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Analgésicos Opioides: Tipos e Ações

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ANALGÉSICOS OPIÓIDES
Profª Andressa Santa Brigida da Silva
Introdução
• Dor é um acompanhante incapacitante 
de muitas doenças
• Controle da dor é prioridade terapêutica
• Dor é uma experiência subjetiva
• Resposta direta a um evento indesejável 
associado a lesão tecidual como trauma, 
inflamação ou câncer
• Dor intensa: neuralgia do trigêmeo, dor 
do membro fantasma, lesão cerebral ou 
nervo (dor neuropática)
• Dor aguda
• Cronicidade: Hiperalgesia (Wind up) e 
Alodinia
Dor neuropática (dor crônica intensa)
• Lesão no nervo não relacionada com 
lesão tecidual
• Acidente vascular cerebral
• Esclerose múltipla
• Traumas mecânicos
• Neuropatia diabética
• Infecção por herpes zoster
• Lombalgia
• Câncer
• Fármacos para tratamento: 
antidepressivos e anticonvulsivantes
ANALGÉSICOS OPIÓIDES
• Terminologia : Opióide refere-se aos compostos relacionados ao Ópio 
(termo grego para suco) da Papaver somniferum, como a morfina, 
papaverina, tebaina (todos naturais) além dos derivados sintéticos, 
codeína, heroína
PEPTÍDEOS ENDÓGENOS
• Compostos naturais que se ligam a receptores opioides : beta
endorfinas.
• Narcóticos = estupor 
• antigamente : tudo que leva ao sono, perda de sensibilidade
• hoje : associado ao termo opióide, e substancias que levam ao abuso 
Fenilpiperidinas (Meperidina e 
Fentanil)
Metadona ( Metadona e 
Dextropropoxifeno)
Benzomorfan (Pentazocina )
Tebaina (Buprenorfina, Etorfina)
Efeitos funcionais associados aos principais tipos de receptores opioides
Receptor (terminologia 
clássica)
µ δ κ ORL1
Analgesia
Supraespinal
Espinal
Periférica
+++
++
++
-?
++
-
_
+
++
Antiopioide
++
-
Depressão Respiratória +++ ++ - -
Contrição pupilar ++ - + -
Redução da motilidade
gastrintestinal
++ ++ + -
Euforia +++ - - -
Disforia e alucinações - - +++ -
Sedação ++ - ++ -
Catatonia - - - ++
Dependência física +++ - - -
•    : tem sido estudados exaustivamente.
• maioria dos fármacos em baixas doses tem ação preferencial  .
CLASSIFICAÇÃO DOS OPIÓIDES
• Agonistas puros: Peptídeos endógenos, etorfina, metadona.
• Agonistas Parciais: Morfina, Codeina e Dextropropoxifeno.
• Agonistas-antagonistas: Nalorfina e Pentazocina (atividade em K e 
pouca em M ou antagonista)- Disforia e não euforia
• Antagonistas : Naloxona e naltrexona
MECANISMO DE AÇÃO
• Receptores pertencem a família dos acoplados a proteína G.
• Gi: inibem adenilciclase e reduzem cAMP.
• provocam abertura dos canais de K e inibem os de Ca+2 na membrana : diminuem 
assim atividade neuronal ou aumentam quando inibir sistemas inibitórios (desinibição).
• diminuem liberação de neurotransmissores
AÇÕES FARMACOLÓGICAS
(ex.: morfina)
• analgesia: dores 
agudas e crônicas, 
exceto as 
neuropaticas (ex: 
neuralgia do trigêmio)
• efeito antinociceptivo
e no componente 
afetivo (sistema 
limbico : euforia )
• pentazocina possui 
efeito antinociceptivo
porém pouco 
psicológico 
AÇÕES FARMACOLÓGICAS
(ex.: morfina)
• Euforia : poderosa sensação de bem-estar e contentamento, 
dependendo da situação do paciente, é mediada por receptores µ .
• “orgasmo abdominal” quando administrada I.V.
• Disforia e alucinações: mediada por receptores K
• estes efeitos não ocorrem com codeina e pentazocina
AÇÕES FARMACOLÓGICAS
(ex.: morfina)
• Depressão respiratória : receptor µ 
• Ocorre em doses normais
• doses terapêuticas diminuem a sensibilidade do CR ao > pCO2
• Diminuição da sensibilidade à inibição da geração do ritmo 
respiratório.
• não ocorre depressão concomitante da função cardiovascular.
• Causa de óbitos na intoxicação aguda
AÇÕES FARMACOLÓGICAS
(ex.: morfina)
• Depressão do reflexo da tosse
• substituição no grupo fenólico = codeina
• doses sub-terapêuticas para dor
• sem correlação com efeito analgésico ou depressor. Outro receptor?
AÇÕES FARMACOLÓGICAS
(ex.: morfina)
• Náusea e vômito
• ocorre em 40% dos pacientes
• ação na área postrema (ZQR) na medula (bulbo)
• Sintomas transitórios
AÇÕES FARMACOLÓGICAS
(ex.: morfina)
• Constrição pupilar
• receptores µ e K estimulam nucleo óculo-motor.
• Pupilas puntiformes características de intoxicação
• não ocorre tolerância
• importante sinal para diagnóstico
AÇÕES FARMACOLÓGICAS
(ex.: morfina)
• Trato gastrintestinal :
• aumenta o tônus e diminui a motilidade
• Retarda absorção de fármacos
• constipação 
• aumenta pressão sobre o trato biliar
• efeitos viscerais por ação sobre os plexos intramurais (aumento do 
tônus) ( abolido pela atropina)
• ação sobre receptores : µ k .
