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UNIDADE 4 DA DISCIPLINA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO (APOSTILA)

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História da Educação - Unidade 4 - Do governo militar à contemporaneidade 
 
 
 
 
 
 
 
História da 
Educação 
 
 
Unidade Nº4 - Do governo militar à 
contemporaneidade 
 
 
 
História da Educação - Unidade 4 - Do governo militar à contemporaneidade 
 
 
 
 
 
 
Eliane de Siqueira 
Introdução 
Depois de conhecermos um pouco da trajetória da educação até o período da 
República, chegou a hora de falarmos um pouco sobre um dos períodos de maior 
imposição de ideias e mais restritivo com relação às condutas das pessoas. Pensar, se 
fosse para manifestar algo diferente daquilo que os militares queriam, era motivo para 
perseguições, prisões e punições diversas. 
Nesse cenário, a educação tentou resistir e ampliar suas discussões com 
legislações e outras regulamentações que objetivavam contextualizar os processos e 
fazer sentido para as pessoas. 
Grandes educadores ganharam força na expressão das suas ideias e avançam 
pela contemporaneidade com propostas para revolucionar a educação e tirá-la da 
marginalidade em que tinha sido colocada. 
Vamos então conhecer um pouco mais dessa história? 
1. A educação brasileira e os governos militares 
(1964-1985) 
O período correspondente ao governo militar foi marcado por um forte 
autoritarismo e anseio pelo poder. 
Muitas punições aconteceram como forma de silenciar as pessoas e aquela 
educação com vistas à democracia foi deixada bem de lado. 
História da Educação - Unidade 4 - Do governo militar à contemporaneidade 
 
 
 
 
 
O foco da educação ficou voltado para o ensino profissionalizante, visto como 
um passaporte para o ensino superior. Mesmo assim, eram espaços que deveriam 
replicar as ideias militares e toda ação contrária era fortemente reprimida. 
Nesse cenário, em 1967 cria-se o Mobral (Movimento Brasileiro de 
Alfabetização). Seu objetivo era acabar com o analfabetismo no Brasil e isso deveria 
acontecer no prazo de 10 anos. O atendimento inicial era apenas para adultos, mas a 
proposta expandiu-se ainda mais até que, em 1970, o atendimento também passou a 
ser ofertado para os estudantes das quatro primeiras séries do ensino fundamental. 
Saiba mais: O Mobral foi um forte movimento pela alfabetização criado para conter a 
taxa de analfabetismo que já estava com índices altíssimos entre os adultos no Brasil. 
O programa funcionava a noite nos prédios das escolas já existentes e outros espaços. 
Além dos adultos o programa foi sendo progressivamente ofertado também para os 
jovens com idade entre 9 e 14 anos. 
 
 
De acordo com Santos (2013, p.50): 
 
“Foram 40 milhões de brasileiros que passaram por esse movimento e apenas 15 
milhões se diplomaram. Diante desse resultado, em 25 de novembro de 1985, o 
presidente José Sarney, extinguiu o movimento” (Santos 2013, p.50). 
 
Ainda segundo a mesma autora, o Mobral organizava-se em sete programas 
para qualificação da mão de obra que visava o desenvolvimento econômico mesmo 
diante de um método autoritário. Os programas eram: 
- Programa de alfabetização funcional; 
História da Educação - Unidade 4 - Do governo militar à contemporaneidade 
 
 
 
 
 
- Programa de educação integrada; 
- Programa Mobral Cultural; 
- Programa profissionalização; 
- Programa de educação comunitária para saúde; 
- Programa diversificado de ação comunitária; 
- Programa de autodidatismo. 
 
