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INTRODUÇÃO Este trabalho foi realizado no âmbito da disciplina de Direito e Globalização, com a intenção de tornar compreensível a situação proposta pela coordenação do curso de direito, referente a Tráfico de pessoas. Ao considerar que o patrimônio é uma garantia dos credores, quando o empresário ou sociedade empresária se encontra em crise financeira, e seu patrimônio já não é mais suficiente para saldar as dívidas contraídas, inevitavelmente, deixará de honrar pagamentos de dívidas assumidas. Dessa forma, os credores que têm créditos vencidos ou que está preste a vencer terá maior chance de escapar da inadimplência do devedor, uma vez que os outros credores estão impedidos de cobrá-lo antes do vencimento da obrigação. Consubstanciado no intento de evitar inconcebível injustiça, afinal, os primeiros cobradores receberiam a integralidade de seus créditos, desfavorecendo os demais credores que muito pouco ou talvez nada receberiam, o instituto da falência foi criado para assegurar a igualdade de oportunidades aos credores de um empresário ou sociedade empresária insolvente e insuscetível de recuperação judicial. O princípio conditio creditorum, será consubstanciado na igualdade de condição aos credores. Isso porque,com exceção das preferências impostas por lei, todos os credores, de forma igualitária, concorre à distribuição proporcional do ativo do devedor, decorrente da venda judicial dos bens verificados e arrecadados, configurando um processo de execução coletiva ou concursal. O Prof. Ricardo Negrão, afirma que: “Falência é um processo de execução coletiva, no qual todo o patrimônio de um empresário declarado falido – pessoa física ou jurídica é arrecadado, visando pagamento da universalidade de seus credores, de forma completa ou proporcional. É um processo judicial complexo que compreende a arrecadação dos bens, sua administração e conservação, bem como a verificação e o acertamento dos créditos, para posterior liquidação dos bens e rateio entre os credores. Compreende também a punição de atos criminosos praticados pelo devedor falido”. Com a elaboração deste trabalho temos a intenção de mostrar: Principais diferenças entre recuperação de empresas e falência Análise da lei 11.101/2005 Parecer jurídica da questão apresentada Texto a respeito de recuperação judicial e falência DIFEREÇAS ENTRE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS E FALENCIA Vários fatores podem fazer com que uma empresa perca o rumo e entre numa situação de endividamento. Concorrência, má administração e a crise econômica, são apenas alguns deles. O endividamento pode chegar à tal ponto, que pode ser necessário abrir um processo de recuperação judicial. E, se verificada a situação de insolvência (onde os ativos são insuficientes para honrar com as dívidas da empresa), será preciso pedir a falência da empresa. Mas, você sabe o que ambas significam de fato e qual a diferença entre elas? Para tirar as suas dúvidas, vamos te dar o conceito dos dois termos. Acompanhe! O que é a recuperação judicial? O termo recuperação judicial foi criado pela Lei 11.101/2005. Ela é utilizada para evitar a falência da empresa. Neste processo, são tomadas medidas para a reorganização econômica, administrativa e financeira da empresa, feitas com a intermediação da Justiça. De modo geral, a empresa precisa passar por um processo de recuperação judicial quando está endividada e não consegue gerar lucro suficiente para cumprir suas obrigações, como pagar seus credores, impostos, fornecedores e funcionários. Por isso, a recuperação interessa não só ao devedor, mas também às outras partes envolvidas com a empresa. É o caso dos credores e dos empregados, que terão seus interesses garantidos. Ou seja, haverá a possibilidade de recuperação dos créditos e da manutenção dos empregos. Segundo o Dicionário Financeiro, o processo de recuperação judicial serve para empresas que possuem uma ou mais das seguintes características: Estado de insolvência já instalado ou próximo (pré-insolvência); Desordem administrativo-financeira; Funcionários desmotivados; Problemas