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TCC 2017 1

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RN 
CAMPUS NATAL-CIDADE ALTA
CURSO SUPERIOR TECNOLÓGICA EM PRODUÇÃO CULTURAL
	
CLÁUDIO HENRIQUE GOMES DE ARAÚJO
MEMÓRIA E PATRIMÔNIO: UM ESTUDO SOBRE A PRESERVAÇÃO DA IGREJA DO GALO E DO MUSEU DE ARTE SACRA
NATAL/RN
2017
CLÁUDIO HENRIQUE GOMES DE ARAÚJO
MEMÓRIA E PATRIMÔNIO: UM ESTUDO SOBRE A PRESERVAÇÃO DA IGREJA DO CONVENTO DE SANTO ANTÔNIO E DO MUSEU DE ARTE SACRA
Monografia apresentado à disciplina de projeto, submetido à apreciação dos professores examinadores com vista à sua conclusão junto ao Curso Superior de tecnologia em Produção Cultural, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte. 
 Orientadora: Professora. Dra. Mára Beatriz Pucci de Mattos
NATAL-RN
2017
CLÁUDIO HENRIQUE GOMES DE ARAÚJO
MEMÓRIA E PATRIMÔNIO: UM ESTUDO SOBRE A PRESERVAÇÃO DA IGREJA DO GALO E DO MUSEU DE ARTE SACRA
Monografia apresentado ao Curso Superior de Tecnologia em Produção Cultural, do Campus Natal – Cidade Alta, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte do Rio Grande do Norte, como requisito à obtenção do grau de Tecnólogo em Produção Cultural e submetido à seguinte banca examinadora:
Orientadora Prof. Dra. Mára Beatriz Pucci de Mattos
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Campus Natal – Cidade Alta.
Prof. Dr. Ayres Charles de Oliveira Nogueira
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Campus Natal – Cidade Alta.
Prof. Ms. Gustavo André pereira de Brito
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Campus Natal – Cidade Alta.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha família, amigos e professores, pelas alegrias, compartilhadas, pois com vocês, as pausas entre um parágrafo e outro desta pesquisa revela tudo que irei levar para minha vida.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por guiar o meu caminho nessa jornada, muitas vezes difícil; 
À minha familia, pela paciência; 
Aos meus colegas, pelo apoio nesse período de estudos; 
À minha orientadora, por saber conduzir-me na construção de conhecimento; e
À minha mãe, que tanto confia em mim.
EPÍGRAFE
“A virtude também é uma arte. Eis porque ela tem duas espécies de discípulos: os que a praticam e os que a admiram.”
 Marie Eschenbach
RESUMO
O referente trabalho de conclusão de curso tem como objetivo de compreender a percepção da população local sobre a Igreja de Santo Antônio e o Museu de Arte Sacra, como patrimônio histórico e cultural da cidade do natal. Ao evidenciar o que ainda é preservado e faz parte da nossa história, torna-se necessário indentificar o convento e o museu como patrimônio artístico e arquitetônico e importância da conservação do acervo sacro, mediante comprimento das politicas de preservação, pesquisa, conhecimento histórico para preservar a Igreja e o museu. A Igreja do Galo e o Museu de Arte Sacra, enquanto patrimônio arquitetônico e contribuições de autores permitem concretizar esse trabalho, fundamentado na metodologia de pesquisa descritiva e a utilização de entrevistas para coleta de dados. O universo do trabalho envolve investigar aspectos da Arte, da história e da memória da Igreja do Galo e o seu Museu de Arte Sacra para revelar a importância da proteção de ambos os patrimônios culturais e seu processo de tombamento. Dentre os resultados encontrados vale destacar que, tanto no Museu de Arte Sacra, quanto na Igreja do Galo, percebemos a omissão do poder público, em diferentes instâncias, de seu dever constitucional por falta de investimentos para preservação do acervo. Não existe conhecimento abrangente sobre a edificação e os artefatos expostos por parte dos guia, e na falta de investimento e domínio de habilidades básicas de museologia. Na Igreja existe um tipo de preservação básica por parte dos religiosos, residentes no espaço, o que ressalta a importância das atividades religiosas para existência e sobrevivência daquele patrimônio de ímpar valor artístico cultural.
Palavras-chave: Preservação; Patrimônio; Igreja; Museu 
.
ABSTRACT
The main goal of this course is to analyze the Historical Heritage of the Gallo Church as well as its Sacred Art Museum, its construction of artistic relevance in Baroque Art, its social actions and local preservation. In evidencing what is still preserved and part of our history, it becomes necessary to identify the Church of the Rooster and the museum as artistic and architectural patrimony and importance of the conservation of the sacred servant, according to length of the policies of preservation, research, historical knowledge To preserve the Church and the museum. The Church of the Rooster and the Museum of Sacred Art, as architectonic patrimony and contributions of authors, make possible this work, based on the methodology of bibliographic research, characterized as an exploratory, descriptive research. The universe of work involves investigating aspects of Art, history and memory of the Church of the Rooster and its Museum of Sacred Art to reveal the importance of protecting both cultural heritage and its process of overturning. Among the results found it is worth mentioning that, in both the Sacred Art Museum and the Church of the Gallo, the omission of the public power, in different instances, from its constitutional duty due to lack of investment in the preservation of the collection. There is no comprehensive knowledge about the edification and artifacts exhibited by the guides, there is lack of investment and mastery of basic museology skills. In the Church there is a kind of basic preservation on the part of the religious, living in the space, which emphasizes the importance of the religious activities for the existence and survival of that patrimony of unique artistic cultural value.
Keywords: Preservation; Patrimony; Church; Museum
SUMÁRIO
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
IPHAN - Instituto Patrimônio Histórico Artístico Nacional 
IHGRN - Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte
FJA - Fundação José Augusto
FDPI - Fundo de Desenvolvimento de Programas Integrados 
Pch - Programa de Cidades Históricas
SPR - Secretaria de Planejamento da República 
SPHAN - Secretaria Patrimônio Histórico e Artístico Nacional 
PM - Polícia Militar
IBRAM - Instituto Brasileiro de Museus
SEEC - Secretaria de Estado da Cultura do RN
UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Igreja do Galo e o Museu de Arte Sacra......................................................................19
Figura 2 – Desenho estrutural da janela da Igreja colonial de Santa Catarina..........................21
Figura 3– Imagem externa janela Igreja do Galo, Natal, RN.......................................................21
Figura 4 – Sacada da Igreja do galo..........................................................................................22
Figura 5 – Sacada da Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia Recife, PE..............................22
Figura 6 - Imagem Lateral da Igreja do Galo..............................................................................23
Figura 7: Decreto-lei nº 25, de 30 de novembro de 1937............................................................28
Figura 8: Organograma Ilustrativo das etapas de um processo de tombamento.....................30
Figura 9- Pintura de Hostilio Dantas, retratando Antônio abençoado pelos anjos....................38
Figura 10- Antônio abençoado pelos anjos . .............................................................................39Figura 11- Descida de Cristo da Cruz.........................................................................................40
Figura 12- Parede do primeiro andar do museu..........................................................................40
Figura 13- Teto do piso superior do museu.................................................................................41
Figura 16- Mesa de apoio para o oratório do século XVIII..........................................................41
Figura 17- Nossa senhora da penha Madeira policromada século XIX......................................41
Figura 18- Santo Antônio Madeira policromada do Século XIX..................................................42
Figura 19- Imagem de Santo Antônio Madeira do Século XIX e são Francisco .............. .... ....42
INTRODUÇÃO
Morei no Bairro da Cidade Alta durante o período de 1987 a 1993. Cresci em berço católico, frequentando as missas na Igreja do Galo, localizada no centro da cidade caminhando pelas suas ruas históricas. Percebo que até hoje suas construções mais antigas são destaque num cenário que se assemelha a uma selva de pedra. Essas lembranças remetem a um tempo no qual e apontadas pelo autor Filipo (1946) como um periodo onde arte e edificações eram planejadas de forma mais harmoniosa, como revelando a dualidade intrínseca do homem da época, ligado aos ideais humanistas, mas preso à realidade do Absolutismo e da Contrarreforma, ao contrario do que é observardo na atualidade. 
A destacar-se no cenário da Cidade Alta o complexo arquitetônico constituído pela Igreja do Galo e pelo Museu de Arte Sacra, ela tem caracteristica similares ás igrejas construidas no XVIII um periodo de crescimento urbanistico da cidade do Natal, sua importancia e tão significativa que faz parte da memória e de contos de cordel como o do autor e poeta Jorge de sena Natal (1969). “De novo a noite longa escura e fria (o Cristo Régio Cristo dos Reis Pereira) Fosse eu Jesus do céu e não viria (era Moreira só e mais das Neves). Brinquedos, prendas, doces, bacalhau, missa do galo, o sapatinho, o abeto a concorrer pagão com o presépio, cartões de Boas Festas, e as cantigas nacionais importadas e folclóricas, e pombinhas da paz de maus poetas”. Todo seu significado nos leva a um periodo da história natalense onde o patrimônio iniciou sua transforma-se em objeto de estudo. Esta pesquisa, intitulada “Memória e patrimônio: um estudo sobre a preservação do convento de Santo Antônio e do seu museu de arte sacra” evidencia o que ainda é preservado e faz parte da nossa história. 
