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Tenentismo e crises políticas na primeira república, Mário Cléber Martins Lanna Júnior

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Tenentismo e crises políticas na primeira república
Mário Cléber Martins Lanna Júnior
 O tenentismo surgiu na década de 1920. Desde o início serviu como um marco relevante para explicar a crise da primeira república e a revolução de 1930. Por tenentismo se entende ação política em si, ou a ideologia dessa ação. No primeiro caso o tempo está bem delimitado, da década de 20 até o início de 1930. No segundo caso seriam ideias, que movimentam aspectos da história do país. Portanto, existem dois tipos de tenentismo, o movimento e a ideologia. A ideologia abre um amplo leque, questões específicas gerais sobre os jovens oficiais da década de 20. Já no movimento temos um tempo bem definido.
 O tenentismo foi forjado nos fatos que ocorreram entre 1922 e 1934. Como movimento de conspiração e como governo de 1930 a 1934. Foi marcado pela formação do clube 3 de outubro em sua fase menos original. O clube era formado por militares e não militares simpatizantes do tenentismo, foi institucionalizado como partido para apoiar a revolução. A intenção de Góes era fixar os militares na disputa política fora dos quartéis. Fora do clube os militares ainda persistiam depois de 1930 no governo, como Juarez Nascimento Távora Osvaldo Aranha. A participação no poder se explica mais corretamente como uma cooptação. A participação dos tenentes se dá para legitimar a revolução.
 Em 1922 a 1927 o tenentismo como movimento de conspiração pegou em armas para lutar contra as oligarquias dominantes. Era a única alternativa da classe média popular, as mudanças tinham de ser feitas pelas armas. O Tenentismo não tinha uma proposta militarista no sentido de um governo militar. A proposta era moralizar a política contra as oligarquias, os jovens oficiais, seriam os responsáveis por essa moralização e a futura entrega do poder aos políticos, considerados por eles como honestos. Dentre os levantes mais notórios destaca-se a marcha dos 18 do forte 1922, levante de São Paulo 1924 e a coluna Prestes 1925.
A marcha dos 18 do forte Rio de janeiro, 1922
 A marcha dos 18 do forte faz parte dos primeiros movimentos tenentistas. Seria uma ação espetacular e heroica nos movimentos iniciais. Foi o levante do forte de Copacabana, o centro de outros movimentos ocorridos no Rio de janeiro. Como garantia da rendição exigem falar direto com Marechal Hermes, no qual não foram atendidos. O forte de Copacabana foi bombardeado. Atacados por terra e por mar, o líder rebelde Siqueira Campos deu opção a quem quiser partir o governo garante a vida, quem quiser ficar, fique. Permaneceram no forte o tenente Nilton e o tenente Cerqueira e 14 soldados. Esse grupo foi responsável pelo feito heroico do tenentismo em seu primeiro momento. A marcha dos 18 do forte. O grupo caminhou pela avenida Atlântida em direção as tropas legalistas e durante meia hora combateram mais de mil soldados legalistas. Os únicos sobreviventes foram os tenentes Siqueira Campos Eduardo Gomes. Seguiram-se vários pequenos Motins em diversos redutos militares do Rio de janeiro. Fora do distrito federal, em Niterói e no mato grosso, onde todo o comando do exército aderiu ao movimento, liderado pelo general Clodoaldo de Fonseca. A intenção era intervir em São Paulo.
 Os movimentos não partiram de uma ação conjunta mas tinham a mesma motivação. Todas ocorreram de 5 a 8 de julho e foram prontamente reprimidas, o que mostra a energia do governo e a capacidade de coesão. O Presidente Epitácio Pessoa conseguiu agrupar toda a classe política contra o movimento rebelde. Ao contrário de enfraquecer as oligarquias, o tenentismo agiu como o inimigo comum, o que fortaleceu a mesma. Menosprezado como rebeldes foram julgados e silenciadas, contudo seriam uma inspiração das revoltas que ocorreram a partir de 1924.