1.1. Contexto Político e Econômico 
O pensamento que dominava esse período era extremamente conservador. 
Politicamente, a participação da população era pequena e todos os 
movimentos adeptos ao socialismo e comunismo era perseguidos, pessoas eram 
presas e líderes torturados. 
Essas ideologias eram consideradas ameaças à ordem pública e à segurança 
nacional. 
Economicamente, esse foi um período marcado pela alta taxa de inflação e 
poucos investimentos foram feitos no Brasil nessa época. 
Em um determinado momento falava-se em “Milagre econômico”, mas esse 
momento foi seguido pelo aumento dos preços dos produtos. Como os salários não 
acompanhavam esse aumentos, as dívidas acumuladas tornaram-se cada vez maiores. 
Segundo reportagem publicada na Revista Carta Capital, com o regime militar 
o Programa de Ação Econômica do Governo (PAEG) desenvolveu programas que 
objetivavam garantir a estabilização econômica. Esse processo, desenvolvido em 
conjunto, com transformações institucionais, principalmente no mercado financeiro, 
criou, por exemplo, a correção monetária e prepara a economia para o milagre 
econômico. Além disso, aprofunda as características de um modelo econômico 
dependente e associado ao capital estrangeiro mantendo a matriz industrial 
História da Educação - Unidade 4 - Do governo militar à contemporaneidade 
 
 
 
 
 
implementada com o Plano de Metas. https://www.cartacapital.com.br/economia/a-
economia-na-ditadura/ 
 
1.2. A Reforma Universitária 
A Reforma Universitária que ocorreu durante o Regime Militar tinha como 
objetivo principal disciplinar a escolha dos dirigentes dessas instituições e 
regulamentar procedimentos internos. 
Essa reforma foi instituída pela Lei nº 5540 de 28 de novembro de 1968. 
Você quer ler? Para conhecer a legislação que institui a Reforma Universitária original 
acesse aqui. 
 
 
De acordo com Veiga (2007, p. 309), ao mesmo tempo que as reformas 
representavam anseios de mudanças educacionais em setores representativos da 
sociedade, como era o caso do ensino superior, ao menos em termos de 
reestruturação do ensino as mudanças foram instituídas em um contexto de 
autoritarismo, portanto de cerceamento de liberdade. 
 
Segundo Veiga (2007, p.310): 
 
“Nas décadas de 40 e 50, proliferaram órgãos de pesquisas e planejamento, por 
vezes em cooperação com universidade, além da criação de órgãos de fomento à 
pesquisa. Do ponto de vista do ensino superior, o ITA inovou quanto à organização 
do corpo docente, não adotando a sistema de cátedras” (Veiga 2007, p.310). 
História da Educação - Unidade 4 - Do governo militar à contemporaneidade 
 
 
 
 
 
 
 
Saiba mais: O sistema de cátedras refere-se a disciplinas ensinadas por professores 
que, com conhecimento suficiente, tinham alcançado o posto mais alto na sua carreira 
docente. 
 
 
 Ainda de acordo com Veiga (2007), a reforma dizia respeito também ao 
desenvolvimento das atividades acadêmicas e científicas. 
 Suas diretrizes referiam-se a: 
- Regime jurídico e administrativo: autonomia universitária; 
- Estrutura: unidade de patrimônio e administração, organização de 
departamentos e racionalização no uso de equipamentos; 
- Corpo docente: extinção da cátedra; 
- Corpo discente: representação estudantil, criação das monitorias; 
- Outros: unificação do vestibular, habilitações de curta duração. 
Muitas reformas aconteceram após 1968 e tinham como proposta, aproximar a 
universidade do contexto social e econômico e ampliar cada vez mais a autonomia das 
instituições. 
2. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação- 
5692/1971 
O período militar colecionou inúmeras reformas e movimentos educacionais, 
os quais emergiram como tentativa de tirar a educação das mazelas em que se 
encontrava. 
História da Educação - Unidade 4 - Do governo militar à contemporaneidade 
 
 
 
 
 
Para Arruda (1989), essas reformas estavam norteadas pelos eixos relacionados 
à educação e desenvolvimento; educação e segurança e educação e comunicação. 
Nesses eixos, segundo a autora, objetivava-se a formação de profissionais para 
atender as necessidade do mercado produtivo e a formação do cidadão, o que incluíaa inserção de disciplinas como educação moral e cívica e a relação entre escola e 
comunidade, com a criação de conselhos de empresários e professores. 
Com a implantação da Lei nº 5692/71 não tivemos o soterramento da anterior, 
Lei nº 4024/61, mas sim a ampliação de alguns princípios e a inclusão de outros 
elementos de regulação da educação que estavam relacionados ao contexto da época. 
Entre as grandes modificações podemos citar a união do primário e do ginásio 
em ensino do 1º grau. A preocupação com o ensino técnico e profissionalizante 
tornaram-se mais evidentes. 
O ensino de 1º grau, obrigatório, deveria ter carga horária mínima de 720 horas 
e esses nível era considerado como formação básica do indivíduo. 
Vejamos então outras características dessa LDB. 
No artigo 1 temos o objetivo geral que contemplava o ensino de 1º grau e 2º 
grau. A Lei afirmava que: 
 
Art. 1º O ensino de 1º e 2º graus tem por objetivo geral proporcionar ao educando 
a formação necessária ao desenvolvimento de suas potencialidades como elemento 
de auto-realização, qualificação para o trabalho e preparo para o exercício 
consciente da cidadania (BRASIL, 1971). 
 
