Urinario inferior

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SISTEMA URINÁRIO – TRATO URINÁRIO INFERIOR
	O TUI é composto pela bexiga, ureter e uretra que atuam apenas conduzindo a urina para o meio externo.
	É extremamente vascularizado e inervado, portanto é uma estrutura que causa dor com frequência e sangra facilmente. A partir disso pode-se dizer que esses animais que tem problemas no trato inferior apresentam hematúria e disúria/estranguria, polaquiuria e etc.
	Também contem musculo, pois tem capacidade de contração e relaxamento. Dentro da luz do trato urinário, há um material tóxico, ácido e agressivo, a urina, por isso o trato urinário inferior necessita ser protegido com uma camada de glicosaminoglicanos (cartilagem fluídica). Pode se ter problemas nessa camada como cistite e alterações de enervação podem levar a paralisia ou relaxamento dos esfíncters, podendo ocasionar iscuria e incontinência urinária.
	Os sintomas de afecções no trato urinário inferior são disúria, estranguria, polaquiuria, hematúria, iscuria e incontinência urinária. 
	As principais afecções são cistite, urolitiase, cistite inflamatória não bacteriana, neoplasias, alterações de invervacao ou de musculatura e terão sempre os mesmos sintomas. 
	Podem existir problemas muito graves como uma cistite auto-imune que pode levar a uma grande perda da qualidade de vida, neoplasias malignias, anomalias anatômicas, má formação, fimose, lesões adquiridas após um cateterismo, após ruptura de beiga e etc, mas a apresentação clinica sempre é a mesma.
	Mas em alguns casos pode-se descartar algumas opções baseado na identificacao do animal, por exemplo, uma cachorra femea de 3/5 anos, com uretra curta e calibrosa, com hematúria, polaquiuria e disúria, não se pensa em neoplasia, má formação, deve-se apostar em probabilidades mais comuns como cistite. Se a abordagem inicial não resultar em nada, deve-se ir buscando outras possibilidades através de exames. 
	As causas mais prováveis de problemas que causam hematúria, disúria, polaquiuria em cães são cistite (bacteriana), incontinência urinária (principalmente em femeas) e cálculos.(em machos). A causa principal da incontinência urinária em femeas é devido a castração, pois ocorre a flacidez da musculatura vesical e uretral devido a queda de estrógeno. O macho possui mais reorrencia de urolitiase e obstrui rapidamente fazendo disúria e iscuria com mais rapidez, então é facilmente perceptível. Já em femeas muitas vezes acaba sendo um achado e animal não tem sintomas. (disúria, hematúria, polaquiuria). O macho obstrui mais facilmente, já a femea pega infecção bacteriana com mais facilidade. 
	Já em gatos, os problemas mais comuns são inflamação idiopática da bexiga e uretra, ou seja, se trata de uma inflamação em que não se sabe exatamente a causa. Os sintomas são polaquiuria, disúria, hematúria e etc.
	No caso de afecções do TUI quem diz exatamente qual o problema são os exames complementares. 	
	Quando se fala em um problema alimentar que pode causar um problema urinário deve-se pensar em calculo, por exemplo, uma dieta que oferece fosforo, cálcio, magnésio e oxalato excessivamente pode levar a cálculos. 
	Um dieta seca que priva o animal de água deixa a urina mais concentrada com pouca água e muito soluto que podem gerar um cristal. Principalmente em gatos, pois a urina do gato é mais concentrada. Quanto mais concentrada a urina, mais chance de desenvolver cálculo.
	Em afecções do trato urinário ou renais, uma boa alternativa é sempre água. 
	Por exemplo, um animal com cistite, ao beber mais água, deixa sua urina mais diluída e aumenta o fluxo de urina que lava o trato urinário.
	As neoplasias de bexiga geram metastase muito rápido e geralmente são malignas.
DIAGNÓSTICO 
	O diagnostico começa com a identificação do animal, é importante saber se é macho ou femea, gato ou cao. 
	Na anamnese deve aparecer disúria, estrangúria, polaquiuria, hematúria, iscúria, incontinencia urinária e até piuria. Pode-se observar também as causas, como alimentação, manejo estressante ou não, mudança de ambiente, introdução de um novo animal.
	No exame físico, depende muito. Pode ter febre, mucosas congestas, mas também pode não ter nada. Entretanto, sempre há sensibilidade na região hipogástrica.
	Em casos de polaquiuria, a bexiga vai estar vazia. (cistite). Se o animal esta obstruído, tem iscuria, a bexiga deve estar cheia.
	Na urinalise, pode-se ter muitas alterações. Muitas infecções alcalinizam a urina. Quando se observa um pH alcalino, pode-sde pensar em infecção urinária por uma bactéria que transforma uréia em amônia ou então uma alimentação rica em proteínas vegetais que alcalinizam a urina.
	A densidade estará normal. 
	Pode apresentar proteinúria, hemácias, leucócitos, mas não apresentará cilindros (originado no néfron). 
