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Apostila Melanie Klein

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MELANIE KLEIN
ALGUMAS INFORMAÇÕES INTRODUTÓRIAS
�� INCLUDEPICTURE "http://m.i.uol.com.br/melanieklein152214_rep.jpg" \* MERGEFORMATINET 
- Melanie Reizes (nome da família do pai).
- Família de origem hebraica e humilde.
- Se tornou Klein após um infeliz casamento com Arthur Klein (engenheiro químico).
- Queria ser médica, mas casou-se aos 21 anos e teve três filhos: Melitta, Hans e Erich. 
- Quando se casou, mudou para Budapeste em 1910.
- Em 1914 (com 32 anos) – iniciou seu contato com a Psicanálise: ela leu um texto de Freud sobre os sonhos e começou sua análise com Sandor Ferenczi (teve depressão).
- Em 1918 – participou do 5º Congresso Internacional de Psicanálise em Budapeste (ouviu Freud lendo um texto sobre os avanços da teoria psicanalítica).
- Mudou para Berlim em 1921, sem a companhia do marido.
- Em 1922 (com 40 anos) – ingressou como membro-associado da Sociedade Psicanalítica de Berlim (marcando sua entrada para o mundo da psicanálise mundial).
- Em 1926 mudou-se para a Inglaterra e tornou-se membro da Sociedade Britânica de Psicanálise.
- Em 1927 divorciou-se.
- Em 1934 seu filho Hans morreu ao escalar uma montanha.
- Em 1960 morreu aos 78 anos.
MELANIE KLEIN, A PSICANÁLISE E O MOVIMENTO PSICANALÍTICO INTERNACIONAL: DADOS HISTÓRICOS
- Em 1910: começou a atender em casa o próprio filho Erich, que sofria de inibição de aprendizagem.
- Em Berlim analisou filhos de analistas e elaborou seus primeiros trabalhos escritos.
- 1921 a 1926 – estabeleceu a análise de crianças como uma área legítima da clínica psicanalítica.
- Rivalidade entre as idéias de Melanie Klein e Anna Freud (Berlim).
- Em 1932 – lançou seu primeiro livro: “A Psicanálise de crianças” – apresentu os fundamentos técnicos da análise de crianças mediante o brincar, por meio de muitos casos de análise infantil conduzidos por ela.
- Em 1934 – ainda sob o impacto da morte do filho Hans, produziu o texto “Contribuição para a psicogênese dos estados maníaco-depressivos”. 
- Na Sociedade Britânica de Psicanálise, após a morte de Freud, formaram-se três grupos: 
Kleiniano – (Ernest Jones)
Freudiano (Anna Freud)
Independentes (Winnicott)
- Melanie Klein teve boa receptividade na América Latina, primeiramente na Argentina e depois no Rio de Janeiro e principalmente em São Paulo.
- Em 1950 – instalação definitiva do kleinismo no panorama internacional da Psicanálise.
- Em 1957 – publicou “Inveja e gratidão” – apresentando as disposições afetivas do ser humano, desde seus primórdios e ao longo de toda a sua existência. 
 
MELANIE KLEIN
APRECIAÇÃO INTRODUTÓRIA DO ESTILO
 DE PENSAMENTO E DE ESCRITA
- Klein valorizava a experiência pessoal e a observação clínica para descrever processos psíquicos inconscientes.
- Sua obra versa a respeito da descrição dos mecanismos da vida mental do bebê e de crianças pequenas (3 a 6 anos de idade).
- A obra deve ser conhecida não só pelas teses, teorias e conceitos que a psicanalista elabora, mas também pelo estilo de escrita dos pensamentos kleinianos.
- O estilo de Klein causou estranheza e choque em boa parte da comunidade psicanalítica americana e francesa.
- M. Klein começou sua obra a partir de “observações analíticas” do próprio filho, teorização que começou literalmente em casa, sem caráter acadêmico. Ela não tinha formação universitária.
- M. Klein sempre valorizou a importância da observação e do contato direto com o paciente (observando e descrevendo processos psíquicos profundos).
- Klein fala em “observar a mente de um recém-nascido” (intuição e contato direto com os processos e fenômenos).
- Seu estilo revela que, desde o princípio, Klein aprendeu a enfatizar e valorizar a experiência pessoal (mãe de três filhos) – maternidade como plataforma para sua teoria.
- Sua teoria é essencialmente empirista e clínica. 
 - MELANIE KLEIN –
 OBRAS COMPLETAS
Volume I – “Amor, culpa e reparação” (1921- 1945)
Volume II – “A Psicanálise de crianças”
Volume III – “Inveja e gratidão” (1946 – 1963)
Volume IV – “Narrativa da análise de uma criança”
 
KLEIN. M. “Amor, culpa e reparação”. Rio de Janeiro: 
 Imago, 1996, Vol. I.
Cap. 9 - “Estágios iniciais do conflito edipiano” (1928).
(p. 214-227)
- É um dos artigos mais importantes de M. Klein.
- A autora defendia a ideia de que o Complexo de Édipo tinha início antes do que Freud imaginava.
- Freud considerou que o Complexo de Édipo começa quando a criança está entre os 3 e 5 anos de idade.
- M. Klein diz que começaria bem mais cedo- no primeiro ano de vida, durante o desmame. 
- Klein fala a respeito no artigo “Os princípios psicológicos da análise de crianças pequenas”:
 “... tendências edipianas são liberadas como consequência da frustração sentida pela criança com o desmame, e que se manifestam no final do primeiro ano e início do segundo ano de vida; elas são reforçadas pelas frustrações anais sofridas durante treinamento dos hábitos de higiene”. (KLEIN, 1926, p. 216) 
- Segundo a autora, o bebê já se encontra exposto a muitos impulsos sádicos (medo de ser devorado, destruído) e sexuais contraditórios (prazer/desprazer).
