em Verney um dos precursores, em 
Portugal, da proposta de universalização do ensino. Há, portanto, ainda que de forma 
pacata, uma sugestão ao ensino feminino. Isso ficará mais evidente com a publicação 
posterior do Alvará Régio de 17 de Agosto de 1758, por meio do qual D. José 
ordenava a criação de escolas uma para meninos e outra para meninas nas povoações 
indígenas. Com a expulsão dos jesuítas e 1759 tem-se a criação do sistema de aulas 
régias. As ações de Pombal, de início, visavam estruturar um sistema pedagógico 
capaz de suprir a ausência dos jesuítas no ensino. 
 
MARQUÊS DE POMBAL 
 
Para contrapor-se às práticas jesuíticas, o Marquês de Pombal toma atitudes 
frontais, como a substituição da Cartilha por meio da qual quase todas as crianças 
portuguesas aprendiam o ABC pela tradução do Catecismo de Montpellier. Esse 
catecismo estava eivado de doutrinas jansenistas e galicanas, razão pela qual passou a 
ser incluído no índex dos livros proibidos. Pombal empreendeu a um processo de 
secularização da nação portuguesa. 
Os objetivos da reforma pombalina dos estudos menores teria sido o de proceder 
a uma adequação da instituição escolar à nova configuração necessária ao Estado 
moderno e, nesse sentido, agenciar o ensino de maneira a atender os interesses seculares 
da Coroa. 
Acerca das medidas da Reforma Pombalina, Antonio Nóvoa entende que os 
grandes alicerces da prática pombalina teriam sido: exame público para todos os 
candidatos ao magistério, autorização e controle da Direção dos Estudos como suporte 
legal ao exercício da profissão de professor; a concessão de privilégios de nobreza aos 
professores régios, o que lhes permitiria melhorar o lugar social por eles ocupado. Desse 
modo, com a reforma tem-se o delineamento de um projeto de secularização e 
estatização do ensino e profissionalização da atividade docente. 
Foi apenas a reforma de 1772 que, de fato, instituiu um sistema de ensino 
verdadeiramente estatal, por englobar, nas prescrições legais, os três níveis do 
aprendizado: primário, secundário e superior. 
Pode-se afirmar que Pombal já rascunhava, em seu tempo, muitas das diretrizes 
norteadoras dos sistemas públicos de escolarização. 
 
 
 
REFORMADORES POMBALINOS VS RAINHA MARIA I: 
 
Os reformadores pombalinos priorizam o Ensino Secundário. E aqui é importante 
lembrar que Pombal necessitava formar, o mais rápido possível, uma elite culta capaz de 
substituir o clero (jesuítas). Conforme aponta o autor, os reformadores pombalinos irão se 
aproximar muito mais das reflexões de Ribeiro Sanches para quem "reerguer a nação 
exigia prioritariamente a preparação de uma elite ilustrada". 
Logo após o período dos reformadores pombalinos tem-se o período da Rainha 
Maria I e, diversa dos seus antecessores, prioriza as classes régias de leitura e escrita, 
reforça aspectos morais de transmissão de normas religiosas e regras de conduta no 
processo de educação. Desse modo, Maria I se aproxima muito mais das reflexões de 
Verney no sentido de multiplicar o acesso às primeiras letras. 
 
DESPOTISMO ILUSTRADO EM POMBAL: 
 
O autor defende a tese que é possível enquadrar algumas das contraditórias ações 
de Pombal como sendo expressão do que ele chama de "despotismo ilustrado". Isso, 
pois embora demonstre um feitio ilustrado irá tomar ações diversas a esse ideal como, 
por exemplo, a continuidade à censura de livros do Santo Ofício que, serão reprimidos 
pela ação dea Real Mesa Censória controlada por pombal. Nesse sentido, obras de 
autores como Diderot, Hobbes, Rousseau, Espinosa fora consideradas proibidas por 
conterem doutrina "ímpia, falsa, temerária, blasfema, herética etc.". Somado a isso, com 
a expulsão dos jesuítas outras ordens religiosas não perderam seus poderes totalmente 
e permaneciam atuantes. 
 
 
CARDOSO, Tereza Fachada Levy. As Aulas Régias no Rio de Janeiro: do projeto à 
prática. 1759-1834. História da Educação, ASPHE/FaE/UFPel, Pelotas p. 105-130, out. 
1999. 
 
O processo de implantação e consolidação do ensino público na cidade do RJ foi 
inaugurado com a instituição das Aulas Régias em todo o Reino Português. O sistema de 
aulas régias correspondia ao ensino primário e secundário e teve como características 
marcantes: centralização, a falta de autonomia pedagógica e o acesso à educação restrito 
a uma parcela da população, assim evidenciando o seu caráter excludente. 
 
ALVARÁ DE 28 JU 1759 
 
Com o alvará de 28 de jun de 1759 implantou-se, ainda que de forma precária, a 
educação pública em todo o reino de Portugal. Com essa reforma de 1759, tornava 
obrigação do Estado garantir a educação gratuita à população. Nesse sentido, com a 
reforma em questão o Estado passa a controlar totalmente a educação estabelecendo 
diretrizes, escolhendo professores por concurso, fiscalizando-os, pagando-os e 
mantendo-os subordinados a uma política fortemente centralizadora. Desse modo, a 
educação passa a ser leiga e não mais sob diretrizes de alguma ordem religiosa. Inclusive 
o próprio nome Aula Régia significava que tais aulas pertenciam ao Estado e não mais à 
Igreja. 
 
ESTUDOS MENORES 
 
Formados pelas aulas de ler, escrever e contar. Também chamado de Primeiras 
Letras (nome pelo qual ficaram mais conhecidos) e as aulas de humanidades que 
abrangiam as cadeiras de gramática latina, língua grega, língua hebraica, retórica e 
poética e, posteriormente, filosofia moral e racional. Como bem ressalta a autora, 
somente após a Independência do brasil é que os Estudos Menores aparecem separados 
em Ensino Primário e Ensino das Humanidades (educação secundária). 
 No reinado de D. Maria I os estudos das primeiras letras passaram a se chamar 
"Aulas de ler, escrever, contar e catecismo". E aqui cumpre destacar a inclusão do termo 
catecismo que já denotava um retorno ao caráter religioso que se imprimiu à educação 
no período de governo de D. Maria I. 
 