Os diferentes estabelecimentos para atender essa demanda deveriam ser 
criados, reorganizados bem como ter regimento próprio para sua funcionalidade 
administrativa e didática. 
 
Com relação ao currículo, o artigo 4º afirma que: 
História da Educação - Unidade 4 - Do governo militar à contemporaneidade 
 
 
 
 
 
 
Art. 4º Os currículos do ensino de 1º e 2º graus terão um núcleo comum, obrigatório 
em âmbito nacional, e uma parte diversificada para atender, conforme as 
necessidades e possibilidades concretas, às peculiaridades locais, aos planos dos 
estabelecimentos e às diferenças individuais dos alunos (BRASIL, 1971). 
 
Essa parte comum seria fixada pelo Conselho Federal de Educação e traria uma 
relação a partir da qual os Sistemas de Ensino definiriam a parte diversificada. 
O ensino de 2º grau era visto com o caráter profissionalizante e poderia ser 
desenvolvido com parcerias em empresas e entidades públicas ou privadas. 
Outra questão que torna-se obrigatória é a inclusão da disciplina de Educação 
Moral e Cívica, Educação Física e Educação Artística, além de programas de saúde. 
Os currículos seriam organizados em série anuais conforme previsto no artigo 
8º. 
 
Art. 8º A ordenação do currículo será feita por séries anuais de disciplinas ou áreas 
de estudo organizadas de forma a permitir, conforme o plano e as possibilidades do 
estabelecimento, a inclusão de opções que atendam às diferenças individuais dos 
alunos e, no ensino de 2º grau, ensejem variedade de habilitações (BRASIL, 1971). 
 
Um ano letivo corresponderia a 180 dias de trabalho escolar sendo que cada 
semestre deveria ter igualmente 90 dias. 
A partir do capítulo II, a Lei traz as orientações sobre os níveis de ensino. Para 
facilitar a compreensão, as informações estão organizadas na tabela 01. 
 
Nível Características 
Ensino de 1º grau - formação da criança e pré 
adolescente; 
História da Educação - Unidade 4 - Do governo militar à contemporaneidade 
 
 
 
 
 
- duração de 8 anos; 
- 720 horas de atividades; 
- idade mínima para ingresso 7 
anos; 
- obrigatório dos 7 aos 14 anos. 
Ensino de 2º grau - formação integral do adolescente; 
- necessária a conclusão do 1º grau 
para ingressar no 2º grau; 
- de 2200 a 2900 horas de trabalho 
escolar; 
- 3 ou 4 séries anuais. 
Ensino supletivo - finalidade de suprir a 
escolarização regular para 
adolescentes e adultos que não o 
concluíram na idade própria; 
- estrutura, duração e regime que 
se ajustem às finalidades e 
permitam a maior captação de 
alunos. 
Tabela 01- Características de cada nível em que a educação era organizada. 
Fonte: Elaborada pela autora com base na LDB 5692/1971 
 
Para a formação de professores temos: 
Art. 30. Exigir-se-á como formação mínima para o exercício do magistério: 
a) no ensino de 1º grau, da 1ª à 4ª séries, habilitação específica de 2º 
grau; 
b) no ensino de 1º grau, da 1ª à 8ª séries, habilitação específica de grau 
superior, ao nível de graduação, representada por licenciatura de 1º grau obtida em 
curso de curta duração; 
c) em todo o ensino de 1º e 2º graus, habilitação específica obtida em 
curso superior de graduação correspondente a licenciatura plena (BRASIL, 1971). 
 