O levante de São Paulo, 1924
 O movimento ocorreu de 5 a 28 de julho, quando militares expulsaram da capital, o governo Paulista. Foram duramente contra-atacados e se retiraram em direção ao sul do estado, onde formariam a coluna Paulista, que passou pelo mato grosso e chegou até Foz do Iguaçu, onde se encontrou com a coluna Prestes e partiu para o interior do Brasil. o movimento foi liderado pelo general Isidoro Dias Lopes. Iniciou na madrugada do dia 5 de julho de 1924, nos quartéis militares de São Paulo. A estratégia era reunir as tropas liberadas no campo de Marte, para atacar e ocupar os principais prédios públicos da cidade. O elemento surpresa garantiu a conquista de toda a cidade, sem grandes resistências. Os conflitos mais acirrados ocorreram nas imediações do palácios do governo. Os rebeldes se vira num ambiente desorganizado, a liderança do movimento sofria com a falta de informações, a ponto do major Miguel Costa se render para o governo, enquanto o presidente do estado fugia. Os revoltados não sabiam da retirada do governo e surpresos tinham o controle da cidade. Contudo, não estavam preparados para isto. Contavam com uma série de revoltas pelo país, que derrubaria o Presidente da república, mas isso não aconteceu. Diante do caos na cidade e dos contra-ataques governistas, optou se por abandonar a cidade. A conquistar da capital paulista teria um grande preço e o governo federal estava disposto a pagar. Um avião sobrevoa a cidade lançando panfletos, exigindo a rendição, ou a cidade seria bombardeada. Quem se levantou para defender a cidade foi associação comercial, que desempenham um papel fundamental para interromper as hostilidades e impedir a destruição da cidade. Os revoltosos exigiram uma anistia, geral no qual o governo não concordou. Como o objetivo não era conquistar a cidade, mas o governo federal, se retiraram de trem, na madrugada do dia 27 para o dia 28 em direção à Bauru.
 A importância do movimento de 1924 em São Paulo, é semelhante a marcha dos 18 do forte em 1922, no distrito federal. Conquistaram a principal cidade do país, esse feito atinge um grande número de pessoas, que foi entendido de diferentes formas pelos políticos da época. Apesar do movimento ter características militares, tratava-se de um movimento político com o objetivo de tomar o poder na capital, inclusive com o apoio de civis. O movimento conseguiu também dividir a classe dominante. Interessava as oligarquias descaracterizá-lo como movimento de reivindicação coletiva, reduzi-lo a um monte de militares rebeldes e insubordinados. O apoio ao tenentismo partiu principalmente dos estudantes, das classes populares e do operariado organizado. Contudo, aos militares interessava mais o apoio da elite política, que não veio. Os jovens oficiais não consentiam que a luta política deveria ser realizada pelo povo, mas em nome dele. a revolta de 1924 em São Paulo, agiu como propaganda para contagiar outras regiões do país.
A coluna Paulista
 O destino do movimento estava em discussão, quando se retiraram de São Paulo. Entre permanecer na cidade, ir para Campinas, se dirigir a mato grosso se optou por ir à Bauru que era um reduto oposicionista, simpático ao movimento. A cidade era confluência dê três estradas de ferro, que levaram ao mato grosso. A coluna Paulista tinha um destino certo. Movendo-se em bloco evitavam o confronto direto com as tropas do governo. Apesar de todo o heroísmo, a coluna Paulista não sobreviveria em São Paulo. Era necessário sair do estado, o que foi feito por via fluvial. Saíram do porto de Tibiriçá, ocuparam Guaíra, Porto Mendes e finalmente Foz do Iguaçu, encontrada deserta, porque sua população havia fugido para Argentina. A coluna resistiu até janeiro e março de 1925, quando se encontrou com a coluna Prestes.