Das construções históricas e artísticas da Cidade Alta, centro da cidade do Natal, uma se destaca de modo especial, gerando curiosidade aos transeuntes pela arquitetura ligada ao período barroco: convento de Santo Antônio também conhecida como Igreja do Galo. O nome de Convento de Santo Antônio ou Igreja do galo. A nomeação foi feita pelo capitão Sanches Caetano da Silva, presidente da província do Rio Grande do Norte, entre 1781 e 1800. Nesse período, a igreja possuía apenas uma torre sineira terminada em cúpula, uma das características mais comuns do período Barroco no Brasil. Sua arquitetura preserva o estilo artístico Barroco tardio, Leva essa definição de tardio pelo fato de que nos séculos abordados acima o Barroco já não era uma tendência artística em voga na Europa. A arte já estava se voltando para os modelos clássicos.
 A construção da Igreja de Santo Antônio teve como objetivo atender a demanda católica que vinha crescendo na cidade. Mesmo sendo uma igreja antiga – construída em 1766 – atualmente, sustenta no seu interior uma peculiaridade comum aos ambientes religiosos destinados às orações laudes, adorações ao santissimo e penitencias. O nome Igreja do Galo, tem origem seu no catavento de bronze, em forma de Galo, que está fixo no topo de sua torre, segundo IPHAN (2008) doado pelo então capitão Sanches presidente da província do Rio Grande do Norte entre 1781 e1800. 
A escolha do complexo Igreja de Santo Antônio e Museu de Arte Sacra como objeto desta pesquisa deve-se ao fato de estar no centro da cidade – local de extremo destaque na história potiguar – e exercer fascínio junto a população pela sua arquitetura barroca, que carrega significados enquanto monumento histórico cultural representante da arte sacra e do período BARROCO. Nesse sentido, a análise apresentada neste trabalho de pesquisa inicia-se com as seguintes questões: a Igreja do Galo e o Museu de Arte Sacra, enquanto integrantes do patrimônio arquitetônico, histórico e cultural tem espaço na memória histórica da sociedade do Natal? Não deveria então, a sociedade, como um todo, conservar estes locais como representativo de seu patrimônio, considerando principalmente sua importância arquitetônica artística e seu acervo sacro? 
Apesar de grande parte da sociedade não ter conhecimento sobre a história, é possível construir conhecimento sobre tal assunto, a partir dos vários artigos escritos produzidos pelos pesquisadores e representantes dos órgãos de proteção patrimonial. Conforme o IPHAN (2008), deve ser notório o conhecimento e a necessidade de preservação pelos historiadores, produtores culturais e também pela sociedade do convento de santo Antônio e do Museu de Arte Sacra, uma vez que são acervos influentes do patrimônio artístico, cultural e histórico da cidade do Natal, do Estado do Rio Grande do Norte. 
O comprimento da legislação vigente sobre a preservação desse patrimônio pode impedir que seus objetos e suas edificações antigas, caiam no esquecimento. O Art. 216, da Constituição da República Federativa do Brasil (1988), define patrimônio cultural brasileiro: os bens materiais e imateriais, individuais ou em conjunto, referências da identidade, da ação e da memória dos grupos formadores da sociedade brasileira (formas de expressão, usos, costumes, criações científicas, artísticas e tecnológicas, obras, objetos, documentos, edificações e espaços artístico-culturais, conjuntos urbanos e sítios históricos, paisagísticos, artísticos, arqueológicos, paleontológicos, ecológicos e científicos). 
No mesmo artigo 216 (Constituição Federal 1988) também estabelece que caberá ao poder público, com o apoio da comunidade, a proteção, preservação e gestão do patrimônio histórico e artístico do país, estabelecendo os incentivos para a produção e o conhecimento dos bens e dos valores culturais, dependentes da memória. [1: Memória, do latim memorĭa, é a faculdade psíquica através da qual se consegue reter e (re)lembrar o passado e suas reminiscências históricas. A palavra também permite referir-se à exposição de fatos, dados, motivos a respeito de um dado assunto, ou uma dissertação escrita de foro científico, artístico, literário ou histórico]
A memória e o patrimônio estão entrelaçados aos encargos constitucionais de proteção dos bens de valor patrimonial. Assim, faz-se necessária uma politica de proteção, guarda, responsabilidade e preservação da Igreja do Galo e do Museu de Arte Sacra, considerando a coo-responsabilidade que a Constituição Federal impõe ao Poder Público federal, estadual e municipal e à sociedade civil através dos municípios, de defender, promover e preservar a historia é mantê-lo viva memória das novas gerações. 
Em vista disso, é de suma importância estabelecer uma ligação na história, na cultura e na memória, sistematizar conhecimentos acerca da proteção da igreja e do museu, enquanto patrimônio histórico, da cidade do Natal, localizado nas dependências do próprio templo, observando o estado de conservação do convento bem como as suas condições museológicas. 
Esse projeto de pesquisa tem por objetivo compreender a percepção da população local sobre a igreja de santo antonio e o museu de arta sacra como patrimonio historicos da cidade, fatos ainda não estudados e descobrir mais sobre a história pertencentes ao Igreja de Santo Antônio e do Museu de Arte Sacra e sobre o seu valor como patrimônio arquitetônico artístico-cultural de modo a compreender,com maior abrangência, a representatividade da Igreja do Galo e do Museu de Arte Sacra para a comunidade local. É de grande significação compreender a necessidade de proteção tanto de sua memória como da arte estrutural – edificação histórica - existente no local, clarificando que a população pode ser favorecida com a sua existência, justificando a real dimensão da proteção da Igreja do Galo e da arte sacra, contida em seu museu.
Observa-se que a edificação e as obras de arte estão cercadas por histórias de descobrimentos, fundações, movimentos artísticos e caracterizações particulares. Sendo assim, a abordagem desse projeto busca construir conhecimentos e demonstrar o quão importante é a proteção da estrutura arquitetônica e das obras artísticas da Igreja do Galo e do Museu de Arte Sacra, no intuito de perceber como a sociedade assimila e preserva esse patrimônio histórico cultural, localizado na rua Santo Antônio, no Bairro Cidade Alta, em Natal.
 Sendo mais conhecida no campo cultural e histórico da cidade do Natal, a Igreja do Galo é um patrimônio tombado em 2010, englobando a Cidade Alta e parte do Bairro da Ribeira, pelo IPHAN, através da Portaria nº 72, de 16 de julho de 2014, que homologou o tombamento do Conjunto Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico do Município de Natal, no Estado do Rio Grande do Norte. e tem, nos arquivos do Instituto, possiveis afirmações sobre sua construção iniciada no período de 1713 a 1714. Sua memória histórica, que é pouca, fundamenta-se na antiguidade da Cidade do Natal e, apesar das dificuldades, tenta manter-se preservada. De acordo com Assmann (2013), à primeira vista, a proteção da memória parece uma coisa inerte, presa ao passado, mas ao ser evocada, no presente, remete ao passado, com olhos postos no futuro. A história e cultura estão ligadas às edificações construídas, que carregam em suas estruturas a noção do crescimento social e geográfico, os sinais de períodos muitas vezes esquecido pela sociedade. Esses locais são testemunhos de fatos e acontecimentos históricos e marcam um grande alteração demográfica.[2: Ministério da cultura 2014, Portaria nº 72, de 16 de julho de 2014 homologa o tombamento do conjunto arquitetônico, urbanístico e paisagístico do município de natal, no estado do rio grande do norte.]
Apesar da idade da igreja, aos olhares menos atentos, sua vida religiosa ainda sobrevive internamente no espaço destinado as sua praticadas, não incluindo o museu de responsabilidade hoje do estado. O interesse na proteção desses bens é tão considerável que existem acordos firmados entre a Santa Sé e a Presidência da República no Decreto nº 7.107 de 11 de fevereiro de 2008, ordem que afirma que ambas as partes, religiosa e política, reconheçam tais lugares como patrimônio histórico, artístico e cultural, relíquias da religião católica e que devem ser prontamente guardadas já que muitos desses bens são considerados pelo Brasil como parte da história do país. 
Como meio de compreender a percepção da população local sobre a igreja de santo antonio e ao museu de arte sacra foi utilizada a pesquisa descritiva e coleta de dados atraves de intrevistas. A partir dessa opção de pesquisa, o projeto busca contribuir com os futuros estudos no campo histórico. Bento XVI (2012) afirma que a falta de atenção dos leigos e religiosos pode pôr em risco a história artística e cultural da igreja. A partir desta preservação podemos garantir o acesso às informações contidas em seus acervos pelos futuros pesquisadores da nossa história e do nosso país que escolherem se debruçar sobre esse assunto. 
O presente trabalho esta estruturado em seis capitulos: introdução; Breve historia do patrimônio arquitetônico do Município do Natal; Um visão histórica e social do complexo Igreja do Galo e Museu de Arte Sacra, subdividido em Igreja de Santo Antônio, Museu de Arte sacra e Acordo da República Federativa do Brasil e a Santa Sé; Metodologia; Analise dos dados e considerações finais. Posteriormente, serão apresentados referências e os apendices.
BREVE HISTÓRIA DO PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO EM NATAL
Neste capitulo, apresenta-se breve história do patrimônio arquitetônico do Município do Natal. Conforme a constituição Federal (1988), as obras, objetos, as edificações, conjuntos urbanos e sítios de valores históricos e artísticos constituem patrimônio arquitetônico.
Quando remetemos essa palavra ao passado nossa imaginação flutua e relembra estruturas antigas preservadas e construídas pelos arquitetos no então Brasil imperial e colonial. Quando pesquisada a história da memoria arquitetônica, nos livros e arquivos do IPHAN (2017), retrata, no caso da nossa cidade, uma ligação voltada mais para parte da econômica social, politica e urbana, ou seja, nosso conjunto arquitetônico pode contar a história de épocas passadas.