	Pode-se realizar uma cultura, quando não se consegue resolver o problema ou quando ocorre recidiva. Em urina sadia não pode crescer mais do que 10.000 bastonetes/ml e nem mais de 100.000 coccus/ml.
	pH alcalino = Staphylococcus, Proteus e Ureoplasma – Bactérias ureia positivas. 
	Utiliza-se também exames de imagem, especialmente o raio x com contraste e ultrassom abdominal. A tomografia pode ser utilizada em caso de câncer ou má formação.
	A biopsia em casos de câncer e neoplasia. 
INFECÇAO NO TRATO URINÁRIO
	Quando um animal pega um infecção bacteriana, viral ou fungica ocorre um desequilíbrio das defesas do organismos (estruturas anatomicas, barreira da mucosa, secreções antimicrobianas, pacientes com imunossupressao). Estas defesas são ato de micção, urinar é uma defesa do organismo, pois isso a estase urinária leva a cistite oportunista. O ureter é muito delicado, então todas suas barreiras devem ser mentidas integras ou podem abrir espaço para uma bactéria oportunista.
	Um cálculo desestrutura essa barreira, tanto é que, na maioria dos casos de cálculos há também uma infecção urinária. A infecção e o cálculo sempre andam juntos no cão. Já no gato, podem estar separados. 
	A urina do gato é muito hostil para bactérias, devido a seu pH elevado. Apenas ocorre quando animal está imunossuprimido ou apresenta doença renal crônica, pois há densidade é mais favorável pro desenvolvimento bacteriano.
	A bactéria coli possui fimbrias e está adaptada a mucosas. 
A bactéria pode produzir hemolisina que promove a lise de hemácias, aerobactina que aumentar sua capacidade de replicação e também uréase que quebra a ureia em amônia. As bactérias mais patogênicas são as GRAM-: Escherichia coli (bastonetes), Proteus spp (bastonetes), Klebsiella spp (bastonetes), Pseudomonas spp (bastonetes), Enterobacter spp (bastonetes) e as GRAM+: Staphylococcus spp, Enterococcus spp e Streptococcus spp. Pode ocorrer também a micoplasmose, principalmente em animais imunosuprimidos. 
O gato também pode ter virose como causa de ITU, especialmente cálice vírus, cinciovirose e herper vírus. Muitas vezes ocorre devido uma transmissão transplacentária. 
	A cistite não prejudica o rim quando se mantem no trato urinário inferior, mas pode ascender prejudicando o órgão virando uma pielonefrite ou nefrite.
As principais formas de apresentação da ITU:
Complicadas
- Cistite em mais de três vezes nos últimos doze meses. 
- Dois episódios no último semestre
Não complicadas
- Um episódio durante o ano todo
Sub-clínicas/Asintomático
- Quando se percebe em uma cultura ou exame de urina que animal apresenta bactérias, mas o mesmo não apresenta sintomas. As vezes tratar ou não, é uma decisão pessoal. 
Prostatite.
O diagnóstico é baseado nas características do animal, por exemplo, uma femea canina, tem disúria, hematúria, polaquiuria, provavelmente tem cistite. Esse animal deve sair do seu consultório com uma receita de antibiótico, analgesia, prescrição de muita água e deve apresentar resolução rápida, mas se recidivar algo deve estar errado, então deve ser realizado uma cultura e antibiograma de urina. O antibiograma só pode ser realizado após o término da terapia antimicrobiana. 
	No caso do exame trata-se de um grandeum crescimento de Escherichia coli, mas que é sensível a muitos antibióticos e é de repetição significa que o animal tem alguma fragilidade, pois não é uma bactéria muito forte. 
	Portanto, pode-se dizer que o trato urinário é muito amistoso para essas bactérias, pode se tratar de uma deformidade anatômica, DRC e etc. 
- Bactéria oportunista ou de repetição. 
	Na urinálise, o pH ácido ou básico não descarta nada. Quando há pH ácido normalmente se trata de E. coli ou Klebisiella.
	Uma densidade urinária baixa não tem nada a ver com cistite, apenas um problema renal. Um doente renal crônico pode estar fragilizado para infecção urinaria, pois a densidade da urina baixa a deixa mais amistosa para os agentes infecciosos.
	Para um animal que chega bem no consultório (não complicada), mas apresenta algum sintoma, pode-se administrar Amoxcilina/Clavulanato, Trimetropina/ Sulfadiazina, Cefalosporina 3 geração, Quinolonas de 3 a 5 dias. O animal já deve apresentar melhor em 2 dias de antibiótico, melhorando significa que está no caminho certo e se não melhorar deve-se pensar se não se trata de uma bactéria super resistente ou de outro problema. 
	Para um caso considerado complicado deve-se considerar a utilização de Enrofloxacino, Trimetropina-Sulfadiazina, Amoxcilina/Clavulanato e Cefalosporina por7 a 14 dias.
	Quando há uma prostatite, deve-se considerar a castração, mas quando se trata de um animal que não se pode castrar pode-se utilizar Enrofloxacina / Sulfa de 3 a 6 semanas. Em casos em que ocorre pielonefrite deve-se seguir o mesmo protocolo. 