LEI 6 NOV 1772: Aulas Régias BR 
 
Estabelece, na cidade do RJ e nas principais cidades do Brasil, as Aulas Régias de 
Primeiras Letras, de Gramática Latina e Língua Grega. 
 Como ressalta a autora, "a necessidade de incrementar a oferta educacional 
básica, das escolas de ler, escrever e contar, ligadas à necessidade de formação de 
trabalhadores mais qualificados, atendia a interesses do Estado, porém não pretendia ser 
popular, ou seja, não destinava-se a todos os portugueses indistintamente, pelo contrário, 
mantinha a sua característica de discriminação e exclusão social". 
 No ano de 1834 temos a extinção do sistema de ensino implantado com as Aulas 
Régias, embora fosse mantida a escola pública e leiga. 
 
A ESCOLA 
 
No período, o termo escola era entendido como uma unidade de ensino com um 
professor. Não se pensava na necessidade de seconstruir um prédio para esta finalidade. 
As aulas eram ministradas, geralmente, na casa do próprio professor ou em algum prédio 
anteriormente ocupado pelos jesuítas (aproveitado). Era comum, portanto, a existência 
de casas-escola. O termo escola, portanto, era utilizado na mesma acepção que cadeira. 
Assim, uma aula régia de Gramática latina, ou uma Aula de Primeiras Letras correspondia 
a uma cadeira específica. Cada escola lecionava uma cadeira específica e os alunos tinham 
liberdade para frequentar a que quisesse já que as cadeiras não se articulavam entre si. 
Nesse sentido, o aluno podia frequentar, à sua livre escolha, as Aulas Régias de Gramática 
Latina ou a de Primeiras Letras. 
 As Aulas Régias eram distintas para meninos e meninas. Essas eram normalmente 
regidas por uma Mestra enquanto os meninos por um Mestre. Todavia, em casos 
excepcionais, admitia-se a formação de turmas compostas por alunos de ambos os sexos 
até que se arrume um mestre ou mestra para suprir a demanda da escola em questão. 
Em 1787 os professores régios Manuel Inácio da Silva Alvarenga e João Marques 
Pinto saíram em defesa da criação de um ambiente próprio para servir de escola pública, 
fora do ambiente residencial dos professores e mestres régios. Sugeriram, portanto, a 
criação de prédios escolares públicos. 
No RJ, as escolas se concentravam no centro da cidade localidade em que 
moravam a maioria dos professores, bem como os alunos que estavam aptos a frequentá-
las. 
As férias coincidiam na mesma época do ano em todo o reino português e seus 
domínios, não importando as diferenciações climáticas de cada região. Entretanto, 
mesmo em Portugal, as autoridades precisaram alterar essas determinações, para não 
prejudicar os estudos nas épocas de colheita agrícola. No Brasil do início do século XIX, 
as férias escolares já coincidiam com o período de verão. 
Medidas disciplinares eram previstas. Sempre que necessário o aluno não-
disciplinado seria encaminhado para o diretor geral dos estudos que, para corrigir lhes, 
poderia empregar "o modo que lhe parecesse conveniente". 
O conteúdo programático das Aulas de ler, escrever e contar limitavam-se a 
transmitir rudimentos de leitura, escrita e calculo. No caso das meninas era somado o 
ensino das prendas domésticas (bordar, marcar, coser, música e dança). Cumpre ressaltar 
que o ensino do sexo feminino era limitado à instrução de aritmética só às quatro 
operações. Noções de geometria não eram ensinadas às mulheres. A elas era reservado 
o ensino das prendas domésticas. Nesse sentido, percebe-se uma certa desvalorização 
da educação feminina, embora ela acontecesse. 
A avaliação de desempenho dos professores ficava ao encargo das Câmaras 
Municipais. Havia, portanto, mecanismos de controle do Estado que vigiava e punia 
garantindo o funcionamento da escola primária pública nas classes já providas de mestres. 
A avaliação positiva do fiscal do ensino de primeiras letras passou a ser necessária para 
que os professores conseguissem receber os seus salários. Isso estava previsto em 
decreto. 
 
PROFESSOR E MESTRE 
 
Os mestres eram os que ensinavam as primeiras letras. Os professores todos os 
que ensinavam as demais cadeiras. Embora existisse um contrato entre professor e 
Estado, os professores não formavam ainda uma classe profissional. 
 A admissão do professor público se dava mediante concurso público. A banca 
examinadora, após qualificar o candidato, concedia ou não a licença para lecionar, sem a 
qual ninguém poderia ensinar Gramática Latina fora das classes régias, nem mesmo os 
professores particulares, os quais também se submetiam a exame. 
Os exames eram gratuitos, não existindo o pagamento de qualquer taxa. Vale 
ressaltar que não havia a necessidade de o candidato a professor/mestre apresentar 
qualquer diploma ou comprovante de habilitação para o cargo pretendido, bastando 
obter um bom desempenho nos exames. Desse modo, o concurso funcionava tanto como 
garantia da qualidade do ensino quanto como possibilidade de fornecer um estatuto 
profissional ao mestre. 
O primeiro concurso para professor público, realizado no Brasil na cidade de 
Recife, exigia dos candidatos documentação que atestando bons antecedentes. Muitas 
inscrições foram recusadas por não se enquadrarem nas exigências rigorosas pretendidas 
pela banca organizadora. Era muito comum que nos próximos concursos o candidato já 
apresentasse junto à requisição da inscrição uma série de documentos que atestasse sua 
boa conduta. Esses documentos eram expedidos pelo Pároco, pela Polícia ou mesmo 
pelos anteriores contratantes daquele candidato que o recomendaria para o cargo 
pretendido. 
Uma vez aprovados nos exames, os professores recebiam a provisão que os 
autorizava a lecionar. Após decorridos 6 anos haveria uma reavaliação da situação deste 
professor. 
Os professores públicos assumiam, junto com seus cargos, algumas obrigações: 
financiar o próprio ofício (comprar material necessário às aulas), promover a educação 
cívica, levar os meninos à missa (ao menos um domingo no mês). E aqui vale ressaltar que 
a educação era leiga, mas não havia sido abolido o ensino da religião católica nas escolas, 
que permaneceu, dessa forma, obrigatório. 
Professores públicos gozavam de alguns privilégios: aposentadoria ativa, isenção 
de determinados impostos, possibilidade de ocupar determinados postos destinados à 
nobreza, possibilidade de não ir para a prisão e podiam ter, em alguns casos (doença por 
exemplo), professor substituto. Criou-se, então, a figura do professor substituto (objeto 
também de exame público). 
 