O pesquisador de história colonial Oliveira (2008) destaca que no século XVIII teve início uma grande migração de colonizadores do litoral para o interior do Brasil, após a descoberta de ouro nas Minas Gerais e do financiamento à corte de D. João V, no período de 1707 até 1750. A riqueza e o desenvolvimento de determinadas regiões brasileiras qualificaram as obras de arte e as edificações barrocas, deixando um legado ainda existente nos tempos de hoje, que estão protegidos por leis vigentes, pesquisadores e órgãos públicos, que conhecem sua história arquitetônica, talhada a ouro ou não, a exemplo das igrejas de Mariana, São João Del Rey, Tiradentes, localizadas no Estado de Minas Gerais. 
Segundo os arquivos encontrados no site do IPHAN (2017), no Município do Natal, existem mais de 30 bens tombados que se destacam por serem edificações do século XVIII, em sua maioria obras sacras. Destaca-se o centro histórico, que possui um conjunto preservado com elementos urbanos dos estilos Colonial e Barroco que evidenciam a trajetória de modernização da cidade, após a proclamação da República, em 1889. Segundo Trindade (2010), o Forte dos Reis Magos é um dos monumentos históricos mais importantes de Natal e marco inicial da fundação da cidade.  Os dados afirmam o local de origem da expansão urbana da cidade do Natal, a partir do forte do Reis Magos, não descaracterizando a importância das demais edificações tombadas. 
De acordo com Queiroz (2010) a capital potiguar teve um crescimento lento ao longo dos séculos XVII, XVIII até meados do século XIV, quando houve a construção do cais, denominado Tavares de Lira e considerado ponto de escoamento do algodão que vinha do interior da província. O cais, localizado no bairro da Ribeira, foi primeiro núcleo urbano da cidade juntamente com o bairro Cidade Alta. Esses dois bairros constituíam o centro comercial da cidade: A Ribeira voltada para as classes populares; E o Bairro Cidade Alta com o comércio voltado para as elites. 
Na cidade de Natal, ao longo de uma década, foram acontecendo migrações e o crescimento urbanístico em direção ao bairro Cidade Alta. Vale salientar que a questão da migração, pode estar ligada aos vários fatores, que são frisados por Silva (2001): na cidade de Natal, a migração e o crescimento urbano são determinados por situações estruturais (oferta de emprego, serviços de educação e saúde), enquanto mecanismo atenuante das tensões individuais e coletivas. A emigração para centros urbanos ou regionais, reconhecidos como polos de economia regionais e prestadores desses tipos de serviços impacta o crescimento urbano em determinadas variedades estruturais. 
Com a demanda crescente de fieis e com surgimento de prestação de serviços médicos de saúde e estruturas de hospedagem e alimentação, a igreja da época emitiu um documento, afirmando a importância da construção de uma igreja, capaz de absorver a demanda crescente de católicos. Apesar da importância não conseguimos encontra evidências, que comprovem essa afirmação e o que existe são apenas relatos de sua construção, no ano de 1939.
O crescimento populacional cristão, decorrente do um número cada vez maior de catequizados, uma vez que a igrejacatólica era a principal religião do Brasil, desde o século XVI, possibilitou a construção da igreja ligada à expansão geográfica do Município do Natal e às políticas de estado do Rio Grande do Norte. 
Figura 1- Igreja do Galo e o Museu de Arte Sacra
Fonte: autor, 2017
A Igreja do Galo é um dos pontos históricos da cidade do Natal e está localizada no Bairro Cidade Alta, centro do Município do Natal, sito na Rua Santo Antônio, S/N, próxima à Avenida Rio Branco. Foi construída em 1763, conforme os registros do IPHAN (2017), e relatos de autores natalenses. Um dos mais antigos documentos que se refere à Igreja do Galo foi citado por Cascudo no jornal A República, de 1939. Conforme Cascudo, o mais antigo documento que conheço referente à Igreja de Santo Antônio é uma carta concedida ao senhor Alferes José Barbosa de Gouveia, localizada na Rua Santo Antônio, cinco braças e meia de comprido e dez de fundo nesta cidade. No caminho que vai dela para o Rio-de-beber-água, encostando nas outras que já tem nas mesma paragens a rua da Igreja de Santo Antônio, 15 de julho de 1763. 
Esse documento foi encontrado nos arquivos do IPHAN e demonstra o valor da igreja para população não só como monumento religioso, mas como um edifício institucional, considerando que outrora a edificação abrigou o quartel da Polícia Militar (PM), o Palácio do Governo, o Colégio Diocesano e, até os dias atuais, o Convento de Santo Antônio. 
De acordo com os registros do arquivo do Jornal Tribuna do Norte, a Igreja do Galo foi inaugurada no ano de 1775, celebrando-se a primeira missa do Estado do Rio Grande do Norte e também o nascimento da cidade do Natal. De acordo com Azevedo (2002), fazia parte da tradição portuguesa construir uma igreja católica ao inaugurar uma cidade. Além do mais, esse era um dos poucos meios de se obter uma mínima educação, e uma possível posição política na cidade. A igreja foi construída sobre um terreno alto, plano e longe da margem do Rio Potengi e, como já foi apontado neste texto a Igreja do Galo fez parte das esferas política e social do século XVIII.
Quando observamos a história arquitetônica e cultural do complexo convento de santo antonio e Museu de Arte Sacra, através da ótica da produção cultural, é imprescindível visualizar a influência artística nesse patrimônio. A arquitetura recebeu grande influência do movimento de contra-reforma, denominado Barroco, que destacava o racionalismo, o antropocentrismo, o uso exagerado de esculturas dramáticas, que unia o religioso ao profano nas composições em diagonal, aplicação da curva, jogo de contrastes, abóbadas, arcos e contrafortes, conforme Santos (2011) com vistas a propagação do catolicismo e ampliação de sua influência. confirma a imponência da arte cristã no século XVIII. As portas e janelas da igreja demostram uma aparecia muito semelhante a mesma arquitetura de algumas construções existentes em outras cidades do antigo Brasil Colônia.
Para melhor compreendermos as caracteristicas arquitetonicas das edificaçôes barrocas brasilieras, observam-se o Desenho estrutural com visão da janela interna e externa da Igreja colonial de Santa Catarina com alguns traços marcantes, que têm, segundo Oliveira (2008), grande relevência historica e artistica desde o periodo colonial. 
Figura 2 – Desenho estrutural com visão da janela interna e externa da Igreja colonial de Santa Catarina
[3: Desenho retirada do livro documentário arquitetônico relativo á antiga construção Civil No Brasil por José Wasth Rodrigues.]
Fonte: Rodrigues,1979, p,92
Figura 3 – Imagem externa janela Igreja do Galo, Natal, RN
 
Fonte: Autor
Segundo Rodrigues (1979), tais modelos de janelas foram muito abundantes nos estados de São Paulo e em Minas Gerais – mais precisamente na cidade de Ouro Preto. Essas janelas tem por característica uma base de granito em formato de arco e uma abertura dupla de madeira maciça. Outra característica estrutural valiosa da Igreja do Galo é o formato dos detalhes de sua sacada frontal. 
Observa-se abaixo, uma igualdade de detalhes e similaridade entre as entre a igreja de Nossa Senhora da Misericórdia e a Igreja do galo, ambas construídas no Período Barroco, no nordeste brasileiro, nos estados do Rio Grande do Norte e Pernanbuco. De acordo com o pesquisador Rodrigues (1979), apesar de não termos uma confirmação da influência arquitetônica das igrejas de outros estados, existiu uma tendência artística muito profunda ligada ao Barroco.
Figura 4 – Sacada da Igreja do galo
Fonte: Autor
Figura 5 – Sacada da Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia Recife, PE
[4: Disponível: http://www.portalsaofrancisco.com.br/turismo/olinda > Acesso em julho de 2017.]
Fonte: Portal são Francisco
Segundo informações retiradas do próprio site do IPHAN (2017) as igrejas do século XVIII, na sua grande maioria, foram construídas por partes. É provável que a Igreja do Galo seja uma dessas igrejas. A nave, como pode ser chamada a ala central da igreja, foi construída primeira e, após 30 anos, foi construída a torre lateral. Na fachada da Igreja do Galo existem três portas, que se abrem para a ala central da igreja, e um acesso destinado aos padres, freiras e coordenadores de grupos de atividades, integrantes da igreja. A torre da Igreja do Galo tem alinhamento com a nave principal, possui quatros tochas e o coruchéu que termina em uma cúpula de azulejos.[5: Coruchéu é o remate piramidal ou cónico de uma torre ou de um campanário. O coruchéu pode ser de madeira ou de pedra e ser revestido ou não por telhas]
Apesar da torre e da nave terem sido edificadas em épocas diferentes, as pesquisas apontam que ambas foram construídas com as mesmas técnicas e materiais: pedras de arenito. Este detalhe é perceptível apenas aos olhos mais cuidadosos dos conhecedores da arte, pois revelam contextos do período Barroco, segundo IPHAN (2017), registros fotográficos da imagem lateral da igreja do galo.
Figura 6 - Imagem Lateral da Igreja do Galo
Fonte: IPHAN (revista Memórias de Restauração)
O altar ou retábulo da capela é todo feito em madeira é apesar de obter suas características originais não existe brilho em seus detalhes. Também nós chama bastante atenção e o seu simbolismo caracterizado em madeira em esculpido nos altares em formato de folha de acanto que, segundo Rocha (2012) e uma erva mediterrânea, com significado na provações da vida e da Morte, artistas com referências clássicas quase sempre utilizam seja em pinturas ou esculpida em monumentos religiosos antigos da igreja católica. e características que vão de encontro com o Barroco tardio. Em documentos encontrados na Fundação José Augusto, datados de 1979, há relatos que esse altar era todo faiscado em ouro e depois disso sofreu várias restaurações com pinturas desastrosas. 
