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A Importância do Ethos na Imagem Profissional

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ETHOS
Por Predrag Pancevski
Ethos é a nossa imagem, no sentido lato da palavra. É a nossa postura, tanto física quanto o posicionamento e ações que assumimos diante de dilemas éticos e situações específicas. É o nosso conhecimento, a nossa experiência, o carisma, a oratória, a capacidade de persuasão, a autoridade, a liderança, a capacidade de seduzir, de motivar, de inspirar. 
É a nossa imagem física também, a nossa aparência, a nossa voz, a forma como estamos vestidos. Esses últimos fatores parecem secundários, mas na verdade são primordiais. Quando um candidato numa entrevista de emprego entra na sala de entrevista, a aparência dele, as suas roupas, a forma como cumprimenta, como caminha, o timbre da voz, tudo isso faz com que o entrevistador defina, na maioria das vezes e de forma totalmente subconsciente, se a pessoa serve ou não para o cargo. Isso antes mesmo de entrevistar o candidato! Nós nos baseamos muito em percepções estereotipadas e formamos um julgamento sobre uma pessoa nos primeiros quatro minutos num primeiro encontro. É a primeira impressão que fica e que impacta profundamente na percepção do Ethos. Por isso o dito popular “Não se terá uma segunda chance para se fazer uma boa primeira impressão”. A mente humana não é perfeita. Ela é limitada na capacidade da memorização e na eficiência do detalhamento. Assim sendo, nós nos apoiamos muito na categorização subliminar no nosso dia a dia. A mente do entrevistador simplesmente define se o candidato tem a “cara” da função que está disputando, e depois, sem perceber, conduz a entrevista de forma totalmente enviesada para confirmar uma decisão que já havia sido tomada de forma subliminar. 
Ao invés de memorizar indivíduos, memorizamos as categorias. Quando um CEO assume uma grande empresa, no início ele distingue os funcionários pelo seu departamento de atuação. Aos poucos, a medida que for se inteirando melhor na gestão da companhia, ele começa a individualizar os empregados. Aqueles que conseguirem se sobressair sobre os demais, pela postura, demonstração de conhecimento, oratória numa argumentação ou apresentação, ou simples aparência, ganharão vários pontos no seu Ethos e consequentemente, maiores chances de progresso profissional.
O que nos faz progredir profissionalmente é o nosso Ethos. Apenas o conhecimento técnico não é o suficiente. Uma pessoa apenas com um bom conhecimento técnico vai iniciar a sua carreira fazendo corretamente o seu trabalho e vai acabar se aposentado fazendo exatamente a mesma coisa, ilhado na sua sala sem ter progredido profissionalmente. O que nos faz ir para a frente é o Ethos, é o caminho das pedras da inteligência emocional. Se puxarmos pela memória, veremos que os exemplos que conhecemos de pessoas que progrediram muito e foram bem-sucedidas no mundo corporativo foram as pessoas que tiveram um forte Ethos. 
E o Ethos se constrói desde o primeiro dia que ingressamos no mundo profissional, pacientemente, tijolo por tijolo. Acaba virando um patrimônio, que nos acompanha por toda a vida, e muitas vezes passa para outras gerações. Em entrevistas de emprego no interior do país, frequentemente o entrevistador, antes de perguntar o nome do candidato, pergunta o nome da família. Ethos que transcende gerações.
Num experimento psicológico bem conhecido, os participantes, estudantes numa universidade, são solicitados a se auto avaliarem numa escala de zero a dez, sendo dez a melhor nota, sobre algumas das suas características subjetivas. Inteligência, bom senso, capacidade para o trabalho, são exemplos das características avaliadas. Seria de se esperar que a média das avaliações fosse por volta de 5, principalmente porque foi ressaltado, antes do experimento e à título de direcionamento, que os participantes deveriam levar em consideração que a média das outras turmas que realizaram essa avaliação foi 5 (informação inventada).
Mesmo assim, invariavelmente, a média do experimento sempre varia tipicamente entre 8,5 e 9,5, com uma profusão de notas 10 e raríssimas notas 5, sendo que avaliações abaixo de 5 são praticamente inexistentes.
Esse estudo demonstra claramente o viés psicológico que todos nós costumamos ter, que é o viés de otimismo. Nós nos achamos melhores do que a realidade demonstra sermos e, mais importante ainda, a nossa percepção sobre nós mesmos é superior do que a imagem que os outros têm sobre nós.
Entretanto, Ethos não é a imagem como nós imaginamos, mas como os outros nós percebem.

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