O artigo 41º fala sobre a quem compete a responsabilidade da educação: 
História da Educação - Unidade 4 - Do governo militar à contemporaneidade 
 
 
 
 
 
 
Art. 41. A educação constitui dever da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos 
Territórios, dos Municípios, das empresas, da família e da comunidade em geral, que 
entrosarão recursos e esforços para promovê-la e incentivá-la. 
Parágrafo único. Respondem, na forma da lei, solidariamente com o Poder Público, pelo 
cumprimento do preceito constitucional da obrigatoriedade escolar, os pais ou 
responsáveis e os empregadores de tôda natureza de que os mesmos sejam 
dependentes (BRASIL, 1971). 
Saiba mais: A LDB 5692/1971 foi aprovada durante o governo de Emilio Médice, 
momento em que se vivia o chamado “Milagre Econômico”. Nessa fase o crescimento 
industrial aumentava de forma acelerada e a necessidade de mão de obra 
acompanhava esse crescimento. 
 
 
O grande destaque, apontado por vários autores, é que a LDB de 71 deveria 
regulamentar a ação da escola para que ofertasse uma cultura geral básica e a 
educação para o trabalho. Isso demandaria a ampliação da obrigatoriedade de 
frequência à escola que estaria organizada em 1º e 2º grau sendo que no 2º grau dar-
se-ia em nível profissionalizante. 
 
3. Educação popular e contestação a partir dos 
movimentos sociais- Parte I 
A educação popular tem início na década de 1960, a partir dos dados 
alarmantes sobre o analfabetismo, principalmente entre os adultos. Um dos grandes 
educadores envolvidos com esse movimento foi Paulo Freire. 
História da Educação - Unidade 4 - Do governo militar à contemporaneidade 
 
 
 
 
 
A práxis social está associada diretamente com a educação popular, tendo em 
vista ser uma ação que não ocorre dentro de um espaço formal de educação. Ela 
desenvolve-se no dia a dia, quando temos os grupos populares reunidos. 
No entanto, antes desses movimentos ganharem força e se espalharem pelo 
Brasil, algumas questões que envolvem novas tendências pedagógicas começam a 
fazer parte do cenário educacional. 
Vejamos então quais eram as principais tendências desse período. 
3.1. O surgimento das tendências pedagógicas 
As tendências pedagógicas surgem como tentativa de mais uma vez, alinhar a 
educação com os contextos sociais de demais movimentos que aconteciam pelo país. 
A escolha de uma tendência pedagógica reflete uma concepção de educação e 
consequentemente resulta em práticas escolares. 
Elas estão relacionadas, não apenas à forma pela qual os conteúdos são 
ensinados, como também influenciam a escolha de materiais, organização de espaços 
e demais variáveis presentes nos espaços escolares. 
Na pedagogia, as tendências pedagógicas são divididas em pedagogia liberal 
e pedagogia progressista. Cada uma possui algumas subdivisões que apresentaremos 
a seguir. 
a) Pedagogia Liberal 
 O foco das ações presentes nesta tendência pedagógica é a formação de 
indivíduos que fossem capazes de desenvolver seu papel na sociedade capitalista em 
que estavam inseridos. 
História da Educação - Unidade 4 - Do governo militar à contemporaneidade 
 
 
 
 
 
 Em suas subdivisões temos:- Tendência Tradicional 
Nessa prática ocorre a transmissão linear do conhecimento a partir da figura do 
professor (Figura 1). A transmissão é passiva e o depósito constante das informações 
deve ser decorado pelos estudantes. 
 
Figura 1- Proposta de organização para tendência tradicional 
Fonte: Public Domain Pictures.net, 2019 
 
- Renovada progressista 
 A grande mudança está na participação do aluno ao longo do processo de 
ensino aprendizagem. A prática investigativa faz parte do processo. 
- Renovada não diretiva 
História da Educação - Unidade 4 - Do governo militar à contemporaneidade 
 
 
 
 
 