Conforme o cascudo (1939) memorias de restauração, afirma que o altar foi pintado com óleo branco, pintura paga por ordem de um veterano da guerra do Paraguai. Sua pintura, aos poucos, foi sendo manchada pelo toque dos padres e fiéis. Hoje o altar está pintado a óleo, com avivamento do branco e presença de flores naturais comprados e doadas pelos fies. Da mesma forma seus altares laterais e seu altar-mor central preservam suas características barrocas originais. O arco do cruzeiro revela a matéria principal da construção - pedra de arenito - e seu estado de conservação razoável.[6: Altar-mor altar principal de uma igreja, localizado em ponto oposto à porta de entrada.]
Segundo os documentos do IPHAN (1980) foi assinado um termo de convênio entre a Secretaria de Planejamento da República (SPR) e a Fundação José Augusto (FJA) com a finalidade de captar recursos financeiros através do Programa das Cidades Históricas (PCH) para obras de restauração da Igreja de Santo Antônio. 
Após aprovação em 1981 do projeto com título “Igreja de Santo Antônio – Natal, foi colocado em prática o financiamento que envolvia 80% dos fundos arrecadados pelo Programa de Cidades Históricas (PCH), o Fundo de Desenvolvimentode Programas Integrados (FDPI), a Secretaria Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN) – Pró Memória implementados a partir de 1973, e 20% do Estado do Rio Grande do Norte. Este programa envolvia órgãos executores e intervenientes nos termos de preservação do patrimônio artístico-cultural, vigentes na época, do qual participaram grupo seleto de cidades históricas beneficiadas pelo programa. A imagem abaixo mostra o valor aproximado do projeto.
Figura 7- Balancete financeiro da reforma da igreja do Galo
Fonte: Fundação Jose Augusto (1983) Diário oficial
Com o início do projeto foi observado que o valor projetado para captação de recursos comportava apenas alguns setores da igreja. Esse detalhe é encontrado em várias observações sobre a obra de restauração e mudanças no planejamento orçamentário. Isso demonstra que até o início de 1980 todo planejamento orçamentário poderia sofrer alterações se não houvesse uma criteriosa análise, conhecimentos sobre edificações, preservação e restauro.
 Segundo a Fundação Jose Augusto (1983): 
Após os trabalhos de prospecção, foi verificado que vários serviços não especificados no projeto original eram necessários para complementar o objetivo do projeto. Esses serviços complementares, além de garantirem a própria estabilidade das vigas e pilares da edificação, serviram para completar o conjunto formado pela igreja e pelo convento. Vale salientar que o projeto original previa uma área a ser restaurada de 798 m2 e construção de 229m2. Com os novos serviços, a área de restauração passará a 930m2 e uma área de agenciamento de 738m2. 
As obras de restauração da Igreja do Galo foram concluídas no ano de 1981, segundo notícias no jornal Diário de Natal, reinauguradas em 23 de abril de 1981 conforme convite.
Figura8- Convite para reinauguração da igreja do galo
Fonte: IPHAN (2017)
 Na época, tais restaurações foram consideradas por muitos estudiosos como um dos melhores exemplos de restauração, em Natal, e representou um investimento na ordem de Cr$ 6.7 milhões. Seu valor foi tão significativo que houve um evento no ano de 1981 patrocinado por políticos locais e pelo presidente da Fundação José Augusto conforme mostra a imagem do documento abaixo. (IPHAN, 1981)[7: De acordo com Portal BRASIL. Economia, Cruzeiro (BRB) foi a moeda brasileira que circulou no período entre 15 de maio de 1970 e 28 de fevereiro de 1986. Um cruzeiro equivalia a mil réis. É foi substituído pelo cruzeiro real em 1993. ]
Uma característica arquitetônica e tendência artística do Complexo Igreja do Galo e Museu de Arte Sacra apontada por historiadores e órgãos de proteção do patrimônio artístico-cultural é o estilo Barroco Brasileiro. Para falar especificamente dessa característica faz-se necessário entender o Barroco, iniciado na Europa e como se propagou pelo Brasil.
O estilo Barroco se desenvolveu durante as reformas religiosas ocorridas no século XVI como uma tendência artística que se expandiu para a literatura e para a arquitetura em toda Europa. A arte Barroca manteve um contraste entre a arte e a ciência, deixando-se predominar a emoção sobre o racionalismo renascentista. Já o estilo barroco tardio se desenvolveu no Brasil entre os séculos XVIII e XIX.
De acordo com Burity (2008, P.12), “o Barroco, além da concepção artística, que exige, permite, portanto, que o termo tenha uma concepção histórica. Está consolidado na Europa no século XVII e seus desdobramentos geram manifestações variadas na América Latina”. O Barroco nordestino é um “barroco de contrastes. Tradicionalmente europeu e regionalismo tropical, misticismo austero e sensualidade de curvas, guerra e comércio, geometria e caprichos, configuram todas as influências que recebeu”(BURITY, 2008, p.13), graças ao enriquecimento progressivo da região. 
O período de Arte Barroca abrange o século XVI e, no Brasil, sobreviveu mais que na Europa, até o século XIX, “considerado um estilo decadente, adquirindo até mesmo um sentido pejorativo” (BURITY, 2008, p. 95) desde 1580, evidenciado na fuga às regras tradicionais, atitude predominantemente anticlássica. De ordem imaginativa e movimento e ornamentações tropicais as paredes brancas, o mobiliário e as edificações em pedra, exuberância ornamental em ouro entalhado, criados por mão-de-obra barata dos artistas índicos e mestiços, graças à abundância do cedro e do jacarandá. O Barroco torna-se reflexo de circunstâncias do açúcar escravocrata e do ciclo da mineração e manifestação típica regional. 
Segundo Lemes (2012), o Barroco dominou durante três séculos em terras brasileiras, por ser suscetível à formação das sociedades, a forma de governo e aos níveis de devoção religiosa. Quanto ao início do Barroco, suas linhas impregnaram a Itália, Alemanha, Espanha, França e Portugal. A riqueza angariada no Brasil fez com que o reino buscasse, no século XVIII, um “Barroco já próximo do Rococó, que marcadamente se baseia em referenciais fortes como volutas, vorteios, assimetrias, retábulos e dourificação” (p.56). O Barroco tardio estabeleceu-se na colônia brasileira, especialmente na região das Minas Gerais. Conforme Burity (2008), o Barroco traduz o gosto mestiço e humano, a inquietude na busca pelo ideal de perfeição, nunca satisfeita, o estado de infinita angústia e dor, nos ornatos em ouro, nas colunas, arquitraves, pilastras e detalhes da fauna, flora e frutos do nordeste brasileiro.
No dizer de Santos (2011), o Barroco tardio é chamado dessa forma por ter chegado ao Brasil mais tarde ao que podemos chamar de moda ou tendência arquitetônica religiosa. Para a autora, esse estilo só se manifestou no Brasil graças à ajuda financeira que veio da descoberta do ouro em Minas e suas manifestações começaram nas artes plásticas, na música e na literatura. O barroco tardio caracteriza-se por edificações mais abertas, presença ainda de volutas e do frontão decorado, espaços vazios na decoração interna das igrejas. Observa-se na Igreja do Galo, que o efeito arquitetural esta concentrado na beleza do frontispício com linhas simétricas e belos décors de curvas e contracurvas.
Segundo a Revista histórica World Review, o estilo Barroco teve como um dos artistas mais famosos o brasileiro Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como “Aleijadinho”, influente escultor, entalhador e arquiteto do Brasil colonial. Era filho de uma escrava com um mestre-de-obras e escultor chamado Manuel Francisco Lisboa. Por meio da profissão do pai, Aleijadinho aprendeu o ofício, ainda na infância, de entalhar e esculpir. Seu tio Antônio Francisco Pombal, entalhador na cidade de Vila Rica, também contribuiu para seu aprendizado. Dentre os artistas do Barroco brasileiro destacam-se ainda o pintor mineiro Manuel da Costa Ataíde, o escultor carioca Mestre Valentim, o poeta Gregório de Matos Guerra, conhecido como “Boca do Inferno” e o padre Antônio Vieira, com seus sermões. [8: Disponível:< http://www.infoescola.com/artes/aleijadinho/> Acesso em março. 2017.]
Nesse período, entretanto, a grande maioria dos artistas não costumava assinar seus trabalhos e a identificação das obras e dos artistas foi bastante dificultada, deixando uma grande lacuna patrimonial. Alguns documentos, contratos e recibos dos trabalhos permitiram constatar autoria de algumas obras encontradas em igrejas. O estilo de Aleijadinho foi continuado por inúmeros artistas da época e sua obra mistura diversos estilos, ganhando assim um ar bastante singular.Isso ajudou na construção das igrejas e, consequentemente, na importação de mão de obra artística especializada com a inclusão em algumas obras do Estilo Neoclássico.[9: Disponível:< https://www.ebiografia.com/aleijadinho/> Acesso em Abril. 2017.]
Com um campo vasto de pinturas e arquitetura no Brasil, sempre é apontado em livros especializados como de Rodrigues (1979) a palavra tombamento tem origem portuguesa, e na esfera histórica tem seu nome sempre ligado à proteção de livros específicos, registro de algo que é de valor para comunidade. Mais para entender melhor esse procedimentotemos primeiro que conhecer um pouco sobre seu decreto de lei voltado para sua preservação e suas caracteriza esse processo e como ele pode acontecer em um patrimônio.