Reflexos de 1924: mato grosso, Amazonas, Sergipe, Rio de janeiro, Belém do Pará e a revolta da Marinha
 Alguns desses movimentos existiram apenas como conspiração. A maioria foi logo reprimida, vencidos geralmente por falta de adesão. As tropas estacionadas em Sergipe se negaram ajudar os rebeldes de São Paulo, ocuparam Aracaju e foram vencidos por tropas federais, formados por coronéis da Bahia. O movimento de Belém do Pará, também foi duramente reprimido, mesmotendo contado com colaboração efetiva e participação da população. Foram presos mais de 200 revoltosos entre eles muito civis. O mais abrangente movimento foi o que aconteceu no Amazonas. Eclode no dia 23 de julho e controla Manaus durante um mês. Ao contrário de São Paulo se preocupam mais com as questões sociais. Identificado com questões concretas, como a corrupção na administração pública. Se importava com problemas locais, chegando a criar a comuna de Manaus. Incorporaram ao governo elementos das classes populares. Foi no Amazonas que o tenentismo se manifesta de forma mais radical.
 As revoltas não aconteceram apenas no exército, oficiais da marinha também aderiram aos movimentos. Como a revolta no encouraçado São Paulo, em 4 de novembro de 1924, quando uma minoria revoltosa dominou os oficiais da tripulação, cogitou-se inclusive em bombardear o palácio do Catete.
O tenentismo no Rio grande do sul e a formação da coluna Prestes
 Os movimentos ocorridos na marinha, e nos diversos estados pelo Brasil vinculavam-se ao tenentismo Paulista. Foram liderados por oficiais de baixa patente. Não foram movimentos planejados e pensados simultaneamente. Surgiram por Contágio. Tinham características regionais como o nacionalismo popular no Amazonas. Os únicos com vínculos oficiais foram aqueles ocorridos no Rio grande do sul, que só não foi simultânea de São Paulo, por deficiência de organização e dificuldade de comunicação. Os militares já haviam se retirado de São Paulo, quando no Rio grande do sul, por volta das 2 horas da madrugada, do dia 29 ocuparam a cidade de santo Ângelo, São Luís Uruguaiana e São Borja. O movimento foi liderado pelo capitão Rui Zubaran e pelo Tenente Antônio de Siqueira Campos, sobrevivente dos 18 do forte. Em santo Ângelo pelo capitão Luiz Carlos Prestes, líder da lendária coluna Prestes. Esses movimentos iniciavam com quartelada e posterior ocupação de pontos estratégicos da cidade. Controlavam a saída de seus moradores, ocuparam estação de ferro e o telégrafo, interrompendo as comunicações, estratégia adotada em outras cidades. A administração das cidades era entrega e civis. Atacados em 29 de outubro de 1924, foram obrigados a fugir. Sempre perseguido pelas forças governistas, se reuniram em Caçapava com a coluna de Honório Lemos. As colunas móveis, liderados por João Alberto e Juarez Távora, atacaram várias cidades do interior gaúcho. As seguidas derrotas obrigarão os jovens oficiais a concentrar forças em São Luís. Em 29 de dezembro iniciaram uma grande marcha para o norte. Formava-se em São Luís a coluna Prestes, ou coluna gaúcha, liderada pelo capitão Luiz Carlos Prestes marchou em direção à Foz do Iguaçu, com o objetivo de se reunir com os militares paulistas. A marcha em direção à Foz do Iguaçu, contou com a participação considerável de civis e militares, marchando em certa desordem. Para muitos o tenentismo gaúcho era um prolongamento da revolução estadual no ano anterior. A coluna Prestes consentia de uma maioria de civis, comandados por uma minoria de militares. Tornou-se lendária pelos seus feitos e coragem. Em Ramada, um combate desigual quase significou o fim da coluna. A partir desse momento se adotou a luta de guerrilha. A coluna atravessou Santa Catarina e entrou no Paraná pela cidade de barracão, onde as tropas paulistas deveriam estar esperando. Como isso não aconteceu tiveram que abrir o caminho pela mata, até Foz do Iguaçu, sempre evitando o conflito com as tropas federais. O encontro foi decisivo para o movimento, a partir de então existiam duas possibilidades: abrir uma nova era ou encerrar um ciclo. Prestes decidi continuar, inicia-se a construção do mito da coluna invicta.