 Seu foco é a formação de atitudes. Essa tendência é encontrada também com o 
nome de Escola Nova, conforme proposta que descrevemos na unidade anterior. 
De acordo com Gadotti (2010 p.142): 
“A Escola Nova representa o mais vigoroso movimento de renovação da educação 
depois da criação da escola pública burguesa. A ideia de fundamentar o ato 
pedagógico na ação, na atividade da criança já vinha se formando desde a “Escola 
Alegre” de Vitorino de Feltre (1378-1446), seguindo pela pedagogia romântica e 
naturalista de Rousseau. Mas foi só no início do século XX que tomou forma 
concreta e teve consequências importantes sobre os sistemas educacionais e a 
mentalidade dos professores” (GADOTTI, 2010, p. 145). 
- Tecnicista 
Trata-se do desenvolvimento técnico das informações, organizadas por 
especialistas, tendo como objetivo o desenvolvimento de habilidade para que se 
integrem à sociedade e garantam o funcionamento da máquina produtiva. 
b) Pedagogia Progressista 
 Nessa tendência pedagógica o contexto social é essencial para o 
desenvolvimento das aprendizagens. Trata-se de um movimento que amplia muito a 
participação do aluno. É subdividida em: 
- Libertadora 
 Aquela que liberta para a vida. O foco é no diálogo e na capacidade reflexiva 
do aluno para que as propostas de ensino e aprendizagem sejam desenvolvidas de 
forma significativa. 
 Os temas geradores são usados como ponto de partida a partir dos quais a 
problematização é desenvolvida. 
História da Educação - Unidade 4 - Do governo militar à contemporaneidade 
 
 
 
 
 
- Libertária 
A escolha dos conteúdos é feita a partir dos estudantes. A gestão das 
informações é feita coletivamente. Um dos grandes nomes associados a essa 
tendência é Freinet que descreve seus princípios baseados na organização, 
cooperação, tratamento experimental e expressão livre. 
- Crítico social dos conteúdos 
 Os conteúdos são associados à realidade social e devem permitir que os 
estudantes compreendam a realidade onde estão inseridos. 
3.2. Pensadores da educação: anísio Teixeira e Paulo Freire 
Anísio Teixeira 
A grande defesa do baiano Anísio Teixeira (Figura 2) foi a educação gratuita 
para todos. Foi um dos grandes nomes envolvidos na redação do Manifesto dos 
Pioneiros que apresentamos na unidade anterior. 
A escola como ferramenta para exercício da cidadania deveria ser integral e 
propor o desenvolvimento para além dos conteúdos curriculares. 
 
 
História da Educação - Unidade 4 - Do governo militar à contemporaneidade 
 
 
 
 
 
 
Figura 2- Anísio Teixeira 
Fonte: commons.wikimedia.org, 2019 
Foi secretário da educação em 1950 e fundou a Escola Parque na Bahia. 
Imagine essas discussões durante o período da ditadura militar! Anísio Teixeira 
foi perseguido por propor a democratização do ensino, numa postura totalmente 
contrária às discussões da época. 
A experiência do aluno deveria ser considerada e a responsabilidade da escola 
deveria estar além de informar e transmitir conhecimentos curriculares. 
Paulo Freire 
É considerado o educador mais importante da educação brasileira. Defendia a 
educação popular e era contra a educação bancária, pois acreditava que o depósito 
de conteúdos para que os alunos decorassem não permitia aprendizagens. Era 
contrário ao movimento transmissão-recepção de informações (Figura 3). 
História da Educação - Unidade 4 - Do governo militar à contemporaneidade 
 
 
 
 
 
 
Figura 3- Paulo Freire 
Fonte: Flickr, 2019 
Para Freire (2011, p.12): 
“O que me interessa agora, repito, é alinhar e discutir alguns saberes fundamentais 
à prática educativo-crítica ou progressista e que, por isso mesmo, devem ser 
conteúdos obrigatórios à organização programática da formação docente. 
Conteúdos cuja compreensão, tão clara e tão lúcida quanto possível, deve ser 
elaborada na prática formadora. É preciso, sobretudo, e aí já vai um destes saberes 
indispensáveis, que o formando, desde o princípio mesmo de sua experiência 
formadora, assumindo-se como sujeito também da produção do saber, se convença 
definitivamente de que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as 
possibilidades para sua produção ou a sua construção” (Freire 2011, p.12). 
 