Aprovado em 30 de novembro de 1937 o decreto nº25, tem principal objetivo, organizar a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional no decreto ele fala que:
Figura 9: DECRETO-LEI Nº 25, DE 30 DE NOVEMBRO DE 1937
Fonte: IPHAN
Segundo a Secretaria de Cultura do Estado do Paraná (2017), o Tombamento pode ser feito como será dito posteriormente pela União, através do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, pelo Governo Estadual, através da Secretaria de Estado da Cultura (CPC), ou pelas administrações municipais que dispuserem de leis específicas. O tombamento também pode ocorrer em escala mundial, reconhecendo algo como Patrimônio da Humanidade, o que é feito pelo ICOMOS/UNESCO.
Um processo importante pelo qual todo imóvel deve passar antes de ser tombado, envolve uma gama de profissionais da área histórica e cultural, incluindo em seu processo o mais alto escalão do ministério da cultura. Segundo Medeiros (2014) envolve estudos que justificam a motivação do processo a delimitação do poligonal de tombamento e a publicação no diário oficial da União.[10: Poligonal do tombamento área em que concentra patrimônios históricos com determinada delimitação. ]
Vale salientar que a igreja do galo e o museu de arte sacra ambos são Museu tombados a nível federal em decorrência do tombamento do Centro Histórico de Natal, onde a mesma está inserida dentro da poligonal delimitada, ou seja se trata de um tombamento em conjunto, não isolado. Para entender melhor como ambos os patrimônios, podem passar a ser uma referência nacional, e preciso ter conhecimento de algumas etapas pelos quais esse processo deve passar, segundo Medeiros (2014). são eles:
Interesse pela parte de um indivíduo em seu tombamento.
Estudo Bibliográfico do Imóvel, A existência de reiteração e outras documentações.
Apreciação do mérito do seu valor cultural.
Certidões de propriedade.
Estado de conservação, acrescida de documentação fotográfica e Plantas do imóvel.
O tombamento só pode ocorrer se algum individuo interessado der entrada no requerimento de abertura do processo, contendo todas as informações coletadas do imóvel, para que o conselho consultivo possa avaliar o imóvel. Logo após essa etapa, o imóvel passa pelas coordenadorias de proteção de registro e documentação, para só então o processo de tombamento ser aberto. Após abertura, o mesmo e encaminhado para o presidente do IPHAN que o repassara para que o conselho consultivo possa avaliar se aceita ou não a proposta ou processo.
Figura 10: Organograma Ilustrativo das etapas de um processo de tombamento
Fonte:: www.Iphan.gov.br
De certa forma os tombamentos tem como objetivo preservar a memória local, mas seu processo pode se resumir em dois tipos: tombamento por oficio, destinado a bens públicos e o tombamento voluntario ou compulsório para bens particulares, com ou sem anuência do proprietário. Como já foi descrito nesse texto a igreja do galo e seu museu de arte sacra já passaram pelo processo de tombamento a nível nacional é estadual, mais ainda compete, ao governo federal e aos estados, legislar sobre sua competência na execução no pôs tombamento. 
UMA VISÃO HISTÓRICA E SOCIAL SOBRE A IGREJA DO GALO 
	A igreja do galo tem características peculiares que fogem aos olhos menos experientes, como por exemplo, a sua arquitetura que remete ao Barroco tardio, ela contrasta com outras igrejas do mesmo estilo, construídas no mesmo período na região do Nordeste, como a Capela Dourada, do Recife, Estado de Pernambuco, a Igreja e o Convento de São Francisco em Salvador, no Estado da Bahia e a Igreja de São Françisco e o Convento de Santo Antônio, em João Pessoa, na Paraíba que chegam a impressionar pela riqueza de detalhes. 
Entretanto, a influência da fé católica e da colonização portuguesa nas edificações de conventos e igrejas acontece pelo desenvolvimento de ciclos econômicos do período colonial á exemplo de Pernambuco que exportava anualmente 35 arrobas de açúcar e o estado da Bahia que escoava algo entorno de 4.300 a 14.500 kg em ouro por ano. Em ambientes econômicos favoráveis os comerciantes e artistas europeus eram atraídos pelos hábitos, sonhos e estilos artísticos das grandes metrópoles, em especial o Barroco, do espanhol “barrueco” (pérola irregular, imperfeita) que, segundo Burity (2008), na escolástica medieval era entendido como obstáculo, irregular obscuro inimigo da perfeição.[11: ARROBA é uma antiga unidade de massa usada em Portugal, no Brasil e no Sistema imperial de medidas; de massa e volume usadas na Espanha e na América Latina hispânica. Como unidade de massa, a arroba equivale originalmente à quarta parte do quintal, isto é, 25 libras (aprox. 12 kg).][12: Disponível em: http://www.coladaweb.com/economia/economia-colonial> acesso em julho. 2017]
Nas igrejas de Olinda, em Pernambuco e de João Pessoa, no Estado da Paraíba, observa-se que os centros históricos apresentam edificações com detalhes riquíssimos da época da economia açucareira e do ouro, graças ao escoamento e comércio do ouro, o desenvolvimento econômico crescente, possibilitando as maiores doações para as comunidades religiosas, que propagavam a fé, dilatavam o cristianismo, edificavam templos e pacificavam indígenas, assentando as bases da ação missionária, indispensável ao trabalho produtivo e criando “as condições indispensáveis para o domínio do império português”(BURITY, 2008, p.33) .
 Esse desenvolvimento, como já foi dito, atraiu mão de obra artística especializada. Em contramão no Rio Grande do Norte antiga capitania do Rio Grande , possivelmente devido à falta de riqueza e de desenvolvimento econômico não houve uma atração pelo meio dos artistas, tampouco pela nobreza imperial. O comércio norte-rio-grandense iniciou seu desenvolvimento baseado na agropecuária - destaque no período colonial junto ao algodão e a cana de açúcar. Com isso, as igrejas foram construídas de forma modesta e simples destacando-se apenas nos dias de hoje, pela sua arquitetura artística mais simples, porém de valor histórico e cultural.[13: A CAPITANIA DO RIO GRANDE constituiu o segundo lote doado a João de Barros e a Aires da Cunha, devido às dificuldades ali encontradas em 1535, este segundo lote permaneceu abandonado.]
Segundo dois arquitetos de nomes prestigiados no meio religioso Caminha e Caminha (2014), O poder aquisitivo dos membros da igreja mudou, e todo mundo quer qualidade, seja onde for. Tem cultas e celebrações, que duram mais de duas horas e você não quer passar o tempo todo desconfortável. Apesar dos novos projetos arquitetônicos religiosos terem esse novo papel de conforto aos fies, nada pode tirar a importância da história vivida pelas igrejas antigas, sejam elas evangélica ou católica. Os pesquisadores do IPHAN Nesi ( 2007), Melo e Oliveira (2008) confirmam que o Centro Histórico de Natal, as edificações são testemunhas da evolução urbana e arquitetônica da cidade, através das quais se conta uma parte da história do Município do Natal, levando aos descendentes informações a respeito de suas origens, valores e preservando o tecido histórico-social, que fortalece sua imagem e suas identidades.[14: Disponível em: https://oglobo.globo.com/rio/bairros/casal-de-arquitetos-se-especializa-em-construir-igrejas-evangelicas -11886255 > acesso em julho. 2017.]
 3.1 IGREJA DE SANTO ANTÔNIO OU IGREJA DO GALO
Apesar de ser uma igreja bastante antiga, ela ainda preserva suas atividades religiosas desde sua construção com algumas pequenas paradas para sua reforma ao longo dos séculos. Hoje sua arquitetura está escondida em meio aos prédios da grande cidade do Natal e esquecida aos olhos de muitos natalenses. Segundo a autoridade capuchinha, do Convento de Santo Antônio Frei Reginald, a igreja ainda preserva uma arquitetura do Barroco tardio. E ressalta o valor arquitetônico e a importânciada preservação deste patrimônio quando diz; “E de suma importância o conhecimento da memória e preservação deste patrimônio pois as paredes retratam toda história da religiosidade local”. 
Através da entrevista foi perceptível o conhecimento do frei Reginald sobre a política de preservação e restauração vigente, e ainda ressalta: “Sabemos que nosso espaço precisa de cuidado, por isso, toda reforma deve ser solicitada através de documento oficial para o IPHAN. Isso prejudica um pouco nossa logística, mas, no final, sabemos que é pelo bem da preservação”. 
Durante a entrevista, foi retratado pelo Frei o estreito laço com a comunidade local, através de atividades religiosas e sociais que, historicamente fazem parte da vida monástica franciscana, desde a construção do seu convento no ano de 1937, pelo Frei Agatangelo de Cingolli.
As missas são diárias, de segunda a sábado, às seis horas e trinta minutos e, aos domingos, às 10 horas e 19 horas. Aproximadamente 100 participantes, incluindo turistas de outras regiões do país ou do exterior, participam das missas. Como de costume a Ordem Capuchinha também realiza nas dependências da Igreja do Galo confissões nas terças-feiras e quintas-feiras. O projeto ‘’Ronda Paz e Bem’’ beneficia pessoas carentes do centro da cidade e regiões mais afastadas com a distribuição de um sopão e cestas básicas de alimentos, às quintas-feiras e domingos, beneficiando cerca de 150 a 200 pessoas por ação. Essa ação, segundo Frei Reginald, representa apenas uma radiação do carisma capuchinho por meio de atividades religiosas e sociais. [15:  Segundo o site entendendo mundo da educação Radiação é a propagação de energia de um ponto a outro, seja no vácuo ou em qualquer meio material,]
3.2 O MUSEU DE ARTE SACRA
O ser humano tem por caracteristica própria o desejo de comunicar-se com outro seja por meio de pinturas, escritos ou até mesmo sinais. Exemplos disso são as pinturas rupestres criadas pelos homens primitivos das regiões de cavernas, símbolos criados por vários povos ancestrais, pinturas em livros históricos como as feitas em papiro no Livro dos Mortos egípcio, pinturas religiosas que resgatam a história de uma sociedade ou religião e as libras - meio de comunicação criada na França para deficientes auditivos. Todo esse desejo de comunicação faz parte de sua essência, pois é a forma que o ser humano encontrou para externar seus pensamentos e ideias primeiramente organizadas atraves da imaginação. Isso faz parte da essência humana e representa seu mais profundo desejo de que todos conheçam suas vontades em uma dimensão mais ampla em relação ao mundo.