A continuidade do tenentismo no Rio grande do Sul as colunas relâmpagos, 1925-1927
 o general Isidoro decidiu imigrar para Argentina, como objetivo de arrecadar dinheiro. para levar apoio Assis Brasil no Rio grande do sul. ações consideradas relâmpagos contra o Borges ismo no Rio grande do sul. no Rio grande do sul o tenentismo foi adequada a tradição gaúcha, com expressiva participação de lideranças locais. nesse estado a participação de civis foi muito espressivo. o bipartidismo era muito forte e não comportava uma terceira via. Se ansiava por um movimento colocasse fim a longa ditadura Borgista. O tenentismo gaúcho, recebeu o apoio de caudilhos libertadores, como Zeca Neto e Honório Lemos, para derrubar a oligarquia do governo de Borges de Medeiros.
A coluna Prestes
 A coluna Prestes era formada por um estado maior e duas brigadas. A de São Paulo, com dois batalhão de caçadores, e a do Rio grande do sul, com dois regimentos de cavalaria independente. O efetivo era de 1200 homens. Ficar em Foz do Iguaçu era inviável. Entraram no mato grosso em 3 de maio de 1925. No mato grosso, a coluna foi duramente combatida pelas forças legais e muito mal recebida pela população em geral. Nesse estado foram tratados como inimigos, recebidos a bala pelos moradores locais. Utilizando a tática de guerrilha a coluna atacava quando a vitória era certa.
 A coluna partiu em marcha a direção norte do país. Onde era combatida pela população, instigados pelas oligarquias regionais. A propaganda do governo também instigou a população contra os rebeldes, tratando os como um grupo de ladrões, estupradores e assassinos. Também contribuiu para criar hostilidade, as requisições revolucionárias de cavalos. Ao entrar em Minas a coluna recebeu o seu mais duro ataque. Sofreu pesadas perdas e gastou excessiva munição. Se estavam convictos pela estratégia de guerrilha, não estava claro o objetivo da luta. A facção Paulista queria criar, através dos sucessivos enfrentamentos, condições para um assalto direto ao poder no Rio de janeiro. A facção do Rio grande do sul, liderada por Luís Carlos Prestes, pretendia manter a revolução e propaga-la por todo território nacional. Preferia reunir forças. Desistiram de marchar sobre o Rio de janeiro, através de Minas e São Paulo, pois julgavam o movimento prematuro, inadequado as condições da coluna. O impasse foi resolvido 1925, os argumentos da coluna gaúcha foram mais convincentes. A coluna foi dividida em quatro destacamentos. Essa nova formação se tornou decisiva, institucionalizou a liderança de Prestes.
 O caminho em direção ao norte foi escolhido por informações colhidas pelos vaqueanos. Evitou se o trajeto geograficamente mais difícil. Optando por regiões habitadas, onde encontrariam alimentos e população e onde encontrariam menos resistência. Saíram de Goiás e seguiram rumo ao São Francisco em 1925. Permaneceram na divisa com a Bahia e rumaram ao Tocantins. Nesse período a coluna enfrentou seu pior período de subsistência. Na volta a Goiás trouxe a abundância de recursos alimentares. Nessa segunda passagem por Goiás houve uma relativa a trégua. Que se deve principalmente à desorganização das forças governistas. Nesse momento o inimigo maior era as conspirações internas. A coluna segue invicta, mas longe do seu objetivo, de abalar os alicerces das oligarquias dominantes. O que gerava mal-estar na tropa e abria caminho para os motins. Tentou se negociar o fim do conflito, com a revogação da lei de imprensa, adoção do voto secreto, anistia e a suspensão do estado de sítio. O que não foi aceita pelo governo.