WEHLING, Arno. A Incorporação do Brasil ao Mundo Moderno. IN: Histórias e Memórias 
da Educação no Brasil. ORG: STEPHANOU, Maria; BASTOS, Maria Helena Câmara. 
 
Segundo a autora, a incorporação do Brasil ao mundo moderno é fruto de um 
processo histórico multissecular. A autora cita 4 momentos de incorporação: 
 Primeira Incorporação: nos séculos XVI-XVII, quando se iniciou e consolidou o 
processo colonizador. Tinha-se uma Europa Ocidental marcada quebra da unidade 
religiosa antes existente. Todavia permanecia uma mentalidade medieval e analfabetismo 
dominante. Nesse sentido, embora se estivesse vivendo um momento de valorização da 
racionalidade e da ciência, ainda persistia muito da tradição filosófica medieval. 
Segunda Incorporação: segunda metade do século XVIII, quando chegam ao Brasil 
os reflexos do Iluminismo com críticas em relação ao atraso em que vivia o país em 
comparação às nações mais adiantadas da Europa. 
Terceira Incorporação: primeira metade do século XIX. Contexto em que tínhamos 
conquistado a independência política, quando surgem alguns desafios: promover a 
indústria nacional e afirmar o sentimento nacionalista. 
Quarta Incorporação: após a década de 1920 ocorre o esforço para retirar o Brasil 
da condição de país atrasado (subdesenvolvido). 
 
 
PRIMEIRA INFLEXÃO: SÉCULOS XVI E XVII 
 
A primeira inflexão do Brasil no mundo moderno, segundo o autor, se daria com 
os procedimentos adotados pela metrópole portuguesa para viabilizar o processo 
colonial em terras brasileiras. Esse processo tanto pode ser lido no sentido meramente 
mercantilista e espoliação portuguesa dos recursos naturais e humanos quanto no sentido 
de um transplante em que instituições sociais e políticas, quadros mentais e intelectuais 
foram transplantados de Portugal para modelar o Brasil e inseri-lo no mundo moderno. 
Em meados do século XVI devido ao influxo das necessidades do processo 
colonizador tem-se a ampliação do número de instituições portuguesas no Brasil, o 
aumento das exportações de açúcar e da extração do pau-brasil (possibilitou a integração 
da colônia às redes do capitalismo comercial) e a organização de um clero secular 
(embora existissem outras ordens religiosas como beneditinos,franciscanos e carmelitas 
foi com os jesuítas que, do ponto de vista cultural e intelectual houve a afirmação dos 
laços com a metrópole portuguesa). Esse modelo deu consistência à presença portuguesa 
em terras que posteriormente seriam chamadas Brasil. Esse modelo permaneceu até a 
época pombalina e, em alguns aspectos, até a independência do Brasil de Portugal. 
Dentre os procedimentos adotados para viabilizar o processo colonial cumpre citar 
que os portugueses procederam à refundação de instituições, exportação de produtos 
com aceitação no mercado internacional e a criação de uma homogeneidade cultural 
fincada na língua e na religião. 
Uniformização de consciência: o ensino, destinado aos próprios religiosos, filhos 
de colonos e indígenas cumpria o papel de uniformizar as consciências com base num 
fundamento comum cristão. Assim, a Ratio Studiorum chegou ao Brasil e fora aplicada 
nos currículos dos colégios. 
 
SEGUNDA INFLEXÃO: REFORMISMO POMBALINO 
 
Por ironia da história a abertura da colônia para as transformações intelectuais e 
culturais do mundo moderno deu-se pela ação do governo mais despótico que Portugal 
tivera até então (o governo do Marquês de Pombal). Aqui é importante ressaltar que 
Pombal e a elite ilustrada que liderou procuraram eliminar todos os focos do que julgavam 
arcaico em Portugal. É quando empreendem uma "guerra" à Ratio Studiorum e aos 
jesuítas, obstáculos a serem removidos. Em 1759 ocorre a expulsão dos jesuítas do Brasil. 
A consequência mais imediata para suprir a demanda no ensino que antes era controlado 
pelos jesuítas foi a criação das aulas régias em que professores concursados eram pagos 
pelo Estado para suprir as faltas dos jesuítas nas cadeiras de ensino. 
Em 1768 Pombal cria a Real Mesa Censória que irá empreender uma verdadeira 
caça às obras que poderiam ou não ser lidas. Nesse sentido, autores científicos como 
Bacon, Galileu, Descartes, Newton, Leibniz eram bem recebidos, mas autores como 
Voltaire, Montesquieu, Rousseau e Diderot eram olhados com temor, pois teorizavam 
sobre a organização dos estados, os regimes políticos ou os direitos do homem no pacto 
social. Tudo isso poderia por em risco os alicerces do poder construído. 
 
PAIVA, José Maria de. Igreja e Educação no Brasil Colonial. IN: Histórias e Memórias da 
Educacão no Brasil. ORG: STEPHANOU, Maria; BASTOS, Maria Helena Camara. 
 