Segundo Jocimara (2014) A pintura foi criada com objetivo de preservar determinado acontecimento, sonho ou perspectiva num tempo em que fotografias como conhecemos hoje ainda não existia. Toda história contida nela só tem sentido se for admirada e passada de geração em geração. Caso contrário, estaríamos vivendo hoje apenas de dados escritos sem nenhuma imagem e, dessa forma, sem comprovação de como de fato aconteceu.
Toda arte seja ela feita de papel, pano ou ferro sofre a ação do tempo e de inimigos microscópicos (micróbios, bacterias, insetos e agentes poluidores) que atacam de forma direta e destroem itens com valores incalculáveis a historia de uma sociedade. 
(Hypólito 2010 p.35) 
Porém, em uma sociedade onde o crescimento econômico é cada vez mais ligado ao turismo é notório o mérito do olhar cultural ( MEDEIROS 2003 p,6). Segundo Odair da Cruz (2015, p. 6), “O turista de hoje procura cada vez mais o conhecimento histórico, linguístico e cultural de uma socidade”. É a partir desse pensamento que esse projeto de pesquisa frisa o merecimento de proteção do patrimônio existente na Igreja do Galo visto que ele não só preserva vários registros religiosos de um passado deixado pelos nossos conterrâneos, mas também tem um objetivo fixado no olhar que as futuras gerações geram dessas construções e das obras de arte contidas no seu interior e também no exterior arquitetônico da construção. 
Apesar da abordagem que defende sua manutenção e preservação, devemos entender que o fato de um prédio ser antigo não caracteriza necessariamente a ideia obrigatória de preservação, pois quando nos voltamos aos elementos culturais abordados acerca do objeto de estudo especificado no início do trabalho observamos que “sempre devemos fazer uma relação entre o meio ambiente, homem e artefato pelo simples fato de que um artefato é um fragmento de uma ampla urdidura” (LEMOS, 2010, p. 13 ) 
Quando falamos do museu existem vários segmentos da sociedade que defendem sua proteção e seu amplo crescimento, mas o que não é percebido pela grande maioria desses segmentos é o simples fato de que uma coleção nunca deve ser tratada como um simples objeto que pode ser retirado do local de origem e tratada como um artefato qualquer. 
Segundo o pesquisador Lemos (2010), todo objeto deve ter dependência e relacionamento com o local de onde pertence e onde pertenceu, ou seja, todo artefato deve ter uma relação específica com o seu local de exposição, não fugindo de suas raízes históricas e culturais. Exemplo no campo da arte católica, segundo Bento XVI (2012) “toda pintura ou monumento tem alguma relação religiosa e uma auto indenficação com o local e o objetivo de sua exposição”. Quando falamos do Museu de arte Sacra existente nas dependecias da Igreja do Galo, identificamos artefatos que ligam religião, arte e história local. Todos os artefatos não são expostos de forma isolada. 
Isso tudo para que haja um mínimo de entendimento histórico. Para isso é preciso que eles estejam organizados de forma que seja possível indentificar sua raiz em relação ao local e o seu espaço tempo entre a história e a cultura. 
Reconstituir um artefato com o objetivo de manter a memória de uma determinada época viva significa, para muitos historiadores, um exercício de compreensão do presente pelo passado, e sobretudo, do passado pelo presente. Essa relação é discutida desde os primeiros pensamentos sobre memória por muitos historiadores como Lucien Febvre, Marc Bloch, Jacques Le Golff entre outros. Ambos alertam que devemos ter um olhar de pesquisador voltado para o passado e presente com a perspectiva de apenas entender o que aconteceu deixando de lado as emoções e paixões que podem influenciar de forma negativa o resultado final da pesquisa que de fato estamos estudando isso na academia. 
Esse olhar minucioso e técnico funciona como um possível ponto de apoio para o pesquisador que tenta entender a história de um local ou objeto preservando sua memória sem influências emocionais. Esse ponto faz parte tanto da história como da cultura e serve para afirmar a necessidade de maior participação por parte da sociedade como um todo na nossa história para que as próximas gerações não sofram um lapso de conteúdo historiográfico. Vejamos o que diz Menezes (2006), que não devemos aprofundar nossas investigações preocupando-se em não reduzir a história a mero estudo do passado, pois a incompreensão do presente nasce da ignorância do passado. E ressalta que vale a pena incentivar a compreender o passado quando se sabe do presente. A relação do passado com o presente deve ser vista pelo ângulo da reciprocidade: como dois fios condutores responsáveis pela elaboração da trama da história.[16: LAPSO é um erro que se comete sem perceber.]
Apesar de o museu estar presente nas dependências da Igreja do Galo, o Convento de Santo Antônio não controla este espaço. Segundo o Frei Reginald, o museu foi criado em 21 de dezembro de 1988 e tem como objetivo recolher, analisar e guardar dados de todos os objetos religiosos doados ou emprestados ao museu. Este acervo inclui prataria, alvenaria antiga, mobiliário e pintura. Para entendermos um pouco do que significa essa arte temos que falar mais profundamente sobre ela e suas características principais. 
Segundo os autores Grobel e Telles (2012), nossa história artística aponta a pintura como a primeira linguagem humanaaté os dias de hoje. Essa expressão faz parte da comunicação de nossos antepassados primitivos que através da arte rupestre memorizavam pensamentos e destacavam sua vivencia tribal. Hoje temos a possibilidade de visualizar tais artes que, na verdade são parte da sua história, se visitarmos sítios arqueológicos.
Apesar de atualmente não nos comunicarmos mais dessa forma, a pintura ainda se faz presente em nossas vidas com outros objetivos. Em um tempo que não existiam fotografias, fotógrafos e nem mesmo as tão conhecidas câmeras digitais, nossa memória de retratos, acontecimentos e paisagens vêm sendo guardada pela obra do artista plástico ou pintor. O material utilizado pelos primitivos para escrever sua espécie de diário e guardar sua memória eram todos da natureza: pedra, raízes e minério de ferro. O artista plástico evoluiu e trocou esses materiais naturais por lápis, giz de cera, carvão, tintas, gessete, papel, madeira e pincel. [17: Segundo o dicionário online Priberan, GESSETE pedaço de gesso em forma de lápis com que se riscam e marcam Desenhos ornamentais]
Eles se utilizam de técnicas para gravar em tela uma situação estilística que, por muitas vezes, não retratam a realidade como de fato a vemos. Uma pintura pode ser uma visão abstrata do artista resultando em algo único e inconfundível. Algo que determina sua própria marca naquela atividade. 
Quando pensamos literalmente na palavra “marca”, nosso imaginário associa a um ponto de similaridade única. E quando pensamos nessa palavra e seu status no âmbito da história, ligamos diretamente a identidade, às raízes e à nossa cultura.
A identidade artística do Rio Grande do norte tem morada cultural neste contexto. Nossos artistas tem deixado na nossa história potiguar, um rastro de identidade de suas vivências, trazendo para nós a memória de um tempo que pode ser na sua física apreciado através de seus documentados. Um dos mais valiosos artistas da nossa terra Cascudo (1965) em seu livro, história Rio grande do norte e o pintor é poeta Hostilio Dantas que tem grandes pinturas em destaque no museu de Arte Sacra. Por isso acreditando que já entendemos um pouco sobre a memória e identidade, podemos seguir adiante, levando em consideração a importância da memoria envolvida de cada obra artística do Museu.
Em suas dependências internas encontramos pinturas neoclássicas e referências renascentistas. Entre tantos destaques no museu a pintura de Santo Antônio, de Hostílio Dantas é a que mais chama atenção. Ela tem 1.19m x 0,88m. 
FIGURA 11- pintura de Hostilio Dantas, retratando Antônio abençoado pelos anjos.
 
Autor: ROCHA (2008)
Ela destaca a imagem do capuchinho Antônio de joelhos em frente ao Menino Jesus que caminha em cima da Bíblia em direção ao braços do religioso, em seu momento de oração. Também destaca sua vida ofertada a igreja.
Ainda no Museu, encontramos várias pinturas que representam santos como uma do século XX que retrata Nossa Senhora dos Prazeres e Nossa Senhora do Rosário que mede 3,70m x 3,15m, outra de meados do século XIX e século XX que retrata a descida de Cristo e mede 1.19m x 0.88m e também imagens sacras do século XII e XX. São obras artísticas riquíssimas devido a sua característica surpreendente dado o momento em que foram concebidas. 
Entrando no caráter da proteção histórica no Museu de Arte Sacra, vale salientar que desde 18 de outubro de 2013, está em vigor o Decreto 8.124/13 que regulamenta o estatuto de museus, ele tem por finalidade a preservação do patrimônio cultural musealizado e passível de musealização, e coloca o setor uma série de ações e procedimentos que devem ser seguidos e confere ao IBRAM ações de fiscalização de caráter pedagógico e orientadora aos museus e ás adequações previstas nas normas do decreto. 