- Tendências edipianas de início se expressam sob a forma de impulsos orais e anais.
- No final da fase oral, a criança deseja destruir o objeto libidinal, mordendo-o e devorando-o.
- Já na fase anal, a sensação de prazer vem da excreção e retenção das fezes.
- Portanto nessa fase, a criança já apresenta impulsos anais e sádicos. 
- À medida que o estágio anal progride, o sadismo ocorre no treinamento esfíncteriano, quando a criança aprende a exercer um poder sobre os pais, eliminando ou retendo as fezes (controle).
- A sensação de poder sobre o ambiente que surge com o controle dos esfíncteres representa outro elemento sádico (expulsão/retenção da fezes). 
- Esses impulsos, inicialmente, encontram-se voltados para o corpo da mãe (desejo de se apossar do objeto de amor).
- Neste período, ocorrem dois traumas severos, que caminham em direção a um afastamento da mãe: a frustração dos seus desejos orais e a frustração dos prazeres anais.
- Portanto, desde o início, os desejos edipianos ficam associados ao medo de castração e aos sentimentos de culpa (castigo/punição).
- De acordo com M. Klein, o sentimento de culpa se prende às fases sádico-oral e sádico-anal.
- Segundo M. Klein, o sentimento de culpa é o resultado da introjeção dos objetos amorosos edipianos e é produto da formação do superego.
- A autora conclui que a estrutura do superego das crianças pequenas é formada a partir das primeiras identificações com os pais.
- Para os meninos: um obstáculo ainda maior para o seu amor pela mãe, é o medo de ser castrado pelo pai, que surge juntamente com os impulsos edipianos.
- Para as meninas: com o processo do desmame, a menina se afasta da mãe e desloca seus impulsos genitais para o pai, que representa agora a sua escolha de objeto de amor (inveja e ódio da mãe pela descoberta da ausência do pênis).
- Para M. Klein, as frustrações orais e anais formam o protótipo de todas as frustrações posteriores para o resto da vida, estão associadas à punição e dão origem à ansiedade.
- Portanto, as conclusões de M. Klein não contradizem a teoria freudiana acerca do Complexo de Édipo, ela apenas atribui que esse processo ocorre em uma época anterior.
- Segundo a autora, os estágios iniciais do conflito edipiano são dominados pelas fases pré-genitais do desenvolvimento.
- Ela ainda afirma que entre o terceiro e o quinto ano de vida, o Complexo de Édipo e a formação do superego atingem o seu clímax.
- Assim como Freud, M. Klein afirma que ambos são determinantes para a formação do caráter e para o desenvolvimento psicossexual do indivíduo.
KLEIN. M. “Inveja e Gratidão”. Rio de Janeiro: Imago, 
 1996,Vol. III
Cap. 8 - “A técnica psicanalítica através do brincar: sua história e significado” (1955). 
(p. 149-168)
��� HYPERLINK "http://loja.trenzinho.com.br/Produto.aspx?IdProduto=21&IdProdutoVersao=36" \l "#" \o "" �� INCLUDEPICTURE "http://www.simque.com.br/imagens/brinquedos/conjuntos/225.jpg" \* MERGEFORMATINET ��
 - O primeiro paciente de M. Klein foi um menino de cinco anos de idade (“Fritz”). – 1919.
- O tratamento foi conduzido na casa da criança, com seus próprios brinquedos.
- Esta análise representou o início da técnica psicanalítica por meio do brincar.
- Desde o início a criança expressou suas fantasias e ansiedades (interpretação do seu significado para a criança).
- M. Klein utilizou a associação livre, princípio fundamental da Psicanálise.
- O brincar como meio da criança se expressar.
- M. Klein também utilizou dois outros princípios da Psicanálise estabelecidos por Freud: a exploração do inconsciente e a transferência.
- De acordo com M. Klein, para realizar a psicanálise de uma criança, é necessário compreender e interpretar as fantasias, sentimentos, ansiedades e experiências expressos por meio do brincar.
- Se o brincar e as atividades estão inibidas, deve-se buscar as causas da inibição.
- No decorrer de sua experiência, M. Klein concluiu que a psicanálise não deveria ser realizada na casa da criança, pois esse espaço representava uma atitude ambivalente da criança e uma atmosfera hostil ao tratamento.
- A situação transferencial só poderia ser estabelecida e mantida se o paciente for capaz de sentir que o consultório ou a sala de análise de crianças é algo separado de sua vida familiar cotidiana. 
- Sob tais condições ela pode superar suas resistências contra vivenciar e expressar pensamentos, sentimentos e desejos que são incompatíveis com as convenções sociais.
 
- M. Klein sugere os seguintes brinquedos: 
pequenos homens e mulheres de madeira (de dois tamanhos)
carros, carrinhos de mão
trens, aviões
animais 
blocos, casas, cercas
papel, tesouras
facas
lápis, giz, tintas, colas
bolas e bolas de gude
massa de modelar
barbante
- Segundo a autora, é essencial serem brinquedos pequenos, porque seu número e variedade permitem à criança expressar uma ampla variedade de fantasias e experiências.
- Esse material possibilita chegar a uma imagem mais coerente das atividades de sua mente.
- M. Klein considera que o consultório de crianças também deve ser simples:
chão lavável 
água corrente
uma mesa, algumas cadeiras
um pequeno sofá
algumas almofadas
um móvel com gavetas
- Os equipamentos de brincar de cada criança são guardados e trancados em uma gaveta particular e ela assim sabe que seus brinquedos e o seu brincar com eles são apenas conhecidos pelo analista e por ela mesma.
- A caixa faz parte da relação privada e íntima entre o analista e paciente, característica da situação transferencial psicanalítica.