 
A longa história humana registrou diversos sentidos e funções para a palavra 
escrita. Uma dessas funções era a de registro. 
 Na Idade Média as letras eram cultivadas quase que exclusivamente pelo clero e 
visavam, com frequência, expor fórmulas teológicas e jurídicas. As letras visavam enunciar 
uma verdade pronta, inquestionável, fruto da revelação divina aos homens. Nesse 
sentido, as letras eram essencialmente religiosas. 
Com o surgimento das práticas mercantis as letras passam a também possibilitar o 
registro contábil e contratual. 
Nesse contexto medieval a Igreja se sentia e era sentida como parte integrante do 
corpo social. O rei era cristão, o reino era cristão. 
Importante lembrar que o clero era altamente letrado. Nesse contexto, ensinar se 
tornou próprio da Igreja. Colégio e fé passaram a se imbricar. Tanto o rei quanto o clero 
achavam que era competência clerical o estabelecimento das escolas, colégios e 
universidades para atender às demandas da sociedade. Desse modo, a formação de 
letrados era uma exigência da sociedade portuguesa, necessária para viabilizar o pretenso 
processo de conversão dos gentios, bem como a busca de almas para se comercializar a 
salvação. 
Nesse sentido, a dedicação dos jesuítas aos colégios não constituía trabalho 
paralelo à missão, mas antes complemento da missão uma vez que a doutrina católica 
também era ensinada nas diversas lições a que eram submetidos os colonos. Assim, os 
colégios muito mais do que serem apenas escolas representavam o ponto de ligação 
entre os colonos e a Coroa Portuguesa e suas repartições governamentais. Educar 
significava formar os alunos na fé, nos bons costumes, na virtude e piedade cristãs. E aqui 
cumpre ressaltar que a educação se pautava em princípios religiosos não porque eram 
padres que comandavam os colégios, mas porque toda a sociedade portuguesa era 
religiosa. A Igreja estava incorporada às práticas sociais, integrada ao corpo social. 
Ratio Studiorum: era o código pedagógico seguido pelos jesuítas em suas práticas 
pedagógicas. A Ratio Studiorum entende que o principal objetivo do colégio é o cultivo 
da virtude considerada, inclusive, superior ao próprio aprendizado das demais ciências 
(artes liberais). Estabelecia como função do professor exortar os alunos às práticas 
devocionais cristãs como ir à missa, rezar terços, fazer o constante exame de consciência, 
frequentar os sacramentos, selecionar as leituras que lhes sejam edificantes na moral 
cristã. Tudo isso era tranquilamente aceito haja vista o fato de a sociedade da época viver 
de forma intensa a religiosidade. O povoado inteiro vivia intensamente o ambiente 
religioso permeado por simbolismos cristãos. Não havia, pois, como a educação do 
colégio não ser religiosa. Não havia nenhuma discrepância em se fazer catecismo durante 
os cursos. Ciência e religião andavam juntas. Essa embasando as teorias daquela. Tudo 
estava interligado. Não tinha espaço para se questionar as doutrinas da Igreja. 
 
PILETTI, Claudino; PILETTI, Nelson. Filosofia e História da Educação. Editora ática, 1988. 
Capítulo: Os Jesuítas e a Educação da Alma. 
 
Os jesuítas foram os responsáveis quase exclusivos pela educação brasileira por 
quase dois séculos. Seu principal objetivo era deter o avanço protestante em duas frentes: 
através da educação das novas gerações e por meio da ação missionária, procurando 
converter à fé católica os povos das regiões que estavam sendo colonizadas. Desse modo, 
ao mesmo tempo em que ensinavam as primeiras letras e Gramática Latina ensinavam a 
doutrina católica e os costumes europeus. Dentre os jesuítas que foram relevantes para a 
educação no Brasil cumpre citar os nomes de Pe. José de Anchieta e Pe. Manuel da 
Nóbrega. 
 
ESCOLAS DE PRIMEIRAS LETRAS 
 
Leitura e escrita: pré requisito para a catequese. Os jesuítas logo perceberam que 
não conseguiriam converter os gentios à fé católica sem, ao mesmo tempo, ensinar-lhes 
a leitura e a escrita. Nesse sentido, o ensino vincula-se à catequese por uma necessidade 
de cumprir com os seus reais objetivos: converter os índios aos costumes europeus e à 
religião católica e assim facilitar o trabalho colonizador da Coroa Portuguesa. 
Marquês de Pombal entrou em conflito com os Jesuítas alegando que eles 
intencionavam opor-se ao governo português. Em 1759 Pombal suprimiu as escolas 
jesuíticas de Portugal e todos os seus domínios. Em seu lugar foram criadas as aulas régias 
de Latim, Grego e Retórica que nem de longe conseguiu substituir o eficiente sistema de 
ensino organizado pelos jesuítas. O objetivo da Reforma Pombalina era criar uma escola 
que servisse aos interesses do Estado. Nesse sentido, a escola, antes de servir aos 
interesses da fé (como era o sistema de ensino jesuítico) deveria servir aos interesses da 
Coroa Portuguesa. Em outras palavras, o objetivo da reforma pombalina foi o de substituir 
a escola que servia aos interesses da fé pela escola útil aos fins do Estado. 
 
 
D-06 Os primeiros Tempos: A Educação pelos Jesuítas UNIVESP. 
 
 
O projeto inicial dos jesuítas era a missionação, conversão de almas de fiéis, gentis 
e hereges para a salvação. Os jesuítas possuíam alto grau de intelectualidade. Como 
afirma o Pe. Klein, "os jesuítas educavam catequisando e catequisavam educando". 
Nesse sentido, a educação era vista como uma possibilidade de incutir valores e virtudes 
cristãs nos colonos. Esse ideal fica muito claro na Ratio Studiorum. 
 ARatio Studiorum era um conjunto de preceitos escritos por St. Inácio de Loyola 
que orientava os estudos de gramática, retórica e as práticas religiosas tanto da 
Companhia quanto dos alunos que frequentavam os colégios e aldeamentos. 
 Os colégios fundados pelos jesuítas eram reservados para as elites locais: 
funcionários públicos e filhos da elite colonial e que também serviam para formar os novos 
clérigos que não mais precisam ser enviados para serem formados em Coimbra. Os 
indígenas eram formados nos chamados aldeamentos. Nesse sentido, existiam os 
colégios (reservados às elites) e os aldeamentos localizados nas aldeias com a finalidade 
de catequisar e educar os indígenas. 
 Questão que se coloca: os jesuítas foram educadores ou destruidores de cultura? 
 