Apesar de existir um decreto em vigor foi encontrado em nossas visitas um espaço que não segue com ás normas vigentes. Infringindo o capitulo II, que afirma são de responsabilidade do IBRAM e dos museus públicos e privados. A preservação, conservação, documentação, restauração e segurança dos bens culturais musealizados e declarados de interesse público; estudos de público, diagnóstico de participação e avaliações periódicas devem ser realizados pelos museus, para melhorar progressivamente a qualidade do funcionamento e o atendimento às necessidades de visitantes e usuários.
O que vamos ver abaixo são obras artísticas e detalhes da edificação em alto nível de deterioração por falta de conservação e restauro.Na pintura “Antônio abençoado pelos anjos” observa-se, que a pintura sofre danos relativos ao excesso de umidade, mofo, bolor, intempéries, poeira, fuligem possivelmente derivadas da poluição. 
Figura 12- Retratando Antônio abençoado pelos anjos
Fonte: Autor
Na próxima figura uma pintura feita a óleo que retrata em detalhes a descida de cristo para os braços do santo padroeiro da igreja de santo Antônio. Com dimensões de 1,19m x 0,88m. Este quadro é de propriedade do convento e esta emprestada ao museu para sua exposição. Está pintura esta datada entre os século XIX e XX. E notório em parte da sua pintura danos que podem se tornar irreparáveis. Sua má exposição já revela a perda do brilho da tela, marcas de objetos na pintura e o desgastes na sua moldura. 
Figura 13- Descida de Cristo da Cruz
Fonte: Autor
No piso superior existe varias exposições de esculturas sacras, que retratam a importância da religião católica para o período em que as mesmas foram construídas. Objetos como prataria e um altar antigo em madeira possivelmente construído no século XIX se destaca entre varias exposições. Mais infelizmente a má exposição e o local mal estruturado esta iniciando nas obras e na parede um processo de corrosão.
Figura 14- Parede do primeiro andar do museu.
Fonte: Autor
Figura 15- Teto do piso superior do museu
Fonte: autor
As imagens que estão no piso superior do Museu de Arte Sacra, não estão sendo expostas de forma segura, não existem câmeras de segurança, iluminação adequada, refrigeração, cordão de isolamento e guia qualificado e redomas de vidro, para impedir o toque dos visitantes nas obras sacras, detalhe para falta de isolamento de vidro nas imagens e da iluminação na exposição.
Figura 17- Nossa senhora da penha Madeira policromada século XIX, detalhe ao vidro solto tocando a imagem.
Fonte: Autor
Figura 18- Imagem de Santo Antônio Madeira do Século XIX e são Francisco, ambos feitos em madeira policromada. 
 
Fonte: Autor
Figura 19 – São Joaquim feito de terra cota policromada do século XVII altura,056m.
fonte:Autor
No piso inferior as obras estão correndo risco com o cupim. E como já constatado com as pinturas, os oratórios muitos construídos entre o XIX e XX estão sofrendo com a humidade e a oxidação feita pelo toque humano. Detalhe cupim na saindo da madeira de algumas obras do térreo!
Figura 16- Mesa de apoio para oratório do século XX. 
Fonte: Autor
Figura 17-Oratorio de culto Domestico com crucifixo, feito de madeira policromada do século XVIII 
Fonte: Autor
Apesar de todo um caráter e linguagem artísticos envolvidos vale salientar que, quando nos colocamos como admiradores ou estudiosos dessa esfera, devemos sempre analisar sua história e perceber que seu objetivo foi inicialmente o culto sagrado, ou seja, arte litúrgica que não só deve conduzir ou representar uma atitude religiosa, mas ser apta a desencadear o culto divino tanto à representação proposta pela imagem como seu valor para a cultura religiosa. Conforme Azevedo (1998), a obra de Arte Sacra é um fenômeno comunicativo da religião que tem como objetivo expressar uma verdade que vai além do racional e do humano. Seu objetivo é celebrar com a comunidade a expressão de um fato religioso e histórico através do olhar do artista e de toda a comunidade na qual está inserida em conformidade com a crença. É uma arte simbólica para a religião e contemplativa para a sociedade.
3.3 ACORDO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E A SANTA SÉEm 1972, a UNESCO promoveu a I convenção referente ao patrimônio mundial, cultural e natural, considerando as obras arquitetônicas, sítios arqueológicos, grupos de edificações, obras humanas e naturais de valor estético, histórico, etnológico ou cientifico, habitat de espécies em extinção, áreas de valor cientifico ou de beleza natural.
Conforme Funari e Pelegrini (2006), a Carta de Veneza (1964) e a Carta de Amsterdã (1975) recomendaram a preservação de obras modestas e a proteção de conjuntos, bairros ou aldeias com significação, interesse histórico e cultural e a integração do patrimônio à vida social. Em 1936, foi criado o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN) e, em 1937, o Decreto-lei nº 25, que organizou a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional e viabilizou os processos de tombamento no Brasil.
A Igreja, por meio legal, tentar criar acordos de conscientização e preservação que asseguram a manutenção de seus acervos históricos e sua memória. Fato esse que chama bastante atenção, pois o Decreto nº 7.107 de 11 de fevereiro de 2010 assinado pelo ex-ministro das relações exteriores Celso Amorim firmado pelo Governo Federal e a Santa Sé destacou como responsabilidade tanto do governo como da instituição religiosa, manter essa preservação .
Ambas as Partes reconhecem que o patrimônio histórico, artístico e cultural da Igreja Católica, assim como os documentos custodiados nos seus arquivos e bibliotecas, constituem parte relevante do patrimônio cultural brasileiro e continuarão a cooperar para salvaguardar, valorizar e promover a fruição dos bens, móveis e imóveis de propriedade da Igreja Católica ou de outras pessoas jurídicas eclesiásticas que sejam considerados pelo Brasil como parte de seu patrimônio cultural e artístico (Decreto 7.107, 2010, ).
Apesar do Art. 6º, do Decreto 7.107, de 2010, reafirmar um acordo político com a Santa Sé, ainda existe falta de conhecimento sobre as leis e decretos presidenciais que regularizam e protegem o patrimônio. Ainda há muito a se esclarecer sobre assimilação patrimonial em Natal num sentido mais amplo com a comunidade e a partir de conhecimentos antropológicos, sociológicos, históricos, artísticos e arqueológicos orientados por especialistas.
METODOLOGIA 
	Como meio de compreender a percepção da população local sobre a Igreja do Galo e o Museu de Arte Sacra foi utilizada a pesquisa descritiva. A entrevista, enquanto técnica de coleta de dados, constitui “forma de dialogo assimétrico, em que uma das partes busca coleta dados e a outra se apresenta como fonte de informação” (GIL,1999 p,117). Através de 19 entrevistas, realizadas com moradores e frequentadores da igreja e do museu. A partir da entrevistas foi possível coletar dados que possam contribuir com o estudo, refletindo sobre a percepção da sociedade sobre a igreja do galo e o museu de arte sacra, enquanto integrantes do patrimônio arquitetônico, histórico e cultural. 
A partir da pesquisa bibliográfica, observou-se a necessidade de fazer visitas à Igreja do Galo e ao Museu de Arte Sacra visto que estes são os objetos de estudo principais do projeto. Os livros, que foram encontrados em sebos e na documentação do IPHAN trazem detalhes pontuais de autores e estudiosos renomados como Cascudo, pontos chave para destacar a história da igreja a título não só de memórias, mas também ao nível de sua dimensão sociohistórica e cultural.
Os dados foram coletados, inicialmente, através de pesquisa bibliográfica estudos sobre o Barroco, Barroco tardio e dados comerciais do Brasil Colônia, e entrevistas com membros da comunidade local e com o frade capuchinho, residente no Convento de Santo Antônio, anexo à Igreja do Galo. Durante a realização do estudo, apresentou-se uma oportunidade de mostrar aos acadêmicos de produção cultural, primeiro semestre, um pouco da história e das pesquisas voltadas à preservação do patrimônio arquitetônico do Natal, em especial da Igreja do Galo e do Museu de Arte Sacra. 
A Metodologia escolhida auxiliou no desenvolvimento e na construção da pesquisa, na coleta dos dados e nos estudos sobre o período artístico do Barroco. O estudo sobre o patrimônio arquitetônico da cidade do Natal possibilitou uma investigação arquitetônica do século XVII, sua relação com a história da Igreja do Galo e com o Museu de Arte Sacra e a construção da igreja e do Museu na sua relação com a cidade e órgãos públicos do Natal.
 Ao todo foram realizadas 24 visitas julho de 2016 a junho 2017,ao patrimônio citado para analisar de perto questões como preservação e cuidados nas obras e sua arquitetura, durante esse tempo, os pontos, abordados como objeto de estudo, foram a arquitetura da edificação e o comportamento da comunidade em relação à igreja e ao Museu. Foram feitas duas edições de entrevistas: Uma com dois frades da ordem capuchinha e outra com a comunidade – pessoas dos 15 aos 60 anos de idade, frequentadoras da missa – como método para coletar os dados necessários.
A entrevista é uma técnicas utilizadas para a coleta de dados e obtenção de informações a respeito de um objeto. Vai além das descrições, das ações, incorporando novas fontes e a interpretação dos resultados pelos entrevistadores, a partir do encontro de duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de um assunto, Conforme Marconi & Lakatos (1992). 