História da Educação - Unidade 4 - Do governo militar à contemporaneidade 
 
 
 
 
 
A educação deveria ser libertadora, emancipatória e permitir a tomada de 
decisões e a leitura de mundo. Essa possibilidade de compreender direitos e deveres 
dependia, entre outras coisas, do aprender para a vida, e isso antecede o ensinar. 
Para Paulo Freire, era necessário conhecer e compreender a cultura do 
educando, pois esta deveria ser a base para o desenvolvimento das ações nas escolas. 
O foco é no processo e não no conteúdo. 
Entre suas publicações temos como destaque: Pedagogia do oprimido, 
Pedagogia da autonomia e Educação como prática da liberdade. 
4. Educação popular e contestação a partir dos 
movimentos sociais- Parte II 
A educação popular foi um grande marco na história da educação, a partir do 
momento em que possibilitou a formação, não apenas social, como também política 
dos indivíduos. Essa proposta é encarada por muitos como um movimento de 
resistência pelo cenário encontrado no país na época em que foi desenvolvida. Basta 
pensar, por exemplo, que Paulo Freire defendia o diálogo em um período histórico em 
que a imposição das ideias por meio da força é que predominava. 
A partir do século XX, as sociedades contemporâneas passaram por intensas 
modificações. A maioria das mudanças tinham relação direta com as revoluções 
ocorridas anteriormente e que resultaram no processo de globalização que teve início 
na década de 1990. 
História da Educação - Unidade 4 - Do governo militar à contemporaneidade 
 
 
 
 
 
4.1. Educação brasileira na contemporaneidade 
Se começarmos essa análise pensando no processo de globalização, vamos 
perceber que muita coisa mudou e quem a educação não conseguiu acompanhar de 
perto todas as transformações. 
 Basta verificar todo o avanço tecnológico que, em muitos casos, ainda está 
bem longe dos espaços formais de educação. 
Desta forma, a contemporaneidade coloca a educação como responsável por 
realizar a mediação social e integrar os indivíduos a estes novo modelos, seja do ponto 
de vista social cultural, tecnológico etc. 
De acordo com Cambi (1999, p. 381): 
 
“A educação/pedagogia — como bem viu Luhmann — veio ocupar um papel cada 
vez mais específico (de mediação e de reequilíbrio) no sistema social, articulando-
se num subsistema igualmente plural e orgânico, disseminado no social, mas 
coordenado por uma reflexividade (por processos teóricos de interpretação e 
projeção) que garante sua funcionalidade, agindo segundo modelos adequados à 
sua fase histórica de desenvolvimento” (Cambi 1999, p. 381). 
 
 
Mais uma vez a escola busca desenvolver habilidades para que o indivíduo seja 
capaz de intervir na vida em sociedade. A grande questãoé que a sociedade mudou 
e as propostas desenvolvidas nas escolas continuam reproduzindo modelos arcaicos. 
A escola nova ganha força e novas práticas precisam ser pensadas para que as 
informações e formações façam sentido na vida das pessoas e atinjam os objetivos 
que a sociedade almeja. 
Pensar que tudo está ao alcance de um simples “clique” faz com que o aprender 
fazer esteja ainda mais vivo nas propostas pedagógicas. 
Em 1996, a LDB vigente determina em seu artigo 1º: 
 
História da Educação - Unidade 4 - Do governo militar à contemporaneidade 
 
 
 
 
 
Art. 1º . A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida 
familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, 
nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações 
culturais (BRASIL, 1996). 
 
O fato de incluir movimentos sociais dá abertura para diferentes manifestações 
que deixam a escola com as portas cada vez mais abertas para a comunidade. 
Discutir cidadania, pensar na inclusão, buscar a qualidade do ensino, assim 
como dialogar com a sociedade são temas cada vez mais presentes e que precisam 
ainda incluir as TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação) para aproximar-se 
dessa geração cada vez mais tecnológica e sedenta por novidades. 
Tudo isso deve ser feito alinhado com propostas educacionais transformadoras. 
Isso não significa dizer que apenas tendências libertadoras fazem parte das 
concepções educacionais na contemporaneidade, mas sim que, mesmo que ainda 
tenhamos locais com práticas tradicionais, o estudante e suas famílias têm o direito de 
escolher o que desejam para a formação. 
A LDB, Lei nº 9394/96 afirma também que: 
 
Art. 2º . A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de 
liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno 
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua 
qualificação para o trabalho. 
 