Negada a paz, a coluna sai de Goiás e chega ao Maranhão, onde permanece até dezembro de 1925. Encontraram novamente cavalos e gado, receberam o apoio do partido republicano maranhense. Entretanto falha a conspiração para tomada de poder a nível local. Contudo, o Maranhão seria o estado que melhor recebeu a coluna. Do Maranhão seguiu para o Piauí onde permaneceu até 1926. No Piauí a situação continua sendo bastante favorável. Essa situação abriu as portas para uma ação audaciosa, do cerco a Teresina, que durou três dias. De 28 a 31 de dezembro de 1925. O cerco foi decorrência de uma série de vitórias no interior. A fuga das tropas governistas, atraiu a coluna para Teresina. O cerco a Teresina mostrou superioridade, porém custou a perda de um dos seus líderes,Juarez Távora foi preso em campanha. De Teresina a coluna seguiu para o Ceará, Rio grande do norte, Paraíba e Pernambuco onde inicia o período desfavorável. Além das tropas regulares uma série de coronéis, do sertão nordestino colocam suas tropas em perseguição da coluna. A coluna se movia de acordo com o clima político, em direção aos Estados onde existia a possibilidade de levantes revolucionários de apoio. No Ceará e na Paraíba os movimentos fracassaram. Em Pernambuco ocorreu o movimento mais duradouro, onde a coluna ganhou algumas adesões.
 A coluna permaneceu na Bahia até abril de 1926. Lá chegou com 1200 homens enfrentou os seus piores momentos. Não se tinha como identificar o inimigo, que poderia estar em todos os lugares, em todos os momentos. Os baianos atacavam em pequenos bandos, de emboscada, em pontos estratégicos. Com sua cabeça a prémio pelos coronéis, a coluna se tornou alvo de cobiça. Fugindo da Bahia, Prestes faz uma manobra inteligente. Entra em Minas e retorna para Bahia e seus inimigos seguem em direção ao sul. Na Bahia a coluna tinha um aspecto desolador. Exaustos, maltrapilhos e famintos. O estado-maior decide pela imigração. O governo de Artur Bernardes estava no fim, do qual a coluna pretendia derrubar. Também as revoluções que esperavam desencadear pelo Brasil fracassaram. A coluna estava reduzida a 800 homens, precariamente armados e quase sem munição. Lutavam apenas para sobreviver. Saindo da Bahia atravessou Pernambuco, Piauí, Goiás e mato grosso. A coluna se dividiu. Siqueira Campos marchou em direção a campo grande e posteriormente entrou no Paraguai, com 600 homens. Com o fracasso da revolução tenentista no Rio grande do sul, Prestes e Miguel Costa, resolveram imigrar internando-se na Bolívia, em 4 de fevereiro de 1927, com 620 homens remanescentes da coluna invicta.
Tenentismo e interpretações: o sentido da intervenção militar na política brasileira
 A primeira interpretação do tenentismo foi feito por Virgílio Santa Rosa, surgiu em 1933 no livro o sentido do tenentismo. Antes as análises eram isoladas. No prefácio Nelson Werneck Sodré afirma que o fenômeno permanecia obscuro. Entretanto Virgílio foi o iniciador de sua exata conceptualização. Para ele, os jovens oficiais seriam os legítimos representantes das classes médias urbanas, no processo revolucionário de 1930. Os militares eram oriundos dessas camadas, que tinha a sua primeira expressão política.
 Outras vertentes como, Nelson Werneck Sodré, analisam o tenentismo como movimento militar. Interpreta o fenômeno do ponto de vista, dentro da lógica das forças armadas. Essas interpretações surgiu no final da década de 60. Revisitado por Boris Fausto, ele analisa que os rebeldes saíram das classes menos favorecidas do exército. Para esse autor, o exército guarda uma certa autonomia em relação ao resto da sociedade, o que não justifica que os oficiais rebeldes seriam representantes de uma classe média. Para ele o movimento não tem nenhuma base social. o trabalho de Boris Fausto insere-se, do ponto de vista metodológico, na tendência das Ciências sociais da época. Com caráter interdisciplinar, Fausto proponha uma renovação da historiografia. Encontra correspondente em outras disciplinas das Ciências sociais, como a ciência política e a sociologia. Fundamento teórico de José Murilo de Carvalho apoia-se na teoria das instituições totais. O exército seria uma instituição autônoma em relação ao mundo exterior, prevalecendo o espírito de corpo. O sentido do tenentismo para Carvalho seria institucional, os oficiais seriam agentes do processo de institucionalização. A institucionalização do exército ocorre durante a primeira república. Para ele o tenentismo da década de 20 seria um reflexo do tenentismo dos primeiros anos da república. O tenentismo seria um tipo de intervenção contestatória, com fundamentos institucionais, o que contribuiu para outra intervenção a controladora aplicado em 1930 e 1937 e também em 1945 e 1964.