 
Cursos Livres Univesp TV - História do Brasil - Padre Antônio Vieira 
e a Educação Jesuítica 
 
 
Pe. Antônio Vieira possui uma produção linguístico-literária de grande relevância 
tanto para a discussão histórica quanto para a literária do século XVII na língua 
portuguesa. Escreveu mais de 500 cartas e 200 sermões. 
 Embora tenha nascido em Lisboa toda a sua formação se deu aqui no Brasil na 
Bahia no chamado Colégio da Bahia, um colégio jesuíta em que a educação era calcada 
nos estudos clássicos, leitura de autores como Sêneca e Cícero, emulações (debates), 
divisão das classes entre espartanos e gregos para estimular o debate, a competição 
intelectual e exercícios de gramática latina e retórica. Modelo de educação que hoje seria 
condenado pela grande maioria dos pedagogos e educadores. 
 Os jesuítas buscavam comprovar que os indígenas participavam da humanidade, 
participavam da mesma natureza divina. Assim, todos eles possuíam dentro de si uma 
centelha divina que os habilitava a participar do corpo de Cristo pela conversão que se 
daria pelo intenso processo de catequização e educação dos gentios. Nesse sentido, os 
jesuítas entendiam que estavam devolvendo ao indígena a sua verdadeira natureza divina 
que fora ofuscada pelo distanciamento da fé cristã. 
 Os jesuítas perceberam que os indígenas não aceitavam sem resistência as 
doutrinas cristãs. Assim, como bem nota Pe. Vieira, a suposta facilidade com que os 
indígenas acolhiam os rituais e dogmas cristãos era na verdade uma leviandade haja vista 
quando retornavam para suas aldeias esqueciam de tudo e praticavam seus antigos rituais 
com a mesma disposição que praticavam os rituais cristãos. Assim eles não se convertiam 
de fato e permaneciam com suas práticas. Os jesuítas percebem a necessidade de, para 
conseguir sucesso no projeto de conversão dos gentios, afastá-los dos brancos e 
intensificar o processo educacional aliado à catequização. 
 O catolicismo regulava a educação. Nesse sentido é inviável pensar uma educação 
apartada da catequese, das práticas de conversão à fé cristã. As duas práticas coexistiam 
e integravam o projeto educativo jesuíta aqui no Brasil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Educação Brasileira 1822-1889 (Período Imperial). VIDEO-AULA UNIVESP 
 
 
OBJETIVO: compreender como que foi gestada a malha de escolas tanto pela ação do 
Poder Público Estatal quanto pela ação dos particulares. 
 
Durante todo o século XIX vamos observar uma ação tanto os particulares quanto 
do poder público no intuito de difundir alguns códigos de civilização na sociedade 
brasileira. Isso fica claro na frase que foi publicada no jornal no periódico de Ouro Preto 
Minas Gerais: "é preciso que o povo seja livre para que possa escolher e é preciso que 
ele seja destruído para que faça a escolha certa". Temos condensado nessa frase os 
princípios basilares da ação tanto do Estado quanto dos particulares daquilo que a gente 
pode chamar de sociedade civil atualmente no que diz respeito à difusão, divulgação de 
alguns códigos, de alguns padrões de condutas e de civilidade necessários indispensáveis 
para a vida é naquele período. 
 
FASES DO IMPÉRIO BRASILEIRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRIMEIRO LIBERALISMO 
 
 
 
 
 
 
Três grandes períodos: O primeiro período ele é conhecido como o primeiro 
liberalismo ele vai desde a emancipação política (independência) até o fim da década de 
30. 
Esse período é matriz Iluminista, ou seja, as ideias ilustradas que haviam circulado 
na Europa oriundas da Revolução Francesa chegam ao Brasil e muitos dos nossos 
políticos, clérigo e de boa parte da sociedade letrada, entrará em contato esses ideais. 
É regalista e é filantrópico. Ou seja é um período marcado então pelo poder do 
Rei e pelo poder do Imperador. É regalista exatamente por que o rei controla Inclusive a 
própria igreja: o modo como as autoridades clericais são nomeadas no Brasil ele é 
exercido diretamente pelo monarca, diretamente por Dom Pedro. E é filantrópico porque 
esse período marca a atuação de muitos entes, muitos indivíduos da sociedade civil na 
atuação assistencialista filantrópica, abrindo uma série de iniciativas com interesse de 
retirar parte da parcela da população do estado de miserabilidade. 
É religioso, pois dá preponderância ao catolicismo no Brasil. 
Adoção de método de ensino mútuo nas escolas de Primeiras Letras em que o 
espaço escolar era organizado em decúrias (com dez alunos) presidido por monitor e esse 
monitor respindia diretamente ao professor. 
Havia controle estatal na definição dos conteúdos, autorização ou proibição de 
livros. E, posterior ao primeiro liberalismo tem-se a criação das Inspetorias de Ensino, 
quando se intensifica o controle. 
 O Império como um todo, e não apenas o Primeiro Liberalismo, era conhecido 
como o "império das leis", ou seja, tinha preponderância o ato legal que regulava 
rigidamente o funcionamento estatal. 
 