- Os brinquedos não são o único requisito para uma análise por meio do brincar (atividades na sala, desenho, escrita, pintura, recortes, consertar brinquedos, etc).
- Os jogos também são recomendáveis- as criança atribui papeis ao analista e a si mesma (ex: brincar de loja, médico e paciente, escola, mãe e criança).
- Segundo M. Klein, a criança muitas vezes assume o papel do adulto, expressando assim não apenas seu desejo de reverter os papéis, mas também demonstrando como se sente em relação à seus pais ou outras pessoas de autoridade (como se comportam em relação à ela ou deveriam comportar-se).
- Algumas vezes, a criança dá vazão à sua agressividade e ressentimento, sendo, no papel de um dos pais, sádica em relação à criança, representada pelo analista.
- A agressividade é expressa de várias formas no brincar da criança, seja direta ou indiretamente.
- Frequentemente um brinquedo se quebra, ataques com faca ou tesoura, água ou tinta esparramados pela sala. 
- É essencial permitir à criança trazer a tona a sua agressividade (impulsos destrutivos). 
- É importante observar suas consequências na mente da criança.
- Sentimentos de culpa podem seguir-se logo após a criança ter quebrado um brinquedo. Esta culpa refere-se não apenas ao estrago real produzido, mas ao que o brinquedo representa no inconsciente da criança, como por exemplo, um irmãozinho ou irmãzinha ou um dos pais.
- Portanto a interpretação deve lidar com estes níveis mais profundos também.
- A partir deste comportamento da criança para com o analista, ela pode mostrar não apenas a culpa, mas também a ansiedade persecutória, como consequência de seus impulsos destrutivos e a retaliação.
- M. Klein lembra que é necessário manter e delimitar o limite desses impulsos (o analista não deve permitir ataques físicos por parte da criança). 
- A atitude da criança para com o brinquedo que ela danificou é muito reveladora.
- A criança põe esse brinquedo de lado e o ignora por um tempo – isso indica desagrado pelo objeto danificado, devido ao medo persecutório de que a pessoa atacada (representada pelo brinquedo) tenha se tornado retaliadora e perigosa.
- O sentimento de perseguição pode ser tão forte que encobre sentimentos de culpa e depressão que também são despertados pelo dano produzido. 
- No entanto, um dia a criança pode procurar pelo brinquedo danificado em sua caixa.
- Isto sugere que foram analisadas algumas defesas importantes, diminuindo assim os sentimentos persecutórios e tornando possível que os sentimentos de culpa sejam vivenciados.
- Sugere também mudanças na relação da criança com o elemento representado pelo brinquedo, ou em suas relações em geral.
- A ansiedade persecutória diminuiu, juntamente com o sentimento de culpa, aparecendo o desejo de fazer a reparação.
- A culpa e o desejo de reparar podem seguir-se logo após o ato de agressão (ex: ternura para com o irmão ou irmã).
- Essas mudanças são importantes para a formação do caráter e para as relações de objeto, assim como para a estabilidade mental.
Amor X Ódio
Felicidade X Depressão
Satisfação X Ansiedade persecutória
- O analista não deve demonstrar desaprovação em relação à criança por ter quebrado um brinquedo. 
- O analista deve permitir à criança vivenciar suas emoções e fantasias na medida em que aparecem.
- Deve compreender a mente do paciente e comunicar a ele o que ocorre nela.
- A variedade de situações emocionais que podem ser expressas por meio de atividades lúdicas é ilimitada:
sentimentos de frustração e de ser rejeitado;
ciúmes do pai e da mãe; ou de irmãos e irmãs;
agressividade que acompanha tais ciúmes;
prazer em ter um companheiro aliado contra os pais;
sentimentos de amor e ódio em relação a um bebê recém-nascido ou esperado;
ansiedade, culpa e reparação.
- No brincar da criança também encontramos a repetição de experiências e detalhes reais da vida cotidiana, frequentemente entrelaçados com suas fantasias.
- Há muitas crianças que são inibidas em seu brincar. 
- Segundo M. Klein, na análise de crianças pequenas, a capacidade de insight é bem maior que a de adultos (as conexões entre consciente e inconsciente são mais próximas em crianças pequenas do que em adultos e as repressões infantis são menos poderosas). 
- A criança também repete na transferência com o analista, emoções e conflitos anteriores.
- Interpretação transferencial – levar de volta suas fantasias e ansiedades para o lugar onde elas se originaram, ou seja, na infância e na relação com seus primeiros objetos.
- M. Klein propõe uma mudança radical na técnica psicanalítica: as interpretações deveriam ser profundas (compreensão das fantasias infantis, das ansiedades e defesas arcaicas).
- Em sua experiência, Klein descobreque o superego surge em um estágio anterior ao que Freud supunha, considerando que o superego deriva dos estágios nos quais a criança internalizou (introjetou) seus pais. 
	
- Para M. Klein a atenção do analista deve estar centrada sobre as ansiedades da criança. Por meio da interpretação de seus conteúdos é possível diminuir a ansiedade. 
- Para tanto utiliza a linguagem simbólica do brincar.
 FREUD KLEIN
 SONHOS BRINCAR 
 (interpretação) DA CRIANÇA 
 \ /
 \_____SÍMBOLOS______/
 ACESSO AO INCONSCIENTE
- A análise por meio do brincar mostrou que o simbolismo possibilitava à criança transferir não apenas interesses, mas também fantasias, ansiedades e culpa a outros objetos (brinquedos), além das pessoas.
- Desta forma, muito alívio é experimentado no brincar. Este é um dos fatores que o tornam tão essencial para a criança. 
- De acordo com M. Klein, as relações de objeto iniciam-se quase no nascimento e surgem com a primeira experiência de alimentação. 
- Desta forma, todos os aspectos da vida mental estão intimamente ligados a relações de objeto.