Pensar no princípio da liberdade é uma das questões que mais caracteriza a 
educação atual e permite que alunos e professores tenham voz e vez, participando 
ativamente nas discussões que promovem a construção coletiva dos conhecimentos. 
Pensamos em aprendizagens e não apenas no que ensinar, como durante muito 
tempo foram desenvolvidas as propostas educacionais do Brasil. 
História da Educação - Unidade 4 - Do governo militar à contemporaneidade 
 
 
 
 
 
Síntese 
A educação mais uma vez apresentou marcos históricos e não assumiu nesse 
contexto histórico a posição de destaque desejada por muitos. 
Durante todo o período militar, suas ações ficaram restritas à reprodução da 
ideologia dominante e quem ia contra essas ideias acabava sendo perseguido, 
torturado e, de forma direta ou indireta, silenciado. 
Alguns nomes surgem e se fortalecem com propostas ao longo do tempo, 
como é o caso de Anísio Teixeira e Paulo Freire, que lideraram movimentos em prol 
de uma educação transformadora e reflexiva, baseada no diálogo que só muitos e 
muitos anos mais tarde passa a fazer parte do cenário educacional de fato. 
Um grande marco nessas mudanças foi a promulgação da Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação em 1971, Lei nº 5692. A unificação do ensino em 1º e 2º grau, 
dando ênfase ao ensino profissionalizante no 2º graus, visava atender às necessidades 
do mercado em ascensão. 
Chegamos à contemporaneidade com muitas lacunas a serem preenchidas e 
uma tentativa de acompanhar a globalização e outras questões presentes na 
sociedade mais uma vez se torna um desafio para a educação. 
Pensar em propostas significativas e que estejam alinhadas ao contexto atual é 
o discurso presente na contemporaneidade assim como a busca por unir as 
tecnologias como ferramentas dos aprender fazer nas escolas. 
Sendo assim, nesta unidade vimos que: 
- A ditadura militar foi um período muito tenso, no qual houve 
perseguições e o direito de muitos foi cassado; 
- Entre os movimentos de reformas educacionais, tivemos a reforma 
universitária para organização dos procedimentos de ingresso, tendo em 
História da Educação - Unidade 4 - Do governo militar à contemporaneidade 
 
 
 
 
 
vista que muitos estudantes eram aprovados mas não havia vagas 
disponíveis nas instituições existentes; 
- Surgem as tendências pedagógicas e com elas nova concepções de 
educação e práticas pedagógicas passam a compor o cenários 
educacional; 
- A nova LDB 5692/71 tem como grande alteração a junção do ensino em 
1º e 2º grau, sendo que o ensino profissionalizante deveria ser 
contemplado assim como a disciplina de Educação Moral e Cívica para a 
formação cidadã; 
- Alguns educadores em destaque foram apresentados. Anísio Teixeira 
defendia a escola pública e foi um dos educadores que participou da 
redação dos manifestos dos pioneiros. Paulo Freire, envolvido com o 
movimento de alfabetização dos adultos, também defendia a escola 
pública e a autonomia dos estudantes para a construção de 
aprendizagens; 
- Chegamos na contemporaneidade ainda com a bagagem cheia de 
desafios, mas com o princípio da liberdade sendo colocado como foco 
da atualidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
História da Educação - Unidade 4 - Do governo militar à contemporaneidade 
 
 
 
 
 
 
 
Bibliografia 
ARANHA, M.L.A. História da Educação. São Paulo: Moderna.1989. 
 
BRASIL, 1971. Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 5692. Disponível em 
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1970-1979/lei-5692-11-agosto-1971-
357752-publicacaooriginal-1-pl.html Data de acesso 13 de julho de 2019. 
 
BRASIL, 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9394. Disponível em 
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei9394_ldbn1.pdf Data de acesso 14 de 
julho de 2019. 
 
Carta Capital. Economia na Ditadura militar. Disponível em 
https://www.cartacapital.com.br/economia/a-economia-na-ditadura/ Data de acesso 
12 de julho de 2019. 
 
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São 
Paulo: Paz e Terra, 1996. 
 
GADOTTI, M. História das ideias pedagógicas. 8. ed. São Paulo: Ática, 2010. 
 
SANTOS, S. HIstória da educação. 1ª ed. São Paulo: Pearson Editora do Brasil, 2013. 
 
VEIGA, C.G. História da educação. São Paulo: Ática, 2007.

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