 
Com a publicação da Primeira Lei Geral do Ensino vamos observar é tudo um rol 
de iniciativas por parte dos Poderes Públicos no intuito de prescrever a atividade docente 
tanto no que diz respeito aos direitos, quanto no que diz respeito aos deveres. 
Definição de lugares próprios para desenrolar o processo de ensino-
aprendizagem. Durante muito tempo ainda permaneceu a improvisação de espaços 
destinados à docência. 
A partir de 1935, tem-se a criação das escolas normais a primeira escola normal na 
cidade de Niterói, atual Estado do Rio de Janeiro e a partir desse período que começa a 
história da formação docente institucionalizada do modelo institucional de Formação 
docente. 
1838 tem-se a criação do Colégio Pedro II, estabelecimento de ensino importante 
do Segundo Império. 
 
 
SEGUNDO PERÍODO: IMPÉRIO DE SAQUAREMA 
 
 Segundo período, conhecido como Império Saquarema vai do fim da década de 
30, ou seja, do fim do período regencial até o final da década de 60 até próximo ao 
término da Guerra do Paraguai. Defende-se a manutenção da unidade territorial visando 
preservar a ordem, o controle dos movimentos contestadores, a centralização política, a 
modernização de parte do setor econômico. Nesse período houve a chegada ao Brasil 
do Telégrafo e de várias de vários itens importantes para o desenvolvimento econômico 
naquele período como: a inauguração da primeira ferrovia no Brasil. 
 
SEGUNDO LIBERALISMO 
 
 
 
 
 
 
No Segundo Liberalismo, com o crescimento do número de letrados, devido às 
políticas anteriores, o setor público passa a não mais dar conta de absorver todos os 
novos indivíduos letrados. Nesse sentido, o segundo liberalismo vai estrangular o modelo 
econômico do Império de Saquarema. A solução passa a ser uma interlocução com o 
Velho Mundo de onde vão retirar ideias importantes para fazer mudanças significativas 
para a sociedade brasileira. Para isso autores como Comte, Spencer e Stuart Mill irão 
servir de base para pensarem mudanças aqui no Brasil Imperial. Em 1870 tem-se a eclosão 
do movimento republicano e a implantação de um liberalismoreformista. 
 
SÍNTESE 
 
 
 
 
 
A Escola Brasileira no Império (Capítulo 4). 
 
 
PRIMEIRO LIBERALISMO 
 
Conforme aponta o autor, para uma compreensão da organização escolar do 
Império Brasileiro é fundamental compreender quem fez a Independência e ocupou o 
poder nas décadas de 1820 e 1830. Por volta de 1820 existiam três partidos atuantes no 
país: 
 
Þ PARTIDO PORTUGUÊS: O poder soberano está centrado nas mãos do rei. Tinham 
como programa a união Brasil-Portugal. 
Þ PARTIDO RADICAL: Têm o povo como Soberano. Têm um programa liberal e 
democrático e reivindicavam reformas políticas (trabalho livre, reforma agrária, 
sufrágio universal). 
Þ PARTIDO BRASILEIRO: É liberal-conservador, aplica o princípio liberal dos direitos 
individuais à preservação da propriedade escrava, o que mantém a ordem social 
escravista. O soberano é a lei (Constituição). 
 
A Independência é moderada porque foi feita pelo Partido Brasileiro. Desse modo, 
a Independência foi um movimento contrarrevolucionário, que altera a superestrutura 
político-jurídica do novo país, mas não a infraestrutura econômico-social. 
 Aqui cumpre destaque a figura de José Bonifácio que tinha trabalhado para a 
Coroa Portuguesa como pesquisador científico e comissário de minas. Essa classe 
senhorial que aqui chegou irá aplicar os princípios liberais na defesa de seu direito de 
posse de terras e escravos. Há, portanto, um liberalismo não democrático e uma 
monarquia unificada e centralizada. A opção por tal monarquia se deu por razões de 
manutenção do sistema escravista e necessidade de um acordo entre liberais e 
conservadores para não se enfraquecerem diante das pressões antiescravistas da 
Inglaterra. 
 A união de traços mentais do pragmatismo do iluminismo e do liberalismo 
filantrópico resultou aqui no Brasil num movimento de assistência e ênfase na educação 
popular. Uma rede de instituições e práticas civilizatórias foram criadas para guardar, 
proteger e formar a população. Nesse sentido, a educação passa ser pública, ao invés 
de atribuição da Igreja. Todavia, há que pontuar que a preocupação com o povo expressa 
por eles não significava a preocupação com a plebe, isto é, com o povo hodierno. E 
também não estavam plenamente convencidos de que a educação popular devesse ser 
inteiramente estatal, isto é, oferecida apenas pelo governo monárquico, e deixavam 
muitas iniciativas à sociedade, aos particulares. 
 
CONSTITUIÇÃO DO IMPÉRIO 1824 
 
De orientação liberal, mas não democrática a Constituição do Império assegurava 
alguns direitos: cidadania aos brasileiros brancos (não índios e escravos), direitos políticos 
(voto) aos brasileiros brancos que ganhavam no mínimo 100 réis anuais. Os direitos eram 
proporcionais à renda do indivíduo. Cumpre ressaltar que nessa época três quartos da 
população era escrava e grande parte do restante era de homens brancos livres e pobres. 
Desse modo, quem é "coisa" (escravo, índio) não tem direitos e quem é "povo"ou 
"plebe" tem direitos civis e políticos proporcionais à sua renda. No limite tal Constituição 
serviu mais para garantir a ordem social escravagista. 
 
Þ Essa Constituição promete ensino primário gratuito para todos e ensino das ciências e 
das artes em colégios e universidades. Porém, não dá garantias de sua efetivação, que 
deveria ser regulada em legislação ordinária. 
 