- Na mente do bebê a mãe aparece primariamente como um seio bom e um seio mau cindidos. Em poucos meses, com a integração crescente do ego, os aspectos contrastantes começam a ser sintetizados (desenvolvimento do ego). 
- A ansiedade depressiva surge como um resultado da síntese pelo ego dos aspectos bons e maus (amados e odiados) do objeto- POSIÇÃO DEPRESSIVA.
- Esta é precedida pela POSIÇÃO ESQUIZO-PARANÓIDE (primeiros 3 meses de vida) – é caracterizada por ansiedade persecutória e processos de cisão. 
KLEIN. M. “Inveja e Gratidão”. Rio de Janeiro: Imago, 
 1996, Vol. III
Cap. 12 - “Nosso mundo adulto e suas raízes na infância” (1959). (p. 280-297)
- O comportamento das pessoas em seu ambiente social é resultado do desenvolvimento do indivíduo desde a infância à maturidade. 
- Descobertas de Freud mostram a complexidade das emoções da criança e revelam que as crianças passam por sérios conflitos (melhor compreensão da mente infantil e de suas conexões com os processos mentais do adulto).
- A técnica do brincar desenvolvida por M. Klein permitiu novas conclusões acerca dos estágios iniciais da infância e camadas mais profundas do inconsciente.
- Compreensão da vida mental do bebê – para M. Klein, a vida mental do bebê é influenciada pelas mais arcaicas emoções e fantasias inconscientes.
- A hipótese de M. Klein é a de que o bebê tem um conhecimento inconsciente inato da existência da mãe. Esse conhecimento instintivo é a base da relação primordial do bebê com a mãe. 
- Com apenas poucas semanas de vida, o bebê já olha para o rosto de sua mãe, reconhece seus passos, o toque de suas mãos, o cheiro e a sensação de seu seio ou da mamadeira que ela lhe dá.
- O bebê não espera da mãe apenas o alimento, mas deseja também o amor e a compreensão.
- Nos estágios mais iniciais, amor e compreensão são expressos pela mãe por meio do seu modo de lidar com o bebê e levam ao sentimento inconsciente de unicidade que se baseia no fato de o inconsciente da mãe e o inconsciente da criança, estarem em íntima relação um com o outro. 
- De acordo com M. Klein a primeira e fundamental relação na vida do bebê é a relação com a mãe.
- Nos primeiros meses de vida a mãe representa para o bebê todo o mundo externo.
- Dessa forma, tanto o que é bom quanto o que é mau vem à sua mente como provindos dela.
- O bebê também experimenta frustração, desconforto e dor, que são vivenciados como perseguição.
- Tanto a capacidade de amar quanto o sentimento de perseguição são focalizados primeiramente na mãe.
- Os impulsos destrutivos (frustração, ódio, inveja) despertam ansiedade persecutória no bebê.
- A agressividade inata é incrementada por circunstâncias externas desfavoráveis. 
- Deve-se considerar o desenvolvimento da criança e as atitudes dos adultos como resultantes da interação entre influências internas e externas.
- Alguns bebês vivenciam um intenso ressentimento frente a qualquer frustração e o demonstram sendo incapazes de aceitar gratificação quando esta se segue à privação.
- Se um bebê mostra que é capaz de aceitar o alimento e amor, significa que ele pode superar o ressentimento em relação à frustração e recuperar seus sentimentos de amor.
SELF E EGO
- Ego – de acordo com Freud, é a parte organizada do self.
- O ego dirige todas as atividades e estabelece e mantém a relação com o mundo externo.
- Self - é o termo utilizado para abranger toda a personalidade. 
- O self inclui não apenas o ego, mas também a vida pulsional.
- De acordo com M.Klein, o ego existe e opera desde o nascimento e tem a tarefa de defender-se contra a ansiedade.
PROJEÇÃO E INTROJEÇÃO
- Ambos os mecanismos funcionam desde o início da vida pós-natal, como algumas das primeiras atividades do ego.
- Introjeção: significa que o mundo externo, as situações que o bebê atravessa e os objetos que ele encontra são levados para dentro do self, vindo a fazer parte da sua vida interior (incorporação).
- Projeção: há uma capacidade na criança de atribuir a outras pessoas a sua volta, sentimentos de diversos tipos, predominantemente o amor e o ódio.
- O amor e o ódio dirigidos à mãe, estão intimamente ligados à capacidade do bebê muito pequeno de projetar todas as suas emoções sobre ela, convertendo-a em um objeto bom, assim como em um objeto perigoso (objeto mau).
Objeto bom (seio bom) X Objeto mau (seio mau)
- A introjeção e a projeção fazem parte das fantasias inconscientes do bebê, que operam desde o princípio e ajudam a moldar sua impressão do ambiente.
- Os processos de introjeção e projeção contribuem para a interação entre os fatores internos e externos.
- Essa interação prossegue através de cada estágio da vida e transformam-se no decorrer da maturação.
- Portanto, mesmo no adulto, o julgamento da realidade nunca é completamente livre da influência de seu mundo interno.
FANTASIAS
- Uma fantasia representa o conteúdo particular das necessidades ou sentimentos (por exemplo: desejos, medos, ansiedades, triunfos, amor ou tristeza), que dominam a mente no momento.
- As fantasias continuam ao longo de todo o desenvolvimento e acompanham todas as atividades. Elas sempre desempenham um papel importante na vida mental.
- Se a mãe é assimilada ao mundo interno da criança como um objeto bom do qual esta pode depender, um elemento de força é agregado ao ego.
- O ego desenvolve-se em torno desse objeto bom e a identificação com as características boas da mãe, torna-se a base para identificações benéficas posteriores.
- Essa característica aparece exteriormente no bebê que copia as atividades e atitudes da mãe, o que pode ser visto em seu brincar e frequentemente em seu comportamento em relação à crianças menores.
