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TALASSEMIAS ALFA E BETA A talassemia β é uma doença hereditária frequente da hemoglobina, e tem sido encontrada em praticamente todas as populações estudadas. Mutações em genes de cadeias globínicas resultam na produção de proteínas anômalas (hemoglobinopatias estruturais) ou na redução ou ausência de síntese de um ou mais tipos de cadeias globínicas (talassemias), constituindo assim as hemoglobinopatias hereditárias (Bunn e Forget, 1986). As talassemias mais conhecidas são as α e β, pela frequência e manifestações clínicas de considerável importância nos portadores, já que as cadeias α e β formam a hemoglobina A (Bunn e Forget, 1986; Higgs, 1993). Talassemia β menor: também denominado traço talassêmico, são heterozigotos clinicamente assintomáticos e habitualmente não necessitam de tratamento apesar de apresentar microcitose, hipocromia e níveis de hemoglobina levemente abaixo dos níveis normais. Embora o defeito possa ser detectado por exames laboratoriais específicos, é frequentemente confundida com anemia por carência de ferro (Zago, 2004). Talassemia β intermediária: essa denominação reserva-se para casos sintomáticos que espontaneamente mantém níveis de hemoglobina de 6-9 g/dl, que não dependem de transfusões regulares (Zago, 2004). Talassemia β maior: é resultante de homozigose ou heterozigose composta para os genes da globina β, e corresponde à forma mais grave da doença, dependente de transfusão, com quadro clínico composto de anemia intensa, esplenomegalia, deformidades ósseas e graves alterações no crescimento, no desenvolvimento e na reprodução. A maioria dos pacientes necessita de transfusões regulares, a cada 3 ou 4 semanas, seguidas de um regime de quelação do excesso de ferro. Este regime de transfusão/quelação deve ser iniciado o mais precocemente possível, para evitar deformidades ósseas e danos ao pâncreas, fígado, miocárdio e outros órgãos (Cappellini, 2000). A definição entre talassemia menor, intermediaria ou maior é fundamental na prática clínica, pois define o tipo de tratamento que o paciente receberá. No entanto, essa distinção nem sempre é fácil, uma vez que o quadro clínico pode ser resultante de grande número de combinações moleculares (Weatherall, 1990). Os sintomas da talassemia, são semelhantes aos sintomas de anemia por deficiência de ferro ou outros tipos de anemia: falta de apetite, palidez, irritabilidade, deficiência do sistema imune, atraso no crescimento, sonolência, fraqueza etc. O diagnóstico laboratorial das talassemias é feito por hemograma e eletroforese de hemoglobina. Também é possível estudar a mutação genética específica. A eletroforese de hemoglobina é uma técnica diagnóstica que tem como objetivo identificar os diferentes tipos de hemoglobina que podem ser encontrados circulantes no sangue. A hemoglobina é uma proteína presente nas hemácias responsáveis por se ligar ao oxigênio, permitindo o transporte para os tecidos. O diagnóstico de talassemia beta menor não é possível de ser feito pela triagem neonatal “exame do pezinho”, enquanto na talassemia alfa encontra-se a hemoglobina Bart’s (só é detectada no recém-nascido) na triagem neonatal. Apesar de não ser doente, a pessoa com talassemia menor ou traço alfa-talassemia deve ser identificada, para fins de orientação familiar e para estabelecer o diagnóstico diferencial entre anemia ferropriva. O diagnóstico confirmatório é através da eletroforese em PH alcalino, geralmente realizada em acetato de agarose ou celulose, esse exame continua sendo a principal forma de quantificação e qualificação de hemoglobinas normais e anormais. A diminuição da síntese de cadeias betas que ocorre na beta-talassemia, é devido a uma mutação em ponto, que acarreta uma deleção ou inserção de nucleotídeos, podendo assim o indivíduo apresentar uma ausência na produção de cadeias betas, a chamada talassemia beta zero, ou mesmo uma redução na síntese de globinas, denominada talassemia beta mais. Algumas doenças genéticas podem ser causadas pela perda ou pelo ganho de parte de um ou mais genes e essas alterações são comumente denominadas de variações de número de cópias (CNVs) e compreendem as deleções e duplicações. Exames específicos como os de Amplificação Multiplex de Sondas Dependente de Ligação (MLPA), é considerado, padrão-ouro para a detecção de deleções e duplicações. O MLPA (Amplificação Multiplex de Sondas Dependente de Ligação) é indicado para investigação de condições com suspeita clínica conhecida, pois é um exame altamente específico e robusto e sua técnica é baseada na análise dos picos que se referem ao número de cópias de paciente comparadas a amostra controle. As sondas, de tamanhos diferentes, são especificamente posicionadas nos genes de forma uniforme permitindo à amplificação somente das sondas que se ligaram às regiões alvo. Como o processo de amplificação é exponencial, perdas ou ganhos de material genético serão suficientes para gerar um sinal diferente daqueles obtidos em amostras controle. O tratamento depende da gravidade da talassemia: Para as talassemias do tipo minor, a forma mais comum, o tratamento não é necessário. Talassemia intermédia pode ser tratada com transfusões de sangue e suplementos de ácido fólico. O ácido fólico é uma vitamina que seu corpo precisa para produzir células vermelhas do sangue. A talassemia major necessita de transfusão de sangue regular, e de terapias medicamentosas para retirar o excesso de ferro que acumula nos órgãos (quelante de ferro). O transplante de medula óssea também pode constituir uma solução terapêutica. Alunas: Giulia Stephanie, Ingrid Hipólito, Leila Alessandra e Macileia Aguiar. http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/309325/1/Bezerra_Marco sAndreCavalcanti_M.pdf https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/249941/mod_resource/content/ 1/Talassemias.pdf?forcedownload=1