AÇÕES FARMACOLÓGICAS
(ex.: morfina)
• Outras ações: 
• libera histamina nos mastócitos: não relacionado com receptores
• efeito local = coceira
• efeito sistêmico = broncoconstrição e hipotensão, bradicardia......... 
asmáticos ?
• outros opióides não relacionados não liberam histamina 
AÇÕES FARMACOLÓGICAS
(ex.: morfina)
• Outras ações: 
• hipotensão em altas doses por efeito na medula
• cauda Straub : espasmo da musculatura
• imunosupressão após uso crônico
TOLERÂNCIA
• desenvolvimento rápido ( alguns dias)
• tolerância: analgesia, euforia, depressão respiratória, menor 
para miose e constipação
• Dessensibilização de receptor µ
• Dependência não se desenvolve, normalmente, em pacientes 
com dor crônica.
DEPENDÊNCIA
• responsável : receptores µ.
• Síndrome de abstinência= Irritabilidade, perda de peso, diarreia, 
estremecimento do corpo, contorções, sinais de agressividade, 
piloereção, tremores, coriza, agitação,
• Retirada gradual diminui estes efeitos.
• efeitos reforçadores da euforia.
• raramente ocorre em pacientes crônicos, raramente evolui para o 
vicio
ASPECTOS 
FARMACOCINÉTICOS
• absorção oral é irregular, codeina melhor que a morfina.
• Morfina absorvida lentamente
• Oxicodona em preparação oral de liberação lenta
• sofrem efeitos da primeira passagem, menos potentes por via oral
• meia-vida plasmática de 3-6 horas
• principais metabólitos: glicuronados ativos?
• Morfina mais ativa depois do metabolismo: morfina-6-glicuronideo
• neonato tem difícil metabolismo, o que aumenta depressão 
respiratória
• Contraindicada no parto e na gestação (petidina-metabolizada por 
outra via e não reduz a força de contração uterina)
• Diamorfina e codeina: metabolizadas a morfina 
PRINCIPAIS OPIÓIDES
• Diacetilmorfina (heroina) :obtida à partir da morfina, mais 
lipossolúvel (rush), menor duração , > dependência.
• Codeina : obtida da morfina, bem absorvida por v.o, 
antitussígeno, baixa potência analgésica (20% menos) + 
aspirina (dores de cabeça, costas, etc.), não induz euforia, 
constipação intensa, depressão respiratória mas tem resposta 
limitada. 
• Oxicodona: dor aguda e crônica, substância de abuso
PRINCIPAIS OPIÓIDES
• Dextropropoxifeno : similar a codeina ,com duração mais 
longa, dependência discutivel.
• Meperidina :similar a morfina c/ agitação e não sedação , 
antimuscarínica, euforia e dependência,< duração efeito, 
dependencia, útil anestésico no parto, associada a iMAO: 
hipertermia e convulsões
PRINCIPAIS OPIÓIDES
• Fentanil : derivados da fenilpiperidina. Inicio de ação mais 
rápido que morfina e menos duradouro. Utilizado na anestesia. 
• Etorfina : análogo de grande potência (1000 vezes) ;utilizado 
para imobilizar grandes animais .
• Buprenorfina: agonista parcial (µ), forte analgesia e forte 
depressão respiratória, ação antagonista, ação longa, pouca 
reversão com antagonista.
• Tramadol: agonista fraco de receptor µ, dor moderada a 
intensa. 
PRINCIPAIS OPIÓIDES
• Metadona: Semelhante a morfina com menor efeito sedativo; 
longa duração (1/2 vida >24hs) ; menor dependência; síndrome 
de abstinência menos severa. 
• Na presença de metadona injeções de morfina causam 
menos euforia e abstinência, usada para combater vicio de 
heroína
PRINCIPAIS OPIÓIDES
• Pentazocina : misto agonista-antagonista. Em baixas doses 
potência similar a morfina, sem correspondente aumento com 
altas doses causando: depressão respiratória e disforia, 
pesadelo, alucinações.
• Maior afinidade por receptores K do que µ 
• Administrada junto com morfina reduz seus efeitos, com 
tendência a causar dependencia
• Loperamida: opioide que não penetra no cérebro, não possui 
atividade analgésica, usado para controle de diarreias.
ANTAGONISTAS OPIÓIDES
• Naloxona : antagonista puro µ, δ , k. para todos agonistas.
• Isoladamente efeito insignificante = hiperalgesia em condições 
de liberação de opióides endógenos.
• Antagonista da analgesia por acupuntura.
• Reverte depressão respiratória por opióides e reverte a ação 
de opioides no parto
• Efeito curto (i.v. 2-4hs.)
ANTAGONISTAS OPIÓIDES
• Naltrexona: similar ao Naloxona, porém com duração mais 
longa (T1/2 vida = 10hs ).
• Mais usada em viciados
• Uso experimental, não clínico.
• Neutraliza os efeitos dos opioides.
PRINCIPAIS USOS
• Dores agudas severas origem traumática (fentanil, morfina).
• Dores médias origem inflamatória (codeina, pentazocina, 
propoxifeno)
• Dores severas crônicas (morfina ).
• Dores crônicas neuropáticas não respondem (amitriptilina).
OUTROS FÁRMACOS ANALGÉSICOS
• Principalmente para dores neuropáticas:
• Tramadol (metabólito da trazodona): amplamente utilizado na 
dor pós-operatória, menos efeitos adversos)
• Agonista fraco nos receptores µ, inibidor fraco da captura de 
NE
• Antidepressivos Tricíclicos (imipramina e amitriptilina)
• Anticonvulsivantes: Carbamazepina e Gabapentina

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