- Tudo isso contribui para o desenvolvimento de uma personalidade estável. 
- Uma forte identificação com a mãe torna fácil para a criança identificar-se também com um pai bom e, mais tarde, com outras figuras amistosas.
- No entanto, por mais que sejam bons os sentimentos da criança em relação a ambos os pais, a agressividade e o ódio também se mantêm em atividade (Complexo de Édipo).
- De acordo com M. Klein, esse Complexo existe desde muito cedo e está enraizado nas primeiras suspeitas que o bebê tem de que o pai tira dele o amor e a atenção da mãe.
IDENTIFICAÇÃO PROJETIVA
- Por meio da projeção de si mesmo para dentro de outra pessoa, ocorre uma identificação projetiva com esta.
- A identificação se baseia na atribuição a essa outra pessoade algumas das próprias qualidades.
- Identificação projetiva – colocar partes do self para dentro de um objeto.
- Por meio da atribuição de parte de nossos sentimentos à outra pessoa, compreendemos seus sentimentos, suas necessidades e satisfações (nos colocamos em sua pele).
- Se a projeção é predominantemente hostil, ficam prejudicadas a empatia verdadeira e a capacidade de compreender os outros.
- Portanto, o caráter da projeção é de grande importância em nossas relações com outras pessoas.
CISÃO
- Divisão do seio em um objeto bom e um objeto mau.
- Tendência do ego infantil para cindir impulsos e objetos (clivagem do objeto).
- Necessidade de cindir o amor do ódio.
- A autopreservação do bebê depende da sua confiança em uma mãe boa. 
- Por meio da cisão o bebê preserva a sua crença em um objeto bom e em sua capacidade de amá-lo, sendo esta uma condição essencial para manter-se vivo.
- Sem esse sentimento, o bebê estaria exposto a um mundo inteiramente hostil, que ele teme e o destruiria.
- Os impulsos destrutivos onipotentes, a ansiedade persecutória e a cisão predominam nos primeiros 3 meses de vida e é denominada de POSIÇÃO ESQUIZOPARANÓIDE.
VORACIDADE
- A voracidade varia consideravelmente de um bebê para outro.
- Há bebês que nunca estão satisfeitos porque sua voracidade excede tudo o que possam receber.
- Necessidade premente de esvaziar o seio da mãe e explorar todas as fontes de satisfação sem consideração por ninguém.
- A voracidade é incrementada pela ansiedade (de ser privado, roubado e de não ser suficientemente bom para ser amado).
- O bebê que é tão voraz por amor e atenção, é também inseguro sobre sua própria capacidade de amar e todas essas ansiedades reforçam sua voracidade.
INVEJA
- A mãe que alimenta o bebê e cuida dele, pode ser também objeto de inveja (fantasia que o leite e o amor são deliberadamente recusados ou retirados do bebê).
- Base da inveja – é inerente ao sentimento de inveja não apenas o desejo da posse, mas também uma forte necessidade de estragar o prazer que as outras pessoas têm com o objeto cobiçado (necessidade que tende a estragar o próprio objeto).
- Se a inveja é muito intensa, essa característica de estragar resulta em uma relação perturbada com a mãe, assim como mais tarde com outras pessoas.
- Também significa que nada pode ser plenamente desfrutado, porque a coisa desejada já foi estragada pela inveja.
- Se a inveja é intensa, aquilo que é bom não pode ser assimilado, não pode se tornar parte da vida interior e nem dar origem à gratidão.
- No desenvolvimento normal, com a integração crescente do ego, os processos de cisão diminuem e a maior capacidade para entender a realidade externa, leva o bebê a uma síntese maior dos aspectos bons e maus do objeto. 
- Isso significa que pessoas podem ser amadas apesar de suas falhas.
- De acordo com M. Klein o superego opera no quinto ou sexto mês de vida – o bebê começa a temer pelo estrago que seus impulsos destrutivos e sua voracidade podem causar aos seus objetos amados. Isso porque ele não pode ainda distiguir entre seus desejos e impulsos e os efeitos reais deles.
- O bebê vivencia sentimentos de culpa e necessidade de preservar esses objetos e de reparar os danos. A ansiedade agora é vivenciada de natureza predominantemente depressiva – é a POSIÇÃO DEPRESSIVA.
- Os sentimentos de culpa, que ocasionalmente surgem em todos nós, têm raízes muito profundas na infância e a tendência a fazer reparação desempenha um papel importante em nossas relações de objeto.
- De acordo com a sua observação de bebês, M. Klein afirma que às vezes os bebês parecem deprimidos. Neste estágio eles tentam agradar as pessoas ao redor (com sorrisos, gestos divertidos) e até mesmo em tentativas de alimentar a mãe, colocando-lhe uma colher de comida na boca. 
- As crianças maiores expressam necessidade de agradar e de serem prestativas (expressam não apenas o amor, mas também a necessidade de reparar). 
KLEIN. M. “Inveja e Gratidão”. Rio de Janeiro: Imago, 
 1996, Vol. III
Cap. 10 - “Inveja e gratidão” (1957). 
(p. 207-267)
- De acordo com a teoria kleiniana, a relação com a mãe e a relação com o seio materno é de importância fundamental à primeira relação de objeto do bebê.
- Esse objeto originário é introjetado.
- Sob o predomínio de impulsos orais, o seio é instintivamente sentido como sendo a fonte de nutrição e, portanto, num sentido mais profundo, da própria vida. 
- Seio ou o seu representante simbólico (a mamadeira).
- O seio bom é tomado para dentro (introjeção) e torna-se parte do ego e o bebê (incorporação).
- M. Klein considera que uma forte ansiedade persecutória é suscitada pelo nascimento (experiências desagradáveis do bebê) – em relação ao sentimento de segurança dentro do útero materno. 