IMPÉRIO CONSERVADOR 
 
De 1831-1834 um acordo com os radicais tinha levado à aprovação de algumas 
medidas decentralizadoras que possibilitaram reivindicações populares. Ex. O Ato 
Adicional de 1834 que criava a Assembleia Legislativa nas Províncias. Para fazer frente a 
essa ameaçadora "experiência republicana" alguns liberais moderados desencadearam 
um movimento regressista que procurou restaurar a "boa ordem" do império em chave 
conservadora. O objetivo deles era o de, mantendo a hierarquia dos três reinos (povo, 
plebe e coisas) promover mudanças na sociedade brasileira que não desestabilizassem a 
ordem instaurada e que pudesse difundir a civilização (superar a barbárie e desordem). 
Esses liberais moderados se tornaram depois conservadores. 
 O padrão ideal do ensino secundário brasileiro no Império era o Colégio Pedro II 
que ofertava o título de bacharel, curso regular e seriado de estudos literários e científicos, 
preparatório aos cursos superiores e também às carreiras comerciais e industriais exigidas 
pelos conservadores modernos. O ensino secundário funcionava como uma espécie de 
propedêutico ao ensino superior, retendo apenas um terço dos alunos que se dirigiam às 
Academias do Império, ou seja, a barreira antidemocrática da escola brasileira do Império 
conservador estava instalada antes, entre a escola elementar e o colégio secundário. O 
olhar vigilante da Coroa sobre os poderes locais deu-se pela criação de Inspetorias de 
Ensino, implantadas em todas as províncias com função de fiscalizar os estabelecimentos 
públicos e particulares e uniformizar a organização das aulas, as práticas dos docentes, 
seus métodos e programas de ensino, com vistas a difundir pela cultura letrada o modelo 
unificado de civilização definido pelos saquaremas. 
 
SEGUNDO LIBERALISMO 
 
Sob influência do pensamento de Comte e Spercer que deram às ideias da 
Ilustração um caráter científico e dos modelos econômicos ingleses e norte-americanos 
formou-se um quadro geral de inconformismo e ânsia por renovação no Brasil. É neste 
cenário que surge um novo liberalismo: um liberalismo reformista que defende o valor do 
trabalho livre, a abolição e a integração dos negros à sociedade brasileira. Para esses 
liberais abolicionistas, a abolição era parte de um programa mais amplo, que incluía o 
regime da pequena propriedade, o crescimento da indústria, o voto universal, o ensino 
primário estatal e gratuito e a liberdade de ensino para a iniciativa privada. Sem o querer, 
apontavam também para o fim do Império: por isso não tiveram recepção e realização 
unânimes, mas contribuíram para difundir na sociedade brasileira a consciência 
indubitável da necessidade da mudança e da atualização. 
 No campo da educação, esses liberais conformaram, a partir da década de 1870, 
um ambiente social e cultural rico não só em debates e polêmicas que discutiam a 
educação necessária para realizar o país moderno e livre, como também iniciativas e 
realizações que encaminhavam um intenso movimento de escolarização da sociedade 
brasileira. Houve também a disseminação das instituições escolares elementares e 
secundárias. A escola era, simultaneamente, uma instituição de educação procurada e 
oferecida à população, o que justifica que os diferentes grupos socioculturais disputassem 
o seu controle. 
 
 
VILLELA, Heloisa de Oliveira Santos. Do Artesanato à Profissão: representações sobre a 
institucionalização da formação docente no século XIX. Cap 7. 
 
 
OBJETIVO: focalizar o enraizamento do modelo profissional de formação instituído pela 
Escola Normal. 
 
Na segunda metade do século XIX algumas províncias brasileiras atravessaram um 
processo de substituição do modelo artesanal de formação de professores primários pelo 
modelo profissional que, segundo Antônio Nóvoa, pressupõe alargamento de conteúdo 
acadêmico, domínio de métodos específicos e aquisição de um ethos profissional. 
 
 A TRANSIÇÃO 
 
Em análise à gênese da profissão docente, Nóvoa ressalta que os três séculos da 
época moderna são marcados, no Ocidente, por um longo processo de produção de uma 
nova forma escolar em que começa-se a pensar num sistema de ensino regulado e 
controlado pelo poder estatal. No Brasil, o envio dos professores régios portugueses no 
século XVIII e XIX consolidou o primeiro movimento de secularização da profissão 
docente, ainda sob regime colonial. Após a Independência, a Lei geral do Ensino (1827) 
procurou normalizar as basesda intervenção estatal e com isso surge a necessidade da 
formação de professores para ensinar em tais escolas estatais. Assim, a formação docente 
institucionalizada ocorreu com o aparecimento das primeiras escolas normais brasileiras. 
 A primeira metade do século XIX não foi favorável à consolidação da formação dos 
professores nas poucas escolas normais que se criaram, pois eram marcadas por grande 
instabilidade evidenciadas pelas reformas sucessivas, extinções, transformações e 
mudanças de prédio. 
 
TRANSFORMAÇÕES ESTRUTURAIS 
 
A segunda metade do século XIX assistiria a um reflorescimento das escolas 
normais. No Brasil houve transformações estruturais que repercutiram no tecido social 
dentre elas a maior participação da mulher na esfera pública, que resultaram na ampliação 
da demanda por instrução e a defesa da educação do povo passa a ser uma bandeira 
eleitoral e moral. 
 No rol das profissões femininas socialmente aceitáveis ser professora acumulava 
vantagens financeira, mas também a a de uma representatividade positiva perante a 
sociedade. 
A aprovação da Lei do Ventre Livre (libertava os filhos de escravas nascidos a partir 
daquela dta) resultou na ampliação da demanda por escolas elementares para esses 
novos indivíduos. 
 A Escola Normal requisitava a formação de professores que ensinassem para além 
de ler, escrever, contar e rezar. Era necessário formar o cidadão produtivo para a Pólis. 
Nesse sentido, tornava-se necessário instruir e educar. 
 