 Para Edmundo Coelho o tenentismo também seria uma forma de transição, mas por motivos diferentes. A tentativa de privatizar setores da instituição militar. A crise política militar era a expressão da crise do Estado. Uma terceira via de interpretação do tenentismo é a correspondência entre o movimento social e o movimento militar, formulada por José Maria Belo na década de 1940, hoje seria a visão mais aceita. Nos grandes confrontos políticos dos candidatos a Presidente, inconformados, rondavam os quartéis e não faltavam militares para escutar os. Para ele militares e civis tinham motivações diferentes, mas ocasionalmente convergiam, como aconteceu no caso do tenentismo. Para Maria Cecília Spina Forjaz a dependência estrutural das camadas médias em relação aos órgãos oligárquicos, o tenentismo assumiu o papel de porta-voz das aspirações, das camadas médias urbanas, porém os militares guardavam autonomia própria, para ela o tenentismo é liberal-democrata, mas manifesta tendências autoritárias, busca o apoio popular, mais incapaz de organizar o povo. Para Anita Prestes os militares refletem, em seu comportamento os conflitos e problemas que desenvolveram na vida social e política da nação. Seria uma caixa de ressonância dos anseios da sociedade, principalmente pelo desejo do voto. Esta versão defende que os militares são representantes de uma classe inseridas na sociedade. Para Vavy Pacheco Borges o termo tenentismo foi cunhado recebendo diferentes significados. No início da revolução de 1931, tinha o sentido pejorativo, de anarquia militar, nos dois anos seguintes mudaram de significado. De algo negativo passa a ser algo positivo.
Tenentismo: violência e política na primeira república
 O tenentismo surgiu no mesmo ano da semana da arte moderna, da fundação do partido comunista. Fez parte da crise da década de 1920, quando a política foi marcada pela violência e pela força. Os militares agiram como parcela do aparelho do Estado, nesse contexto os líderes entendiam as suas funções específicas. Os militares intervém na política e tomam partido. A intervenção militar faz parte da política brasileira. Causa do tenentismo.
 Nesse contexto o tenentismo é antes de tudo o movimento revolucionário. Denunciava a desmoralização dos costumes políticos pelas oligarquias, por corromperem as instituições, principalmente as forças armadas. Os motivos foram em 1922, as cartas falsas, a prisão de Hermes da Fonseca e o fechamento do clube militar. Essa desonra teria levado aos levantes militares conhecidos como tenentismo. O tenentismo falava em nome das forças armadas, mas nunca foi seu legítimo representante. Revolucionário, rebelde, quebrou a hierarquia militar. Se colocou como porta-voz, mas nunca conseguiu a adesão total dos seus colegas militares. Ultrapassou os muros do quartel, conseguiu a adesão de civis. Seu principal objetivo era destituir Arthur Bernardes da presidência, que dês do episódio das cartas falsas representava o símbolo da corrupção das ideias. A revolução não saiu como esperado, não conseguiu a adesão desejada da população, da comunidade política e das forças armadas. Apesar disso se manteve em luta nas diferentes regiões do país. A coluna Prestes, o símbolo maior desse espírito tenentista. Utilizando a guerra de movimento, procurava a conscientização no sentido de lutar por um ideal. A coluna Prestes aproximava-se muito de um exército popular, o que foi significativo ao apelo nacional, característica do tenentismo pelo interior do país. O orgulho foi a maior herança da coluna Prestes, não despertou o Brasil para revolução, mas despertou a revolução para o Brasil. a partir de então nenhuma revolução seria legítima sem considerar o tenentismo. Tornou-se moeda cobiçada pela revolução de 1930, pois representava o interesse nacional. Mais do que a vitória sobre Arthur Bernardes, foi a importância do tenentismo para revolução de 1930.

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