- As circunstâncias externas desempenham um papel vital na relação inicial com o seio.
- Se o nascimento foi difícil (complicações como a falta de oxigênio) – há uma perturbação na adaptação ao mundo externo (dificuldade de experimentar novas fontes de gratificação).
- Se a criança não é adequadamente alimentada e cercada de cuidados maternais (se a mãe é ansiosa ou tem dificuldades psicológicas com a amamentação) – influencia a capacidade do bebê de aceitar o leite com prazer e internalizar o seio bom. 
- A vida emocional do bebê apresenta uma constante luta entre:
Pulsão de vida X Pulsão de morte
Amor X Ódio
Seio bom X Seio mau
- A capacidade tanto para o amor quanto para impulsos destrutivos é constitucional.
- O seio não é simplesmente o objeto físico, não apenas a nutrição real, mas também representa os desejos instintivos e as fantasias inconscientes.
- De acordo com M. Klein, o seio bom é o protótipo da “bondade” materna, da paciência, generosidade e confiança (tem raízes na oralidade).
DISTINÇÃO ENTRE INVEJA, CIÚME E VORACIDADE
- INVEJA: é o sentimento raivoso de que outra pessoa desfruta algo desejável.
- Pressupõe a relação do indivíduo com uma só pessoa (sendo a primeira relação com a mãe).
-A inveja está intimamente ligada à projeção.
- CIÚME: é baseado na inveja, mas envolve a relação entre três pessoas.
- o amor que o indivíduo sente como lhe sendo devido e que lhe foi tirado, ou está em perigo de sê-lo (rival).
- VORACIDADE: é uma ânsia impetuosa e insaciável, que excede aquilo que o indivíduo necessita.
- A voracidade está intimamente ligada à introjeção.
- O primeiro objeto a ser invejado é o seio nutridor, pois o bebê sente que o seio possui tudo o que ele deseja e que tem um fluxo ilimitado de leite e amor que guarda para sua própria gratificação.
- Quando o seio o priva – ele se torna mau. 
- O bebê não consegue dividir e separar o objeto bom do objeto mau – o que gera um conflito.
-Uma criança com uma forte capacidade de amor e gratidão tem uma relação profundamente enraizada como o objeto bom e pode suportar estados temporários de inveja, ódio e ressentimento sem ficar danificada. 
- Ou seja, o objeto bom é recuperado (essa é a base para a estabilidade de um ego forte).
GRATIDÃO
- É um dos principais derivados da capacidade de amar.
- É essencial à construção da relação com o objeto bom (apreciação do que há de bom nos outros e em si mesmo).
- Tem suas raízes nas emoções e atitudes que surgem no estágio mais inicial da infância, quando para o bebê a mãe é o único e exclusivo objeto.
- Essa primeira ligação é a base para todas as relações subsequentes com uma pessoa amada. 
- Sentimento de unicidade com a outra pessoa – ser plenamente compreendido, o que é essencial para toda relação amorosa ou amizade felizes.
- Com a experiência frequente de satisfação ao ser alimentadosem perturbações, a introjeção do seio bom se dá com relativa segurança.
 
- Uma gratificação plena ao seio significa que o bebê sente ter recebido do objeto amado uma dádiva especial que ele deseja guardar – essa é a base da GRATIDÃO.
- A gratidão está intimamente ligada à confiança em figuras boas.
- A gratidão também está ligada à generosidade - a riqueza interna deriva de o objeto bom ter sido assimilado e o indivíduo se torna capaz de compartilhar com os outros os dons do objeto (introjeção de um mundo externo mais amistoso).
- A inveja intensa impede o desenvolvimento da gratidão – estraga e danifica o objeto bom, que é a fonte de vida.
- O sentimento de haver danificado e destruído o objeto originário prejudica a confiança do indivíduo na sinceridade de suas relações subsequentes e o faz duvidar de estar capacitado para o amor e para o que é bom. 
- As alterações do caráter têm probabilidades de acontecer em pessoas que não estabeleceram firmemente seu primeiro objeto e que não são capazes de manter gratidão para com ele.
- Nestes casos, ocorrem os mecanismos de cisão e desintegração, existindo um sentimento de destruição e inveja.
- Em todas as pessoas, a frustração e as circunstâncias infelizes despertam certa inveja e ódio no decorrer da vida, o que varia é a intensidade dessas emoções e a maneira como o indivíduo as enfrenta. 
- A integração do ego baseia-se em um objeto bom firmemente enraizado, que forma o núcleo do ego.
- Certo momento de cisão também é essencial para a integração, por preservar o objeto bom e capacitar o ego a sintetizar os dois aspectos do objeto.
IDEALIZAÇÃO
- A idealização é a necessidade de obter o melhor do objeto (indiscriminadamente), buscando a perfeição.
- Algumas pessoas têm como característica a idealização de suas relações amorosas e de amizade. 
- A idealização ocorre no nível da paixão.
- Essa idealização tende a desmoronar, uma vez que o objeto amado tem que ser constantemente trocado por outro, pois nenhum objeto preenche integralmente as expectativas (isso leva à instabilidade nos relacionamentos e à fraqueza do ego). 
- A consequência direta da inveja excessiva é o aparecimento da culpa. 
- Se a culpa for experimentada por um ego ainda não capaz de tolerá-la, ela é sentida como perseguição e o objeto que a desperta é sentido como um perseguidor. 
- Quando surge a posição depressiva, o ego mais integrado e fortalecido tem maior capacidade de suportar a dor da culpa e de desenvolver defesas correspondentes, principalmente a reparação.
- Uma das mais profundas fontes de culpa está sempre relacionada à inveja do seio nutridor e ao sentimento de haver estragado sua “bondade” por meio de ataques invejosos (destrutivos).