tributários e fiscais; Incapacidade de gerar valor. Etapas da recuperação judicial O processo de recuperação se divide em três etapas. São elas: 1ª – Fase postulatória Aqui o devedor entra com a ação e pede a sua recuperação judicial. Ele deve apresentar alguns documentos que comprovem a crise da empresa, como as dívidas que possui, a contabilidade dos últimos três anos, entre outros. O pedido será aceito se o empresário cumprir alguns requisitos. Ele não pode estar falido e não pode te passado por outro processo de recuperação judicial nos últimos cinco anos. Também não pode ter obtido a concessão de um plano especial de recuperação judicial e não ter sido condenado por nenhum crime previsto na lei de falências. 2ª – Fase deliberativa Nessa etapa, será decidido se a empresa tem direito ou não à recuperação judicial. O empresário deve ter cumprido os requisitos e ter apresentado os documentos necessários. Assim, o juiz dará início ao processamento do pedido do devedor. A partir daí, será nomeado um administrador judicial e haverá a suspensão de todas as ações contra o devedor. Depois disso, os credores da empresa devedora serão contatados para formar uma assembleia, para avaliar o plano de recuperação judicial apresentado pelo devedor. Os credores devem aprovar o plano por unanimidade para que o juiz conceda a recuperação judicial. Caso contrário, será decretada a falência do empresário. 3ª – Fase de execução Então entra a fase de execução do plano de recuperação judicial, se houver o aval da assembleia de credores. Durante a execução do plano, que tem validade de dois anos, todas as obrigações que constam nele devem ser cumpridas. O que é o plano de recuperação? Nada mais é do que a proposta apresentada pelo devedor aos seus credores para sair da crise. Através do plano, é realizada uma análise profunda da empresa, para identificar seus pontos fracos e apresentar sugestões para os corrigir, de forma que a empresa volte a dar lucro. A empresa passará então por um diagnóstico da sua contabilidade real. A próxima etapa é elaborar um laudo de viabilidade econômica, que irá projetar as margens de lucro e de faturamento para o caso de o plano ser implementado. Para as micro e pequenas empresas, há um plano de recuperação especial, previsto pela Lei 11.101/2005. Esse plano possui algumas condições pré-estabelecidas. O que é a falência? A falência ou processo falimentar, também faz parte da Lei 11.101/2005. O devedor pode decretar falência quando os ativos da sua empresa não são suficientes para quitar as dívidas contraídas. É preciso que o empresário tenha cuidado na hora de tomar essa decisão, que não é fácil A falência pode ser decretada pelo próprio devedor; o cônjuge ou qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante (chamado de falência de espólio); o cotista ou o acionista do devedor na forma da Lei ou do ato constitutivo da sociedade (Contrato ou Estatuto Social) ou qualquer credor. Nesse processo, são liquidados e vendidos os ativos da empresa, e passa-se a pagar as dívidas com os credores, conforme a ordem prevista em lei. Se houver sociedade, todos os membros têm obrigações com relação às dívidas, conforme sua participação na empresa. No caso dos funcionários, todos que estão ligados à empresa no momento do pedido de fechamento por dívida, têm direito a seus créditos trabalhistas, inclusive o valor proporcional de férias, 13º salário e FGTS. Conclui-se então que a diferença entre ambas, é que a recuperação judicial é uma possibilidade de evitar a falência, que é o último estágio, quando não há mais a possibilidade de recuperação da empresa. PARECER JURIDICO Problema apresentado: “Paulo Petronizildo e Pedro Paulinizildio são sócios em uma sociedade limitada que exerce atividade no setor de oficina mecânica e funilaria. Osvalnidio Perruque, fornecedor de tintas automotivas tem um crédito para receber no valorde R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais), referente produtos comprovadamente fornecidos e que não foram pagos. Ele tentou receber por todos os meios amigáveis possíveis, mas não teve êxito. Ele ficou sabendo que