Segundo Gil (1999), as entrevistas podem ser classificadas em: informais, focalizadas, por pautas e formalizadas. Neste estudo optou-se pela pesquisa informal menos estruturada possível e se distingue da simples conversação porque tem como objetivo básico a coleta de dados. Semiestruturadas em duas questões abrangentes, as entrevistas foram apresentadas aos 19 entrevistados, que ficaram livres para expressar suas percepções, ajudando a chegar a um possível entendimento sobre valorização desses patrimônios.
 A entrevista em vídeo foi com um irmão da ordem franciscana, residentes no Convento Santo Antônio. Através delas buscamos entender, seus métodos de preservação e seus feitos sociais atuando pela igreja. Apesar de todos os registros bibliográficos e artigos encontrados, é notória a falta de dados sobre a igreja – fato que mostra como a pesquisa objetiva pode colaborar e desenvolver o conhecimento dos cidadãos sobre esse complexo; Igreja do Galo e Museu de Arte Sacra.
APRESENTAÇÃO DOS DADOS
Neste capítulo, é relevante familiarizar o leitor com os dados obtidos, através de dezenove (19) entrevistas, que foram realizadas com pessoas da comunidade e visitantes da Igreja do Galo e do museu de Arte Sacra, durante o período novembro de 2016 a maio de 2017. Os entrevistados foram identificados por números de 01 a 20 e os dados foram coletados, ora apresentados de forma objetiva, revelam as percepções do patrimônio arquitetônico, histórico e cultural na memória da sociedade do Natal e a compreensão do papel da sociedade na conservação e preservação das duas edificações. 
Conforme os dados das entrevistas, dezoito entrevistados consideram que a Igreja do Galo e o Museu de Arte Sacra são edificações construídas no contexto histórico da cidade do Natal, participaram da formação da cidade, guardam e contam a história do lugar, e, por isso, devem ter espaço na memória da sociedade do Natal. O entrevistado 17 referendou que muitas pessoas sequer sabem que existe um Museu de Arte Sacra, mas todo patrimônio histórico deveria ser preservado e protegido, pois sem ele não temos história. 
A Igreja do Galo e o Museu de Arte Sacra remetem à memória e à identidade, revelando um modo de pertencimento a um grupo social, porquanto são considerados pontos turísticos importantes do Município do Natal. O entrevistado 12 vê como aspecto positivo a conservação das edificações pelo fato de existir ali um grande número de pessoas, praticantes da fé católica, que são os principais interessados em preservá-las. Para o entrevistado 19, a igreja deve ser protegida, pois sem ela não existe assistência aos pobres. Conforme o entrevistado 15, a sociedadedeveria ter uma participação mais ativa na conservação desse patrimônio.
As duas edificações são percebidas como patrimônio arquitetônico, histórico-cultural, que deve ser conservado, não somente pela sociedade, mas pelo Estado e por seus governantes. Entretanto, a sociedade deve ter consciência da preservação e da conservação da Igreja do Galo e do Museu de Arte Sacra, que são peças fundamentais para o conhecimento do contexto histórico do Natal, da história da cidade, de um povo e de suas crenças. Conforme o entrevistado 07, as pessoas de outras gerações percebem a representatividade desses espaços, todavia o cuidado e a conscientização são fundamentais para que permaneçam vivos/existentes na sociedade. 
No dizer do entrevistado 14, ainda há muitas pessoas da cidade que não têm conhecimento da importância dessa conservação. Entretanto, mesmo não conhecendo esse local, o dois patrimônios merecem reconhecimento. A conservação da Igreja do Galo e do Museu de Arte Sacra é de importância real para a história da cidade e da Igreja Católica, fortalecendo a memória das futuras gerações. Conforme entrevistado 16, os dois - igreja e museu - são de fato patrimônio arquitetônico, mas os moradores do Natal, além e não conhecerem sua importância, não colaboram para que a história continue viva. É dever da sociedade civil ajudar a preservar e promover os valores representados por esse patrimônio público, de modo a perpetuar a identidade histórica e cultural do Município do Natal. 
O processo de reflexão dos dados foi realizado a luz de concepções teóricas, acerca do patrimônio histórico e cultural e analise de conteúdo das entrevistas. Seja ele material ou imaterial, o patrimônio tem em sua essência histórica heranças de identidade dos antepassados. Nesse ambiente histórico, o patrimônio torna-se cultural com sua auto identificação seja ela por costumes, conhecimentos ou manifestações tradicionais e religiosas de seus valor para a comunidade do entorno.
Mesmo com esse estudo sobre a percepção e preservação do patrimônio por uma parcela da sociedade do Natal, ainda pernanece a seguinte questão: quais são as suas ramificações e como podemos criar um possível pensamento mais cuidadoso sobre o patrimônio cultural? O pesquisador Lemos (2010) é categórico ao afirmar que “devemos sempre dividir o patrimônio em três grandes ramificações para o melhor entendimento de sua profundidade cultural”. De acordo com o professor: 
As três grandes categorias são: os elementos pertencentes à natureza, os elementos pertencentes ao conhecimento, às técnicas de saber e ao saber fazer é o terceiro que engloba todos os bens culturais. Ainda existe outros pontos que não foram apontados aqui como a capacidade de compreender, técnicas ao saber e ao saber fazer que vai desde a perícia no rastejo de uma caça esquiva na floresta até as mais altas elucubrações matemáticas. Elemento que reúne os chamados bens culturais é o mais fundamental de todos e que engloba todos os elementos anteriores, objetos artefatos e construções obtidas a partir do meio ambiente e do saber fazer. 
(2010, p. 26)
Entretanto, o que vale como ponto-chave para percepção e preservação e restauro de um patrimônio cultural? Para que se entenda a representatividade desse patrimônio em nossa história, torna-se necessário refletir acerca do conceito de cultura. O senso comum entende cultura como “domínio de certos conhecimento e habilidades que permitem a alguns compreender e usufruir de bens ditos superiores, como obras de arte, literatura erudita, espetáculos teatrais” (NEVES, 2003 p.1). 
A Constituição Federal, de 1988, (BRASIL 1988) enfatiza no Art. 216, que o patrimônio cultural brasileiro e integrado pelos bens materiais e imateriais, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diversos grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais incluem; as formas de expressão; os modos de criar, fazer e viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
Ao colocar em questão esses conceitos pode-se fazer a seguinte pergunta: Será que uma parte da nossa sociedade está correta, quando afirma que cultura só pode ser absorvida, vivida, ou até mesmo praticada por aqueles que têm conhecimento didático superior? Ou todo ser humano pode praticar cultura sem o conhecimento que tantos afirmam ser necessário ter? Esse questionamento é levantado para chegarmos a uma possível conclusão sobre o conceito de cultura que uma parcela da sociedade entrevistada neste trabalho tem.
Quando se pesquisa sobre a ideia de que todo ser humano tem o entendimento da cultura de forma direta ou indireta chegamos a um possível conceito antropológico que não fica limitado ao que o senso comum chama de compreensão superior. Este conceito vai mais além e afirma que essa “compreensão faz parte de todo ser humano portanto, todo ser humano racional, tem capacidade de desenvolver atividades complexas seja ela no campo material ou na linguagem” (Neves, 2003, p.1).
Quando observamos isso na prática notamos a capacidade humana de adaptação com a natureza. Observa-se que, no interior do Rio Grande do Norte, as casas são construídas com material retirado da natureza. No panorama interno dessa residência é possível encontrar símbolos, fotos de familiares e religiosos que dão sentido à ideia de que existe a necessidade de proteção simbólica desse indivíduo. 
Podemos observar que no campo antropológico existe plena igualdade entre o conhecimento cultural e o conhecimento do senso comum também chamado de crendice popular onde é notório que cultura e história vivem de forma mais intensa dentro de cada pessoa. A ideia do que é cultura e de seu conhecimento só é externada a partir da permanência, mesmo nos dias de hoje, de uma simbologia muitas vezes antiga como forma de controle do comportamento humano. Aqui não há distinção de classes ou limitação de conhecimento cultura.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho teve o objetivo pesquisar sobre a história arquitetônica da Igreja de Santo Antônio, ou Igreja do galo, e as obras artísticas do Museu de Arte Sacra. Ao longo do estudo, percebeu-se que a manutenção da memória e da história estão nas edificações da Igreja e nas obras do Museu, nos documentos e registros do IPHAN, bem como, na sua própria estrutura, localizada no bairro Cidade Alta, centro histórico do Município do Natal, Estado do Rio Grande do Norte.
Ao longo da pesquisa, apresentaram-se dificuldades por falta de documentos detalhados sobre a história dos objetos e das obras de arte (pinturas) do museu de Arte Sacra e sobre a edificação Igreja do Galo. Ao analisarmos o seu interior ficou notado à falta de conhecimento histórico e cultural por parte dos guias, que são designados pelo governos e órgãos públicos, além da falta de cuidados aos objetos históricos que são expostos. 
As imagens que estão no piso superior do Museu de Arte Sacra, não estão sendo expostas de forma segura, não existem câmeras de segurança, iluminação adequada, refrigeração, cordão de isolamento e guia qualificado e redomas de vidro, para impedir o toque dos visitantes nas obras sacras. O ambiente que deveria ser higienizado e preparado para receber esse tipo de arte, não está salubre, isso é evidente no piso superior. 
Ao analisar toda uma gama de fatores sobre preservação e proteção do patrimônio chega-se à conclusão de que o estado não está cumprindo com seu papel na proteção da memória religiosa local, quebrando as normas previstas no Decreto nº 7.107. Uma solução mais viável seria desburocratizar os recursos destinados à manutenção do museu, implementar a pesquisa sobre o complexo Convento de Santo Antônio e Museu de Arte Sacra, melhorando assim o espaço e tornando o museu um local salubre e de usufruto do direito

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