- Há uma ligação direta entre a inveja vivenciada em relação ao seio da mãe e o desenvolvimento do ciúme.
- No caso do bebê, o ciúme se baseia em suspeita e rivalidade com o pai, que é acusado de ter levado embora o seio materno e a mãe. 
- De acordo com M. Klein, a rivalidade marca os estágios iniciais do Complexo de Édipo (quarto a sexto mês de vida).
- Desta forma, o ciúme é inerente à situação edipiana (ódio e desejos de morte).
- O seio “bom” que nutre e inicia a relação de amor com a mãe é o representante da pulsão de vida.
- Um bebê que tenha estabelecido com segurança o objeto bom pode igualmente encontrar compensação para perdas e privações na vida adulta.
- M.Klein descreve a ansiedade como um ponto focal em sua técnica.
- Considera que desde o início da vida a ansiedade está presente e que a primeira e principal função do ego é lidar com a ansiedade.
- O ego está constantemente se protegendo da dor e da tensão que a ansiedade faz surgir e, portanto, faz uso de defesas desde o início da vida.
- O processo de cisão surge nos estágios mais iniciais do desenvolvimento.
- Se a cisão é excessiva, faz parte integrante de traços paranóides e esquizóides, que podem ser a base da esquizofrenia.
- No desenvolvimento normal, as tendências esquizoides e paranóides (posição esquizo-paranóide) são superadas pela posição depressiva e ocorre a integração do ego.
 A INVEJA NA VIDA COTIDIANA
- Freud falou quase que exclusivamente sobre um único tipo de inveja, que ele chamou de “inveja do pênis”. 
- O significado da inveja foi mais amplamente discutido por M. Klein.
- O ciúme – envolve um relacionamento entre 3 pessoas.
- Sente-se ciúme porque alguém a quem se ama, ou a quem se está ligado, pode demonstrar mais interesse ou afeição por outra pessoa.
- A inveja – envolve basicamente 2 pessoas.
- Inveja-se o que a outra pessoa possui, ou suas capacidades, conquistas ou qualidades pessoais.
- A inveja está ligada à voracidade (a pessoa que é voraz quer obter algo).
- A inveja está presente na vida cotidiana: sentimentos de ressentimento por alguém que está à frente, ou por alguém que faz melhor.
- Ocorrem a hostilidade, a rivalidade e a competitividade.
- Quando a inveja é muito intensa – conduz a uma crítica incessante.
- Muitas pessoas demonstram uma necessidade de obter o que a outra pessoa tem (equivalente ou melhor).
- Uma pessoa verdadeiramente invejosa não consegue suportar e encarar o sucesso e o prazer do outro.
- Não consegue tolerar que algo de bom lhe seja dado por outra pessoa, não pode usufruir, não reconhece seu valor e será incapaz de experimentar e expressar gratidão (portanto, sua capacidade de amar sofre graves interferências).
- Uma pessoa muito invejosa dificilmente consegue tolerar escutar o que outra pessoa tem a dizer e tenta parar a conversa, tomando conta do assunto (não consegue tolerar ouvir coisas divertidas, experiências e pensamentos interessantes que venham de outra pessoa).
- A inveja impede que o indivíduo construa relacionamentos bons, calorosos e confiáveis. Portanto todo o seu mundo interno (e seu caráter) será influenciado e o sujeito se sentirá inseguro.
- A insegurança incrementa a inveja (círculo vicioso).
- A pessoa muito invejosa sentirá seu mundo hostil e se tornará mais paranóide ou desconfiada em suas atitudes e em relação às pessoas, de modo que seu mundo torna-se desagradável para si própria e para os outros (elas têm muito pouco prazer real na vida). 
KLEIN. M. “Amor, culpa e reparação”. Rio de Janeiro: 
 Imago, 1996, Vol. I.
Cap. 20 - “O luto e suas relações com os estados maníaco-depressivos” (1940). (p. 385- 412)
- M. Klein se reporta ao trabalho de Freud em sua obra “Luto e Melancolia” – que afirma que uma parte essencial do trabalho do luto é o teste da realidade (durante o luto é preciso tempo para elaborar a perda; quando esse trabalho é concluído, o ego consegue libertar sua libido do objeto perdido). 
- M. Klein afirma que a criança passa por estados mentais comparáveis ao luto do adulto, ou seja, o luto arcaico é revivido sempre que se sente algum pesar.
- A Posição Depressiva surge do medo de perder os objetos amados.
- Durante o luto, o indivíduo passa por um estado maníaco-depressivo, vencendo-o depois de algum tempo – assim ele repete os processos que a criança normalmente atravessa no seu desenvolvimento inicial.
- O maior perigo que o indivíduo corre durante o luto é o desvio de seu ódio para a própria pessoa que ele acaba de perder. 
- O indivíduo de luto obtém um grande alívio ao recordar a bondade e as boas qualidades da pessoa que acaba de perder.
- Isso se deve em parte ao conforto que sente ao manter seu objeto amado temporariamente idealizado.
- Quando o sofrimento é vivido ao máximo e o desespero atinge seu auge, o indivíduo de luto vive novamente seu amor pelo objeto. Ele sente com mais força que a vida continuará por dentro e por fora e que o objeto amado perdido pode ser preservado em seu interior.
- Nesse estágio as experiências dolorosas de todos os tipos estimulam as sublimaçõese despertam novas habilidades nas pessoas, que iniciam outras atividades produtivas.
- Qualquer dor trazida por experiências infelizes seja de qualquer natureza, em algo em comum com o luto.
- Todo avanço no processo do luto resulta num aprofundamento da relação do sujeito com seus objetos internos, na felicidade de reconquistá-los depois que eles foram considerados perdidos.
- De forma semelhante, à medida que a criança constrói gradualmente sua relação com os objetos externos, ela ganha confiança não só por meio das experiências agradáveis, mas também pela forma como supera frustrações e experiências dolorosas. 