A Escola Normal da província fluminense, sob direção de Alambary Luz, atravessou 
um período de reformas curriculares e metodológicas, tanto na teoria quanto na prática 
dos futuros professores. A rejeição aos castigos corporais como recurso disciplinar, a 
introdução do método de "lição de coisas" resultaram na necessidade de novos materiais 
didáticos para que a nova organização espaço-temporal da dinâmica escolar pudesse 
continuar a funcionar. Desse modo, a perspectiva de difusão da instrução na ótica de 
Alambary pressupunha o bom uso de inovações pedagógicas que passaram a ser muito 
valorizadas e novidades metodológicas como o método intuitivo, ou "lições de coisas", 
começaram a ser adotados por colégios de divers educadores famosos, dentre eles os de 
Abílio Cesar Borges. Nesse contexto, o mercado editorial de livro didático no Brasil torna-
se um negócio lucrativo nas últimas décadas do século XIX. As questões educacionais 
ganham destaque na imprensa. 
 Os momentos em que a Escola Normal se fragilizou foi justamente devido à 
permanência do modelo artesanal de formação de professores. Este concorria com a 
concepção que defendia a institucionalização da formação docente. 
 
REFORMA COUTO FERRAZ 
 
A reforma Couto Ferraz incentiva a realização de concursos públicos e a fiscalização 
do trabalho do professor, mas de outro lado refreou o avanço inicial de organização das 
escolas normais, inclusive muitas delas acabaram se extinguindo ou viveram de forma 
agonizante a partir de então. Nesse contexto, reforça-se a ideia de que apenas a 
preparação teórica era suficiente para a seleção de bons mestres. Todavia, isso resultou 
que professores despreparados ascendiam ao magistério por concurso ou nomeações, 
não poucas vezes fraudados. E aqui vale lembrar que a economia brasileira do século XIX 
era marcada pelas trocas de favores. E isso não foi diferente com os cargos de magistério 
que acabaram mobilizando um complexo sistema de concessão ou intermediação de 
favores. O emprego público era um dos principais elementos nessa configuração de 
trocas materiais e simbólicas e uma cadeira numa escola pública não escapava a esse jogo 
de interesses. 
 
 
Fundação da escola Normal 
 
 
1834 - Criação da Primeira Escola Normal de formação de professores do Brasil em 
Niterói - RJ. Todavia, o Império, ideologicamente elitista, ao invés de assumir a instrução 
pública no Brasil delegou às Assembleias Provinciais a responsabilidade política e 
financeira de implantar suas próprias escolas primárias e normais. 
 Em São Paulo, 10 anos após, a escola normal sob direção de Manoel José Chaves 
ele era o único mestre e só aceitava alunos do sexo masculino e com idade superior a 16 
anos. Exigia apenas dois requisitos: ler e escrever, funcionava sem regimento interno e 
com cerca de 11 a 21 alunos por mês. O currículo tinha 7 disciplinas, mas nada de história, 
nada de Geografia, nada de ciências que também fazia parte do currículo a ser ministrado 
às crianças. Inexistindo dicionários, modelos de caligrafia ou instrumentos para geometria 
prática. A ausência de verbas e a falta de vontade política dos líderes Paulistas fez com 
que em 1877 a escola fosse sumariamente fechada sob a justificativa da falta de alunos. 
Em 1874 uma Reforma em SP impunha a obrigatoriedade do ensino primário para 
meninos de 7 a 14 anos e a novidade para meninas de 7 a 11 anos e criava um Conselho 
de Instrução Pública. Os homens passaram a estudar na faculdade de Direito do Largo de 
São Francisco (em uma sala anexa) e as mulheres no Seminário da Glória. Todavia, três 
anos mais tarde, com a queda do partido conservador, um novo líder da província (um 
liberal) ocorre o fechamento da Escola Normal pela segunda vez. 
Em 1880, Laurindo Abelardo de Brito reabre pela terceira vez a Escola Normal. 
 
ESCOLA NORMAL DE PRIMEIRA REPÚBLICA 
 
Trazia mudanças no currículo. Introduzia o método intuitivo da "lição das coisas" 
de Pestalozzi e a prática das educandas (Escola Modelo). 
Escola Normal da Praça em 1894. 
1896 - Primeiro Jardim de Infância Estadual para crianças de ambos os sexos e 
oportunidades de estágio para os professores normalistas. O método pedagógico era o 
de Froebel (seguidor de Pestalozzi) que acreditava que a educação infantil deveria se 
basear no interesse das crianças em ação, jogos e trabalho. Brincando a criança aprende 
a produzir. 
A Escola Normal da Praça recebeu diversos nomes conforme variava a 
administração: Normal, Secundária, Complementar, Normal Primária, Instituto de 
Educação, Normal Modelo, Caetano de Campos. 
 
 
SOUZA, Rosa Fátima. Os Grupos Escolares e História do Ensino Primário na Primeira 
República: questões para um debate. Revista de Educação Pública, Cuiabá, v. 17, n. 34, 
p. 273-284, maio/ago, 2008. 
 
 
 Conforme aponta a autora já no início do artigo, na história da educação primária 
no Brasil é preciso considerar os diferentes tipos de escolas, de programas e grupos 
sociais atendidos. 
 Os grupos escolares sobressaem como projetos do Poder Público estadual, mas 
em alguns Estados, os municípios também contribuíram na implantação dessa 
modalidade de escola elementar. É possível identificar em diferentes regiões do país 
práticas discursivas em torno da importância politica e social da instrução pública 
vinculada às expectativas de desenvolvimento econômico, de progresso, de 
modernização e de manutenção do regime republicano. 
 No século XX, a educação pública passa a ser vista como possibilidade de 
superação do atraso e como elemento de constituição da nacionalidade. Nesse sentido, 
no horizonte de vários reformadores de vários estados brasileiros estava a difusão da 
educação popular e a constituição de um moderno sistema de ensino. Quando surgem 
sucessivas reformas educacionais empreendidas a cada mudança de governo. 
Apenas os Estados que gozavam de prosperidade econômica (SP, RS, MG e RJ) é 
que puderam implantar um sistema moderno de educação pública, com uma rede 
significativa de grupos escolares e com o maior número de alunos matriculados neste 
nível de ensino se comparado aos demais estados do país, denotando o maior 
desenvolvimento da educação popular primária. Isso, se comparado com a região 
nordeste é bastante alarmante. Pernambuco era o estado da região com maior número 
de escolas ao passo que