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Pratica Penal

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FACULDADE INTERNACIONAL SIGNORELLI Direito - Noite
Aluna: Louiseane Ribeiro de Lemos Caldeira Jurisdição Constitucional
Caso Concreto A1
Habeas Corpus n.82959/SP – Princípio da invidualização da pena
A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) não se tratou de certo ou errado, e sim da inconstitucionalidade, prevista no parágrafo 1º do artigo 2º da Lei 8.072/90, que proibia a progressão de regime de cumprimento de pena nos crimes hediondos.  O assunto foi analisado no Habeas Corpus (HC) 82959 impetrado por Oséas de Campos, condenado a 12 anos e três meses de reclusão por molestar três crianças entre 6 e 8 anos de idade.
Com essa decisão afastou a proibição da progressão do regime de cumprimento da pena aos réus condenados pela prática de crimes hediondos. Na pratica, caberá ao juiz da execução penal, segundo o Plenário, analisar os pedidos de progressão considerando o comportamento de cada apenado – o que caracteriza a individualização da pena. A decisão se deu com a análise dos efeitos da lei no caso concreto, a declaração de inconstitucionalidade não gerou consequências jurídicas com relação a penas já extintas. 
 Segundo a então Ministra, na época, Ellen Gracie “ o instituto da individualização da pena não fica comprometido apenas porque o legislador não permitiu ao juiz uma dada opção, a escolha do juiz em matéria de pena está submetida ao princípio da legalidade. É difícil admitir desse grande complexo de normas que constitui o arcabouço do instituto da individualização da pena e da sua execução, que a restrição na aplicação de uma única dessas normas, por opção de política criminal, possa afetar todo o instituto”, declarou. A restrição não apresenta afronta à norma constitucional que preconiza o princípio da individualização da pena representando apenas opção de política criminal. 
 Para alguns a declaração de inconstitucionalidade da proibição da progressão de regime não configuraria a abertura de portas dos presídios, porém jamais aconteceria, já que a decisão final cabe ao juiz da execução penal. A proibição da progressão de regime afronta o princípio da individualização da pena, o legislador não pode impor regra fixa que impeça o julgador de individualizar caso a caso a pena do condenado. 
 Essa ocorrência da mutação constitucional nos julgados dos Supremo Tribunal Federal por meio de decisões de altíssima relevância para a sociedade, mostram-se mais adequadas e atentas a uma análise ampla e "global" do ordenamento jurídico. O princípio da individualização da pena e seu caráter ressocializador, caminha em total consonância com a progressão do regime prisional. O Direito Penal não pode permanecer estático, levando-se em conta apenas o que podemos considerar como uma supervalorização dos aspectos jurídicos vinculados ao ordenamento positivo. Aplicar o Direito não é, única e simplesmente, aplicar as leis. Aplicar o Direito é adequar a aplicação das leis a uma realidade interpretativa de seu contexto dentro de todo um ordenamento.
 As posições jurisprudenciais negadoras da progressão de regime prisional aos crimes hediondos mais se encaixam a um hospital que trata todos os pacientes como se fossem iguais. De acordo com Alexandre Pontieri, “ as ponderações de Michel Foucault citando o sempre lembrado Beccaria, que nos dá um exemplo claro do que seria esse hospital, afirmando que "de maneira que se eu traí meu País, sou preso; se matei meu pai, sou preso; todos os delitos imagináveis são punidos da maneira mais uniforme. Tenho a impressão de ver um médico que, para todas as doenças, tem o mesmo remédio."
Negar a progressão do regime prisional seria o mesmo que tratar com o mesmo remédio todos os doentes como se fossem portadores da mesma doença a ser curada, em total descompasso com a individualização da pena.
Fonte: 
PONTIERI, Alexandre. A jurisprudência do STF e do STJ sobre progressão de regime em crimes hediondos. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 15, n. 2699, 21 nov. 2010. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/17866. Acesso em: 8 out. 2019.
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=66480

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