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1 AÇÃO DE USUCAPIÃO

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FUNDAÇÃO ALAGOANA DE PESQUISA, EDUCAÇÃO E CULTURA- FAPEC
FACULDADE DE TECNOLOGIA DE ALAGOAS - FAT
CURSO DE DIREITO
DIOGO FERREIRA DA ROCHA
ERINALDO CARMO DOS SANTOS
EUDIMAR MAGALHÃES GOMES JÚNIOR
JOCELINE COSTA DUARTE DAMASCENO
KAREN VALÉRIA TAVARES DE OLIVEIRA FERREIRA
MÁRCIA CRISTINA SERPA
AÇÃO DE USUCAPIÃO
Maceió – AL
2018
Diogo Ferreira da Rocha
Erinaldo Carmo dos Santos
Eudimar Magalhães Gomes Júnior
Joceline Costa Duarte Damasceno
Karen Valéria Tavares de Oliveira Ferreira
Márcia Cristina Serpa
AÇÃO DE USUCAPIÃO
Trabalho apresentado à disciplina de Processo de Execução Civil e Cautelar, como requisito parcial para obtenção de nota da VA2.
Orientador: Prof.º Ms. Cícero Alberto Mendes Ferreira.
	
Maceió – AL
2018
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho acadêmico tem por objetivo resumir o assunto sobre usucapião, mais precisamente em relação à ação de usucapião de bens imóveis e seu procedimento até a execução da sentença. A usucapião está disciplinada nos artigos 183 e 191 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB/88) e nos artigos 1.238 a 1.240-A e 1.071 do Código Civil de 2002 (CC/02), bem como do artigo 9º ao 14 da Lei 10.257/2001, o chamado Estatuto das Cidades. 
Serão abordados o conceito de usucapião e suas espécies e o procedimento para interposição da ação de usucapião judicial e extrajudicial, que se constituem em importante recurso para aquisição de propriedade imóvel.
Para tanto, foram feitas pesquisas bibliográficas tendo como referências os doutrinadores civil e processualista civil Pablo Stolze Gagliano e Daniel Amorim Assumpção Neves, respectivamente, bem como na legislação constitucional e civil vigentes.
2 USUCAPIÃO
A usucapião é modo originário de aquisição da propriedade, mediante o exercício da posse pacífica e contínua, durante certo período de tempo previsto em lei. Trata-se de uma forma de prescrição aquisitiva, razão por que estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, conforme previsão do art. 1.244 do Código Civil de 2002 (CC/02).
Conforme leciona Stolze (2017), os fundamentos da usucapião são a necessidade de segurança jurídica e a função social e para sua configuração são necessários três pressupostos, quais sejam a posse; o decurso do tempo e o animus domini. 
2.1 ESPÉCIES
A usucapião pode recair tanto sobre bens móveis quanto sobre imóveis, sendo a usucapião sobre bens imóveis ficará discriminados em três espécies: extraordinário, ordinário e especial (rural e urbana).
Usucapião extraordinária, previsto no artigo 1.238 do Código Civil, tem como requisitos a posse ininterrupta de 15 (quinze) anos, exercida de forma mansa e pacífica com ânimo de dono, que poderá ser reduzida para 10 (dez) anos nos casos em que o possuidor estabelecer no imóvel a sua moradia habitual ou nele tiver realizado obras e serviços de caráter produtivo. A usucapião ordinária está prevista no artigo 1.242 do mesmo diploma legal e tem como requisitos a posse contínua, exercida de forma mansa e pacífica pelo prazo de 10 (dez) anos, o justo título e a boa fé, reduzindo esse prazo pela metade no caso de o imóvel "ter sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante em cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico", nos termos do artigo 1.242, parágrafo único do CC.
A usucapião rural, também denominado pro labore, tem como requisitos a posse como sua por 5 (cinco) anos ininterruptos e sem oposição, de área rural não superior a cinquenta hectares, desde que já não seja possuidor de qualquer outro imóvel, seja este rural ou urbano. Ainda apresenta como requisito o dever de tornar a terra produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia. Já a usucapião urbana, também denominado de pro misero ou pró-moradia, tem como requisitos a posse sem oposição de área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados por 5 (cinco) anos ininterruptos, utilizando-a como moradia sua ou de sua família, sendo vedada a posse de qualquer outro imóvel. As usucapiões rural e urbana estão previstas nos artigos 1.239 e 1.240 do CC, respectivamente.
O artigo 10 do Estatuto da Cidade (Lei n° 10.257/2001) prevê a usucapião coletiva que tem como requisito a ocupação por 5 (cinco) anos ininterruptos e sem oposição de áreas urbanas com mais de duzentos e cinquenta metros quadrados por população de baixa renda com o fim de constituir moradia, com a ressalva de que os possuidores não sejam proprietários de qualquer outro imóvel, como nos outros casos de usucapião. 
A Lei n° 12.424/11 acrescentou o art. 1240-A ao Código Civil, que prevê a possibilidade da usucapião da propriedade dividida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar àquele que exercer, por 2 anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250 metros quadrados, utilizando-o para sua moradia ou de sua família e desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