Paulo e Pedro venderam todas as máquinas e equipamentos da empresa para um ex-empregado que, em seguida à compra, formalizou um contrato de locação das mesmas máquinas e equipamentos para a oficina mecânica e funilaria que, em razão disso, agora paga aluguel e não é mais proprietária dos bens. O credor fez uma rápida pesquisa na vizinhança e descobriu que essa venda dos bens é fraude, inclusive porque o ex-empregado nem teria recursos para comprar os bens, porque é aposentado, tem a esposa muito doente e vive com poucos recursos para custear todas as suas responsabilidades. Osvalnidio Perruque procura o escritório de advocacia dos membros do grupo para saber como proceder para receber os valores de seu crédito” Neste caso, podemos identificar que os devedores adotaram o instituto fraude contra credores, que é quando o devedor tem a intenção de prejudicar ou causar algum dano ao credor no âmbito de receber o que é seu direito. A fraude pode ser caracterizada pela má-fé, o que deixa nítido e passa o intuito de lesar o credor. O crime de fraude a credores está expressamente previsto no artigo 168 da LFRE (lei de falência e recuperação judicial): “Art. 168. Praticar, antes ou depois da sentença que decretar a falência, conceder a recuperação judicial ou homologar a recuperação extrajudicial, ato fraudulento de que resulte ou possa resultar prejuízo aos credores, com o fim de obter ou assegurar vantagem indevida para si ou para outrem.” A venda fraudulenta que os devedores fizeram foi com o intuito de não liquidar e vender os ativos da empresa para pagar as dívidas ao credor. A partir dos fundamentos do artigo 168 da LFRE e da lei 11.101/2005, podemos afirmar que Osvanildo Perruque possui direito de pedir a falência da empresa de Paulo e Pedro TEXTO Prevista na lei 11.101/2005 a recuperação judicial é utilizada para evitar a falência da empresa. Dessa forma, são tomadas medidas para a reorganização econômica, administrativa e financeira da empresa, feitas com a intermediação da Justiça. A empresa precisa passar por um processo de recuperação judicial quando está muito endividada e não consegue gerar lucro suficiente para cumprir suas obrigações, como pagar seus credores, impostos, fornecedores. Sendo assim, a recuperação interessa não só ao devedor, mas também às outras partes envolvidas com a empresa, como credores e empregados. A falência também faz parte da Lei 11.101/2005. Nela, o devedor pode decretar falência quando os ativos da sua empresa não são suficientes para quitar as dívidas contraídas. A falência pode ser decretada pelo próprio devedor; o cônjuge ou qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante (chamado de falência de espólio); o cotista ou o acionista do devedor na forma da Lei ou do ato constitutivo da sociedade (Contrato ou Estatuto Social) ou qualquer credor. Nesse processo, são liquidados e vendidos os ativos da empresa, e passa-se a pagar as dívidas com os credores, conforme a ordem prevista em lei. Se houver sociedade, todos os membros têm obrigações com relação às dívidas, conforme sua participação na empresa. No caso dos funcionários, todos que estão ligados à empresa no momento do pedido de fechamento por dívida, têm direito a seus créditos trabalhistas, inclusive o valor proporcional de férias, 13º salário e FGTS. Conclui-se então que a diferença entre ambas, é que a recuperação judicial é uma possibilidade de evitar a falência, que é o último estágio, quando não há mais a possibilidade de recuperação da empresa. Neste caso, podemos identificar que os devedores adotaram o instituto fraude contra credores, que acontece quando o devedor possui intenção de prejudicar ou causar algum dano ao credor no âmbito de receber o que é seu direito. A fraude pode ser caracterizada pela má-fé, o que deixa nítido e passa o intuito de lesar o credor. O crime de fraude a credores está expressamente previsto no artigo 168 da LFRE (Lei de Falências e Recuperação Judicial): Art. 168: “Praticar, antes ou depois da sentença que decretar a falência, conceder a recuperação judicial ou homologar a recuperação extrajudicial, ato fraudulento de que