	A Enro muitas vezes pode não funcionar, pois foi muito utilizada já.
UROLITIASE 
	Não é uma doença, é uma sequela de uma urina muito concentrada, excesso de minerais no alimento, supersaturação da urina. Algo deve estar errado para haver a formação do cálculo que deve ser eliminado cirurgicamente ou dissolvido. 
	Não confundir com cristaluria, pois esta é microscópica. Muitos cristais agarrados uns aos outros forma uma urolitiase.
	Muitos dos urolitos possuem uma matriz orgânica, ou seja, começaram em razão inflamatória. Uma cistite que gera inflamação, muda o pH e gera possibilidades para fazer cristais que se agregam no núcleo proteico. 
É muito comum no gato, pode ser chamada de plugs/tampões (maleáveis – plug gelatinoso + cristais). Os cães não obstruíram com plugs desses, mas o gato possui uma uretra muito pequena que é capaz de obstruir com esses plugs.
Os principais tipos de urolitiases em cães e gato são:
ESTRUVITA – Se forma em pH alcalino
OXALATO – Se forma em pH ácido
CISTINA – É uma alteração mais rara, mas é comum em Teckel, sempre avaliar essa quando atender essas raças.
URATO DE AMONIO – Típico do dálmata 
Os sintomas são polaquiuria, disúria, estranguria, iscuria. A obstrução pode causar uma uremia/azotemia pós-renal, pois tudo que o rim quer jogar fora acaba ficando retido gerando uma toxemia, causando anorexia, emese, diarreia e etc. Deve-se desobstruir rapidamente para não comprometer a condição de vida desse animal.
O diagnóstico se dá através dos sintomas, mas a imagem também é fundamental como o uso do raio (cálculo radiopaco) x e US. O ultrassom é a principal forma de imagem para o trato urinário. 
ESTRUVITA:
É o mais comum, representa 60-70% dos casos. É originado devido fosforo, magnésio e amônia em grande quantidade. Uma dieta rica em proteínas vegetais também é um fator precipitador. 
É típico de rações mais baratas (“cálculo de pobre”)
Em cão, sempre há infecção bacteriana junto, gatos não. 
O grupo de risco é representado por gatos femeas e machos e animais obesos, pois estes bebem menos água, em cães, é representado por femeas e Schnauzer. 
Deve ser tratado através do aumento da ingestão de água e diminuição do fosforo, magnésio e amônia na dieta. Deve-se também acidificar a urina, com uso de proteína animal ou usando acidificantes. (metionina e etc)
Realizar terapia antimicrobiana sempre junto com o tratamento do calculo em cães. 
Dissolver um cálculo com mais de 1cm é muito difícil, deve-se recorrer a retirada cirúrgica. A sutura deve-ser muito bem feita, deve-se deixar tudo lisinho do lado para prevenir reentrâncias que podem predispor infecções bacterianas. 
OXALATO DE CÁLCIO
Se forma em pH ácido. É um cálculo que não é tao comum. É ocasionado por cálcio de mais, oxalato demais e etc.
Pode ser gerado também em casos de hipercalceuria que ocorre comumente em pacientes com hiperadrenocorticismo.
É comum em gatos da raça persa, birmanes, himalaio e etc, já em cães é comum em Schnauzer, Lhasa Apso, Yorkshire etc.
O tratamento é realizado através da alcalinização da urina, pode-se usar uma dieta mais barata para mudar o pH e sempre aumentar a ingestão de água. Pode-se utilizar citrato como alcalinizante.
O diurético tiazidico diminui a excreção de cálcio pelo néfron, mas não deve-se utilizar em animais obstruídos, apenas em casos não obstrutivos. 
Muitos cálculos podem começar de um jeito e ai vão mudando sua composição formando cálculos mistos. É comum em Schnauzer.
Nesses casos, você deve apenas aumentar a ingestão de água para tentar diluir o cálculo. 
CISTITE INTERSTICIAL IDIOPÁTICA
	Ocorre em gatos, apresenta-se pelos aparecimentos dos sintomas mas com uma causa a esclarecer. 
	É considerada uma doença multifatorial, pode ocorrer juntamente com muitos fatores. 
	Quando se olha a bexiga por dentro, pode-se visualiza-la edemaciada, com pontos hemorrágicos e animal sente muita dor.
	Os animais que apresentam esse problema normalmente tem uma resposta ao estresse exagerada, são frágeis do ponto de vista comportamentais. Apresentam também uma hiperresposta simpática. O sistema nervoso simpático controla as contrações do esfíncter. 
	No caso da cistite ideopatica, mostra-se que os gatos tem uma resposta adrenal diminuída, portanto há pouco cortisol, assim há pouca proteção anti-inflamatória.
	Muitas vezes o animal pode melhorar sozinho, mas pode-se tirar a causa da agressão que ocasiona o estresse. 
	Na dieta, pode-se aumentar a ingestão de água, pode-seutilizar ômega 3 uma dieta rica em triptofano, ferormonios (FeliWay, Catnip), analgésicos, antiinflamatorios corticoides, relaxantes musculares e antidepressivos.