3 AÇÃO DE USUCAPIÃO
A ação de usucapião, segundo o Novo Código de Processo Civil de 2015 (NCPC/15), se processará mediante procedimento comum, ao contrário do que era previsto no CPC de 1973, o qual previa que a ação de usucapião se dava mediante procedimento especial. Essa ação deve ser ajuizada no foro da situação do imóvel, que será minuciosamente discriminada na inicial.
Para seu ajuizamento, obedecidos os requisitos materiais, embora o NCPC tenha sido omisso em relação a alguns requisitos processuais para a ação de usucapião, dois deles devem ser observados pelo autor. O primeiro é em relação à citação, que nos termos do art. 246, §3º, deve ser feita pessoalmente a todos os confinantes do imóvel, exceto se for unidade autônoma de prédio em condomínio, caso em que será dispensada. 
O segundo requisito é a necessidade de publicação de editais na ação de usucapião imóvel, conforme previsão do art. 259, inciso I do NCPC.
 Em todos os atos do processo deverá intervir o representante do Ministério Público. Embora o Código de Processo não mencione especificamente a exigência de intervenção do MP na ação de usucapião, ela deverá ocorrer por cuidar-se de matéria de interesse social relevante, a teor do artigo 178, I do NCPC.
Após o processamento do feito e julgada procedente a ação, é prolatada a sentença que tem efeito meramente declaratório, tendo em vista que o direito à propriedade se constituiu no momento em que os requisitos materiais foram alcançados pelo possuidor. A sentença que reconhece e declara o direito tem efeito erga omnes, segundo parte majoritária da doutrina, eficácia retroativa à data em que o direito se constituiu.
Transitada a sentença em julgado, deve ser expedido o mandado destinado ao Oficial do Cartório de Registro de Imóveis, para que seja aberta matrícula, se for o caso, e nela registrada a sentença. Portanto, o título judicial hábil a determinar e permitir o registro da sentença declaratória do domínio por usucapião é o mandado.
Cumpre destacar que, por ser forma originária de aquisição da propriedade, possíveis vícios anteriores, como hipoteca, penhora, etc. deixam de existir, passando o bem a ser livre e desimpedido de quaisquer ônus.
3.1 USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL
A Usucapião Extrajudicial se insere no fenômeno da desjudicialização ou extrajudicialização do direito, caracterizado pelo deslocamento de competências do Poder Judiciário para órgãos extrajudiciais, notadamente as serventias notariais e registrais. Deste modo, a Usucapião Extrajudicial será requerida pelo interessado ao registrador de imóveis da situação do bem. A ele compete conduzir o procedimento administrativo que levará ao registro da Usucapião, se forem provados os seus requisitos legais enão houver litígio. A escolha pela via extrajudicial cabe à parte, que poderá optar por deduzir o seu pedido em juízo se assim preferir, ainda que não haja litígio. 
O procedimento se inicia a requerimento do usucapiente, respeitando o princípio da instância que rege o direito registral imobiliário. A parte deverá estar assistida por advogado, exigência legal decorrente da complexidade do ato postulatório. A petição será acostada a prova documental pré-constituída, para comprovar a posse prolongada pelo tempo exigido no suporte fático de usucapião invocado.
Os documentos a serem apresentados para esse tipo de procedimento são o justo título, se houver; a prova da quitação de tributos e taxas e quaisquer outros que evidenciem a posse, como contratos de prestação de serviço no imóvel, correspondências, bem como as certidões negativas de distribuição, que comprovam a natureza mansa e pacífica da posse. O legislador faz referência ainda à apresentação de ata notarial como meio de prova.
5 CONCLUSÃO
Ao final do presente trabalho fica evidente que os objetivos da pesquisa bibliográfica foram alcançados, tendo em vista a abordagem de forma sucinta, porém objetiva, do conceito, espécies e procedimentos relativos à ação de usucapião imóvel, como também em relação ao recente procedimento inserido pelo NCPC, que é a usucapião extrajudicial. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Manual de direito civil – Volume único. – São Paulo: Saraiva, 2017.
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil – Volume único. 10. ed. – Salvador: JusPodivm, 2018.
 
Planalto. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20152018/2015/lei/l13105.htm> Acesso em 28 de novembro de 2018.
Planalto. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/2002/L10406.htm> Acesso em 28 de novembro de 2018.
Planalto. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm> Acesso em 28 de novembro de 2018.

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