- No luto normal o indivíduo reintrojeta e restaura não só a pessoa que perdeu, mas também os objetos bons que foram internalizados, o que caracteriza o trabalho de luto bem sucedido. 
KLEIN. M. “Inveja e Gratidão”. Rio de Janeiro: Imago, 
 1996, Vol. III
Cap. 4 - “As origens da transferência” (1952). 
(p. 70- 79)
- A transferência opera ao longo de toda a vida e influencia todas as relações humanas.
- E característica do procedimento psicanalítico, pois abre caminhos para dentro do inconsciente do paciente.
- É uma ferramenta essencial no processo analítico.
- Seu passado, suas experiências, suas relações de objeto e emoções vão sendo gradualmente revividos no processo terapêutico. 
-De acordo com M. Klein, quanto mais profundamente conseguirmos penetrar dentro do inconsciente e quanto mais longe no passado pudermos levar a análise, maior será nossa compreensão da transferência. 
- A transferência é como uma estrutura na qual algo está sempre acontecendo, onde há sempre movimento e atividade. 
- É importante observar como as relações do paciente com seus objetos originais são transferidos para a figura do analista.
- M. Klein fala em “situações totais” – que são transferidas do passado para o presente, bem como suas emoções, defesas e relações objetais.
- Situações totais – tudo o que o paciente traz para a relação – como o paciente transmite aspectos do seu mundo interior, desenvolvidos desde a infância. 
- No processo analítico, os relatos da vida cotidiana dão pistas para as ansiedades inconscientes estimuladas na situação transferencial. 
- As experiências às vezes não são ditas em palavras, mas podem ser apreendidas através dos sentimentos provocados em nós por meio de nossa contratransferência (sentimentos provocados no analista). 
- As ansiedades imediatas do paciente e a natureza de sua relação com figuras internas emergem na situação total revivida na transferência.
ULHÔA, C.E.M. & FIGUEIREDO, LC. “A clínica kleiniana: estilo, técnica e ética”. In: “Melanie Klein, estilo e pensamento”. São Paulo: Escuta, 2004, (p. 171-188).
- A partir de seus atendimentos com crianças e bebês, M. Klein pôde estender o campo da Psicanálise clínica.
- Melanie Klein trouxe novas propostas clínicas, novas estratégias terapêuticas e um novo estilo de trabalho para o atendimento de crianças e adultos.
- M. Klein comprovou que as brincadeiras das crianças, seus desenhos, seus jogos podem ser vistos e escutados exatamente como se escutam as associações livres dos pacientes adultos.
- As interpretações, desde que formuladas de maneira compreensível e na linguagem da criança, produzem profundas alterações no psiquismo inconsciente, com significativos reflexos na vida emocional, intelectual e nas relações sociais das crianças.
- Os fenômenos transferenciais também emergem nas crianças e são desenvolvidos de forma intensa e rápida.
- A teoria kleiniana afirma que existem impulsos libidinosos e hostis (destrutivos) desde o início da vida de um ser humano.
- A análise kleiniana é guiada pelas ansiedades e culpas do paciente e o analista deve saber captá-las.
- M. Klein supõe que os conteúdos mais primitivos e as ansiedades mais arcaicas são depositadas no analista.
- O analista deve ser capaz de ir ao encontro dessas ansiedades, mobilizá-las e interpretá-las.
- Para M. Klein a transferência corresponde à reedição das experiências e padrões de relacionamento com objetos externos e internos.
- Tudo o que o paciente diz, tudo o que relata, suas brincadeiras, seus desenhos, os sonhos que conta ao analista, seus comentários e associações ocorrem no nível da transferência.
- Na clínica kleiniana, o trabalho analítico focaliza a situação transferencial e as respostas contratransferenciais do analista.
- O analista deve saber identificar os elementos da voracidade, da inveja, do ciúme e do ódio, presentes em transferências negativas (destrutividade do paciente).
- De acordo com a análise kleiniana, a cura se dá por meio da capacidade do paciente de suportar a frustração decorrente dos limites, das perdas e das separações, sem recorrer aos mecanismos esquizo-paranóides (ego suficientemente forte para lidar com os impulsos destrutivos).
- Para que o ego possa se fortalecer é preciso que ele tenha sido capaz de internalizar e proteger o objeto bom (vínculo parental).
RESUMO
MELANIE KLEIN
- Conceito de POSIÇÃO – estado mental que se alterna durante a vida.
POSIÇÃO ESQUIZOPARANÓIDE (primeiros 3 meses de vida)
- ansiedade persecutória
- cisão
- introjeção
- projeção
POSIÇÃO DEPRESSIVA (após os 3 meses de vida)
- ansiedade depressiva
- culpa
- dano
- reparação
POSIÇÃO ESQUIZOPARANÓIDE:
 Divide sente-se perseguido
 (cisão) (perseguição)
 OBJETO BOM X OBJETO MAU (perseguidor) 
- Frustração (o bebê não consegue satisfazer todos os seus desejos)
 
 
- Ansiedade persecutória: iminência de ameaça do eu (perigos sentidos como ameaçadores para o ego)
- Defesa: cisão (divisão do objeto, emoções)
 
 SEIO BOM X SEIO MAU
- Relação de objeto: parcial (uma experiência emocional é vivida como boa ou má).
POSIÇÃO DEPRESSIVA:
- Ansiedade depressiva: acrescenta a ameaça de perigo para o objeto de amor (principalmente através da agressividade), medo de perder o objeto.
- Impulsos destrutivos, agressivos, hostis.
- Defesa: reparação (quer restaurar o objeto) 
 (dano – culpa - reparo) 
- Relação de objeto: total (integração da relação de objeto – bom e mau) – portanto, integração do ego.
 
 
 
 
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