resulte ou possa resultar prejuízo aos credores, com o fim de obter ou assegurar vantagem indevida para si ou para outrem.” A venda fraudulenta que os devedores realizaram teve como intuito impossibilitar a liquidação e venda dos ativos da empresa para pagar as dívidas ao credor. A partir dos fundamentos do artigo 168 da LFRE e da lei 11.101/2005, podemos afirmar que Osvanildo Perruque possui pleno direito de requerer a falência da empresa de Paulo e Pedro. CONCLUSÃO Falência é um processo de execução coletiva, ou um concurso de credores, no qual os bens do falido são arrecadados para uma venda judicial forçada, com a distribuição proporcional do resultado entre todos os credores. Nesse sentido, a falência promove o afastamento do devedor de suas atividades, ou seja, o devedor deixa de gerir a atividade empresarial, visando preservar a utilização produtiva de bens e recursos, inclusive os intangíveis, como a marca. A gestão do negócio ficará a cargo do administrador judicial nomeado pelo juiz. Com a decretação da falência, acarreta-se o vencimento antecipado das dívidas do devedor e dos sócios de responsabilidade ilimitada (LRF, art. 77). O juízo da falência será universal, qual seja, será indivisível e competente para conhecer todas as ações sobre bens e interesses do falido, salvo ações trabalhistas e fiscais (LRF, art. 76). Assim, as ações serão distribuídas por dependência no juízo falimentar (LRF, art. 78, parágrafo único). Já as ações trabalhistas e fiscais irão tramitar perante as justiças especializadas, sendo que, em geral, após o trânsito em julgado, habilita-se o crédito decorrente destas respectivas ações no processo de falência. Todas as ações do falido (como autor ou como réu) terão prosseguimento com o administrador judicial (LRF, art. 76, parágrafo único). Como já dito, são raras as sociedades empresárias, submetidas à Lei n. 11.101/2005, que possuem sócios de responsabilidade ilimitada, pois em sua grande maioria são sociedades limitadas e sociedades anônimas. Quanto aos efeitos da decretação falência, esta além de acarretar a falência dos sócios de responsabilidade ilimitada, também estende os mesmos efeitos a eles, como, por exemplo, a inabilitação empresarial. Já no que se refere aos sócios de responsabilidade limitada, estes efeitos serão estendidos a eles se forem os administradores da sociedade (LRF, art. 81, § 2º). Se for o caso de ação de responsabilização pessoal dos sócios de responsabilidade limitada, dos controladores e dos administradores (independentemente da realização do ativo e da insuficiência para cobrir o passivo), conforme a legislação em vigor, ela será apurada perante o próprio juízo falimentar (LRF, art. 82). Essa hipótese trata de uma possível ação própria ajuizada contra controladores, administradores e sócios limitadamente responsáveis visando a responsabilização deles. É uma ação ordinária que deve observar as regras do Código de Processo Civil, art. 282 e ss. A propositura desta ação deve ser perante o juízo falimentar, sendo que ela independe da realização do ativo e da prova de sua insuficiência para cobrir todo o passivo. No entanto, o que se percebe da prática processual recente é a utilização cada vez mais da aplicação da desconsideração da personalidade jurídica no curso do processo falimentar, desde que haja a configuração do desvio de finalidade, por meio de abuso da personalidade jurídica da sociedade ou pela confusão patrimonial entre os bens dos sócios e da sociedade. BIBLIOGRAFIA: www.normaslegais.com.br www.ambito-juridico.com.br ABRÃO, Nelson. Cursode direito falimentar. 5. ed. rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997.508 p. BEZERRA FILHO, Manoel Justino. Nova lei de recuperação e falências comentada: Lei 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, comentário artigo por artigo. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. 23. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. https://cbs1.jusbrasil.com.br/artigos/527251930/fraude-a-credores-a-luz-da-lei-11101-05-lei-de-falencias-e-recuperacao-de-empresas 23
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